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Discplina: Administração da Produção e Operações

Aula 9: Sistemas de planejamento e controle da produção

Apresentação
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: Conhecer a Introdução aos Sistemas
de Planejamento e Controle da Produção; compreender as Funções do PCP;
compreender as Funções de Suporte; conhecer as Interfaces do PCP.

Objetivos
Conceitos e Função dos Estoques;
Classificação dos Estoques;
Classificação ABC dos Materiais.
Conceitos e Funções de Estoques
Os estoques merecem uma atenção muito especial no nosso estudo da APO,
pois devemos ter um tremendo cuidado, já que ele pode representar o
sucesso ou o fracasso em alguns negócios. Em toda a atividade produtiva, a
grande questão é produzir ou comprar. Após esta decisão, caso a opção seja
produzir, o outro grande questionamento será quanto temos de estoques.
Repare que estamos nos referindo neste caso ao estoque do produto pronto,
já produzido e neste quesito é a demanda que irá determinar esta quantidade.

Quando falamos em estoques durante a produção ou para se produzir, como


vimos na aula anterior, o PCP irá nos auxiliar. É neste sentido que fica fácil de
entender a importância do estoque, pois ele se torna uma parte vital do
negócio, onde teremos como estratégia o seu controle, quando conhecemos
realmente os nossos processos, fica mais fácil este gerenciamento e controle,
sendo o oposto também verdadeiro.

Os estoques possuem basicamente seis diferentes funções, a saber:

01
Ter em seu estoque quantidade suficiente para atender uma demanda por
partes dos clientes (externos e internos), mesmo que esta demanda seja
antecipada.

02
Dependendo do modelo de demanda existente no negócio, poder trabalhar o
estoque para o que é conhecido como “desvincular a produção dos
fornecedores”, ou seja, fazer com que a produção não fique escrava de seus
fornecedores em algumas etapas de produção, mesmo com uma demanda
sazonal.
03
Trabalhar os estoques para se tirar proveito na hora da compra, empregando
a economia de escala.

04
Poder ter uma margem para se resguardar em casos de inflação ou até
mesmo de aumentos de preços.

05
Possuir uma quantidade mínima necessária para atender à demanda mesmo
em casos que ocorrerem problemas, sejam estes: Problemas climáticos,
greves, falta de qualidade, falta de material, entre outros. O que é conhecido
como “estoque de segurança”.

06
Fornecer condições para que as operações de produção continuem suas
rotinas operacionais sem interrupções por falta de algum componente, ou
subproduto.

Classificação dos Estoques


Todo estoque é basicamente encontrado e classificado em tipos ou famílias, a
saber:
Estoque de matéria-prima

Todo material que não é processado, apenas comprado na sua forma


natural, temos que ter cuidado em especial com a sua qualidade,
quantidade e prazo de entrega.

Estoque de produto em processo ou material


semiacabado (MSA)

São componentes que já sofreram algum tipo de processo mas não estão
prontos, se encontram no meio da fase processo ou produção.

Estoque de suprimentos de
manutenção/reparo/operacional (MRO)

São estoques destinados a suprimentos para a manutenção, para reparo


ou até mesmo operacional, mas não é diretamente um item do produto
em produção, e sim das máquinas ou do processo para que seja possível
realizar esta produção.

Estoques de produtos acabados

São estoques dos produtos já finalizados e prontos, aguardando a


expedição e entrega.

Em relação aos estoques, temos ainda alguns detalhes muito importantes dos
quais precisamos dar e ter toda a atenção possível, pois irão influenciar nos
custos. Por esta razão, devemos acompanhar de perto e dentro do possível
trabalhar neles para buscar uma maior eficiência.

São os chamados custo de estoques, e como veremos a seguir, alguns deles


ficam “escondidos” de uma visão geral e algumas empresas são em alguns
casos surpreendidas por sua existência. Infelizmente, em algumas delas, isto
pode ser um erro fatal.
Custo do item

Está é a mais fácil de entender e acompanhar, pois é o custo do próprio


item.

Custo financeiro

Todo o valor gasto que estocado é um valor monetário que a empresa


deixa de ter em sua conta bancária, que poderia estar investido e
rendendo lucros ou disponível para novos empreendimentos.

Custo de armazenagem

Custos com mão de obra, com aluguel, contas de água, luz, e demais
custos ligados à existência do estoque propriamente dito.

Custo de segurança

Todo estoque ou deveria possuir um sistema de segurança patrimonial


(físico) e também financeiro (seguro).

Custo de manutenção

Alguns produtos ou itens, para que se mantenham íntegros e em


perfeitas condições de uso, se faz necessário realizar manutenção
mesmo com este item em estoque e sem utilização, tais como
lubrificação, funcionamento de rolamentos ( para que não fiquem
presos), regulagem de motores, e vários outros.

Custo de inspeção
Em certos casos, são necessárias inspeções regulares para uma completa
avaliação do estado real do item estocado, em alguns produtos antes ou
depois de uma manutenção.

Custo de validade

Alguns itens ou produtos possuem prazos de validades e, em alguns


casos, até mesmo são produtos perecíveis, exemplo comum em itens
alimentícios, farmacêuticos, entre outros vários exemplos.

Custo de obsolescência

Alguns itens ou produtos, por ficarem muito tempo em estoques, ou em


alguns casos, em razão da alta velocidade tecnológica, produtos novos já
são ultrapassados por novos modelos, em alguns casos pelo próprio
fabricante ao lançar um novo produto com variações ou modificações.

Custo de perda por avaria

Alguns itens ou produtos são avariados durante o período de


permanência no estoque, seja no momento do transporte ou no próprio
local estocado.

Custo de perda por roubo ou desvio – Nos estoques, é comum ocorrerem


desvios ou roubos, principalmente em itens pequenos e fáceis de esconder ou
transportar.
Custo do tempo de preparação – Alguns estoques, em função do tamanho
ou da forma de utilização, gasta tempo e recursos em reagrupações, ou
deslocamentos dentro do estoque, até mesmo preparo dos itens para serem
estocados.
Custo de registros não precisos – Este é um exemplo que traz uma dupla
preocupação e um gasto financeiro também dobrado. É quando o registro do
item ou produto ocorre de maneira errada ou não precisa e, em razão disto,
quando se consulta o estoque não identifica este item ou produto, e aqui é o
problema duplo. O item existe, já foi pago e não é encontrado, será
necessário uma nova compra e o item ficará perdido no estoque.
Custo de contagem periódica – Mesmo a empresa que possui um
tremendo controle nos seus registros e manipulação de estoques, deve
realizar uma contagem ou checagem do seu estoque.
Custo de falta de espaço – A falta de espaço físico se não for bem
calculada e ocorrer de forma repentina pode trazer problemas graves de
custo e operacionais, sem contar é claro na necessidade de alugar um novo
espaço.
Custo de compras urgentes – Sem um controle efetivo no estoque, pode
ocorrer a necessidade de compras urgentes para cobrir a necessidade
operacional, certamente estas compras terão um preço maior e serão
realizadas de forma a atender a urgência, sem levar em conta melhores
preços, condições, etc.
Custo de falta de estoque – Se tivermos na fase de operação, este custo
deve ser calculado levando-se em conta o tempo que a produção fica parada
aguardando o item chegar para continuar a sua produção, em alguns casos o
prazo final fica comprometido. Se tivermos na fase do produto já pronto, a
falta de estoque pode significar perder o cliente e, em alguns casos, esta
perda pode ser definitiva.

Classificação ABC dos Materiais


Diversos estudos foram realizados em função destes custos gerados pelos
estoques, o mais empregado para que seja possível um controle mais
eficiente é utilizar a lei de Pareto, o conhecido economista italiano que, no
século dezenove, desenvolveu os estudos e criou o conceito também
conhecido como princípio 80-20.

A ideia principal do estudo é que 80% das consequências são em razão de


20% as causas quando este estudo foi abordado percebeu-se que esta
proporção ocorre em vários segmentos e funções.

Temos alguns exemplos:

É estimado que 80% do Em vendas comissionadas,


faturamento de uma 20% dos vendedores irão
empresa provém de 20% receber 80% das
de suas atividades. comissões.
Mais de 80% das grandes
Em torno de 80% dos livros
descobertas cientificas
mais vendidos são de 20%
foram realizadas por 20%
dos escritores e autores.
dos cientistas.

É claro que os números não são sempre de forma exata na proporção 80-20,
como também não se aplica a tudo de forma genérica. Porém, neste estudo,
quando aplicados aos estoques, se descobriu uma relação muito forte entre
produtos, mesmo quando temos uma aplicação sendo realista com diferentes
aplicações.

Estas classificações nos ajudam no gerenciamento do estoque, pois nos dão a


separação por itens ou gêneros, podendo ser divididos conforme o interesse
de sua utilização:

Pelo valor do item.


Pelo peso.

Pelo custo operacional.

Desta forma, teremos maiores informações e, consequentemente, um maior


controle em função desta classificação. Deste estudo nasceu a conhecida
curva ABC, que aplicada a Lei de Pareto, deixou clara a identificação de três
categorias, sendo de acordo a escolha em função da utilização, separados e
identificados.
Cerca de 20% dos itens correspondem a aproximadamente 80% da
utilização em importância;

Cerca de 30% dos itens correspondem a aproximadamente 15% da


utilização em importância;

Cerca de 50% dos itens correspondem a aproximadamente 5% da


utilização em importância;

Graficamente teremos então a chamada Curva ABC.

Na APO, o nosso trabalho dentro da empresa para podermos gerar uma curva
ABC deve seguir algumas etapas, a saber:

Primeiramente determinar e/ou escolher qual será o critério que


utilizaremos nesta etapa, se o valor, ou peso, ou custo operacional ou
outro;
Uma vez escolhido o critério, devemos então listar os itens de estoque;
Devemos agora classificá-los seguindo o critério estabelecido,
identificando os itens por grupos A, B e C;

Agora temos os itens identificados e classificados, o que nos possibilitará um


melhor gerenciamento e controle do nosso estoque. Tornando a nossa
atividade gerencial mais fácil e, o mais importante, mais eficiente.

Temos agora como ponto importante no nosso estoque o chamado tempo de


ressuprimento, ou seja, o tempo necessário para que façamos uma nova
compra para ressuprir o item ou produto no nosso estoque.

Temos aqui duas filosofias, ambas amplamente utilizadas, mas com diferenças
significativas no sentido da sua aplicação e com vantagens e desvantagens em
cada uma delas. O que é claro irá determinar qual filosofia deverá ser
empregada em cada processo.
1. A chamada compra direta ou total – É quando
compramos todos os itens necessários para uma
produção de uma só vez.

Vantagens: Desvantagens:

Certeza de ter todos os itens para


a produção; É necessário um espaço físico
Garantia de manter o preço maior;
inicial; É realizado um desembolso
Evita problemas no financeiro maior.
ressuprimento.

2. A chamada compra por reposição ou por lote


econômico – É quando compramos os itens necessários
para uma produção em momentos separados, quando
forem de fato necessário

Vantagens: Desvantagens:

Não ter certeza de ter todos os


É necessário um espaço físico itens para a produção;
menor; Possibilita problemas no
É realizado um desembolso ressuprimento;
financeiro menor, em períodos Não tem descontos maiores na
maiores. compra, pois as quantidades são
menores.

Neste segundo modelo, serão utilizados alguns


termos que nos auxiliarão nesta tarefa de
quando comprar?

Tempo de ressuprimento ou lead time, tempo que será considerado


TR
desde a compra até a chegada do item ou produto no almoxarifado.
ES Estoque de segurança, quantidade mínima que deve ser mantida em
estoque de forma que a produção não pare, é na verdade uma reserva
que deve ser calculada em função de importância do item para a
produção.
C Consumo, quantidade que deverá ser comprada.
Quantidade de ressuprimento ou reposição, quantidade a ser adquirida
QR
para completar o nível necessário.
Ponto de ressuprimento ou reposição, ponto em relação ao tempo que,
PR ao ser atingido pela quantidade em estoque, deve ser realizado o novo
pedido de compra.
Ruptura de estoque ou Stock out, situação aonde o nível de estoque
RE
chega ao zero.
Nível de operação, quantidade disponível para atender a demanda, a
NO
quantidade máxima em cada ressuprimento.
Estoque médio, quantidade equivalente às movimentações, dentro de um
EM
período de observação.

Com a utilização deste gráfico temos então


todos os parâmetros para determinar quanto
pedir e quando pedir, pois agora estes valores
foram identificados, classificados, quantificados
e calculados.

Temos ainda que ter um cuidado especial em relação a estes ressuprimento,


pois conforme as figuras seguintes, temos algumas particularidades em cada
caso.
Notas
Referências

PENDENTE

Próximos Passos

Na próxima aula, abordaremos os seguintes assuntos: sistemas de Produção,


JIT, KanBan e Produção Enxuta.

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