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Mecânica dos Fluidos - Professor Eduardo Loureiro

Trabalho, Potência e Energia

 Quando a matéria tem energia, ela pode ser usada para realizar trabalho. Um fluido pode ter
várias formas de energia. Por exemplo: em um jato - energia cinética, em uma represa - energia
potencial, vapor aquecido – energia térmica. Trabalho é força atuando ao longo de uma
distância, quando a força é paralela à direção do movimento.

Trabalho = força x distância

 Trabalho é realizado quando o dedo pressiona a alavanca e esta se move.


 Trabalho é realizado quando o pistão exerce uma força de pressão no líquido ao longo de uma
distância.
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Trabalho, Potência e Energia

 Outro exemplo de execução de trabalho: O vento exerce uma força nas pás, esta força produz
um torque e o trabalho é dado por:

Trabalho = Torque x velocidade angular


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Trabalho, Potência e Energia

 Uma turbina é uma máquina usada para extrair energia de um fluido em movimento:
 Além da máquina do slide anterior temos outros tipos de turbina:

Turbinas Kaplan

Usada para baixas alturas de carga e altas vazões de água. A água entra radialmente no compartimento do rotor por todos
os lados, mudando a direção para o fluxo axial. Isto causa uma força de reação que movimenta a turbina.
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Trabalho, Potência e Energia

Turbina Francis

É usada para baixas e médias alturas de carga. Consiste de um anel externo com pás estacionárias fixas e um anel
interno com as pás que giram formando o rotor. As pás fixas controlam o fluxo de água para o rotor. A água escoa
radialmente para dentro da turbina e muda de direção enquanto passa pelo rotor. Quando passa pelas pás do rotor a
água perde pressão e velocidade . Isto causa uma força de reação que gira a turbina.
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Trabalho, Potência e Energia

Turbinas Pelton

As rodas Pelton são as preferidas quando a fonte de água tem grande altura de carga e baixa vazão. Consta de um ou
mais jatos descarregando dentro de pequenas bacias colocadas no perímetro do rotor. Usam a velocidade da água e
por este motivo são chamadas de turbinas de impulso. As turbinas Kaplan e Francis são turbinas de reação.
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Trabalho, Potência e Energia

Por outro lado, uma bomba é um dispositivo que fornece energia ao escoamento.

Bomba de diafragma:

Ar é direcionado para a parte inferior do cilindro, levantando o pistão


e junto o diafragma. Quando o diafragma sobe, a válvula de retenção
no lado da entrada é aberta e o líquido flui para o interior da bomba.
Quando o pistão chega ao topo a cavidade da bomba é preenchida e a
bomba está pronta para a descarga.

Ar comprimido é então forçado para a parte superior da câmara do


diafragma., empurrando o diafragma para baixo e evacuando a cavidade
da bomba. Durante este movimento a válvula de retenção do lado da
saída é aberta e a bomba está pronta para outro ciclo.
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Trabalho, Potência e Energia

Por outro lado, uma bomba é um dispositivo que fornece energia ao escoamento.

Bomba centrífuga
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Trabalho, Potência e Energia

Por outro lado, uma bomba é um dispositivo que fornece energia ao escoamento.

Bomba de engrenagens
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Trabalho, Potência e Energia

Trabalho e energia têm as mesmas dimensões primárias, e mesmas unidades.


Potência, que expressa uma taxa de trabalho ou energia, é definida por:

trabalho W
P  lim  W
tempo t 0 t

Se considerarmos a quantidade de trabalho obtida pelo produto da força pelo deslocamento, temos:

trabalho Fx
P  lim  FV
tempo t 0 t

Onde V é a velocidade do corpo em movimento.


Quando um eixo gira, a quantidade de trabalho é obtida pelo produto do torque pelo deslocamento angular:

trabalho T
P  lim  Tw
tempo t 0 t

Onde w é a velocidade angular.

Uma lâmpada de 60W utiliza 60 J/s de energia elétrica.


Um atleta bem condicionado pode manter uma potência de cerca de 300W = 0,4 hp por uma hora.
Um fusca 1970 tem um motor que alcança 50 hp.
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Equação da Energia

A equação da Energia para um sistema é:

dE
Q  W 
dt

Também conhecida por Primeira Lei da Termodinâmica ou Lei da Conservação de Energia. E diz o seguinte:

Taxa líquida de Taxa líquida em que Taxa de variação


energia térmica o sistema executa da energia interna
que entra no trabalho na do sistema
sistema vizinhança

A energia térmica é positiva quando é adicionada ao sistema (Calor que entra no sistema) e é negativa quando é
removida do sistema (Calor que sai do sistema). Já o trabalho é positivo quando é executado pelo sistema na
vizinhança e negativo quando trabalho é feito sobre o sistema.
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Equação da Energia dN   
 d  V  dA
dt sistema t VC SC

Para aplicar a equação da conservação de energia a um Volume de Controle, utilizamos o Teorema do Transporte de
Reynolds. Considerando a propriedade extensiva N como sendo a Energia (N = E) e a propriedade intensiva
 = E/m = e, obtemos:

d  
 
Q W   ed  SC eV  dA
dt VC

e = (energia cinética + energia potencial + energia interna) / (por unidade de massa).

V2
e  ec  e p  u   gz  u
2

d V 2  V 2   
 
Q W    2  gz  u d  SC  2  gz  u V  dA
dt VC
(1)
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Equação da Energia

Guardaremos a equação anterior ( I ) e faremos agora algumas considerações sobre trabalho.

TRABALHO DE EIXO E TRABALHO DE ESCOAMENTO:

O trabalho é classificado nestas duas categorias. Como sabemos, trabalho envolve força atuando ao longo de uma
distância. Quando esta força está associada a distribuição de pressão então trata-se de trabalho de escoamento. Por
outro lado, trabalho de eixo é qualquer trabalho que não está associado a distribuição de pressão. Este segundo tipo
é normalmente realizado por (ou sobre) um eixo e é comumente associado a uma bomba ou turbina. Segundo a
convenção de sinais, trabalho da bomba é negativo e trabalho da turbina é positivo, então:

Weixo  Wturbina  Wbomba  Wt  Wb


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Equação da Energia

TRABALHO DE EIXO E TRABALHO DE ESCOAMENTO:

Devemos ter sempre em mente que trabalho é força vezes distância. Na figura abaixo, na seção 2, o fluido que está
dentro do Volume de Controle irá empurrar o fluido que se encontra fora do VC, na direção do escoamento. A
magnitude da força é P2A2. Durante um intervalo de tempo t, o deslocamento do fluido na seção 2 será:
x2 =V2t. Então, o trabalho realizado será:

W2  F2 x2   P2 A2 V2 t 

W2 P  P 
W2  lim  P2 A2V2   2 A2V2   m  2 
t 0 t
 

Este trabalho, na seção 2, é positivo porque o fluido dentro do VC está realizando trabalho na vizinhança. Da mesma
forma, na seção 1:

P 
W1  m  1 

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Equação da Energia

TRABALHO DE EIXO E TRABALHO DE ESCOAMENTO:

O trabalho de escoamento líquido para a situação da figura é dado por:

P  P 
Wescoamento  W2  W1  m  2   m  1 
 

Generalizando para uma superfície de controle qualquer:

P  
Wescoamento    V  dA
SC

E, finalmente:

  P   
W  Wescoamento  Weixo      V  dA   Weixo
 SC   
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Equação da Energia

Recuperando a equação ( I ):

d V 2  V 2   
Q  W    2
dt VC
  gz  u 


d   
 2
SC
 gz  u  V  dA

  P   
W  Wescoamento  Weixo      V  dA   Weixo
 SC   

P   d V 2  V 2   
Q  Weixo  
SC
V  dA    2
dt VC
  gz  u 


d   2

SC
 gz  u  V  dA

d V 2  V 2 P  
 
Q  Weixo    2
dt VC
  gz  u 


d   
 2
SC
 gz  u 

 V  dA

Sabendo que (u + p/) corresponde à propriedade do fluido denominada entalpia específica (h), chegamos à forma
integral da equação da conservação de energia, aplicada a um volume de controle.

d V 2  V 2   
 
Q  Weixo    2
dt VC
  gz  u 


d   
 2
SC
 gz  h  V  dA

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Equação da Energia (Escoamento em tubos)


Partindo da forma integral da equação da conservação de energia, considerando:
a) Escoamento permanente;
b) Tubulação com uma entrada e uma saída;
c) Fluido incompressível.

d V 2  V 2 P  
Q  Weixo    2
dt VC
  gz  u 


d   
 2
SC
 gz  u 

 V  dA

V 2 V 2  P P 
Q  WT  W B   m  2  1   m g z2  z1   m u2  u1   m  2  1 
 2 2   

(dividindo por m g )
 P1 V 2
 P V 
2
m u2  u1   Q
   z1    2 
1
 z2   hB  hT 
2

  2g    2g  m g

 P1 V12  P V2 
   z1    2  2  z2   hB  hT  hL
  2g    2g 

Os fatores que envolvem energia térmica são agrupados em um termo que representa as perdas por atrito. hL.

O trabalho de eixo, proporcionado por bomba e turbina contribuem para o fornecimento para as alturas de carga, hT
e hB. No caso da figura, hT = 0, pois não há turbina.
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Equação da Energia (Escoamento em tubos)

 P1 V12   P2 V22 
   z1      z2   hB  hT  hL
  2g    2g 

Os termos desta equação representam uma Altura de carga (head), têm dimensão primária de comprimento, e
representam um conceito de energia.

Altura de carga = (Energia ou trabalho) / (mg)


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Equação da Energia (Escoamento em tubos)

 P1 V12   P2 V22 
   z1      z2   hB  hT  hL
  2g    2g 

Diferença de energia Altura de carga Altura de carga Perdas de carga


mecânica entre as fornecida por extraída por devido aos efeitos
seções 1 e 2 bombas turbinas viscosos
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Equação da Energia (Escoamento em tubos)

São introduzidas duas constantes 1 e 2 na equação da energia. São os fatores de correção da energia cinética.

 P1 V12   P2 V22 
  1  z1      2  z2   hB  hT  hL
 2g   2g 

Na figura abaixo, energia cinética é transportada através da SC nas seções 1 e 2. Para chegarmos a uma equação
para esta energia cinética, comecemos pela vazão em massa:

m  VA   VdA
A

Para converter esta integral em taxa de energia cinética multipliquemos por (V2/2).

V 2  V 3dA
Ec   V  dA  

A  2  A
2

O fator de correção da energia cinética é dado por:


V 3 dA
(Energia cinética real) / (unidade de tempo) 
 2
A
= V 3 A
(Energia cinética) / (tempo) {considerando uma distribuição uniforme de velocidades} 2
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Equação da Energia (Escoamento em tubos)

 P1 V12   P2 V22 
  1  z1      2  z2   hB  hT  hL
 2g   2g 

V 3 dA

3
Se a densidade do fluido for constante: 1 V 

A 2      dA
V 3 A A AV 
2

Quando o perfil de velocidades é uniformemente distribuído,  = 1.


Quando o escoamento é laminar, o perfil de velocidades é parabólico e  = 2.
Quando o escoamento é turbulento o perfil de velocidades é achatado e
  1 (na prática  =1).
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Equação da Energia (Escoamento em tubos)


RELEMBRANDO O CÁLCULO DA MÉDIA DE UMA FUNÇÃO
CONTÍNUA:

Dividimos o intervalo [a,b] em n subintervalos de


igual amplitude Δ:
ba

n

Para cada um destes subintervalos tomamos o


valor da função (X1, X2,...Xn) em seus pontos
médios (t1, t2...tn).

A área de cada coluna de altura Xj é (Xj x Δ). E a


soma de todas as áreas dá um valor aproximado
da área abaixo da curva:
Então, a velocidade média em uma seção de área A é
n
dada por:
   X j   X t dt
b

a
j 1 1
A A
V  VdA

ba n
  X j   X t dt
b

n j 1 a

1 n
X t dt
1 b
 X j 
n j 1 b  a a

Média das n observações.


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Equação da Energia (Escoamento em tubos)


CÁLCULO DO COEFICIENTE DE CORREÇÃO DA ENERGIA
CINÉTICA PARA ESCOAMENTO LAMINAR:

A distribuição de velocidades para escoamento laminar em um tubo


circular é dada por:

 r2 
V  VMAX 1  2 
 r0 

Velocidade média:

V 
1

A A
VdA  1  r0
r02  0
 VMAX
 r2 
 1 
 r2   2rdr


 0  
2VMAX  r0  r 2   2VMAX  r0  r3  
r02  0  r02   r02  0 
V   1  rdr     r  2 dr 
r0  

2V  r 2 r 4  r0  2V  r02 r02  VMAX


V  MAX   2    MAX   
r02  2 4r0  0  r02 2 4 2
 

Ou seja, para escoamento laminar em um tubo circular a velocidade


média é a metade da velocidade na linha central (máxima).
3
1 V 
     dA
A AV 
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CÁLCULO DO COEFICIENTE DE CORREÇÃO DA ENERGIA
CINÉTICA PARA ESCOAMENTO LAMINAR:

A distribuição de velocidades para escoamento laminar em um tubo


circular é dada por:

 r2 
V  VMAX 1  2 
 r0 

Cálculo do fator de correção:


1  V  
3

      dA  2 3   V 3 2rdr 
1 r0

0 
A  A  V   r0 V 
1  r0   r 2 
3

2   0 
  
 MAX 
V 1    2rdr 
r02 VMAX 3
 r02  
 
16  r0  r 2  
3

  2   1  2  rdr 
r0  0  r0  

 r2   2r
Para resolver a integral, adota-se a troca de variáveis: u  1  2  du  dr
r02
(e também dos limites de integração: u = 1 p/ r = 0  r0 
e u = 0 p/ r = r0)
 16  r02  0 3   1 3 
   2     u du   8  u du  1 V 
3

 r0  2  1   0       dA
A AV 
 u4 1
 1
  8   8   2
 4  4
 0
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Potência
 P1 V12   P2 V22 
  1  z1      2  z2   hB  hT  hL
 2g   2g 

A altura de carga da bomba (e da turbina) na equação da energia é definida como sendo a razão entre a taxa de
trabalho sendo realizada e a vazão em massa multiplicada por g:

W B WT
hB  hT 
m g m g

Então:

 ghB  VAhB  QhB


W B  m  ghT  VAhT  QhT
WT  m

Bombas (ou turbinas) não transmitem (ou absorvem) toda energia ao (do) escoamento devido a atrito mecânico,
dissipação viscosa e vazamentos. Estas perdas são contabilizadas no cálculo da eficiência, η, que é definida pela razão
entre a potência de saída do dispositivo e a potência que lhe foi fornecida:

Psaida W B
B  
Pentrada Wentrada

Onde o termo no numerador corresponde à potencia fornecida pela bomba ao escoamento, e o termo no
denominador é a potência que foi fornecida à bomba (normalmente por meio de um eixo ligado a um motor).
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Potência
EXEMPLO:
Um tubo de diâmetro constante de 50 cm transporta água (10º C) a uma vazão de 0,5 m3/s. Uma bomba é usada
para elevar a água de uma posição de 30m para 40m. A pressão na seção 1 é 70 kPa manométrica e a pressão na
seção 2 é de 350 kPa também manométrica. Que potência deve ser fornecida ao escoamento pela bomba? Assuma
que hL = 3 m de água e que α1 = α2 = 1.

 P1 V2  P V2 
  1 1  z1    2   2 2  z2   hB  hT  hL
 2g   2g 
V1 = V2
hT = 0 (não há turbina no sistema)

P P 
hB   2 1   z 2  z1   hL
  
 350000  70000 
hB     40  30  3  41,5m
 9810 

A altura de carga fornecida pela bomba compensa o aumento da carga de pressão, o aumento na elevação e as
perdas na tubulação.

 ghB  VAhB  QhB


W B  m

W B  QhB  9810  0,5  41,5  204kW


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Potência
EXEMPLO:
Na taxa máxima de geração de eletricidade, uma pequena central hidrelétrica apresenta uma vazão de 14,1 m3/s.,
para uma diferença de cota de 61 m. A perda de carga através da entrada, tubulação e saída totaliza 1,5 m. A
eficiência combinada da turbina e do gerador é de 87%. Qual é a potência elétrica que está sendo gerada?

 P1 V2  P V2 
  1 1  z1    2   2 2  z2   hB  hT  hL
 2g   2g 

V1 = V2 = 0
P1 = P2 = 0
hB = 0 (não há bomba no sistema)

hT  z1  hL
hT  61  1,5  59,5m

A altura de carga fornecida à turbina é igual à diferença de elevação da barragem menos a altura correspondente às
perdas viscosas.

Potência fornecida à turbina (Potência de entrada):

N  m3 
Pentrada  QhT  9810 3  14,1   59,5m  8,23MW
m   s 
Potência elétrica gerada:

Psaída  Pentrada  0,87  8,23  7,16MW

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