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Resumos de Direito das Sucessões

2TA – 2020/2021
BRUNO FILIPE ANTUNES FERREIRA
Este estudo centra-se nas obras “Direito das Sucessões” do prof
Luís Menezes Leitão. Como tal, todas as referências não
desenvolvidas serão adereçadas a esses manuais, bem como todas
as opiniões doutrinárias não referenciadas.
Para além do mais, muito do que aqui está escrito não são palavras
originais mas sim excertos do manual.
A estrutura deste estudo espelha a estrutura dos manuais

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Índice
Parte I – O Direito das Sucessões.............................................................................3
Capítulo I – Introdução ao Direito das Sucessões................................................3
2. Objeto e características do Direito das Sucessões.......................................3
3. Os diversos sistemas successórios...............................................................3
Capítulo III – Princípios Gerais do Direito das Sucessões...................................5
2. O princípio da propriedade privada.............................................................5
3. O princípio da proteção da instituição familiar...........................................5
4. O princípio da autonomia privada...............................................................5
Parte II – A sucessão em geral..................................................................................6
Capítulo IV – Conceito de Sucessão....................................................................6
1. O conceito jurídico de sucessão...................................................................6
2. Sucessão e transmissão................................................................................6
3. A sucessão em vida e a sucessão por morte.................................................7
4. Análise de alguns casos duvidosos..............................................................7
Capítulo V – A morte como pressuposto da sucessão.........................................9
1. A morte natural como pressuposto da sucessão...........................................9
2. A declaração de morte presumida..............................................................10
3. As curadorias provisória e definitiva.........................................................10
Capítulo VI – O objeto da sucessão...................................................................11
1. Direitos abrangidos pela sucessão.............................................................11
2. Direitos excluídos da sucessão..................................................................11
3. Exame de alguns casos duvidosos.............................................................11
Capítulo VII – Categorias de sucessores............................................................12

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1. A distinção entre herdeiro e legatário.......................................................12
2. Diferenças de estatuto entre herdeiro e legatário.......................................13
Capítulo VIII – A designação sucessória...........................................................15
1. Conceito de designação sucessória...........................................................15
2. Factos designativos....................................................................................16
3. Hierarquia dos factos designativos............................................................16
4. A situação jurídica dos sucessíveis designados em vida do autor da sucessão. 17
Capítulo IX – A abertura da sucessão................................................................18
1. Generalidades.............................................................................................18

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autor da sucessão escolher livremente os seus sucessores, mesmo em
prejuízo dos seus familiares mais próximos.
Este sistema vigor principalmente nos países da common law e, em
menor medida, nos países europeus continentais que estabelecem
restrições muito limitadas à liberdade de testar (e.g. Espanha e
Parte I – O Direito das Sucessões. Alemanha).
Capítulo I – Introdução ao Direito das Sucessões. Podemos admitir que nestes sistemas pretende-se assegurar a
2. Objeto e características do Direito das Sucessões. manutenção dos bens na esfera privada, evitando que eles sejam
adquiridos pela coletividade.

O direito das sucessões regula o fenómeno da sucessão por morte e a 3.3. Sistema Familiar.
transmissão das situações jurídicas dela resultantes. Esse processo
abrange as seguintes fases: abertura da sucessão, a vocação ou
chamamento dos sucessíveis, a jacência da herança, a aceitação ou Provém da ideia de um património familiar, limitando, em benefício
repúdio, a administração da herança e a sua liquidação ou partilha, dos familiares mais próximos, a liberdade de o autor da sucessão
sendo normalmente apenas com a partilha que se pode considerar dispor dos seus bens por morte, uma vez que uma parte do
encerrado o fenómeno sucessório. património é reservada aos herdeiros legitimários.

O direito das sucessões ainda regula a fase pré-successória Embora, nos direitos atuais essa formulação tenha desaparecido,
denominada de designação sucessória, que permite determinar os grande parte dos ordenamentos mantém, através da sucessão
sucessíveis que irão ser chamados aquando da morte do de cuius. legitimária, como princípio a proteção da família do autor da
sucessão.
3. Os diversos sistemas successórios.
3.4. Sistema Socialista.
3.2. Sistema individualista ou capitalista.
Este sistema procura assegurar a aquisição pelo Estado de grande
Baseado na propriedade privada e na autonomia individual encontra- parte do património do autor da sucessão, seja através do
se uma ampla liberdade de disposição de bens por morte, podendo o reconhecimento do próprio Estado como herdeiro, seja através do

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estabelecimento de uma elevada tributação em caso de aquisição de possibilidades de impedir a vocação são extremamente reduzidas, o
bens por via hereditária. que só pode ocorrer através dos institutos da indignidade (2034.º) e
da deserdação (2166.º)
O único exemplo histórico de abolicação de sucessão por morte
ocorreu na Rússia Soviética, no entanto teve uma vigência muito A concessão ao sistema socialista resulta da existência de um
curta e pouco efetiva. imposto de selo em caso de sucessão por morte e do Estado ser
considerado como sucessível, logo a seguir aos colaterais até ao
A mantuenção da sucessão por morte em regimes tão hostis à
quarto grau. Tal entendimento resulta da necessidade de encontrar
propriedade privada tem sido explicada pelo facto de essa sucessão
sempre um sucessor para evitar a colocação de bens no abandono.
libertar o Estado do oneroso dever de promover uma ajuda social
imediata aos familiares das pessoas falecidas, consolidar a união Capítulo III – Princípios Gerais do Direito das
familiar, desempenhar uma função educativa e de não discriminar os
Sucessões.
nacionais relativamente aos estrangeiros, cujas leis pessoais lhes
reconheciam direitos sucessórios. 2. O princípio da propriedade privada.
3.5. O sistema português
Este princípio, como é evidente, exerce a função de permitir a
manutenção dos bens na esfera dos privados, evitando a extinção
O sistema português qualifica-se como um sistema principalmente desses direitos ou a sua apropriação pelo Estado em caso de
individualista, no entanto, com algumas concessões aos sistemas falecimento do seu titular, daí a inclusão do princípio sucessório na
familiar e socialista, pelo que poderá-se dizer que se enquadra como tutela constitucional da propriedade, 62.º/1 CRP.
um sistema misto.
Não seria possível conceber a propriedade privada, entendida como
A preponderância do sistema individualista encontra-se na ampla direito perpétuo, 1307.º/2, sem nela incluir a faculdade de
liberdade de testar, sempre que não existam herdeiros transmissão dos bens por morte. Disto temos Pamplona Corte-Real
legitimários. que caracteriza esse direito como corolário da propriedade privada e
Fernando Nogueria que enquadrava-o como “expressão da vontade
A relevância do sistema familiar resulta da reservad de uma parte
coletiva que aponta no sentido de que os bens que pertenceram em
considerável da herança em benefício dos herdeiros legitimários a
vida a qualquer cidadão não revertam a favor do Estado”.
qual não pode ser afetada pelo autor da sucessão através da
disposição dos seus bens em vida ou por morte (2156.º e ss). As

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3. O princípio da proteção da instituição familiar. cônjuges, dilatando assim consideravelmente o elenco dos pactos
sucessórios renunciativos.

Um fator importante no Direito das Sucessões é a instituição Parte II – A sucessão em geral.


familiar, cuja se encontra constitucionalmente protegida nos
dispostos dos arts. 36.º e 67.º CRP. Uma das formas pelas quais o Capítulo IV – Conceito de Sucessão.
Estado assegura essa proteção é através na instituição da sucessão
1. O conceito jurídico de sucessão.
legal (2133.º), e especificamente assegurada por virtude da
instituição legítima (2156.º).
Encontramos, no 2024.º a definição legal de sucessão, pese embora
Atualmente o regime legal de tutela sucessória da instituição familiar
esta ter vindo a ser bastante criticada. As críticas cingem-se aos
parece estar em grande desconformidade com a realidade social.
seguintes argumentos:
Parece bastante controversa a posição privelegiada do cônjuge
enquanto herdeiro legítimo e legitimário, especialmente se se i. Restringe o conceito à sucessão por morte e, por extensão, às
considerar que a mesma é independente do relacionamento do pessoas singulares. No que toca a estas existem mais
cônjuge com o de cuius e a duração do casamento. situações de sucessão para além das por morte. Em contraste,
nas em vida podemos encontrar a sucessão singular nas
4. O princípio da autonomia privada. dívidas (595.º), a sucessão na posição jurídica de senhorio
(1058.º) ou a acessão na posse em consequência de uma
Está aqui em causa a possiblidade de celebrar negócios jurídicos sucessão por título diverso da sucessão por morte (1256.º).
mortis causa, podendo estes ser unilaterais, como o testamento, ou ii. O 2024.º apenas se refer a um aspeto da sucessão por morte:
bilaterais, como os pactos sucessórios. o da vocação sucessória. Efetivamente, a sucessão por morte
constitui um fenómeno jurídico complexo que é composto
A autonomia privada é assegurada, neste ramo do Direito, pelo por várias fases. Assim, ainda em vida do autor, já existe
testamento, negócio unilateral e revogável (2179.º), já os pactos uma indicação das pessoas que lhe podem suceder através da
sucessórios excluem a possibilidade de revogação (2028.º). designação sucessória. Depois ocorre a abertura da
Este princípio veio a ser reforçado pela lei 48/2018, de 14 de Agosto sucessão, que se verifica no momento e no lugar do
que veio a admitir a renúncia aos direitos sucessórios por parte dos falecimento (2031.º) e que institui a vocação sucessória –
atribuição a alguém do direito de suceder, ou seja, de aceitar

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ou repudiar a herança ou legado, podendo ser encarada A sucessão como uma forma de trasmissão, ou seja, em
através de duas vertentes: a vertente pessoal, através da certos casos uma pessoa toma a posição de outra de tal
designação das pessoas que têm o direito de suceder maneira que fica com os seus direitos como se for a ela
(chamamento) e a vertente patrimonial, através da atribuição própria, sem verdadeiramente os adquirir, sem se interpor
das correspondentes situações jurídicas patrimoniais um fenómeno de transmissão.
(devolução), a ambas se referindo o 2024.º. Cabendo, por iii. Concepção autonomista: Oliveria Ascensão.
fim, sempre ao sucessor aceitar ou repúdiar a sucessão e, só Separa sucessão da transmissão de direitos.
nesse momento, concretiza-se a sucessão, com a aquição do Na aquisição singular exisitiria um título novo, que
domínio e posse dos bens. provocaria alterações na situação jurídica adquirida,
iii. A sucessão não abrange somente o património, ao contrário enquanto que na sucessão essa alteração não se verificaria.
do que é enunciado pelo 2024.º, mas todas as situações Enquanto que a sucessão estaria reservada aos herdeiros, aos
jurídicas ativas e passivas do de cujus (excepto, legatários ocorreria uma verdadeira transmissão.
evidentemente, as que se devam extinguir pela morte do iv. Pamplona Corte-Real, Luís Carvalho Fernandes, Jorge
respetivo titular). Duarte Pinheiro.
A sucessão não é necessariamente uma forma de transmissão,
2. Sucessão e transmissão. entendida esta como aquisição derivada translativa.
Na doutrina existe alguma divergência quanto ao problema em se v. Daniel Morais.
determinar se a sucessão se reconduz ou não a um fenómeno de O conceito de sucessão possui uma dupla vertente, podendo
transmissão de bens. O professor enuncia no manual essencialmente corresponder tanto a uma sucessão translativa como a uma
cinco posições distintas: sucessão constitutiva.
i. Posição clássica: Pires de Lima e Antunes Varela, Lisboa; Menzes Leitão: sucessão como uma mera situação de aquisição
Pereira Coelho e Rabindranath Capelo de Sousa, Coimbra. derivada, que não corresponde por isso necessariamente a uma
O 2024.º distingue os conceitos de sucessão e transmissão. forma de transmissão.
Na sucessão hereditária não são os bens que se deslocam do
património de uma pessoa para outra, mas sim o sucessor 3. A sucessão em vida e a sucessão por morte.
quem é chamado para ocupar o lugar do finado.
ii. Galvão Telles.

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Sucessão em vida: resulta de ato jurídico (normalmente negócio possibilidade de atribuição destes ususfrutos a favor de nascituros.
jurídico), realizado em vida do autor e constitui a causa jurídica da Mais, este usufruto só se consolida com a propriedade por morte da
aquisição. Exemplo: assunção de dívidas por negócio jurídico. última pessoa que sobreviver. Há, portanto, um direito de acrescer
entre usufrutários, que implica que extinto o direito de um, seja
Sucessão por morte: efeitos jurídicos apenas se produzem por morte
reforçada a posição dos outros.
do autor, sendo então a morte a causa jurídica da aquisição.
Exemplos: testamento e pacto sucessório. Uma vez que o usufruto pode ser vitalício, 1443.º, a doação com esta
reserva vai implicar que a propriedade plena só seja adquirida pelo
4. Análise de alguns casos duvidosos. donatário com a morte do doador, caso em que se extingue o
4.2. A doação com reserva de usufruto. usufruto, 1476.º/1, a), e a propriedade plena se consolida.
Esta reserva não constitui negócio mortis causa na medida que se
Prevista no 958.º, esta reserva corresponde a uma cláusula acessória verifica a aquisição em vida da nua propriedade.
da doação, que limita o seu objeto à nua propriedade, permitindo ao
doador reservar o usufruto, quer a favor de si próprio, quer a favor
4.3. A doação com reserva do direito de dispor.
de terceiro 958.º/1. A razão para esta previsão predence-se com o
receio que, sem esta, pudesse ser questionada a admissibilidade desta A doação com reserva do direito de dispor encontra-se no 959.º onde
cláusula, com base na velha regra “donner et retenir ne vaut”. encontramos uma reserva sobre a faculdade de dispor por acto inter
A reserva de usufruto tem de ser estipulada, nos termos gerais, vivos ou post mortem de qualquer objeto compreendido na doação
presumindo, a lei, a sua estipulação no caso de doação a nascituros, ou de qualquer quantia sobre os bens doados, ou seja, de uma parte
952.º/2. Esta reserva não dispensa o donatário do ónus de aceitar a específica do complexo material que constitui o objeto da doação.
doação tendo que o fazer em vida do doador, 945.º/1. No caso de A lei exige a determinação do objeto da reserva caso contrário a
reserva de usufruto a favor de terceiro, quer o nu proprietário, quer o cláusula sera nula.
usufrutário, terão de aceitar a doação em vida do doador.
Todavia, essa faculdade não se transmite aos herdeiros, pelo que
O 958.º/2 refere que no caso de haver reserva, a favor de várias caduca com a morte do doador, 959.º/2.
pessoas, serão aplicáveis as disposições dos 1441.º e 1442.º. Exige-
se que os donatários-usufrutários existam ao mesmo tempo que o A natureza desta cláusula parece variar consoante esteja em causa o
direito do primeiro usufrutário se torne efetivo, o que exclui a direito de dispor de coisa determinada ou o direito a certa quantia

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sobre os bens doados. No primeiro caso assemelha-se a uma 4.5. A doação si praemoriar.
condição resolutiva potestativa, ou seja, institui uma propriedade
resolúvel por arbítrio do doador em relação à coisa reservada. No
segundo caso faz surgir uma obrigação a cargo do donatário de pagar Tratam-se do mesmo tipo de doações que as cum moriar no entanto
a referida quantia havendo, neste caso, lugar à instituição de um com uma acrescida condição suspensiva relativa à circunstância de a
encargo, 963.º/1, sujeito á condição suspensiva potestativa de morte do doador ocorrer antes da do donatário.
exercício da faculdade de disposição. Daí que o donatário não seja As doutrinas à volta destas doações são iguais às anteriores.
obrigado a satisfazer o encargo senão nos limites do direito doado,
963.º/2. O professor Menezes Leitão entende que o 946.º proíbe todas as
doações que haja de produzir os seus efeitos por morte do doador,
4.4. A doação cum moriar. pelo que a doação si preamoriar não pode igualmente ser
considerada válida.
Estas doações tratam se situações nas quais o doador celebra uma 4.6. A partilha em vida.
doação em vida mas os seus efeitos são subordinados a um termo
suspensivo, a sua morte.
Prevista no 2029.º encontrams um instituto de um caso específico de
 Pires de Lima e Antunes Varela: doação a um presumido herdeiro legitimário, em que este assume o
Apesar de não estar proíbida pelo 2029.º está sim proibida encargo de pagar aos outros presumidos herdeiros legitimários, com
pelo 946.º. o acordo destes, o valor valor em dinheiro corresponde à parte que
 Pereira Coelho, Capelo de Sousa, Cristina Araújo Dias e a lhes caberia.
maioria da doutrina:
É válida, a morte do doador não é a causa da doação. A partilha em vida não é considerada um pacto sucessório, sendo
 Menezes Leitão: qualificada pelo legislador como uma modalidade específica de
Inválida, o 946.º proíbe qualquer doação “que houver de doação entre vivos.
produzir os seus efeitos por morte do doador”, salvo nos Pressupõe o consentimento do donatário e, também, dos outros
casos previstos na lei. Nestas doações, os efeitos só se presumidos herdeiros legitimários.
produzem a partir da morte do donatário, 278.º.

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Tem sido controvertida na doutrina a aplicação à partilha em vida terá sempre aberta a vida da redução por inoficiosidade, após a
dos institutos da colação e da redução por inoficiosidade. A abertura da sucessão.
esmagadora maioria da doutrina entende que há sempre
possibilidade de os herdeiros recorrerem à redução por Capítulo V – A morte como pressuposto da sucessão.
inoficiosidade. Sendo a questão da colação mais divida dentro da 1. A morte natural como pressuposto da sucessão.
doutrina.
O professor Menezes Leitão acredita que o negócio da partilha em A morte desencadeia a abertura da sucessão, 2031.º.
vida não parece dever ser sujeito, ao regime do chamamento à
colação, 2104.º, ou da redução por inoficiosidade, 2168.º e ss. Constitui um facto jurídico stricto sensu, que extingue a
personalidade jurídica do de cuius, 68.º, e consequentemente a
Segundo o professor, a aplicação destes institutos destruiria susceptibilidade de ele ser titular de situações jurídicas, 67.º, o que
completamente os fins da partilha em vida, que consiste normalmente transmite por via sucessória as situações jurídicas de
precisamente em antecipar em vida do doador a repartição da que ele era titular, 2024.º, mas que em certos casos determina
herança que seria feita na altura da sua morte. mesmo a sua extinção, 2025.º.
A exclusão destes institutos deve-se aplicar mesmo que os bens A verificação da morte de uma pessoa é regulada pela Lei 141/99,
partilhados venham a ser objeto de uma valorização excepcional. de 29 de Agosto. Esta tem de ser demonstrada através da descoberta
A superveniência de outros herdeiros legitimários é tutelada atraés ou reconhecimento do cadáver do falecido, permitindo a lei
da atribuição de um crédito sobre os restantes beneficiário da dispensar-la quando o desparecimento se tiver dado em
partilha. circunstâncias que não permitam duvidar da morte dela, 68.º/3.

A partilha em vida está sujeita às mesmas causas de revogação da Nos casos em que os cadáveres não sejam encontrados, tenham sido
doação, sendo que apenas o atingido pela declaração de indignidade destruídos ou seja impossível chegar ao lugar onde se encontrem os
ou derdação, verá a sua posição afetada. corpos, compete ao MP promover a justificação judicial do óbtio,
207.º CRCiv.
No que toca à problemática da aplicação à partilha em vida da livre
revogabilidade da doação entre casados,prevista no 1765.º, o Se o pretenso morto reaparecer aplica-se o instituto do
professor acredita que devemos manter a aplicação do 1765.º mas, se reaparecimento do ausente, após a declaração de morte presumida,
a partilha em vida vier a ser revogada em relação ao cônjuge, este 116.º e ss.

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2. A declaração de morte presumida. mas antes detêm os mesmos poderes que os curadores provisórios,
100.º e 94.º, apenas existindo poderes de fruição no caso de a
curadoria definitiva ser atribuída aos descentes, ascendentes ou
Quando alguém desaparece sem que dele se saiba parte e sem deixar cônjuge, 111.º. Esta não determina a abertura da sucessão, mas
quem o represente, 89.º, passados dez anos sobre a data das últimas apenas uma entrega provisória dos bens aos eventuais sucessores,
notícias, ou cinco anos se o ausente tiver entretanto atingido 80 anos pelo que cessará, ou pelo regresso ou surgimento de notícias do
de idade, podem os interessados pedir a declaração de morte ausente, ou pela certeza da sua morte ou declaração de morte
presumida, 114.º/2. presumida.
A declaração de morte presumida produz os mesmos efeitos da 4. A sujeição a registo do óbito e da declaração de morte presumida.
morte, portanto, abre a sucessão ,115.º, e a entrega dos bens aos
sucessores do ausente, 117.º. Podendo a data do óbito,
posteriormente, ser demonstrada que ocorreu em momento diverso. Constituem factos sujeitos a registo civil, 1.º/1, p) e j) e 192.º e ss
No caso de regresso, o pretenso morto detém o direito à restituição CRCiv. Os familiares têm a obrigação de proceder ao registo do
do seu património e à eventual indemnização pelos seus sucessores, óbito, 193.º CRCiv. Nos casos de o cadáver não ser encontrado, nos
havendo má fé de um destes, 119.º. termos dos 240.º/2 e 3, 207.º e 208.º CRCiv, procede-se à
justificação judicial do óbito, 233.º e ss. CRCiv. Registado o óbito, a
3. As curadorias provisória e definitiva. prova do mesmo não poderá ser ilidadepor qualquer outra, a não ser
nas acções de estado e nas ações de registo, 3.º CRCiv.
Na curadoria provisória, 89.º e ss, atribui-se poderes de Capítulo VI – O objeto da sucessão.
administração a um curador, de acordo com as regras do mandato,
94.º. Passados dois anos do desaparecimento sem deixar
1. Direitos abrangidos pela sucessão.
representante, ou cinco anos no caso contrário, é ainda possível pedir
a justificação da ausência, que leva à insituição da curadoria Encontramos no 2024.º o objeto de sucessão configurado como
definitiva, 99.º, instituto onde ocorre uma entrega antecipada dos todas as situações jurídicas patrimoniais e não patrimoniais (excepto
bens aos herdeiros, 103.º, legátários ou outros interessados, 102.º, de carácter pessoal) e situações jurídicas processuais.
para o que se procede mesmo à abertura dos testamentos cerrados,
101.º. Pese embora estes não sejam mesmo proprietários dos bens,

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2. Direitos excluídos da sucessão. A lei não excluí, em princípio, a exclusão da heredetabilidade por
via negocial, 2028.º/1, exceptuando-se, porém, a situação dos
direitos renunciavies.
Não são, em princípio, objeto de sucessão as situação as situações
jurídicas de cariz pessoal, 2025.º. Fora destas situações, a regra é a de que todos os direitos são objeto
de sucessão.
A lei admite, no entanto, a proteção post mortem dos direitos de
personalidade. Essa proteção não reperesenta um fenómeno de 3. Exame de alguns casos duvidosos.
transmissão por morte desses mesmos direitos, mas antes uma forma 3.1. A indemnização por morte da vítima.
jurídica de tutela da memória da pessoa falecida.
O mesmo ocorre com o direito pessoal de autor, enquanto a obra não
 Antunes Varela, Oliveira Ascensão, Ribeiro de Faria e
cair no domínio público, o exercício do direito pessoal de autor
Pamplona Corte-Real:
incumbe aos seus sucessores, 57.º/1.
A indemnização pelo dano resultante da perda da vida não
Incluem-se igualmente entre os direitos insusceptíveis de sucessão poderia ser objeto de sucessão, uma vez que, nos termos do
aqueles que correspondem a funções legalmente atribuídas ao de 68.º/1, a personalidade jurídica cessa pela morte.
cuius. A atribuição dessa indemnização apenas desempenharia uma
função punitiva.
Não corresponde a uma situação sucessória a atribuição aos A referência à morte da vítima nos 469.º/2, 3 e 4 limitar-se-ia
herdeiros da faculdade de instaurar ou prosseguir acções a considerar os danos não patrimoniais sofridos reflexamento
relativamente a estados familiares. O que se verifica aqui é pelos familiares.
simplesmente uma extenção da legitimidade processual aos
 Galvão Telles, Almeida Costa e Menezes Cordeiro:
herdeiros do falecido por um curto período após a sua morte.
Independentemente do 68.º/1, a vida constitui um bem
Existem certos direitos que a lei expressamente excluí a jurídica cuja lesão faz surgir na esfera da vítima o direito a
herdetabilidade como o usufruto, 1476.º/1, a), o uso e a habitação, uma indemnização, que naturalmente se transmitirá aos seus
1489.º e 1490 .º, e a testamentária, 2334.º. herdeiros, 2024.º. A indemnização pela perda da vida seria
transmissível por via sucessória e não estaria abrangida pelos
496.º/2, 3 e 4.
 Menezes Leitão:

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É hereditável, nos termos gerais, o direito de indemnização Apenas em relação às contribuições feitas pelo de cujus à companhia
por morte da vítima, 2024.º. Não constitui nenhum regime de seguros é aplicável o regime da colação, redução e imputação das
particular de sucesssão a disposição do 496.º. doações e impugnação pauliana, 450.º/1.
A hereditabilidade dos danos resultantes da perda da vida do
lesado processa-se nos termos gerais do 2133.º. Capítulo VII – Categorias de sucessores.
Já os danos atribuídos pelos 495.º/1 e 2; 495.º/3; 496.º/2, 3 e 1. A distinção entre herdeiro e legatário.
4, nascem diretamente na esfera jurídica dos seus titulares,
pelo que não resultam de qualquer espécie de sucessão.
No 2030.º/1 encontramos uma distinção dos sucessores entre
3.2. A transmissão por morte do arrendamento. herdeiros e legatários que tem sido criticada pela doutrina por se
Não consituí uma verdadeira sucessão a transmissão do assentar ainda na definição do direito romano onde o herdeiro seria
arrendamento para habitação, 1106.º e 57.º NRAU, dado que o um continuador da personalidade do de cujus.
direito do novo arrendatário depende do preenchimento de
O 2030.º/1 dita que herdeiro é o que sucede na totalidade ou numa
determinados requisitos como a residêcia no locado, o que implica a
quota do património e legatário o que sucede em bens ou valores
interposição de um título novo entre o arrendatário falecido e novo,
determinados.
sendo esse título que legitima a aquisição do direito ao
arrendamento. A lei não explica no entanto quando o testador procede à repartição
de forma a que tome em consideração a natureza dos bens, falando-
Diferente é a situação de transmissão por morte do arrendamento
se então em herança ex re certa. Galvão Telles afasta esta figura. A
não habitacional, 1113.º, onde parece ocrrer uma verdadeira
maioria da doutrina apoia a sua admissibilidade.
sucessão, dado que não é necessário nenhum requisito adicional.
Constituem legados a atribuição de universalidade de facto, 206.º; o
3.3. O seguro de vida. legado de coisa genérica, 2253.º; o legado alternativo, 2267.º; a
atribuição de universalidades de direito, como a herança ou o
Não constitui como objeto da sucessão o seguro de vida. Não existe estabelecimento comercial; a deixa da meação de bens comuns,
qualquer transmissão para o segurado, resultando o direito 1685.º/.
diretamente de um contrato a favor de terceiro celebrado entre a A lei estabelece que “o usufrutuário, ainda que o seu direito incida
companhia de seguros e o de cuius. sobre a totalidade do património, é havido como legatário”, 2030.º/4.

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2. Diferenças de estatuto entre herdeiro e legatário. diretos na partilha, 1085.º/1, a) CPCiv, apenas podendo intervir nas
questões relativas ao cálculo e determinação dalegítima e redução
2.1. Generalidades. das liberalidades, 1085.º/2, a) CPCiv, ou nas questões relativas à
verificação e satisfação dos seus direitos, 1085.º/2, b) CPCiv.
Herdeiros e legataários correspondem a categorias de sucessores e, Apenas os herdeiros podem:
como tal, estão ambos sujeitos ao mesmo regime de aceitação e
repúdio, 2050.º e 2249.º. a) Deduzir oposição ao inventário;
b) Impugnar a legitimidade dos interessados citados ou alegar a
Peses embora existam certos efeitos que apenas ocorrem em relação existência de outros;
ao herdeiro. Efeitos estes que passam pela faculdade que os c) Impugnar a competência do cabeça-de-casal ou as indicações
herdeiros têm de exigir partilha e requer inventário. Por esta razão é constantes das suas declarações;
que encontramos uma distinção entre herdeiros e legatários. d) Apresentar reclamação à relação de bens;
2.2. O direito de exigir partilha e requerer inventário. e) Impugnar os créditos e as dívidas da herança, 1104.º/1
CPCiv.
Pelo contrário, aos legatários, só no caso de haver herdeiros
Nos termos do 2101.º apens o co-herdeiro tem o direito de exigir a
legitimários, são admitidos a deduzir impugnação relativamente às
partilha, isto porque o legatário sabe precisametne quais os bens que
questões que possam afetar os seus direitos, 1104.º/3 CPCiv.
lhe estão atribuídos. Ainda que tenha sucedido num bem em
conjunto com outro legatário, não tem o direito de exigir partilha, A partilha só pode ser anulada por falta de intervenção de algum dos
podendo apenas recorrer à ação de divisão da coisa comum, 1412.º. co-herdeiros, 1127.º CPCiv, e apenas o herdeiro preterido pode
requerer no processo de inventário que seja convocada a conferência
Pese embora esta disitnção não seja absoluta, de tal modo que existe
de interessados para se determinar o montante do seu quinhão,
casos de legatários que podem exigir a partilha, como o usufrutuário
1128.º CPCiv.
de uma quota de herança, e há herdeiros que não têm essa faculdade,
como o herdeiro univeral, o remanescente e o herdeiro de uma 2.3. A responsabilidade pelos encargos da herança.
herança ex re certa.
Como os legatários, em norma, não podem requerer inventário, nem
nele intervir como partes principais, dado que não são interessados

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Encontrada no 2068.º, esta, em princípio, apenas é atribuída aos A lei não menciona uma distinção entre herdeiros e legatários para a
herdeiros, 2071.º, 2097.º e 2098.º, não abrangendo sucessão na posse, à excepção do que é referido no 1255.º.
consequentemente os legatários.
 Oliveira Ascensão:
O cumprimento dos legados é considerado um encargo da herança, Interpretação restritiva; apenas abrange os herdeiros; nem
2068.º, cujo cumprimento incumbe aos herdeiros, 2265.º. mesmo após a aceitação do legado esses adquiririam a posse,
só aconteceria após o momento em que os herdeiros
Pode, no entanto, ocorrer situações nas quais os legados são
cumprissem o legado.
obrigados a suportar os encargos da herança, como no caso da
 Menezes Cordeiro:
herança ser insuficiente para cumprimento dos legaods, em que estes
No mesmo sentido, não será possível ao legatário suceder na
são pagos rateadamente, com excepção dos legados renumeratórios,
posse.
que são cosniderados como dívida da herança, 2227.º. Pese embora
este último caso não tenha a ver com a atribuição da  Menezes Leitão:
responsabilidade ao legatário, mas, apenas, de um rateio de direitos Os legatários podem suceder na posse, tal resulta do
ou uma obrigação de adiantar importâncias aos herdeiros que serãos 2030.º/1, para não falar de que tanto estes como os herdeiros
satisfeitas a final. estão sujeitos ao mesmo regime de aceitação e repúdio,
2050.º e ss. e 2249.º.
Dois casos em que a responsabilidade pelos encargos é atribuída aos Esta doutrina fundamenta-se no 1255.º.
legatários:
2.5. Outros aspetos de regime.
 Se houver indicação do testador nesse sentido, 2276.º. Ou, se
não houver indicação, em casos especiais, como por exemplo
a situação retratada no 2073.º/1 e 2;  Só os herdeiros podem requerer providências destinadas à
 A herança ser toda distribuída em legados, 2277.º. tutela da personalidade da pessoa falecida.
 O cargo de cabeça-de-casal só será atribuído aos legatários
Caso os bens da herança não cheguem para pagamento dos encargos no caso de a herança ser integralmente dístribuída em
determina o 2278.º que os legados são pagos rateadamente, com legados, 2081.º.
excepção dos legados remuneratórios.
 O regime da indivisibilidade da vocação aplica-se apenas
2.4. A sucessão na posse. aos herdeiros, 2054.º/2, 2055.º, 2064.º/2 e 2250.º.

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 A transmissão do direito de suceder só se verifica em Existe uma distinção.
relação aos herdeiros e não em relação aos legatários,  Pamplona Corte-Real, Jorge Duarte Pinheiro.
2058.º/1. Tanto herdeiros como legatários são adquirentes patrimoniais
 Só os herdeiros estão sujeitos a sanções específicas em mortis causa, sendo que o 2030. Para além de qualificar
relação a outros co-herdeiros pela sonegação dos bens da ambos como sucessores, estabelece esse distinção com base
herança 2096.º. na configuração da respetiva tribuição patrimonial e não na
 Existe direito de preferência na alienação de quinhão qualidade pessoal do sucessível.
hereditário, 2130.º/1. Pese embora se dois legatários  Menezes Leitão:
recerebem em compropriedade, será natural que Igual à opinião anterior com a adição de que a distinção é
beneficiem do direito de preferência, 1409.º/1. apenas de regime e não de natureza.
 Existindo inoficiosidade, as disposições testamentárias a
títulode herança são reduzidas antes das disposições a Capítulo VIII – A designação sucessória.
título de legado, 2171.º. 1. Conceito de designação sucessória.
 É possível sujeitar a termo inicial a nomeação de
legatário, 2243.º/1, mas o mesmo já não sucede com a
Corresponde à determinação dos sucessíveis que podem vir a ser
instituição de herdeiro, 2243.º/2. O termo inicial apenas
chamados em caso de falecimento deste. Aqueles que se se sabe
suspende a execução da disposição, não prejudicando a
quais virão a suceder são chamados de sucessíveis designados.
aquisição imediata do direito ao legado. Já a aposição de
termo final é proíbida tanto na instituição de herdeiro Sucessíveis serão as pesssoas beneficiárias do facto designativo,
como na nomeação de legatário, 2243.º/2, tendo-se por devendo se destinguir entre sucessíveis designados, quando ainda
não escritas, excepto se a disposição versar sobre um não se abriu a sucessão, e sucessecíveis chamados, quando em
direito temporário. relação aos mesmos já se verificou o chamamento.
 O direito de acrescer está sujeito a um regime diferente
A partir da aceitação, os herdeiros e legatários são designados como
para herdeiros e legatários, 2137.º/2, 2301.º, 2302.º,
sucessores, 2030.º/1.
2305.º.
2.6. Conclusão. 2. Factos designativos.
 Gomes da Silva, Oliveira Ascenção:

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A designação resulta de um facto designativo. Estes são aqueles que Irrevogabilidade dos pactos sucessórios, o autor não pode
atribuiem a alguém a qualidade de sucessível. afetar a posição do donatário após a sua aceitação, 1701.º/1 e
1705.º/1;
Improprimente são referidos no 2026.º os títulos de vocação
A designação do pacto sucessório prevalece sobre a
sucessória a lei, o testamento e contratos. O testamento e o contrato
testamentária.
não são títulos de vocação sucessória mas, sim, factos designativos.
III. Sucessão testamentária:
A lei, nem sequer facto designativo é.
2179.º;
Os factos designativos podem ser negociais (testamento e pacto Prevalece sobre a legítima, 2131.º;
ssucessório, dando origem à sucessão testamentária e sucessão A designação testamentária é frágil, visto que o testamento é
contratual, respetivamente) e não negociais (casamento, parentesco, eminementemente revogável, 2179.º/1 e 2311.º e ss.
adopção e a cidadania portuguesa). IV. Sucessão legítima:
2131.º;
3. Hierarquia dos factos designativos. Afetada por qualquer disposição efetuada pelo autor da
sucessão.
I. Sucessão legitimária: 4. A situação jurídica dos sucessíveis designados em
2027.º;
Não pode ser afastada pelo autor, prevalecendo sobre as
vida do autor da sucessão.
demais;  Paulo Cunha:
A lei reserva uma parte da herança, denominada de legítima, Verdadeiro direito subjetivo dos herdeiros legitimários à
aos herdeiros ( 1 herdeiro = 50%, 2158.º e 2159.º; 2 ou mais sucessão, “direito ao direito de suceder”.
herdeiros = 2/3, 2159.º) cuja qual o autor não pode dispor, O facto de poderem reagir contra os atos do autor da
2156.º; sucessão destinados a prejudicá-los implica ter que se
Caso haja uma disposição que afete a legítima, os herdeiros reconhecer-lhes, durante a vida do de cuius, um verdadeiro
podem proceder à sua redução através do instituto da redução direito que teria por objeto a proteção da sua futura sucessão,
por inoficiosidade, 2168.º e ss. sendo assim um direito ao direito de suceder- O facto de
II. Sucessão contratual: puderem não chegar a adquirir essa sucessão não implicaria
que não existisse já esse direito, mas apenas que ele se
extinguiria em virtude desses factos.

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 A maioria da doutrina: invalidade ou revogação de uma das disposições produz a
O que existe é apenas uma expectativa juridicamente tutelada ineficácia da outra.
de virem a suceder, o que lhes permite execer as faculdades
Disto resulta que o professor Menezes Leitão acredite que na
acima referidas.
sucessão contratual, também os sucessíveis não possuem em vida do
 Oliveira Ascensão:
autor da sucessão nenhum direito subjetivo à sua sucessão, mas
A expectativa jurídica em questão é “um direito,
apenas uma expectativa juridicamente tutelada.
condicionado embora, a ser herdeiro”, concluindo que “a
posição do legitimário se caracteriza simplesmente como Quanto à situação dos sucessíveis testamentários em vida do autor, a
direito de ser herdeiro.” sua situação é bastante mais frágil visto que o autor pode a todo o
tempo revogar o seu testamento, 2179.º e 2311.º e ss. Apesar disto,
No caso das situações dos sucessíveis contratualmente designados.
ainda existe alguma proteção, consistindo na possibilidade de
Os pactos sucessórios feitos na convenção antenupcial não podem requererem em vida a curadoria provisória ou definitiva dos bens do
ser unilateralmente revogados depois da aceitação, nem pode o ausente e de serem nomeados curadores provisórios ou definitivos,
doador prejudicar o donatário por atos gratuitos de 91.º, 92.º e 100.º a 104.º. São interessados para decretar a nulidade
disposição,1701.º/1 e 1705.º/1, a menos que, nas doações dos ou anulabilidade do testamento, 2308.º.
esposados a favor de terceiro, tenha sido expressamente reservada
Nem na sucessão testamentária, a designação sucessória confere
essa faculdade, 1705.º/2.
qualquer direito subjetivo à sucessão, nem sequer uma expetativa
A designação contratual não é imutável, podendo ser, em vários jurídica jurídica, possuindo os testamentários somente uma
casos, afetada: expetativa de facto, ou esperança, de virem a adquirri a herança ou o
legado.
 Doaçõe mortis causa podem caducar se o donatário vier a
falecer antes do doador, 1703.º/1 e 1705.º/4. Normal será dizer, que a designação sucessória mais frágil também
 Designação na convenção antenupcial como herdeiro ou não comporta nada mais do que uma expetativa de facto, ou
legatário de um terceiro que intervenha no acto como esperança, atenta a dificuldade em suceder.
aceitante fica sem efeito se a convenção caducar, 1705.º/1, o
Capítulo IX – A abertura da sucessão.
que ocorre nos casos previstos no 1716.º.
 Se forem estabelecidasna convenção antenupcial disposições 1. Generalidades.
por mrote a favor de terceiros com carácter correspetivo, a

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