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Literatura Europeia I 2019/2020

Apontamentos

Jean Louis Backès

Capitulo I

- Apresentação (página 7)

Este livro não apresenta todos os escritores europeus com notoriedade, nem executa
uma descrição das suas obras. Trata-se de ver em que consiste a Literatura da Europeia
singular, e se ela existe.

Grandes autores são ignorados fora do seu pais de origem porque a sua língua nativa
não tem grande difusão ou porque a sua arte não se ajusta bem à tradução. Para
ilustrar a primeira situação podemos enumerar os escritores mais conhecidos - Tristan
Tzara (poeta Romero que iniciou o Dadaísmo) e Eugéne Ionesco (dramaturgo Romeno
do teatro do absurdo) cujas obras foram escritas em francês. Na segunda situação os
poetas líricos.

Os movimentos literários importantes podem só interessar a uma literatura nacional e


não ter equivalente noutros: seria inútil procurar parnasianos (nome dado em França a
um grupo de poetas que se distinguiram pelo esmero na forma levado por vezes ao
excesso) noutro sítio que em França, ou futuristas fora da Rússia ou da Itália, sabendo
que a palavra “futurismo”, nestes dois países assume realidades bem diferentes.

- Existe uma Literatura Europeia? (página 11)

Qual poderá ser o sentido da expressão “literatura europeia?

Existem livros escritos na Europa, numa língua Europeia que foram traduzidos e
difundidos por todo o continente Europeu. Cada nação tem os seus clássicos. E passa-
se o mesmo com as nações que compõem a Europa. Cada cidadão europeu era capaz
de fazer a sua lista de livros que conhece ou acha que já deveria ter lido. No panteão
da literatura Europeia, de acordo com Becckès, seria fácil encontrar livros como:
Odisseia, A divina Comedia, Hamlet, Dom Quixote, Fausto, Os Miseráveis, Crime do
Padre Amaro e ainda outros de grande número e sucesso. Mas onde havemos de
parar? Cada lugar, vila ou aldeia tem interesse em que os seus autores não sejam
esquecidos. Muito mais realista é descobrir como se formou este panteão e qual a sua
história. O leitor facilmente descobre que Shakespeare é uma das glórias da Europa e
simultaneamente descobre que cerca de 1700 fora da Inglaterra ninguém sabia que
ele tinha existido. É uma ideia chocante. Encontram-se muitos outros autores na
mesma situação. As glórias tiveram as suas vicissitudes. Sempre existiu um panteão
Europeu. Como é que evoluiu? Durante muito tempo foram os autores latinos, depois
enriqueceu. Cada época fabricou um passado novo, à sua maneira, resumindo a
história dessas interpretações.

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Literatura Europeia e Literaturas Europeias (página (13)

Utilizada no plural “literaturas Europeias”, designa as diversas literaturas que se


desenvolvem nas diferentes línguas da Europa. É possível escrever a história de cada
uma dessas literaturas. No singular “literatura Europeia”, designa o conjunto dessas
literaturas e parte ao mesmo tempo do princípio de que este conjunto tem uma
unidade, que a sua história contém uma certa coerência.

Como articular as histórias de cada uma das literaturas para construir história da
Literatura Europeia: ou em termos diferentes: basta justa por as histórias das
literaturas europeias para obter a história da literatura europeia?

Analogias (pag.13) Diferenças (pag.14)

As literaturas europeias seguiram (+/-) O esquema da evolução não foi seguindo


a mesma evoluçã o. A utilizaçã o dos ao mesmo ritmo em todas as literaturas,
mesmos períodos em toda a Europa: passagens importantes não aconteceram
- Período medieval; em toda a parte na mesma altura.
- Passagem ao Classicismo arcaizante; A Renascença nasce em Itália a partir do
- Um período Româ ntico: séc. XIV ou XV, no entanto em França, em
- Uma hegemonia do Realismo; Espanha, em Inglaterra, na Polonia, só
- Um Moderno; aconteceu no final do séc. XVI. O
- Um Pó s-Moderno” Romantismo parece ter acontecido, em
primeiro lugar, nos países de língua
Este esquema deve ser adaptado em
germânica (Alemanha, Inglaterra,
funçã o das situaçõ es particulares, por
Dinamarca, etc.) do que nos países
exemplo à literatura francesa.
latinos. Se dermos à expressão
“romantismo alemão” um sentido
Certas línguas, certas naçõ es mantidas
ema má s condiçõ es de rigoroso, este movimento é anterior ao
desenvolvimento, só bastante tempo Romantismo em França em cerca de 20
deram origem aquilo a que chamamos anos. Se lhe dermos inicio com a
uma literatura, falta o período medieval publicação de Werther, a diferença é
e temos dificuldade de encontrar a era maior de 50 anos.
clá ssica.
Este esquema aplica-se bem à literatura Outra dificuldade:
Inglesa. Não é certo que uma expressão tenha o
mesmo sentido quando é utilizada a
propósito de literaturas diferentes.

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Problemas de Terminologia as palavras Problemas de Terminologia as palavras


têm uma história (pág. 14) têm vários sentidos. (pág.15)

- os termos que sã o utilizados para

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Três factores responsáveis, pela viragem civilizacional entre o fim da Antiguidade e o


início da Idade Média:

1. a divisão do império entre Roma e Constantinopla ocorrida no final do século II;


2. o Islamismo
3. a emergência da literatura em língua romance
Capitulo 3 - página 48

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1. A divisão do império entre Roma e Constantinopla


Aconteceu no final do século II, com a colaboração estreita entre os dois
imperadores – de Roma e de Constantinopla. O Império Romano dividiu-se em
termos culturais, religiosos e linguísticos. Se o Oriente helenístico sustentava-se
em torno da cultura grega e do cristianismo oriental, a unidade cultural do
Ocidente foi gravemente afetada pelo influxo dos bárbaros.
O Ocidente cai em desgraça. Já o império Oriente continua. As relações com o
mundo que fala latim vão enfraquecendo, acompanhadas pelas diferenças
religiosas. Constantinopla rompe com Roma, ou seja, nos tempos modernos
pode-se dizer que a ortodoxia e o catolicismo se separam. Os contactos culturais
reduzem-se e os estudos gregos desaparecem progressivamente no Ocidente.
Assim no século XIII os leitores de Vergílio conhecem a Guerra de Tróia, mas
nunca leram um verso de Homero.
2. O Islamismo
No decorrer do século VII, a cultura de língua árabe conquista ao mundo latino,
toda a margem meridional do mar Mediterrâneo e durante algum tempo grande
parte de Espanha.
O centro da Europa aproxima-se dos Países Baixos e da França em detrimento
de países com a Itália.
Efetivamente, o contacto com a cultura árabe, em particular Espanha, causou
importantes benefícios. É através das traduções árabes que o Ocidente volta a
encontrar os textos gregos, em especial os dos filósofos e os dos homens das
“ciências”.
No entanto, os muçulmanos vão continuar aos “olhos” dos Europeus como
pagãos, revelando um desconhecimento espantoso, uma vez que o islão e de um
monoteísmo rigoroso.
3. Emergência da literatura em língua Romance
O início da Idade Média é caracterizado pelo acesso à escrita da escrita a que os
romanos apelidaram de “vulgares” ou barbarás. As línguas que mais diferem do
latim são as primeiras a ser notadas: o gaulês, o galaico, o inglês, o alemão e as
línguas escandinavas. As línguas derivadas do latim vão aparecer mais tarde e as
línguas eslavas vão ser registadas, ainda mais tarde, em caracteres latinos ou
com o auxilio de um alfabeto proveniente do grego, à medida que a
evangelização é feita por católicos (Croácia, Pais Checo, Polonia) ou por
Ortodoxos (Bulgária, Servia e Rússia.)
Esta nova escrita permite a tradução de textos sagrados e a composição de textos
sagrados religiosos originais. Essencialmente permite o registo de textos
tradicionais, principalmente de epopeias: na Irlanda e na Islândia houve eruditos

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que transcreveram histórias de falsos deuses e falsos heróis muito pouco


cristãos.
A tradição latina no mundo novo (Idade Média) é uma referência principal, os
grandes escritores cristãos tentam escrever como escrevia Cíceroi e os modelos
da poesia latina continuaram a ser imitados.

Apesar das mudanças, a língua latina evolui e a literatura muda de tom e os


clássicos passam a ser entendidos de uma nova maneira.

 língua latina evolui


diz-se que este fenómeno é decadente, uma corrupção, uma decomposição.
Este esquema imaginário, espalhado no final do século XIX, deve ser
examinado;
 literatura muda de tom
na verdade pouco muda, a rima aparece na poesia. A poesia grega e latina
ignoravam este procedimento;
 Os clássicos
São lidos em função das grandes questões da Idade Média. Os Clássicos
eram intemporais.

Identificar e caracterizar os cinco epicentros donde emergiram as principais


correntes literárias.
1. A Occitâniaii (poesia trovadoresca) – finais do século XI princípio do século XII
2. O reino Anglonormando – século XII
3. Itália da Renascença – século XV
4. Espanha o Século de Ouro – inicio do século XVII
5. A França de Luís XIV – século XVII

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A Occitânia
Os poemas dos trovadores apareceram no final do século XI e no início do século XII e
foram difundidos por toda e europa com grande rapidez. O conjunto de trovadores tal
como o conhecemos hoje, é composto por poemas provençais, catalães e italianos, uma
linha de cultura fundadora ao que parece no dialecto Limousin, que se estendeu por uma
região bastante grande, com formas poéticas elegantes e com temática cortesão que
caracterizam a canção do trovadoriii.
A arte dos trovadores serviu de modelo aos poetas sicilianos que desde o início do
século XIII fundaram a poesia em língua italiana. A palavra “sonetoiv” é uma palavra
provençal, no entanto a forma que a palavra designa é que veio a ter enorme futuro e é
de intervenção italiana. Dante conhece algumas canções trovadorescas e baseia esse
conhecimento algumas reflexões sobre a arte da poesia. Através deste poeta e da sua
escola pode-se observar uma continuidade no uso do soneto, no entanto é Petrarca e
seus discípulos imitadores, no século XIV que transformam as literaturas europeias,
nomeadamente em Espanha, Inglaterra e França. No norte da Europa a arte dos
trovadores também encontra imitadores.

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Desenvolve-se um estilo mais formal, nos séculos XIV e XV em França, dominados por
formas fixas como a balada e o randeau, que a Renascença lança brutalmente na sombra
da Alemanha através dos Mestres cantores, que pressupõe a obediência de regras
minuciosas e inumeráveis. Quer na França quer na Alemanha a tradição dos trovadores
perdeu-se de vista.

O reino Anglonormando (o nascimento do romance no século XII)

Foi no século XII, numa Inglaterra possuidora de uma área culturalmente alargada –
dos Pirenéus à Escócia, que nasceu o romantismo. Uma nação multilinguística – na
corte falava-se francês (o rei era da Normandia e a Rainha de França), as várias nações
celtas já faziam parte do mundo britânico e o intercâmbio entre as diversas culturas
multiplicou-se. Foi neste mundo dado às lendas antigas, conhecidas através do latim,
ao lado das lendas da história mais recente, como a de Carlos Magno, dando luz às
velhas tradições celtas, que se compilou a “matéria da Britânia” que cativa toda a
europa: Tristão e Isoldav, Artur, Guinievre, Gauvian, a Dama do Lago, Lancelot,
Percival a Donzela do Graal, são os heróis e as heroínas de uma novela mitológica que
floresce até à Renascença e que desaparece nessa altura.

A Itália da Renascença

É em Itália que os estudos antigos retomam novo rumo. E é também em Itália que se
desenvolve a poesia latina regressando à forma antiga: Petrarca (1304-1374), tenta a
epopeia à moda de Virgílio e é esse pais, que acolhe os gregos refugiados, vindos de
Constantinopla dando a conhecer a sua cultura antiga.

A imprensa (século XV) torna-se muito ativa em Itália, os textos antigos beneficiam
muito desta inovação, especialmente a cidade de Veneza.

No século VI o exemplo de Itália inspira escritores de várias nacionalidades europeias:


Catalunha, Espanha, Inglaterra, França, Croácia, e Polonia, mais tarde chega a
Alemanha no Século XVII. O soneto italiano é adotado por toda a parte, incorporando
a retórica dos petrarquistas que também ela vem dos trovadores.

A novela em estilo Italiano conhece uma larga difusão. A sua difusão tem implicações
nas reflexões sobre a narração em prosa e na prática da narração em teatro.
Shakespeare utiliza a novela Italiana em diversas de suas peças.

São os italianos que com base nos conhecimentos antigos tentam ressuscitar os
géneros literários antigos como a epopeia, a tragedia, a ode e o idílico. Deram o
exemplo que a Europa seguiu.

A Espanha do Século de Ourovi

No início do século XVII, Espanha dá ao mundo dois heróis que jamais serão
esquecidos: Dom Quixote e Dom Juan. O romance toma novo alento em Espanha. A
Amadis de Gaulavii (romance de cavalaria de tradição medieval) opõe-se o Lazarillo de
Tornes (um primeiro romance Picaresco). A novidade consiste na introdução de novas
personagens de baixa condição social e conta não os feitos heróicos dos cavaleiros,

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mas os esforços que desenvolveram para escapar à miséria. Para esse feito foi
adoptada uma narração de tipo autobiográfica, seguindo uma linha narrativa única,
contrastando com a estrutura dos romances de cavalaria. Este modelo de romance
linear na primeira pessoa, nascido em Espanha e difundido, por tradução em toda a
Europa encontra-se na literatura alemã e francesa.

Esta época também se celebrizou pelo teatro, pelas comédias (as peças de teatro) de
Lope de Vejaviii e de Calderón de La Barca ix. A abundante produção espanhola teve uma
influência real no teatro francês pela “adaptação” das peças, que foi imediatamente
esquecida só vindo a reaparecer pela mão do romantismo na Alemanha.

O século de ouro não rompeu com a tradição medieval nem como a tradição popular.
Os romances épicos mantiveram-se vivos ao longo do século XVII e as comédias estão
cheias de canções dos trovadores. A poesia lírica iniciada por Góngora sé terá p seu
reconhecimento artístico no século XX.

A França de Luís XIV (o rei sol do século XVII)

O reinado de Luís XIV representou simbolicamente o triunfo do Classicismo inspirado


na antiguidade. O mito funcionou e o Século de Luís fez lembrar o Século de Augusto.

No entanto, a tragédia tão importante para a arte clássica francesa não se assemelha à
grega nem as imitações latina: as epopeias publicadas no século XVII devem ser
entendidas como verdadeiros desastres; a ode não foi brilhante a seguir à morte de
Malherbe (poeta da corte em 1605, introdutor do rigor na poesia francesa, exercendo
influência nos grande clássicos.

A Comédia marca este período na pessoa de Moliere que era muito mais variado do
que os Antigos, em quem ele se dizia ter inspirado. Nicolas Boileau (1636-1711) foi o
poeta francês que mais defendeu o Classicismo. A sua obra “arte Poetica” que segue
de perto a de Horácio, as suas sátiras e epístolas x são exemplos do conceito de
Classicismo francês, que deve ser interpretado de uma forma muito particular da
tradição da antiguidade. Os valores principais do Classicismo são o valor supremo pela
unidade de acção, nas narrações e na tragédia e o valor de tom, que pressupõe uma
rigorosa separação dos géneros: brejeiro/sério ou grandioso/familiar.

A ideia de “regularidade” que esta na base da doutrina clássica francesa, assenta na


ideia da razão. A continuidade da existência de reflexões sobre a forma desejável do
poema, sobretudo do poema trágico, e do pensamento político das “Luzes” não é
impossível, uma vez que em função da natureza procura determinar as formas
desejáveis de governo.

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3.2. Ossian – Um fenómeno europeu


Macpherson ficou conhecido com o tradutor (traduções livres) do ciclo de poemas
ossiânicos. Era um coleccionador de poemas gaélicos.

Em “Ossian” o narrador e suposto autor de um ciclo de poemas épicos publicados pelo


poeta James Macpherson desde 1760.

Macpherson utilizou nas suas traduções livres a prosa com clareza rítmica, o verso
simples e os paralelismos constantes na bíblia. Na sua época (seculo XVIII) não foi
considerado como grande autor, no entanto no século seguinte e muito por conta do
movimento “simbolista”, a sua ascensão realizou-se a par de  William Blake.

Nos anos 80 do século XIX, o fenómeno “Ossian” volta a ser reapreciado, intimamente
ligado ao nome de Haward Gaskil, professor aposentado da Universidade de
Edimburgo, editor dos poemas de “Ossian”, seu tradutor especialista nos estudos com
eles relacionados. Os cantos ossiânicos tiveram uma elevada influência nos
movimentos literários pré-românticos e românticos portugueses e brasileiros. Em
Portugal uma das obras poéticas mais importantes deve-se a Almeida Garrett – “Flores
sem Fructo”, publicada em 1845. Garrett é fascinado pela poesia de “Ossian”.

Na verdade “Ossian” tornou-se num assunto multidisciplinar, uma vez que influenciava
a literatura, a filosofia, a história e a mitologia, bem como a arte pictórica e a música. O
debate desgastante sobre a autenticidade dos textos atribuídos a “Ossian” expandiram
para aspetos da receção da obra e para a análise de discursos.

Apos a primeira publicação de textos atribuídos ao mítico bardo por Macpherson em


1760, começaram a surgir novas traduções e edições em quase todas as línguas
europeias.

Em Portugal começaram a surgir trabalhos sobre a receção das obras atribuídas a


Ossian em Portugal:

- Paul van Tieghem “História da Literatura Romântica Portuguesa”; “História da


Literatura Clássica”, “Ossian” em Portugal” um breve relatório publicado na Revista de
História;

- H. C. Ferreira Lima, Figueiredo lista vários poemas portugueses que traduziam textos
ossiânicos, assim como o libreto do drama lírico Fingal

- Bocage também traduziu “Ossian”

Podemos concluir que os poemas de “Ossian” exerceram, em plena época romântica,


em Portugal uma entrada direta do bardo gaélico. Teófilo Braga e Hernâni Cidade
escreveram sobre “Ossian”, admitindo o impacto do género céltico teve na Europa

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Ossian

por Moira Praça - Domingo, 19 Janeiro 2020, 21:54

É espantoso o sucedido com Os Poemas de Ossian. 

O jovem James Macpherson constrói uma tradição linguística, dizendo ser uma relíquia
do séc. III dc., cria um "best seller" mas sem provas da existência dos documentos
originais. Mas depois de descoberta a fraude já a obra rodava o mundo e sua
genialidade ficou marcada para a prosperidade como um verdadeiro Homero do
Norte. 

No vídeo, é possível perceber o impacto causado na ilha onde a obra acontece e a quantidade de
pessoas que para lá já viajaram no seguimento da existência da mesma. Que importa a verdade
existir ou ter sido construída? O imaginário humano contra fatos verídicos, a ciência contra a
fantasia, a fraude contra a regra...? Em si, já um drama, que contribuiu para a sua continuidade,
parece-me. 

Quanto aos poemas em, a obra conta com 16 fragmentos, sendo 2 épicos (Fingal e Temora) e 21
poemas narrativos ou dramáticos. Em 1765 foram impressos todos os poemas, em forma de prosa
poética que fugia das convenções neoclássicas, apresentava-se num estranho estilo ao subscrever
os cânones da época. Macpherson tentava criar uma nova forma literária que atribuísse valor
estético e moral a culturas, como a escocesa, que não pudesse se vangloriar de suas conquistas
políticas, militares e artísticas. Com esta "suposta tradução", consegue criar um novo sentido
"universal" atribuído exclusivamente aos clássicos gregos, que encantou e impeliu uma nova
geração de historiadores, escritores e folclóricos, que serviam agora de mediadores de culturas,
tidas como selvagens e em vias de extinção. Aqui podemos também entender a forma "simples"
como é feita a escrita, numa tentativa do autor de querer chegar às "falas" do passado. Onde é visível
um sentimentalismo primitivo, assim como as lutas uma constante, sem noção das consequências.
Ossian, é o personagem narrador, velho, que recorda o seu passado com pesar constante.
Interessante perceber que Ossian perde a sua glória nos poemas, à semelhança de Macpherson ao ser
descoberto. Há dois géneros literários que se cruzam, épico e lírico.

É interessante observar os nomes duplos das personagens como o de Ton-Thormod. A ler alguns
poemas, remeteu-me para a saga "guerra dos tronos" ou mesmo o "Senhor dos Anéis", de louvar o
imaginário do autor, assim como a sua coragem de criar esta obra. 

Penso que Macpherson criou uma nação sonhada por muitos, sim.

Espero ter contribuído para o debate proposto.

Bons sonhos!

Moira Praça

Estimado Prof. Gerald e caros colegas,

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dando continuidade ao que já foi dito, aqui deixo também algumas ideias:

Diz-nos Backès: "O sucesso de Ossian, ou do pseudo Ossian, sucesso corroborado pela pintura e
pela música, está ligado, sem sombra de dúvida, em primeiro lugar, a imagens, a paisagens oníricas.
Terras onde assobia o vento, rochas levantadas à beira de mares enfurecidos, ilhas do fim do
mundo." (1999: 331). 

Como referiu a colega Moira, os nomes das personagens, mas eu diria que sobretudo a imagens
descritas, remetem-nos para cenários como o da saga Game of Thrones, ou os dos filmes Highlander
(1986) ou Braveheart (1995). É inegável a beleza destes poemas, por isso, não é de espantar que,
numa época (séc. XVIII) em que "estética" se ligava cada vez mais com "sensibilidade", eles
tivessem sido um êxito. Com uma Europa já cansada do Classicismo (francês) e do rigor e rigidez
das suas normas, remetendo aos já exaustos modelos da Grécia e Roma Antigas (já muito analisados,
imitados e traduzidos), Ossian e os seus poemas (ou o trabalho realizado por Macpherson) surgem
como uma lufada de ar fresco. Eles representam uma mudança de paradigma na poética europeia,
trazem à luz do dia uma nova e fresca visão da história literária. A Europa passava agora o seu foco
de influência literária para este poeta do Norte, de certo modo, escorraçando Homero (Cf. Backès,
1999: 332). Este trabalho de Macpherson teve grande influência na literatura do Romantismo,
que visava uma ruptura com as formas clássicas, que se voltava agora para a valorização e
glorificação das literaturas nacionais e dos seus poetas nacionais (é nesta altura que se redescobrem
os conceitos de Mito e de Nação), bem como para a recolha/compilação da literatura de tradição
"popular". Eu diria que a poesia de Ossian fez nascer uma nova mitologia, com novos heróis,
trazendo uma nova perspectiva, uma nova fonte de inspiração para a imaginação e pela qual a
Europa estava sedenta.

A trágica paixão de Darthula e Nathos, remeteu-me para a de Tristão e Isolda.

É de certo modo impressionante o enorme impacto das publicações de Macpherson nas literaturas e
culturas europeias, inspirando a literatura e as artes, independentemente de tudo ser, ou não, uma
invenção de Macpherson (o que me parece estranho dado que os primeiros poemas que ele traduziu
foram-lhe apresentados por John Home. Algum fundo de verdade terá de ter existido nisto tudo, eu
prefiro pensar que sim). Impressionante é também o facto de alguns dos locais supostamente
referenciados nos poemas, serem ainda hoje lugares místicos e de referência turística. Por exemplo, e
referenciando um destes locais, "os Pink Floyd gravaram uma peça intitulada 'Fingal's Cave' (1969).
(...) Será que [Jim] Morrison também estava consciente de que 'Riders on the Storm' (The Doors,
1971) tem uma forte carga ossiânica?" (Bär, 2010: 8).

O silêncio de Macpherson, relativamente às acusações de fraude de que foi vítima, foi efectivamente
o seu maior trunfo, pois até hoje o enigma mantém-se, despertando a nossa curiosidade e interesse, e
a sua obra e nome ficaram imortalizados para a posteridade.

Aguardando por mais comentários dos colegas.

Cumprimentos a todos e bons estudos.

Fausto

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A criação da obra Fausto ocupou toda a vida de Goethe, ainda que não
continuadamente. Foram feitas várias tentativas pelo autor, no ano de 1775 e 1791
que não foram publicadas. A primeira parte intitulada: “Fausto, uma tragédia” foi
publicada no ano de 1808 e a segunda parte foi publicada em 1832 com o título
“Fausto. A segunda parte da tragédia em cinco atos.” Trata-se de uma peça teatral,
que foi produzida em duas partes. A obra Fausto é um texto narrativo de
proporções épicas que relata a tragédia do Doutor Fausto, um homem das ciências,
desiludido com o conhecimento de seu tempo, faz um pacto com o
demónio Mefistófeles, em busca de poderes mágicos e conhecimentos
transcendentes. Esta obra i nsere-se no movimento literário Romântico e é
considerada símbolo cultural da modernidade. Nesta obra Goethe reflete profundamente
sobre o ser humano e aquilo que ele considera ser uma maldição – a ganância, o
desejo pelo desejo e o desejo de poder, que faz o homem ser capaz de vender a alma
ao diabo. O homem nunca esta saciado como o alcance dos desejos conscientes. Assim
Fausto fez um pacto com o capital (oferecendo jóias a Margarida), o progresso
(esgotamento do planeta Terra) e com um estilo de vida (do homem moderno) que o
levará à tragédia.

Resumo
A obra do poeta alemão Goethe, de 1808, conta a história de Fausto um homem das
ciências, que fez um pacto com o diabo. Mefistófeles. Ele começa com o personagem
principal lamentando-se sobre o vazio da sua vida, apesar de todo o conhecimento que
tem, por isso Fausto procura o lado espiritual como os mistérios da vida e magia. Vive
sozinho e divide o seu tempo entre o seu aluno Wagner e o seu cão. Um dia ele abre a
Bíblia e recita um versículo que diz: “No começo era o verbo.” Neste momento o seu
cachorro transforma-se em diabo. O diabo de aparecia humana propõe um pacto e
garante-lhe todos os prazeres e desejos, desde que Fausto ao cabo de alguns anos,
lhe desse em troca a sua alma. Fausto aceita a proposta, assinando com seu próprio
sangue um contrato redigido pelo demónio. Em seguida Fausto conhece Margarida
e apaixona-se por ela. Pede ao diabo para tê-la, mas o demónio avisa-o que tal não
será possível, porque ela é virgem e vai à missa, no entanto aconselha-o a seduzi-la
com jóias, nenhuma mulher lhes resiste. Fausto segue este conselho e consegue
conquistar a pobre Margarida. Seguem-se dias de desgraça. Margarida fica gravida e
o seu irmão Valentim perde a vida numa rixa com Fausto, ao defender a honra da
família. Com a morte do irmão, Margarida fica louca e não reconhece mais ninguém,
chegando a ser acusada de ter morto a mãe e o filho. Margarida pede ajuda a Deus
e é salva, enquanto Fausto sofre por ter vendido a sua alma ao demónio.

Página 50 até 54 – evocação do Espirito da Terra


Página 102 – aparece o Demónio transformado a partir do cão
Página 133 – celebra-se a venda da alma de Fausto
Pagina 207 – recuperando a juventude, Fausto conhece Margarida
Pagina 224 – Fausto oferece cofre com jóias a Margarida
Pagina 227 – As jóias foram oferecidas à Igreja
Pagina 235 – Aparece outro cofre com joias no guarda fato de Margarida

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Pagina 255 – Sedução a Margarida


Pagina 310 – A morte de Valentim
Pagina 314 – Critica de Valentim a Margarida
Pagina 344 e 345 – Fausto arrepende-se do que fez a Margarida
Pagina 363 – Fausto pede ao demónio que o leve à presença de Margarida
Pagina 366 – Fausto e Margarida na prisão

Personagens Principais

Parte I, publicada em 1808


Henrique Fausto – um sábio erudito.
Este personagem é baseado, possivelmente, numa popular lenda alemã, em que um
médico, mago e alquimista alemão - Johannes Georg Faust (1480-1540, época do
Renascimento), faz um pacto com o demónio.
Mefistófeles – um demónio
Margarida – o amor de Fausto
Marta – a vizinha de Margarida
Valentim – irmão de Margarida
Wagner – aluno de Fausto

2.5

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Micromégas

Voltaire inspirou-se nas Viagens de Gulliver, de Swift, para escrever o conto


Micromégas, principalmente na ideia da existência de seres de outros mundos, que
podem ser maiores ou menores que os humanos. Trata-se de uma pequena obra que
nos leva à meditação sobre o homem, as suas crenças, os seus costumes e as suas
instituições.

Neste conto filosófico Voltaire colocou em cena de forma paradigmática o encontro


com o “outro”. A técnica narrativa de utilizar um ‘outsider’ para comentar aspetos da
civilização e cultura ocidental era muito apreciada entre os autores satíricos da época
absolutista que temiam a censura.

No último capítulo do conto, os humanos argumentam com as filosofias de Aristóteles,


Descartes, Malebranche, Leibniz e Locke contra a sabedoria dos viajantes
interplanetários. Quando estes ouvem a teoria de Aquino de que o universo foi feito
unicamente para a humanidade, riram-se às gargalhadas. Micrómegas oferece aos
pequenos humanos, nomeadamente ao secretário da Academia de Paris, um livro de
filosofia onde diz estar contido o sentido de todas coisas. Mas esse livro encontra-se
inteiramente em branco ...

RESUMO

Esta obra publicada em 1752, narra a aventura de um habitante da estrela Sirius,


que, após problemas com as autoridades locais foi condenado a não aparecer na
corte durante 800 anos. Assim sendo, decide viajar pelo universo, até chegar ao
nosso sistema solar. Ao passar por Saturno, fez amizade com o Secretário da
Academia do planeta, a quem Voltaire se refere como “anão”, acolhendo-o como
companheiro de jornada. E eis que Micrômegas e o anão chegam à Terra, um
pequenino planeta que, de tão miúdo, sequer lhes parece propriamente um
planeta – pisavam numa poça, que batia no meio da perna do anão e mal molhava
o salto do sapato do outro, esta que chamamos Mar Mediterrâneo. Após
duvidarem que pudesse haver vida naquele lugar, e de terem dado volta inteira no
globo em 36 horas, lhes ocorre que talvez seus habitantes sejam demasiado
pequenos aos seus olhos, e põem-se a tatear em busca de nativos
 Micrômegas estendeu a mão com toda delicadeza na direção em que o objeto
apareceu, aproximou dois dedos, e logo os retirou por receio de cometer um
desacerto; depois abriu e fechou-os, tomando muito cuidadosamente a
embarcação que transportava esses senhores [destacados filósofos em
expedição], e também a colocou sob a unha sem apertá-la muito, temendo
esmaga-la. (VOLTAIRE, 2007, p. 47)

Apontamentos Pá gina 13
Literatura Europeia I 2019/2020

A insignificância física da Terra e dos filósofos, sua pífia presença fronte ao


universo, inverte a perspetiva da razão soberana, tão preciosa no século XVIII. É
Micrômegas, o gigante universal, quem olha com piedade a pequenez humana, e
julga o que pode sua razão, representada pelos distintos senhores do saber que
habitam a embarcação, “átomos pensantes”, e o que lhes contavam da Terra.
“Horríveis querelas entre animais tão medíocres”: a violência do homem sobre o
homem, ser que trabalha para sua própria ruína, vizinha, contudo, de admiráveis
proezas, destacada inteligência e demonstrada criatividade – como uma raça tão
pequena vive em tantos contrastes?
Aos homens, aquele viajou todo o universo e o conhece com propriedade pode
avaliar e julgar. Admirável a razão humana, mas terrível sua tendência de servir à
destruição. A ironia de Voltaire se lança ainda a duas outras críticas: fronte ao
gigante interessa aos filósofos humanos poder conhecer e afirmar as “verdades
universais”, e a resposta de Micrômegas à questão da verdade universal, o fim de
todas as coisas, não é menos desconcertante que o próprio encontro projetado.
 [...] por desgraça, havia ali um animalículo de capelo que cortou a palavra a
todos os animalículos filosofantes: disse que sabia o segredo de tudo, o qual se
achava na Suma de Santo Tomás; mediu de alto a baixo os dois habitantes
celestes; sustentou-lhes que as suas pessoas, os seus mundos, sois e estrelas,
tudo era feito unicamente para o homem. A isto, os nossos dois viajantes
tombaram um nos braços do outro, sufocados de riso, esse riso inextinguível
que, segundo Homero, é próprio dos deuses; seus ombros e ventres agitavam-se
e, nessas convulsões, o navio que Micrômegas trazia na unha caiu no bolso das
calças do saturniano. Os dois o procuraram por muito tempo; afinal encontraram
e reajustaram tudo convenientemente. O siriano retomou os pequenos insetos;
falou-lhes de novo com muita bondade, embora no íntimo se achasse um tanto
agastado de ver que os infinitamente pequenos tivessem um orgulho quase
infinitamente grande. Prometeu-lhes que redigiria um belo livro de filosofa,
escrito bem miudinho, para seu uso, e que, nesse livro, veriam eles o fim de
todas as coisas. Com efeito, entregou-lhes esse volume, que foi levado para a
Academia de Ciências de Paris. Mas, quando o secretário o abriu, viu apenas um
livro em branco. – Ah! bem que eu desconfiava... – disse ele. (VOLTAIRE,
2007, p. 58).

O “olhar” do outro, “de fora”, permite evidenciar os contrastes. O universo


inteiro feio para o Homem – este que se apequena por completo na imensidão
do universo. A verdade universal na ponta da caneta dos filósofos – estes que
se perdem no bolso do gigante. “Infinitamente pequenos, com orgulho
infinitamente grande”. O fim de todas as coisas cabe perfeitamente num livro:
com páginas em branco.

Apontamentos Pá gina 14
Literatura Europeia I 2019/2020

Notas Finais

Apontamentos Pá gina 15
i
Cícero – (106–43 a.C) – nasceu em Roma foi um dos maiores oradores e escritores em prosa da Roma Antiga. Sua
influência na língua latina foi tão imensa que acredita-se que toda a história subsequente da prosa, não apenas no
Latim, como nas línguas europeias, no século XIX seja ou uma reação contra seu estilo ou uma tentativa de retornar a
ele. Segundo Michael Grant, "a influência de Cícero sobre a história da literatura e das ideias europeias em muito
excede a de qualquer outro escritor em prosa de qualquer língua". Cícero introduziu os romanos às principais escolas
da filosofia grega e criou um vocabulário filosófico latino (inclusive com neologismos como evidentia humanitas,
qualitas, quantitas e essentia), destacando-se como tradutor e filósofo.
ii
OCCITÂNIA OU País d’Oc. – é uma região francessa, de língua oficial francesa, possuidora de vários dialectos:
Limousin e o Provensal (também falado na Provença - França, na metade oriental do Gard -departamento francês e na
Itália)
iii
Trovador - francês: troubado; occitano: trobador, na lírica medieval, era o artista de origem nobre do sul da França
que, geralmente acompanhado de instrumentos musicais, como o alaúde ou a cistre, compunha e entoava cantigas
iv
Soneto - Poema de forma fixa constituído por duas quadras e dois tercetos
v
A história de Tristão e Isolda espalhou-se pela Europa com a contribuição dos trovadores anglo-normandos de
língua francesa e da rainha Leonor de Aquitânia.
vi
Expressão tradicional que designa o começo do século XVII em Espanha. Um período profícuo para a poesia, a
literatura, a pintura e a música.
vii
Garci Rodrigues de Montalvo – Espanhol do século XVI – novela de cavalaria ibérico.
viii
Dramaturgo espanhol (1562-1632) A sua produção literária compõe-se de 426 comédias e 42 autos, além de
milhares de poesias líricas, cartas, romances, poemas épicos e burlescos, livros religiosos e históricos, entre eles
os extensos poemas como La Dragontea  (1598) e La Gatomaquia (1634), os poemas curtos Rimas (1604), Rimas
sacras (1614), Romancero Espiritual (1619) e a célebre écloga Amarilis (1633) - uma homenagem à amada morta.
Ainda são destaques por sua originalidade, os épicos Jerusalén conquistada (1609), o Pastores de Belém (1612) e
o romance dramático La Dorotea (1632).
ix
Dramaturgo e Poeta Espanhol (1600 e 1681). A obra teatral de Calderon de La Barca significa o ponto culminante
do modelo teatral barroco, criado nos finais do séc. XVI e começo do séc XVII por Lope de Vega. De acordo com a
contagem, que ele mesmo fez no ano de sua morte, sua produção dramática conta com cento e dez comédias, e
oitenta autos sacramentais, loas, e entremés, e outras obras menores, como o poema Psale et Sile (Canta e
Cala), e peças mais ocasionais.
x
Relativo ao género literário cuja forma é a carta (ex.: romance  epistolar).

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