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5. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL.................................................................................................................. 75
5.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 76
5.2. CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO X CONTRATO DE AGÊNCIA (ART. 710 DO CC) ............................. 76
5.3. EXCLUSIVIDADE NA REPRESENTAÇÃO COMERCIAL ......................................................................... 76
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5.3.1. Exclusividade de zona geográfica (art. 31 da Lei) ..................................................................... 77
5.3.2. Exclusividade de representação (art. 31, parágrafo único) ...................................................... 77
5.4. RESCISÃO DO CONTRATO ................................................................................................................. 77
5.4.1. Contrato com prazo DETERMINADO ........................................................................................ 78
1.1.1.
1.1.2. Efeitos da sentença declaratória de falência quanto aos CONTRATOS (art. 117) .................... 97
1.1.3. Efeitos da sentença declaratória de falência quanto aos ATOS (ineficácia objetiva e ineficácia
subjetiva dos atos - art. 129 e art. 130) ................................................................................................... 98
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TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
1) Letra de câmbio e nota promissória Dec. 57.663/66 (Lei Uniforme de Genebra - LUG).
2) Duplicata Lei 5.474/68.
3) Cheque Lei 7.357/85.
E o CC/2002 não é aplicável, visto que tem um capítulo ESPECÍFICO sobre isso?
O art. 903 do CC define essa questão:
O CC, por sua vez, praticamente copiou o conceito de Vivante em seu art. 886:
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Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito
literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha
os requisitos da lei.
A doutrina costuma dizer que os títulos de crédito são dotados de dois atributos especiais:
negociabilidade (facilidade na circulação/negociação do crédito) e executividade (maior
efetividade e celeridade na cobrança do crédito).
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Esse princípio, no entanto, vem sendo relativizado em razão dos modernos títulos de
créditos eletrônicos ou virtuais, expressamente previstos no art. 889, §3º do CC.
Nesses casos, por não existir a figura do documento; da cártula, do papel, diz-se que a
cartularidade é mitigada.
Outra exceção ao princípio: Lei de Duplicatas (Lei 5.474/68), art. 13, §1º.
Pelo princípio da literalidade só tem eficácia para o direito cambiário o que está
literalmente constando (ESCRITO) do título de crédito (da cártula).
Segundo esse princípio, pode-se dizer que “O que não está no título não está no mundo
cambiário”. Um aval constituído fora da nota promissória, por exemplo, não produzirá os efeitos do
aval, podendo, no máximo, produzir efeitos na órbita do direito civil como fiança.
Título sem mais espaço para endosso. O que fazer para negociá-lo? Prolongamento do
título.
Termo de quitação deve ser dado no título. Fora do título o termo de quitação não tem
validade para o Direto Cambiário. Garante, no máximo, uma ação de regresso contra o emissor do
termo, mas isso depois de o portador do título já ter executado e compelido o sujeito a pagar de
novo a obrigação.
Pagar sem exigir o termo de quitação no próprio título é exemplo de pagar mal. Quem
paga mal paga duas vezes.
Ou seja, um eventual vício em uma das relações representadas pelo título de crédito não
tem o condão de comprometer a validade ou eficácia das demais.
“Se o comprador de um bem a prazo emite nota promissória em favor do vendedor e este
paga sua dívida, perante terceiro, transferindo a este o crédito representado pela nota promissória,
em sendo restituído o bem, por vício redibitório, ao vendedor, não se livrará o comprador de honrar
o título no seu vencimento junto ao terceiro portador. Deverá, ao contrário, pagá-lo e, em seguida,
demandar ressarcimento perante o vendedor do negócio frustrado”. (Fábio Ulhôa Coelho).
Exemplo: Tício (devedor) emite uma nota promissória para Caio, como pagamento de uma
casa. Caio transfere (endossa) a nota para Mévio, como pagamento de um iate. Verifica-se que
Tício é incapaz, ou seja, sua relação com Caio é inválida (Tício não poderia ter emitido um título).
Entretanto, isso não invalida a relação de Caio com Mévio (compra do iate), que é autônoma
e independente em relação à obrigação inválida. Mévio pode tranquilamente cobrar de Caio, pois
quando ele endossou o título, se transformou em codevedor (ver abaixo endosso).
R1 R2
Tício Caio Mévio
R2 é totalmente independente de R1, por isso, Mévio pode perfeitamente cobrar de Caio.
Trata-se de uma garantia daquele que recebe um título como pagamento de ter seu crédito
satisfeito pelo devedor. Assim, não é dado ao devedor primário do título opor defesas processuais
contra outrem que não seja aquele a quem emitiu o título.
Exemplo: Caio vende celular para Renato. Renato paga com nota promissória (500 reais)
com vencimento em 30/11/2015. Caio (credor da venda do celular) transfere a nota para Maria por
meio de endosso, como instrumento de compra de uma bicicleta. Na data do vencimento, Maria vai
atrás do Renato cobrando.
Suponhamos que o celular estivesse com um vício. O Renato não pode opor esse vício em
face do terceiro de boa-fé (Maria) para não pagar a dívida, como poderia fazer em face do Caio,
credor primitivo (em eventuais embargos à execução). Ao contrário, Renato deverá pagar o crédito
à Maria, e posteriormente demandar ressarcimento em face do Caio.
Essa é mais uma decorrência da autonomia. É uma garantia de pagamento daquele que
recebe um título de crédito. Se não houvesse essa garantia, ninguém se arriscaria a receber um
título de crédito como pagamento.
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Por este subprincípio, com a circulação, o título de crédito se DESVINCULA do negócio
jurídico que lhe deu origem. Deste modo, o que autoriza a ação de execução é
EXCLUSIVAMENTE o título e não a obrigação que o gerou.
2.4. CONCLUSÃO
Com efeito, existe todo um aparato jurídico armado (o regime jurídico-cambial) que garante
ao comerciante credor receber com segurança valor constante num título que lhe tenha sido
transferido. Vejamos:
1) Aquela pessoa que lhe transfere o título (o seu devedor) não poderá cobrá-lo mais
(PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE);
2) Todas as relações jurídicas que poderão interferir com o crédito adquirido são apenas
aquelas que constam, expressamente, do título e nenhuma outra (PRINCÍPIO DA
LITERALIDADE);
3) Nenhuma exceção pertinente à relação da qual ele não tenha participado terá eficácia
jurídica quando da cobrança do título (PRINCÍPIO DA AUTONOMIA, INOPONIBILIDADE
CONTRA TERCEIROS, ABSTRAÇÃO).
3.1.1. Causal
Somente podem ser emitidos nas hipóteses (causas) autorizadas por lei. É o caso da
duplicata mercantil, que pode ser emitida quando se tratar de: a) Compra e venda mercantil ou;
b) Prestação de serviços.
A sua emissão não depende de causa específica, razão pela qual servem para documentar
diversos tipos de negócio. Ex.: Cheque.
É o título que tem padronização definida em lei. Exemplo: Duplicata mercantil e cheque.
Desde a Lei 8.088/90 não se admite mais a emissão de títulos ao portador, EXCETO se com
previsão expressa em lei especial. Exemplo de lei especial: A Lei 9.069/95 (Lei que instituiu o plano
real) permite que cheque de valor igual ou inferior a 100 reais possa ser emitido ao portador.
2) O título nominativo, além da tradição, depende outro ato jurídico, que varia conforme a
espécie de título nominativo tratada:
OBS2: Endosso X Cessão civil. Endosso e cessão civil são atos jurídicos trasladadores da
titularidade de crédito que se diferenciam quanto aos efeitos, basicamente em dois aspectos: quanto
à extensão da responsabilidade do alienante (endossante) do crédito perante o adquirente
(endossatário) e quanto aos limites de defesa do devedor (sacado) em face da execução do crédito
pelo adquirente (endossatário).
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Exemplo: Renato paga Maria com cheque clonado ou uma duplicata fria (vício de existência).
Nesse caso, sendo transferido por endosso ou cessão, o Renato vai responder pelo título (pois
responde não só pela solvência, como pela existência dele).
Outro exemplo: Renato paga com cheque autêntico, porém sem fundos. Se o cheque foi
transferido por endosso, o endossante (Renato) pode ser executado. Se o cheque foi transferido
por cessão civil, o cedente (Renato) não responde pelo pagamento.
Para quem recebe um cheque, é mais garantido receber por endosso. Por conta disso, há
uma presunção de que os títulos nominativos são ‘À ORDEM’, ou seja, transferíveis por endosso.
Para que o título seja ‘não à ordem’ deve haver expressa menção no título.
LU Art. 17. As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor
ao portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o
sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir
a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor.
Conclusão: O endosso, tal qual a cessão civil, somente se aperfeiçoam com a TRADIÇÃO.
1) Título ao portador: Não identifica o beneficiário, transferível por tradição (CC, art. 904).
Art. 904. A transferência de título AO PORTADOR se faz por simples
tradição.
O nome do credor não está no título (como na classificação acima), mas sim no registro do
emitente. Essa regra do Código Civil teria aplicação aos títulos que viessem a surgir após 2002. Na
prática, não tem qualquer aplicação. Esse título nominativo pode circular por termo ou endosso.
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3) Nominal (à ordem): É o título nominativo à ordem da classificação tradicional, transferível
por meio de endosso.
Um sujeito dá uma ordem para que interposta pessoa efetue o pagamento a um terceiro
beneficiário. Existem, aqui, TRÊS (03) figuras distintas:
1) Promitente; (“sacador/sacado”).
2) Tomador/beneficiário (aquele que vai ao caixa descontar).
4.1. INTRODUÇÃO
De início, vale lembrar que no estudo da letra de câmbio trataremos das REGRAS GERAIS
de constituição, transferência e exigibilidade do crédito cambiário. No estudo das demais espécies
de títulos de crédito restará apenas o trato daquilo que for especial em relação ao regramento geral
aplicado às letras de câmbio.
4.3. CONCEITO
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A letra de câmbio é um título de crédito decorrente de relações de crédito, entre dois ou mais
sujeitos, pelo qual o denominado SACADOR dá a ordem de pagamento, pura e simples, a outrem
denominado sacado, a seu favor (do sacador) ou de terceira pessoa (tomador/beneficiário), no valor
e nas condições dela constantes.
Percebe-se que a letra de câmbio constitui uma ordem de pagamento, que conta com a
presença de três figuras, como veremos no seguinte exemplo:
Quando Maria cria/emite o título, ela realiza o ato cambial chamado de SAQUE. O ato de
criação/emissão é chamado de saque.
O saque é o movimento que coloca o título em circulação, realizado pelo SACADOR. Aquele
que recebe a ordem de pagamento é o SACADO.
Quem fica com a ordem de pagamento (letra de câmbio) é o TOMADOR (Caio), que
apresenta o título ao Renato (sacado). Feito isso, caberá ao Renato concordar ou não em pagar a
ordem no dia aprazado. Quando o Renato concorda, ele dá o chamado ACEITE.
Aceite é o ato de concordância com a ordem de pagamento dada. Ato PRIVATIVO do
sacado.
O aceite corresponde à simples assinatura do sacado no ANVERSO (frente) do título.
IMPORTANTE: A ordem de pagamento dada pelo SACADOR (Maria) também pode ter ela
própria como tomador/beneficiário (Lei Uniforme, art. 3º). Exemplo: sacador emite uma letra de
câmbio tendo ele mesmo como beneficiário. Após a emissão, deve apresentar a letra para o aceite
do sacado. Se o sacado aceita, deverá realizar o pagamento na data do vencimento do título.
LUG Art. 3º - A letra pode ser a ordem do próprio sacador. Pode ser sacada
sobre o próprio sacador. Pode ser sacada por ordem e conta de terceiro.
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4.4.2. Efeitos da recusa do aceite (total ou parcial)
LUG Art. 43. O portador de uma letra pode exercer os seus direitos de ação
contra os endossantes, sacador e outros coobrigados: no vencimento; se o
pagamento não foi efetuado; mesmo antes do vencimento:
1º) se houve recusa total ou parcial de aceite;
OBS: É possível incluir na letra de câmbio a chamada CLÁUSULA NÃO ACEITÁVEL, que veda
que o tomador (Caio) apresente o título para aceite do sacado (Renato), permitindo que o título seja
apresentado apenas na data do vencimento, não para o aceite do Renato, mas sim para que efetue
o pagamento. Se o sacado (Renato) não paga, o sacador (Maria) se torna o devedor principal
(mesmo efeito da recusa do aceite). Essa cláusula não é cabível em qualquer caso (LU, art. 22).
LUG Art. 22. O sacador pode, em qualquer letra, estipular que ela será
apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo. Doutrina Vinculada.
Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao aceite, salvo se se
tratar de uma letra pagável em domicilio de terceiro, ou de uma letra pagável
em localidade diferente da do domicílio do sacado, ou de uma letra sacada a
certo termo de vista.
Apresentado o título ao sacado, este tem o direito de pedir que ele lhe seja reapresentado
no dia seguinte, nos termos do art. 24 da LU. É o chamado PRAZO DE RESPIRO, que se destina
a possibilitar ao sacado a realização de consultas ou a meditação acerca da conveniência de aceitar
ou recusar o título (art. 24).
LU Art. 24. O sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma
segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação. Os
interessados somente podem ser admitidos a pretender que não foi dada
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satisfação a este pedido no caso de ele figurar no protesto. O portador não
é obrigado a deixar nas mãos do aceitante a letra apresentada ao aceite.
5.1. CONCEITO
Endosso é o ato jurídico pelo qual o credor de um título crédito nominativo (‘nominal’ – nova
classificação) com a cláusula à ordem TRANSMITE o direito ao valor constante no título à outra
pessoa, sendo acompanhado da tradição da cártula.
O endosso é dado no VERSO do título, bastando para tanto uma simples assinatura. No
entanto, também é possível a realização do endosso no ANVERSO do título, caso no qual, além da
assinatura, é necessária uma expressão identificadora do endosso (exemplo: pague-se a...,
endosso a..., transfiro a...). Não confundir com o ACEITE que é dado com assinatura no ANVERSO.
Não há qualquer limite para o número de endossos de um título de crédito (no cheque existia
limite – ver adiante); ele pode ser endossado diversas vezes, como pode, simplesmente, não ser
endossado.
1) Endosso em branco;
2) Endosso em preto;
3) Endosso póstumo;
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4) Endosso impróprio:
4.1) Endosso-mandato (por procuração);
4.2) Endosso-caução (pignoratício);
5) Endosso "sem garantia".
Endosso PARCIAL existe? O endossante pode transferir pelo endosso só uma parte do valor
constante no título? NEGATIVO. O endosso parcial é nulo, até porque a transferência do título exige
além do endosso a tradição. Não é possível entregar apenas parte da cártula para o endossatário
(LU, art. 12; CC, art. 912, parágrafo único). Não confundir com o aceite (visto acima) parcial, que é
válido.
LU Art. 12. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele
seja subordinado considera-se como não escrita. O endosso parcial é NULO.
O endosso ao portador vale como endosso em branco.
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Como vimos, o endosso tem como efeito atribuir ao endossante a responsabilidade pela
existência e solvência do crédito (é uma transmissão pro solvendo), conforme a disposição das
leis especiais nesse sentido.
ATENÇÃO: O CC, em seu art. 914, prevê efeito diverso para o endosso: responsabilidade
apenas pela existência e não pela solvência do crédito (tal como a cessão civil de crédito – pro
soluto). Não esquecer: O CC só se aplica no silêncio da lei especial (CC, art. 903). Consequência
prática: Esse dispositivo do CC/2002 não tem aplicação.
Esse endosso que vimos até aqui é chamado pela doutrina de ENDOSSO TRANSLATIVO
ou PRÓPRIO (para concurso é somente endosso).
Explicando a súmula: “B”, empresa do ramo de vendas, emitiu uma duplicata (título de
crédito) por conta de mercadorias que seriam vendidas a “A”. Ocorre que o negócio jurídico acabou
não sendo concretizado (não existiu). Mesmo sem ter existido o negócio jurídico, “B” emitiu a
duplicata (sem causa) e, além disso, fez o endosso translativo desse título para “C” (banco).
Como visto, o endosso translativo (também chamado de endosso próprio), é o ato cambiário
por meio do qual o endossante transfere ao endossatário o título de crédito e, em consequência, os
direitos nele incorporados. Em outras palavras, “B” transmitiu a “C” seu suposto crédito que teria em
relação a “A”.
Diante disso, “C” apresentou a duplicata para ser protestada pelo tabelionato de protesto, o
que foi feito. Assim, “A” foi intimado pelo tabelião de protesto, a pedido de “C” para que pagasse a
duplicata. Como “A” não pagou, foi inscrito no SPC e SERASA.
“A” quer ajuizar ação de cancelamento de protesto cumulada com reparação por
danos morais. Quem deverá ser réu nessa ação? Quem é o responsável por esse protesto
indevido, “B” (que emitiu a duplicata) ou “C” (que recebeu a duplicata mediante endosso)?
Resposta: “C”.
Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário (“C”) que recebe por
endosso translativo título de crédito (no caso, uma duplicata) contendo vício formal extrínseco ou
intrínseco (no caso, a ausência de compra e venda).
Caso o endossatário (“C”), que levou o título a protesto indevidamente, seja condenado a
pagar a indenização, terá direito de cobrar esse valor pago (direito de regresso) contra o endossante
(no caso, “B”) e eventuais avalistas do título de crédito.
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O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício formal,
sendo inexistente a causa para conferir lastro à emissão de duplicata, responde pelos danos
causados diante de protesto indevido, ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e
avalistas.
Vejamos:
“B”, empresa do ramo de vendas, emitiu uma duplicata (título de crédito) por conta de
mercadorias vendidas a “A”. “B”, após emitir a duplicata, fez o endosso-mandato desse título para
“C” (banco), a fim de que este efetuasse a cobrança do valor de “A”.
Ocorre que “A” recusou o pagamento dessa duplicata alegando que já havia pagado. Mesmo
assim, “C” apresentou a duplicata para ser protestada pelo tabelionato de protesto, o que foi feito.
Assim, “A” foi intimado pelo tabelião de protesto, a pedido de “C” para que pagasse a duplicata.
Como “A” não pagou, foi inscrito no SPC e SERASA.
“A” quer ajuizar ação de cancelamento de protesto cumulada com reparação por
danos morais. Quem deverá ser réu nessa ação? Quem é o responsável por esse protesto
indevido (“B” ou “C”)?
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Resposta: como regra, “B” (endossante). “C” (endossatário de endosso-mandato) somente
responderá se ficar provado que EXTRAPOLOU os poderes de mandatário.
2) Endosso-caução (pignoratício)
Por fim, há o endosso que não produz o efeito de vincular o endossante ao pagamento do
título: trata-se do chamado endosso "sem garantia", previsto no art. 15 da LU. Com esta cláusula,
o endossante transfere a titularidade da letra, sem se obrigar ao seu pagamento. A regra, como
visto, é a da vinculação do endossante (lembre-se que o art. 914 do CC não se aplica em razão do
art. 903 do mesmo Código). O ato do endossante de inserir no endosso a cláusula "sem garantia",
porém, afasta a vinculação prevista na lei especial.
6.1. CONCEITO
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É a declaração cambiária decorrente de uma manifestação unilateral de vontade pela qual
uma pessoa, natural ou jurídica, assume a obrigação cambiária autônoma e incondicional de garantir
no vencimento o pagamento do título nas condições nele estabelecidas. Duas figuras existem no
instituto do aval:
O avalista que garante antecipadamente a dívida do sacado responde por ela até mesmo se
este não vier a dar o ACEITE.
Exemplo: Daniel (endossatário), ao receber o título de Caio (tomador ou beneficiário/
endossante), exige uma garantia a mais. Então, Caio pede para o Gugu ser seu avalista. Gugu dá
o aval. Se o sacado (devedor principal - Renato) não pagar, Daniel pode cobrar de qualquer dos
codevedores, dentre eles o avalista do Renato (sacado), Gugu (avalista).
O AVAL, por sua vez, deve ser dado de forma inversa: no ANVERSO (simples assinatura)
ou VERSO (assinatura + expressão identificadora).
Art. 31. [...] O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de
indicação, entender-se-á pelo sacador.
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Súmula 189 do STF: A existência de avais em branco superpostos implica em garantia
simultânea (os obrigados são coavalistas do sacador) e não sucessiva (os obrigados não são
avalistas de avalistas).
LUG Art. 30. O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte
garantido por aval. Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um
signatário da letra.
OBS: O CC, em seu art. 897, parágrafo único diz que é VEDADO o aval parcial. Mais uma vez
ressaltamos: dada a subsidiariedade do CC, tal regra não tem aplicação prática.
OBS: O aval dado depois de vencimento e protesto tem os MESMOS EFEITOS do aval dado antes.
Não confundir com o endosso póstumo! No qual produzirá os efeitos da cessão civil de
crédito. Lógica: no aval o avalista está garantindo a obrigação cambiária contida no título, no
endosso, o endossante é quem foi sujeito de uma obrigação e pagou endossando o título de crédito.
O avalista deve continuar garantindo a dívida, afinal: é uma obrigação autônoma. No caso do
endosso, não pode o criador do título ficar para sempre obrigado à dívida do endosso, por isso,
depois de vencido e protestado, terá direito a se defender como se o título tivesse sido repassado
por cessão civil.
DICA: Quem dá aval é amigo do cara. Sendo amigo, ele assina somente na FRENTE (anverso) do
cara. Se ele é amigo, é amigo antes, durante ou depois (aval produz efeitos antes, durante e depois
do vencimento e protesto).
AVAL FIANÇA
Só pode ser dado em título de crédito. Só pode ser dada em contrato.
Aval é autônomo Fiança é acessória.
OBS: Em caso de morte, incapacidade ou falência Extinto o contrato, extinta a fiança.
do avalizado, o avalista continua responsável.
Ainda que nula a obrigação a garantia permanece,
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exceto se o vício for de forma.
OBS: Art. 1.647, III do CC. Tanto para fiança, quanto para aval, é imprescindível a autorização do
cônjuge, SALVO se casados em separação absoluta.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode,
sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
III - prestar fiança ou aval;
Para tornar-se exigível o crédito cambiário contra o devedor principal (aceitante), basta o
vencimento do título; já em relação aos coobrigados (endossantes e sacador), é necessária, ainda,
a negativa de pagamento do título vencido por parte do devedor principal.
Em virtude do princípio da literalidade, a comprovação deste fato deve ser feita por
PROTESTO do título, o qual se consubstancia, então, em CONDIÇÃO da exigibilidade do crédito
cambiário contra os coobrigados. O protesto do título também é condição de exigibilidade deste
crédito, nos mesmos termos, na hipótese de recusa do aceite. Para produzir este efeito, contudo, o
protesto deve ser providenciado pelo credor dentro de um prazo estabelecido por lei.
O coobrigado que paga o título de crédito tem o direito de regresso contra o devedor principal
e contra os coobrigados anteriores. As obrigações representadas por um título de crédito só se
extinguem, todas, com o pagamento, pelo aceitante, do valor do crédito. Para se localizarem os
coobrigados na cadeia de anterioridade das obrigações cambiais, adotam-se os seguintes critérios:
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8. TIPOS DE VENCIMENTO DE UMA LETRA DE CÂMBIO
DICA: Hasta la vista aceite. Neste último, não é possível a inclusão da cláusula não aceitável,
visto que o vencimento pressupõe o aceite.
A falta de aceite, de data do aceite ou de pagamento de uma letra de câmbio deve ser
provada por protesto cambial, que é ato formal de responsabilidade do portador do título.
1) Protesto por falta de ACEITE: Ocorre quando há recusa do aceite pelo sacado. Nesse caso,
o protesto é dirigido ao sacador, a quem caberá pagar o crédito (se torna o devedor principal).
Antecipa o vencimento.
2) Protesto por falta de DATA do aceite: Extraído contra o aceitante, destinado às letras de
câmbio a certo termo de vista, nas quais não conste a data do aceite.
3) Protesto por falta de PAGAMENTO: Extraído contra o aceitante, trata-se de requisito para a
manutenção direito de cobrança em face dos demais codevedores (protesto necessário).
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11. NOTA PROMISSÓRIA
11.1. CONCEITO
A nota promissória é uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de outra.
Com o saque da nota promissória, surgem dois personagens distintos:
1) Não há aceite;
2) Formas de vencimento;
3) Súmula 258 do STJ: nota promissória e contrato de abertura de crédito.
4) Súmula 504 do STJ: ação monitória
Vejamos:
São possíveis as quatro formas de vencimento da letra de câmbio. Quando o prazo for a
certo termo de vista, o marco inicial logicamente não é o aceite, mas sim o visto do subscritor (art.
23). O tomador deve apresentar a nota para o visto do subscritor num prazo de 01 ano do saque. A
partir do visto conta-se o prazo de vencimento “a certo termo de vista”.
LUG Art. 23. As letras a certo termo de vista devem ser apresentadas ao
aceite dentro do prazo de 1 (um) ano das suas datas. O sacador pode reduzir
este prazo ou estipular um prazo maior. Esses prazos podem ser reduzidos
pelos endossantes.
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O que acontecia: O banco exigia uma nota promissória do devedor que abria um crédito no
banco (cujo contrato não raras vezes era constituído de juros sobre juros e outros abusos).
Posteriormente, endossava a nota, de forma que nem ele (o banco) e nem o endossatário tivesse
que discutir com o devedor a origem da dívida (juros abusivos etc.). Assim, quem sempre saía
prejudicado era o devedor, que era executado pelo endossatário sem poder se defender dos abusos
praticados pelo banco.
O que diz a Súmula: tudo que seria possível discutir com o Banco em sede de embargos a
execução também é possível de ser discutido em sede de embargos à execução promovida pelo
terceiro endossatário.
Obs1: a nota promissória, vinculada ao contrato de mútuo bancário, não perde sua executoriedade
– STJ. Veja: mútuo e não abertura de crédito (que é ilíquido).
Obs2 (André Santa Cruz): quando a nota promissória for emitida em vinculação a um determinado
contrato, não apenas os bancários, tal fato deve constar expressamente do título. Sendo assim, fica
descaracterizada a abstração/autonomia do título já que o terceiro está consciente da relação de
origem e de que contra ele poderão ser opostas exceções ligadas ao referido contrato. O título passa
a ter uma ligação intrínseca com o contrato, podendo dizer, a grosso modo, que o acessório seguirá
o principal.
Assim, se não for paga, poderá ser ajuizada ação de execução cobrando o valor.
Mesmo que tenha passado esse prazo e a nota promissória tenha perdido sua força
executiva (esteja prescrita), ainda assim será possível a sua cobrança? SIM, por meio de ação
monitória.
Qual é o prazo máximo para ajuizar a ação monitória de nota promissória prescrita? 5 anos,
com base no art. art. 206, § 5º, I, CC:
Qual é o termo inicial desse prazo, isto é, a partir de quando ele é contado? O prazo de 5
anos para a ação monitória é contado do dia seguinte ao vencimento do título.
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O prazo prescricional de 5 (cinco) anos a que submetida a ação monitória se
inicia, de acordo com o princípio da actio nata, na data em que se torna
possível o ajuizamento desta ação. (...) o credor, mesmo munido de título de
crédito com força executiva, não está impedido de cobrar a dívida
representada nesse título por meio de ação de conhecimento ou mesmo de
monitória. É de se concluir que o prazo prescricional da ação monitória
fundada em título de crédito (prescrito ou não prescrito), começa a fluir no dia
seguinte ao do vencimento do título. (...) STJ 3ª Turma. REsp 1367362/DF,
Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 16/04/2013.
12.1. CONCEITO
É um título CAUSAL, ou seja, só pode ser emitido para representar créditos previstos em
Lei, quais sejam: compra e venda mercantil e prestação de serviços. É possível emitir duplicata
para cobrar aluguel? Não, pois não é uma das causas previstas em lei.
Exemplo: Empresa ‘A’ de elevadores resolve adquirir aço da empresa ‘B’ (compra e venda
mercantil). A empresa ‘A’ é a compradora; a empresa ‘B’ é a vendedora.
OBS: Toda vez que se tem operação de compra e venda mercantil ou prestação de serviço a lei
obriga a emissão da chamada fatura (a NF-fatura, para quem a usa, é obrigatória; a fatura comum
é obrigatória nos contratos a prazo não inferior a 30 dias).
Por fatura entende-se a relação pormenorizada das mercadorias vendidas ou dos serviços
prestados. Do crédito representado nessa fatura PODERÁ ser extraída uma duplicata. Ou seja, a
emissão de duplicata não é obrigatória e sempre decorre de uma fatura.
27
1) Sacador: Vendedor ou prestador.
2) Sacado: Comprador ou beneficiário do serviço prestado.
3) Tomador/beneficiário: Vendedor ou prestador.
O sacador é o vendedor. Ele dá uma ordem (emite a duplicata) para quem comprou a
mercadoria efetuar o pagamento. Como o pagamento deve ser realizado a ele mesmo, o próprio
vendedor/sacador será o tomador/beneficiário.
No caso do prestador de serviço é a mesma coisa. O prestador dá uma ordem para quem
recebeu a prestação pagar para ele (vendedor) o valor correspondente ao serviço prestado.
Emitida a duplicata, o sacador tem 30 DIAS para remetê-la ao sacado. Se for À VISTA, o
sacado, ao recebê-la, deve realizar o pagamento; se for a PRAZO, terá prazo de 10 DIAS para
devolver a duplicata ao sacador com o devido ACEITE ou com as razões motivadoras da recusa do
aceite.
Em função do seu caráter obrigatório, o aceite da duplicata mercantil pode ser discriminado
em três categorias:
28
2) Aceite por COMUNICAÇÃO — resulta da retenção da duplicata mercantil pelo comprador
autorizado por eventual instituição financeira cobradora, com a comunicação, por escrito, ao
vendedor, de seu aceite.
3) Aceite por PRESUNÇÃO — resulta do recebimento das mercadorias pelo comprador, desde
que não tenha havido causa legal motivadora de recusa, com ou sem devolução do título ao
vendedor.
Idem à letra de câmbio. Peculiaridade: Aval em branco garante o obrigado cuja assinatura
estiver acima da do avalista. Em não existindo assinatura acima, garante-se o Comprador.
1) À vista;
2) Data certa;
1) Por falta de aceite: quando o sacado não dá o aceite e tampouco oferece as razões da
recusa.
2) Por falta de devolução: Quando no prazo de 10 dias o sacado não devolve o título.
Se o devedor não restitui a duplicata ao credor, o protesto (qualquer deles) deve se dar por
indicações do credor fornecidas ao cartório de protesto (art. 13, §1º, ‘in fine’). Usualmente, no
entanto, tem-se admitido a emissão de TRIPLICATA para esse fim, apesar de a lei não trazer essa
previsão (ver triplicata abaixo).
OBS: No caso de falta de aceite do devedor principal, o protesto se faz necessário para
executá-lo, porém pode ser feito a qualquer tempo.
OBS: O simples contrato de compra e venda ou de prestação de serviços não é idôneo para
comprovar a entrega ou prestação do serviço.
Art. 7º A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo
comprador ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias,
30
contado da data de sua apresentação, devidamente assinada ou
acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da falta
do aceite.
§ 1º Havendo expressa concordância da instituição financeira
cobradora, o sacado poderá reter a duplicata em seu poder até a data
do vencimento, desde que comunique, por escrito, à apresentante o
aceite e a retenção.
§ 2º - A comunicação de que trata o parágrafo anterior substituirá,
quando necessário, no ato do protesto ou na execução judicial, a
duplicata a que se refere.
12.10. JURISPRUDÊNCIA
31
Fatura: a fatura é o documento que descreve a compra e venda mercantil ou a prestação de
serviços. Na fatura constam a descrição e os preços dos produtos vendidos ou do serviço prestado.
A fatura não é título de crédito. O título é a duplicata, que é emitida a partir de uma fatura. A fatura
apenas prova a existência do contrato.
Exemplo: o distribuidor X vendeu para a loja Y setenta pares de sapatos. O distribuidor X (vendedor)
extrai uma fatura dos produtos e emite uma duplicata mercantil dando uma ordem à loja Y
(compradora) para que ela pague ao próprio vendedor o preço dos pares de sapato e eventuais
encargos contratuais.
Uma duplicata só pode corresponder a uma única fatura (art. 2°, § 2°, da Lei).
E o protesto de títulos é o ato público, formal e solene, realizado pelo tabelião de protesto,
com a finalidade de provar:
1) A inadimplência do devedor;
2) O descumprimento de obrigação constante de título de crédito; ou
3) Qualquer outro ato importante relacionado com o título (ex: falta de aceite).
No caso da duplicata, para que serve o protesto? O protesto poderá servir para provar
três situações distintas:
1) A falta de pagamento;
2) A falta de aceite da duplicata;
3) A falta de devolução da duplicata;
Protesto por indicações: O procedimento para que haja o protesto de um título de crédito
é, resumidamente, o seguinte:
1) O credor leva o título até o tabelionato de protesto e faz a apresentação, pedindo que haja
o protesto e informando os dados e endereço do devedor;
2) O tabelião de protesto examina os caracteres formais do título;
3) Se o título não apresentar vícios formais, o tabelião realiza a intimação do suposto devedor
no endereço apresentado pelo credor;
4) A intimação é realizada para que o apontado devedor, no prazo de 3 dias, pague ou
providencie a sustação do protesto antes de ele ser lavrado;
32
5) Se o devedor ficar inerte ou tentar e não conseguir sustar o protesto, será lavrado e
registrado o protesto.
Como vimos acima, na etapa 1, para que haja o protesto é necessário que o credor leve o
título original. Assim, em regra, para o protesto de títulos de crédito, exige-se a apresentação do
original em razão do princípio da cartularidade.
Logo, se o sacado não devolveu a duplicata, o sacador (vendedor ou prestador dos serviços)
poderá fazer o protesto da duplicata por indicações (dando apenas as informações do título), ou
seja, sem apresentar a duplicata no Tabelionato de Protesto.
Se a duplicata foi remetida para aceite e não foi devolvida pelo sacado, poderá haver protesto
mediante simples indicações dos dados do título, ou seja, são fornecidas ao Tabelionato de Protesto
as informações do título retiradas do Livro de emissão de duplicatas, livro que é obrigatório para os
empresários que emitem duplicata.
Essas indicações da duplicata poderão ser encaminhadas, inclusive, por meio magnético ou
de gravação eletrônica de dados, sendo de inteira responsabilidade do apresentante os dados
fornecidos, ficando a cargo dos Tabelionatos a mera instrumentalização das mesmas (art. 8º,
parágrafo único, da Lei n. 9.492/97).
O protesto por indicações somente pode ser feito no caso de falta de devolução ou
também nas hipóteses de falta de aceite ou de falta de pagamento?
1ª corrente: o protesto por indicações somente pode ser feito no caso de falta de
devolução. Posição tradicional defendida por Wille Duarte Costa.
2ª corrente: o protesto por indicações pode ser feito em qualquer hipótese. É defendida
pela doutrina mais moderna, como Fábio Ulhoa Coelho e Marlon Tomazette.
Duplicata virtual: A Lei de Duplicatas (Lei n. 5.474/68) não previu as chamadas duplicatas
virtuais, até mesmo porque naquela época os sistemas informatizados ainda não estavam tão
desenvolvidos. A Min. Nancy Andrighi afirma, contudo, que as duplicatas virtuais encontram
previsão legal no art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.492/97 e no art. 889, § 3º do CC-2002.
2) Ao invés de emitir uma fatura e uma duplicata em papel, o vendedor ou fornecedor dos
serviços transmite em meio magnético (pela internet) a uma instituição financeira os dados
referentes a esse negócio jurídico (partes, relação das mercadorias vendidas, preço etc.).
33
3) A instituição financeira, também pela internet, encaminha ao comprador ou tomador de
serviços um boleto bancário para que o devedor pague a obrigação originada no contrato.
Ressalte-se que esse boleto bancário não é o título de crédito. O título é a duplicata que, no
entanto, não existe fisicamente. Esse boleto apenas contém as características da duplicata
virtual.
4) Se chegar o dia do vencimento e não for pago o valor, o credor ou o banco (encarregado da
cobrança) encaminharão as indicações do negócio jurídico ao Tabelionato, também em meio
magnético, e o Tabelionato faz o protesto do título por indicações.
5) Após ser feito o protesto, se o devedor continuar inadimplente, o credor ou o banco ajuizarão
uma execução contra ele, sendo que o título executivo extrajudicial será: o boleto de
cobrança bancária + o instrumento de protesto por indicação + o comprovante de entrega da
mercadoria ou da prestação dos serviços.
Segundo decidiu o STJ, as duplicatas virtuais emitidas e recebidas por meio magnético ou
de gravação eletrônica podem ser protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título
não é imprescindível para o ajuizamento da execução, conforme previsto no art. 8º, parágrafo único,
da Lei n. 9.492/1997.
Os boletos de cobrança bancária vinculados ao título virtual devidamente acompanhados
dos instrumentos de protesto por indicação e dos comprovantes de entrega da mercadoria ou da
prestação dos serviços suprem a ausência física do título cambiário eletrônico e constituem, em
princípio, títulos executivos extrajudiciais. TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial.
Títulos de crédito. Vol. 2. 2ª ed., São Paulo: Atlas, 2011.
Informativo 547 STJ – a falência pode ser decretada com base em duplicata virtual.
34
13. CHEQUE (LEI 7.357/85)
13.1. CONCEITO
Conforme Fábio Ulhôa, o cheque é uma ordem de pagamento À VISTA, sacada contra um
banco e com base em suficiente provisão de fundos depositados pelo sacador em mãos do sacado
ou decorrente de contrato de abertura de crédito entre ambos. Três figuras:
1) Sacador: Correntista.
2) Sacado: Banco.
3) Tomador/beneficiário: Credor do cheque.
Destacam-se:
35
1) A expressão "cheque" inserta no próprio texto do título na língua empregada para a sua
redação;
3) A identificação do banco sacado (não vale, no Brasil, como cheque aquele que for emitido
contra um sacado não banqueiro);
5) Data de emissão;
Observações:
3) Os cheques superiores a 100 reais devem, obrigatoriamente, ser nominais, vale dizer, com
a indicação do beneficiário. Pode ser ‘à ordem’ ou ‘não à ordem’.
Conforme o art. 6º da Lei, não se admite a figura do aceite no cheque. Fundamento: Não há
que se falar em concordância do sacado com o pagamento do crédito (aceite), porquanto existe um
contrato entre sacador e sacado que obriga o banco a pagar a ordem de pagamento, quando existir
provisão de fundos.
Lei 7.357/85 Art. 6º O cheque não admite aceite considerando-se não escrita
qualquer declaração com esse sentido.
36
Parágrafo único - O cheque apresentado para pagamento antes do dia
indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação.
Assim, o banco tem obrigação de pagar um cheque apresentado pelo tomador, mesmo que
se trate de “pré-datado”. Em não havendo fundos, é possível até mesmo protestar um cheque pré-
datado. Frise-se: Isso na disciplina legal do Direito Empresarial.
O credor pode preencher cambial em branco ou com lacunas (exemplo: máquina que
preenche cheque)?
Conforme a Súmula 387 do STF é plenamente possível que o credor de boa-fé complete a
cambial.
1) Motivo (ou alínea) 36: Era uma causa de devolução do cheque pelo fato de possuir mais de
um endosso. Razão dessa previsão: CPMF. Ao permitir-se mais de um endosso, o cheque
circulava e a arrecadação da CPMF restava prejudicada. Como não mais existe esse tributo,
entende-se que não há mais limite de endosso para o cheque.
37
Imagine a seguinte situação adaptada:
Maria contratou João para fazer os móveis de sua casa. Ficou combinado que Maria iria
pagar 10 mil reais em 5 cheques pré-datados de 2 mil reais, que deveriam ser descontados um em
cada mês.
João não entregou os móveis e sumiu, razão pela qual Maria determinou ao banco a
sustação dos cheques (art. 36 da Lei n. 7.357/85).
Ocorre que, posteriormente, Maria foi surpreendida com o aviso de que os cheques que ela
tinha sustado foram levados a protesto por Pedro. Pedro adquiriu, de boa-fé, os cheques de João
por meio de endosso e, quando foi cobrá-los, não conseguiu recebê-los, razão pela qual os levou a
protesto.
Duas peculiaridades:
Trata-se do prazo que o tomador tem para apresentar o cheque ao banco para pagamento.
Não se confunde com o prazo prescricional (ver abaixo).
38
Termo ‘a quo’ do prazo: Data de emissão do cheque (data indicada na cártula).
Mesma praça bancária: Quando o local de saque indicado na cártula corresponder ao local
da agência pagadora.
Praças bancárias diferentes: Quando não há coincidência entre a praça do saque e a praça
da agência pagadora.
OBS: O que importa para essa verificação é a praça e a data de saque indicados pelo sacador no
cheque e não o local e a data em que efetivamente ocorreu a emissão do cheque (princípio da
cartularidade).
Lei 7.357/85
Art . 47 Pode o portador promover a execução do cheque:
I - contra o emitente e seu avalista;
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em
tempo hábil e a recusa pagamento é comprovada pelo protesto ou por
declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia
de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de
compensação.
3) A não apresentação do cheque no prazo legal pode causar a perda do direito de o credor
executar até mesmo o emitente do título. É uma hipótese excepcional, mas existe. Dá-se
quando havia fundos durante o prazo de apresentação e eles deixaram de existir, em
seguida ao término deste prazo, por culpa não imputável ao correntista (como, por exemplo,
a falência do banco, o confisco governamental etc.). É o que prevê o art. 47, II, e
39
seu §3º da Lei do Cheque. Sobrará ao credor apenas a chance de executar o avalista do
emitente.
Lei 7.357/85 Art. 38, Parágrafo único. O portador não pode recusar
pagamento parcial, e, nesse caso, o sacado pode exigir que esse pagamento
conste do cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação.
13.7.3. Protesto
Protesto de títulos é o ato público, formal e solene, realizado pelo tabelião, com a finalidade
de provar a inadimplência e o descumprimento de obrigação constante de título de crédito ou de
outros documentos de dívida.
É possível o protesto do cheque contra o emitente mesmo após ter se passado o prazo de
apresentação? SIM. É legítimo o protesto de cheque efetuado contra o emitente depois do prazo de
apresentação, desde que não escoado o prazo prescricional relativo à ação cambial de execução.
Mas o art. 48 da Lei n. 7.357/85 afirma que o protesto do cheque deve ocorrer durante o
prazo de apresentação. Veja:
40
Calma. A exigência de realização do protesto antes de expirado o prazo de apresentação
prevista no art. 48 da Lei n. 7.357/85 é dirigida apenas ao protesto necessário, isto é, contra os
coobrigados, para o exercício do direito de regresso, e não em relação ao emitente do título.
Portanto, nada impede o protesto facultativo do cheque, mesmo que apresentado depois do
prazo mencionado no art. 48, c/c o art. 33, ambos da Lei n. 7.357/85. Isso porque o protesto do título
pode ser utilizado pelo credor com outras finalidades que não o ajuizamento da ação de execução
do título executivo.
Se um dos correntistas emite cheque sem fundos, quem será responsável pelo
pagamento?
STJ: Na conta conjunta existe solidariedade ATIVA, vale dizer, qualquer dos cotitulares pode
movimentar a conta. Entretanto, a solidariedade PASSIVA não é reconhecida. Dessa forma, só
responde pelo cheque aquele que o emitiu. Só ele pode ser protestado e executado (REsp.
336.632/ES).
Se no protesto contar o nome daquele que não emitiu a cártula, estará configurado o dano
moral.
Quando o correntista possui fundo disponível para pagamento do cheque, e este é devolvido,
trata-se da chamada devolução indevida. Sobre esse assunto:
41
Só pode ser realizada pelo emitente do cheque. Só produz efeitos depois do prazo de
apresentação. É uma forma de controle bancário, na qual o correntista ordena que após o prazo
de apresentação o cheque não deve ser pago.
Além do emitente, o PORTADOR LEGITIMADO também pode dar sustação. Produz efeitos
imediatos (mesmo durante o prazo de apresentação). Requerida a sustação, o banco não mais deve
pagar o cheque. Só é admitida em casos devidamente fundamentados (exemplo: furto, extravio etc.
– André Santa Cruz critica: não deve ser “fundamentado” o banco deve apenas acatar a ordem).
O cheque NÃO pago pelo sacado por falta de fundos deve ser PROTESTADO pelo credor
ATÉ a data limite de apresentação, a fim de que assegure a sua pretensão executória contra todos
os coobrigados. Se NÃO for realizado o protesto nesse prazo, somente poderá executar o
devedor principal.
OBS: O protesto pode ser substituído pela declaração do sacado da câmara de compensação que
comprove a recusa de pagamento por falta de fundos.
Conforme Fábio Ulhôa, na execução do cheque sem fundos, o credor terá direito à
importância do título acrescida das seguintes verbas:
42
2) Despesas com protesto, avisos e outras;
3) Correção monetária prevista no art. 52, IV, da Lei do Cheque.
Lei 7.357/85
Art. 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de
apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador.
43
Prescrita também essa pretensão, nenhuma outra ação caberá com base em título de
crédito. Poderá ser ajuizada nova ação de conhecimento (ação monitória), servindo o cheque
prescrito como uma PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. Essa obedecerá aos prazos prescricionais da lei
civil.
Duas súmulas merecem destaque quando se fala em ação monitória e cheque prescrito,
quais sejam: Súmula 531 e Súmula 503 do STJ, a seguir breve comentário.
Como visto acima, o prazo de prescrição do cheque é de 6 meses, contados do fim do prazo
de apresentação do cheque.
Mesmo estando o cheque prescrito, ainda assim será possível a sua cobrança? SIM. Com o
fim do prazo de prescrição, o beneficiário não poderá mais executar o cheque. Diz-se que o cheque
perdeu sua força executiva. No entanto, mesmo assim o beneficiário poderá cobrar o valor desse
cheque por outros meios, quais sejam:
Ação monitória.
Desse modo, estando o cheque prescrito (sem força executiva), ele poderá ser cobrado do
emitente por meio de ação monitória? SIM. O beneficiário do cheque poderá ajuizar uma ação
monitória para cobrar do emitente o valor consignado na cártula. Existe até uma súmula que
menciona isso:
44
Na petição inicial da ação monitória fundada em cheque prescrito, é necessário que o autor
mencione o negócio jurídico que gerou a emissão daquele cheque? É necessário que o autor da
monitória indique a origem da dívida expressa no título de crédito (uma compra e venda, p. ex.)?
NÃO. Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a
menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. É desnecessária a demonstração da
causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus de provar, se quiser, a inexistência do débito. O autor
da ação monitória não precisará, na petição inicial, mencionar ou comprovar a relação causal (causa
debendi) que deu origem à emissão do cheque prescrito (não precisa explicar o motivo pelo qual o
réu emitiu aquele cheque). (STJ. 2ª Seção. REsp 1.094.571- SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 4/2/2013) (recurso repetitivo)
Isso não significa uma forma de cercear o direito de defesa do réu? NÃO. Não há
cerceamento de defesa, pois o demandado poderá, nos embargos à monitória (nome da “defesa”
na ação monitória), discutir a causa debendi. Na ação monitória há inversão da iniciativa do
contraditório, cabendo ao demandado a faculdade de opor embargos à monitória, suscitando toda
a matéria de defesa, visto que recai sobre ele o ônus probatório. Cabe ao réu o ônus de provar, se
quiser, a inexistência do débito.
(...) o credor, mesmo munido de título de crédito com força executiva, não
está impedido de cobrar a dívida representada nesse título por meio de ação
de conhecimento ou mesmo de monitória. É de se concluir que o prazo
prescricional da ação monitória fundada em título de crédito (prescrito ou não
prescrito), começa a fluir no dia seguinte ao do vencimento do título. (...) STJ
3ª Turma. REsp 1367362/DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 16/04/2013.
45
46
15. PRAZO PRESCRICIONAL PARA EXECUÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
15.1. GRÁFICO 01
15.2. GRÁFICO 02
47
15.3. JURISPRUDÊNCIA
João emitiu um cheque de 5 mil reais em favor de Pedro. Em 02/02/2013, Pedro foi até o
banco descontar o cheque, mas este não tinha fundos.
Em 2016, Pedro ajuíza ação de cobrança contra João, que é citado no dia 03/03/2016. O juiz
julgou procedente o pedido, condenando o réu a pagar o valor cobrado.
Na sentença, o magistrado consignou que os juros moratórios deveriam ser contados desde
a data da citação inicial do réu (03/03/2016), nos termos do art. 405 do CC e art. 219 do CPC.
O juiz acertou no momento da fixação do termo inicial dos juros de mora? NÃO. Os juros de
mora sobre a importância de cheque não pago são contados da primeira apresentação pelo portador
ao banco, e não da citação do sacador. Logo, em nosso exemplo, os juros deveriam ser contados
desde 02/02/2013.
Aqui falaremos de outros títulos, títulos não tão “famosos” por assim dizer. São títulos de
crédito causais, representativos de promessa de pagamento, com ou sem garantia real, conforme a
natureza e a área de atividade própria. Destacam-se entre estes: CÉDULAS DE CRÉDITO (providas
de garantia real) e NOTAS DE CRÉDITO (sem garantia real, mas gozam de privilégio especial sobre
bens livres do devedor, em caso de insolvência ou falência).
48
16.1. TÍTULOS DE CRÉDITO COMERCIAL
1) Cédula de crédito rural/nota de crédito rural (DL 167/67): títulos causais, de natureza civil,
resultantes de financiamento de cooperativa, empresa ou produtor rural. Ambas constituem
promessa de pagamento, valendo que se disse acima. STJ entende que aqui se aplica
súmula 296, no sentido de ser possível cobrança de juros remuneratórios.
2) Nota promissória rural e duplicata rural (DL 167/67): títulos causais, fundados em
operações de compra e venda de natureza rural, contratadas a prazo, não constitutivas de
financiamento no âmbito do crédito rural.
3) Cédula de PRODUTO rural (Lei 8.929/94): título de natureza causal, emitido por produtor
ou cooperativa rural, como promessa de entrega de produtos rurais, podendo conter garantia
hipotecaria, pignoratícia ou fiduciária.
49
16.4. TÍTULOS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO
2) Letra hipotecária (DL 2.478/88 e Lei 7.684/88)/cédula hipotecária (DL 70/66): títulos
causais, representativos da promessa de pagamento, ambos emitidos com lastro sobre o
crédito hipotecário: LETRA hipotecária por instituição financeira; a CÉDULA hipotecária por
associação de poupança e empréstimo.
2) Letra de crédito imobiliário (lei 10.931/04): causal, por instituição financeira, promessa de
pagamento, lastro em credito imobiliário decorrente de hipoteca ou alienação fiduciária.
3) Cédula de crédito hipotecário (lei 10.931/04): emitido pelo tomador do credito imobiliário,
em favor da instituição financeira credora, com garantia real ou fidejussória, ou mesmo sem
garantia.
1) Cédula de crédito bancário (lei 10.931/04): emitido em favor da instituição financeira, com
garantia real ou fidejussória, ou sem garantia, em operação de crédito de qualquer
modalidade. A diferença desta cédula para as que vimos acima, é que nestas, o objeto do
financiamento é específico, devendo voltar-se para o desenvolvimento de atividades
comerciais, rurais, etc. Aqui, o capital pode ser utilizado no desenvolvimento de qualquer
atividade.
Previsão legal: A Cédula de Crédito Bancário foi criada por Medida Provisória 1.925/99,
convertida, após inúmeras reedições, na Lei n.10.931/2004.
Em suma:
Exemplo: Pedro vai até o Banco “X” para abrir uma conta corrente. O gerente lhe oferece
um contrato bancário de abertura de crédito. Por meio desse contrato, o Banco “X” irá colocar
50
certa quantia de dinheiro à disposição de Pedro, que pode ou não se utilizar desses recursos, caso
necessite. O lucro do Banco será nos juros cobrados de Pedro caso ele use a quantia
disponibilizada. O contrato de abertura de crédito não é considerado título executivo extrajudicial.
Desse modo, para conferir maior segurança ao Banco caso Pedro tome emprestado o dinheiro, a
assinatura do contrato fica condicionada à emissão, por Pedro, de uma Cédula de Crédito Bancário
na qual ele promete pagar ao Banco “X” o valor que tomar emprestado. Na hipótese de não pagar,
o Banco “X” executa esta Cédula de Crédito, sem precisar de um processo de conhecimento.
OBS:
DIREITO BANCÁRIO E TÍTULOS DE CRÉDITO. A Cédula de Crédito
Bancário, desde que atendidas as prescrições da Lei n. 10.931/2004, é título
executivo extrajudicial, ainda que tenha sido emitida para documentar a
abertura de crédito em conta corrente. Quarta Turma. REsp 1.103.523- PR,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/4/2012.
Mesmo com a previsão legal de que a Cédula de Crédito Bancário é título executivo
extrajudicial havia alguma polêmica sobre o tema? SIM. O STJ firmou o entendimento de que o
contrato de abertura de crédito não goza dos atributos para ser considerado título executivo. Nesse
sentido:
Desse modo, alguns doutrinadores defendem que a Cédula de Crédito Bancário seria uma
forma de burlar o entendimento do STJ expresso nestas duas súmulas, considerando que a Cédula
de Crédito Bancário é título executivo e serve para documentar contrato de abertura de crédito.
Logo, os bancos teriam encontrado uma forma de executar, por meio da Cédula, os contratos
bancários.
51
crédito de qualquer natureza, que autoriza sua emissão para documentar a abertura de crédito em
conta-corrente, nas modalidades crédito rotativo ou cheque especial.
Para tanto, a cártula deve vir acompanhada de claro demonstrativo acerca dos valores
utilizados pelo cliente, consoante as exigências legais enumeradas nos incisos I e II do § 2º do art.
28 da lei mencionada – de modo a lhe conferir liquidez e exequibilidade.
Em suma:
A Cédula de Crédito Bancário, desde que atendidas as prescrições da Lei n.
10.931/2004, é título executivo extrajudicial, ainda que tenha sido emitida para documentar a
abertura de crédito em conta-corrente
3) Certificado de depósito em garantia (lei 4.728/65 e lei 6.404/76 - LSA): emitido por
instituição financeira, relativo ao depósito em garantia de títulos de crédito ou valores
mobiliários, que permanecem no estabelecimento bancário, como lastro da operação, até a
devolução do certificado.
CONTRATOS EMPRESARIAIS
1.1. CONCEITO
52
1.2. REGRAMENTO
O Código Civil de 2002 trata de forma genérica sobre a propriedade fiduciária em seus
arts. 1.361 a 1.368-B. Existem, no entanto, leis específicas que também regem o tema:
Resumindo:
Antônio quer comprar um carro de R$ 30.000,00, mas somente possui R$ 10.000,00. Antônio
procura o Banco “X”, que celebra com ele contrato de financiamento com garantia de alienação
fiduciária.
Assim, o Banco “X” empresta R$ 20.000,00 a Antônio, que compra o veículo. Como garantia
do pagamento do empréstimo, a propriedade resolúvel do carro ficará com o Banco “X” e a posse
direta com Antônio.
Em outras palavras, Antônio ficará andando com o carro, mas no documento, a propriedade
do automóvel é do Banco “X” (constará “alienado fiduciariamente ao Banco X”). Diz- se que o banco
tem a propriedade resolúvel porque, uma vez pago o empréstimo, a propriedade do carro pelo banco
“resolve-se” (acaba) e o automóvel passa a pertencer a Antônio.
Havendo mora por parte do mutuário, o procedimento será o seguinte (regulado pelo DL
911/69):
53
1) NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR:
Assim, o credor deverá fazer a notificação extrajudicial do devedor de que este se encontra
em débito, comprovando, assim, a mora. Essa notificação é indispensável para que o credor possa
ajuizar ação de busca e apreensão. Confira:
NÃO. Essa notificação é feita por meio de carta registrada com aviso de recebimento. Logo,
não precisa ser realizada por intermédio do Cartório de RTD. Essa foi uma das mudanças operadas
pela Lei n. 13.043/2014 no § 2º do art. 2º do DL 911/69.
O objetivo da alteração foi o de reduzir o custo da notificação, permitindo que seja feita por
mera emissão de carta via Correios, evitando assim que a instituição financeira tenha que pagar os
emolumentos para os titulares de Cartórios.
O aviso de recebimento da carta (AR) precisa ser assinado pelo próprio devedor?
NÃO. A Lei n. 13.043/2014 alterou o § 2º do art. 2º do DL 911/69, deixando expresso que
não se exige que a assinatura constante do aviso de recebimento seja a do próprio destinatário.
54
Portanto, a alteração legislativa confirma a solução que já havia sido dada pelo STJ ao
tema.
2) AJUIZAMENTO DA AÇÃO:
Após comprovar a mora, o mutuante (Banco “X”) poderá ingressar com uma ação de busca
e apreensão requerendo que lhe seja entregue o bem (art. 3º do DL 911/69). Essa busca e
apreensão prevista no DL 911/69 é uma ação especial autônoma e independente de qualquer
procedimento posterior.
3) CONCESSÃO DA LIMINAR:
O juiz concederá a busca e apreensão de forma liminar (sem ouvir o devedor), desde que
comprovada a mora ou o inadimplemento do devedor (art. 3º do DL 911/69).
Apesar de a nova redação do art. 3º utilizar a expressão “podendo ser apreciada”, o que
poderia indicar uma faculdade do juiz, a leitura mais adequada do dispositivo é a de que, estando
presentes os requisitos legais, o magistrado tem o poder-dever de apreciar e conceder a liminar.
Se o bem objeto da alienação fiduciária for um veículo, caso seja concedida a liminar na
busca e apreensão, uma medida de grande eficácia para conseguir localizar e recuperar o bem é
inserir uma restrição judicial no “registro” do veículo.
55
Pensando nisso, a Lei n. 13.043/2014 acrescentou o § 9º ao art. 3º do DL 911/69 estipulando
que o juiz, ao decretar a busca e apreensão de veículo, deverá inserir uma restrição judicial na base
de dados do Renavam.
O Poder Judiciário mantém convênio com o DENATRAN por meio do qual os magistrados
possuem acesso ao sistema informatizado do Renavam. Assim, o juiz pode digitar seu login e sua
senha, entrar na página interna do Renavam e inserir restrições judiciais incidentes sobre os
veículos objeto do processo. Assim, quando o carro for parado em uma blitz ou for realizar uma
inspeção de rotina no DETRAN, aparecerá aquela informação no sistema e o veículo será
apreendido e entregue à Justiça.
Dessa forma, quando o juiz decreta a busca e apreensão, ele próprio, com sua senha, deverá
inserir diretamente a restrição judicial no RENAVAM. Caso ele não tenha acesso à base de dados,
deverá expedir um ofício ao DETRAN para que:
5) APREENSÃO DO BEM:
Caso o bem seja localizado em comarca diferente da qual onde está tramitando a ação (ex:
o processo tramita em Belo Horizonte e o carro foi encontrado em Lavras), a parte interessada
poderá requerer diretamente ao juízo dessa comarca pedindo a apreensão do veículo, bastando
que em tal requerimento conste a cópia da petição inicial da ação e, quando for o caso, a cópia do
despacho que concedeu a busca e apreensão do veículo (§ 12 do art. 3º do DL 911/69, acrescentado
pela Lei n. 13.043/2014).
Art. 3º (...)
56
§ 1º Cinco dias após executada a liminar mencionada no caput, consolidar-
se-ão a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do
credor fiduciário, cabendo às repartições competentes, quando for o caso,
expedir novo certificado de registro de propriedade em nome do credor, ou de
terceiro por ele indicado, livre do ônus da propriedade fiduciária. (Redação
dada pela Lei 10.931/2004)
§ 2º No prazo do § 1º, o devedor fiduciante poderá pagar a integralidade da
dívida pendente, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na
inicial, hipótese na qual o bem lhe será restituído livre do ônus. (Redação
dada pela Lei 10.931/2004)
O que se entende por “integralidade da dívida pendente”? Para que o devedor tenha de volta
o bem, ele deverá pagar todo o valor do financiamento ou somente as parcelas já vencidas e
não pagas (purgação da mora)? Ex: Antônio financiou o veículo em 60 parcelas. A partir da
20ª prestação ele começou a não mais pagar. Estão vencidas 5 parcelas. Para ter de volta o
bem ele terá que pagar somente as 5 parcelas vencidas (purgação mora) ou todo o
financiamento restante (40 parcelas)?
Todo o débito.
Segundo decidiu o STJ, a Lei n. 10.931/2004, que alterou o DL 911/69, não mais faculta ao
devedor a possibilidade de purgação de mora, ou seja, não mais permite que ele pague somente as
prestações vencidas.
Para que o devedor fiduciante consiga ter o bem de volta, ele terá que pagar a integralidade
da dívida, ou seja, tanto as parcelas vencidas quanto as vincendas (mais os encargos), no prazo de
5 dias após a execução da liminar.
O devedor purga a mora quando ele oferece ao devedor as prestações que estão vencidas
e mais o valor dos prejuízos que este sofreu (art. 401, I, do CC). Nesse caso, purgando a mora, o
devedor consegue evitar as consequências do inadimplemento. Ocorre que na alienação fiduciária
em garantia, a Lei n. 10.931/2004 passou a não mais permitir a purgação da mora.
Vale ressaltar que o tema acima foi decidido em sede de recurso repetitivo, tendo o STJ
firmado a seguinte conclusão, que será aplicada em todos os processos semelhantes:
Nos contratos firmados na vigência da Lei n. 10.931/2004, que alterou o art.
3º, §§ 1º e 2º, do Decreto-lei 911/1969, compete ao devedor, no prazo de
cinco dias após a execução da liminar na ação de busca e apreensão, pagar
a integralidade da dívida – entendida esta como os valores apresentados e
comprovados pelo credor na inicial –, sob pena de consolidação da
propriedade do bem móvel objeto de alienação fiduciária. STJ. 2ª Seção.
REsp 1.418.593-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/5/2014
(recurso repetitivo).
Nos contratos anteriores à vigência da Lei n. 10.931/2004 é permitida a purgação da mora?
SIM. Antes da Lei n. 10.931/2004 era permitida a purgação da mora, desde que o devedor
já tivesse pago no mínimo 40% do valor financiado. Tal entendimento estava, inclusive, consagrado
em um enunciado do STJ:
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Súmula 284-STJ: A purga da mora, nos contratos de alienação fiduciária, só
é permitida quando já pagos pelo menos 40% (quarenta por cento) do valor
financiado.
7) CONTESTAÇÃO:
Obs1: a resposta poderá ser apresentada ainda que o devedor tenha decidido pagar a integralidade
da dívida, caso entenda ter havido pagamento a maior e deseje a restituição.
Obs2: nesta defesa apresentada pelo devedor, é possível que ele invoque a ilegalidade das
cláusulas contratuais (ex: juros remuneratórios abusivos). Se ficar provado que o contrato era
abusivo, isso justificaria o inadimplemento e descaracterizaria a mora.
8) VENDA DO BEM
O preço da venda, isto é, o valor apurado com a alienação, deverá ser utilizado para pagar
os débitos do devedor para com o credor e também para custear as despesas decorrentes da
cobrança dessa dívida.
Se após o pagamento da dívida ainda sobrar dinheiro esse saldo apurado deverá ser
entregue ao devedor.
A Lei n. 13.043/2014 alterou o caput do art. 2º do DL 911/69, deixando expresso que o
credor, após fazer a alienação do bem, tem o dever de prestar contas ao devedor a fim de que este
tenha ciência do valor que foi apurado com a venda e possa fiscalizar para saber se sobrou algum
saldo, já que tais recursos lhe pertencem.
9) SENTENÇA
Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do devedor,
o credor poderá requerer, nos mesmos autos, a conversão do pedido de busca e apreensão em
AÇÃO EXECUTIVA (execução para a entrega de coisa) (art. 4º do DL 911/69, com redação dada
pela Lei n. 13.043/2014).
58
Caso o credor tenha optado por recorrer à ação executiva serão penhorados, a critério do
autor da ação, tantos bens do devedor quantos bastem para assegurar a execução (art. 5º do DL
911/69, com redação dada pela Lei n.13.043/2014).
NÃO. Não será aceito bloqueio judicial de bens constituídos por alienação fiduciária de que
trata o DL 911/69. Se os outros credores quiserem alegar que possuem créditos preferenciais em
relação à instituição financeira mutuante, tal discussão sobre concursos de preferências deverá ser
resolvida pelo valor da venda do bem após ele ser apreendido (art. 7º-A do DL 911/69, inserido
pela Lei n. 13.043/2014).
A Lei n. 6.099/74 dispõe sobre o tratamento tributário das operações de arrendamento
mercantil, mas não trata, de forma detalhada, a respeito das regras e procedimentos aplicáveis nos
casos de leasing.
Pensando nisso, a Lei n. 13.043/2014 determinou que o procedimento adotado pelo DL
911/69 para o caso de inadimplemento do devedor na alienação fiduciária, inclusive o regramento
sobre a ação de busca e apreensão deveria ser também aplicado para o arrendamento mercantil.
Importante:
O Código Civil traz regras sobre a alienação fiduciária de bens MÓVEIS infungíveis quando
o credor fiduciário for pessoa natural ou jurídica (sem ser banco).
A Lei n. 13.043/2014 promoveu duas mudanças nessas regras do CC-2002. Vejamos:
59
ANTES DEPOIS
a) Deixar claro que existem várias espécies de alienação fiduciária e que cada uma delas
possui um regramento próprio, aplicando-se as normas do Código Civil apenas para os casos em
que a alienação fiduciária não for tratada em lei específica;
c) Determinar que sejam aplicadas à espécie de propriedade fiduciária regida pelo Código
Civil as normas dos arts. 1.419 a 1.430 do CC.
A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou imóvel confere direito real de aquisição
ao fiduciante, seu cessionário ou sucessor (art. 1.368-B do CC, inserido pela Lei n.
13.043/2014).
O credor fiduciário que se tornar proprietário pleno do bem, por efeito de realização da
garantia, mediante consolidação da propriedade, adjudicação, dação ou outra forma pela qual lhe
tenha sido transmitida a propriedade plena, passa a responder pelo pagamento dos tributos sobre
a propriedade e a posse, taxas, despesas condominiais e quaisquer outros encargos, tributários ou
não, incidentes sobre o bem objeto da garantia, a partir da data em que vier a ser imitido na posse
direta do bem (parágrafo único do art. 1.368-B do CC, inserido pela Lei n. 13.043/2014).
Como já visto acima, a alienação fiduciária em caso de bens imóveis é regida pela Lei n.
9.514/97.
A alteração promovida pela Lei n. 13.043/2014 na alienação fiduciária de imóveis foi muito
singela e teve como objetivo apenas deixar claro que o prazo para purgação da mora é contado da
última publicação do edital. Compare:
60
Lei 13.043/2014 (ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS IMÓVEIS)
ANTES DEPOIS
61
Na propriedade AD TEMPUS, inexiste cláusula contratual de limitação temporal da eficácia
do NJ, não seria uma propriedade resolúvel, mas REVOGÁVEL. A extinção ocorre de fato
superveniente e é ex nunc (os atos praticados pelo ‘temporário’ proprietário são mantidos, devendo
o proprietário que recuperou buscar indenização). Exemplo: revogação da doação por
descumprimento do encargo (art. 555 CC), toda liberalidade é potencialmente revogável.
A RESERVA DE DOMÍNIO nada mais é do que uma cláusula de garantia inserida no contrato
de compra e venda. Então, até que o preço seja integralmente pago, o vendedor reserva a
propriedade da coisa para si. Condiciona a obtenção da propriedade ao pagamento integral do valor,
ou seja, condiciona a transferência da propriedade à quitação do preço. Neste caso temos, na
prática, uma verdadeira alienação fiduciária dentro de um contrato de compra e venda.
Embora a lei permita a reserva de domínio apenas aos bens MÓVEIS, como a alienação
fiduciária se aplica aos bens IMÓVEIS e MÓVEIS (lei 9514/97), deve-se estender a reserva de
domínio aos bens IMÓVEIS. Pois o art. 521 foi redigido quando a alienação fiduciária era exclusiva
de bens móveis, não interpretando com razoabilidade, chegaríamos à obrigatoriedade de feitura de
dois contratos, um de compra e venda e um de alienação fiduciária, quando se tratasse de bem
imóvel. Seria contraproducente. Portanto, a doutrina interpreta o art. 521 no sentido de admitir tanto
para bem móvel como para bem imóvel.
62
É regulado pela Resolução 2309/BACEN.
2.1. CONCEITO
1) Devolução do bem;
2) Renovação do contrato;
3) Compra do bem arrendado.
O arrendatário que faz a opção da compra deve pagar o chamado VRG (valor residual
garantido). Teoricamente, o VRG deveria ser pago somente ao final do contrato de leasing. No
entanto, na prática a situação é diferente. O que ocorre é a famosa cobrança antecipada do VRG,
que vem sendo feita de duas formas: Ou o VRG é diluído nas parcelas do arrendamento; ou a
empresa faz uma cobrança mensal à parte do VRG.
Atualmente, o posicionamento do STJ relacionado ao contrato de leasing está previsto na
Súmula 293:
1) Leasing financeiro;
2) Leasing operacional;
3) Lease back.
Vejamos:
Art. 5º da Resolução: O valor total das prestações do arrendamento tem que ser igual ao
valor do bem somado com uma lucratividade da empresa de leasing.
Exemplo: Leasing de Máquina de “Xerox”. Contrato de leasing com a própria empresa que
fabrica o equipamento.
Art.6º da Resolução: O valor total das prestações somadas NÃO PODE ser superior a
90% do valor do bem.
OBS: Há doutrina desatualizada falando em 75%. (estranho: está no site do BACEN 75%!)
64
O preço da opção de compra é o valor de mercado do bem (art. 6º, III da Res.).
Ao contrário dos demais, somente pessoa jurídica pode realizar (sendo arrendatária) o
leasing de retorno.
Exemplo: Indústria têxtil passando por crise. Em vez de fazer um empréstimo bancário, a indústria
pode fazer o ‘lease back’. A indústria vende o equipamento para a empresa de leasing (contrato de
compra e venda) e utiliza o valor obtido para se reerguer.
OBS: O lease back só é possível em duas operações: contrato de compra e venda ou dação em
pagamento. O bem só pode sair da titularidade da Pessoa Jurídica para a empresa de leasing por
meio de uma dessas operações.
Voltando ao exemplo: A indústria pega o dinheiro recebido com a venda e utiliza como capital
de giro. E para não ficar sem o equipamento, a indústria arrenda-o da empresa de leasing. Por isso
é leasing de retorno: o bem sai do patrimônio da PJ (por meio da venda ou dação) e retorna por
meio do leasing.
65
arrendamento com o
comprador, continuando na
posse direta.
Ex: determinada empresa Ex: Boeing Capital Corporation® Ex: em 2001, a Varig®, a fim de
(arrendatária) quer utilizar uma (arrendadora) celebra contrato de se recapitalizar, vendeu
nova máquina em sua linha de arrendamento para alugar cinco algumas aeronaves à Boeing®
produção, mas não tem aeronaves à GOL® (arrendatária) e os alugou de volta por meio
recursos suficientes para a fim de que esta utilize os aviões de um contrato de lease back.
realizar a aquisição. Por esse em seus voos. A arrendadora
motivo, celebra contrato de também ficará responsável pela
leasing financeiro com um manutenção dos aviões. O nome completo desse
Banco (arrendador), que negócio jurídico, em inglês, é
compra o bem e o arrenda para sale and lease back (venda e
que a empresa utilize o arrendamento de volta).
maquinário.
Ocorre que os §§ 1º e 2º do art. 3º do DL 911/69 não autorizam a purgação de mora, ou seja, não
permitem que o devedor pague somente as prestações vencidas.
Para que o devedor consiga ter o bem de volta, ele terá que pagar a integralidade da dívida, ou
seja, tanto as parcelas vencidas quanto as vincendas (mais os encargos), no prazo de 5 dias após a
execução da liminar.
Resumindo:
3.1. CONCEITO
67
Exemplos:
É uma ‘ESPÉCIE DE PROPOSTA’ por escrito do franqueador que deve ser fornecida ao
interessado em implantar o sistema de franquia empresarial. No art. 3º da Lei estão descritas todas
as cláusulas que obrigatoriamente devem constar na COF.
68
a) se é garantida ao franqueado exclusividade ou preferência sobre
determinado território de atuação e, caso positivo, em que condições o faz; e
b) possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços fora de
seu território ou realizar exportações;
XI - informações claras e detalhadas quanto à obrigação do franqueado de
adquirir quaisquer bens, serviços ou insumos necessários à implantação,
operação ou administração de sua franquia, apenas de fornecedores
indicados e aprovados pelo franqueador, oferecendo ao franqueado relação
completa desses fornecedores;
XII - indicação do que é efetivamente oferecido ao franqueado pelo
franqueador, no que se refere a:
a) supervisão de rede;
b) serviços de orientação e outros prestados ao franqueado;
c) treinamento do franqueado, especificando duração, conteúdo e custos;
d) treinamento dos funcionários do franqueado;
e) manuais de franquia;
f) auxílio na análise e escolha do ponto onde será instalada a franquia; e
g) layout e padrões arquitetônicos nas instalações do franqueado;
XIII - situação perante o Instituto Nacional de Propriedade Industrial - (INPI)
das marcas ou patentes cujo uso estará sendo autorizado pelo franqueador;
XIV - situação do franqueado, após a expiração do contrato de franquia, em
relação a:
a) know how ou segredo de indústria a que venha a ter acesso em função da
franquia; e
b) implantação de atividade concorrente da atividade do franqueador;
XV - modelo do contrato-padrão e, se for o caso, também do pré-contrato-
padrão de franquia adotado pelo franqueador, com texto completo, inclusive
dos respectivos anexos e prazo de validade.
Na COF deve constar, por exemplo, se existe algum conflito judicial quanto à marca, deve
constar o valor do investimento inicial, as obrigações da franquia (deve ter no mínimo 3 turnos de
funcionários, uniformes de tal maneira por exemplo...).
ATENÇÃO: De acordo com o art. 4º da Lei, o contrato de franquia só pode ser assinado
depois de 10 dias do recebimento da COF. É um prazo de reflexão do interessado.
OBS: Essa sanção também é cabível ao franqueador que veicular falsas informações na COF (art.
7º).
Lei 8.955/94 Art. 7º A sanção prevista no parágrafo único do art. 4º desta lei
aplica-se, também, ao franqueador que veicular informações falsas na sua
circular de oferta de franquia, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
69
Lei 8.955/94 Art. 6º O contrato de franquia deve ser sempre escrito e assinado
na presença de 2 (duas) testemunhas e terá validade independentemente de
ser levado a registro perante cartório ou órgão público.
Não se admite contrato VERBAL de franquia. Deve ser sempre escrito e celebrado na
presença de duas testemunhas. O contrato sem Registro Público é plenamente válido ENTRE AS
PARTES. Entretanto, para que o contrato produza efeitos perante terceiros é imprescindível o
registro no INPI, nos termos do art. 211 da Lei 9.279/96 (Lei de Propriedade Industrial), justamente
por envolver transferência de marcas e patentes.
Lei 9.279/96 Art. 211. O INPI fará o registro dos contratos que impliquem
transferência de tecnologia, contratos de franquia e similares para
produzirem efeitos em relação a terceiros.
TST: Aos contratos de franquia não se aplica a Súmula 331 do TST. Ou seja, o franqueador
não tem nenhuma responsabilidade sobre as dívidas trabalhistas do franqueado, nem mesmo
responsabilidade subsidiária.
3.4. RESPONSABILIDADE
70
4. CONTRATO DE FACTORING OU FOMENTO MERCANTIL
Não existe previsão legal para esse contrato. Por isso, que ao contrato de ‘FACTORING’
aplicam-se as regras de cessão de crédito do CC/2002 (arts. 286 e seguintes).
Apesar de não ter previsão legal, o contrato de factoring tem seu conceito dado pelo art. 17
da LC 123/06:
Factoring é o contrato que explora atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços
de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a
receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação
de serviços.
Quando ocorre essa cessão de crédito, deve-se atentar para a regra do art. 296 do CC. O
cedente (faturizado) não responde pelo pagamento do título (pro solvendo), apenas pela sua
existência (pro soluto). Essa é a diferença para o desconto bancário (outra espécie de contrato
empresarial).
OBS1 (Santa Cruz): há decisão recente no STJ permitindo no factoring o direito de regresso do
faturizador contra o faturizado, em caso de inadimplemento dos títulos cedidos se assim acordado
(como se fosse um endosso). Pro solvendo.
Ex.: a faturizada recebe inúmeros cheques pós-datados e duplicatas que somente vencerão daqui
a alguns dias, cada um em uma data diferente. Para evitar preocupações com esse controle das
datas e das cobranças, o empresário manda esses títulos para a factoring, que ficará responsável
por gerenciar esses créditos e fazer a cobrança nas datas de vencimento. Na data do vencimento
72
de cada título, a factoring paga o crédito ao empresário e vai cobrar dos devedores originários,
dispensando a faturizada desse trabalho.
4.3. JURISPRUDÊNCIA
73
No caso da sociedade que contrata uma empresa de factoring ela não pode ser
considerada consumidora por que:
5. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL
74
5.1. INTRODUÇÃO
Há autores que defendem que a representação e a agência são o mesmo instituto (Maria
Helena Diniz, André Santa Cruz), de forma que a Lei teria sido revogada pelo CC/2002.
Entre eles não há vínculo empregatício: trata-se de contrato empresarial, que pressupõe não
eventualidade.
CC Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não
eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta
de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona
determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua
disposição a coisa a ser negociada.
Vejamos:
75
5.3.1. Exclusividade de zona geográfica (art. 31 da Lei)
OBS: NÃO CONFUNDIR. Exclusividade na agência: Aplica-se o art. 711 do CC. Em QUALQUER
dos casos haverá presunção de exclusividade. Ou seja, o proponente (representado) não poderá
instituir outro agente naquela zona, tampouco o agente poderá representar outra empresa do
mesmo ramo.
Vejamos:
Lei 4.886/65 Art. 34. A denúncia, por qualquer das partes, sem causa
justificada, do contrato de representação, ajustado por tempo indeterminado
e que haja vigorado por mais de seis meses, obriga o denunciante, salvo
outra garantia prevista no contrato, à concessão de pré- aviso, com
antecedência mínima de trinta dias, ou ao pagamento de importância
igual a um terço (1/3) das comissões auferidas pelo representante, nos
três meses anteriores.
76
No contrato de AGÊNCIA, conforme o art. 720 do CC, esse aviso prévio sobe para 90 dias,
e pressupõe que já tenha transcorrido prazo compatível com a natureza do investimento (espécie
de prazo de fidelidade).
CC Art. 720. Se o contrato for por tempo indeterminado, qualquer das partes
poderá resolvê-lo, mediante aviso prévio de noventa dias, desde que
transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto do investimento
exigido do agente.
Parágrafo único. No caso de divergência entre as partes, o juiz decidirá da
razoabilidade do prazo e do valor devido.
Valor Indenização: Em não sendo observados esses prazos de aviso prévio, a outra parte
contratante fará jus à indenização de 1/12 do total já auferido como representante.
A rescisão antecipada do contrato sem justa causa dá ao agente direito à indenização (art.
27, §1º da Lei).
Valor da indenização: Média mensal da retribuição auferida até então VEZES metade dos
meses restantes para o fim do contrato.
OBS: Contrato de AGÊNCIA: O CC não fala nada em valores de indenização. E mais: Manda que
se aplique a legislação especial, qual seja, a lei de contrato de representação.
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