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Como a escolha de uma música pode mudar o


seu dia

19/01/2016

“Chuvinha” de neurotransmissores
A atriz coadjuvante de nossas vidas é sempre ela: a música. Estou certa? Ou poderíamos
fazer a tentativa de imaginar o mundo sem ela?

“Canta canta minha gente, deixa a tristeza pra


lá, canta alto, canta forte, que a vida vai melhorar.”
Martinho da Vila

Imagine-se em atividades em que precise colocar motivação e empenho: faxina da casa,


limpeza do carro ou exercícios na academia. Certamente tudo fica mais prazeroso ao
som da música de que você tanto gosta. Mas, por outro lado, imagine-se acordando
desanimado. Saiu de casa e encontrou alguém que lhe conta algo triste, e, para
completar, liga o rádio e está tocando justamente aquela música melancólica que o faz
lembrar do amor que não deu certo, de brigas com pessoas que tanto ama, do trabalho
cansativo? Sem perceber, você acaba transformando algo que já não estava bom em pior
ainda! E tem gente que ainda diz: era a música perfeita para o meu dia…

Nada disso, nada de aumentar o sofrimento. Vamos refletir sobre o assunto: por que a
música exerce tamanha influência sobre nossos sentimentos? Caso nunca tenha se
perguntado sobre isso, saiba que pesquisadores descobriram que a música tem a
capacidade de aumentar ou diminuir a produção de neurotrofinas (proteínas responsáveis
pela sobrevivência, desenvolvimento e funcionalidade dos neurônios) afetando, assim, o
funcionamento do sistema nervoso. O sistema das neurotrofinas é capaz de regular
processos celulares vitais como a liberação de neurotransmissores, tais como a dopamina
e a noradrenalina. A dopamina é um neurotransmissor relacionado ao prazer, bem estar e
recompensas, enquanto que a noradrenalina nos proporciona excitação física, mental, e
bom humor.

Assim como palavras são gatilhos que fazem pensar em determinadas situações, sons ou
imagens, a música faz isso com maior abrangência, visto que ela ativa diversas regiões
cerebrais ao mesmo tempo, envolvendo áreas responsáveis por interpretar as diferentes
alturas, timbres, ritmos e modulação do sistema de prazer e recompensa envolvidos na
experiência musical.
De acordo com Tolstói (1889 apud Miranda,
2013): A música obriga a esquecermo-nos da
nossa verdadeira personalidade, transporta-
nos a um estado que não é o nosso. Sob a
influência da música temos a impressão de que
sentimos o que não sentimos; que
compreendemos o que na realidade não
compreendemos; que podemos o que não
podemos[…] A música transporta-nos, de
surpresa e imediatamente, ao estado de alma
em que se encontrava o artista no momento da

Fonte: www.thestar.com
criação, confundimos a nossa alma com a dele
e passamos de um estado a outro sem saber
por que o fazemos.

Quanto maior a sensação de prazer relacionada a uma música, maior é a liberação de


dopamina ou noradrenalina e, dessa forma, maior será a quantidade de associações que o
nosso cérebro realiza com a mesma. A música pode alterar o nosso estado fisiológico
através dos sistemas nervoso e neuroendócrino.

Portanto, se você almeja um dia agradável, ouça músicas que lhe despertem sensações
que promovam o seu bem estar. Do mesmo modo, quando pensamos em questões de
aprendizagem, a música pode ser um aliado altamente eficaz. Por exemplo: que tal
começar a aula com uma boa música? Automaticamente, os alunos estão sendo
preparados para a recepção do conteúdo, pois relaxam, ficam mais descontraídos (o que
promove a interação professor e aluno). Ouvir música exige o desenvolvimento da
capacidade de concentração, além de promover a criatividade, pois sensibiliza o aluno.
Outra alternativa é solicitar que eles componham músicas relacionadas ao conteúdo da
disciplina. Com isso, há muito maior aprendizagem, pois eles terão que utilizar os
conhecimentos prévios e evidenciá-los através das habilidades de leitura, escrita,
interpretação, ritmo, entonação de voz, e por aí adiante. Portanto, dentro do contexto
educacional, determinados tipos musicais trazem o benefício de ampliar e facilitar a
aprendizagem.

Seja por motivos pessoais, na execução de uma atividade ou situação de aprendizagem,


o importante mesmo é seguir a ordem do poeta, mas com o entendimento de que ao
“cantar, alto e forte, a vida vai melhorar”, pois “chuvinhas” de substâncias prazerosas
estarão modulando o cérebro e, consequentemente, todo o seu organismo.

Referências:

1. MIRANDA, Matheus. A música e as emoções. Disponível online em:


2. MUSZKAT, Mauro. Música, Neurociência e Desenvolvimento
humano. http://migre.me/oNlcG

Tags: música , Neurotransmissores

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