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capitulo">
<h2>Capítulo 4 - Dia 3.</h2>
<br />
<div class="texto"><p><strong>(15 de fevereiro de 2021, 3
a.m)</strong></p>
<p>Acordo com batidos contra a minha janela, reviro na cama e espio o
relógio que marca três horas da manhã. Esfrego os
olhos e encaro a janela coberta pela fina cortina. Uma sombra se move
do lado de fora e outras três batidas seguem. Levanto da cama
reclamando mentalmente, sem entender bem o que estava acontecendo.
Abro uma fresta na cortina e encontro Ash do lado de fora, um sorriso
se estende por seus lábios e ele faz sinal para que eu abra a
janela.</p>
<p> </p>
<p>-Mas que merda... –Murmuro, e ele repete o sinal com ainda
mais vigor. Destravo e deslizo o retângulo de vidro para cima.
–O que você está fazendo aqui?</p>
<p> </p>
<p>-Eu vim te buscar. –Ele diz ainda sorrindo.</p>
<p> </p>
<p>-Do que você está falando? –Questiono
esfregando os olhos.</p>
<p> </p>
<p>-Como assim? Eu disse que te via mais tarde.</p>
<p> </p>
<p>-Quando foi que... –De repente uma lembrança cruza
minha mente: “Te vejo mais tarde, Eiji do 2B.”. Ele
realmente disse. Suspiro. –Não vou a lugar nenhum com
você, vai embora. –Respondo começando a
deslizar a janela de volta, mas ele a segura.</p>
<p> </p>
<p>-Por que não?</p>
<p> </p>
<p>-Você ainda pergunta? –Digo bufando. –Me
deixa dormir.</p>
<p> </p>
<p>-Vamos lá, vai ser divertido. –Sua expressão
me parece entusiasmada demais. PROBLEMA.</p>
<p> </p>
<p>-Eu duvido muito. –Digo irritado.</p>
<p> </p>
<p>-Se você vier comigo hoje, prometo não te incomodar
mais. –Ele levanta seu mindinho em frente aos lábios.
Já vi isso antes.</p>
<p> </p>
<p>-Você já me fez essa promessa.</p>
<p> </p>
<p>-Por favor? –Ele abaixa o dedo mindinho e me olha como
um cachorrinho de rua. Suspiro frustrado.</p>
<p> </p>
<p>-Eu te odeio. –Respondo me afastando da janela e indo
até o guarda roupas.</p>
<p> </p>
<p>-Isso foi um sim, certo?</p>
<p> </p>
<p>Reviro os olhos para mim mesmo e tiro a blusa que estava usando.
Era oficial, minha sanidade mental era inexistente. O que era isso sobre
ele que tornava impossível eu dizer não? Suspiro outra
vez, meio irritado, agarrando a barra da minha calça de moletom,
mas quando vou desliza-la para baixo, sinto dois olhos cravados em
minhas costas. Viro na direção da janela e encontro Ash
sentado no beiral me olhando fixamente. Mas que diabos? Engulo em
seco, enquanto meu corpo inteiro se arrepia.</p>
<p> </p>
<p>-FO-RA! –Sussurro para ele, apontando para que saia. Ele
sorri outra vez e sai. Mas que droga foi essa?</p>
<p> </p>
<p>Balanço a cabeça e visto minha calça jeans, uma
blusa de moletom bege claro e meu casaco de inverno azul. Amarro
meus coturnos, pego meu celular e deslizo para o lado de fora. Abaixo a
janela até quase fecha-la e me viro para Ash, que me espera na
escada.</p>
<p> </p>
<p>-Onde estamos indo? –Pergunto enquanto descemos as
escadas de metal, que rangem sobre nossos pés, reclamando
como de costume.</p>
<p> </p>
<p>-Nós vamos ir buscar uma coisa, depois vamos voltar para
cá. –Ele responde se aproximando da escada de
saída e a deslizando lentamente até atingir o chão.
A estrutura inteira da escadaria estava enferrujada, como ele conseguia
fazer aquilo com tanta facilidade e tão silenciosamente? Pratica,
com toda a certeza.</p>
<p> </p>
<p>-O que estamos indo buscar? –Pergunto assim que chego ao
chão, esfregando uma mão contra a outra.</p>
<p> </p>
<p>-Você vai ver.</p>
<p> </p>
<p>-Dá para me dar uma resposta clara uma vez na vida?
–Resmungo e ele apenas ri.</p>
<p> </p>
<p>Sigo atrás dele por um longo tempo, enquanto viramos
várias e várias ruas. Apesar de serem três horas da
madrugada, ainda há algumas pessoas vagando pelas
calçadas. Carros e táxis vêm e vão de um lado
para o outro. Algumas pessoas passam por nós como se nem
estivéssemos ali, enquanto outras nos encaram fixamente.
Imploro a Deus para que não fossemos assaltados ou algo
pior.</p>
<p> </p>
<p>-Aqui. –Ash diz parando em frente a uma
conveniência 24h. Meu coração dispara e agarro-o
pelo braço instintivamente.</p>
<p> </p>
<p>-Você não está pensando em roubar este lugar,
está? –Pergunto ansioso.</p>
<p> </p>
<p>-Não se preocupe, eu pretendo pagar dessa vez. –Ele
sorri e eu solto o braço dele, apesar de ainda me sentir
desconfortável.</p>
<p> </p>
<p>Entramos na conveniência e o atendente no caixa nos encara,
desconfiado. Sigo Ash até o fundo na loja, onde ele se aproxima
das geladeiras e encara alguns fardos de cerveja. Ele pretende comprar
isso?</p>
<p> </p>
<p>-Qual marca você prefere? –Ele pergunta. Olho para
ele confuso. –Você nunca bebeu cerveja antes?
–Ele acrescenta rindo, reviro os olhos, apesar de realmente
nunca ter bebido.</p>
<p> </p>
<p>-E como você pretende comprar isso? Não temos idade
suficiente. –Nenhum de nós dois tinha idade suficiente
para beber, quem dirá comprar.</p>
<p> </p>
<p>-Não se preocupe com isso. –Ele volta a olhar para os
fardos. –Bem, já que você nunca bebeu antes...</p>
<p> </p>
<p>-Eu não disse isso. –Retruco irritado, ele ri.</p>
<p> </p>
<p>-Vou levar uma que eu já conheço, certo?
–Dou de ombros.</p>
<p> </p>
<p>Ele abre a geladeira e pega um dos fardos de latinha de alguma
marca que eu não conheço. Seguimos na
direção do caixa e meu coração dispara outra
vez. Se ele sair correndo agora, eu juro para mim mesmo que nunca
mais olho na cara dele. Ash para em frente ao caixa e solta o fardo
sobre o balcão, abrindo um sorriso simpático. O atendente,
que tem por volta dos vinte e cinco anos, nos encara sem se mover.</p>
<p> </p>
<p>Ash também não move um sequer músculo ou
diz alguma coisa. Um silêncio desconfortável se estende
por alguns segundos, e tudo que eu queria era poder sair correndo dali.
Aproximo-me mais de Ash e puxo a barra do seu casaco, em um gesto
silencioso de “Vamos embora daqui, por favor!”, mas
ele me ignora completamente. Por fim o atendente solta um leve riso e
quebra o silêncio:</p>
<p> </p>
<p>-Você espera que eu acredite que é maior de idade?
</p>
<p> </p>
<p>-Não. –Ash responde com calma. O que ele estava
planejando afinal de contas? –Mas Shorter disse que eu
não teria problemas aqui.</p>
<p> </p>
<p>A expressão do caixa muda completamente. Ele aperta os
olhos enquanto nos encara, então finalmente suspira e passa a
compra. Lhe entregamos o dinheiro e o atendente coloca o fardo em
uma sacola preta, Ash a pega e sorri outra vez.</p>
<p> </p>
<p>-Não me causem problemas. –O atendente adverte
enquanto saímos da loja.</p>
<p> </p>
<p>-Quem é Shorter? –Pergunto imediatamente
após sairmos de lá.</p>
<p> </p>
<p>-Um velho amigo meu. –Ele responde.</p>
<p> </p>
<p>-Certo, mas quem é ele? Você apenas tocou no nome
dele e aquele cara nos vendeu isso. –Insisto ainda confuso com
o quão fácil isso foi.</p>
<p> </p>
<p>-Complicado de explicar, esqueça isso. –Ele para de
andar e se vira para mim com um sorriso malicioso sobre os
lábios. –Agora vamos voltar e começar a
festa. </p>
</div>
<br />
<h2>Notas Finais</h2>
<br />
<div class="texto texto-capitulo-notas">Nota: A idade mínima
para se comprar bebida alcoólica em Nova York é de 21
anos.</div>
<br />
</div>
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