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LINGUAGEM
INTRODUÇÃO
Este artigo é parte integrante de uma pesquisa de conclusão de curso que tem por
objetivo geral analisar o papel que o desenho ocupa na ação educativa de duas turmas de
pré-escolares, bem como, compreender que espaço as artes visuais ocupa na educação
infantil e como o desenho é abordado nas intervenções concernentes as artes.
Esta pesquisa fia-se na abordagem qualitativa, pautada na concepção de Lüdke e
André (1986), realizando um estudo de caso, junto a duas professoras de pré-escolares do
município de Rebouças, interior do Estado do Paraná. Para a obtenção de dados foram
aplicados questionários e será realizada observação participante da ação educativa, tendo
por foco artes visuais e os significados do desenho infantil.
Uma das motivações para o estudo do significado do desenho foi a memória
educativa de práticas que o utilizavam como forma de passar tempo desprovido de
significado, assim esta pesquisa visa contribuir para a educação de forma que ressalta a
importância de realizar atividades significativas a partir do desenho.
Para se obter um conhecimento mais amplo sobre a pesquisa, o trabalho foi
dividido em três grandes momentos. No primeiro momento trata-se de entender o que o
ensino da arte e como evolui este conceito no Brasil, bem como, procuraremos tratar das
artes visuais na educação infantil, o que é desenho, e quais trabalhos educativos vem
sendo realizados com o mesmo.
No segundo, procuraremos analisar como o desenho vem sendo concebido dentre as
professoras e os pré-escolares, por meio da análise da coleta de dados. E finalizando,
teceremos algumas considerações sobre o curso e desenvolvimento de nossa pesquisa.
[...] a arte capacita um homem ou uma mulher a não ser um estranho ao seu
meio ambiente nem estrangeiro a seu próprio país. Ela supera o estado de
despersonalização, inserindo o indivíduo no lugar ao qual pertence reforçando e
ampliando seus lugares no mundo (BARBOSA, 2008 p.18).
Outra questão polêmica é que o professor não deve preparar suas aulas agindo de
forma intuitiva, contando apenas com a experiência que acumulou durante os seus anos de
trabalho, dispensando um planejamento. É necessário que o professor planeje suas aulas de
artes e estabeleça objetivos para mesma utilizando-se de fundamentação teórica, ou as
aulas de artes se reduziram, conforme estabelecem os Parâmetros Curriculares Nacionais
de Artes (BRASIL, 2001), a educação artística, atividade manual e transmissão de técnicas
deixando muito a desejar. A livre expressão de acordo com os parâmetros de arte ganha um
destaque maior na década de 1970. Essa tendência considerava a expressividade inata da
criança, assim o papel do professor ficava restrito a espectador e as aulas de artes
acabavam sendo lugares para realização de trabalhos manuais livres. Em contrapartida
surgiram movimentos os quais propunham uma reformulação da maneira de como se
pensar e ensinar artes.
As artes visuais na Educação Infantil deveriam ter seu espaço garantido uma vez
que:
[...] expressam, comunicam e atribuem sentido a sensações, sentimentos,
pensamentos e realidade por meio da organização de linhas, formas, pontos,
tanto bidimensional como tridimensional, além de volume, espaço, cor e luz na
pintura, no desenho, na escultura, na gravura, na arquitetura, nos brinquedos,
bordados, entalhes etc. O movimento, o equilíbrio, o ritmo, a harmonia, o
contraste, a continuidade, a proximidade e a semelhança são atributos de criação
artística. A integração entre aspectos sensíveis, afetivos, intuitivos, estéticos e
cognitivos, assim como a promoção de integração e comunicação social,
conferem caráter significativo as artes visuais (BRASIL, 1998, p. 85).
O fazer artístico infantil revela o local e a época em que a criança vive quais suas
oportunidades, suas ideias, e qual produção artística a mesma tem acesso, seu potencial e
sua reflexão em relação a artes.
A criança com quase dois anos tem capacidade de produzir seus primeiros
traços, conhecidos como a fase dos rabiscos, pois por meio da repetição dos rabiscos,
amplia o conhecimento da criança. Quando a criança controla seus gestos e movimentos
ela começa a aprimorar seus traços.
O desenho merece destaque no trabalho com artes visuais, pois ele tem uma
importância na construção das demais linguagens visuais. Segundo os RCNEIs, o
desenvolvimento do desenho resulta em varias mudanças nos quais os riscos vão se
tornando aprimorado até se tornarem símbolos, essa transformação ocorre por meio das
interações que a criança tem com o meio e com o ato de desenhar.
Existem duas grandes vertentes que estudam o desenho, uma entende que o
desenho possui fases, outra entende o desenho como construção cultural. Nesta segunda
abordagem, compreende-se que ao desenhar, a criança interpreta a realidade a qual está
inserida, utilizando-se da imaginação e fantasia.
Para nós em acordo com Iavelberg (2008), o desenho infantil é cultivado, é uma
linguagem pictórica elaborada e construída a partir de aspectos conceituais, invariantes
funcionais e diversidade cultural dos atores sociais (crianças).
A imaginação recria o que a criança já viveu, ou seja, a criança cria no desenho
outra realidade baseada na já vivida. E Vygotski (1998) coloca que as experiências
culturais influem na criação dessa nova realidade.
A partir do exposto cremos que uma ação educativa no tocante das artes visuais seja
aquela que se foque no ensino da arte como linguagem significativa ao desenvolvimento
humano, social e cultural, tomando as artes visuais numa abordagem triangular, que
considere apreciação, fazer artístico e contextualização, bem como o desenho como
construção social e linguagem, implicado de subjetividade.
Neste item procuraremos verificar como o ensino das artes visuais vem sendo
desenvolvido na educação infantil, pelos sujeitos da pesquisa, duas professoras, que atuam
com crianças de quatro a cinco anos. As professoras serão denominadas P1 e P2, a fim de
manter suas identidades em sigilo. A P1 é formada em Pedagogia pela Universidade
Estadual do Centro Oeste, atua na educação infantil há um ano, numa escola particular. A
P2 está cursando Pedagogia pela FAPI (Faculdade de Pinhais), por meio do ensino a
distância e atua como professora a um ano, numa escola publica.
Ambas as docentes responderam um questionário com cabeçalho de identificação e
oito questões dissertativas abertas, tendo em vista a captação de dados que serão analisados
a seguir.
No que converge a definição de arte e suas ramificações as respostas foram:
O desenho das crianças me permite perceber qual a realidade desse aluno, eles
expõem seus sentimentos, percebe-se como é seu relacionamento familiar, sua
criatividade etc. (P2).
Considerações finais
ANDRADE, Euzânia. A arte e a capacidade mágica de pintar, desenhar, criar e sonhar! In:
ANGOTTI, Maristela. Educação Infantil. Campinas: Alínea, 2009.
BARBOSA, Ana Mãe. Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez,
2008.
VIGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. Trad. Jefferson Luiz Camargo. 2 ed. São
Paulo: Martins Fontes,1998.