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DISCIPLINA
EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR: TEORIAS E
MODELOS
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SUMÁRIO
DE EDUCAÇÃO FÍSICA...................................................................................... 29
ANEXOS .............................................................................................................. 50
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- O que é Educação Física? Para Gonzales, Santos (2006, s/p) de acordo com
Darido (1999), em oposição aos profissionais com uma metodologia tecnicista,
esportista e biologista, surgem novas correntes e pensadores na Educação Física
escolar, preocupados com a mudança do atual cenário educacional especialmente,
no final da década de 70, inspirados no novo momento histórico-social pelo qual
passou o país, na Educação de uma maneira geral e na Educação Física
especificamente. Atualmente existe na área da Educação Física várias concepções,
todas elas tendo em comum a tentativa de romper com o modelo tecnicista, frutos de
uma etapa recentes da Educação Física, são elas: abordagem desenvolvimentista,
construtivista-interacionista, crítico superadora e sistêmica. Temos a seguir um breve
resumo dessas abordagens na tentativa de melhor conceituar e qualificar a
Educação Física escolar.
Batista Freire, com o seu livro Educação de corpo inteiro (1997), teve papel
determinante na divulgação das ideias construtivistas na Educação Física. De
acordo com Darido (1999), esta proposta é denominada interacionista-construtivista
e é uma das opções metodológicas, oposta às linhas anteriores da Educação Física
na escola, mais especificamente a proposta mecanicista, caracterizada pela busca
do desempenho máximo, por meio de seleção dos melhores excluindo e não
respeitando as diferenças individuais. Os alunos possuem além de diferenças
individuais, histórias de vidas e toda uma bagagem cultural dos diferentes grupos
que eles estejam inseridos, contribuindo para a construção de novos conhecimentos
junto com professor na aula. Segundo Freire (1997), em relação ao papel
pedagógico, a Educação Física deve atuar como qualquer outra disciplina da escola,
e não desintegrada dela. As habilidades motoras precisam ser desenvolvidas, sem
dúvida, mas deve estar claro quais serão as consequências do ponto de vista
cognitivo social e afetivo.
Desta forma, o homem dentro de cada contexto histórico foi construindo sua
corporeidade, de forma adaptada a sua sobrevivência e assim transformando a
natureza por meio do seu trabalho, consequentemente construindo uma cultura e
seu autoconstruindo. Para Darido (1999), a compreensão e a reflexão dos alunos
sobre os acontecimentos históricos, que originaram as mudanças em cada fase da
história e que há todo momento vem mudando, torna-se um dos pontos
fundamentais para que esta proposta tenha sua significância e sucesso em sua
prática; assim, o aluno sai do âmbito da reprodução de uma cultura dominante, onde
ele apenas reproduz e acaba se alienando para tornar-se um sujeito histórico capaz
de intervir e construir sua própria história, aceitando suas origens e importância para
a mudança e ascensão de sua classe. Para o Coletivo de autores (1992, apud
Darido 1999), esta reflexão pedagógica é compreendida como sendo um projeto
político-pedagógico. Político porque encaminha propostas de intervenção em
determinada direção e pedagógico no sentido de que possibilita uma reflexão sobre
a ação dos homens na realidade, explicitando suas determinações. (GONZALES,
SANTOS, 2006, s/p)
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Ainda de acordo com Gonzales, Santos (2006, s/p) para a abordagem crítico-
superadora, é preciso que as pessoas tomem consciência de sua classe e que lutem
de forma organizada contra as estruturas dominantes, possibilitando valores tão
distantes de nossa realidade como a solidariedade, substituindo individualismo,
cooperação, confrontando a disputa, distribuição em confronto com apropriação,
sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos a emancipação,
negando a dominação e submissão do homem pelo homem. (COLETIVO DE
AUTORES, 1992, apud DARIDO, 1999)
contribuição para sua saúde e uma melhor qualidade de vida; questões como
horários e todas as orientações para a prática desta atividade física. (GONZALES,
SANTOS, 2006, s/p)
Explanando ainda mais sobre o assunto Miranda (2009, s/p) argumenta que
contrariando essa perspectiva, a Educação Física aparece como uma das variáveis
na promoção da qualidade de vida e da saúde, tendo papel importante na atuação
escolar (NAHAS, 2001). (...) Presentemente fala-se muito em “qualidade de vida”,
“qualidade em saúde”, e “qualidade de produtos”. (CORRÊA, GONÇALVES, 2004)
Podemos também, acrescentar “qualidade em educação”. Mas o que significa
“qualidade”?
qualidade, pode não satisfazer outras pessoas que se sentem felizes de outra
maneira. Semelhantemente, Samulski (2000) concluiu que a qualidade de vida é o
resultado positivo do conjunto de condições subjetivas da vida de um indivíduo,
considerando seu trabalho, sua vivência na sociedade, seu humor, sua saúde física
e mental. Ele ainda certifica que o exercício físico influencia indiretamente a vida
social das pessoas, e age diretamente na saúde física e no humor. (MIRANDA,
2009, s/p)
Para Miranda (2009, s/p) a atividade física tem como definição qualquer
movimento corporal, voluntário, produzido pela musculatura esquelética, que resulte
em um gasto energético maior do que os níveis de inatividade (CASPERSEN, et
al, 1985, apud GUEDES, GUEDES, 1995, NAHAS, 2001). Porém, não se deve
confundir o uso da denominação de atividade física com exercício físico, mesmo
apresentando elementos em comum. O exercício é considerado uma subcategoria
da atividade física, assim como as atividades relacionadas ao trabalho profissional, o
trabalho doméstico, os momentos de lazer e as horas de sono, refeição e higiene.
Dessas subcategorias da atividade física, apenas as atividades esportivas e os
programas de condicionamento físico é que podem ser considerados exercícios
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ele saudável e apto fisicamente, poderá desempenhar cada vez mais e melhor suas
atividades. Guedes, Guedes (2003), colocam a atividade física como opção para
quem se dispõe a controlar o peso corporal. Nahas, (2001), considera a inatividade
física uma das principais causadoras da morbidade mundial e discute a educação
física na escola como base para a promoção de um estilo de vida ativo e saudável,
ratificando a disciplina como uma das variáveis mais importantes na educação para
melhores índices de qualidade de vida. (MIRANDA, 2009, s/p)
Todavia, Neto (1997) coloca como obstáculo para a prática da atividade física
espontânea das crianças, alguns fatores sociais como as desordens atuais das
grandes metrópoles. Os Videogames e a falta de áreas livres acabam induzindo aos
hábitos do sedentarismo. Ele assegura ser de extrema necessidade a prática de
atividades físicas regulares, portanto, sendo importante a inclusão de programas
adicionais que as proporcione. Nahas (2001) acredita que a Educação Física
Escolar deva servir de base educacional para uma vida mais ativa, utilizando
conteúdos crescentes e proporcionando o conhecimento dos conceitos em torno da
aptidão física e da saúde, considerando que o indivíduo levará o entendimento dos
mesmos para o resto da vida. É importante atender não só as necessidades atuais,
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mas também, as futuras. Os conteúdos, além de ensinar como realizar, e por que
realizar, devem desenvolver um mínimo de habilidade motora, trazendo ao
educando a sensação de competência, motivando-os a participar. A presença do
lúdico também tem importância, uma vez que proporciona aos educandos prazer
pela atividade proposta. Winnicott (1975, apud Queiroz, Martins, 2002), fala da
importância do brincar, por parte da criança como forma de se conhecer e se
comunicar, sendo isso um fenômeno universal e próprio da saúde.
- Nas séries iniciais: conforme Menezes, Oliveira (s/d, s/p) a totalidade do ser
humano se diferencia no transcurso da evolução humana. À medida que se
desenvolve o homem acentua suas predisposições e as influências do mundo
circundante na estrutura holística do ser, e a Educação Física como participante
deste processo tem como objetivo desenvolver e estimular o lado biológico do
homem, suas aptidões corporais e sensoriais, concomitante com o lado emocional,
oferecendo-lhe estímulos ao desenvolvimento em seu campo de ação (PADRÃO
REFERENCIAL DE CURRÍCULO, 1996)
Assim, percebe-se que a Educação Física desde décadas atrás tem como
objetivo possibilitar prazer funcional, com base fundamental no movimento. Ela deve
oportunizar ao educando a multiplicidade de suas possibilidades cinéticas,
ampliando seu mundo disponível. Entretanto, algo mais que todos os exercícios
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Finalizando Menezes, Oliveira (s/d, s/p) argumenta que propor ao aluno uma
participação ativa no próprio aprendizado, a pesquisa em grupo, a experimentação e
atividades que estimulem o questionamento e o raciocínio, contribuindo assim, no
processo de resgate de uma Educação Física inserida no contexto escolar, como
uma prática social, alicerçada na participação coletiva, que promova autonomia,
criatividade e socialização, e não apenas como um componente, que desenvolve
sua atividade fora da sala de aula. A Educação Física permite que se vivenciem
diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais
que seja vista como uma variada combinação de influências onde é presente na vida
cotidiana. A partir das danças, dos esportes, dos jogos que compõem um vasto
patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado.
sua importância na escola. Para isso, um dos pontos que tem merecido a atenção
dos especialistas da área é a definição dos conteúdos ou conhecimentos que devem
ser aprendidos nos três níveis de ensino. Já em 1991, Oliveira relatava que as
pessoas não conseguiam identificar o que aprenderam na educação física desde o
ensino fundamental até a conclusão no ensino médio. No mesmo ano, Tani afirmava
que a Educação Física era um componente curricular que ainda não tinha definido
seu conteúdo. Esses e outros trabalhos evidenciavam a necessidade de se estudar
o currículo da Educação Física.
Ainda de acordo com Fonseca, Freire (2006, p. 56) embora essas três
dimensões não existam isoladamente, muitos professores não percebem a
importância das dimensões conceitual e atitudinal, e acabam priorizando em suas
aulas os conteúdos de natureza procedimental. (DARIDO, 2005, FREIRE,
OLIVEIRA, 2004) Por conta disso, a Educação Física é vista pelos estudantes como
um conjunto de atividades, por vezes prazerosa, mas sem muita importância, como
evidenciaram Betti, Liz (2003). Nessa perspectiva, é possível afirmar que os
conhecimentos da dimensão conceitual, na Educação Física, ainda não são tratados
adequadamente por grande parte dos professores.
- No ensino médio: para Brun (s/d, s/p) o Ensino Médio encerra a educação básica e
tem por finalidade consolidar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental
por meio da construção de competências básicas que situem o aluno como produtor
de conhecimento e cidadão participante. Existe a necessidade de integrar a aula de
Educação Física às demais disciplinas, buscando alcançar os objetivos com base
nos conhecimentos que lhe são próprios. Por isso, o trabalho interdisciplinar é muito
bem aceito nesse nível.
O aluno do Ensino Médio: Segundo Brun (s/d, s/p) nessa fase, os alunos
estão passando pelas transformações e turbulências típicas da adolescência.
Existem várias definições que buscam caracterizar esse período em diferentes
dimensões (psicológica, física, social, etc.), mas, de maneira geral, há um consenso
de que essa fase se caracteriza por ser um momento de transição entre a infância e
a juventude. De certo modo, os primeiros anos da adolescência têm muito em
comum com os primeiros anos da infância.
modalidades que vão ao encontro dos seus interesses e características. No eixo que
norteia a proposta de conteúdos a serem trabalhados no Ensino Médio, temos
esportes coletivos e individuais, danças, ginástica, lutas, além de outras atividades
que, com a globalização, estão tendo destaque e fazem parte do cotidiano do
adolescente. Abordar ainda temas como nutrição, fisiologia e outros ligados à saúde
e à qualidade de vida ajuda os alunos a ter um desenvolvimento global. (BRUN, s/d,
s/p)
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pequenos grupos, alternativas para que nenhum colega fique sem participação ativa
no jogo depois de queimado, apresentando-as por escrito e com desenhos.
O professor poderá avaliar assim a compreensão do mecanismo e das regras
do jogo por parte das crianças, bem como sua capacidade de simbolização. Já no
6o ano do Ensino Fundamental, o professor pode ensinar, mediante uma vivência
prática, o mecanismo do rodízio no voleibol, e depois solicitar, por exemplo, como
questão de uma prova escrita, que os alunos o expliquem. No Ensino Médio, após
ensinar táticas de ataque e defesa no basquetebol, futebol ou outro esporte coletivo,
pode solicitar aos alunos que observem variações ou inovações em partidas
transmitidas pela televisão, e as apresentem de maneira prática na quadra. Os jogos
e esportes em geral constituem excelente oportunidade para observar o
comportamento social dos alunos: coopera-se com os demais companheiros de
equipe, se respeita as limitações impostas pelas regras, etc.
Testes de desempenho de habilidades ou capacidades físicas somente são
condenáveis se utilizados como único instrumento ou estiverem descontextualizados
do programa, avaliando aspectos que não foram objeto de ensino. Por exemplo, um
teste de Cooper, ou outro destinando a avaliar a resistência aeróbica, tem sentido se
possibilitar ao aluno perceber a melhoria dessa capacidade após um período de
prática de atividades explicitamente dedicadas a esse objetivo, e contextualizadas
na discussão do conceito de saúde e suas relações com a atividade corporal, em
noções de fisiologia do exercício, bem como na compreensão dos conceitos de
intensidade, frequência e duração. Ao realizar uma prova para verificar, por
exemplo, a aprendizagem da habilidade do arremesso no basquetebol, o professor
deve considerar a qualidade do movimento, e não apenas o alcance ou não do
objetivo (acertar a cesta). (BETTI, ZULIANI, 2002, p. 80)
Essas estratégias avaliativas, segundo Betti, Zuliani (2002, p. 80) estão de
acordo tanto com os objetivos específicos (aprendizagem de habilidades motoras
básicas e especializadas, jogos, etc.), como com a finalidade geral de integrar o
aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la,
reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir o jogo, o esporte, a
dança e a ginástica em benefício de sua qualidade de vida.
Para quê avaliar? Segundo Luckesi (1986) e Enguita (1989), a avaliação tem
duas funções básicas: diagnóstica, para detectar o estágio de desenvolvimento e
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Para Gaio, Porto (apud Marco, 2006) o que diferencia os seres humanos dos
outros seres que habitam este planeta é o fato de termos um corpo com tantas
possibilidades. Pensar, sentir, agir, criar, dialogar, relacionar-se e entre tantas outras
particularidades, sendo capaz de se adaptar as mais diversas situações da vida.
Meneghetti (2004, p. 105, apud Gaio, Porto in Marco, 2006 p. 11), refletindo
sobre a constituição do ser humano diz: “o corpo é o todo. É no corpo que somos o
que somos. É nele que nossa individualidade se apresenta e, ao mesmo tempo, é na
sua integralidade que nos apresentamos inteiro”. Sobre esse corpo complexo que
cada ser humano é, Sant'Anna (2001, p. 3, apud Gaio, Porto in Marco 2006 p. 11)
diz: território tanto biológico quanto simbólico, processador de virtualidades, campo
de forças que não cessa de inquietar e confortar, o corpo talvez seja o mais belo
traço da memória da vida. Verdadeiro arquivo vivo, inesgotável fonte de
desassossego e de prazeres, o corpo de um individuo pode revelar diversos traços
de sua subjetividade e de sua fisiologia, mas, ao mesmo tempo, escondê-los. De
acordo com Gaio, Porto (apud Marco 2006) o corpo é, assim, presença constante na
vida de cada ser humano, desde o nascimento até a morte; pelo fato de estar
sempre em construção e transformação advindas das experiências vividas de cada
um, dificilmente o corpo chega a ser conhecido de modo tal. Considerando os seres
humanos como corpos, aqueles que apresentam incompletos em sua estrutura
biológica são denominados de deficientes.
e raciocinar. Deve ser foco da nossa atenção não somente discutir sobre esses
corpos, mas como melhor entendê-los e atendê-los. Acredita-se que ser um corpo
deficiente em um novo paradigma é ser visto, aceito admirado e aplaudido pelas
suas possibilidades e não pelas suas ausências e incapacidades. (GAIO, PORTO,
apud MARCO, 2006).
Conforme Marques, et al (2008, s/p) Gaio, Porto (apud Marco, 2006) nos
trazem a ideia de que as diferenças devem ser encaradas hoje como positivas e de
fundamental importância na construção da identidade social dos seres humanos,
pois contribui para uma vida de respeito, aceitação, acolhimento, companheirismo e
reconhecimento. Zacharias (2007) diz que, existem vários tipos de deficiência,
abaixo temos o modelo clínico combinado ao educacional:
a) Traumatismo raquimedular:
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b) Paraplegia cerebral:
do melhor olho, mesmo com o uso de lentes para a correção. A deficiência visual
pode ser congênita, que seria a perda da visão na fase perinatal, ou mesmo,
adquirida se a perda se der após a esta fase. (DIEHL, 2006, apud MARQUES, ET
AL, 2008, s/p)
Marques, et al (2008, s/p) apontam Diehl (2006, p. 42,) que afirma que: pode
ser condutiva, quando localizada no ouvido externo ou médio, acarretando a
diminuição da audição na intensidade sonora. Caracterizada pela perda ou
diminuição na capacidade de condução do som até o ouvido interno, aonde chega
de forma mais fraca. Podemos ter uma noção da deficiência auditiva de acordo com
os exemplos da Diehl (2006, p. 43) como nas classificações: leve - escuta sussurros
e cochichos, mas não o som de folhas se roçando contra o vento, moderada - não
escuta os sussurros, mas uma voz de uma conversação normal, acentuada - não
consegue distinguir os sons de uma conversa, severa - neste caso é importante a
aprendizagem de libras, profunda é considerado surdo profundo, mas pode “ouvir”
alguns sons de forma distorcida.
Assunto tão temático que Sassaki (1999, p. 43) diz: “Inclusão significa
modificação da sociedade como pré-requisito para a pessoa com necessidades
especiais buscar seu desenvolvimento e exercer a cidadania”. Já Gaio, Porto (apud
Marco, 2006) dizem que refletir sobre inclusão é criar espaços educacionais abertos
para todos os educando, onde há a valorização do convívio dos corpos diferentes,
acreditando não somente no aprendizado dos conteúdos, mas na importância dos
valores sociais e humanos. Stainback (1999) afirma que acima de tudo o objetivo da
inclusão não é o de apagar as diferenças, mas o de que todos os alunos pertençam
a uma comunidade educacional que valide e valorize sua individualidade.
“Conceitua-se a inclusão social como o processo pelo qual a sociedade se adapta
para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades
especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na
sociedade”. (SASSAKI 1997, p. 3) Um dos maiores desafios da sociedade é torná-la
única e inclusiva. (SASSAKI, 2001). Segundo ainda Sassaki (1999) a inclusão social
é um processo que contribui para uma construção de uma nova sociedade através
de pequenas e grandes transformações, tanto nos ambientes físicos como na
mentalidade de todas as pessoas. Para Soares (2006) o processo da inclusão é
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Mantoan (2005) trata este assunto de forma bem clara, dizendo que a
Inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro, tendo o privilégio
de conviver e partilhar com a diversidade. Esta educação inclusiva acolhe todos,
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sem exceção. Estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula
com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro.
A inclusão questiona não somente as políticas e a organização da educação
especial e regular, mas também o conceito de integração. Este conceito se refere à
vida social e educativa, onde todos os alunos sem nenhuma exceção devem
frequentar as salas de aulas do ensino regular. A inclusão causa mudança, não se
limita a ajudar os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia todos
que compõem a escola, os professores, aluno, pessoal administrativo, para que
assim obtenham sucesso. (MANTOAN, 1993). Soares (2006, p.13) diz que: a
educação inclusiva enfatiza a necessidade de integrar todas as crianças com
necessidades em escolas regulares, inclusive as crianças com necessidades
especiais e para que os educadores possam receber essas crianças é lógico que
teremos de ter uma Pedagogia voltada e centrada na criança, que atenda a todos
sem descriminação e sem a colocação de obstáculos que possam comprometer o
processo de ensino-aprendizagem.
Afirmando a citação acima Jover (1999) diz que segundo relatório da ONU,
todo mundo se beneficia com a educação inclusiva. Para os estudantes com
deficiência, eles aprendem a gostar da diversidade, adquirem experiência direta com
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Para Araújo (1998, p. 22) “o simples fato de estar junto, colocar junto, não
significa educação, desenvolvimento e nem tampouco integração. Não é colocando
alunos com diferentes necessidades e dificuldades num grupo, que poderá se
concretizar uma integração”. A integração aparece envolta numa série de
significados, os quais variam desde a inserção plena dos deficientes na sociedade
até a preparação dos mesmos nesta sociedade. A ideia de integração se refere à
necessidade de mudar a pessoa com necessidades especiais para que antes de ir á
escola regular, seja preparada para que possa se identificar com os demais. O que
de fato é a integração? O que leva as pessoas a defendê-la, mesmo com
significados diferentes? A integração está contribuindo para a construção de uma
prática social menos segregacionista e menos preconceituosa. (MARQUES, 1997).
Nesse âmbito Marques, et al (2008, s/p) apontam que Marques (1997) fala
que no nível político, não basta que os deficientes tenham acesso aos bens sociais.
É importante que eles possam participar efetivamente dos centros decisórios. É
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preciso que os deficientes participem das decisões que cercam todos os cidadãos.
Não basta só ouvir o que o deficiente tem para falar, é necessário decidir com ele.
Do ponto de vista cultural Marques (1997) diz que é preciso que os deficientes se
façam membros reais da cultura. O valor culturalmente construído sobre a
deficiência é o produto do modo como às pessoas que são classificadas normais
veem a deficiência. Marques (1997) relata que o grande problema da integração não
está nem nas diferentes concepções existentes sobre o processo, nem nas
iniciativas tomadas, e sim no fato dos portadores de deficiência não serem
entendidos e assumidos como sujeitos históricos e culturalmente contextualizados.
Para a superação desta questão, o caminho está na busca de um sentido para a
existência humana, cujo valor de homem não esta determinado pela sua condição
física, mental ou sensorial, mas sim por seu modo de ser, autêntico e único.
(MARQUES, 1997)
Atividades inclusivas: numa escola que tem uma cultura que possibilita a
exclusão de todos os que não se enquadra nos padrões esperados, a Educação
Física é muitas vezes influenciada por esta cultura escolar, seguindo e participando
nesta exclusão. Esta possibilidade de criar exclusão é mesmo por vezes usada por
professores de Educação Física para afirmar sua importância curricular. Muitas das
propostas de atividades feitas em educação física são feitas na base de culturas
competitivas. A própria prática desportiva, em particular quando usada sem uma
perspectiva pedagógica, é uma atividade que não favorece a cooperação alargada,
que não valoriza a diferença e que gera igualmente sentimentos de satisfação e de
frustração. Esta cultura competitiva constitui uma segunda fonte de exclusão.
(RODRIGUES, 2003, apud FALKENBACH, 2007).
BETTI, Mauro, ZULIANI, Luis Roberto. Educação Física escolar: uma proposta de
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FONSECA, Luana Costa Soares da., FREIRE, Elizabete dos Santos. A educação
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GONZALES, Érica dos Santos, SANTOS, José Carlos dos. Educação Física
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<http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=852> Acesso em:
05.09.2010.
JOVER, Ana. Inclusão: qualidade para todos. In: Revista Nova escola. São Paulo,
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SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio
de Janeiro: WVA,1999.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.
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Sites visitados:
<http://www.luckesi.com.br/>
<http://revistaescola.abril.com.br/>
ANEXOS
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Bloco de Conteúdo:
Conteúdo:
Objetivos:
- Compreender conceitos e procedimentos básicos sobre atividade física, exercício,
saúde e qualidade de vida e como eles se relacionam.
Conteúdos:
Anos:
6 ao 9
Tempo estimado:
16 aulas
Material necessário:
Desenvolvimento:
Primeira etapa: Converse com os alunos sobre atividades físicas e exercícios. Qual
a diferença entre eles? O que é aptidão física e como desenvolvê-la? Saúde e
qualidade de vida são a mesma coisa? Quais as semelhanças e diferenças? Quais
1
Plano de aula extraído da Revista Nova Escola. Consultoria: Daniela Alonso
Psicopedagoga especialista em inclusão e selecionadora do Prêmio Victor Civita – Educador.
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são as atividades físicas e os exercícios praticados por eles dentro e fora da escola?
Qual a periodicidade da prática? Quais benefícios trazem para a saúde? Depois de
responderem a essas questões, exponha outras. Quais as práticas mais indicadas
para o desenvolvimento da aptidão física? E as melhores para a força muscular, a
resistência cardiovascular, a flexibilidade e a manutenção de um peso adequado?
Segunda etapa: Realize uma avaliação da aptidão física de cada um, mensurando
indicadores como o Índice de Massa Corporal (IMC) e a potência aeróbica. Os
dados devem ser registrados em fichas (veja um modelo abaixo), que devem ser
analisadas no início e no fim da realização do programa. Nelas, também há espaço
para anotar as atividades realizadas.
Flexibilização: Solicite aos alunos com deficiência um atestado médico que detalhe
suas necessidades específicas e dispense os cadeirantes do teste de Cooper.
Quarta etapa: Entregue um roteiro aos grupos com orientações sobre seminários. É
importante, por exemplo, que todas as apresentações contemplem informações
básicas sobre cada tema. Durante as apresentações, oriente a turma a fazer boas
perguntas. Qual a prática mais indicada para um idoso? É verdade que o exercício
só funciona quando sentimos dor ao praticá-lo?
Sétima etapa: De volta à escola, converse sobre mitos e verdades sobre exercícios
físicos, o uso de anabolizantes e a prática de esportes em excesso.
Avaliação: Mensure novamente o IMC e a potência aeróbica de cada estudante e
registre-os nas fichas. Comente as mudanças subjetivas. Analise os resultados com
o grupo, avaliando se o tempo de prática e realização do programa foi suficiente
para que cada um observasse alguma evolução no nível de aptidão física. Peça que
elaborem, individualmente, um folheto informativo, para ser distribuído à
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