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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – PIBID/Filosofia

A arte de argumentar

Um argumento é a justificação de uma idéia, opinião, concepção, tese.


Argumentar é dar razões para se pensar algo ou agir de um determinado
modo.

Todo argumento tem a mesma estrutura básica:

1. Aquilo que se quer justificar: tese (ou conclusão).


2. Aquilo que justifica a tese: razões (ou premissas).
Um argumento tem sempre apenas uma tese, mas pode ter uma ou
mais razões.
Exemplo:
"Quem joga na loteria é uma pessoa que se ilude facilmente, porque ela se
deixa levar pela promessa de ganhar muito dinheiro e se esquece do óbvio: a
possibilidade de ganhar na loteria é mínima".

Razão: "Porque ela se deixa levar pela promessa de ganhar muito


dinheiro e se esquece do óbvio: a possibilidade de ganhar na loteria é mínima."
Tese: "Quem joga na loteria é uma pessoa que se ilude facilmente."

Como se pode notar, a razão justifica a idéia geral do parágrafo, que


está expressa na tese.
Quando formalizamos um argumento, sempre escrevemos primeiro a(s)
razões(s) e depois a tese, mas é claro que no texto que lemos ou escrevemos
nem sempre é essa ordem que ocorre, como podemos ver no exemplo mais
acima, onde a conclusão precede a premissa. Eventualmente, a conclusão
encontra-se entre as premissas:
"As espécies dependem umas das outras para sobreviverem, é por isso que
precisamos preservar as outras espécies, até porque não teríamos comida
caso as outras espécies desaparecessem".

Razão 1: "As espécies dependem uma das outras para sobreviverem."


Razão 2: "até porque não teríamos comida caso as outras espécies
desaparecessem."
Tese: "é por isso que precisamos preservar as outras espécies."

Você deve ter notado que as razões e as teses desses exemplos são
iniciadas por conjunções: porque e por isso. Na verdade, quando
argumentamos, é freqüente o uso de palavras e expressões de ligação entre
orações de dois tipos: aquelas que ocorrem nas razões e aquelas que ocorrem
na tese.
Algumas expressões que indicam razão: porque, visto que, desde
que, como, dado que, uma vez que, tanto mais que, pela razão de que.
Algumas expressões que indicam tese: por isso, portanto, logo, assim,
conseqüentemente, segue-se que, podemos inferir, conclui-se, por
conseguinte, então.
Cabe ressaltar, contudo, que algumas vezes os indicadores de razões e
teses podem ser suprimidos pelo autor do texto. Podemos reescrever o
argumento acima do seguinte modo:
"As espécies dependem umas das outras para sobreviverem e não teríamos
comida caso as outras espécies desaparecessem: precisamos preservar as
outras espécies".
Portanto é preciso levar em conta o sentido do texto para descobrir se
nele existe um argumento e, em caso afirmativo, como deve interpretado.
Exercício

Formalize os argumentos, indicando as razões e a tese dos seguintes


textos:

1) Os compositores de música erudita contemporânea são verdadeiros


rebeldes, pois o público que os aprecia é muito pequeno, e porque, quando
compõem, não se preocupam com o caráter comercial de suas obras.

2) Muitas vezes um prazer imediato pode causar um dano em longo prazo.


Fazer o bem a uma pessoa não é o mesmo que fazer tudo o que agrada a
esta. Um pai que realmente deseja fazer o bem a seu filho não vai permitir que
falte às aulas na escola para ficar jogando no computador.

3) A era do cinema com conteúdo mais profundo acabou em Hollywood. Agora,


todos os filmes são feitos para agradar ao público adolescente, que cada vez
mais está se tornando infantil. Ao mesmo tempo, os produtores estão
interessados em conquistar o mercado internacional de cinema, e diminuem os
diálogos, aumentando as perseguições e as lutas.

4)Algumas vezes, quando dizemos que uma pessoa “tem o direito de fazer X”,
queremos dizer que ela não age mal ao fazê-lo. Freqüentemente, porém, nossa
afirmação de que alguém “tem o direito de fazer X” não tem qualquer
implicação sobre a moralidade do ato, significando apenas que os outros não
têm o direito de interferir na execução deste ato. Assim, pode-se afirmar
consistentemente que uma mulher tem o direito moral ou legal de fazer um
aborto e, ao mesmo tempo, afirmar que ela não está agindo corretamente ao
exercer o seu direito (Princípios de ética biomédica, Tom Beachamp &
James Childress, p. 92).

5) Não creio ser possível que exista vida apenas na Terra. Os elementos
químicos que compõem a vida na Terra também existem em outras regiões do
universo. Além do mais, já foram descobertos planetas orbitando outras
estrelas, o que também é uma condição para a existência da vida.

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