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Ministério da Educação

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ


Campus Londrina

DISCIPLINA: MÁQUINAS DE FLUXO – ME67B

METOLOGIA E MEMORIAL DE CÁLCULO PARA O


DIMENSIONAMENTO DA TURBINA FRANCIS DA USINA
HIDRELÉTRICA DE ITAIPU

INTEGRANTES
Arthur Saito
Gabriel Funatsu
Nicolas Fernandes
Willian Gajardoni

PROFESSOR
Ricardo de Vasconcelos Salvo

Londrina, 03 de outubro de 2019.

1
Sumário
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5
2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 7
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 7
4. MATERIAIS E MÉTODOS – MEMORIAL DE CÁLCULO ..................................... 14
4.1. DESCRIÇÃO DO ROTEIRO DE CÁLCULOS ................................................... 14
4.2. VERIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO DO ROTEIRO DE CÁLCULOS ................... 15
4.3 ROTEIRO DE CÁLCULOS PARA DIMENSIONAMENTO DE ROTOR
FRANCIS ......................................................................................................................... 15
5. RESULTADOS ............................................................................................................ 26
5.1. DADOS COLETADOS ......................................................................................... 26
5.2. DADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 29
5.3. COMPARAÇÃO ................................................................................................... 38
6. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 39
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 40

2
Lista de figuras
Figura 1 – Turbina Pelton ...................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 2 – Turbina Kaplan...................................................................................................... 7
Figura 3 – Turbina Francis ..................................................................................................... 7
Figura 4 – Correlação Gráfica para velocidade específica.................................................... 8
Figura 5 – Gráfico para seleção do tipo de turbina ................................................................ 8
Figura 6 – Caixa espiral .......................................................................................................... 9
Figura 7 – Pré-distribuidor ................................................................................................... 10
Figura 8 – Distribuidor ......................................................................................................... 10
Figura 9 – Segmentos do eixo da turbina ............................................................................. 11
Figura 10 – Rotor.................................................................................................................. 11
Figura 11 – Esquema de uma Turbina Francis ..................................................................... 12
Figura 12 – Representação de um triangulo de velocidade e suas componentes ................. 13
Figura 13 – Característica da superfície média de pá do rotor da Turbina Francis rebatida no
plano vertical ........................................................................................................................ 15
Figura 14 – Pontos iniciais para dimensionamento do rotor de uma turbina ....................... 16
Figura 15 – Detalhamento da cota de hsu,max ........................................................................ 27
Figura 16 – Cotas de altura da usina de Itaipu .....................................................................28
Figura 17 – Gráfico mostrando a influência de hsumax na potência calculada ......................31
Figura 18 – Diagrama de velocidades para entrada, com hsumax = -10..................................36
Figura 19 – Diagrama de velocidades para saída, com hsumax = -10 .....................................37
Figura 20 – Diagrama de velocidades para entrada, com hsumax = -15..................................37
Figura 21 – Diagrama de velocidades para saída, com hsumax = -15......................................38

3
Lista de tabelas
Tabela 1 – Tabela de seleção do tipo de turbina................................................................... 13
Tabela 2 – Características gerais dos equipamentos da Usina de Itaipu .............................. 26
Tabela 3 – Rendimentos propostos para turbinas Francis e Kaplan ..................................... 27
Tabela 4 – Dados de entrada obtidos .................................................................................... 29
Tabela 5 – Valores de hsu,max e as respectivas Pemax e ηi encontradas ................................... 30
Tabela 6 – Resultados primários para hsu,max = -10 ............................................................... 32
Tabela 7 – Resultados secundários para hsu,max = -10 ........................................................... 33
Tabela 8 – Resultados primários para hsu,max = -15 ............................................................... 34
Tabela 9 – Resultados secundários para hsu,max = -15 ........................................................... 35
Tabela 10 – Comparação entre os valores reais e os calculados .......................................... 38

4
1. INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade o homem busca modificar a natureza para saciar as suas


necessidades, uma delas era a de transportar água do começo de um rio ou lago até outro.
Assim, as primeiras máquinas de fluido surgiram com o desenvolvimento das rodas d’água
e posteriormente as bombas de parafuso. Um dos primeiros mecanismos que se tem registro
é a roda de pá desenvolvida pelos romanos em torno de 70 a.C., cujo o objetivo era obter
energia de cursos d’água. Atualmente as máquinas que possuem o mesmo princípio: nos
permitem retirar grandes quantidades de energia [14].
Máquinas de fluido são equipamentos que promovem troca de energia entre um
sistema mecânico e um fluido, transformando energia mecânica em energia de fluido ou
energia de fluido em energia mecânica. Elas podem ser classificadas de duas formas:
máquinas de deslocamento positivo e máquinas de fluxo ou turbomáquinas[10].
As turbomáquinas podem ser classificadas de duas formas: ação e reação. A
diferença está na maneira como a altura de queda é convertida. Na primeira, a altura é
convertida através de um injetor de jato a alta velocidade, incidindo nas pás, porém o fluido
não preenche completamente as passagens do rotor, escoando à pressão constante. O
modelo mais conhecido dessas turbomáquinas são as turbinas Pelton, criada por Lester A.
Pelton na década de 1870, essas turbinas necessitam de grandes cargas[4].
Na turbina de reação, o fluido preenche as passagens das pás, e a variação de altura
de queda ocorre dentro o rotor. Essas turbinas podem ser do tipo radial, axial ou mista.
Além disso, as turbinas de reação são máquinas de baixa altura de queda e alta vazão.
Nessa categoria está incluída a turbina Kaplan, também conhecida como turbina hélice,
criada por Viktor Kaplan em 1913. A primeira turbina eficiente de fluxo centrípeto foi
construída em 1849 por James B. Francis, denominada turbina Francis[4].
As turbinas Francis são indicadas para cargas de 20 a 700 metros. Nessas turbinas, a
água escoa no sentido quase radial na periferia das pás, sendo defletida para baixo para sair
aproximadamente na direção axial do rotor[3]. Elas são as mais utilizadas no Brasil, sendo
utilizadas em usinas como Belo Monte, Ilha Solteira, Capivara e o objeto de estudo do
presente trabalho, a Usina Binacional de Itaipu.

5
O objeto de estudo do presente trabalho é a Usina Binacional de Itaipu, atualmente a
líder em geração de energia limpa e renovável na América do Sul, em operação desde 1984.
Localizada no Rio Paraná, na divisa entre Brasil e Paraguai, a usina possui 20 unidades de
geração com capacidade unitária de 715MW de potência instalada, fornecendo cerca de
15% da energia consumida no Brasil e 90% da energia consumida no Paraguai. Possui
ainda 1350 km2 de área represada (reservatório), sendo 29 bilhões de m3 de água
represados, com queda nominal de projeto de 118,4m [6].
Em termos de máquinas de fluxo, o interesse reside nas unidades geradoras –
Turbinas do tipo Francis. Dentre as vinte unidades existentes, dez foram instaladas na
frequência da rede elétrica brasileira (60Hz) e dez na frequência paraguaia (50Hz), onde as
primeiras possuem peso de 3242 toneladas, fator de potência de 0,95 e potência nominal de
737 MVA, e as demais unidades têm fator de potência nominal de 0,85, potência nominal
de 823,6 MVA e peso de 3343 toneladas[6].

Figura 1 - Turbina Pelton

Fonte: Dixon; Hall, 2010 [2]

Figura 2 – Turbina Kaplan

Fonte: Dixon; Hall, 2010 [2]

6
Figura 3 – Turbina Francis

Fonte: Dixon; Hall, 2010 [2]

2. OBJETIVOS

Realizar de maneira matemática os cálculos de dimensionamento de turbinas, assim


montando um roteiro de cálculo adquirindo uma aproximação das turbinas Francis
instaladas na hidrelétrica de Itaipu.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para a seleção de uma turbina, é usado a velocidade específica adimensional na


classificação da turbina a ser utilizada. A velocidade específica é determinada pela equação
abaixo [2].

𝜔.√𝑃/𝜌
𝜔𝑠 = (𝐻.𝑔)5/4 (1)

Onde:
ω: velocidade angular (rad/s).
P: potência gerada (W).
ρ: massa específica do fluido (kg/m3).
H: queda líquida disponível (m).
g: aceleração gravitacional (m/s2).

Com isso, é verificada a turbina na figura abaixo:

7
Figura 4 – Correlação Gráfica para velocidade específica

Fonte: Dixon; Hall, 2010 [2]

Onde ωs é representado pelo eixo das abscissas.


As turbinas Francis são consideradas como turbinas de reação, ou seja, funciona
com uma diferença de pressão entre a entrada e saída do rotor. As turbinas Francis possuem
uma grande faixa de altura de utilização, podendo variar de 20 a 700 m, que por unidade,
tem a possibilidade de gerar potências maiores de 750 MW [5] [9] [12].
Figura 5 – Gráfico para seleção do tipo de turbina

Fonte: Henn, 2006 [10]

8
A turbina Francis pode ser executada tanto com eixo na horizontal quanto na
vertical. A construção com eixo na horizontal, ou seja, a roda trabalhando verticalmente é
utilizada para pequenas unidades, nesse caso apoiados em mancais de deslizamentos radiais
e dispensa a utilização de mancais guias, utilizados quando a construção é de eixo vertical,
além da utilização do mancal de escora axial [5].
Uma turbina Francis é basicamente constituída de: caixa espiral, pré-distribuidor,
distribuidor, rotor e tubo de sucção [9].
A caixa espiral é uma tubulação de forma toroidal que envolve a região do rotor.
Sua função consiste em distribuir igualmente a água para o pré-distribuidor, distribuidor e
posteriormente o rotor [9].
Figura 6 – Caixa espiral

Fonte: Vivarelli, 2008 [9]


A principal finalidade do pré-distribuidor é direcionar o fluxo de água para o
próximo o componente, o distribuidor. É composta por dois anéis superior e inferior, entre
os quais são montadas palhetas fixas com perfil hidrodinâmico de baixo arrasto,
minimizando as perdas de carga [9]

9
Figura 7 – Pré-distribuidor

Fonte: Vivarelli, 2008 [9]

O distribuidor tem a função de direcionar e controlar a vazão de água que entra na


turbina, por meio da variação de seção de escoamento máximo até o fechamento completo.
Seu controle pode ser realizado de forma manual ou automática. O distribuidor é dotado de
um conjunto de palhetas móveis dispostas ao redor do rotor. O eixo de rotação das pás é
paralelo ao eixo da turbina [9].
Figura 8 - Distribuidor

Fonte: Vivarelli, 2008 [9]

10
Figura 9 – Segmentos do eixo da turbina

Fonte: Vivarelli, 2008 [9]

O rotor converte a energia hidráulica provida pelo sistema em potência eixo, essa
transmitida ao gerador. Seu rendimento está diretamente ligado ao perfil das pás [9].
Figura 10 - Rotor

Fonte: Vivarelli, 2008 [9]

O tubo de sucção diminui a velocidade de saída do fluido causando uma pressão


“negativa” no sistema, garantindo o fluxo contínuo da água ao longo do sistema,
transformando a energia cinética que a água possui ao sair do rotor em energia de pressão,
aumentando a queda líquida disponível e a potência da turbina [9]. As turbinas de Itaipu são
posicionadas abaixo do nível jusante, sendo denominadas de turbinas “afogada”. Essas

11
turbinas permitem uma contrapressão na saída do rotor, que minimiza os efeitos de
cavitação [8].
Uma turbina é projetada para trabalhar em uma determinada faixa de velocidade
específica. A velocidade específica (ns) é utilizada para determinar o perfil hidrodinâmico
de operação, o cálculo de ns é dada pela relação abaixo [9]:

𝑛√𝑃
𝑛𝑠 = 5 (2)
𝐻4

Onde n é a rotação em rpm, P é potência útil em cv e H a altura de queda líquida em


metros.

Figura 1 - Esquema de uma Turbina Francis

Figura 2 - Representação de um triangulo de velocidade e suas componentesFigura 3 -


Esquema de uma Turbina Francis

Figura 4 - Representação de um triangulo de velocidade e suas componentesFigura 5 -


Esquema de uma Turbina Francis

Figura 6 - Representação de um triangulo de velocidade e suas componentesFigura 7 -


Esquema de uma Turbina Francis

Figura 8 - Representação de um triangulo de velocidade e suas componentesFigura 9 -


Esquema de uma Turbina Francis

Figura 10 - Representação de um triangulo de velocidade e suas componentesFigura 11 -


Esquema de uma Turbina Francis

Fonte: Magri, 2016 [13]


Figura 12 - Representação de um triangulo de velocidade e suas componentesFigura 13 -
O valor obtido na relação indicará o tipo mais adequado de turbina a ser empregado.
Esquema de uma Turbina Francis
A tabela abaixo mostra os tipos e turbinas Francis de acordo com a velocidade específica e
[9]
queda
Figura .14 - Representação de um triangulo de velocidade e suas componentesFigura 15 -
Esquema de uma Turbina Francis

12
Tabela 1 - Tabela de seleção do tipo de turbina
Tipos de Turbinas ns H (m)
Francis muito lenta 55-77 600-200
Francis lenta 71-120 200-100
Francis normal 121-200 100-70
Francis rápida 201-300 70-25
Francis extra-rápida 301-450 25-15
Fonte: Vivarelli, 2008 [9]
Para entendimento das equações e o funcionamento das turbinas é de grande
importância definir claramente as componentes de velocidade do fluido nas seções de
entrada e saída das pás. Para isso, é útil a construção do Diagrama de velocidades ou
Triângulo de velocidades, conforme a figura (12) [9].

Figura 16 - Representação de um triangulo de velocidade e suas


componentes

Fonte: Próprio autor.


Onde:
w: velocidade relativa de fluido sobre a pá.
u: velocidade tangencial da pá.

𝑢 = 𝜔. 𝑟 (3)

13
Onde ω é a velocidade angular e r o raio correspondente ao ponto considerado,
portanto u é influenciado pela geometria da pá e a velocidade de operação [9].

𝑛.2𝜋
𝜔= (4)
60

Sendo n a rotação da máquina em rpm.


V: velocidade absoluta do fluido.
Vt: velocidade tangencial do fluido.
Vn: velocidade normal do fluido.

Vetorialmente tem-se que:

𝑉 = 𝑉𝑡 + 𝑉𝑛 (5)

Onde:

α: ângulo formado pela direção do vetor velocidade absoluto com o vetor da velocidade
tangencial da pá.
β: ângulo formado pela direção do vetor velocidade relativa com a diferença do vetor da
velocidade tangencial da pá e do fluido. Também chamado de ângulo de inclinação da pá.

4. MATERIAIS E MÉTODOS – MEMORIAL DE CÁLCULO

4.1. DESCRIÇÃO DO ROTEIRO DE CÁLCULOS

Nesta etapa serão identificadas as variáveis necessárias para a execução do roteiro


de cálculo, sendo os dados de entrada especificados e fornecidos pelo estudo de caso.
É importante frisar que os dados de entrada para a realização do roteiro de cálculos
podem variar de autor para autor, sendo o critério do projetista, de acordo com a
necessidade. Assim, neste estudo, o roteiro de cálculos será proposto a partir do autor
Souza [1], sendo os cálculos realizados com auxílio do software numérico Matlab.

14
Para obtenção do perfil do rotor, é necessário encontrar os pontos geométricos que
determinam as medidas reais mais importantes para a fabricação do rotor. Tais pontos serão
indicados de acordo com os cálculos e poderão ser plotados seguindo a imagem (13).

Figura 13 - Característica da superfície média de pá do rotor da Turbina Francis


rebatida no plano vertical

Fonte: Souza, 2008 [1]

4.2. VERIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO DO ROTEIRO DE CÁLCULOS

O roteiro de cálculos será implementado no software Matlab e seguirá de forma


[1]
sequencial o roteiro implementado abaixo, proposto por Souza . A verificação dos
resultados será realizada através dos comparativos dos dados obtidos com os reais,
provenientes da referência [6].

4.3 ROTEIRO DE CÁLCULOS PARA DIMENSIONAMENTO DE


ROTOR FRANCIS
Seguindo o roteiro proposto, o dimensionamento do rotor será executado a partir das
equações em função específica nqA. Entretanto, no roteiro é necessário também utilizar

15
como variáveis de entrada os seguintes parâmetros: vazão, rotação, altura de queda. Tais
dados podem ser facilmente obtidos através do site da Itaipu [6].
A partir dos roteiros de cálculo, deverão ser obtidos relevantes para a fabricação de
um rotor, conforme segue a figura abaixo.

Figura 14 - Pontos iniciais para dimensionamento do rotor de uma turbina

Fonte: Alterado de: Magri, 2016 ‘[13]


Onde:
D3e – Diâmetro da cinta externa;
D4e – Diâmetro externo da aresta de entrada;
D5e – Diâmetro externo da aresta de saída;
D3i – Diâmetro externo da coroa interna;
D4i– Diâmetro interno da aresta de entrada;
D5i – Diâmetro interno da aresta de saída;
Φeixo – Diâmetro do eixo da turbina;
b0 – Largura do distribuidor.

16
Para início do roteiro de cálculos, deve-se determinar o tipo de rotor hidráulico que
será dimensionado, de modo que se deve encontrar a velocidade especifica nqA, seguindo as
relações (6) e (7) a seguir.

10−0,00122.𝑧𝑏 − ℎ𝑠𝑢,𝑚𝑎𝑥
𝜎𝑚𝑖𝑛 = (6)
𝐻𝑛

Em que:
Zb - Altitude do nível mínimo do canal de fuga (m);
hsu,max - Altura de sucção máxima (m);
Hn - Altura de carga nominal (m).

Neste passo, foram utilizados os valores hsu,max e Hn provenientes da tabela 2.

nqA = 627,7. √σmin − 0,0311 (7)

Em que:
nqA - Velocidade de rotação específica (rad);
σmin - Coeficiente de cavitação mínimo de Thoma (rad).

Nesse ponto do algoritmo, deve-se verificar um intervalo de nqA, de modo que 50 ≤


nqA ≤ 400. Se essa condição for atendida, pode-se prosseguir com o cálculo e, em caso da
não conformidade, recomenda-se utilizar outro valor de hsu,max, recalculando até que a
condição seja atendida. Em geral, valores diferentes desse intervalo de nqA indicam que a
turbina dimensionada é diferente de uma Francis.
Tendo o valor de nqA determinado, verifica-se o tipo de rotor hidráulico, de acordo
com a tabela 1, para que seja possível prosseguir com o dimensionamento.
A seguir, são feitos os cálculos iniciais para o dimensionamento hidráulico, de
modo que algumas adaptações e correções são realizadas, buscando uma aproximação
prática para a fabricação. Assim a vazão e velocidade de rotação são corrigidas utilizando
as equações (8) e (9).

17
Qr11 = nv . Q (8)

Onde:
Qr11 - Vazão corrigida para distribuidor totalmente aberto de acordo com o rendimento
volumétrico (m3/s);
nv - Rendimento volumétrico (rad).

H0,75
n
n = nqA . (9)
3.Q0,5
r11

Onde:
n - Rotação do rotor (rpm);
Hn - Altura de queda nominal (m);

A seguir, é realizada uma análise de número de pás através da equação (5).

3600
Zp = (10)
n

Onde:
Zp - Número de pás;

Nesse passo, deve-se arredondar o número de pás para o número imediatamente


superior em caso de Zp fracionário e recalcular a rotação n. Em caso de Zp inteiro, deve-se
continuar o cálculo normalmente. Em geral, o número obtido é fracionário, de modo que se
corrige a rotação através a equação abaixo.

3600
nr = (11)
Zp

Com o valor de n corrigido para nr, pode-se recalcular a rotação específica e


consequentemente o fluxo médio corrigido através das equações (12) e (13), ambas serão
utilizadas de base para cálculos no restante do algoritmo.

18
Q0,5
r11
nqAr11 = 3. nr . (12)
H0,75
n

Onde:
nqAr11 - Rotação específica corrigida (rpm);

Qm = (0,248 + 2,714. 10−3 . nqAr11 − 3,403. 10−6 . nqAr11 2 ). Qr11 (13)

A seguir, deve-se calcular o coeficiente médio de cavitação, sendo essa função da


rotação especifica corrigida, através da equação (14).

σm = 0,00311 + 2,5381. 10−6 . nqAr11 2 (14)

Com essas informações, é possível calcular a altura de sucção média hsu,med, um


parâmetro importante para o dimensionamento, através da equação (15).

ℎ𝑠𝑢,𝑚𝑒𝑑 = 10 − 0,00122. 𝑍𝑏 − 𝜎𝑚 . 𝐻𝑛 (15)

Outro parâmetro importante para qualquer turbina é a sua rotação, que pode ser
calculada através de uma correção realizada em cima da rotação específica corrigida através
da equação a seguir.

nqAr11
nqr11 = (16)
3

Onde:
nqr11 – Rotação de projeto (rpm);

Como não foi suposto nada para o rendimento interno, pode-se calculá-lo neste
roteiro através da seguinte expressão:

ηi = (0,7183 + 0,005566. nqAr11 − 6,5417. 10−5 . nqAr11 2 + 2,0919. 10−7 )−0,5 + 0,0217
(17)

19
Em que:
ηi – Eficiência interna

Prosseguindo com o roteiro, calcula-se a vazão corrigida, sendo essa função da


rotação especifica corrigida e da vazão corrigida para distribuído totalmente aberto,
conforme segue na equação (18).

Qr = 0,731. (1 + 0,01. nqAr11 0,5 ). Qr11 (18)

Em que:
Qr– Vazão corrigida (m3/s).

A seguir, calcula-se um parâmetro de rotação nqAr, em função de Qr, parâmetro que


será utilizado para verificação de algumas condições no decorrer do roteiro de cálculo. Esse
parâmetro é calculado conforme a relação abaixo.

Q0,5
r
nqAr = 3. nr . (19)
H0,75
n

Em que:
nqAr – Rotação específica com fluxo corrigido (rad).

Com o parâmetro acima, é possível avaliar as dimensões do rotor, conforme a figura


5. Conforme o roteiro, segue a primeira análise sob o diâmetro externo da aresta de saída
(D5e) que pode ser calculada utilizando a equação abaixo.

H0,5
n Q0,5
r
D5e = 24,786. + 0,685. (20)
ηr H0,75
n

A largura do distribuidor pode ser obtida através da expressão abaixo:

b0 = (0,168. 10−2 . nqAr − 0,018. 10−4 . n2qAr ) (21)

20
Para o cálculo do diâmetro externo da aresta de entrada (D4e), deve-se avaliar a
rotação específica com fluxo corrigido (nqAr) calculado através da expressão que se segue,
de modo que:

Se 60 ≤ nqAr ≤ 100:
D4e = (2,32 − 0,975. 10−2 . nqAr ). D5e (22.a)

Se 100 < nqAr ≤ 250:


D4e = (0,165. 10−4 . nqAr 2 − 0,835. 10−2 . nqAr + 2,017). D5e (22.b)

Se 250 < nqAr ≤ 350:


D4e = (1,025 − 0,03. 10−2 . nqAr ). D5e (22.c)

Seguindo com o roteiro, calcula-se o diâmetro interno da aresta de entrada (D4i),


também se deve avaliar a rotação especifica com fluxo corrigido (nqAr), através do descrito
abaixo:
Se 60 < nqAr <100:
D4i = (2,32 − 0,975. 10−2 . nqAr ). D5e (23.a)

Se 100< nqAr <350:


D4i = (0,5 − 84,5. nqAr −1 ). D5e (23.b)

O cálculo do diâmetro externo da cinta externa (D3e) e diâmetro interno da cinta


externa (D3i) também é condicional a rotação especifica com fluxo corrigido, conforme as
relações abaixo.

Se 60< nqAr <100:


D3e = (2,32 − 0,975. 10−2 . nqAr ). D5e (24.a)

21
Se 100< nqAr <350:
D3e = (1,255 − 0,633. 10−3 . nqAr ). D5e (24.b)

Se 60< nqAr <100:


D3i = (2,32 − 0,975. 10−2 . nqAr ). D5e (25.a)

Se 100< nqAr <350:


0,16
D3i = (0,7 + 2,11.10−3 .n ) . D5e (25.b)
qAr +0,08

Para o cálculo do diâmetro interno da aresta de saída, tem-se a expressão abaixo:

D5i = (0,86 − 2,18. 10−3 . nqA ). D5e (26)

Ainda, pode-se calcular os diâmetros médios da aresta de entrada (D4m) e saída


(D5m).

1
D4m = 2 (D4i + D4e ) (27)

1
D5m = 2 (D5i + D5e ) (28)

Partindo para as velocidades nas pás, as mesmas podem ser calculadas seguindo as
relações abaixo.
π.D4m .nr
u4m = (29)
60

9,81.Qr
cm = π.b (30)
0 .D3e

9,81.ηi .Hn
cu4m = (31)
u4m

Onde,
u4m – Velocidade tangencial da pá na seção média da aresta de entrada (m/s);

22
cm – Velocidade absoluta da pá na seção média da aresta de entrada (m/s);
cu4m – Componente tangencial da velocidade absoluta do fluido na seção média da aresta de
entrada (m/s);

A seguir, pode-se calcular o ângulo de entrada do fluido entre as velocidades


tangencial da pá e relativa do fluido em relação à pá. Seguindo a análise do livro, tem-se a
relação abaixo.

cm
β4m = arctg (32)
u4m −cu4m

De acordo com Souza (2009) [1], nessa etapa, deve-se verificar a faixa de β4m. Se 70º
< β4m < 90, deve-se prosseguir com o cálculo normalmente, prosseguindo com a equação
(33). Se menor, reduzir D5e de 5% em 5% até que se atinja o intervalo desejado. Se maior,
aumentar D5e de 5% em 5% até que se atinja o intervalo acima. Note que ao recalcular D5e,
deve-se recalcular os parâmetros que dependem dele, para então avaliar o intervalo de β4m e
consequentemente, prosseguir com o cálculo.
Prosseguindo com o roteiro, calcula-se a cota Li, que é necessária para o traçado da
coroa interna.

Li = (1,6 + 0,675. 10−2 . ηqAr − 0,0712. 10−4 . ηqAr 2 ). D5e (33)

A seguir, faz-se o traçado através da relação abaixo, variando xij de x até Li/4.

3
x x
yij = 1,54. D3i . √ Lij . (1 − Lij ) (34)
i ij

Para o traçado da cinta externa, calculam-se os parâmetros Le, L5e e yem conforme
descrito abaixo:

Le = (0,042. 10−4 . ηqAr 2 − 0,4. 10−2 . ηqAr + 1,2). D5e (35)

23
L5e = (0,26 − 0,21. 10−3 . ηqAr ). D5e (36)

0,162.(D3e −D5e )
yem = (37)
L L 3
√ 5e .(1− 5e )
Le Le

Para o traçado da cinta externa, utiliza-se a função abaixo, variando xej de 0 até Le/4,
em seguida de Le/4 até L5e e de L5e até Le.

xej xej 3
yei = 3,08. yem . √ L . (1 − ) (38)
e Le

Deve-se então, calcular a interposição da superfície média da pá com a coroa


interna, seguindo as condições apresentadas abaixo.

Se 50< nqAr <210:


L4i = (3,785. 10−6 . nqAr 2 − 1,673. 10−3 . nqAr + 0,436). D4e (39.a)

Se 210< nqAr <350:


L4i = (2,353. 10−6 . nqAr 2 − 8,667. 10−3 . nqAr + 0,328). D4e (39.b)

De modo análogo, calcula-se a interposição da superfície média da pá com a coroa


externa, utilizando uma adaptação na segunda condicional.

Se 50< nqAr <210


L4e = (3,713. 10−6 . nqAr 2 − 1,907. 10−3 . nqAr + 0,358). D4e (40.a)

Se 210< nqAr <350


L4e = (2,222. 10−4 . nqAr + 0,0833). D4e (40.b)

24
Por fim, através da aplicação das equações a seguir, pode-se mensurar a potência
máxima no eixo e o diâmetro aproximado para o eixo.

9,81.Qr11 .Hmáx
Pe,max = (41)
ηi .ηm

3 Pe,max
d = 118. √ (42)
nr

O cálculo de número de pás fornecido pela equação (10), ainda que corrigido pela
equação (11) é um bom parâmetro para o roteiro, porém para fins práticos, ambas as
equações se distanciam muito dos valores reais. Portanto, optou-se por adaptar o roteiro de
modo que, para o cálculo de número de pás, utilizou-se a equação 2.6 (pág. 23) da
referência [1], que contabiliza parâmetros como o perfil das pás. Para o dimensionamento,
supôs-se o perfil Gottingen 428 com valores de rG = 0,378 e LG = 0,259. Logo:

rG β4m +β5m
Zr = 10. . sin ( ) (43)
LG 2

25
5. RESULTADOS

5.1. DADOS COLETADOS

Tabela 2 - Características gerais dos equipamentos da Usina de Itaipu.


Diâmetro de entrada
9,64
(m)
Caixa Espiral
Número de
29
segmentos
Número de canais 24
Pré – distribuidor
Altura dos canais 2,222
Número de pás 24
Número de
2
Distribuidor servomotores
Abertura Máxima
592
(mm)
Comprimento (m) 5,52
Diâmetro interno
2,1
Eixo (m)
Diâmetro externo
2,6
(m)
Número de pás 13
Diâmetro externo
8,6
(m)
Altura do rotor (m) 4,5
Rotor
Altura das pás (m) 4,207
Velocidade
231,2
específica (rpm)
Configuração Francis rápida
Fonte: Vivarelli, 2008 [8]

26
Para os rendimentos volumétrico (ηv) e mecânico (ηm), o seguinte critério será utilizado:

Tabela 3 - Rendimentos propostos para turbinas Francis e Kaplan


Turbina de reação:
ηv ηh ηm
Francis e Kaplan
Pequenas 0,95 0,89 0,97
Médias 0,97 0,92 0,98
Grandes 0,99 0,96 0,99
Fonte: Hernández, 1980 [7]

Figura 15 - Detalhamento da cota de hsu,max

Fonte: Projeto de máquinas de fluxo [1]

Os dados necessários para realizar o presente trabalho foram encontrados na página


da Itaipu binacional [6].
Haja vista que a turbina da usina de Itaipu é afogada, considera-se a altura de sucção
com o sinal negativo, pois a referência de zero é dada no nível do reservatório inferior.
Pelo mesmo motivo, a altitude mínima do canal de fuga Zb também é considerada
com o sinal negativo.

27
Figura 16 - Cotas de altura da usina de Itaipu

Fonte: Site Itaipu Binacional [6]

28
A altura de sucção, definida abaixo, foi estimada a partir do diâmetro maior da caixa
espiral. O hsu,max, portanto, deve ser pelo menos o raio da caixa espiral, cota, definida na
figura 16. O rendimento volumétrico e mecânico foram extraídos da tabela 3, assumindo
que a turbina a ser dimensionada é de grande porte.

Tabela 4 - Dados de entrada obtidos


Nome da variável Variável Valor
Altura de sucção máxima (m) hsu,max -5
Altitude do nível mínimo do canal de
Zb -92
fuga (m)
Rendimento volumétrico nv 0,99
Rendimento mecânico nm 0,99
Altura de queda nominal (m) Hn 118,4
Vazão máxima (m3 /s) Qmáx 690
Vazão mínimo (m3 /s) Qmin 10
Fonte: Site Itaipu Binacional [6]
Ainda, antes do início dos cálculos foi feita uma correção, proposta pelo professor
orientador, no método com respeito ao cálculo do rendimento interno. Foi adicionada a
parcela de valor 0,0217 à equação (12).

5.2. DADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO

A tentativa de dimensionamento com os dados da tabela 4 foi malsucedida devido a


problemas com o método. Nesse caso, o rendimento interno extrapolou valores razoáveis.
Dessa forma, foi decidido testar diversos valores de hsu,max e avaliar os intervalos de
aplicação aceitáveis do método com os dados da tabela 4.

29
Tabela 5 - Valores de hsu,max e as respectivas Pemax e ηi encontradas
hsu,max (m) Pemax (MW) ηi
-5 937 1,1029
-6 915,58 1,0782
-7 902,5 1,0628
-8 870,5 1,0251
-9 851,4 1,0026
-10 830,1 0,9775
-11 806,6 0,9499
-12 780,95 0,9197
-13 753,22 0,8870
-14 753,22 0,8870
-15 723,55 0,8521
-16 692,15 0,8151
-17 692,1 0,8151
-18 659,25 0,7763
-19 625,17 0,7362
-20 625,17 0,7362
-21 590,2 0,6950
-22 590,2 0,6950
-23 590,2 0,6950
-24 554,7 0,6532
-25 554,7 0,6532
-26 518,98 0,6112
-27 518,98 0,6112
-28 518,97 0,6112
-29 483,38 0,5692
-30 483,38 0,5692
-31 483,38 0,5692
-32 448,2 0,5278
-33 448,2 0,5278
-34 448,2 0,5278
-35 448,2 0,5278
-36 413,73 0,4872
-37 413,73 0,4872
-38 413,73 0,4872
-39 413,73 0,4872
-40 NaN NaN
Fonte: Próprio autor

30
Avaliando os resultados da tabela acima, foi possível notar que, com os dados de
projeto escolhidos, o método só é aplicável a partir de hsu,max = -10 metros.
Sendo assim, a fim de decidir sobre qual hsu,max usar no dimensionamento produziu-
se uma curva de potência por hsu,max a fim de observar o comportamento dessas variáveis.

Figura 17 - Gráfico mostrando a influência de hsu,max na potência calculada

Fonte: Próprio autor

Observando o gráfico, foi possível notar que a potência aumenta com a redução do
módulo de hsu,max. Dessa forma, optou-se pelo uso de hsu,max = -10 m, pois esse valor
representa a maior potência gerada possível:
Através das fórmulas e critérios listados no item 4.3 e um programa de cálculo
numérico, calculou-se duas naturezas de dados: os primários, calculados diretamente
através dos dados de entradas, e os secundários, calculados a partir dos dados primários.

31
Tabela 6 - Resultados primários para hsu,max = -10
Parâmetro Resultados
n (rpm) 107,4210
nqA 234,6598
nqAr 212,2629
nqAr11 231,2987
nqr11 (rpm) 77,0996
nr 105,8824
Qm (m3/s) 473,8578
Qr (m3/s] 575,2892
Qr11 (m3/s) 683,1
σm 0,1389
σmin 0,1699
Zp 33,5130
Zpr 34
hsum (m) -6,3331
ηi 0,9775
Fonte: Próprio autor

32
Tabela 7 – Resultados secundários para hsu,max = -10
Parâmetro Resultados
b0 (m) 2,0740
β4m (º) 75,9076
β5m (º) 55,1446
cm (m/s) 41,8654
cu4m (m/s) 28,8483
d (m) 2,3441
D3e (m) 8,4361
D3i (m) 7,5513
D4e (m) 7,4378
D4i (m) 6,7608
D4m (m) 7,0993
D5e (m) 7,5293
D5i (m) 2,9906
D5m (m) 5,2593
L4e (m) 0,9704
L4i (m) -10,4550
L5e (m) 1,6217
Le (m) 4,0665
Li (m) 20,4156
Pemax (MW) 830,11
u4m (m/s) 39,3582
u5m (m/s) 29,1573
yem(m) 0,4998
Fonte: Próprio autor

Observando os resultados acima, notou-se um valor de cota negativa (L4i) algo que
deveria ser impossível de acontecer. Foi verificado que, para qualquer valor de nqAr na faixa
de utilização da correlação, L4i sempre é negativo.
Sendo assim, juntamente com o professor orientador do trabalho, foi proposta uma
solução para tal problema, o expoente do segundo termo da equação (39.b) foi substituído
de -3 para -4, assumindo a configuração abaixo:

L4i = (2,353. 10−6 . ηqAr 2 − 8,667. 10−4 . ηqAr + 0,328). D4e (44)

Através da correlação corrigida, verificou-se um valor mais coerente de L4i: 1,8598


metros.

33
Adicionalmente, ainda que hsu,max = -10 metros apresente a maior potência gerada,
os resultados não são os mais próximos da potência fornecida pela Itaipu. Devido a isso, foi
aplicado o método descrito no item 4 para hsu,max = -15 metros, resultando nos dados
listados abaixo:

Tabela 2 - Resultados primários para hsu,max = -15


Parâmetro Resultados
n (rpm) 122,5807
nqA 267,7761
nqAr 241,5879
nqAr11 262,1385
nqr11 (rpm) 87,3795
nr 120
Qm (m3/s) 495,6583
Qr (m3/s] 580,1937
Qr11 (m3/s) 580,1937
σm 0,1775
σmin 0,2121
Zp 29,3684
Zpr 30
hsum (m) -10,9061
ηi 0,8521
Fonte: Próprio autor

34
Tabela 3 - Resultados secundários para hsu,max = -15
Parâmetro Resultados
b0 (m) 2,0717
β4m (º) 73,4291
β5m (º) 58,4483
cm (m/s) 46,9808
cu4m (m/s) 25,2365
d (m) 2,1477
D3e (m) 7,5900
D3i (m) 6,6893
D4e (m) 6,6305
D4i (m) 5,8523
D4m (m) 6,2414
D5e (m) 6,8870
D5i (m) 2,2957
D5m (m) 4,5913
L4e (m) 0,9083
L4i (m) 1,6971
L5e (m) 1,4412
Le (m) 3,2974
Li (m) 19,3880
Pemax (MW) 723,55
u4m (m/s) 39,2160
u5m (m/s) 28,8482
yem(m) 0,4079
Fonte: Próprio autor

Ao analisar os dados encontrados e comparar com os fornecidos pelo site de Itaipu[6]


viu-se que o número de pás encontrado (Zpr = 34), em ambos os casos, é muito diferente do
real (Zp = 13). Dessa forma, por falta do know how do fabricante, optou-se por utilizar
equação (43) da referência [1] que leva em consideração o perfil da pá do rotor.
Então, para os dois valores de hsu,max, o número de pás a partir da equação (43) é Zr
= 13, que coincide com o das turbinas de Itaipu.

Para a montagem dos diagramas de velocidade na entrada foram utilizados os dados


obtidos, onde:

35
cu4m: velocidade tangencial do fluido na entrada (Vt)
cm: velocidade normal do fluido na entrada (Vn)
u4m: velocidade tangencial da pá na entrada (u)
β4m: ângulo de inclinação das pás a entrada (β)

Para definir o diagrama de velocidades na saída, foi utilizada a equação de Euler


para turbo máquinas:

1
H = (u1 . Vt1 − u2 . Vt2 ) (45)
g

Onde se espera que a velocidade tangencial na saída seja nula, ou seja, apresente
somente componentes normais de velocidade. Com isso, pode-se afirmar que a velocidade
normal se mantém constante, uma vez que a vazão é constante.
Pode-se ver nas figuras 19 e 21 que a velocidade V é perpendicular com a
velocidade u, mostrando que o fluido sai na direção axial do rotor.

Figura 18 – Diagrama de velocidades para entrada, com hsu,max = -10

Fonte: Próprio autor

36
Figura 19 – Diagrama de velocidades para saída, com hsu,max = -10

Fonte: Próprio autor

Figura 20 – Diagrama de velocidades para entrada, com hsu,max = -15

Fonte: Próprio autor

37
Figura 21 – Diagrama de velocidades para saída, com hsu,max = -15

Fonte: Próprio autor


5.3. COMPARAÇÃO

Com base no site da Itaipu [6] é possível verificar o quanto os dados obtidos diferem
do real na tabela abaixo.

Tabela 4 - Comparação entre os valores reais e os calculados


hsu,max = -10 Erro hsu,max = -15 Erro
Parâmetro Real
(m) (%) (m) (%)
Potência nominal
715 830,11 16,1 723,55 1,2
(MW)
Velocidade de
92,3 77,0996 19,7 87,3795 5,6
projeto (rpm)
Diâmetro do eixo
2,1 2,3441 11,5 2,1477 2,3
(m)
Número de pás
13 13 0 13 0
(Zr)
Número de pás
13 34 161,5 30 130,8
(Zpr)
Velocidade
1,21 1,08 10,7 1,15 4,96
específica (rad)
Fonte: Próprio autor.

38
6. CONCLUSÃO

Tendo em vista a tabela 10, é possível dizer que o método utilizado não diverge
muito do real, contudo deve-se atentar a alguns aspectos inerentes ao roteiro como o
número de pás e o parâmetro L4i. A preocupação referente ao número de pás (Zpr) pôde ser
contornada através do uso de uma equação adicional que apresenta convergência razoável
com os dados reais. O fator L4i foi corrigido de modo conveniente, pois se mostrava
inconsistente do modo apresentado pelo autor e, portanto, sugere-se um estudo mais
aprofundado do equacionamento.
Deve-se atentar também ao valor de hsu,max, pois ele se mostrou ser um dado com
grande influência, sobretudo, sob a potência. Como não foi possível defini-lo precisamente
através das referências o que apresentou melhores resultados, aproximando-se da usina de
Itaipu foi o valor de -15 m.
Dessa forma é possível dizer que apesar do método trazer alguns problemas os
resultados se aproximam dos valores reais, e, portanto, se mostrou bem consistente.
Entretanto, em diversas ocasiões foi necessário comparar os resultados obtidos com os
dados reais, logo, pode-se dizer que há a necessidade de parâmetros previamente bem
estabelecidos para que o método cumpra a proposta apresentada. Portanto, com o uso de
outras correlações para complementa-lo, o roteiro se torna um bom parâmetro para o
primeiro projeto de uma turbina para uma usina hidrelétrica.

39
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] SOUZA, Zulcy de. Projeto de máquinas de fluxo. 1. ed. Rio de Janeiro: Interciência,
c2011.

[2] DIXON, S. L.; HALL, C. A. Fluid Mechanics and Thermodynamics of


Turbomachinery. Elsevier, 2010.

[3] FOX, Robert W.; MCDONALD, Alan T. Introdução à mecânica dos fluidos. 5. ed.
Rio de Janeiro, RJ: LTC, c2001.

[4] WHITE, Frank M. Mecânica dos fluidos. 6. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2011.

[5] Capítulo 3 - Tipos de turbinas hidráulicas aplicadas às pequenas, mini e


microcentrais hidráulicas. Mackenzie. Disponível em:
<http://meusite.mackenzie.com.br/mellojr/Turbinas%20Hidr%E1ulicas/CAP%CDTULO%
203REV.htm>. Acesso em 19 out. 2019.

[6] Disponível em: <https://www.itaipu.gov.br/capa-energia>. Acesso em 28 out. 2019.

[7] HERNÁNDEZ, Carlos A., OLADE. 1980.

[8] SIQUEIRA, Ricardo B. P. CONSTRUÇÃO DE DIAGRAMAS DE CUSTOS PARA


PCH INCORPORANDO TURBINAS DE MERCADO. UNESP – CAMPUS DE
GUARATINGUETÁ. 2006. Disponível em:
<https://repositorio.unesp.br/handle/11449/99328>. Acesso em 02 nov. 2019.

[9] VIVARELLI, Rodrigo. MODELAGEM E SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO


ESCOAMENTO COMPLETO DE UMA TURBINA FRANCIS: UMA APLICAÇÃO
ÀS TURBINAS DA USINA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU. UNIOESTE – CAMPUS
DE FOZ DO IGUAÇU. 2008.

[10] HENN, Erico Antônio Lopes. Máquinas de fluido .2. ed. - Santa Maria, Ed. da
UFSM, 2006.

40
[11] ALVES, Gilberto Alves. AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO
DE UMA MICROCENTRAL HIDRELÉTRICA, PARA ATENDER
CONSUMIDORES LOCALIZADOS EM REGIÕES ISOLADAS. UNESP – CAMPUS
DE BOTUCATU. 2007. Disponível em: <https://docplayer.com.br/45455275-
Universidade-estadual-paulista-julio-mesquita-filho-faculdade-de-ciencias-agronomicas-
campus-de-botucatu.html>. Acesso em: 02 de nov. 2019.

[12] GERMER, E. Máquinas de Fluxo. Curitiba: UTFPR, 2015. Disponível em:


<http://paginapessoal.utfpr.edu.br/eduardomg/maquinas-de-
fluxo/materia/Cap.6_Turbinas.pdf/view>. Acesso em 19 out. 2019.

[13] MAGRI JUNIOR, Carlos E. VERIFICAÇÃO DE ROTEIRO DE CÁLCULOS


PARA DIMENSIONAMENTO DE ROTOR PARA TURBINA TIPO FRANCIS.
UTFPR – CAMPUS DE GUARAPUAVA. 2016. Disponível em:
<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/8982>. Acesso em 03 nov. 2019.

[14] Alex, N. MÁQUINAS TERMOHIDRÁULICAS DE FLUXO. UFPR 2006.


Disponível em:
<http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM120/APOSTILA_MH/capitulo2_teoriageral__MA
QUINAS%20DE%20FLUXO.PDF>. Acesso em 03 de nov. de 2019.

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