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Efésios 2.11-22
INTRODUÇÃO
Paulo explica aos efésios como eles foram feitos povo de Deus, Igreja do Senhor. Na
verdade, a carta se preocupa em mostrar, com mais detalhes, a construção da Igreja. O que é a
igreja, como se deu sua formação em aspectos espirituais, quais as suas responsabilidades e seu
novo modo de vida; uma vez que ela é a nova humanidade de Deus.
O texto dessa seção pode ser dividido em três partes, de acordo com Wiersbe: separação:
vv. 11-12, reconciliação: vv. 13-18 e unificação vv. 19-22. Vejamos o ensinamento de cada
uma dessas partes.
Os gentios permaneceram sem as bênçãos de Deus. Isso pode ser visto na quantidade de
negativas que o texto lhes atribui:
a) Sem Cristo. Os efésios adoravam a deusa Diana e, antes de ouvirem o evangelho, não
sabiam coisa alguma a respeito de Cristo.
Obs: Os que afirmam que as religiões pagãs são tão aceitáveis para Deus quanto a fé
cristã terão dificuldade em aceitar essa passagem, pois Paulo refere-se à situação dos
efésios sem Cristo como uma tragédia incontestável. No entanto, é importante ter
sempre em mente que todo indivíduo não salvo, quer judeu quer gentio, está "fora" de
Cristo e que isso representa condenação.
b) Sem cidadania. Deus chamou o povo de Israel e os constituiu em uma nação, à qual
ele deu suas leis e bênçãos. Um gentio podia passar a fazer parte de Israel como
prosélito, mas não nascia nessa nação tão especial. Israel era a nação de Deus em um
sentido que não se aplicava a nenhum povo gentio.
c) Sem alianças. Por certo, os gentios faziam parte da aliança de Deus com Abraão (Gn
12:1-3), mas Deus não fez aliança alguma com as nações gentias. Os gentios eram
"estrangeiros" e "forasteiros" - fato que o povo de Israel não permitia jamais que
esquecessem. Muitos fariseus costumavam orar diariamente: "Ó Deus, dou-te graças,
pois sou judeu, não gentio".
e) Sem Deus. Os pagãos tinham uma profusão de deuses, como Paulo descobriu em
Atenas (At 1 7:16-23). No entanto, por mais religiosos ou moralmente virtuosos que
fossem, os pagãos não conheciam o Deus verdadeiro.
Obs.: Convém observar que a situação espiritual dos gentios não foi causada por
Deus, mas sim pelos próprios pecados acintosos deles. Paulo afirmou que os gentios
conheciam o Deus verdadeiro, mas se recusavam deliberadamente a honrá-lo (Rm
1:18-23).
APLICAÇÃO
Israel deveria ser luz para os gentios, a fim de que estes também fossem salvos. Mas,
infelizmente, Israel tornou-se como os gentios e, por pouco, sua luz não se apagou. Esse fato
serve de advertência para a Igreja nos dias de hoje. É quando se parece menos com o mundo
que a Igreja pode fazer mais pelo mundo.
A palavra-chave desta seção é "inimizade" (Ef 2:15, 16); e podemos observar que é uma
inimizade dupla: entre os judeus e gentios (Ef 2:1 3-15) e entre os pecadores e Deus (Ef 2:16-
18).
Nesta passagem, Paulo descreve a maior missão de paz da história: Jesus Cristo não
apenas reconciliou judeus e gentios, mas também reconciliou ambos com ele próprio em um só
corpo, a Igreja.
A. A inimizade entre os judeus e os gentios (vv. 13-15). Deus fez distinção entre judeus
e gentios para cumprir seus propósitos de salvação. Mas, uma vez que esses propósitos foram
cumpridos, deixou de haver qualquer diferença. Na verdade, fazia parte de seu plano que tal
distinção fosse eliminada para sempre, o que ocorreu por intermédio da obra de reconciliação
realizada por Cristo.
Era essa lição que a Igreja tinha tanta dificuldade em compreender. Durante séculos, os
judeus haviam sido diferentes dos gentios - na religião, na maneira de se vestir, na alimentação
e nas leis. Até Pedro ser enviado aos gentios (At 10), a Igreja não teve problemas. Mas a
partir do momento em que os gentios começaram a ser salvos dentro dos mesmos termos que
os judeus, os conflitos começaram a surgir. Os cristãos judeus repreenderam Pedro por visitar
os gentios e comer com eles (At 11), e alguns representantes da Igreja reuniram-se para uma
assembléia importante visando determinar o lugar dos gentios dentro da Igreja (At 15). Um
gentio deveria passar a ser judeu antes de se tornar cristão? A conclusão a que chegaram
foi: "Não! Judeus e gentios são salvos da mesma forma: pela fé em Jesus Cristo". A
inimizade não existia mais!
A fim de judeus e gentios se reconciliarem, era preciso derrubar esse muro, e foi isso o
que Cristo fez na cruz. Jesus pagou com seu sangue para acabar de uma vez por todas com a
inimizade. Quando ele morreu, o véu do templo foi literalmente rasgado ao meio, e o muro de
separação foi (figurativamente) derrubado.
Ao cumprir os preceitos da Lei em sua vida justa e ao levar sobre si a maldição da Lei em
sua morte sacrificial (Gl 3:10-13), Jesus removeu as barreiras legais que separavam os judeus
dos gentios. Durante séculos, houve uma distinção entre eles, mas hoje "não há distinção entre
judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o
invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Rm 10:12, 13).
Judeus e gentios foram unidos em Jesus Cristo. "Ele é a nossa paz" (Ef 2:14). Por meio
de Cristo, os gentios que estavam longe foram aproximados (Ef 2:13,17). Assim, a obra de
Cristo redundou no fim da inimizade pela abolição da Lei e pela criação de um novo homem,
a Igreja, o corpo de Cristo.
B. A inimizade entre os pecadores e Deus (w. 16-18). Não era necessário apenas que os
gentios fossem reconciliados com Deus, mas também que tanto judeus quanto gentios fossem
reconciliados com Deus.
De acordo com Pedro, Deus "não estabeleceu distinção alguma entre nós [judeus] e eles
[gentios], purificando-lhes pela fé o coração [...]. Mas cremos que fomos salvos pela graça do
Senhor Jesus, como também aqueles o foram" (At 15:9, 11). A questão não era os gentios
passarem a ser judeus para se tornarem cristãos, mas sim os judeus reconhecerem que
eram pecadores como os gentios.
Um Deus de amor deseja reconciliar o pecador consigo, mas um Deus de santidade
deve certificar-se de que o pecado será julgado. Deus resolveu esse problema enviando seu
Filho para ser o sacrifício pelos nossos pecados, revelando, desse modo, seu amor e, ao mesmo
tempo, cumprindo os preceitos da justiça (ver Cl 2:13, 14).
Jesus Cristo é "a nossa paz" (Ef 2:14), ele "[fez] a paz" (Ef 2:15) e "evangelizou paz" (Ef
2:1 7). Em Cristo, judeus e gentios têm paz entre si e todos têm livre acesso a Deus (Rm 5:1, 2).
Isso nos traz à memória o véu que se rasgou quando Cristo morreu (Mt 27:50,51; Hb 10:14-
25). A reconciliação está consumada!
APLICAÇÃO
Nos últimos versículos deste capítulo, Paulo apresenta três retratos que ilustram a
unidade dos judeus e gentios dentro da Igreja.
A. Uma só nação. Essa "nova nação" é a Igreja, a "raça eleita [...] povo de propriedade
exclusiva de Deus" (Êx 19:6; 1 Pe 2:9). O pecado dividiu a humanidade, mas Cristo,
pelo seu Espírito, promove a unidade. Todos os cristãos, qualquer que seja sua origem
étnica, pertencem à nação santa e são cidadãos do céu (Fp 3:20, 21).
B. Uma só família. Por meio da fé em Cristo, passamos a fazer parte da família de Deus
e ele se torna nosso Pai. Essa família maravilhosa pode ser encontrada em dois
lugares, "tanto no céu como sobre a terra" (Ef 3:15). Os cristãos vivos estão aqui na
terra; os cristãos que morreram estão no céu. A despeito de todas as distinções raciais,
nacionais ou físicas que possuímos, somos todos irmãos e irmãs dentro dessa família.
C. Um só templo. O alicerce da Igreja foi lançado pelos apóstolos e pelos profetas do
Novo Testamento. Jesus Cristo é o Fundamento (1 Co 3:11) e a Pedra Angular (SI
118:22; Is 8:14). O Espírito Santo realiza essa obra pegando pedras mortas do poço do
pecado (SI 40:2), dando-lhes vida e colocando-as com todo amor no templo de Deus
(1 Pe 2:5). Esse templo é "bem ajustado" como corpo de Cristo (Ef 2:21; 4:16), de
modo que cada parte cumpre o propósito determinado por Deus.
APLICAÇÃO
Devemos olhar para nossa comunhão com Deus. De fato, como igreja estamos sendo
uma só nação? Estamos vivendo como uma família? E estamos sendo forjados como um só
templo de Deus?
CONCLUSÃO