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Nº USP: 11915092
Turma 13
São Paulo – SP
2020
Introdução
O trabalho aqui apresentado tem o objetivo de discutir sobre a relação entre soberania e
o “Estado de Direito” e sobre problemas do direito público comparado, sendo estes: da ascensão
do pensamento populista em democracias tradicionais; do Brexit; e do neodesenvolvimentismo
brasileiro em políticas ambientais, principalmente, na Amazônia. Analisarei o uso do conceito
de soberania nessas situações problemáticas, como este conceito se encaixa no contexto do
problema, suas limitações e os seus potenciais.
O Estado de Direito, por outro lado, segundo Carlos Ari Sundfeld2, seria aquele criado
e regulado por uma Constituição, no qual o exercício do poder político é dividido entre órgãos
independentes que regulam uns aos outros de maneira harmoniosa, a fim de que a lei produzida
por um deles seja observada pelos demais e que os cidadãos possam utilizá-las contra o próprio
Estado. Essa noção de Estado de Direito decorre de uma evolução histórica de um Estado que,
devido a sua soberania, não tinha as suas ações limitadas por normas ou ordenamentos jurídicos;
para um Estado Social e Democrático de Direito, que deve se submeter às normas estabelecidas
na Constituição (se submetendo ao Direito), que tem os seus agentes públicos fundamentais
escolhidos pelo povo (promovendo a democracia) e que deve agir positivamente para o
desenvolvimento e justiça social (defendendo questões sociais).
1
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da Teoria Geral do Estado. 11ª edição. São Paulo: Saraiva, 1985
2
SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos do Direito Público. 1ª edição. São Paulo: Malheiros, 1992
assunto. São dois conceitos existentes na realidade atual, mas que entram em conflito, uma vez
que os elementos da atuação do Estado defendidos por um, se opõem aos do outro. Assim, é
possível observar a crise conceitual presente na realidade política dos dias atuais, isto é, a
dissonância entre o Estado de Direito e a soberania.
3
MOFFITT, Benjamin. The global rise of populism: performance, political style, and representation. 1ª Edição.
Stanford, California: Stanford University Press, 2016.
Nesse contexto de ascensão de discursos populistas, a soberania se apresenta no pilar
democrático da democracia que é promovido por esses discursos e, ao mesmo tempo, esse
fenômeno desvaloriza o pilar constitucional da democracia, que se conforma com a ideia de
Estado de Direito, assim, desvalorizando salvaguardas impostas na Constituição que garantem
direitos humanos individuais e protegem cidadãos de outros ou do Estado.
Brexit
Após a saída do Reino Unido do bloco econômico europeu, a econômica britânica foi
severamente impactada pela decisão6. O Brexit causou muitas incertezas econômicas levaram
empresas a adiarem investimentos no Reino Unido, a queda no valor da libra elevou a inflação,
reduzindo o consumo interno e, além disso, houve a queda do desempenho do mercado de ações
britânico, consequentemente, essas decadências econômicas certamente prejudicaram a
população britânica. Ademais, junto a essas decadências econômicas, o Brexit também foi
responsável por dificultar a imigração7, excluindo a população de refugiados e imigrantes, o
que agravou ainda mais a situação de certos setores da economia que dependia de mão de obra
4
O Brexit e o Direito Administrativo
5
“Let’s take back control”: Brexit and the Debate on Sovereignty
6
Reino Unido segue mergulhado em incerteza econômica após Brexit
7
Reino Unido dificulta imigração no pós-Brexit
estrangeira no pré-Brexit. Diante de tudo isso, podemos observar uma perda do caráter social
do Estado Democrático e Social de Direito britânico, mas, simultaneamente, temos uma
valorização do caráter democrático do Estado britânico, uma vez que a efetivação da saída do
Reino Unido da União Europeia fora uma concretização da decisão democrática (plebiscito).
8
Desenvolvimentismo e neodesenvolvimentismo: tragédia e farsa
9
Neodesenvolvimentismo e lutas sociais: afinidades e distanciamentos entre os modelos brasileiro e argentino
10
Who Will Save the Amazon (and How)?
11
Amazônia e soberania nacional
reconhecido por negligenciar a questão de mudanças climáticas que estariam causando
queimadas na Amazônia além de não reforçar a proteção da floresta amazônica diante de
incêndios de origem antrópica, tudo isso a fim de garantir as políticas econômicas
neodesenvolvimentistas do país. Certamente, essa atitude vai contra o Art. 225 da Constituição
Federal que incumbe, resumidamente, ao poder público o dever de proteger o meio ambiente,
ou seja, vai contra a ideia de um Estado Social e Democrático de Direito, uma vez que o Estado
não estaria obedecendo a norma estabelecida na Constituição; mas seria defendida pela ideia
de soberania nacional, pois o Estado teria um poder absoluto. Além disso, a discussão sobre
uma intervenção internacional na Amazônia para “salvá-la” põe em questão a soberania do
Estado brasileiro sobre esse território, sob a defesa de que a Amazônia deve ser assegurada para
o bem do Meio Ambiente, ainda que desafie as decisões teoricamente soberanas do Estado
brasileiro.
Conclusão