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INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

Profa. Ana Tereza Coelho


DEFINIÇÃO
Se caracteriza pela ausência ou pela diminuição da
circulação sanguínea no coração, o que priva o miocárdio,
no local acometido, de oxigênio e de nutrientes

Lesões que podem levar a morte celular

Funcionamento do coração pode ser seriamente afetado.


FISIOPATOLOGIA
A interrupção do suprimento ou fluxo sanguíneo para o músculo
cardíaco é causada pela obstrução de uma artéria coronária
ou de um de seus ramos.

A obstrução é causada mais frequentemente pela formação de


um coágulo sanguíneo sobre uma placa aterosclerótica no
interior de uma das artérias coronárias.

Este trombo costuma ocorrer sobre uma placa aterosclerótica


que sofreu alguma alteração, como a formação de uma úlcera
ou a ruptura parcial da placa.
FISIOPATOLOGIA
Quando ocorre a ruptura da placa, existe
exposição de colágeno e fragmentos de tecido
conjuntivo da região subendotelial.

As plaquetas, células do sangue, se aderem e se


agregam ao local da ruptura. As plaquetas
liberam substâncias que desencadeiam o
processo de coagulação, resultando na formação
do trombo.
FATORES DE RISCO
Os fatores de risco para IAM estão associados a
ateroesclerose ou doença coronariana.

Os fatores de risco podem ser divididos em dois


grupos:

1 - Fatores de Risco Modificáveis ou Controláveis


2 - Fatores de Risco Não Modificáveis
FATORES DE RISCO
1 - Fatores de Risco Modificáveis ou Controláveis

– Colesterol alto
– Hipertensão arterial
– Tabagismo
– Excesso de peso
– Sedentarismo
– Diabetes Mellitus
FATORES DE RISCO
2 - Fatores de Risco Não Modificáveis

– Idade,
– História familiar ou predisposição genética.
SINTOMAS
O sintoma mais importante e típico do IAM é a dor
ou desconforto intenso retroesternal.
Frequentemente esses sintomas são
acompanhados por náuseas, vômitos, sudorese,
palidez e sensação de morte iminente.
A duração é caracteristicamente superior a 20
minutos.
Dor com as características típicas, mas com
duração inferior a 20 minutos sugere angina do
peito, onde ainda não ocorreu a morte do
músculo cardíaco.
SINTOMAS
É possível a ocorrência de IAM sem dor. Este é o
chamado infarto silencioso. Um infarto silencioso
só será identificado na fase aguda se, por um
eletrocardiograma ou uma dosagem de enzimas
cardíacas for feita enquanto ele ocorre.

Naqueles em que a área necrosada supera os


40% da massa ventricular esquerda têm alto risco
de evoluírem com Insuficiência cardíaca, edema
agudo de pulmão e choque cardiogênico.
SINTOMAS

IV Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST. Arq. Bras.
Cardiol. [Internet]. 2009 [cited 2016 Sep 19] ; 93( 6 Suppl 2 ): e179-e264. Available from:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2009001400001&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2009001400001.
DIAGNÓSTICO
A Organização Mundial de Saúde determina que
para o diagnóstico de IAM é necessária a
presença de critérios diagnósticos em três
áreas:

1 - Clínica
2 - Eletrocardiográfica.
3 - Bioquímica
DIAGNÓSTICO
Exame físico:

• A pressão arterial geralmente é normal.

• Na ausculta cardíaca os ruídos estão abafados,


sendo a quarta bulha um achado frequente. A
terceira bulha relaciona-se com a gravidade da
disfunção ventricular.
DIAGNÓSTICO
Classificação de Killip:
– Killip I - sem dispnéia, terceira bulha ou estertoração
pulmonar. Mortalidade = 6%.
– Killip II – dispneia, terceira bulha, pressão venosa
jugular elevada e estertoração pulmonar. Mortalidade
= 17%.
– Killip III - edema agudo de pulmão. Mortalidade =
38%.
– Killip IV - choque cardiogênico ou hipotensão arterial
(PAS < 90) e evidência de vasoconstrição periférica
(cianose). Mortalidade = 81%.
ECG normal

Miocárdio Íntegro

Elevação de ST

Inversão de onda T
Infarto Recente

Infarto antigo Onda Q importante


DIAGNÓSTICO

• Dosagem de enzimas cardíacas: quando as


células do músculo cardíaco começam a
morrer, há a liberação de uma grande
quantidade de enzimas cardíacas na circulação
sanguínea. Por isso faz-se a dosagem dessas
enzimas para diagnosticar o infarto.
DIAGNÓSTICO
Creatinofosfoquinase (CK) e Fração MB da Creatinofosfoquinase (CK-MB).
A CK-MB é mais específica para diagnóstico de necrose miocárdica, sendo
sua curva característica, obtida pela dosagem seriada, padrão para
diagnóstico de IAM. Eleva entre 3-6h após início do IAM com pico entre
16-24h. Normaliza entre 48-72h

Troponinas T e I - não são detectadas em indivíduos normais, sendo que


sua elevação, mesmo mínima, pode significar algum grau de lesão
miocárdica (microinfartos). Uma dosagem negativa de troponina não
afasta diagnóstico de IAM, devendo-se repetir essa avaliação após 10 a
12 horas do inicio dos sintomas. Eleva-se entre 4-8h, com pico entre 36-
72h e normaliza entre 5-14dias.

Mioglobina – varia com idade, sexo e etnia. É liberada rapidamente pelo


miocárdio lesado, eleva-se entre 1-2h após IAM; pico: 6-9h e normaliza
entre 12-24h.
DIAGNÓSTICO
• Angiografia coronariana: passagem de um cateter
através de um vaso sanguíneo (cateterismo), que
visa mapear e estudar a circulação coronariana
do coração. Caso este procedimento identifique
uma obstrução coronariana, pode se feita uma
angioplastia no mesmo momento para
desobstruir a coronária e restaurar o fluxo
sanguíneo normal para o coração. Algumas vezes,
durante a angioplastia, pode ser necessária a
colocação de um “stent” (um pequeno tubo em
forma de mola) para manter a artéria coronária
aberta e desobstruída.
Complicações Pós IAM

• Arritmias cardíacas
• Distúrbios de condução ou bloqueios
• Insuficiência cardíaca
• Disfunções das válvulas cardíacas
• Pericardiopatias
• Tromboembolia pulmonar
• Tromboembolia sistêmica
• Choque cardiogênico
TRATAMENTO
• Visa:
Prevenir e limitar os danos causados ao músculo
cardíaco.
Médico ao suspeitar de IAM, inicia as seguintes medidas:
- Oferta de O2: para melhor oxigenação no músculo
cardíaco;
- Aspirina: para prevenir formação de trombos ou
coágulos sanguíneos;
- Nitroglicerina: trata-se de um medicamento utilizado
para reduzir a sobrecarga de trabalho do coração e
melhorar o fluxo de sangue pelas artérias coronarianas.
TRATAMENTO
Medicamentos mais utilizados:
-Trombolíticos: medicações que dissolvem o trombo ou
coágulo no interior das coronárias;
-Beta-bloqueadores: diminuem a sobrecarga do coração.
-Inibidores da enzima de conversão da angiotensina
(IECA): controlam a pressão arterial e reduzem a tensão
do músculo cardíaco;
-Anticoagulantes: previnem a formação de trombos ou
coágulos;
-Antiagregantes plaquetários: também previnem a
formação de trombos.
Outras medicações para reduzir a dor, ansiedade ou tratar
arritmias.
TRATAMENTO
• Angioplastia e procedimentos do tipo Ponte
de Safena (a safena é transplantada para o
coração no lugar da artéria coronária
obstruída). Este procedimento de transplante
de vasos sanguíneos para substituir a artéria
coronária, que está obstruída, pode ser feito
também com artérias mamárias (do tórax) e
artérias radiais (dos antebraços).
A – Ponte de veia safena (roxo) implantada desde a aorta até o
trecho após a obstrução da artéria coronária (preto). B – Ponte de
artéria mamária interna esquerda implantada no trecho após a
obstrução da artéria coronária.
Reabilitação Pós IAM
OBJETIVOS:
1) restaurar à sua melhor condição fisiológica,
social e laborativa pacientes com doença cardiovascular;
2) Prevenir através de exercícios, a progressão, ou
reverter o processo aterosclerótico, nos pacientes
coronariopatas, ou em alto risco de vir a desenvolver
doença obstrutiva coronariana;
3) reduzir a morbi-mortalidade cardiovascular e melhorar
da sintomatologia de angina de peito em coronariopatas.

Isto é aumentar a quantidade e a qualidade de vida.


Reabilitação Pós IAM
Reabilitação pode ser dividida em 3 fases:
• Fase I - aguda, as atitudes de reabilitação tomadas durante
o período compreendido desde o início do evento
coronário até a alta hospitalar;
• Fase II - corresponde àquelas desenvolvidas no período
entre a alta hospitalar e o período de 2 a 3 meses após o
infarto;
• Fase III - Recuperação e manutenção, compreende os
procedimentos após o 3º mês após IAM

Estes períodos podem ser variáveis, de acordo com


a situação clínica de cada paciente
Fase I: Mobilização Precoce/ Exercícios de baixa
intensidade/ Duração máxima 20 min./e 2x ao dia
Programa de reabilitação intra-hospitalar (fase I) pós-infarto do miocárdio

Nível 1 - Primeiros 2-3 dias na Unidade de Tratamento Intensivo


Sentar no leito, balançar as pernas, sentar na cadeira ao lado do leito
Posição ortostática assistida ao lado do leito
Exercícios passivos no leito
Alimentação sem ajuda; evacuar sentado ao lado do leito
Banho no leito, higiene pessoal sem ajuda no leito

Nível 2 - De 3 a 5 dias na Unidade Intermediária ou de Internação


Movimentação ativa de todas as extremidades
Sentar na cadeira conforme a tolerância
Deambulação assistida no quarto
Utilização assistida do banheiro, inclusive banho assistido

Nível 3 - De 4 a 8 dias na Unidade de Internação


Caminhar no corredor, chegando até 90-100m 2x/dia
Descer um lance de escadas, retornando de elevador
Utilização independente do banheiro
Reabilitação Pós IAM
• Durante as atividades da Fase I, devemos estar
atentos para sinais e sintomas como angina,
dispnéia, tonturas, sinais de baixo débito e
arritmias.

• Recomenda-se que o pulso não aumente mais do


que 20bpm em relação ao repouso. Da mesma
forma, a pressão arterial sistólica deve ser
observada, evitando-se hipotensão postural
Reabilitação Pós IAM
Fase II
As atividades permitidas e os exercícios preconizados são
determinados com base na capacidade funcional útil, isto
é, o consumo de oxigênio ou seu equivalente em
unidades metabólicas (METS) atingidos antes de surgirem
sintomas, alterações hemodinâmicas e ou alterações
eletrocardiográficas no teste ergométrico.

A maior frequência cardíaca permitida nas atividades


físicas e nos exercícios prescritos será aquela atingida ao
se estabelecer a capacidade funcional útil.
Fase II
• Aquecimento

- 5 a 15 min
- Alongamento de musculatura MMSS + MMII +
coluna lombossacra
- Caminhada de 3 a 5 min
- Exercícios respiratórios
Fase II
• Condicionamento

- 20 a 30 min.
- Exercícios aeróbicos com ou sem peso
- Corrida/bicicleta estacionária/esteira
Fase II
• Relaxamento

- 5 a 10 min.
- Exercícios respiratórios
- Alongamento estático
- Exercícios leves.
Fase III

Segue os mesmos princípios da Fase II, podendo


ser aumentada a intensidade do exercício e em
algumas vezes, até mesmo liberar o paciente
para realizar o exercício sem supervisão
Fase III
Não indicamos realização sem supervisão para indivíduos
que apresentarem as seguintes condições:
a) não incremento ou queda da pressão arterial sistólica
ao esforço e elevação da diastólica >110mmHg;
b) cardiomegalia com sinais de insuficiência cardíaca;
c) modificações no ECG com o desenvolvimento de
arritmias complexas;
d) presença de angina concomitante à isquemia do
miocárdio (infradesnível do segmento ST >1,0mm em
relação ao basal) e/ou com capacidade funcional útil
<5 METS.
Fase III
Os pacientes enquadrados em grupo de baixo risco
podem ser orientados para andar em ritmo moderado ou
rápido no plano, durante 30-60min, pelo menos 5 vezes
por semana (equivalente a aproximadamente 3 ou 4
METS). Outras atividades físicas podem ser incluídas de
acordo com os objetivos, condições clínicas e a existência
de locais e pessoal qualificado. Deve-se observar
contudo, que estes pacientes demandam uma menor
periodicidade na reavaliação clínica (consultas) e
funcional (testes ergométricos) para ajuste da prescrição
e melhor acompanhamento de sua doença do que
aqueles que freqüentam programas formais de
reabilitação cardíaca.

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