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Vinícius Marçal
Crime Organizado – Parte I
Aula 05
Roteiro de aula
1. Objeto
Esta lei define e criminaliza a organização criminosa, dispõe sobre a investigação e meios de obtenção de prova,
infrações correlatas e o procedimento adotado (art. 1º).
2. Evolução legislativa
Art. 1º. Esta Lei define e regula meios de prova e procedimentos investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes de
ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo.
Obs. 1: Foi tratada pela doutrina como “Lei oca” (lei sem eficácia), pois mencionava institutos (como organizações
criminosas, delação premiada, infiltração de agentes e outros) sem apresentar seus conceitos e procedimentos.
Exemplo: Delação premiada: Art. 6º. Nos crimes praticados em organização criminosa, a pena será reduzida de um a
dois terços, quando a colaboração espontânea do agente levar ao esclarecimento de infrações penais e sua autoria.
Não houve respaldo legal para tipificar e conceituar a expressão organização criminosa.
Obs. 2: Associações
• Associações criminosas:
Art. 35 da Lei de Drogas (11.343/06). Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei.
Art. 2º da Lei do Genocídio (2.889/96). Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes
mencionados no artigo anterior.
Há menção de espécies de organização criminosa nos artigos 16 e 25 da Lei de Segurança Nacional (7.170/83),
mas não há definição legal.
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Pela primeira vez surgiu no ordenamento jurídico brasileiro o conceito de grupo criminoso organizado (art. 2º, alínea
“a”).
Polêmica: Na redação original1 da Lei 9.6123/98, art. 1º, VII criminalizava a lavagem de dinheiro praticada por
organização criminosa, ou seja, a conduta de formação de organização criminosa não estava tipificada. Pergunta:
Poderia o conceito trazido pela Convenção de Palermo ser aplicado nessa hipótese, para fins de tipificação do crime de
lavagem de capitais?
1ª corrente (STJ): Entendia que o crime era lavagem de capitais, não a formação de organização criminosa. Assim,
tratava-se de uma norma penal em branco que buscava na Convenção de Palermo o conceito de organização criminosa
(HC 77.771/SP, DJe 22/09/2008 + HC 171.912/SP, DJe 28/09/2011).
2ª corrente (STF): A lei penal violava o princípio da legalidade (sentido amplo), uma vez que não era certa (ausência de
taxatividade, posto que o conceito da Convenção de Palermo era extremamente amplo) e não era estrita (não houve
debate no parlamento). No entanto, era válida no que tangia as relações de direito internacional (HC 96007, DJe-027 de
07-02-2013) Idem: HC 108.715, DJe 29.05.2014.
• Trata de medidas de reforço à segurança dos prédios da Justiça como controle de acesso; câmeras de vigilância;
detectores de metais (art. 3º).
• Altera o art. 91 do CP, alargando o espectro do perdimento de bens e das medidas assecuratórias (art. 4º).
• Altera o CPP, prevendo a alienação antecipada como forma de preservação do valor do bem sobre o qual paire
medida assecuratória (art. 5º).
• Altera o CTB para permitir “placas frias” para membros do PJ e do MP que atuam no combate ao crime
organizado (art. 6º).
• Altera o Estatuto do Desarmamento, ampliando a autorização para porte de arma de fogo para servidores do
Judiciário e do MP que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança (art. 7º).
• Estipula que as armas de fogo utilizadas pelos servidores do Judiciário e do MP serão de propriedade,
responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas quando em serviço.
• Trata da proteção pessoal para juízes e membros do MP e seus familiares, que atuam no combate ao crime
organizado (art. 9º).
Obs. 1: Dispôs sobre o processamento e julgamento colegiado em 1º grau de jurisdição (portanto, há acórdão de 1º
grau) de crimes praticados por organizações criminosas (arts. 1º e 2º).
Obs. 2: Alcança o crime organizado por natureza (crime de organização; integrar organização criminosa) e por extensão
(crime da organização; outros crimes cometidos pelo grupo).
1 A redação original da Lei de lavagem de dinheiro é da segunda geração, isto é, prevê como antecedente da lavagem um rol de crimes.
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b) Experiência peruana (arts. 13, e, e 15, Decreto-Lei 25.475/92)
Caso Castillo Petruzzi e outros vs. Peru
Castillo Petruzzi e outros foram processados e condenados pelo delito de traição à pátria perante a Justiça Militar, de
cujas audiências participaram magistrados e membros do Ministério Público mascarados. A Corte Interamericana de
Direitos Humanos vergastou o instituto, alegando infringir valores democráticos do juiz natural e da imparcialidade
(Fondo, Reparaciones y Costas. Sentença de 30 de maio de 1999. Serie C No. 52, p. 68).
• Juiz natural: Em razão da impossibilidade de identificar o magistrado, não era possível assegurar que fosse o
julgador investido da jurisdição para julgar.
• Imparcialidade: O magistrado poderia “fazer o que bem queria”; usar de seu anonimato para praticar atos
arbitrários; e usar seus valores e intenções em relação aos réus.
c) Brasil
Pergunta: Esta lei instituiu a figura do juiz sem rosto no Brasil?
R.: Não. Os juízes são identificáveis, não há sentença apócrifa, bem como estão os magistrados sujeitos a arguição de
suspeição e impedimento.
Pergunta: Precisa haver requerimento para constituir órgão colegiado?
R.: Não. É facultado ao magistrado.
Pergunta: A formação do colegiado é impositiva?
R.: Não. É facultado ao magistrado.
Pergunta: Pode ser formado no Júri?
R.: Sim. Pode ser formado em qualquer caso que envolva crimes praticados por organizações criminosas (desde que
preenchidos os requisitos).
Pergunta: Pode acontecer em qualquer fase da persecução penal?
R.: Sim.
Obs.: Pode se formar o colegiado para a prática de qualquer ato processual, inclusive presidir audiência.
Pergunta: O que o juiz deve fazer para formar o colegiado?
R.: Indicar os motivos e as circunstâncias que acarretam risco à sua integridade física (ou de seus familiares, art. 9º) em
decisão fundamentada (cautela com a eloquência acusatória), da qual será dado conhecimento ao órgão correicional
(art. 1º, §1º).
Pergunta: A corregedoria pode revogar o ato?
R.: Majoritariamente, não, por se tratar de ato jurisdicional. A comunicação a corregedoria tem finalidade estatística,
consequentemente, elaboração de políticas de segurança; e controle de utilização manifestamente abusiva
(administrativamente).
Pergunta: A decisão que convoca o colegiado é recorrível?
R.: Embora não haja recurso previsto, é cabível remédio.
Pergunta: Quantos juízes formam um colegiado?
R.: Três, o juiz natural e outros dois escolhidos mediante sorteio eletrônico.
Pergunta: Pode-se formar diversos colegiados dentro da mesma persecução penal?
R.: A lei, em seu art. 1º, § 3º, alude que “a competência do colegiado limita-se ao ato para o qual foi convocado”. No
entanto, há divergências:
1ª corrente: Dentro de uma mesma persecução penal só pode haver a formação por sorteio eletrônico de um único
colegiado, que será chamado a se reunir sempre que se fizer necessária a realização de algum ato processual (defendida
por Luiz Flávio Gomes e Marcelo Rodrigues da Silva).
2ª corrente: Assim como a 1ª corrente, só deve se instaurar um colegiado, sob pena de se instaurar verdadeiro juízo de
exceção, com a convocação arbitrária de vários e diferentes membros do judiciário para o mesmo caso. Contudo, “uma
vez formado e praticado o ato para o qual ele tenha sido convocado, exaure-se a respectiva jurisdição, retornando o
comando do processo ao juiz originariamente competente” (defendida por Pacelli).
3ª corrente: Dentro de uma mesma persecução penal é possível a formação de mais de um órgão colegiado por sorteio
eletrônico, tudo a depender da amplitude do primeiro ato convocatório expedido pelo juiz natural. Como o art. 1º, § 3º,
diz que “a competência do colegiado limita-se ao ato para o qual foi convocado”, é viável que se dê a esse ato uma
extensão maior ou menor (nossa posição).
4ª corrente (prevalente na prática): Numa mesma persecução penal, não é possível uma convocação geral. É necessário
formar um colegiado para cada ato em que for necessário. A excepcional competência está condicionada a cada ato
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específico, sendo dissolvido automaticamente, salvo em hipótese de embargos de declaração ou de reexame da matéria
nos casos de recurso que permita juízo de retratação (Provimento 11/2013 da Corregedoria-Geral da JF, em seus art.
3º).
Obs. 1: Uma vez publicada decisão sem qualquer referência a voto divergente de qualquer membro, privilegia-se a
modalidade de prestação jurisdicional per curiam, o que provoca uma artificialização da unanimidade,
despersonalizando a decisão (Provimento 11/2013 da Corregedoria-Geral da JF, art. 1º, § 6º).
Obs. 2: Entendimento do TJDFT: A decisão é una, ou seja, deverá ser formada por todos os integrantes (Resolução
10/2013 – TJDFT, art. 9º).
Obs. 3: Existem duas modalidades de entrega da prestação jurisdicional colegiada: a) per seriatim, que consiste na
apresentação de cada voto individual proferido pelos magistrados, em forma seriada; e per curiam, que revela apenas
um único voto, simbolizando a voz da corte.
Pergunta: Eventuais juízos colegiados que tiverem sido instalados antes da vigência da LCO são maculados pelo
surgimento no novo conceito?
R.: Não. Conforme explicita o art. 2º do CPP, “a nova norma processual tem aplicação imediata, preservando-se os atos
praticados ao tempo da lei anterior” (tempus regit actum)” (ROHC 115.563, 1.ª T.STF, DJe 28.03.2014).
Pergunta: É possível a aplicação da Lei do Crime Organizado caso as infrações penais não sejam praticadas por
intermédio de organização criminosa?
R.: Sim, existem cinco hipóteses, vejamos:
a) Art. 1º, § 2º da LCO: É aplicável também às infrações penais previstas em tratados e/ou convenções internacionais
(tráfico de pessoas, narcotráfico etc.) se, iniciou-se a execução no país e o resultado tenha/devesse ter ocorrido no
estrangeiro ou vice-versa, ou seja, praticadas à distância.
b) Às organizações terroristas (lei 13.260/16) voltadas para prática de atos de terrorismo previamente definidos em lei.
c) Aplicam-se as disposições para investigação, processamento e julgamento dos crimes previstos na lei de terrorismo
(art. 16 da lei 13.260/16).
d) Aplica-se subsidiariamente à lei de tráfico de pessoas (art. 9º da lei 13.344/16 + art. 149-A do CP).
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e) Para o professor Vinícius Marçal e Cleber Masson, é lei geral para os procedimentos da colaboração premiada e de
infiltração de agentes. Isto é, ainda que fora do contexto do crime organizado, como é o caso do tráfico de drogas, é
possível instrumentalizar o acordo de delação premiada ou mesmo infiltração por meio do procedimento da lei
12.850/13.
5. Crime Organizado por Natureza
É crime de organização criminosa, conforme o art. 2º, caput: Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente
ou por interposta pessoa, organização criminosa.
Obs.: É lei penal em branco homogênea (lei, isto é, ato normativo igual) de qualidade homovitelina (mesma lei).
5.2. Requisitos
Art. 2º. Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4
(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
Pergunta: É necessário um elevado grau de sofisticação ou uma estrutura empresarial (piramidal) com líderes e
liderados?
R.: Não, a organização criminosa pode ser tanto piramidal (tipo mafioso) quanto horizontal (crimes de colarinho
branco).
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e) “... mediante prática de Infrações penais...”
Pergunta: A LCO alcança os grupos criminosos estruturalmente formatados para a exploração exclusiva do “jogo do
bicho”?
1ª corrente: Sim.
2ª corrente: Não, é requisito que as infrações penais cometidas pelas organizações tenham pena máxima superior a 4
anos. No caso do jogo do bicho, a pena é de 4 meses a 1 ano, e multa (LCP, art. 58).
Núcleos:
• Promover (fomentar, anunciar);
• Constituir (formar, dar existência);
• Financiar (apoiar financeiramente, custear despesas); ou
• Integrar (participar, associar-se), pessoalmente ou por interposta pessoa (laranja), organização criminosa (art. 1,
§ 1º).
Obs.: Trata-se de um tipo alternativo misto (ou de conteúdo variado), isto é, flexionando mais de um núcleo, incorre nos
mesmo crime/pena.
7. Retroatividade ou irretroatividade?
Pergunta: O art. 2º da LCO retroage para alcançar os fatos esgotados antes de sua vigência?
R.: Não, conforme art. 5º, XL da CR/88, a lei penal “nova” (novatio legis incriminadora) não retroage, salvo para
benefício do réu.
Obs.: Contudo: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é
anterior à cessação da continuidade ou da permanência (súmula 711, STF).
Há decisão no sentido de que deve-se: “assentar a aplicabilidade da Lei 12.850/2013 ao caso, nada obstante se tratar de
fatos, em tese, perpetrados antes da entrada em vigor do diploma legal. Essa compreensão deflui do singelo
fundamento da natureza permanente* do crime adjacente à inovação legislativa” (STF, Inq. 4112). (grifo do professor).
8. Sujeitos
Pergunta: Entram no cômputo os (a) inimputáveis, (b) membros não identificados e (c) o agente infiltrado?
R.: (a) Sim, desde que o inimputável tenha um mínimo de discernimento da situação. (b) Sim, o fato de desconhecer um
dos indivíduos não impede o processamento contra aqueles conhecidos. (c) Não, ao se infiltrar, a organização já está
formada. Ele não se integra a organização, não possui animus de crime.
Pergunta: É correto dizer que somente se pode cogitar de uma organização criminosa formada por empresários quando
estes fazem do crime seu “modo de vida”, e não quando suas atividades principais sejam praticadas licitamente?
R.: Não. Está ideia é totalmente contrária ao direito penal do inimigo. Este entendimento homenageia uma casta da
sociedade, o que viola diversos valores e princípios republicanos e democráticos.
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Sujeito Passivo: crime vago.
9. Elemento subjetivo
Além do dolo deve estar presente o animus associativo de caráter estável e permanente. Isto aliado ao “objetivo de
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza”.
Obs.: Ausente o animus associativo de caráter estável e permanente, pode haver dolo, contudo, não configurar-se-á
crime organizado, por natureza. Será estabelecido apenas concurso de pessoas.
10. Consumação
Pergunta: É recorrente a afirmação segundo a qual o “crime organizado por natureza” constitui crime permanente. Isso
é verdadeiro?
R.: Nem sempre.
• Integrar: é permanente.
Ex.: a) CPP, art.303; b) busca domiciliar sem mandado, desde que haja uma justificativa prévia para o ingresso
clandestino (RE 603616, Pleno/STF, DJe-093 de 10.05.2016); c) termo inicial da PPP (CP, art.111, III)
• Financiar e promover: são crimes eventualmente permanentes, portanto, podem ou não ser permanentes.
Atenção! Em qualquer dos casos, a natureza é formal (de consumação antecipada ou de resultado cortado). Ou seja,
ainda que a organização criminosa não tenha praticado crime, a simples formação já constitui ilícito (art. 2º).
Pergunta: Depois de recebida a denúncia pela prática do crime org. por natureza, descobre-se que a societas sceleris
continua em atividade. O que fazer?
R.: Far-se-á nova denúncia. Não ocorre bis in idem.
Importante: Para fins de nova denúncia pelo crime de integrar organização criminosa, deve-se considerar cessada a
permanência com o recebimento da denúncia. Destarte, caso os membros da organização permaneçam na mesma
atividade criminosa após o recebimento da exordial acusatória, é possível que o agente seja novamente denunciado ou
até mesmo preso em flagrante sem que isso configure dupla imputação pelo mesmo fato (bis in idem). Em casos que
tais, o que se vê “é a existência de outro fato e, consequentemente, de novo crime que não poderá, por óbvio, ser
compreendido na acusação anterior” (HC 78821, 1ª T.STF, DJ 17.03.2000 + HC 123763, 5ªT.STJ, DJe 21/09/2009).
12. Tentativa
1ª corrente: É inadmissível, pois o delito está condicionado a existência de estabilidade e durabilidade para se
configurar. Antes disso, tem-se irrelevante penal.
2ª corrente: É inadmissível a tentativa de constituir e integrar, haja vista que a consumação ocorre com a simples
adesão de vontades. Por outro lado, é admissível promover e financiar (crimes permanentes) na modalidade tentada.
Ex.: interceptação de panfleto tendente à promoção da organização ou de dinheiro remetido para fins de financiamento
(Eduardo Araújo da Silva).
13. Agravante
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A pena é agravada para quem exercer o papel de comando da organização, ainda que não tenha praticado
pessoalmente os atos de execução (art. 2º, § 3º da LOC; semelhante ao art. 62, I do CP).
Pergunta: A responsabilização penal do “comandante” da organização criminosa pelo crime organizado por extensão se
opera de forma automática, em virtude da sua posição?
R.: Não. A agravante da pena é automática, no entanto, o crime organizado por extensão não induz a responsabilização
automática ao “comandante”.
No ordenamento jurídico brasileiro, não é aceito a teoria do domínio da posição, também denominada command
responsability, que dispensa o dolo (Estatuto de Roma TPI, art. 28).
É possível responsabilizar o comandante pelo crime organizado por extensão quando atua como:
• Autor intelectual (mentor do crime; partícipe);
• Autor de escritório (forma especial de autoria mediata, onde a teoria do domínio do fato é gênero e o domínio
da organização é espécie); e
• Autor pelo domínio social (teoria do domínio do fato pelo domínio social de Pablo Auflen).
Diferenças entre Teoria do domínio social e Teoria do domínio do fato na forma dos aparatos organizados de poder
A teoria do domínio social, além de alcançar a criminalidade empresarial, ao contrário da teoria de Roxin, não reclama a
figura do executor fungível, nem a existência de uma máquina de poder rompida com a ordem jurídica.
14.1. Metade: No art. 2º, § 2º, a pena aumenta-se até a metade se houver emprego de arma de fogo; se na conduta
tenha sido utilizada arma de fogo.
No Código Penal, art. 288, parágrafo único, a pena também aumenta até a metade, porém, somente se a associação for
armada.
Obs. 1: Na LCO não basta que a seja armada, a associação deve fazer uso de arma de fogo.
1ª corrente: Configura meio relativamente ineficaz (lesividade in re ipsa). O agente pode nela inserir projéteis a
qualquer tempo e efetuar disparos. Cabível a causa de aumento de pena (HC 246.811/RJ, 5ªT.STJ, DJe 15.04.2014 & HC
102263, 1ªT.STF, DJe-100 04.06.2010 & RHC 115077, 2ª T.STF, DJe-176 09.09.2013).
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2ª corrente: Não rende ensejo à causa de aumento de pena porquanto é desprovida de potencialidade lesiva e não é
capaz de ensejar maior perigo de dano à integridade física da vítima ou de terceiros. (AgRg no AREsp 466.211/SP, 6ª
T.STJ, DJe 09/10/2017 & HC 419.579/MS, 5ªT.STJ, DJe 31/10/2017).
Detalhe: Há tendência do STJ de caminhar no sentido da 2ª corrente.
• II - Existência de servidor público na organização criminosa que utiliza-se dessa condição para a prática de
infração penal;
• III - Se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, em parte ou no todo, ao exterior (em razão da
dificuldade de rastrear e confiscar);
Art. 2º, § 5º (semelhante ao art. 319, VI, CPP e art. 56, § 1º, LD). Se houver indícios suficientes de que o funcionário
público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função,
sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
Pergunta: É constitucional o afastamento automático do servidor (caso do art. 17-D da lei 9.613/98)?
R.: Não, inclusive o dispositivo foi alvo da ADIn 4.911, arguida pela ANPR.
Ação Cautelar 4.070, Pleno/STF: Eduardo Cunha foi suspenso do exercício do mandato de deputado federal e, por
consequência, da função de Presidente da Câmara.
• É constitucional o afastamento cautelar do deputado federal, sem ouvir a respectiva casa do Congresso.
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c) providências do art. 310 do CPP
Regra: O STF, no dia 11.10.2017, por maioria, decidiu que o Judiciário tem competência para impor a parlamentares as
medidas cautelares do art. 319 do CPP.
Exceção: Exclusivamente na hipótese da imposição de medida que dificulte ou impeça, direta ou indiretamente, o
exercício regular do mandato, a decisão judicial deve ser remetida, em 24 horas, à respectiva Casa Legislativa para
deliberação (CR/88, art. 53, § 2º).
Em suma: decidiu-se que a finalidade do controle político da prisão em flagrante de parlamentar é proteger, ao juízo
discricionário da Casa Legislativa, o livre exercício do mandato contra interferências externas, o que deve ser estendido
às medidas cautelares que dificultem ou impeçam, direta ou indiretamente, o exercício regular do mandato.
Após os incidentes com as Assembleias Legislativas Estaduais revogando prisão cautelar imposta a parlamentares e a
ADPF 497 (PGR). ADIs 5.823, 5.824 e 5.825 (AMB), até o momento a interpretação dada pelo STF do art. 53 da CR/88
não se estende a deputados estaduais.
Efeito automático da condenação. O crime de tortura tb tem como efeito
16. Efeitos da condenação automático a perda do cargo, função etc.
Art. 2º, § 6º. A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função,
emprego ou mandato eletivo & a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 anos
subsequentes ao cumprimento da pena.
Tortura
Obs. 1: Os efeitos da condenação são extrapenais e automáticos (igual ao art. 1º, § 5º da Lei de Tortura; diferente do
art. 92, I, parágrafo único do CP). Orcrim
Pergunta: Abrange qualquer atividade que o agente esteja exercendo ao tempo da condenação?
R.: Em regra, não. É medida excepcional caso o juiz a quo considerar, motivadamente, que o novo cargo possui
correlação com as atribuições anteriores, de modo que deve-se prevenir a reiteração de ilícitos da mesma natureza
(REsp 1452935/PE, 5ª T.STJ, DJe 17/03/2017).
Pergunta: Pode-se aplicar a cassação da aposentadoria se ao tempo da condenação o servidor estiver aposentado?
2ª corrente: Entendimento atual é que não é possível cassar (AgRg no REsp 1447549, DJe 09/03/2016).
I. A perda do cargo público somente pode ser declarada nas hipóteses restritas e taxativamente previstas na lei, vedada
a interpretação extensiva ou analógica em desfavor do réu, sob pena de afronta ao princípio da legalidade.
II. A previsão legal é dirigida para a perda de cargo, função pública ou mandato efetivo, o que não é a hipótese dos
autos, considerando que o agravado, no decorrer da ação penal, aposentou-se.
III. Consubstanciando a aposentadoria um ato jurídico perfeito, com preenchimento de requisitos legalmente exigidos,
não se pode desconstituí-la como efeito extrapenal específico da sentença condenatória, mesmo que o fato apurado
tenha sido cometido quando o funcionário ainda estava ativo. A cassação da aposentadoria tem previsão legal, mas no
âmbito administrativo, não na esfera penal.
Detalhe: Desde que prevista a penalidade no regime jurídico do servidor, nada impede que a prática de fato criminoso
em serviço acarrete a cassação da aposentadoria em procedimento administrativo (REsp 1.317.487, DJe 22.08.2014).
Pergunta: O Poder Judiciário pode decretar a perda do mandato eletivo de deputados federais e senadores?
1ª corrente (STF, AP 565): arts. 55, VI e 55, § 2º, ambos da CR/88, a perda do mandato deve ser declarada pela Câmara
dos Deputados.
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2ª corrente (STF, 470): arts. 15, III e 55, IV da CR/88; e art. 92, I do CP, a perda do mandato pode ser decretada pelo
judiciário.
3ª corrente: AP 694, Rel. Min. Rosa Weber, 1ª Turma do STF, DJe-195 de 31-08-2017): perda do mandato automática.
Regra: 1ª corrente.
Exceção: art. 55, III da CR/88 prevê a perda do mandato se, em cada sessão legislativa (1 ano), o congressista faltar a 1/3
das sessões ordinárias.
Desta maneira, se sua condenação ultrapassar 120 dias em regime fechado, perderá seu mandato, automaticamente.
Art. 2º, § 7º. Havendo indícios de participação policial em crimes que se trata esta lei, a Corregedoria de Polícia
instaurará inquérito policial e comunicará o MP, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão.
Obs.: Não houve impedimento a investigação pelo MP. Pelo contrário, o julgamento do RE 593.727 declarou o poder
amplo de investigação da instituição.
1ª corrente (CRBePCB e RBL): O tipo não se estende à obstrução do processo em razão de extensão in malam partem.
Quando a lei pretendeu se referir a investigação e a instrução processual, fez expressamente (LCO, art. 2º. § 5º).
2ª corrente (GSN, RSCeRPB, CMeVM): defende a interpretação extensiva uma vez que o empecilho é inadequação da
linguagem e não a lacuna deixada pela norma.
A interpretação extensiva consiste em ampliar o significado da palavra, neste caso de investigação, até corresponder ao
espírito da lei.
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Núcleos do tipo: Impedir ou Embaraçar.
Obs. 1: Impedir é mais grave, por motivos óbvios. Neste caso, a investigação não ocorre. Trata-se ainda de um tipo
misto alternativo, pois se o indivíduo evoluir na sua conduta de embaraçar até impedir a investigação, haverá somente
uma conduta.
1ª corrente (minoritária – CRB): Entende-se que não. Porque o integrante, que embaraça/impede a investigação, deve
estar no legítimo direito de não produzir provas contra si mesmo. Portanto, ele estaria no livre direito de turbar.
2ª corrente (CMeVM – majoritária): Sim. Os mais interessados em obstruir são os próprios integrantes da organização
criminosa.
• Os bens jurídicos tutelados pelos tipos são diversos.
• O direito de não produzir prova contra si não autoriza a prática da obstrução à justiça.
• Existe um mandado convencional explícito na Convenção de Palermo.
Ex.: Caso Nardoni
O direito de não produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere) não abrange a alteração da cena do crime.
Portanto, é entendimento (inclusive firmado pelo STJ) que o autor de crime anterior pode, ainda, ser imputado nos
crimes de fraude processual e obstrução de justiça.
Consumação
Tentativa
1ª corrente (GSN): é possível o crime tentado em ambos os núcleos. No entanto, a conduta de embaraçar seja mais
difícil em razão do elemento normativo de qualquer forma.
3ª corrente (LFGeMRS – visão do professor): crime de atentado ou de empreendimento. Isto é, num mesmo tipo o
legislador puniu tanto duas condutas, sendo que uma delas é a tentativa da outra (embaraçar é a tentativa de impedir).
Procedimento: Rito ordinário (aplica-se o art. 22, não o art. 394, § 1º, III do CPP).
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Obs. 1: Não é aplicável o art. 394, § 1º, III do CPP para infrações penais de menor potencial ofensivo.
Obs. 2: No art. 21, caput e parágrafo único são indicados dois crimes de menor potencial ofensivo. Via de regra, são
processados pelo rito sumaríssimo, no entanto, no âmbito da LCO são processados pelo rito ordinário.
Prazo para encerramento: Se o réu estiver preso, a instrução criminal deverá se encerrar em até 120 dias; pode-se
prorrogar por igual período por decisão fundamentada e devidamente motivada pela complexidade da causa ou por
procrastinação atribuível ao réu (art. 22, parágrafo único).
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito.
Pergunta: A lei só menciona o colaborador. E a devassa da intimidade do infiltrado, configura fato atípico?
R.: Não é fato atípico (art. 20).
Obs. 1: A conduta atenta contra a técnica da investigação, pois pode colocar em cheque a atividade investigativa que
vem sendo desenvolvida.
Núcleos
• Revelar a identidade: dar conhecimento a terceiros.
• Fotografar ou filmar o colaborador: tipo alternativo misto.
Sujeito ativo
1ª corrente (CRBePCB): é crime próprio, pois somente quem participa da avença e meios de comunicação poderiam ser
os autores do delito.
2ª corrente (majoritária): é crime comum, posto que um terceiro ao acordo pode tomar conhecimento dele.
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Pergunta: A elaboração de “retrato falado” ou “caricatura” do colaborador configura crime?
R.: Retrato falado ou caricatura não são fotografias, muito menos filmagem. No entanto, se bem feitos podem revelar a
identidade (revelar).
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que sabe
ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas.
1ª corrente: Qualquer pessoa que tenha motivação de colaborar com a justiça e impute falsamente, a pessoa
sabidamente inocente, a prática de infração penal; ou que revele a estrutura de uma organização criminosa que sabe
que não existe (sentido lato).
2ª corrente (entendimento do professor): Deve haver um acordo de delação premiada e, dentro deste contexto,
pratica-se a imputação falsa a alguém ou revelação de informações sobre a burocracia também falsas (sentido técnico:
seção V da LCO, arts. 18/21).
Obs. 1: O art. 19 da LCO não alcança os acordos de colaboração premiada celebrados fora do contexto da criminalidade
organizada.
Os instrumentos previstos na seção V almejam proteger as técnicas especiais de investigação previstas no art. 3 da LCO,
no contexto da criminalidade organizada.
Sujeito ativo: crime de mão própria, isto é, somente o colaborador pode praticar (cabível participação).
Obs.: Havendo dúvida quanto a autoria ou existência de crime a partir da delação, não há crime, nem prêmio; salvo se a
imputação duvidosa restar eficaz.
Núcleos: Ambos há quebra dolosa do compromisso com a verdade (art. 4ª, § 4º)
• Colaboração caluniosa: imputar (atribuir) falsamente a pessoa (certa e determinada) que sabe ser inocente a
prática de infração penal relacionada à organização criminal (recai sobre a pessoa).
• Colaboração inverídica/fraudulenta: revelar (dar conhecimento a 3ª pessoa) informações que sabe inverídicas
acerca da estrutura da organização criminosa (recai sobre a burocracia/estrutura da organização).
Obs.: Busca-se evitar os colaboradores (colaboradores pilotados) que, orientados por terceiros, atrapalham o trabalho
da justiça.
Consumação: Trata-se de crime formal, portanto, não é necessário que ocorra um empecilho concretamente. Além
disso, não é necessária instauração de procedimento diverso contra o caluniado.
Denunciação caluniosa: delito material que se consuma com a efetiva instauração da investigação/processo contra
alguém (art. 339, CP).
Marcos Paulo Dutra Santos: A colaboração caluniosa ou inverídica é a semente do crime de denunciação caluniosa.
Pergunta: Tendo em vista que o crime do art. 19 guarda semelhanças com o delito de calúnia (CP, art. 138), seria
possível que a retratação quanto à imputação falsa de crime à pessoa que sabe inocente redundasse na extinção da
punibilidade do colaborador arrependido?
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R.: Não. A retratação não extingue a punibilidade, pois é instituto abarcado nas ações penais privadas.
Obs.: A retratação estabelecida no âmbito da LCO é voltada ao colaborador que “deixa de querer o acordo de
colaboração” ou até mesmo por parte no MP.
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a infiltração de agentes.
Obs. 1: pode ser sigilo legal (arts. 8º, §§ 1º e 3º, e 10-12); ou judicial (art. 23).
Obs. 2: Quebra do sigilo macula a eficácia da técnica especial de investigação e expõe a incolumidade, tanto daquele
que executa a ação controlada, como do agente infiltrado.
Obs. 3: Art. 20 é especial em relação ao art. 325 do CP (violação do sigilo funcional).
Art. 325 do CP = “soldado de reserva”.
Meio de execução: Ação (exposição do dado sigiloso a alguém); ou Omissão (omite cautelas para que 3º desautorizado
acesse os dados protegidos).
Pergunta: A quebra do sigilo do processo penal que envolva a ação controlada e a infiltração configura crime?
1ª corrente (RSCeRBP): Não, o tipo do art. 20 só alcança a investigação. Assim, a quebra do sigilo do processo penal
pode gerar a incidência no tipo do art. 325 do CP.
2ª corrente (LRP – visão do professor): Interpretação extensiva, haja vista que, no art. 3º, a lei é clara ao preconizar que
todas as técnicas especiais de investigação podem acontecer a qualquer momento da investigação.
Consumação: Com a quebra do sigilo em favor de terceiro (extraneus, fora dos quadros da administração pública, ou
intraneus desautorizado), por ação ou omissão.
Pergunta: O descumprimento de determinação de sigilo das investigações que envolvam a colaboração premiada
configura crime?
R.: Sim. Lembrar que art. 18 difere do 325 do CP.
Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério
Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo.
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Confrontos
• Art. 21 é especial (elementos especializantes) em relação ao art. 330 CP (“Desobedecer a ordem legal de
funcionário público”);
• ≠ do art. 319 CP (para satisfazer interesse ou sentimento pessoal);
• ≠ art. 10 L.7.347/85 (recusa, retardamento ou omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ACP,
quando requisitados exclusivamente pelo MP);
• ≠ art.10, §ún., LC 105/01 (o agente responsável pelo cumprimento da ordem de quebra omite, retarda
injustificadamente ou presta falsamente as informações deferidas pelo Judiciário).
Sujeito ativo
2ª corrente (CMeVM, EAdaS, LFGeMRS): próprio (a pessoa a quem foi dirigida a requisição, e que tenha o poder-dever
de cumpri-la).
Sujeito passivo: Estado. Ao contrário de alguns, entendemos que a autoridade requisitante não é vítima, haja vista que
atua de forma impessoal, em nome do Estado.
Consumação
• Recusar: exteriorização da recusa.
• Omitir: transcorrido o prazo in albis. Por isso, é muito importante que autoridade que requisita estipule um
prazo.
Tentativa
• Recusar: Sim.
• Omitir: Não existe.
Obs.: Infração penal de menor potencial ofensivo que se satisfaz com os institutos despenalizadores (diferente do art.
41 da LMP) e que se processa pelo rito ordinário (art. 22).
Art. 21, parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa (toma posse fisicamente), propala
(= divulga), divulga (difunde para outrem, mesmo que em caráter confidencial) ou faz uso (utiliza) dos dados cadastrais
de que trata esta Lei.
Obs. 1: “de forma indevida” significa que se pressupõe a sigilosidade das informações.
Obs. 2: Ausente a sigilosidade não existe crime.
Pergunta: O consentimento do titular dos dados redunda na atipicidade da conduta ou na exclusão da ilicitude?
R.: Não, pois o bem jurídico tutelado é indisponível, qual seja Administração da justiça.
Sujeito ativo
1ª corrente (CRBePCB): é crime próprio, pois somente autoridades e seus assessores tem possibilidade de fazê-lo.
2ª corrente (CMeVM): é comum, pois terceiros desautorizados podem ter acesso (ex.: serviço de limpeza).
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Consumação: com a simples prática da conduta, afinal, para crimes formais é desnecessário prejuízo a persecutio
criminis ou à intimidade do sujeito.
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