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fer on I ura ere tered epi nsn enn Kanne ena eu ewe ena ONT neolt enon tia eet eee ee ee rn ceca eg eee tens Ror eect eure eer Pee er lo Ontogriic Py ee oe Cae Cre eee eda Editora assistente: Erika Nogueira Vieira ere eee erent Capa e projeto grafico: Daniel Trench ere errom rc een tin Tere ee cree ec eee Sate mt Trea acre ra ee ene ns Nn eee eae on ea ISBN 978-85-250-5858-4 Lec eoe reereem Ce OMe sora meri ete) ere SUN ae re okcn a ten etree ened tet juiridos por Editora Globo s. uae eet cao ee eee Sere NOVOS ANTROPOFAGICOS It COMET DEGESTANDO SEUS DEDINHOS. Eram expressivos, contundentes eu rombudo dedo indicador rogara meu rosto! Ela repetia continuamente seus “veja bem” bast Letras. Ela dizia-se autodidata, autodidata?!?! Quantas veres s ‘ante frios e impessoais. Sou doutor em autodidata da vida, bestalhao, canalha, ela rosnava. Suportei-a varios anos. Casara-me com ela & cause daquele buraco enterrado fundo nas nade ‘gas cremosas. Depois que The enfiei a vara sori ado. Depois fiquei triste. Intus haver cometido um grande Mas todas as noites com “veja bem” ou sem, metia-Ihe a vara Entre 0 gaiato e 0 choroso fui quente e prolong; equivoco. iguentando seus trejeitos, sua sinistra domes- ticidade. Uma noite, durante o jantar, o bife escapou-se-me do prato. Ela comegou seus “veja bem” e nogées de polidez a mesa. Escutei-a atenciosa- mente e até com certa ceriménia intima, assim como se escuta a fala de um prémio Nobel no dia da premiagao. Em seguida, orde ado por dentro e por fora, fiz 0 primeiro gesto criterioso: buscar o bife. Sua trajetéria havia ter- minado debaixo da escada. Ela comegou a rir histericamente e repetia “vej bem veja bem”, és um perfeito imbecil, um bufo, um idiota. Peguei o bife recoloquei-o no prato. Limpei a poeira dos joelhos. O chao estava imundo. Ela nunca limpava debaixo da escada. Dei, em seguida, um grande urro, como um grande animal e num salto Nureiev, de muita precisdo, enterrei- -Ihe a faca no peito. vada, ) momento, corto-Ihe o dedo indicador, aponto-o para seu préprio rosto e repito: “Veja bem, senhora, no que dé um autodidatismo de vida". Limpo- la ficou ali ainda sorrindo, cristal este preciso -Ihe a unha porque era sempre essa que ela me enfiava na rodela. Eu gos- tava sim. Ela nao sei. Agora, sujo de édio, atiro o dedo pela janela. A noite estd fria e ha estrelas. So atos como esse, vejam bem, que fazem desta vida © que ela é: sdrdida ¢ imutavel. u TINHAMOS DISCLSSOES INTERMINA dizia: tu nao tens folego, meu chapa, tudo acaba muito depressa, tu nao vers. Eu lhe mostrava meus textos e ele CARTAS DE UM SEDUTOR 207 desenvolve 0 personagem, o personagem fica por af vagando, no tem espes- sura, nio é real. Mas é sé isso que eu quero dizer, ndo quero contornos, nao quero espessura, queto o cara leve, conciso, apressado de si mesmo, livre de dados pessoais, 0 cara flutua, sim, mas é vivo, mais vivo do que se ficasse preso por palavras, por atos, ele flutua livre, entende? Nao. E ajeitava os 6culos, no e nao. Achei conveniente nao lhe mostrar mais os textos. Ele me encontrava e insistia: hof hof hof, félego, meu chapa, flego, espanta as nuvenzinhas flutuantes, dé corpo as tuas carcagas, afunda os pés no chao. Eu implorava: para com isso, para, um dia quem sabe tu entendes. Nao enten- deu. Na frente de amigos, de minha mulher, de meus filhos ele comegava: hof hof hof, folego meu chapa. Um dia fomos a praia. Entre uma caipirinha e outra propus-lhe nadar até a ilha. Disse um sim chocho, mas topou. No meio da travessia, enquanto ele se afogava, eu aperfeigoava a minha butterfly, e meu ritmo era répido, harmonioso, cheio de vigor. Gritei-lhe antes de vé-lo desaparecer: folego € isso, nego. Estou em paz. E dedico-he este meu breve texto, leve, conciso, apressado de si mesmo, livre de dados pessoais, muito mais vivo do que ele morto. m © HOMEM RI sas fininhas. Lamava: j4 disse que no gosto de ver vocé usando essas blu- por qué? porque aparecem 0s teus bicos. e daf? bico é bonito, amor. Bonito sim os bicos da mulher, rosadinhos, mitidos, ela inteira mitida e clara, uma madoninha holandesa.... jé viram uma madoninha holandesa? Cer- tamente, todos aqueles Van de alguma coisa pintaram madoninhas holande- sas. Sem os tamancos. eu sei que bico € bonito, mas nao gosto que todo mundo veja os teus. A mulher era brejeira, grécil. Gracil também é bonito. Ele olhava para ela e refletia: por que seré que mulheres pequeninas dao tanta sorte com homens? Alguns amigos seus também haviam se apaixonado por mulheres Pequeninas. Parecem-se aos bichinhos da infancia (quando se teve uma (0 HILDA HILST fineia), aqueles fof infaincia). aqueles fofinhos, ursos cachorrinhos cocthos, aqueles que a gente- cnanga dormia com eles, apertava entre os bragos, entre as coxas mulherzinhas-crianga, mulhervinhas-bicho. Fla: ninguém liga pra bico, benzinho, depois so tao fresquinhas essas blusas fininha: Mania de se exibir que as mulheres tem: no tiltimo carnaval ficou abes- tado. O tempo inteiro bundas, xerecas, convulsdes, sacolejos. Ha de chegar uma hora que bundas e xerecas devem manifestar uma outra qualidade além das evidentes, porque sé isso de se exibirem ficou chato, Haveria por exemplo bundas falantes, xerecas que se metamorfoseassem em flores, oitis que asso- viassem Mozart, quem sabe. Encontrou a mulher mitida naquele carnaval Os bicos de fora. Tudo bem, era carnaval. Mas inadmissivel, a cada dia agora, a mulher e seus bicos pelas ruas. Insistiu: cubra os bicos. Ela foi ficando amuada, ranzinza, ndo conversava mais. Uma noite ele repensou sua propria historia, a dele, a solidao, e dolorido, meloso, aquiesceu: ~ ait tudo bem, ponha a blusa que quiser, vamos dar uma volta. Cintilante, fininha, a blusa mostrava nao somente os bicos, mas as duas tetas, firmes redondosas trémulas. Ela pediu cerveja. Ele pediu sorvete. Os homens do bar olhavam a mulher mitida como se ele nao estivesse ali. Ela ria: né bem? Foi nesse instante que ele rosnou aturdid td bonita vai ficar linda agora. Num {mpeto agarrou-lhe as tetas, mordeu-lhe o bico | esquerdo, decepou 0 moranguinho e sujo de sangue € aos gritos colocou 0 agora, bico na ponta do sorvete de creme, marshmallow e banana. Gritav benzinho, todo mundo pode ver, chupar e se fartar do teu bico, adeus. A Os caras do bar esclareciam: € aquela ali ambulancia chegou logo depois com aquela blusa fininha. Ninguém sabe que fim levou o bico. © nome do har mudou: 0 Bar do Bico. Hi novos sorvetes. Um moranguinho na ponta. Sorvete, dona? Com bico ou sem bico, madama? WV VERDADE, TINHA CERTEZA AGORA. A menina o seguia. Sainha xadrez, blusi- nha branca, meia és quartos, gravatinha. Teria onze doze anos? Andou trés CARTAS DE UMSEDUTOR 211 quadras lentamente ouvindo aqueles pequenos passos atrds dele. Sapatos de verniz, Salto minimo. Ele parou na vitrina de uma charutaria. Cachimbos ingleses suecos suicos. Se ela parasse naquela vitrina tudo ficava evidente: a menina 0 seguia. Ela parou. Gosta de cachimbos? ele perguntou. Gosta de ser chupado? ela respondeu perguntando. Ficou vermelho. Por mulheres sim, respondeu. E, eu 0 que sou? Uma crianga. Alguém parou do lado e silencia- ram. Ela tomou-lhe a mao: entio, papai, gosta deste? O alguém do lado se foi. Ela continuou: olha para mim, fica bem pertinho, vou chupar meu dedo do jeito que vou chupar teu pau. Ele olhou dos lados. Nao seja bobo, nao tem ninguém olhando, e comegou a enfiar o dedo polegar na boca, revirava-o e lambia-o da raiz.& ponta. mas meu pau nao é teu dedo polegar. E maior. mas eu tenho a arcada larga. 0 quée???!! meu dentista diz que eu tenho uma linda arcada larga. Toma-me a mao novamente, diz vamos andando va, e aponta para uma pracinha onde hé bancos e carrinhos de sorvete e de pipoca. Sentamos. por que vocé faz isso? porque quero dinheiro. ahh. gosto de roupas ¢ o dinheiro compra roupas. mas posso te comprar roupas sem que vocé me chupe. ndo, gosto de fazer o meu dever. ah, quer dizer que vocé nao aceitaria que eu te desse roupas sem vocé me chupar. é, isso nunca, gosto de trabalhar. Fiquei olhando seu rostinho moreno, os olhos grandes, o nariz afilado, 0 labio superior um pouco estreito, o labio inferior polpudo, escarlate. Quer um sorvete? Nao. Olha, menina, eu ndo tenho nenhum lugar pra te levar. Mas eu chupo aqui mesmo. Aqui?!?! Claro. Vocé tira teu paletd, eu deito a cabega no teu colo, vocé me cobre com 0 teu paleté-como se eu estivesse dormindo, vocé compra um jornal ali, e enquanto voce finge que 1é eu tiro bem devaga- rinho o teu pau pra fora e vou chupando também bem devagarinho. S6 que 242 HILDA HILST voce me paga antes. Aquilo era demais. Disse tudo bem. Fui até ali, comprei o jornal, tirei o paletd, dei-lhe o dinheiro e ela fez tudo e mais do que prome- teu. Dois anos pai clos, nunca mais gozei com mulher alguma. E percorro © mesmo caminho e aliso adoidado aquele banco e compro o jornal ali mas nunca mais a encontrei. Um amigo me disse: sonho, stress, porre, pé, foi isso, cara. Eu disse nao. E meu pau sabe disso. Vy GOSTARIA DE SER COESO, calmo, frivolo. Sim porque ha coesio e calmaria na frivolidade. Ou nao pensam assim? Entao repensem. Tinha horror ao sexo. Cheiros gosmas gindstica convulsdo. Horror principalmente ao siléncio daquelas horas. Melhor, horror dos guinchos e outros sons que se pareciam aos sons das funduras, dos pogos, das borbulhas. Gostava de sentar-se e ler. Principalmente Chesterton e sua Ortodoxia. Os amigos perguntavam: tu nao gosta de foder, nao? Nao, ele respondia, tenho nojo. Nojo de qué? De corpos se juntando, dos cheiros, dos rufdos. Foi ficando sozinho com seus livros e seu nojo. Gostava de pensar mas pouco a pouco foi sentindo o cheiro das ideias, e as mais possantes, as mais genufnas, as mais veementes tinham o mesmo cheiro do sexo e daquela gosma da casuarina. Entio pela disciplina e pelo jejum foi esvaziando a mente. Via cores e as cores nao tinham cheiros e isso era bom. Sentou-se no chao da sala e ficou ali até perceber que tinha se tornado um ponto vivo de luz dourada. Até que o garotdo 0 acordou e disse: qué mais uma na berba, doutor? VI Ev TINHA dezoito anos, ela vinte e nove, bordadeira, e vinha todas as quin- tas-feiras refazer os bordados das roupas de cama de mamie, lengéis da Ilha da Madeira, lindos lindos, mas os bordados desfazendo-se aqui e ali. Chamava-se Anténia, filha de portugueses, esguia, suave, a boca delicada, os dentes pequeninos. Eu voltava do cursinho as 4 da tarde, ofegante, subia a ladeira numa corrida, medo de perdé-la porque ela safa de casa as 5. Estava CARTAS DE UMSEDUTOR 213 apaixonado. Um dia nao aguentei: Antdnia, nao sei se vocé vai se aborrecer, mas eu te amo. Sua mae s6 vai voltar as 6, pediu-me que a esperasse, e ela foi fazer compras. Sua voz era gélida. Estritamente formal. Fiquei rubro e acreditei té-la ofendido. Pedi desculpas ¢ fui subindo as escadas, cabis- baixo, em diregao ao meu quarto. No meio da escada virei-me para vé-la quem sabe pela ultima vez. Antonia estava sentada de pernas abertas, a saia azul-turquesa enrolada na cintura. Estupefato quase nao acreditei no que vi, mas logo me refiz e fui descendo lentamente as escadas e abrindo a braguilha. Sentei-me nas suas coxas, eu igualzinho a uma tesoura aberta, mas antes de penetré-la, esporrei. Sorriu mostrando os dentes pequeninos e fez com que eu me ajoelhasse diante dela. A coisa estava ali. Nao havia calcinhas. Cobriu-nos com um dos magnificos lengéis de mamie. Ela sen- tada. Eu ajoelhado. Antes de comecar a chupé-la fiz o sinal da cruz, pedindo a Deus para ser aprovado naquela minha primeira prova. Fui..Gozou muitas vezes, e no gozo repetia ai Jesus, ai Jesus. Eramos decididamente catélicos. Durante duas semanas vivi as mais feéricas quintas-feiras, porque mamae decidiu ser quinta-feira um bom dia para fazer compras e aproveitar assim a presenca de Ant6nia zelando pela casa até as 6. Mamie nao gostava que eu ficasse sozinho no velho casarao. Antes era um bairro gra-fino, depois infestado de puteiros e ladrées. Um dia, por artes do demo como diria o bispo, mamae chegou as 5 e meia. E. ali estévamos os dois, embaixo de um _ dos magnificos lengéis, Antonia de pernas abertas e eu de pau duro ainda, o linguao de fora. Foi horrivel. Desmaios, vomitos, convulsées de mame. Até hoje (passaram-se anos) s6 consigo o prazer ajoelhado diante da xiriba, fazendo o sinal da cruz e pedindo & parceira que repita varias vezes ai Jesus, ai Jesus. E tem isso do lengol também. Indispensével. Mas nao é preciso que seja da ITha da Madeira. Ainda bem. Sendo teria que me mudar de pais, porque ndo conheco ninguém que ainda tenha lengéis da ilha, e mamae num acesso de ftiria doou os nossos a uma tal de dona Loira, dona de um puteiro famoso a dez quadras dali. Nunca mais vi Anténia. Mas ela, hoje nos seus 39, ainda deve estar linda, tao perfumada de cova e coxas e bem sentada em algum lugar com suas espléndidas pernas abertas e tao intensa em seus liricos e pudorosos ai Jesus. 4 HILDA HILST Mu exer ME PSQUEGO daquele peido providencial prolonyado e silenciose dos meus yganos. Fut era louee por Nena, ama crigula vingeny mas bundudinha e voraz, que gosta de morder meu beigo enquanto eu a sisiticava nos meivs © no men das moitas de capin. Ao meio-dia de um domingo, depois de encher a panga com fer jo, nabo, came-seca ¢ jerimum, encontia a Nena tesuda me esperando na morta ayora toa fim, ela disse. a fim de qué? de te dara nhaca. justo agora? © 0 que tem agora? ud, porque a gente morte se berimba depois de encher 6 bucho Moro se pensasse Como tu bestagem, bobao, todo mundo ja tay Foi se encostando, me chupando e me mordendy a boca, a lingua dest vando na mucosa, tirou-me o ganso de dentro das calgas © enquanto me mas ageava as bolotas com a mio esquerda, com a dircita ensaiava um vannem no meu porongo, Sussurava “vem, vem aqui pra dentro da crica, vem va Penset Vou morrer agora, aos 14 anos, sem despedir do pai da mae da vo, o sel no meu cocuruto, Gritei sem gritar, um grito doida, uma stiplica Lino fundo do peito me salva Santo Expedito, santo dos impossiveis, me datum sinal de que eu nao vou morrer se enfiar agora na Nena. E quando ia enfiar, me vein aquele peido. prolongado silencioso redondo quente gordo estufado viva, Nena parou como dedo caricioso. Me olhou dura nos olhos: tu peidou, Nico? cu hem... peidei nao. se nao peidou, tu ja ti mort, Deu-me um tapa na cara, disse que aquilo era um desrespeito ¢ foi-se, Deitei- sli esticado olhando o céu: obrigado pelo sinal, Santo Expe- eguinte quis contar o sinal -me no capim, fique dito, obrigado mesmo, antes peidar que morrer. Diz pra Nena mas ela se salou do meu agarro, resmungando: “Nao 16 a fim nio de berimbd com gente que peida”, Deve ter andado de mao em mio pela vida afora é doutor ministre embaixador ou rei, se tem buraco, peida, porque vez ou outra » Tin. que coisa nojent CARTAS DE UM SEDUTOR por qué, Eulélia? porque ninguém gosta de falar dessas coisa. pois olha, Eulilia, se todo mundo lembrasse do que the sai pelo cu, todo mundo seria mais generoso, mais solidario, mais... © que é solidario, benzinho? € nao ser assim tao solitario. e eu num t6 aqui? Af peidei. E Eulélia sumiu igualzinha aquela Nena que certamente devido aquele peido mudou-se logo mais dali. vu HA DEZ ANOS ELE TENTAVA escrever 0 primeiro verso de um poema. Era per- feccionista. Aos trinta, anteontem madrugada, gritou para a mulher: consegui, Jandira! Consegui! BLA (sentando-se na cama, desgrenhada) O qué? O emprego? ELE Claro que o verso, tolinha, olha o brilho do meu olho, olha! BLA (bocejando): Entao diz, benzinho. Declamou pausado o primeiro verso: “Igual ao fruto ajustado ao seu redondb....” Jandira interrompendo: perat... redondo? Mas nem todo o fruto é redondo.... ELE Sao metdforas, amor. ELA Metéforas?!?! ELE E.... E hé também anacolutos, zeugmas, eféreses. ELA ?!?!? Mas onde é que fica a banana? Ele enforcou-se manhazinha na mangueira. O bilhete grudado no peito dizia: a manga também no é redonda, 0 mamao também nao, a jaca muito menos. e vocé é idiota, Jandira. Tchau. 216 HILDA HILST Ela (tristinha depois de ler o bilhete): Ea pera, benzinho? E a pera entao que ninguém sabe o que € E a carambola!!! Ea carambola, amor! ERA TELERICO E UNICO. Sonhava, Sonhava adeuses e sombras. Sonhava deuses. Era cruel porque desde sempre foi desesperado. Encontrou um homem-anjo. Para que vive: ‘m juntos, na Terra, para sempre, ele cortou-lhe as asas. O outro matou-se, mergulhando nas Aguas. Estou vivo até hoje. Estou velho. As noites bebo muito e olho as estrelas. Muitas vezes, escrevo. Af repenso aquele, 0 hdlito de neve, a desesperanga. Deito-me. Austero, sonho que semeio favas negras e asas sobre uma terra escura, as vezes madrepérola. FIM CARTAS DE UM SEDUTOR 217

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