TALHADA – PE
I. DOS FATOS
Ana Maria dos Santos da Silva casou-se com Sérgio Luiz da Silva em 25/05/2005.
Dessa união, nasceram Mariana e Ana Luiza, hoje com 10 e 8 anos, respectivamente.
Adquiriram nesse período uma casa no valor de 300 mil reais, uma sala comercial de
80 mil reais e um carro de 50 mil reais.
Ocorre que a relação entre ambos restou insustentável, a ponto de Sérgio já ter saído
de casa e está se relacionando com outra pessoa. Ademais, desde que saiu de casa,
ou seja, há 6 meses, Sérgio não tem contribuído com o sustento das filhas.
II. DO DIREITO
1.1 AO DIVÓRCIO
Conforme o art. 226 da Constituição Federal no seu § 6 em vigor:
Art. 226 “A família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado.
Dessa forma o Código Civil também reafirma no seu art. 1.571 que;
Art. A sociedade conjugal termina:
IV – Pelo divórcio.
Diante desses dispositivos podemos garantir a Ana Maria o direito de divórcio, sendo
que o Sr. Sérgio Luiz já possui outro relacionamento, ou seja, a união de ambos não
existe mais. Vale ressaltar também a Lei 6.515 de 1977 o seu art. 5 onde ele nos diz:
Art. 5º. A separação judicial pode ser pedida por um só cônjuges
quando
É notório no decorrer dos fatos que o Sr. Sérgio Luiz não se separou de fato de Ana
Maria e começou-se um novo relacionamento com outra pessoa há 6 meses, sendo
assim, causando conduta desonrosa com a parte autora, pois ambos ainda
continuaram casados. A mesma pode pedir essa separação judicial, também o
divórcio, pois já não existe interesse na vida comum, dessa forma não sendo obrigada
a dar continuidade nessa relação, ficando livre dos deveres do matrimonio.
1.2 DA GUARDA
Quanto a guarda dos menores Mariana e Ana Luiza. O artigo 1.583 e o inciso I do
artigo 1.584 do Código Civil prevê a possibilidade da guarda unilateral pela requerente.
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
Essa guarda será atribuída ao genitor que possui melhores condições para resguarda
o filho, inclusive a relação de afeto no grupo familiar, saúde, segurança e educação. A
parte autora atende perfeitamente essas questões, tendo em vista que há 6 meses, já
realiza essa função sozinha pois a parte ré já havia saído da casa onde ambos
moravam, sem prestar suas obrigações em relação ao sustento do lar.
1.3 PENSÃO ALIMENTÍCIA
É necessário extrair da Constituição Federal de 1988 dois artigos importantíssimos em
relação a alimentos dos filhos, que são o artigo 227 e 229 da Lei Maior.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além
de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.
Desta forma a parte ré tem o dever ao sustento das filhas, pois trata de necessidade
vitais de quem não consegue provê-las por si. Como as menores não possuem
qualquer condição de auto sustento e a requerente não consegue suprir o sustento de
forma integral.
Sendo assim, cabe a parte ré pagar, a titulo de pensão alimentícia, o equivalente a
20% (vinte por cento) do seu salário mínimo que equivale a 12.000 (doze mil) reais,
que será descontado e depositado na conta corrente ou poupança de titularidade da
requente.
1.4 DOS BENS
Pelo o fato de Ana Maria e Sérgio Luiz serem casados pelo o regime de comunhão
universal de bens, devemos analisar o artigo 1.667 do Código Civil:
Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a
comunicação de todos os bens presentes e futuros dos
cônjuges e suas dividas passivas, com as exceções do
artigo seguinte.
Imóvel localizado no endereço ..., em Serra Talhada – PE, CEP nº ...; Avaliado na
empresa corretora de imóveis no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Tendo
nesta uma sala comercial também avaliada no valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil
reais).
Um automóvel, cor ..., ano ..., modelo ..., placa ...; Com o valor de R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais)
Diante disso a parte autora tem direito a 50% (cinquenta por cento) do valor do bens
na partilha, na importância de R$ 215.000,00 (duzentos e quinze mil reais)
1.5 DA RETIRADA DO NOME
Tomamos como fundamento a Lei 6.515 de 1997, o seu artigo 17 onde nos diz:
Art. 17. Vencida na ação de separação judicial (art. 5º,
caput), voltará a mulher a usar o nome de solteira.
Desta forma, a requerente pleiteia a mudança de nome para ANA MARIA DOS
SANTOS , retirando do mesmo o sobrenome do seu ex cônjuge.
Com relação a esta inicial trago algumas jurisprudência que tratam do mesmo fato.
Civil - Ação de dívórcio c/c alimentos e partilha-
Sentença que declara o divórcio, mas remete a
partilha de bens para depois em ação própria e
não fala sobre os alimentos nem a guarda do filho-
Decisão citra petita - Acolhimento- Recurso
conhecido. I- Da análise perfunctória da sentença
guerreada, verifica-se que a Magistrada de
primeiro grau deixou de se pronunciar sobre o
pedido de fixação da guarda do filho menor para a
apelante, alimentos (para o filho e para o autor) e o
direito de visita do apelado, súplica esta requerida
expressamente pelo apelante em sua peça de
defesa, bem como repetida em sede de apelação;
II- Forçoso é, pois, concluir que o julgado afigura-
se inquinado do vício do julgamento citra petita,
eis que, refrise-se, a Julgadora não analisou, como
deveria, três dos pontos levantados na
contestação infringindo, com isso, o artigo 93,
inciso IX, da CF, e artigos 128 e 458, inciso II, do
CPC, bem como houveram questões
controvertidas que não foram apreciadas,
circunstância a acarretar a nulidade do decisório,
na esteira da uníssona e abalizada construção
jurisprudencial; III- Ora, a função do magistrado é
compor a lide, tal como foi posta em juízo,
devendo para tanto, não só considerar o pedido
inicial, mas também as matérias deduzidas em
defesa, nos seus exatos termos, sob pena de
negar ao autor ou ao réu, a prestação jurisdicional
almejada; IV- Sobreleva notar que, não se cuida de
exame incompleto ou imperfeito da matéria
agitada, quando, por força do efeito devolutivo da
apelação estaria o Tribunal autorizado a completá-
lo, mas sim de total ausência de apreciação, onde
tal providência implicaria em violação ao princípio
do duplo grau de jurisdição, configurando a
supressão de instância; V- Frente a esse contexto,
forçoso é concluir que a decisão afigura-se
inquinada do vício do julgamento 'citra petita', fato
este que conduz à inexorável nulidade do
julgamento; VI- Recurso conhecido e provido.
(Apelação Cível nº 201200224503 nº único0001025-
48.2011.8.25.0048 - 2ª CÂMARA CÍVEL, Tribunal de
Justiça de Sergipe - Relator (a): Marilza Maynard
Salgado de Carvalho - Julgado em 19/02/2013)
Serra Talhada – PE
14 de novembro de 2019
Nome do advogado
OAB