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KAISER, Walter C.; Moisés Silva. Introdução à hermenêutica bíblica: como ouvir a
Palavra de Deus apesar dos ruídos de nossa época. Tradução: Paulo C. N. dos Santos;
Tarcízio J. F. de Carvalho; Susana Klassen. 3ª Ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2014. 288 p.
1 Resenha apresentada como requisito para obtenção de nota parcial da disciplina Hermenêutica, ministrada pelo professor
Felipe Prestes.
2 Aluno do 5º período do Curso Livre de Teologia da Escola Teológica Charles Spurgeon.
4
Disponível in < https://en.wikipedia.org/wiki/Walter_Kaiser_Jr.> acesso 28 mai 2018.
5
Disponível in < https://pt.wikipedia.org/wiki/Moisés_Silva.> acesso 28 mai 2018.
argumenta sobre a necessidade de se lançar mão da hermenêutica bíblica em virtude de a
Bíblia ser um livro não somente divino, mas também humano. Isto é, por ter sido escrita em
uma língua que não é a nossa, num tempo distante, e num contexto diferente, precisamos da
exegese gramático-histórica para compreender o texto das Escrituras. Assim, o leitor é
convencido da importância da disciplina para quem deseja de forma séria entender e aplicar o
texto das Escrituras, bem como qualquer outro texto.
De maneira muito interessante, esse autor encerra o capítulo trazendo algumas
premissas, ou princípios, que precisamos ter em mente quando deparamos com a tarefa de
interpretar a Bíblia, quais sejam: 1) ninguém conhece os pensamentos de Deus, a não ser o
Espírito de Deus; 2) a essência da revelação de Deus – a verdade – é compartilhada por todos
os que creem; 3) a mensagem de Deus para nós é consistente; e 4) uma interpretação
satisfatória da Bíblia requer uma predisposição submissa.
Em seguida, Walter Kaiser aborda a questão do sentido do significado, tocando
nos pontos principais dos críticos literários modernos, como Gadamer, Ricoeur e Hirsch, para
então dialogar com as diversas acepções de “significado”, concluindo que na verdade não
devemos isolar nenhuma delas, mas entender a função de cada acepção e utilizá-las de
maneira reunida, num modo holístico de olhar para o texto.
Antes de iniciar a discussão sobre de que maneira os textos devem ser entendidos
dentro dos seus gêneros literários, Moisés Silva aborda a importância do conhecimento das
línguas originais para a compreensão do texto bíblico, mas chama a atenção para o erro de se
achar que as traduções não são confiáveis. Ainda nesse sentido, ele enfatiza a necessidade de
se concentrar no contexto, o que será uma tônica ao longo de toda a obra.
A segunda parte, a maior do livro, trata sobre a busca do sentido do texto bíblico
segundo os gêneros literários em que se apresentam. Assim, os autores abordam os princípios
a serem observados quando estamos lidando com narrativas, poesia e literatura de sabedoria,
evangelhos, epístolas e profecias. Essa seção, composta de cinco capítulos, é marcada por
concisão e objetividade, haja vista que é, de certa forma, a parte mais prática no que concerne
à interpretação da Bíblia.
A parte 3 trata dos aspectos mais relacionados à reação que os leitores devem ter
ao estudarem a Bíblia. Deste modo, são abordados o uso devocional, cultural, e teológico do
texto bíblico. Certamente essa seção diz respeito à parte final do estudo bíblico, que é a
aplicação do significado obtido a partir do emprego dos princípios anteriormente aprendidos.
Essa parte foi toda escrita pelo dr. Kaiser, que demonstrou muito cuidado para tratar sobre o
tema, trazendo os princípios adequados à aplicação, inclusive abordando conceitos
conhecidos, mas não completamente compreendidos, como analogia da fé e analogia das
escrituras.
A última parte, como já ventilado, trata sobre a história da interpretação,
perpassando por uma abordagem das visões contemporâneas, e por uma defesa da
hermenêutica de João Calvino, num capítulo muito bem escrito por Moisés Silva. Por fim,
Walter Kaiser apresenta suas considerações finais onde, ainda numa perspectiva mais
histórica, enfatiza a importância da aplicação no processo interpretativo, concluindo que “o
trabalho mais importante e necessário em nossos dias é o de se encontrar verdadeiras
aplicações que não extrapolem o que Deus revelou nos princípios de sua Palavra” (p. 272).
A obra ainda conta com um sucinto glossário, onde palavras mais técnicas e
recorrentes no livro são definidas. Além disso, ainda há um índice de passagens bíblicas, de
nomes, e um remissivo, muito úteis ao leitor.
Algo que chamou a atenção de maneira muito positiva foram as sínteses que se
apresentam antes de cada capítulo, que indicam de maneira precisa o assunto que será
abordado, preparando o leitor para o texto, e servindo ainda de uma boa revisão após a
término da leitura do capítulo.
No tocante à apresentação editorial do livro, há algumas ressalvas, visto que
apesar de se tratar de obra bem-acabada, com uma capa bem elaborada (ainda que em nada se
assemelhe à original na edição em inglês), poderia contar com o texto distribuído em mais
páginas e com a capa dura, assim como a original. Ainda no que concerne a esses aspectos,
vale ressaltar que foram identificados pouquíssimos erros de grafia, revelando que foi
realizado um bom trabalho de revisão.
A obra em comento se apresenta como uma ótima introdução à disciplina de
hermenêutica, como o próprio título indica. Certamente o leitor será beneficiado com as
noções fundamentais para se interpretar o texto bíblico, evidentemente sendo necessária a
busca em outras fontes no caso de o estudante desejar se aprofundar mais na ciência
interpretativa.
Por tratar-se de um livro bastante acadêmico, ainda que a linguagem não seja
inacessível, é altamente indicado para seminaristas, sendo um ótimo livro-texto para a
disciplina de hermenêutica.