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ASTRONOMIA BÁSICA

Um Guia Introdutório.
ROBERT DE AQUINO
SUMÁRIO

O QUE É ASTRONOMIA?
CORPOS CELESTES
PLANETAS
OS SATÉLITES NATURAIS E ARTIFICIAIS
ESTRELAS
COMETAS, ASTERÓIDES E METEORITOS
SISTEMA SOLAR
GALÁXIAS
O UNIVERSO
A TEORIA DO MULTIVERSO
MEDIDAS ASTRONÔMICAS
MARCOS HISTÓRICOS
UMA REFLEXÃO
O QUE É ASTRONOMIA?
Um erro comum do público leigo é confundir Astronomia com
Astrologia. A Astrologia é a crença de que as posições das estrelas
e planetas possam afetar e prever o futuro de nossas vidas.
Completamente diferente da Astronomia que é uma ciência bastante
sólida cuja contribuição é enorme para nossa vida moderna.
A ciência astronômica teve sua origem a milhares de anos atrás
quando nossos antepassados tentavam desvendar os mistérios do
universo ao registrar as movimentações das estrelas, da Lua e dos
planetas.
A astronomia é a ciência que estuda os corpos celestes e o
universo, situando-os no espaço e criando métodos para explicar a
evolução, composição e a física destes objetos. Desde então vem
ajudando a encontrar respostas para as questões fundamentais na
compreensão de nossa existência e localização no espaço.
Este guia te dará uma noção geral sobre as principais
descobertas que gerações passadas primorosamente com o uso de
sua curiosidade fizeram sobre o nosso universo.
CORPOS CELESTES
Os corpos celestes são objetos espaciais existentes em nosso
universo, como as luas, os planetas, as estrelas, os cometas, etc.
Eles formam uma pequena parte do vasto universo e estão a uma
razoável distância de nós.
Ao anoitecer, cada ponto brilhante no céu representa um mundo
longínquo e fascinante. Muitos mundos (estrelas e planetas) não
podem ser visíveis a olho nu e por isso necessitamos de telescópios
para observá-los.
Nos tempos antigos, os corpos celestes eram tratados apenas
como pontos de luzes fixas bem distantes no céu profundo. No
século IV a.C., Aristóteles definiu a natureza dos corpos celestes
como sendo símbolos da perfeição e imutabilidade divina.
No século V a.C., Aristarco de Samos utilizou-se de cálculos
matemáticos para criar projeções sobre os tamanhos dos astros,
que na época causou bastante espanto e admiração.
Nicolau Copérnico foi o propositor da Teoria Heliocêntrica do
Sistema Solar. Essa teoria colocou o Sol no centro do universo e
propiciou o afloramento da ciência astronômica a patamares nunca
antes vistos.
Em 1608, o fabricante de óculos holandês, Hans Lippershey,
patenteou o primeiro telescópio que na época era capaz de
magnificar em 3 vezes os objetos.
Em 1609, Galileu Galilei construiu um telescópio que
possibilitou a averiguação desta teoria proposta por Copérnico.
Assim o conceito de que os corpos celestes eram corpos sagrados
inalcançáveis foi de vez sendo deixado de lado. Nesta nova era a
Astronomia progrediu velozmente e o que nunca tinha sido visto
antes era desvendado com as lentes curiosas dos telescópios.
Todas essas descobertas que se acumularam ao longo dos
séculos XVII e XVIII serviram para aperfeiçoar a teoria de
Copérnico.
PLANETAS
Os planetas são objetos massivos com uma forma quase
esférica que giram ao redor de uma estrela. Eles se movem em
órbitas fixas ao redor de sua estrela mãe. Atualmente existem oito
planetas no nosso Sistema Solar e eles podem ser classificados em
dois tipos: os planetas telúricos e os planetas jovianos ou gasosos.

Planetas telúricos são os planetas mais próximos do Sol,


localizados no Sistema Solar Interior, apresentam como
características de formação uma composição rochosa altamente
densa. Os planetas telúricos do nosso Sistema Solar são: Mercúrio,
Vênus, Terra e Marte.
Já os planetas jovianos são planetas de enormes proporções
se comparados aos planetas rochosos. Formados por gases,
possuem um pequeno núcleo rochoso. No nosso sistema são quatro
o número de planetas com essas características, em sua ordem:
Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
MERCÚRIO

Mercúrio é o menor planeta do Sistema Solar e o primeiro em


relação ao Sol. Seu diâmetro mede 4.879km e seu período orbital é
de 88 dias. A temperatura na superfície mercuriana oscila entre
extremos -173°C e 427°C.
Comparado a outros planetas, pouco sabemos de Mercúrio
devido a sua posição muito próxima ao Sol dificultando muito sua
observação. As primeiras observações foram registradas no século
IV a.C por astrônomos gregos que acreditavam haver dois objetos
celestes distintos em sua posição, um visível ao dia e o outro visível
ao pôr do sol.
Duas espaçonaves foram lançadas para exploração orbital de
Mercúrio. Em 1974 a Mariner 10 chegou a fotografar
aproximadamente um pouco menos da metade da superfície
mercuriana e em 2008 a sonda espacial Messenger mapeou o
restante.
Mercúrio se parece muito com a lua embora seja classificado
como planeta por possuir uma atmosfera tênue e um interior
formado por ferro que gera um campo magnético. Apesar de mais
massivo, ele é menor que as duas maiores luas do Sistema Solar,
Titã e Ganimedes.
VÊNUS

Vênus orbita o Sol na segunda ordem, tem diâmetro de


12.104km e seu período orbital é de 225 dias. É o segundo objeto
mais brilhante do céu noturno e sua temperatura média na
superfície é de 400°C, podendo chegar a ultrapassar 1000°C devido
as intensas tempestades elétricas que assolam o planeta. É
conhecido popularmente como a estrela d'alva.
Ele é muito semelhante ao nosso planeta, tendo quase o
mesmo tamanho e composição. Sua superfície está envolta em uma
camada de nuvens muito densas que impedem sua visualização. O
planeta foi mapeado pela sonda Magellan em 1990, nome dado em
homenagem ao navegador português Fernão de Magalhães.
O planeta comporta Maxwell Montes, uma montanha com 11
quilômetros de altura e que é cerca de dois quilômetros mais alta
que o Monte Everest com 8,8 quilômetros.
Seu solo apresenta indícios de atividades vulcânicas e a
ausência de crateras indica que a superfície é bem jovem tendo
uma idade aproximada de 300 a 600 milhões de anos. A maior
parte do planeta apresenta superfícies vulcânicas e acidentes
geográficos excêntricos.
TERRA

A Terra é o terceiro planeta a orbitar a estrela solar, seu


diâmetro é de 12.742km e seu período orbital é de 365 dias. As
temperaturas variam entre -93°C a 58°C.
É o maior planeta telúrico e o mais denso do sistema solar. O
único planeta em que a existência de vida é comprovada. A Terra
tem 4,5 bilhões de anos e a vida surgiu 1 bilhão de anos depois.
Desde então a biosfera terrestre modificou a superfície criando
a camada de Ozônio que em conjunto com o campo magnético
terrestre, bloqueia boa parte da radiação solar.
Não existe até o momento nenhum outro corpo celeste
composto por água líquida em quantidade suficiente para a
manutenção da vida. A Terra poderá suportar a vida por
aproximadamente 500 milhões de anos.
MARTE

Marte é o último planeta telúrico do Sistema Solar e o quarto em


relação ao Sol. Seu diâmetro é de 6.779km e suas temperaturas
variam entre -143°C a até 35°C.
É o segundo menor planeta do nosso sistema e seu período
orbital em relação ao sol é de 687 dias terrestres.
A sonda espacial Mariner 4 em 1965 desmistificou a ideia de
que o planeta tinha um corpo de água substancial. Em 2008 a sonda
Fênix coletou amostras de gelo no solo marciano sustentando a
ideia de que num passado, Marte tenha sido lar de grandes faixas
de água líquida.
Marte contém o Monte Olimpo, a segunda mais alta montanha
de nosso sistema planetário com altitude de 22,5 quilômetros e o
Valles Marineris em seu hemisfério norte, um imenso desfiladeiro
que percorre 4 mil quilômetros de extensão com uma profundidade
maior que 7km por 200km de largura. Marte possui duas pequenas
luas chamadas de Fobos e Deimos com os respectivos diâmetros:
23km e 12km.
JÚPITER

Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar em massa e


diâmetro que corresponde a 139.822km. Ele demora 12 anos para
fazer uma volta completa ao redor do Sol. Júpiter é 2,5 vezes mais
pesado que todos os outros planetas do Sistema Solar juntos. Sua
temperatura média é de -108°C.
A rotação em torno de seu eixo é muito rápida, por volta de dez
horas. Seu brilho pode ser visto a olho nu sendo o quarto objeto
mais brilhante após o Sol, a lua e Vênus. Júpiter possui uma faixa
anelar bem tênue.
Entre as nuvens gasosas de Júpiter existe uma enorme mancha
avermelhada. Essa mancha representa uma tempestade anticíclica
localizada ao sul do equador com ventos de aproximadamente
600km/h. Esta mancha no final do século XIX tinha quase o dobro
do tamanho atual e poderia caber dois planetas Terra.
Em 1994 a sonda Galilleu presenciou o impacto do cometa
Shoemaker-Levy 9. Sendo a primeira observação de uma “colisão”
direta entre dois corpos celestes.
SATURNO

Saturno é o segundo maior planeta do nosso sistema, tem um


diâmetro de 116.464km e um período orbital de 29 anos. A
temperatura média em sua superfície supera -139°C.
Observado por telescópios, sua cor se apresenta com tons de
amarelo claro pela concentração de cristais de amônia em sua
atmosfera superior. Os ventos que assolam o planeta podem chegar
a velocidade de 1800 quilômetros por hora. Saturno é o segundo
planeta com o maior número de luas, são ao menos 67 satélites
descobertos até então.
Saturno é lembrado por seus anéis formados de gelo e detritos
rochosos. Os anéis de Saturno se estendem 280.000 quilômetros de
sua superfície.
É o planeta menos denso do sistema solar. Se existisse uma
piscina enorme que coubesse o planeta, ele poderia flutuar sobre a
água.
URANO

Urano é o sétimo planeta em relação ao Sol e o terceiro maior


do sistema Solar. Com um diâmetro de 50.724km, seu período
orbital é de 84 anos e possui uma temperatura extremamente
baixa, beirando os -224°C devido a sua distância em relação ao sol.
Foi o primeiro planeta a ser descoberto pelas lentes de um
telescópio em 1781 por William Herschel.
Junto de Netuno, Urano é por várias vezes classificado como
um gigante de gelo, devido a suas baixas temperaturas. A atmosfera
é composta de hidrogênio, hélio e pequenas quantidades de metano
com partículas de água e amônia. Sua cor azulada é proveniente do
gás metano existente em sua composição.
Tem um período orbital em torno de seu próprio eixo de
aproximadamente 17 horas. É o único planeta que gira “deitado”,
isso significa que em um de seus hemisférios o dia dura metade de
um ano uraniano ou seja 42 anos.
NETUNO

Netuno é o último planeta em relação ao Sol. Tem um diâmetro


de 49.244km e um período orbital de 165 anos (caraca!). A
temperatura média na superfície de Netuno é de aproximadamente
-221°C.
Foi descoberto no ano de 1846 por meio de cálculos
matemáticos e visitado por apenas uma única sonda espacial a
Voyager 2 em 1989. Sua maior lua é Tritão com um diâmetro de
2.707km.
Possui os ventos mais fortes entre os planetas do sistema solar
que podem atingir mais de 2000km/h. É um dos quatro planetas
gasosos a possuir um sistema de anéis, embora mais tênues que os
de Saturno.
Netuno é muito semelhante a Urano. Seu núcleo é composto
por rochas cobertas por gelo dentro de sua grossa atmosfera.

DICA PARA MEMORIZAÇÃO


Uma dica para você decorar todos os nomes dos oito planetas é
memorizar essa frase: “Minha Velha Traga Meu Jantar: Sopa, Uva,
Nozes e Pão.” Pensando bem não vou querer o Pão. Cada palavra
que compõe a frase se inicia com a letra de cada planeta.

Pão equivale a Plutão... Mas Plutão não é um planeta e essa


frase é muito velha!
Plutão se encaixa na categoria dos planetas anões, um termo
criado para definir um tipo diferente de corpo celeste, geralmente
são corpos bem menores que os planetas convencionais.
Plutão tem um diâmetro de 2.377km e é menor que a Lua. Em
nosso Sistema Solar já foram categorizados cinco planetas
anões: Ceres, Plutão, Haumea, Makemake e Éris.
OS SATÉLITES NATURAIS E ARTIFICIAIS
Um satélite é todo e qualquer objeto celeste que orbite sobre
um corpo de maior magnitude. Assim sua definição pode ser mais
abrangente englobando até planetas anões que orbitem uma estrela
ou mesmo uma galáxia anã que orbite uma outra galáxia de maior
tamanho.
Existem dois tipos de satélites: os naturais e artificiais. A
diferença entre os dois é basicamente o processo resultante de sua
concepção. Os satélites artificiais foram feitos pela civilização
humana.
Neste momento existem vários satélites artificiais orbitando
nosso planeta Terra. Eles nos fornecem dados sobre os variados
assuntos e melhoram nossa comunicação terrestre.
Os Satélites Naturais são objetos de formação natural. A Lua é
o satélite natural e o corpo celeste mais próximo da Terra. Ela está a
384.400km daqui. A Lua é o objeto celeste com maior magnitude no
céu noturno e possui um diâmetro de 3.474km.
Nosso único satélite natural é o quinto maior presente no
Sistema Solar e representa 27% do tamanho da Terra.
Na imagem abaixo você poderá observar a relação de grandeza
entre a Terra, a Lua e Ceres. Imagem de NASA/JPL.
No Sistema Solar existem mais de 160 satélites naturais e
apenas Vênus e Mercúrio não possuem a companhia destes corpos
celestes.

As maiores luas do nosso sistema solar são em sequência:

1. Ganimedes: A maior lua de Júpiter possui 5.262km de


diâmetro
2. Titã: A maior lua de Saturno possui 5.150km de diâmetro.
3. Calisto: A segunda grande lua de Júpiter possui 4.820km de
diâmetro
4. Io : A terceira maior lua de Júpiter possui 3642 km de diâmetro.
5. Lua: Possui 3.475km de diâmetro, ¼ do diâmetro terrestre.
6. Europa: Quarta maior lua de Júpiter tem diâmetro de 3.121km,
pesquisas relatam que debaixo de sua crosta gélida existam
oceanos de água salgada.
ESTRELAS
As estrelas são astros gigantes formados por gases muito
quentes e que produzem sua própria luz. Elas expelem energia e
em sua maioria, convertem o gás de Hidrogênio em Hélio nos seus
núcleos. São massivas em tamanho e tem um grande campo
gravitacional.
Elas se formam em nebulosas, nuvens de poeira, que
concentram material espacial, como o hélio, o hidrogênio e plasma.
A gravidade faz com que essa poeira se junte e quando uma grande
quantidade de poeira se junta, a gravidade fica mais forte e o
aglomerado de poeira se aquece o bastante dando início a uma
fusão nuclear que marca o início da vida de uma estrela.
Seu ciclo de vida é finito e ao longo do tempo, a estrela irá
continuar a queimar energia, brilhando por bilhões de anos. Esse
estágio é o mais duradouro da vida de uma estrela. Porém quando o
hidrogênio acaba, a superfície da estrela se expande e ela se torna
uma gigante vermelha.
O Colapso se aproxima quando o núcleo da estrela começa a
produzir ferro. O que sucederá com a estrela nos próximos estágios
dependerá de seu tamanho. As estrelas maiores irão explodir
resultando em uma massiva explosão nuclear chamada Supernova
e depois poderão se tornar uma estrela de nêutrons ou um buraco
negro. As estrelas medianas se tornam estrelas anãs brancas.
Buracos negros são uma das coisas mais 'bizarras' e
intrigantes no universo. São regiões espaciais em que a força da
gravidade é tão grande que nem mesmo a luz consegue escapar. O
que delimita o corpo de um buraco negro é seu ponto de não-
retorno. Quando algum objeto entra nesta área, ele se colapsa
dentro da Singularidade do buraco negro, um ponto infinitamente
pequeno e denso onde as leis físicas não se aplicam.
A estrela mais próxima de nós é o Sol, uma estrela que para os
padrões interestelares é considerada de médio porte. É ele que
fornece energia para nossa vida terrestre e que ilumina todos os
objetos que não emitem luz própria aqui no Sistema Solar.
O Sol tem um diâmetro de 1.391.016km e fica a uma distância
de 149.600.000km do planeta Terra. A temperatura em média de
sua superfície é de 6.000°C. Dentro do nosso Sol caberiam 1,3
milhões de Planetas Terras ou 937 planetas do tamanho de Júpiter.
Veja a comparação a seguir.

Embora nosso Sol seja uma estrela imensa ele é bem pequeno
se comparado a outras estrelas existentes já descobertas no
universo.
Betelgeuse é uma supergigante estrela vermelha, a quarta
maior que se tem notícia. Pontua entre a décima primeira e a
décima segunda posição entre as estrelas com maior brilho visível a
partir da Terra. Está a 642,5 anos-luz de distância e possui um raio
solar de 550 vezes o do Sol. Dentro dela poderia caber 1 bilhão de
sóis.
Mu Cephei também é uma supergigante vermelha na
constelação de Cepheus. É atualmente a terceira maior estrela do
universo. Seu raio solar é de 1.260 R ☉ e fica a uma distância de
4.892 anos-luz daqui.
VV Cephei A é a segunda maior estrela conhecida, com um raio
solar entre 1050-1900. Localiza-se a 8.359 anos-luz do nosso
sistema solar e seu volume é de 2,7 bilhões de sóis.
A VY Canis Majoris, uma hipergigante estrela vermelha
localizada na constelação de Canis Major é a maior (com os dados
de estimação mais confiáveis) e mais brilhante estrela já descoberta
com 1.420 vezes o raio solar do Sol. Ela fica a 4.892 anos-luz do
planeta Terra. Caberiam dentro dela 9,3 bilhões de sóis.
É certo que a A VY Canis Majoris não viverá muito, estimam
que ela ‘morra’ daqui a cerca de 3.200 anos. Quando ela explodir
vai produzir cem vezes mais energia em um segundo que o nosso
Sol em toda sua vida.
COMETAS, ASTERÓIDES E METEORITOS
Os cometas são pequenos corpos celestes formados por gelo e
rocha que vem dos confins do Sistema Solar. Quando em sua órbita
se aproximam do Sol, o gelo se vaporiza criando uma majestosa
cauda. O núcleo de um cometa pode variar entre 100 metros a até
40km. O cometa mais famoso é o Halley, que se aproxima da nossa
região planetária a cada 76 anos. A próxima visita deve acontecer
em 2061 (um pouquinho longe!).
Uma área cheia de cometas é a parte entre Marte e Júpiter
conhecida como a Cintura de asteroides.
Asteroides são rochas irregulares de minerais ou metal que
também tem sua órbita ao redor do sol. São muito pequenos para
serem categorizados como planetas. Seu tamanho pode variar entre
vários quilômetros até pequenos pedregulhos. Ceres é classificado
também como um dos maiores asteroides.
Foi exatamente um asteroide que extinguiu a vida de muitas
espécies incluindo os dinossauros a cerca de 66 milhões de anos
atrás. Este asteroide que decretou o fim dos gigantes animais tinha
cerca de 15 quilômetros de diâmetro criou inicialmente um buraco
com extensão de 100km e uma profundidade de 30km.
Os meteoros e meteoritos são os objetos que entram em nossa
atmosfera planetária puxados pela gravidade terrestre. Os Meteoros
geralmente são menores e queimam na atmosfera terrestre ao
adentrar na Terra. São conhecidos popularmente como estrelas
cadentes.
Meteoritos são objetos maiores que pelo seu tamanho e massa
não se destroem com a entrada na atmosfera e caem no solo
criando crateras. No Brasil, o meteorito do Bendegó foi encontrado
no sertão do estado da Bahia em 1888. Pesando 5.360 quilos é o
maior siderito já achado em solo brasileiro. Em 2018, o meteorito
resistiu ao incêndio que aconteceu no Museu Nacional do Rio de
Janeiro. Foto de Jorge Andrade, 2011, abarcada sobre licença
Creative Commons Attribution 2.0 Generic.
SISTEMA SOLAR
O Sistema Solar é composto centralmente pela estrela que
chamamos de Sol, os oito planetas: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte,
Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, incluindo seus satélites naturais,
vários cometas, asteroides e meteoritos.

A composição de matéria do Sistema Solar é distribuída da seguinte


forma:

● Sol: 99,85%
● Planetas: 0,135%
● Cometas: 0,01%
● Satélites: 0,00005%

Depois da órbita de Netuno existe uma região chamada Cintura


de Kuiper, uma estrutura anelar quase vazia que é composta por
corpos gélidos, quase todos menores que Plutão, que fazem sua
órbita ao redor do Sol lentamente.
Após a Cintura de Kuiper está a Nuvem de Oort, diferentemente
das órbitas planetárias e da Cintura Kuiper, a Nuvem de Oort é uma
imensa esférica concha que cerca o Sol, os Planetas e os objetos
da Cintura de Kuiper. Como uma bolha que envolve todo nosso
Sistema Solar, ela é formada por pedaços de detritos de gelo
espacial do tamanho de montanhas e até maiores. É daí que alguns
cometas surgem.
A espaçonave Voyager 1 demorou 35 anos para sair da
influência solar. Ela percorre aproximadamente 1.609.344
quilômetros todo dia a uma velocidade que irá demorar 300 anos
para alcançar a Nuvem de Oort e então 30 mil anos para passar
completamente por ela.
A estrela mais próxima de nosso Sistema Solar se chama
Proxima Centauri que fica a 4,3 anos-luz de distância ou
aproximadamente 425,7 trilhões de quilômetros . Em números
nominais: 425.723.778.225.000km (Uau!).
Nosso Sistema Solar é um sistema planetário específico e o
único sistema chamado oficialmente de “sistema solar”. Estudos
astronômicos descobriram mais de 2.500 outras estrelas (sóis) com
planetas em sua órbita. A quantidade de estrelas existentes na
nossa galáxia é da ordem de 250 bilhões ± 150 bilhões de estrelas.
GALÁXIAS
As galáxias são grupos de estrelas mantidas juntas pela
gravidade. O Sol e o sistema solar fazem parte de uma galáxia
conhecida como Via Láctea.
Ao olharmos para o céu noturno sem poluição luminosa,
podemos ver a olho nu um disco lateral nebuloso repleto de
estrelas. Este disco é a nossa galáxia que vista do alto assume a
forma de uma espiral e é composta por bilhões de estrelas.
No interior de um destes braços, está o nosso Sol, que leva 225
milhões de anos para dar uma volta completa em volta do centro da
galáxia. Com uma idade de 4,5 bilhões de anos nossa estrela já
girou por 22 vezes ao redor do centro da Via Láctea.
O Centro da Via Láctea é um lugar caótico, ali estrelas nascem
e morrem. É o lugar com a maior densidade de estrelas e portador
das mais massivas também. Nesta área reside um buraco negro
supermassivo quatro milhões de vezes a massa do nosso Sol.
A boa notícia é que nossa posição em relação ao centro da Via
Láctea é bem periférica ou seja, estamos bem longe deste buraco
negro.
A galáxia de Andrômeda é a galáxia espiral relativamente mais
próxima a nossa Via Láctea. Ela tem aproximadamente um trilhão
de estrelas e pode ser avistada a olho nu com a ausência lunar. Em
cerca de 4 bilhões de anos haverá uma colisão entre Andrômeda e
a nossa galáxia. É muito improvável que as estrelas pertencentes
dessas duas galáxias se choquem visto que estão a uma distância
enorme.
Na imagem a seguir é possível observar a localização do nosso
Sistema Solar (Our Solar System) em relação ao centro da Via
Láctea em amarelo.
O UNIVERSO
O Universo é todo tempo e espaço e sua composição. Dos
neutrinos as imensas galáxias. Tudo faz parte do universo. Embora
não possamos mensurar qual o tamanho do universo, podemos ao
menos medir o universo observável.
A teoria mais aceita sobre a origem do universo é a Teoria do
Big Bang que postula que o nascimento do universo foi repentino.
Ao passar dos anos muitos pensadores e cientistas fizeram
descobertas que nos ajudaram a transformar a Teoria do Big Bang
em uma aceitável teoria.
O Big Bang não foi uma explosão e sim todo o espaço se
inflando, iniciando muito pequeno e rapidamente se expandindo
para proporções astronômicas e seguindo numa constante
expansão.
O universo é tudo que existe, ele não inflou para o nada mas
sim para si mesmo. Não há como o universo se expandir para nada,
por que por definição não existe o “fora do universo”. Ele é tudo que
existe.
O universo observável é uma região em forma esférica que
compõe toda matéria observável para nós hoje. Isto é, toda radiação
eletromagnética proveniente desses objetos que podem
teoricamente chegar até o planeta Terra para futuras observações.

Veja a seguir uma representação gráfica do nosso universo


observável. Arte do usuario Unmismoobjetivo disponibilizada no
Wikimedia Commons sobre a licença: Creative Commons
Attribution-Share Alike 3.0 Unported.
A TEORIA DO MULTIVERSO
Sabemos que vivemos em um planeta que orbita uma estrela
dentro de um sistema solar. Que este sistema solar faz parte da Via
Láctea e que nosso universo está cheio de outras galáxias.
Mas e se estivéssemos cometendo os mesmos erros que
levaram a nossos antepassados a ter uma visão errônea sobre
nosso lugar no mundo?
O conjunto de ideias que postula que existam múltiplos
universos ou Multiversos é sem sombra de dúvida uma das teorias
mais interessantes dos últimos tempos.
A hipótese que sugere a existência do Multiverso diz que, antes
do Big Bang aconteceu uma expansão exponencial, resultante de
um efeito gravitacional repulsivo chamado de Falso Vazio. Então a
energia se transformou com semelhança a múltiplas bolhas e em
cada uma delas aconteceu um Big Bang, originando a existência de
muitos universos.

Algumas abordagens à teoria do Multiverso clamam um número


exponencial de universos gerados e que estes universos poderiam
ter leis físicas parecidas com as nossas ou muito diferentes e que
pela alta variabilidade de possibilidades poderíamos ter vários
cenários curiosos.
Seguindo esta máxima, haveria universos em que os
Dinossauros ainda estariam vivos, em outros, que nós humanos
tivéssemos uma avançada tecnologia para percorrer grandes
distâncias ou mesmo um universo em que você tivesse uma vida
completamente diferente.
De acordo com essa teorias, seríamos apenas uma versão
entre inúmeras versões de nós. Algumas versões seriam
ligeiramente parecidas com nossa vida atual e outras com
discrepâncias maiores.
Segundo Lawrence Krauss em uma entrevista dada ao portal
Terra em 2012: “No caso da teoria das cordas, há a possibilidade da
existência de outros universos literalmente a um milímetro do meu
nariz, em outra dimensão. Nesse caso, é possível que algo que
acontece em um universo pode impactar outro universo. Portanto,
algumas coisas que vemos no nosso universo podem ser fatores
aleatórios que estão acontecendo em outro universo”.
Apesar de todas essas hipóteses, é bem difícil que consigamos
prová-las. O certo é que o universo está em constante expansão e
que mesmo se provado a existência desses multiversos, estamos
cada vez mais longe deles e certamente nunca iremos conseguir
fazer contato com nenhum universo externo ao nosso.
MEDIDAS ASTRONÔMICAS
A Unidade Astronômica conhecida como UA é exatamente a
distância média entre o planeta Terra e o Sol. 1 UA =
150.000.000km.

A distância entre a Terra e alguns corpos celestes em UA:

● Marte: 0,52 UA à distância de 78.340.000km.


● Saturno: 8,52 UA à distância de 628.730.000km.
● Netuno: 29,09 UA à distância de 4.351.400.000km.

Lembre-se que dependendo da posição orbital do planeta, os


valores referentes a distâncias mudam.
O Ano-Luz é a unidade que relaciona a distância em que a luz
percorre em um ano juliano (365,25 dias). A luz neste espaço de
tempo percorre 9.460.730.472.580,8km. O ano-luz é usado para
distâncias muito grandes.

Alguns objetos e sua distância em ano-luz:

● Galáxia de Andrômeda: 2,5 anos-luz.


● Proxima Centauri: 4,2 anos-luz.

A Velocidade da luz no vácuo é de aproximadamente


300.000km/s e a velocidade do som ao nível do mar é de 340,29
metros por segundo.
O centro da Via Láctea fica a 29.000 anos-luz da Terra. Se
pudéssemos viajar na velocidade da luz gastaríamos 29 mil anos
para chegar até lá. Levando em conta os valores atuais que
conseguimos atingir com nossos foguetes, levaríamos uma
“eternidade” para alcançar distâncias como essa.
Se considerarmos que Marte esteja a uma distância de 55
milhões de quilômetros e nossa espaçonave esteja viajando a 20
mil quilômetros por hora conseguiríamos concluir nossa viagem em
115 dias, porém as coisas não são tão fáceis.
A órbita terrestre e a marciana seguem caminhos diferentes ou
seja, se apontássemos nossa nave para Marte chegaríamos lá e o
planeta não estaria no mesmo lugar. Por isso precisamos prever
aonde Marte estará para que possamos pousar seguramente no
local preciso.
MARCOS HISTÓRICOS
1543: Nicolaus Copernicus publicou De revolutionibus orbium
coelestium apresentando sua teoria de que a Terra orbitava o Sol.
1572: A supernova SN 1572 é observada por vários astrônomos
ao redor do planeta.
1668: Isaac Newton construiu o primeiro telescópio refletor.
1705: Edmond Halley concluiu que os cometas vistos em 1456
e 1682 era o mesmo corpo celeste e previu que o cometa iria
retornar em 1758. Devido a sua contribuição, o cometa recebeu seu
nome.
1801: Giuseppe Piazzi descobriu Ceres entre as órbitas de
Marte e Júpiter e William Herscel categorizou-o como o primeiro
asteroide registrado.
1916: O físico alemão Karl Schwarzschild utilizou-se da teoria
geral da relatividade de Albert Einstein para discorrer sobre a teoria
do buraco negro.
1961: Yuri Gagarin se tornou o primeiro humano a alcançar a
orbitar terrestre.
1969: Neil Armstrong a bordo do modulo lunar da Apollo 8 foi o
primeiro homem a pisar na Lua.
1977: Voyager 1 e Voyager 2 são lançadas pela Agência
Espacial Norte Americana (NASA). Ambas comportando Discos de
ouro com sons e imagens mostrando a diversidade biológica e
cultural do planeta Terra.
1998: A construção da Estação Espacial Internacional (ISS)
começa e conta com a parceria de vários países.
2016: É descoberto o exoplaneta mais próximo da Terra,
Proxima Centauri b orbitando a estrela Proxima Centauri.
UMA REFLEXÃO
Neste guia introdutório você aprendeu que nossa casa, o
Planeta Terra é a primeira linha de nosso endereço neste
emaranhado cósmico. Aprendeu também que a Lua é um satélite
natural e que o nosso Sol exerce influência sobre todos os nossos
oito planetas irmãos e que compomos um entre milhares de
possíveis “sistemas solares” que formam nossa galáxia mãe, a Via
Láctea. O sol junto a outros dez sextilhões de estrelas compõem
nosso universo visível e a Via Láctea é apenas uma dentre as mais
de cem bilhões de galáxias existentes no universo observável.
Apesar dos avanços científicos, ainda sabemos muito pouco
sobre nossa própria existência. Espero que este breve guia desperte
em você o interesse para com a ciência astronômica e as
espetaculares descobertas que nos fazem querer desvendar mais e
mais os mistérios do universo.
Me despeço de você leitor deixando uma mensagem reflexiva
que Carl Sagan proferiu na Universidade de Cornell em 1994 sobre
a foto tirada pela Voayager 1 a 6 bilhões de quilômetros de nossa
casa.
“Olhem de novo esse ponto. É aqui, é a nossa casa, somos nós.
Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece, qualquer um sobre
quem você ouviu falar, cada ser humano que já existiu, viveram as
suas vidas. O conjunto da nossa alegria e nosso sofrimento,
milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas confiantes,
cada caçador e coletor, cada herói e covarde, cada criador e
destruidor da civilização, cada rei e camponês, cada jovem casal de
namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e
explorador, cada professor de ética, cada político corrupto, cada
"superestrela", cada "líder supremo", cada santo e pecador na
história da nossa espécie viveu ali - em um grão de pó suspenso
num raio de sol.
A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena
cósmica. Pense nos rios de sangue derramados por todos aqueles
generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, pudessem
ser senhores momentâneos de uma fração de um ponto. Pense nas
crueldades sem fim infligidas pelos moradores de um canto deste
pixel aos praticamente indistinguíveis moradores de algum outro
canto, quão frequentes seus desentendimentos, quão ávidos de
matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.
As nossas posturas, a nossa suposta auto importância, a ilusão
de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são
desafiadas por este pontinho de luz pálida. O nosso planeta é um
grão solitário na imensa escuridão cósmica que nos cerca. Na nossa
obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá
chegar ajuda de outro lugar para nos salvar de nós próprios.
A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que abriga vida.
Não há outro lugar, pelo menos no futuro próximo, para onde a
nossa espécie possa emigrar. Visitar, sim. Assentar-se, ainda não.
Gostemos ou não, a Terra é onde temos de ficar por enquanto. Já
foi dito que astronomia é uma experiência de humildade e criadora
de caráter. Não há, talvez, melhor demonstração da tola presunção
humana do que esta imagem distante do nosso minúsculo mundo.
Para mim, destaca a nossa responsabilidade de sermos mais
amáveis uns com os outros, e para preservarmos e protegermos o
"pálido ponto azul", o único lar que conhecemos até hoje.”

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