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ESTI010 -Comunicações Ópticas

Introdução
Universidade Federal do ABC – UFABC
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas – CECS
Prof. Dr. Anderson Leonardo Sanches
anderson.sanches@ufabc.edu.br

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Introdução
Agenda
 Perspectiva Histórica;
 Necessidade de Comunicações por Fibra Óptica;
 Evolução de Sistemas de Ondas Luminosas.

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Introdução
Um sistema de comunicação transmite informação de um lugar a outro, estejam eles
separados por alguns poucos kilometros ou por distâncias transoceânicas;

Informação é, muitas vezes, transportada por uma onda portadora eletromagnética, cuja
frequência pode variar de poucos megahertz a várias centenas de terahertz;

Sistemas de comunicação óptica são sistemas de ondas luminosas que empregam fibras
ópticas para a transmissão de informação;

Eles são desenvolvidos ao redor do mundo desde 1980, e revolucionaram o campo das
telecomunicações.

Sistemas de comunicação óptica usam portadoras de alta frequência (~100 THz) na região
visível ou próxima do infravermelho do espectro eletromagnético;

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Figura 1. Espectro Eletromagnético associado aos difersos sistemas de comunicação.


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Agenda
 Perspectiva Histórica;
 Necessidade de Comunicações por Fibra Óptica;
 Evolução de Sistemas de Ondas Luminosas.

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 Perspectiva Histórica
Se interpretarmos comunicação óptica em um sentido amplo, veremos que o uso da luz para
propósitos de comunicação data da antiguidade;

Até o fim do século XVIII, a maioria das civilizações usou espelhos, fachos de fogo, sinais de
fumaça e outros dispositivos semafóricos de sinalização para transmitir uma única peça de
informação;

A ideia foi estendida ainda mais para a transmissão mecânica por longas distâncias (~100
km) de mensagens codificadas utilizando estações retransmissoras intermediárias, que
atuavam como regeneradores ou repetidores;

Os sistemas optomecânicos de comunicação do século XIX eram lentos;

Na terminologia atual, a efetiva taxa de bits desses sistemas era de menos de 1 bit por
segundo (B < 1 b/s).

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O papel da luz em tais sistemas era simplesmente o de tornar visíveis os sinais codificados,
de modo que pudessem ser interceptados pelas estações retransmissoras;

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Agenda
 Perspectiva Histórica;
 Necessidade de Comunicações por Fibra Óptica;
 Evolução de Sistemas de Ondas Luminosas.

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Introdução
 Necessidade de Comunicações por Fibra Óptica

O advento da telegrafia na década de 1830 substituiu a luz pela eletricidade e iniciou a era
das comunicações elétricas;

A taxa de bits B pôde ser aumentada para ~ 10 b/s com o emprego de novas técnicas de
codificação, como o código Morse;

A telegrafia usava um esquema essencialmente digital, representado por dois pulsos elétricos
de durações diferentes (os pontos e traços do código Morse);

O uso de estações retransmissoras intermediárias permitiu comunicação por longas


distâncias (~1.000 km);

A invenção do telefone em 1876 significou uma grande mudança, pois sinais elétricos eram
transmitidos na forma analógica por meio de uma corrente elétrica de variação contínua;
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Técnicas elétricas analógicas dominaram sistemas de comunicação por aproximadamente um
século;

O desenvolvimento de redes mundiais de telefonia durante o século XX levou a muitos avanços


no projeto de sistemas de comunicação elétricos;

O uso de cabos coaxiais no lugar de pares de fios aumentou consideravelmente a capacidade


de sistemas;

O primeiro sistema a cabo coaxial, posto em serviço em 1940, era um sistema de 3 MHz, capaz
de transmitir 300 canais de voz ou um canal de televisão.

A largura de banda desses sistemas era limitada pelas perdas dos cabos, que variavam
com a frequência, e aumentavam rapidamente para frequências acima de 10 MHz.

O mais avançado sistema a cabo coaxial, com serviço iniciado em 1975, operava a uma taxa de
bits de 274 Mb/s;
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Contudo, uma grande deficiência desses sistemas a cabos coaxiais de alta velocidade é o
pequeno espaçamento entre repetidores (~ 1 km), o que torna sua operação
relativamente cara;

Tal limitação levou ao desenvolvimento de sistemas de comunicação por microondas, em


que uma onda portadora eletromagnética com frequência na faixa de 1−10 GHz é usada para
transmitir o sinal, empregando técnicas apropriadas de modulação;

O primeiro sistema de microondas, operando com frequência portadora de 4 GHz, entrou em


serviço em 1948;

Sistemas de comunicação por microondas, em geral, permitem maior espaçamento entre


repetidores, possuindo, porém, taxa de bits também limitada pela frequência portadora
dessas ondas;

Uma figura de mérito comumente utilizada para sistemas de comunicação é o produto taxa
de bits-distância, BL, em que B é a taxa de bits e L, o espaçamento entre repetidores;
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Figura 2. Aumento no produto taxa de bits-distância BL durante o período 1850 − 2000.


A emergência de uma nova tecnologia é marcada por um círculo negro.
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Durante a segunda metade do século XX, concluiu-se que um aumento de várias ordens de
grandeza no produto BL seria possível se fosse utilizadas ondas ópticas como portadoras;

No entanto, nem uma fonte óptica coerente nem um meio de transmissão adequado eram
disponíveis na década de 1950;

A invenção do laser e sua demonstração em 1960 resolveram o primeiro problema;

Desse modo, atenção foi focada na determinação de meios para usar a luz do laser para
comunicações ópticas;

Em 1966, foi sugerido que fibras ópticas poderiam ser a melhor escolha, pois eram capazes de
guiar a luz de modo similar ao de guiamento de elétrons em fios de cobre.

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O principal problema eram as altas perdas de fibras ópticas: as fibras disponíveis na década
de 1960 possuíam perdas acima de 1.000 dB/km;

Um avanço ocorreu em 1970, quando as perdas de fibras puderam ser reduzidas para
abaixo de 20 dB/km na região de comprimentos de onda próximos de 1 µm;

Na mesma época, foi demonstrada a operação contínua de lasers de semicondutor de GaAs


(arsenieto de gálio) à temperatura ambiente;

A disponibilidade de fontes ópticas compactas e de fibras ópticas de baixas perdas levou a


um esforço mundial para o desenvolvimento de sistemas de comunicações ópticas.

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Figura 3. Espectro de perdas e janelas de operação de operação comumente empregadas em comunicações ópticas.

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 Perspectiva Histórica;
 Necessidade de Comunicações por Fibra Óptica;
 Evolução de Sistemas de Ondas Luminosas.

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 Evolução de Sistemas de Ondas Luminosas

A fase de pesquisa de sistemas de comunicação por fibra óptica teve início por volta de 1975;

O enorme progresso realizado no período de 25 anos, entre 1975 e 2000, pode ser
agrupado em várias gerações;

Em cada geração, há, inicialmente, um aumento de BL, que começa a saturar à medida que a
tecnologia amadurece;

Cada nova geração traz uma modificação fundamental que ajuda a melhorar ainda mais o
desempenho do sistema;

Na figura a seguir, a linha reta corresponde a dobrar o produto BL anualmente.

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 Evolução de Sistemas de Ondas Luminosas

A fase de pesquisa de sistemas de comunicação por fibra óptica teve início por volta de 1975;

O enorme progresso realizado no período de 25 anos, entre 1975 e 2000, pode ser
agrupado em várias gerações;

Em cada geração, há, inicialmente, um aumento de BL, que começa a saturar à medida que a
tecnologia amadurece;

Cada nova geração traz uma modificação fundamental que ajuda a melhorar ainda mais o
desempenho do sistema;

Na figura a seguir, a linha reta corresponde a dobrar o produto BL anualmente.

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Figura 3. Nessa figura, a linha reta corresponde a dobrar o produto BL anualmente.


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A primeira geração de sistemas de ondas luminosas operava nas proximidades de 0,8 mm e
usava lasers de semicondutor de GaAs;

Após vários ensaios de campo no período de 1977−1979, tais sistemas se tornaram


comercialmente disponíveis em 1980;

Esses sistemas operavam a uma taxa de bits de 45 Mb/s e permitiam espaçamento entre
repetidores de até 10 km;

O maior espaçamento entre repetidores em comparação com o espaçamento de 1 km dos


sistemas a cabos coaxiais foi uma importante motivação para os projetistas de sistemas,
pois reduzia os custos de instalação e manutenção associados a cada repetidor.

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Durante a década de 1970, ficou claro que o espaçamento entre repetidores poderia ser
aumentado consideravelmente se o sistema de onda luminosa fosse operado na região de
comprimentos de onda próximos de 1,3 µm, em que a perda na fibra óptica é menor do
que 1 dB/km;

Ademais, fibras ópticas exibem mínima dispersão nessa faixa de comprimentos de onda;

Tal observação levou a um esforço mundial para o desenvolvimento de lasers de


semicondutor de InGaAsP (arsenieto fosfeto de índio e gálio) e de detectores que operassem
nas proximidades de 1,3 µm;

A taxa de bits dos primeiros sistemas era limitada abaixo de 100 Mb/s, devido à
dispersão em fibras multimodo.

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Figura 4. Espectro de perda e dispersão de uma fibra monomodos.

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A segunda geração de sistemas de comunicação por fibra óptica se tornou disponível no início
da década de 1980; a reduzida taxa de bits dos primeiros sistemas, limitada abaixo de 100
Mb/s devido à dispersão em fibras multimodo, foi superada com o uso de fibras monomodo;

Um experimento em laboratório demonstrou, em 1981, transmissão a 2 Gb/s por 44 km de


fibra monomodo. A introdução de sistemas comerciais ocorreu logo depois;

Em 1987, passou a ser comercializada a segunda geração de sistemas de ondas luminosas,


que operavam em taxas de bits de até 1,7 Gb/s e tinham repetidores espaçados de cerca de
50 km;

O problema da dispersão poderia ser superado pelo emprego de fibras de dispersão


deslocada, projetadas para terem mínima dispersão nas proximidades de 1,55 mm, ou pela
limitação do espectro do laser a um único modo longitudinal;

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Figura 5. Típica dependência do parâmetro de dispersão D em relação ao comprimento de onda, para fibras padrão,
de dispersão deslocada e de dispersão plana.

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As duas abordagens foram seguidas durante a década de 1980;

Em 1985, experimentos em laboratório indicavam a possibilidade da transmissão de


informação a taxas de bits de até 4 Gb/s por distâncias maiores do que 100 km;

A terceira geração de sistemas de ondas luminosas, que operavam a 2,5 Gb/s, tornou-se
comercialmente disponível em 1990;

Tais sistemas eram capazes de operar a taxas de até 10 Gb/s;

Uma deficiência dos sistemas de terceira geração em 1,55 mm é o sinal ser regenerado
periodicamente por meio de repetidores optoeletrônicos espaçados, tipicamente, por
60−70 km;

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O espaçamento entre repetidores pode ser aumentando com a utilização de um esquema de
detecção homódino ou heteródino, o que aumenta a sensibilidade do receptor;

Tais sistemas eram referidos como sistemas coerentes de ondas luminosas;

Sistemas coerentes encontravam-se em desenvolvimento em todo o mundo durante a década de


1980, e seus potenciais benefícios foram demonstrados em vários experimentos;

Contudo, a introdução comercial desses sistemas foi adiada com o advento de


amplificadores a fibra óptica em 1989.

A quarta geração de sistemas de ondas luminosas utiliza amplificação óptica, para aumentar
o espaçamento entre repetidores, e multiplexação por divisão em comprimento de onda
(WDM − Wavelength-Division Multiplexing), para aumentar a taxa de bits;

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Na maioria dos sistemas WDM, as perdas de fibras são compensadas periodicamente por
amplificadores da fibra dopada com érbio espaçados a cada 60−80 km, os quais foram
desenvolvidos depois de 1985 e passaram a ser comercializados por volta de 1990;

Um experimento de 1991, usando uma configuração de laço recirculante de fibra, mostrou a


possibilidade de transmissão de dados por 21.000 km a 2,5 Gb/s, e
por 14.300 km a 5 Gb/s;

Tal desempenho indicava que transmissão submarina totalmente óptica e baseada em


amplificadores era viável para comunicação intercontinental;

Em 1996, não apenas foi demonstrada a transmissão ao longo de 11.300 km, a uma taxa de 5
Gb/s, usando cabos submarinos reais, como sistemas de cabos transatlânticos e transpacíficos
se tornaram disponíveis comercialmente;

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Desde então, um grande número de sistemas de ondas luminosas submarinos foi instalado em
todo o mundo;

Na maioria dos sistemas WDM de ondas luminosas, é dada ênfase ao aumento da capacidade
de transmissão de mais e mais canais por meio da tecnologia WDM;

Com a crescente largura de banda de sinais, muitas vezes, não é possível a amplificação de
todos os canais com um único amplificador;

Em consequência, novos esquemas de amplificação (como amplificação Raman distribuída)


foram desenvolvidos para cobertura da região espectral que se estende de 1,45 a 1,62 µm;

Essa abordagem resultou em um experimento, em 2000, com taxa da 3,28 Tb/s, no qual 82
canais − cada um operando a 40 Gb/s − foram transmitidos por 3.000 km;

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Sistemas terrestres comerciais com capacidade de 3,2 Tb/s, transmitindo 80 canais (cada um
em 40 Gb/s) e fazendo uso de amplificação Raman, tornaram-se disponíveis no final de
2003;

A quinta geração de sistemas de comunicação por fibra óptica enfatiza a extensão da faixa de
comprimentos de onda em que sistemas WDM podem operar simultaneamente ;

A convencional janela de comprimentos de onda conhecida como banda C cobre o intervalo


de comprimentos de onda entre 1,53 e 1,57 mm;

Essa janela está sendo estendida para os dois lados, para comprimentos de onda mais longos
e mais curtos, resultando nas bandas L e S, respectivamente;

A técnica de amplificação Raman pode ser usada para sinais nas três bandas de
comprimentos de onda;

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Ademais, um novo tipo de fibra − conhecido como fibra seca − foi desenvolvido, com a
propriedade de pequenas perdas na fibra em toda a faixa de comprimentos de onda de 1,30
a 1,65 µm;

O foco de atuais sistemas de quinta geração é o aumento da eficiência espectral de sistemas


WDM;

A ideia é empregar formatos avançados de modulação, de modo que a informação seja


codificada usando tanto a amplitude como a fase da portadora óptica;

Embora tais formatos de modulação tenham sido desenvolvidos para sistemas de microondas,
seu uso em sistemas de ondas luminosas atraiu a atenção somente após 2001;

A utilização desses formatos de modulação permitiu aumentar a eficiência espectral − que,


em sistemas de quarta geração, era tipicamente limitada a menos de 0,8 b/s/Hz − a mais de 8
b/s/Hz;
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Em um experimento de 2010, um novo recorde foi estabelecido com a transmissão de 64
Tb/s por 320 km, usando 640 canais WDM que varriam as bandas C e L, com espaçamento
de 12,5 GHz entre canais;

Cada canal continha dois sinais de 107 Gb/s multiplexados em polarizações ortogonais e
codificados com um formato de modulação conhecido como modulação em amplitude em
quadratura;

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