Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O DOCENTE:
JOSÉ J. A. HOGUANE
MAPUTO
2012
1
ÍNDICE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3
Competências .............................................................................................................. 5
Objectivos Gerais ........................................................................................................ 6
CAPÍTULO I: ................................................................................................................. 7
NOÇÃO DE ESTÉTICA E DE ARTE .......................................................................... 7
1.1. Noção de Estética. ................................................................................................ 7
1.2. Noção de Arte. .................................................................................................... 12
CAPÍTULO II ............................................................................................................... 17
OBJECTIVIDADE E UNIVERSALIDADE DO CONHECIMENTO ARTÍSTICO .... 17
2.1. Experiência, Sensibilidade e Atitude Estéticas .................................................... 17
2.2. Beleza Natural e Beleza Artística ........................................................................ 19
2.3. Juízos Estéticos ................................................................................................... 20
2.4. Concepções filosóficas da Arte. .......................................................................... 21
CAPÍTULO IV .............................................................................................................. 27
ACESSO AO MUNDO DA ARTE .............................................................................. 27
4.1. Disponibilidade e benefícios ............................................................................... 27
4.2. O ensino da arte .................................................................................................. 28
4.3. Promoção do acesso da população à arte ............................................................. 29
4.4. Produção e Consumo da Arte de Massas ............................................................. 29
CAPÍTULO V ............................................................................................................... 30
2
CAPÍTULO VI .............................................................................................................. 34
DESENVOLVIMENTO E MELHORIA DA SENSIBILIDADE HUMANA ................ 34
6.1. Uma visão em torno da expressão infantil ........................................................... 34
6.2. A evolução do desenho ....................................................................................... 35
6.3. Interpretação e análise do desenho pré-figurativo e figurativo: ............................ 37
CAPÍTULO IX .............................................................................................................. 49
ESTÉTICA E EDUCAÇÃO ........................................................................................ 49
9.1. Educação da sensibilidade humana aprendente .................................................... 49
9.2. A educação estética no centro da formação humana ............................................ 50
9.3. Necessidade de uma educação estética íntegra .................................................... 51
9.4. A estética na formação docente ........................................................................... 53
9.5. A educação estética na Escola ............................................................................. 53
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 55
3
INTRODUÇÃO
Competências
Objectivos Gerais
CAPÍTULO I:
NOÇÃO DE ESTÉTICA E DE ARTE
b) Teoria do Belo
O “Belo” e a “beleza” têm sido objecto de estudo ao longo de toda a história da
Filosofia. A “beleza” está etimologicamente relacionada com "brilhar", "aparecer",
"olhar".
Na Idade Média identifica-se a “beleza com Deus”, sendo as coisas belas feitas
à sua imagem e por sua inspiração. Entre os séculos XVI e XVIII predomina
uma estética de inspiração aristotélica: a “beleza” é relacionada à perfeição
conseguida por uma sensata aplicação das regras da criação artística. As
academias a partir do século XVII, garantiram a correcta aplicação dos cânones
artísticos. Kant atribuirá ao sentimento estético as qualidades de desinteresse e
de universalidade. Foi o primeiro a definir o conceito de “belo” e do sentimento
que ele provoca. Hegel verá no “belo” uma “encarnação da ideia”, expressa não
num conceito, mas numa forma sensível, adequada a esta “criação do espírito”.
9
c) Teoria do Gosto
A arte contemporânea colocou problemas radicalmente novos à estética. Os
artistas rompem com os conceitos e as convenções estabelecidas na arte e
sobre a arte. O conceito de experiência estética sofreu grandes alterações e
controvérsias.
A imagem que se segue (a casa da cascata), pode ser um exemplo de uma obra
de arte cujo impacto no observador se pretende exprimir com a frase1, o que
não acontece com a frase2 (nesta, o observador admira a Natureza do vale e
não provavelmente as edificações existentes).
10
Fique claro que a Teoria do Belo não exclui completamente do seu domínio
muitas das obras de arte e, a Filosofia da Arte não se desinteressa
completamente de algumas obras belas, tal como a Teoria do Gosto se pode
aplicar quer a objectos belos, quer a objectos de arte.
Se bem que a estética tenha sido entendida inicialmente como Teoria do Belo e
só depois como Teoria do Gosto, actualmente é entendida como Filosofia da
Arte, pelas seguintes razões:
Do latim "ars, artis", termo que, no seu sentido etimológico, tinha uma acepção
muito mais ampla do que aquela em que é hoje usada. Falava-se em arte a
respeito de qualquer actividade na qual se dava valor também ao modo pelo
qual ela se explicitava. Desse sentido amplo participavam expressões e termos
13
como: a arte de bem viver, as artes mecânicas, a poesia, a pintura etc. Por
exemplo, as artes rupestres são um exemplo de arte retratando a vivência da
sua época.
vocação artística. Por esse motivo, muitos artistas geniais viveram na miséria,
como antecipadores do seu tempo, não foram compreendidos por uma
sociedade que mal lhes pagava o necessário para sobreviver, mas que anos
depois, revendia suas obras por preços e milhões de vezes mais altos.
Toda arte tem um duplo poder: expressivo e sugestivo. Pelo primeiro, ela
exprime o inteligível no sensível. É capaz de encarnar uma ideia ou um
sentimento, na matéria, seja esta a tinta, o mármore, as palavras, ou o som.
Mesmo uma obra figurativa, quando é realmente artística, exprime muito mais do
que a fotografia.
Hoje, a arte está por todos os cantos. Por exemplo, nas imagens que se
seguem, vemos como o artista faz arte segundo seus sentimentos, suas
vontades, seu conhecimento, suas ideias, sua criatividade e sua imaginação, o
que deixa claro que cada obra de arte é uma forma de interpretação da vida. A
inspiração seria o estado de consciência que o artista atinge, no qual a
percepção, a razão e emoção encontram-se combinados para realizar suas
melhores obras.
A opinião comum diz que para se fazer uma arte que tenha como resultado uma
obra de qualidade, é preciso uma especialização do artista, para ele alcançar um
nível de conhecimento sobre a demonstração da capacidade técnica ou de uma
originalidade na abordagem estilística.
17
CAPÍTULO II
OBJECTIVIDADE E UNIVERSALIDADE DO CONHECIMENTO ARTÍSTICO
Conseguir a “objectividade” numa obra de arte é um desafio pois, não a
explicamos, ajustamo-nos a ela. Ao interpretá-la, fazemos uso dos nossos
próprios objectivos e esforços, dotámo-la de um significado que tem a sua
origem nos nossos próprios modos de ver e de pensar (nossa subjectividade).
a) Experiência Estética
O Homem é razão, mas também emoção. O meio envolvente desperta nele,
emoções de agrado ou desagrado, de prazer ou de tristeza, de beleza ou
fealdade. Mas o Homem, como se vê na imagem a seguir, não se limita a
contemplar, também cria, produz objectos onde procura não apenas expressar
estas emoções, mas fá-lo de forma que outros as possam igualmente
experimentar quando os contemplam.
18
b) Sensibilidade Estética
O modo como vivemos as diversas experiências estéticas depende da nossa
sensibilidade, a qual é influenciada pela preparação que temos para poder
usufruir uma dada experiência. Algumas formas de arte, como certas
expressões da arte contemporânea requerem uma iniciação prévia para
pudermos entender a linguagem usada pelos artistas.
c) Atitude Estética
As predisposições que o Homem revela para produzir, mas também para
valorizar em termos emotivos os objectos e as situações, constituem o que
designamos por atitude estética. Esta atitude é pois uma das condições
necessárias para pudermos ter uma experiência estética, caso contrário os
nossos sentidos estarão “bloqueados”.
O que designamos por criações artísticas, isto é, as obras criadas por artistas
nem sempre tiveram o mesmo sentido. Ao longo dos tempos têm sido muito
diversas as concepções sobre o que é uma obra de arte. Entre as concepções
explicativas sobre a arte destacam-se as seguintes:
d) Arte institucionalizada
Aquilo que pode ser abrangido pelo conceito de arte é determinado em última
instância por uma comunidade de pessoas ligadas à sua produção, venda e
difusão, entre os quais os críticos, historiadores, galeristas, etc.
Nesta concepção, o entendimento do que é a arte, assim como do que deve ser
considerado artístico é remetido para comunidade que a produz, avalia, promove
e difunde. Os critérios seguidos por esta comunidade são em geral muito
distintos dos usados pelo público não especializado.
23
CAPÍTULO III
CARÁCTER HISTÓRICO E ESPECIFICIDADE DO CONTEÚDO ARTÍSTICO
Não estamos em condições de dizer se, nos tempos pré-históricos, existia algum
tipo de diferenciação social entre os pintores que realizavam pinturas rupestres
nas cavernas e os escultores que davam forma aos utensílios de uso quotidiano.
Não é provável que os pintores rupestres fossem diferenciados dos restantes
membros da comunidade e o carácter mágico – instrumental das suas pinturas
parece comprovar o facto de que estes povos caçadores e nómadas plasmavam
signos e imagens com uma faceta integrada no conjunto de suas actividades
básicas: a caça, a reprodução e o combate. A consciência mágica do Homem foi
crescendo graças à maior complexidade espiritual que ele ia adquirindo.
A cultura romana nunca aceitou a integração das artes visuais nas artes liberais
(ou seja no conjunto de conhecimentos que devia possuir um Homem livre).
Porém, o ambiente de Roma, com seu poder imperial, suas colecções e suas
modas, propiciou o livre trabalho artístico. Com a decadência de Roma e a
eclosão da Alta Idade Média cristã tudo mudou, tendo surgido factores adversos
à continuidade da arte em sua concepção clássica. Destaquemos três destes
factores:
CAPÍTULO IV
ACESSO AO MUNDO DA ARTE
Mesmo sem saber, o povo moçambicano convive com a arte há muito tempo.
Em muitas esquinas de nossas cidades, aldeias, bairros, etc. tem uma
reprodução de algo semelhante a arte, uma estampa, muita ornamentação. Por
outro lado, nos dias comemorativos e em outros tipos de cerimónias, é frequente
a organização e apresentação de actividades culturais como dança, poesia,
teatro, canto, etc. Sem precisar necessariamente de comprar obras de arte, ou
pagar bilhete de ingresso, pode-se vivenciar a arte, indo a um museu e ficar
contemplando a diversidade lá existente, ou participando das manifestações
artísticas locais.
Há alguns anos para se ter acesso às actividades culturais como dança, teatro,
música e artes plásticas, era necessário preencher uma série de requisitos,
entre eles poder pagar para se ter acesso há algo estritamente necessário ao
desenvolvimento do indivíduo, a cultura. No entanto, de alguns anos para cá
esse paradigma tem sido quebrado, através de projectos e iniciativas que
proporcionam à população menos favorecida ter acesso às mais diversas áreas
que a cultura possa abranger.
28
Desenho de criança.
CAPÍTULO V
CONHECIMENTO, VIVÊNCIA E CRIAÇÃO DAS DIFERENTES LINGUAGENS
ARTÍSTICAS
Para qualquer tipo de forma artística temos 5 linguagens visuais, que são: ponto
linha, forma, movimento e cor. Eles pedem ser inseridos em qualquer movimento
artístico, seja eles das belas artes, ou contemporâneos. Esses 5 são fáceis de
perceber em pinturas, desenhos e gravuras, mas podem ser vistos em
esculturas e objectos. E sem falar do movimento, sendo o principal, e os demais,
em fotos e vídeos.
de proibição para fumar e não há nenhum nome referindo-se a placa. Você sabe
que aquela sinalização significa que é proibido fumar, sem que haja nenhum
nome de identificação. O Símbolo do masculino e feminino também é um
exemplo dessa linguagem.
CAPÍTULO VI
DESENVOLVIMENTO E MELHORIA DA SENSIBILIDADE HUMANA
A arte serve como uma terapia e como uma higiene porque os desenhos fazem
com que a criança transmita os seus desejos e os seus recalcamentos. A arte é
uma forma de educar a criança. A arte tem de ser livre. Sem liberdade não há
expressão porque é um reflexo interior de todas as emoções, desejos e
sentimentos. Nós temos sempre mensagens para transmitir. A criança está
sempre a falar dela própria. Se não há liberdade, a criança não pode expressar
o que sente. Para além da liberdade, tem de haver disciplina. A expressão tem
de ter constante exercício e uma certa orientação da vontade. Quanto mais se
desenhar, mais pintura e expressão plástica se fizer, mais se evolui.
a) Pré-figurativa
Este momento apresenta três fases:
1ª fase (18 meses) - A criança não quer exprimir nada.
2ª fase (2 a 2.5 anos) - A criança já tem maior controlo em relação ao material.
Já faz com densidades diferentes, a linha já é traçada de uma forma mais
controlada.
3ª fase (3 a 3.5 anos) - Controlo absoluto em termos de material. Faz
ziguezague, pintam com tintas, carimbagens, aglomerados, recortes, aprende a
trabalhar com as mãos (barro, massa de pão), tem percepção não só visual,
mas também física, tem necessidade de dizer o que escreve e o que faz, mas
não quer dizer que seja verdade o que diz.
b) Figurativa
Este momento apresenta três fases:
1ª fase (4 a 5 anos) - Faz a figura humana (casas, árvores), mas continua
associar a cor à afectividade. Quando deixa de pintar em relação à afectividade,
passa a desenhar com as cores em relação à realidade.
2ª fase (6 a 7 anos) - Começa por fazer o céu e a terra no desenho, dão
características humanas a seres inanimados (humanização). Os tamanhos dos
bonecos estão associados à afectividade (quanto mais gosta, maior os faz).
3ª fase (7 a 8 anos) - Ocupa a folha toda de desenho porque é tímida ou porque
os professores disseram que a criança desenhava mal. A partir desta idade, as
crianças caracterizam mais os bonecos (totós, saltos altos, ganchos, laços).
4ª fase (9 a 12 anos) - Faz linha de horizonte, superfície vista de cima,
preocupação de fazer o realismo.
Por sua vez, a criança grande faz desenhos figurativos, logo, tem poder de
autocrítica. Têm uma evolução oscilante (o facto dela ter autocrítica regride,
progride, regride... a evolução é irregular). Ela é muito inibida e muito cautelosa
no que faz. O facto de ser muito cuidadosa, demora mais tempo a fazer os
desenhos, o facto de demorar mais tempo nota-se uma maior evolução no
desenho. O facto da criança regredir, não quer dizer que vá para trás, pode ter a
ver com os sentimentos, mudança de técnica.
A criança tímida não quer mostrar o seu interior, tem falta de segurança. Tem
uma folha grande e faz desenhos muito pequenos. Para aumentar o desenho é
muito complicado. Temos de ter uma atitude de encorajamento, estimular a
criança, dar-lhe autoconfiança, dizer que o desenho é bonito.
37
Em ambos casos, o educador nunca deve ensinar pela teoria, mas sim pela
prática. Através dos próprios erros, ela vai aprender. Na criança ensina-se
primeiro a prática e depois a teoria. Ex.: quando se pinta na horizontal, a tinta
escorre, e ela pergunta ao professor porquê. Mas ele não responde. Tem a ver
com a quantidade de água. Ela tem de saber por experiência própria que a tinta
com muita água, escorre.
38
CAPÍTULO VII
APREENSÃO E COMPREENSÃO DE OBRAS ARTE
a) Nível I
O nível I é definido pelas características do pensamento concreto em acção
durante a leitura estética, gerando uma interpretação orientada pela concretude
do mundo que estaria representada na obra. O observador vê na obra de arte o
próprio mundo representado. Se a obra de arte apresenta-nos duas mulheres
juntas olhando-se ela diz, a mesma coisa que se observa no quadro.
quanto a cor, a resposta comum é que a imagem é boa porque é bem colorida,
não é boa porque as cores não são alegres.
b) Nível II
O nível II tem como característica o deslocamento da responsabilidade da
existência da obra do mundo físico para o mundo interior do artista. Neste caso
é o mundo interno, subjectivo e particular do produtor que determina a natureza
e a qualidade da obra. Porque só um artista alegre é que pode elaborar uma
obra bonita, embora podemos encontrar casos inversos. Geralmente o artista
transmite aquilo que está sentindo, por essa razão, se ele encontra-se em
estado de espírito triste dificilmente pode produzir algo alegre.
c) Nível III
No nível III a interpretação revela sentidos mais abstractos e abrangentes. Neste
caso, para manter a coerência no julgamento, o apreciador despreza os critérios
ligados aos atributos do mundo representado e dá prioridade à expressividade
da obra em si. A obra tem que transmitir uma mensagem, uma ideia, que faça
reflectir questões que estão no seu subconsciente. Esta fase depende de cada
um, porque a imagem deve exprimir um sentimento, e para cada um de nós o
que é necessário para exprimir sentimento? Diríamos que deve ser boa, mas
este “boa” é relativo a cada um de nós.
Fazendo uma leitura técnico-formal vemos que esta obra tem claramente
tratamento cubista. Denota-se alguma influência em vários trabalhos anteriores
42
Fazendo uma leitura simbólica vemos que esta obra tem um simbolismo
bastante vincado, sendo que há uma preocupação do autor em representar o
terror sem sentido, esse provocado pelo ataque a Guernica apenas para testes.
Durante toda a obra, denotamos sempre uma dualidade clássica entre vida e
morte, tal como entre desespero e esperança. Para demonstrar essa intenção,
Picasso representou várias personagens evidentes: Da direita para a esquerda,
encontramos uma personagem de braços para o ar que representa a dor física e
a súplica. No entanto, e por os seus braços fazerem um movimento ascendente,
revelam-nos um pequeno cubo, esse que pode representar uma janela. Da
mesma forma verificamos que a personagem se encontra sobre uma base
obliqua, que pela sua direcção nos conduz para uma porta aberta,
imediatamente à sua direita. Como se a personagem encontrasse uma saída,
mas não pudesse fugir, essa impossibilidade é claramente evidente pelo
personagem estar desprovido de pernas.
baixo, e vindo da esquerda para a direita, há um outro braço, mas este caído e a
segurar um punhal e uma flor, que pode significar, que mesmo depois da luta, e
sem forças (punhal partido), ainda há esperança (flor). Essa dualidade, pode
também ser demonstrada pelo facto de o punhal estar partido em V, dando por
isso a ideia de dois caminhos.
Mais a cima e à esquerda, temos um candeeiro, que pela sua forma, remete-nos
para a ideia de olho, que por cima, pode representar o olhar divino. Essa
analogia, é mais ampla quando se verifica, que a lamparina indicada acima, tem
a sua projecção de luz direccionada para um único lugar, mas já a luz deste
candeeiro é uniforme que se propaga pela tela inteira, dado por isso a tal ideia
de olhar divino, que tudo vê.
No plano inverso à pomba, há uma caixa com uma seta, essa seta que aponta
para a mãe com a criança ao colo, como se nos tivesse a direccionar entre a
pomba e as mesmas, de forma a concluir que a falta de entendimento leva
inocentes ao sofrimento. Por último temos a representação de um touro, que
parece proteger a mulher com a criança ao colo. No entanto e pelo seu porte,
representa também a brutalidade e o poder, que protege mas continua a luta.
CAPÍTULO VIII
VALORIZAÇÃO DA FUNÇÃO SOCIAL DA ARTE
Todas as artes têm uma importante função social. Criando sempre novas formas
de beleza, elas podem despertar no povo os mais puros e nobres sentimentos e
oferecer-lhe uma das maneiras mais elevadas para ocupar dignamente as horas
de lazer. À medida que o progresso social e tecnológico liberta o Homem de
ocupações produtivas, assume gravidade crescente o problema da cultura
popular.
A arte regista as ideias e os ideais das culturas e etnias, sendo uma importante
fonte para a compreensão da história do Homem e do mundo. Formas artísticas
podem extrapolar a realidade, exagerar coisas aceites ou simplesmente criar
novas formas de se observar a realidade. Em algumas sociedades, as pessoas
consideram que a arte pertence à pessoa que a criou. Geralmente consideram
que o artista usou o seu talento intrínseco na sua criação. Essa visão
(geralmente da maior parte da cultura ocidental) reza que um trabalho artístico é
propriedade do artista. Outra maneira de se pensar sobre talento é como se
fosse um dom individual do artista. Outras sociedades consideram que o
trabalho artístico pertence à comunidade. O pensamento é levado de acordo
com a convicção de que a comunidade deu ao artista o capital social para o seu
trabalho. Nessa visão, a sociedade é um colectivo que produz a arte através do
artista, que apesar de não possuir a propriedade da arte, é visto com
importância para sua concepção.
Andando pelas ruas, passamos por uma praça e vemos uma escultura, em um
edifício vemos um mural de azulejos ou de pintura, em uma igreja vemos um
mosaico ou um vitral colorido. Se for observador, sensível, com certeza gosta de
ficar olhando para tudo isso. Essas formas, diferentemente dos objectos
utilitários que se usa no dia-a-dia, têm função de encantar, de provocar a
reflexão e admiração, de proporcionar prazer e emoção. Essas sensações são
despertadas por um conjunto de elementos: a imaginação do artista, a
composição, a cor, a textura, a forma, a harmonia e a qualidade da ideia.
Observamos então, que, a Arte tem diversas funções na vida do Homem. Uma
das funções tem como finalidade possibilitar os processos de percepção,
sensibilidade, cognição, expressão e criação, fazendo que o Homem se
48
Podemos também perceber a arte como uma linguagem que ultrapassa a função
da comunicação simples e pura, pois transmite as ideias, os sentimentos e as
informações que transformam as ideias, os sentimentos e as informações já
existentes influenciando culturalmente o meio, fazendo assim uma interacção
Homem – Sociedade.
CAPÍTULO IX
ESTÉTICA E EDUCAÇÃO
Nosso ser é, também, aquilo que percebe e sente. Felizmente, não somos
apenas razão discursiva e prepositiva, somos também sensibilidade encarnada.
Nossa carne é a morada do sensível. Por que, então, não damos a devida
atenção à educação da sensibilidade e não mais a consideramos como algo de
menor importância na educação humana?
Para a consecução do que foi acima pressuposto, a educação estética não pode
dissociar-se da educação ética e da educação profana, muito menos pode ser
pensada fora de condições culturais específicas e históricas. E porque vivemos
em um meio cultural marcado pela multiplicidade e pela riqueza étnica, não seria
inteligente articular uma educação estética que não possa contemplar em sua
dinâmica o acolhimento das distintas formas de sentir e celebrar a vida, seja por
rituais religiosos ou artísticos, seja por rituais epistémicos ou conceituais.
Esta forma de educação deverá primar pelo individual, pela sensibilidade, pela
beleza na sua dimensão mais ampla, pelo que, a educação estética não pode
54
dissociar-se da educação ética das crianças e jovens, nem das suas condições
históricas e culturais.
Trata-se de uma forma de educação que deverá ser levada a cabo por toda a
comunidade escolar (e não simplesmente pelos professores da área) de modo
que, muito cedo, crianças e jovens percebam a necessidade, demonstrem
interesse e intervenham activamente na conservação e organização do meio
envolvente.
BIBLIOGRAFIA
http://criticanarede.com
http://pt.wikipedia.org
____________________________
Para estudos complementares: