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Faculdade de Ciências da Educação e Saúde- FACES

Curso de Educação Física

Eficiência e Vantagem Mecânica
Fabrício Carlo Garcia *
INTRODUÇÃO

Quando   tratamos   de   movimento   humano,   chamamos  eficiência   mecânica  a   relação 


objetiva   e   quantitativa   entre   o   trabalho   mecânico   realizado   e   o   gasto   energético   a   ele 
associado   (CAVANAGH,   1985).  Em  suma,   um  movimento   é   considerado   eficiente   quando 
realiza o máximo trabalho com o menor gasto energético possível.
Um trabalho pode ser maximizado quando usamos e conhecemos o sistema e os tipos 
de alavancas existentes; elas auxiliam na realização de trabalhos que a princípio pareceriam 
penosos ou até mesmo impossíveis. Na vida diária, seus princípios também são utilizados na 
produção de movimentos no corpo humano.
Mas o que são alavancas? Uma  alavanca é simplesmente um segmento rígido que é 
capaz de mover­se em torno de um ponto fixo. São três os componentes de uma alavanca:
a) ponto fixo que é chamado de ponto de apoio (PA);
b) força aplicada (F);
c) peso ou resistência (R)

Na figura acima, podemos perceber duas forças atuando sobre um ponto de apoio. 
Chamaremos F1  de resistência (R) e F2  de força aplicada (F). A distância entre o ponto de 
apoio   e  o  ponto   da  resistência  (segmento  D1)  é  chamada  de   braço  de  resistência  (BR); a 
distância entre o ponto de apoio e o ponto de aplicação da força (segmento D2) é chamada de 
braço da força (BF). Dessa forma, um trabalho é realizado quando temos F aplicado sobre R. 
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A alavanca é representada no corpo humano por um osso que pode movimentar­se 
ao   redor   de   um   ponto   de   apoio   formado   nas   superfícies   articulares;   o   esforço   que   faz   a 
alavanca funcionar é fornecido pela força da contração muscular, aplicada no ponto de sua 
união   ao   osso,   enquanto   que   a   resistência   pode   estar   tanto   no   centro   de   gravidade   do 
segmento movimentado quanto na do objeto a ser transportado ou erguido.
  Quanto   aos   tipos,   existem   três   ordens   ou   classes   de   alavancas,   cada   uma 
caracterizada pelas posições relativas do ponto de apoio, força e resistência. Vejamos cada 
uma delas:
a)  Alavanca   de   1ª   ordem   (Interfixa   ou   de  
Equilíbrio)  ­   caracterizada   por   apresentar   o 
ponto   de   apoio   (PA)   entre   a   força   (F)   e   a 
resistência   (R).   O   PA  pode   estar   situado 
centralmente, ou deslocado a favor da força ou 
da resistência; conseqüentemente, os braços de 
força (BF) e da resistência (BR) podem ser iguais, 
ou   um   pode   ser   maior   que   o   outro   em 
comprimento.
 
b) Alavanca de 2ª ordem (Inter­resistente ou de  

Força) ­ apresenta a resistência entre o ponto de 

apoio   e   a   força;   o   braço   de   força   (BF)   deve, 

portanto, sempre exceder o braço de resistência 

(BR) em comprimento.

c)  Alavanca   de   3ª   ordem   (Interpotente   ou   de  


Velocidade)  –   a  força   situa­se   sempre   entre   o 
ponto de apoio e a resistência; verifica­se que o 
braço da resistência (BR) excede então o braço 
de força (BF) em comprimento.

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VANTAGEM MECÂNICA

Quando entendemos o sistema de funcionamento das alavancas, podemos determinar 
a vantagem mecânica do movimento. Entende­se por vantagem mecânica (VM) a razão entre 
a força aplicada (BF) e a resistência (BR), sendo expressa assim: 

VM = BF / BR

Quando   o   braço   de   força   é   igual   ao   braço   de   resistência   em   comprimento,   será 


necessário   um   esforço   de   magnitude   igual   à   da   resistência,   para   deslocá­la.   Neste   caso 
nenhuma vantagem é ganha (BF=BR ⇒ VM=0), mas este tipo de máquina é útil para medir ou 
comparar pesos, como por exemplo, na balança comum.
Porém, se o comprimento do braço de força for maior do que o do braço da resistência, 
será   necessário   um   menor   esforço   para   conseguir   o   deslocamento   do   peso,   e   obter­se­á 
então uma vantagem mecânica (BF>BR ⇒ VM>1).
Obteremos vantagem mecânica em alavancas de 1ª ordem quando o ponto de apoio 
está mais próximo da resistência do que do esforço, configurando um braço de esforço maior.
Também   conseguimos   vantagem   mecânica   em   todas   as   alavancas   de   2ª   ordem, 
porém,   a   vantagem   mecânica   nunca   é   conseguida   em   alavancas   de   3ª   ordem,   porque 
apresentam o braço da resistência sempre maior do que o braço do esforço.
Nas alavancas onde encontramos o braço da resistência maior do que o braço de força 
observa­se uma desvantagem mecânica (BF<BR ⇒ VM<1); isso também ocorre nas alavancas 
de 1ª ordem, quando o ponto de apoio está mais perto do esforço do que da resistência.

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ALAVANCAS DO CORPO HUMANO
 
Exemplos de todas as três ordens de alavancas são encontrados no corpo humano, 
mas as de 3ª ordem são as mais numerosas.

a) Alavanca de 1ª Ordem ­ A característica desta ordem de alavancas é a estabilidade, e um 
estado de equilíbrio pode ser conseguido com ou sem vantagem mecânica.
Um exemplo deste tipo de alavanca 
é   demonstrado   durante   os   movimentos  F R
com   a   cabeça;   o   crânio   representa   a 
alavanca; as articulações atlanto­occipitais, 
o ponto de apoio. A resistência está situada 
anteriormente (face e mandíbula, somando­
se   a   força   da   gravidade);   o   esforço   é 
fornecido   pela   contração   dos   músculos 
PA
posteriores, na região cervical.
Um outro exemplo está nos movimentos de inclinação posterior ou retroversão da pelve 
com apoio nas cabeças femorais.
 
b) Alavanca de 2ª Ordem ­ Esta é uma alavanca de força, onde sempre deverá haver uma 
vantagem mecânica. É um tipo de alavanca incomum no corpo humano.
Essa   alavanca   acontece,   por 
exemplo,   quando   os   calcanhares   são  F
elevados do apoio para o indivíduo ficar na 
ponta   dos   pés.   Os   ossos   do   tarso   e   do 
R
metatarso são estabilizados para formarem 
a   alavanca,   o   ponto   de   apoio   está   na 
articulação metatarsofalangeana, e o peso 
do   corpo   é   transmitido   através   da 
articulação   do   tornozelo   aos   ossos   do  PA
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tarso. O esforço é aplicado na inserção do 
tendão calcâneo pela contração do tríceps­
sural.
 
c) Alavanca de 3ª Ordem ­ Este tipo de alavanca, na qual existe sempre uma desvantagem 
mecânica, é a alavanca de velocidade, onde a desvantagem em força é traduzida por uma 
vantagem em amplitude (alcance) e velocidade do movimento.

Um   exemplo   é   a   alavanca   no 


F
antebraço:   o   ponto   de   apoio   está   na 
articulação   do   cotovelo;   o   esforço   é 
fornecido   pela   contração   do   músculo 
braquial,   aplicado   em   sua   inserção;   e   o 
peso é algum objeto seguro na mão. Nota­
se   que   com   uma   pequena   quantidade   de 
esforço   muscular   podemos   provocar   um 
movimento  muito  mais  rápido   e  amplo  da  R
extremidade do segmento.
Outro exemplo, simples, é o da ação 
PA
dos   músculos   isquiotibiais   ao   flexionar   o 
joelho.

* Fabrício Carlo Garcia é professor 
da disciplina Pedagogia da Ginástica – UniCEUB
E­mail: fabricio.garcia@uniceub.br

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

CAVANAGH,  P. Kram R. (1985) ­  The efficiency of human movement ­ a statement of the 


problem. Medicine and Science in Sports and Exercise Nº 17(3): pp. 304­308

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