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LIMA, Mônica. Sobre destruição e reconstrução. Conversa de historiadoras, 21 jun.

2020. Disponível em:


https://conversadehistoriadoras.com/2020/06/21/sobre-destruicao-e-
reconstrucao/. Acesso em: 20 set. 2020.

Juliana Ramos Capossoli, 20 de setembro de 2020.

Natureza do texto: Artigo jornalístico retirado da compilação “Dossiê Estátuas”


encontrado no site https://conversadehistoriadoras.com/ , este que é o blog
de “ Conversa de historiadoras”.

Autoria: Mônica Lima é professora de História da África e também atua no Programa


de Pós-graduação em História Social e no Programa de Pós-graduação em Ensino de
História do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É
coordenadora do Laboratório de Estudos Africanos (LEÁFRICA) da UFRJ. Tem longa
experiência docente, atuando desde 1992 com ensino de história da África, da
diáspora africana e dos africanos no Brasil em cursos de graduação e pós-graduação.
Realizou pesquisas em arquivos e centros de documentação na África, na Europa e no
Brasil. Foi a historiadora responsável pela redação do dossiê de candidatura do Cais
do Valongo a Patrimônio da Humanidade. Escreveu, dentre outros, o livro Heranças
Africanas no Brasil (CEAP,2009).

Interlocução: Nesse texto, há a interlocução com matérias jornalísticas e debates


importantes no que tange à derrubada e intervenção nas estátuas que fazem
homenagem à personagens e supostos heróis vinculados ao passado
escravista e colonialista, além daquelas mobilizadas pelo movimento black
lives matter e seus protestos. A autora traz também o diálogo e discussão do
grupo de representantes do conselho consultivo do Museu de História
Africana e Afro-brasileira e seus projeto voltado para o debate sobre as formas
de representação da história escravista.

Tese Central: O texto que expõe o título “Sobre destruição e reconstrução” seguido
do poema “História” de Ana Cruz, pretende analisar importância de

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ressignificar e reconstruir o patrimônio cultural, ressaltando a valorização da
história e luta da população africana e negra, além de reivindicar espaços
tomados pela distorção de uma realidade cruel que se reverbera até hoje:
assassainato sistemático de pessoas negras e apagamento de seu arcabouço
cultural. A autora traz uma situação atual de 2015 na África do Sul, em que
uma manifestação política de retirada de estátua trouxe a discussão de
respeito ao patrimônio e sobre o ensino de história da África do Sul, e
consequente visão favorável ao colonialismo inglês.

Estrutura do texto:
1. Trecho do poema de Ana Cruz
2. Contexto atual e notícias que se assemelham e reforçam um passado de
extermínio;
3. Significado de um monumento para o entendimento da história e o valor de
um patrimônio.
4. O questionamento quanto a respeito ao patrimônio, caráter equivocado dos
manifestantes e postura mais adequadas frente à manifestação política.
5. Importância do avanço do ensino da história e cultura africana e afro-
brasileira e no reconhecimento de desvalorização de personagens que
protagonizaram opressões ao povo preto.
6. Relevância da opinião e impressões que grupos mais diretamente
envolvidos para efeitos de representação da história da escravidão.
Violência e sofrimento x Criação e resistência.

Trechos relevantes:

1º parágrafo “Pode não parecer, mas eu tenho uma história

Uma casa com alicerces profundos, paredes flexíveis.

No quintal uma mina d’água na sombra de um jequitibá.”

trecho de “História”, poema de Ana Cruz, publicado em SEMOG, Ele(org).


Amor e outras revoluções, Grupo Negrícia. Rio de Janeiro: Pallas, 2019

2º parágrafo “a articulação que esses movimentos recentes trazem com a campanha


internacional #vidasnegrasimportam os tornaram não apenas oportunos como

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situados ao lado da justiça e da defesa de causas fundamentais para o momento
em que estamos.”
4º parágrafo A história ocorrida na África do Sul nos permite pensar um pouco mais sobre o
quanto ainda temos que avançar, no Brasil, no ensino da história e cultura
africana e afro-brasileira e no conhecimento e reconhecimento de espaços e
monumentos que nos remetem a nossa ancestralidade, a nossa luta, e aos
personagens que as protagonizaram. Os monumentos que homenageiam os que
se dedicaram a oprimir, a destruir e desvalorizar nosso passado presente negro
africano podem e devem ser deslocados ou ressignificados, quando sua
presença nos causar dor e ofender nossa autoestima.
6ºparágrafo Como romper com os estereótipos sustentados por imagens e textos que
historicamente subalternizavam os escravizados? Como trazer questões
contemporâneas, urgentes, como o debate sobre reparação e associá-lo a essa
história, sem reduzir toda a explicação da força do racismo na nossa sociedade à
escravidão? Como exibir, apresentar visualmente e materialmente esse passado
presente – trago o termo remetendo conscientemente ao projeto que o
consagrou – de forma a valorizar nossa história e a luta da população africana e
negra? Certamente, não tenho respostas imediatas, mas a certeza que ampliar
essa discussão e ouvir – e considerar – as pessoas e comunidades mais
diretamente envolvidas nos efeitos desse passado sensível é a melhor maneira
de dar conta dessas questões.
7º parágrafo Valorizar essa história, com seus alicerces profundos e paredes flexíveis (como
lembra o lindo poema de Ana Cruz, que recomendam que leiam todo), terá o
poder de reconstruir e ressignificar o nosso patrimônio, nas nossas cidades e no
nosso país

Importância para o Núcleo de Memória: 1. O texto traz uma discussão importante


no sentido de problematização de homenagem à personagens que
protagonizaram um passado escravista, que ainda ocupam espaços públicos e
integram o patrimônio cultural, trazendo desconforto e potencial ofensivo à
história de resistência da população negra. 2. A referência temporal do
passado de dor, presente de luta e do futuro que buscamos e queremos
influem na ressignificação de nosso patrimônio e reflexão de memória.

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