Você está na página 1de 18

1

Capítulo 9 – Motores Monofásicos

9.1. MOTOR UNIVERSAL

Um dos motores mais simples que pode funcionar com corrente alternada é o motor CC. Analisando a
equação do torque.
τ ind =k ϕ I A (4-32)
Em um motor CC série, se a polaridade da tensão for invertida, o sentido do fluxo e o sentido da
corrente de armadura se invertem, o torque induzido continuará com o mesmo sentido, se obtêm um
torque pulsante, porém unidirecional. Algumas alterações devem ser feitas no motor CC série para
permitir que ele trabalhe com CA, as estruturas do rotor e do estator devem ser laminadas
completamente, pois, sem a laminação destes, as perdas seriam enormes. Esse tipo de motor, devido a
indução de tensões nas bobinas de comutação, possui muito faiscamento e baixa vida útil das escovas,
exigindo a troca constante destas.
A curva de torque versus velocidade para um motor universal é dado na figura 9-1, nesta figura, é
comparado o motor universal em CA e em CC, algumas características explicam a diferença de
comportamento.

Figura 9-1: Comparativo das características de


torque versus velocidade de um motor universal (CC
série) em CC e em CA.

A mudança de comportamento é explicado


1. Os enrolamentos de armadura e de campo têm uma reatância bem elevada em 50 ou 60 Hz. Uma
parte da tensão de entrada sofre uma queda reativa nesses enrolamentos. Ou seja, a tensão interna E A
é menor durante o funcionamento com CA do que com CC, e naturalmente o motor será mais lento
com CA.
2. Além disso, a tensão de pico de um sistema CA é √ 2 vezes a tensão eficaz, assim, a saturação do
núcleo pode ocorrer próximo da corrente de pico da máquina, isso pode diminuir significativamente o
fluxo eficaz do motor o que reduz o torque induzido da máquina.

Controle de Velocidade de Motores Universais

A forma melhor de controlar a velocidade de um motor universal é controlando a tensão eficaz de


entrada. Quanto maior essa tensão, mais rápido o motor gira. Na prática, isso é feito através de um
circuito de controle de estado sólido.

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


2

9.2. MOTORES DE INDUÇÃO MONOFÁSICOS

Um dos motores mais simples que pode funcionar com corrente alternada é o motor CC. Analisando a
equação do torque.

Figura 9-2: Construção de um motor de indução monofásico. O


rotor é o mesmo de um motor de indução trifásico, mais o
estator tem apenas uma fase distribuída.

Um motor comum para uso é o motor de indução em versão monofásica, basicamente este possui um
rotor gaiola de esquilo e um estator monofásico.
Esses motores possuem uma série de desvantagens, porém podem ser empregados em aplicações
que não exijam um torque alto de partida, basicamente, como ele possui apenas uma fase no
enrolamento do estator, o campo magnético não é girante, ele na verdade pulsa, inicialmente de
forma mais intensa, depois de forma mais lenta, como não há campo girante, não há torque de partida
em um motor monofásico.
A indução de tensão no rotor se dá por ação transformador, e como as barras do rotor estão em curto
circuito, há uma corrente circulando no rotor e criação de um campo. Porém, esse campo magnético
está alinhado com o campo magnético do estator, nenhum torque será desenvolvido.
A partir do momento que a máquina é posta em giro, um torque induzido é produzido no rotor, e
assim a máquina entra em funcionamento, há algumas formas de fazer essa partida inicial, as quais
serão abordados na seção a seguir.

9.3. PARTIDA DE MOTORES MONOFÁSICOS

Como um motor de indução monofásico não tem torque de partida próprio, é necessário utilizar
algumas técnicas de partida pra pôr a máquina em giro, cada técnica diferem em custos e em
quantidade de torque de partida, as três técnicas mais comuns são:
1. Enrolamento de fase dividid
2. Enrolamentos com capacitores

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


3

3. Polos sombreados

Essas técnicas se utilizam de recursos para tornar um dos campos mais forte e assim o motor tem um
impulso inicial pra entrar em marcha.

Figura 9-3: O motor de indução


monofásico na partida. O enrolamento do
estator induz tensões e corrente opostas no
circuito do rotor, resultando um campo
magnético alinhado com o campo
magnético do estator τind = 0.

Enrolamentos de fase dividida

Um motor de indução monofásico de fase dividida é um motor com dois enrolamentos de estator, um
enrolamento principal (P) e um enrolamento auxiliar de partida (A). Esses dois enrolamentos são
instalados com um distanciamento angular de 90° graus elétricos sobre o estator do motor. O
enrolamento auxiliar é desligado assim que a máquina atinge uma certa velocidade, se utiliza uma
chave centrífuga ajustada para abrir numa dada velocidade e desligar o enrolamento auxiliar. Esse
enrolamento auxiliar tem uma razão resistência/reatância mais elevada que o enrolamento principal,
assim, a corrente no enrolamento auxiliar está adiantada em relação a corrente do enrolamento
principal, essa relação R/X mais elevada é obtida utilizando um fio mais fino no enrolamento auxiliar.

Figura 9-4: (a) Um motor de indução de fase


dividida. (b) As correntes do motor na partida.
Prof. Wagner Menezes Capítulo 9
4

Como a corrente do enrolamento auxiliar está adiantada em relação à corrente do enrolamento


principal, o pico de campo magnético BA ocorre antes do pico do campo magnético BP, assim, haverá
uma rotação resultante do campo magnético no sentido anti-horário. Resumidamente, o que acontece
é que o enrolamento auxiliar faz com que um dos campos magnéticos girantes opostos do rotor seja
maior que o outro, produzindo um torque de partida líquido para o motor.

Figura 9-5: (a) Relação entre os campos magnéticos principal e


auxiliar. (b) O pico de IA ocorre antes do pico de IP, produzindo uma
rotação resultante anti-horária dos campos magnéticos. (c) A
característica resultante do torque versus velocidade.

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


5

Figura 9-6: Motor de fase dividida em corte,


mostrando os enrolamentos principal e auxiliar
além de uma chave centrífuga.
Os motores de fase dividida têm um torque de partida moderado com uma corrente de partida baixa,
são motores bastante empregados em equipamentos que não exigem conjugado elevado, como
ventiladores, sopradores e bombas centrífugas, são fabricados normalmente em potências menor que
1 CV e tem custo baixo.

Motores com capacitor de partida

Para algumas aplicações, o motor de fase dividida não possui torque suficiente para dar partida nessas
cargas, nesse caso, se utiliza um capacitor em série com o enrolamento auxiliar do motor.

Figura 9-7: (a) Um motor de indução com capacitor de partida. (b) Ângulos
das correntes na partida desse motor.

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


6

Nesse motor, onde o capacitor de partida é colocado em série com o enrolamento auxiliar, pela
escolha apropriada do valor do capacitor, a FMM da corrente de partida do enrolamento auxiliar
poderá ser ajustada para ser igual a FMM da corrente do enrolamento principal e o ângulo de fase da
corrente no enrolamento auxiliar poderá ser tal que a corrente estará adiantada em 90° em relação a
corrente do enrolamento principal. Como ambos os enrolamentos estão fisicamente separados de 90°,
uma diferença de fase entre as correntes de 90° produzirá no estator um campo magnético girante
uniforme simples e o motor irá se comportar como se ele estivesse partindo com uma fonte de
potência trifásica, seu conjugado de partida pode ser de até 300% do seu torque nominal.
São portanto motores mais caros devido sua construção e são empregados em aplicações que
precisam de elevado torque de partida, como em compressores, bombas, ar condicionados e outros
equipamentos que partem com carga.

Figura 9-8: Característica torque versus velocidade de um


motor de indução com capacitor de partida.

Motores com capacitor permanente e duplo capacitor.

Em algumas aplicações, pode ser utilizando um capacitor permanentemente conectado ao


enrolamento auxiliar e esses são mantidos ao longo de todo o funcionamento do motor.

Figura 9-10: (a) Um motor de indução de


capacitor permanente. (b) A característica de
torque versus velocidade desse motor.
Prof. Wagner Menezes Capítulo 9
7

Se o valor do capacitor for escolhido corretamente, esse motor terá um campo magnético girante
perfeitamente uniforme para alguma carga específica e ele se comportará exatamente como um
motor de indução trifásico naquele ponto. Os motores de capacitor permanente são mais simples do
que os motores com capacitor de partida, pois não há necessidade de chave centrífuga, uma vez que o
circuito auxiliar não é desconectado. Para carga normais eles possuem um melhor fator de potência e
são portanto mais eficientes, além de apresentarem um torque mais suave que os motores de indução
similares.
Porém, seu torque de partida é mais baixo naturalmente que nos de capacitor de partida, pois o valor
do capacitor deve ser tal que equilibre as correntes no enrolamento permanente e no auxiliar desse
motor.

Para se utilizar melhores características de um capacitor de partida e de um capacitor permanente,


existe o motor de duplo capacitor. Um capacitor de valor mais elevado está presente apenas no
momento da partida, para equilibrar as correntes no momento da partida, permitindo um torque alto
na partida, após atingir uma certa velocidade a chave centrífuga abre e mantém apenas o capacitor
permanente conectado ao enrolamento auxiliar, o capacitor permanente tem o valor correto para
equilibrar as correntes para a carga normal de funcionamento do motor, esse capacitor terá um valor
de 10 a 20% do valor do capacitor de partida.

Figura 9-11: (a) Um motor de indução de dois


capacitores. (b) A característica de torque versus
velocidade deste motor.

Motor de Polos Sombreados

O motor de indução de polos sombreados é um motor com apenas um enrolamento principal. Em vez
de ter um enrolamento auxiliar, ele tem polos salientes, e uma parte de cada polo é envolvida com
uma bobina em curto circuito denominada bobina de sombreamento. Um fluxo variável no tempo é
induzida nos polos pelo enrolamento principal, quando o fluxo do polo varia, ele induz uma tensão e
uma corrente na bobina de sombreamento que se opõe à variação original de fluxo, essa oposição
atrasa as variações de fluxo abaixo das regiões sombreadas das bobinas e, portanto, produz um ligeiro
desequilíbrio entre os dois campos magnéticos opostos girantes.

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


8

Figura 9-12: Motor monofásico de indução com capacitor de partida.

Figura 9-13: Motor monofásico de Indução Duplo Capacitor.

Figura 9-14: Vista explodida motor monofásico de indução com capacitor


de partida.

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


9

A rotação resultante é no sentido que vai da parte não sombreada para a parte sombreada da face
polar.
Esse tipo de motor de indução possui muito menos torque de partida do que qualquer outro motor de
indução monofásico, são bem menos eficientes e tem um escorregamento muito maior que os outros
motores já citados nesse capítulo. É utilizado em motores pequenos (menores que 1/20 de CV) e em
condições de baixo torque de partida.

Figura 9-15: Motor de indução de polos sombreados.

Figura 9-16: (a) Motor de indução de polos


sombreados. (b) A característica de torque versus
velocidade desse motor.

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


10

9.4. CONTROLE DE VELOCIDADE

O controle de velocidade de um motor de indução monofásico pode ser feito de modo bem similar
que dos motores de indução trifásicos. As principais técnicas de controle de velocidade são:

1. Variação da frequência do rotor.


2. Mudança do número de polos.
3. Mudança da tensão terminal aplicada.

Na prática, para motores que possuem elevado escorregamento, a técnica mais empregada para
controlar a velocidade é váriar a tensão de terminal do motor, e isso pode ser feito de três maneiras.

1. Um autotransformador pode ser usado para ajustar continuamente a tensão de linha. É um método
muito caro e por isso se aplica apenas quando há necessidade de controle de velocidade muito suave.
2. Um circuito controlador de estado sólido pode ser empregado para reduzir a tensão eficaz aplicada
ao motor pelo controle de fase CA. São mais baratos que os anteriores e estão cada vez mais em uso
atualmente.
3. Um resistor pode ser inserido em série com o estator do motor. É o método mais barato de controle
de velocidade, porém as perdas no resistor são demasiadamente grandes, o que reduz a eficiência do
conjunto.

Outra forma comum de controle de velocidade, similar ao primeiro método, é utilizar o próprio
enrolamento do estator como autotransformador. Quando a tensão plena de linha V é aplicada ao
enrolamento principal por inteiro, o motor de indução opera normalmente, caso a tensão plena de
linha seja ligada a uma derivação, como a da figura 9-17, então, uma tensão idêntica será induzida na
metade superior do enrolamento e a tensão total no enrolamento será o dobro da tensão de linha
aplicada, assim, quanto menor for a fração do enrolamento que recebe a tensão de linha aplicada,
maior será a tensão total no enrolamento inteiro e maior será a velocidade. Esse princípio é muito
utilizado nos ventiladores, para controle de velocidade, por ser barato e de simples execução.

Figura 9-17: Uso do enrolamento do estator


como autotransformador. Se a tensão V for
aplicada a derivação central do enrolamento, a
tensão total do enrolamento será 2V.

9.5. CIRCUITO EQUIVALENTE DO MOTOR DE INDUÇÃO MONOFÁSICO

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


11

A melhor maneira de iniciar a análise de um motor de indução monofásico é quando ele está parado.
Nesse momento, o motor assemelha-se simplesmente a um transformador monofásico com seu
circuito secundário em curto-circuito.

Figura 9-18: (a) O circuito equivalente de um motor de indução monofásico


com o rotor parado. Somente seu enrolamento principal está energizado. (b) O
circuito equivalente em que os efeitos dos campos magnéticos adiantado e
atrasado foram separados.

Nessa figura, R1 e X1 são as resistências e a reatância do enrolamento do estator. A reatância de


magnetização é XM e os valores referidos da resistência e da reatância do rotor são R2 e X2. As perdas
no núcleo da máquina não estão mostradas e serão combinadas com as perdas mecânicas e
suplementares, como parte das perdas rotacionais do motor.
Quando o motor está parado, o fluxo pulsante no entreferro do motor pode ser decomposto em dois
campos magnéticos iguais e opostos dentro do motor. Como esses campos são de mesma
intensidade, cada um contribui com partes iguais para as quedas de tensão resistiva e reativa no
circuito do rotor. Assim, é possível dividir o circuito do rotor em duas seções, cada uma
correspondente aos efeitos de um dos campos magnéticos. Isso é mostrado na figura 9-18b.
Supondo agora que o motor comece a girar por meio de um enrolamento auxiliar e que o
enrolamento seja desconectado quando a velocidade de funcionamento do motor for atingida,
sabemos que a resistência efetiva do rotor de um motor de indução depende do valor do movimento
relativo existente entre os campos magnéticos do rotor e do estator. Porém no motor de indução
monofásico, há dois campos magnéticos (adiantado e atrasado) um progressivo e um retrógrado,
sendo que o movimento relativo é diferente para cada um.
Para o campo magnético progressivo, a diferença por unidade entre a velocidade do rotor e a
velocidade do campo magnético é o escorregamento s, sendo o escorregamento definido da mesma
forma que no motor de indução trifásico, e nesse caso, a resistência do rotor na parte do circuito
associada com o campo magnético progressivo é 0,5R2/s. O campo magnético progressivo gira na

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


12

velocidade ns e o campo magnético retrógrado gira na velocidade -ns. Assim, a diferença total de
velocidade por unidade entre os campos magnéticos progressivo e retrógrado é 2.
Como sabemos que o rotor está girando numa velocidade s menor do que o campo magnético
progressivo, a diferença total da velocidade por unidade entre o rotor e o campo magnético
retrógrado é (2 -s). Assim, a resistência efetiva do rotor na parte do circuito associado a campo
magnético retrógrado é 0,5R2/(2 – s).

Figura 9-19: O circuito equivalente de um motor de indução monofásico


girando apenas com o enrolamento principal energizado.
Análise de circuito com o circuito equivalente do motor de indução monofásico

O circuito equivalente mostrado acima é bem similar ao circuito equivalente para um motor trifásico,
porém no motor monofásico, ambas as componentes estão presentes, as componentes progressivas e
retrógradas de potência e torque.
A potência e o torque líquido dessa máquina serão a diferença entre as respectivas componentes
progressivas e retrógradas.

Figura 9-20: Diagrama de fluxo de potência de um motor de


indução monofásico.

Para facilitar a análise do calculo da corrente de entrada do motor, vamos considerar que Zprog é uma
impedância única que equivale a todos os elementos de impedância do campo magnético
progressivo, ao passo que Zretr é uma impedância única que equivale a todos os elementos de
impedância do campo magnético retrógrado.
Zprog pode ser obtida por
( R2 / s+ jX 2)( jX M )
Z prog=R prog+ jX prog= (9-1)
( R2 / s + jX 2)+ jX M

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


13

Figura 9-21: Uma combinação em série de


Rprog e jXprog é o equivalente Thevenin dos
elementos de impedância do campo
magnético progressivo, e portanto, Rprog deve
consumir a mesma potência que R2/s
consumiria para uma dada corrente.

[R 2 /(2−s)+ jX 2 ]( jX M )
Z retr =Rretr + jX retr = (9-2)
[ R 2 /(2−s)+ jX 2 ]+ jX M
Em termos de Zprog e Zretr, a corrente que circula no enrolamento do estator do motor de indução é
V
I1 = (9-3)
R1 + jX 1 +0,5 Z prog +0,5 Z retr
A potência no entreferro por fase do motor de indução é a diferença entre as potências progressivas e
retrógradas, assim, calculamos cada parcela de potência e subtraímos, a potência no entreferro para o
campo magnético progressivo pode ser expresso como
2
PEF , prog=I 1 (0,5 R prog ) (9-4)
A potência no entreferro para a potência retrógrada é dada por
PEF ,retr =I 21( 0,5 R retr ) (9-5)
Assim, a potência de entreferro total de um motor de indução monofásico é dado por.
PEF =P EF , prog−P EF , retr (9-6)
O torque induzido de um motor monofásico pode ser obtido por
P
τ ind = ωEFs (9-7)
As perdas no cobre do rotor são a soma das perdas no cobre do rotor devido ao campo magnético
progressivo e ao campo magnético retrógrado, assim
PPCR =P PCR , prog −P PCR ,retr (9-8)
As perdas progressivas no cobre do rotor de um motor de indução monofásico são dadas por
PEF , prog=sP EF , progr (9-9)
E as perdas retrógradas no cobre do rotor são dadas por
PEF ,retr =sPEF ,retr (9-10)
As perdas totais no rotor é simplesmente a soma dessas duas componentes.
A potência convertida em um motor monofásico é dado por

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


14

Pconv =τ ind ω s (9-11)


Ou
Pconv =(1−s) PEF (9-12)

Da mesma forma que nos motores trifásicos, a potência de saída no eixo não é igual a Pconv, por que as
perdas rotacionais também devem ser subtraídas. Nesse caso, devemos subtrair, as perdas do núcleo,
as mecânicas e as perdas suplementares de Pconv para obter a Psaída.

EXEMPLO 9.1 Um motor de indução de fase dividida, 1/3 HP, 110 V, 60 Hz e seis polos, tem as
seguintes impedâncias:
R1 = 1,52 Ω X1 = 2,10 Ω XM = 58,2 Ω
R2 = 3,13 Ω X2 = 1,56 Ω

As perdas no núcleo desse motor são 35 W, ao passo que as perdas mecânicas por atrito e ventilação e
as suplementares totalizam 16 W. O motor está operando em tensão e frequência nominais com o seu
enrolamento de partida em aberto e o escorregamento do motor é de 5 por cento. Encontre as
seguintes grandezas nessas condições:
(a) A velocidade em rotações por minuto
(b) A corrente do estator em ampères
(c) O fator de potência do estator
(d) Pentrada
(e) PEF
(f) Pconv
(g) τind
(h) Psaída
(i) τcarga
(j) Eficiência

Solução

As impedâncias progressivas e retrógradas para esse motor com um escorregamento de 5% são

( R2 / s+ jX 2)( jX M )
Z prog=R prog+ jX prog=
( R2 /s + jX 2)+ jX M

(3,13Ω /0,05+ j 1,56Ω)( j58,2 Ω)


Z prog=
(3,13 Ω /0,05+ j1,56 Ω)+ j58,2Ω

(62,6 ∠ 1,43° Ω)( j 58,2Ω)


Z prog=
(62,6 ° Ω+ j1,56 Ω)+ j 58,2Ω

Z prog=39,9∠ 50,5 ° Ω=25,4+ j30,7 Ω

[R 2 /(2−s)+ jX 2 ]( jX M )
Z retr =Rretr + jX retr =
[R 2 /(2−s)+ jX 2 ]+ jX M

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


15

(3,13Ω /1,95+ j 1,56 Ω)( j58,2 Ω)


Z prog=
(3,13 Ω /1,95+ j1,56 Ω)+ j 58,2Ω

( 2,24 ∠ 44,2° Ω)( j 58,2Ω)


Z prog=
(1,61° Ω+ j 1,56 Ω)+ j 58,2 Ω

Z prog=2,18 ∠ 45,9° Ω=1,51+ j1,56 Ω

Com esses valores, podemos determinar a corrente, a potência e o torque do motor.


(a) A velocidade síncrona do motor é
120 f 120(60 Hz)
ns = = =1200 rpm
P 6 polos

Como o escorregamento do motor é de 5%, a velocidade mecânica é

n=(1−s)ns

n=(1−0,05) 1200=1140 rpm

(b) A corrente desse motor é

V
I1 =
R1 + jX 1 +0,5 Z prog +0,5 Z retr

110 ∠ 0 ° V
I1 =
1,52 Ω+ j 2,10 Ω+0,5(25,4 Ω+ j 30,7Ω)+0,5( 1,51Ω+ j 1,56 Ω)

110 ∠ 0 ° V
I1 =
14,98 Ω+ j 18,23 Ω

110 ∠ 0° V
I1 = =4,66 ∠ −50,6 ° A
23,6 ∠ 50,6 ° Ω

(c) O fator de potência do motor é

FP=cos φ =cos (−50,6 °)=0,635 atrasado

(d) A potência de entrada do motor é

Pentrada =VIcos θ

Pentrada=(110V )( 4,66 A)(0,635)=325 W


(e) A potência progressiva no entreferro é

PEF , prog=I 21 (0,5 R prog )

2
PEF , prog =(4,66) (12,7 Ω)=275,8 W

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


16

E a potência retrógrada no entreferro é

PEF ,retr =I 21( 0,5 R retr )

2
PEF , prog =(4,66) (0,755 Ω)=16,4 W

Assim, potência no entreferro total é


PEF =P EF , prog−P EF , retr

PEF =275,8 W −16,4 W =259,4 W

(f) A potência convertida de elétrica para mecânica é

Pconv =(1−s) PEF

Pconv =(1−0,05)259,4 W =246 W


(g) O torque induzido no motor é dado por

P
τ ind = ωEFs

259,4 W
τ ind = =2,06 Nm
125,66

(h) A potência de saída é dada por

Psaída=P conv−Prot =Pconv −Pnúcleo −P mec −Psupl

Psaída=246 W −35 W −16 W =195 W

(i) O torque de carga do motor é dado por

P
τ carga= ωsaída
m

195 W
τ carga= =1,63 Nm
119,4

(j) E por fim, a eficiência desse motor nessas condições é dada por

Psaída
η= x 100 %
Pentrada

195W
η= x 100 %=60 %
325W

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


17

PERGUNTAS

9.1. Que modificações são necessárias para que um motor CC série seja adaptado para operar com
uma fonte CA de potência?
9.2. Por que a característica de conjugado versus velocidade de um motor universal ligado a uma
fonte de potência CA é diferente da característica de conjugado versus velocidade do mesmo motor
ligado a uma fonte de potência CC?
9.3. Por que um motor de indução monofásico não é capaz de dar partida por si próprio sem o uso de
enrolamentos auxiliares especiais?
9.4. Como um enrolamento auxiliar propicia um conjugado de partida para os motores de indução
monofásicos?
9.5. Como o deslocamento de fase da corrente é obtido no enrolamento auxiliar de um motor de
indução de fase dividida?
9.6. Como o deslocamento de fase da corrente é obtido no enrolamento auxiliar de um motor de
indução com capacitor de partida?
9.7. Como o conjugado de partida de um motor com capacitor permanente pode ser comparado com
o de um motor com capacitor de partida de mesmo tamanho?
9.8. Como é produzido o conjugado de partida de um motor de polos sombreados?

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9


18

PROBLEMAS

9.1. Um motor de indução de 120 V, 1/4 HP, 60 Hz, quatro polos e fase dividida, tem as seguintes
impedâncias:
R1 = 2,00 Ω X1 = 2,56 Ω XM = 60,5 Ω
R2 = 2,80 Ω X2 = 2,56 Ω

Para um escorregamento de 0,05, as perdas rotacionais do motor são 51 W. Pode-se assumir que as
perdas rotacionais são constantes dentro da faixa de funcionamento normal do motor. Para um
escorregamento de 0,05, encontre os valores das seguintes grandezas desse motor:
(a) Potência de entrada
(b) Potência de entreferro
(c) Pconv
(d) Psaída
(e) τind
(f) τcarga
(g) Eficiência total do motor
(h) Fator de potência do estator

9.2 Repita o Problema 9-1 para um escorregamento de 0,025.

9.3 Suponha que é dada a partida no motor do Problema 9-1, mas ocorre uma falha e o enrolamento
auxiliar abre-se quando o motor atinge 400 rpm enquanto está acelerando. Quanto conjugado
induzido o motor é capaz de produzir somente com o seu enrolamento principal? Assumindo que as
perdas rotacionais permanecem sendo de 51 W, esse motor continuará acelerando ou perderá
velocidade? Demonstre sua resposta.

9.4. Um motor de indução de 220 V, 1,5 HP, 50 Hz, seis polos e de partida com capacitor, tem as
seguintes impedâncias no enrolamento principal:
R1 = 1,30 Ω X1 = 2,01 Ω XM = 105 Ω
R2 = 1,73 Ω X2 = 2,01 Ω

Para um escorregamento de 0,05, as perdas rotacionais do motor são de 291 W. Pode -se assumir que
as perdas rotacionais são constantes dentro da faixa de funcionamento normal do motor. Para um
escorregamento de 5%, encontre os valores das seguintes grandezas desse motor:
(a) Corrente de estator
(b) Fator de potência do estator
(c) Potência de entrada
(d) PEF
(e) Pconv
(f) Psaída
(g) τind
(h) τcarga
(i) Eficiência

Prof. Wagner Menezes Capítulo 9

Você também pode gostar