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Cap II: FUNDAMENTOS PSICO-BIOLOGICOS E HISTÓRICOS-CULTURAIS

DA MOBILIDADE SOCIAL

O termo mobilidade social refere-se ao movimento de indivíduos e grupos entre


diferentes posições socioeconómicas.

Os aspectos psicológicos sobre a mobilidade social podem ser interpretados no texto do


movimento Zeitgeist, aborda sinteticamente o contributo da Psicologia, como “a ciência
que lida com os processos mentais e comportamentais”, nomeadamente duas escolas de
pensamento: “Geneticistas” e “Behaviouristas”.

Através destas análises pretende-se compreender o comportamento humano. No que diz


respeito aos Geneticistas, o comportamento humano provém da hereditariedade e do
instinto. Os Behaviouristas, por outro lado, vêem o ser humano como condicionado pelo
ambiente em que se encontra inserido. Neste âmbito, a acção humana tem uma forte
componente experimental, sendo que esta é baseada na aprendizagem.

A este aspecto, refere-se que ambas as visões são importantes, na medida em que o
nosso instinto de sobrevivência tem uma componente fisiológica e genética, contudo o
meio em que vivemos condiciona a forma segundo a qual agimos para concretizar esse
objectivo.

Como exemplo importa-nos dizer que: “Se um indivíduo cresce num ambiente escasso,
muito pobre, com acesso limitado ao emprego, terá mais propensão para participar em
actividades ilegais para sobreviver, mais do que uma pessoa da classe média que tem
as necessidades básicas satisfeitas.

É importante ressaltar dois factores para a construção do conhecimento social: a


experiência fragmentada e o instrumento intelectual insuficiente. Estes necessitam de
uma organização e construção de um sistema em que se encaixem elementos distintos,
como, por exemplo, os vários subsistemas que envolvem as noções sociais. Assim,
segundo Delval (1994), os conhecimentos sociais podem pertencer a núcleos de
organização diferenciados, como os conflitos sociais e suas causas (ordem política -
guerra e paz, sistemas de governos, entre outros) e os que envolvem questões de papel
social, como os económicos (consumo, riqueza, mobilidade social).
Do ponto de vista psicológico, o conceito de mobilidade social foi estudado por Delval
(1994). Para o autor, a noção de mobilidade social tem uma dimensão psicogenética que
se constrói ao longo do desenvolvimento, contando com três níveis hierárquicos, com
características bem definidas, podendo ser assim resumidos:
 Trocas súbitas e pouco realistas - em que as crianças acreditam que a mobilidade
social ocorre mediante a acção livre e individual do sujeito e depende de seu
desejo ou azar;
 Trocas naturais - em que há um processo incipiente das causas que levam à
mobilidade social, sendo que o trabalho se converte na principal forma de trocas
sociais, ou seja, a mobilidade são de responsabilidade do indivíduo e depende de
seu esforço ou desempenho;
 Trocas possíveis - último e mais complexo nível por apresentar a capacidade do
raciocínio hipotético-dedutivo, na qual a mobilidade social passa a ser entendida
como algo que leva tempo, além de factores de ordem pessoal e social que
favorecem ou dificultam tal mobilidade. Neste nível, existe a possibilidade de
compreender as relações existentes entre sistemas sociais distintos, o que leva ao
entendimento da existência de obstáculos sociais e de uma avaliação mais
realista das possibilidades de mudança.

Cultura

Para SCALON (2001:04) No contexto de estrutura de classes a mobilidade é concebida


como movimento entre posições de classe dentro da estrutura social, no contexto
hierárquico a mobilidade é compreendida como o movimento dentro de uma hierarquia
social.

Para aqueles que seguem a primeira tradição, a mobilidade se refere ao movimento entre
posições sociais que são identificadas em termos de relações nos mercados de trabalho e
unidades de produção, para aqueles que seguem a segunda, mobilidade se refere ao
movimento de indivíduos entre grupos sociais ou agregados que são ranqueados de
acordo com critérios tais como prestígio de seus membros, status, recursos económicos,
etc.” (Erikson e Goldthorpe, 1993:31)
A mobilidade social intervem na socialização cultural dos individuos de uma
determinada sociedade, segundo PEREIRA, (1987.p.77) Processo de integração de um
indivíduo num grupo social a que pertence pela aprendizagem de regras, costumes,
hábitos, etc. Este processo inicia-se com o nascimento e prolonga-se com a vida de cada
indivíduo. Numa primeira fase, neste processo predomina-se a imitação e imposição,
O Homem começou a produzir sua cultura em mobilização social por necessidade de
adaptação que lhe veio permitir ultrapassar as suas deficiências físico-biológicas.

A herança cultural define-nos a partir do grupo ou sociedade a que pertencemos. Do


ponto de vista do filósofo Taylor, o conceito de identidade é inseparável do de cultura
porque cada sujeito é identificável através da sua cultura. Isso significa então, que
aquilo que nós somos não pode conceber-se sem termos em conta a nossa vida inserida
num determinado contexto cultural.

A construção de estrutura social da sociedade e para o entendimento através da


estratificação social, já que, na sociedade em que vivemos, os indivíduos se diferenciam
não só em relação a sua identidade sociocultural, senão também em relação a cidadania.
Ou seja, há uma desigualdade no acesso a bens, oportunidades, trabalho e recursos entre
os indivíduos.

Cap III: A MOBILIDADE SOCIAL E O SEU IMPACTO SOBRE A


ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

A mobilidade social inscreve-se nas análises de desigualdade, na medida em que


esclarece processos de cristalização ou redistribuição, permanência ou mudança nas
chances de alocação em posições da estrutura social.

Os factores hierárquicos tem maior poder, para quem tem menor poder formar essa
pirâmide de disparidade e restrições da sociedade. O sistema capitalista contribui
directamente para que este problema perdure, já que prega justamente a vantagem das
grandes empresas sobre os empregados.

As desigualdades podem ser entendidas como produto da distribuição


diferenciada de recursos socialmente valorizados, tais como conhecimento. Renda
monetária, propriedade, prestigio e poder politico. Uns dos mecanismos utilizados pelos
cientistas sociais para investigar essas desigualidades são as teorias e esquemas de
estratificação social. Estes oferecem subsídios para descrever a mineira como os
recursos se concentram entre diferentes grupos e classes sociais (GEHLEN &
MOCELIN, 2009).

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