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Século XIX
Em 1797 nasceu Carlo Blasis, natural de Nápoles que, retirando-se cedo dos palcos
passou a dedicar-se ao primeiro tratado de dança, lançado em 1820. Pode-se admitir que
todos os preceitos de um método moderno de ensino estão contidos no seu Traité
élémentaire, théorique et pratique de l’art de danse, desde o porte e a coordenação dos
braços até os allegros mais virtuosos. Blasis considerou todas as teorias de seus
antecessores desde o século XVI e, em 1828, complementou seu tratado com o Code de
Terpsicore, no qual propôs modificações nas regras acadêmicas e ângulos mais estéticos,
enfatizou o épaulement e introduziu a barra como elemento auxiliar nos exercícios
preliminares da aula.
Londres, que iniciou sua tradição de ballet em 1700, com John Weaver, apenas em
1920 criou a Royal Academy of Dancing, inicialmente chamada de Association of Operatic
Dancing of Great Britain, fundada por um grupo de bailarinos famosos. Em 1916, uma
publicação no Dancing Times, intitulada “What every teacher of Operatic Dancing ought to
know and be able to teach”, de Edouward Espinosa, constituiu o primeiro impulso para a
criação de um método de ensino inglês. Tais instruções apenas reforçaram conceitos
colhidos de antigos mestres como Pécour, Vestris, Dauberval, Perrot, Taglioni, Petipa,
alicerçando as tradicionais bases do ballet no método da “Royal Academy of Dancing”.
O ballet chegou mais tarde à Rússia do que ao resto da Europa. A Escola de Ballet
de São Petersgurgo, hoje Academia Vaganova de Dança, foi fundada em 1738 pela
imperatriz Anna Ivanovna e, segundo Caminada, a chegada de Enrico Cecchetti à Rússia,
em 1877, foi de grande importância à criação de um método no país, pois Marius Petipa 6
percebeu a necessidade de incorporar o estilo do mestre italiano para não correr o risco de
ser preterido pelo recém-chegado. Com isso, enriqueceu ainda mais suas criações.
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Apesar de ter nascido em 11 de março de 1822, em Marselha, Petipa não pode ser dissociado do século XX,
não apenas por sua longa carreira mas pelo importante papel que sua obra representa ainda hoje, para as grandes
companhias. Os principais livros sobre a história da dança mencionam “a era Petipa”, tal sua importância. “A influência de
Petipa traduziu-se em primeiro lugar pela introdução de solos e pas de deux nos conjuntos que, antes dele, constituíam a
parte essencial das obras. Com Petipa a dança pura prevalesceu, assim como o virtuosismo dos principais protagonistas.
(...) Foi inegável criador de passos. Muitos das suas variações – modelares no gênero – conservam ainda, atualmente, a
preferência dos bailarinos e do público” (Salazar, 1962:321).
Petipa tornou-se o principal coreógrafo do Ballet Imperial e foi imortalizado com
criações como A Bela Adormecida e O Lago dos Cisnes, sendo este coreografado em 26
parceria com Lev Ivanov. Ambos os ballets apresentaram músicas compostas
exclusivamente para eles por Peter Ilich Tchaikovsky. Nota-se também que, nesta
ocasião, a dança masculina recebeu melhor tratamento do que no período romântico.
Longo caminho
Alicia Alonso (1921)
Desses tratados até o completo sistema elaborado por Rudolf Laban, o Labanotation,
seguido pela notação chamada Coreologia, de Rudolf e Joan Benesh, até Stepanov, criador
de um método também de notação utilizado na Rússia, a dança acadêmica vem
percorrendo um longo caminho.
A complexidade dos princípios que a regem tornaram-na, sempre, uma arte de difícil
registro por signos, sinais e outros recursos. Até nossos dias, coreógrafos, ensaiadores,
professores, ainda que não desprezem nem ignorem a coreologia, conforme mencionamos,
privilegiam a transmissão oral pelos próprios bailarinos para a continuidade e permanência
de suas obras7.
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Nas grandes companhias de ballet, a utilização do vídeo não é prática rotineira para a remontagem de clássicos
de repertório, podendo ser utilizado como recurso adicional, para esclarecer uma ou outra dúvida, mas não substituindo
a figura do remontador, o profissional capaz de zelar pela manutenção do estilo da obra.
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A partir desta aula, utilizaremos fotos para ilustrar algumas posições do ballet referidas no
texto. Agradecemos os dois dançarinos que, gentilmente, posaram para as fotos. Disponibilizamos
os seus currículos:
Irlan Santos - carioca, 16 anos, aluno do curso profissionalizante do Centro de Dança Rio -
RJ. Entre seus inúmeros prêmios estão: 1º lugar no YAGP - Youth American Grand Prix em
NY, ganhando bolsa de estudos para o Royal Ballet e para o Harid Conservatory (2005) / 1º
lugar e Melhor bailarino no Festival de Dança de Joinville (2006) / pertenceu ao elenco da
extinta Companhia Jovem do Rio de Janeiro.
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