Introdução
Visão geral:
O Código de Hamurabi, do povo babilônico, que data de 1.690 AC, pode ser
considerado o 1º código agrário da humanidade. Dos 280 parágrafos (artigos), 65 eram
dedicados a questões agrárias, como o cultivo, a distribuição e a conservação da terra,
além de regras de proteção a agricultores e pastores, e a proteção do produtor diante
de situações de intempéries (no caso de perda da lavoura, o agricultor não pagava
juros no ano respectivo e não pagava o credor naquele ano). Além disso, o referido
código traz as primeiras normas de que se tem notícia na história, correlatas a normas
ainda hoje existentes, em relação à posse, usucapião, penhor e indenização, locação,
seguro.
Lei das XII Tábuas (450 AC) – Esta norma histórica foi resultante da luta entre patrícios
e plebeus. Também continha regras de conteúdo agrário, entre as quais a proteção ao
possuidor e a usucapião. Assim, diversos povos da antigüidade (hebreus, judeus e
romanos) também tinham regras de combate à concentração da terra. Reis romanos
foram mortos por tentarem a reforma agrária. No império romano = lei licínia, dos
irmãos Gracco; Júlio César garantiu terra para cidadãos pobres e veteranos de guerra.
Tibério Gracco, através da Lex Semprônia, em 133 a C, fixou regras sobre reforma
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Existem 2 etapas bem definidas na evolução de uma construção de uma ciência para
a construção de uma ciência para o direito agrário, uma delas corresponde ao período
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Foi uma discussão iniciada por Giangastone Bolla e contestada por Ageo
Arcangeli. Teve o seu ponto culminante durante o debate sustentado nas paginas da
Rivista di Direto Agrario, entre 1928 e 1931, porém a projecção desta polêmica se
manteve durante toda primeira metade do seculo XX, com vigência em muitas
localidades onde a disputa se manteve viva.
As escolas poderiam ser identificadas com o nome dos seus mestres Bolla e
Arcangeli, ou pelas suas teses vinculadas autonomia ou a especialidade da matéria.
A divisão das escolas clássicas se manteve por falta de provas, princípios gerais
próprios e exclusivos do direito agrário. Nesse sentido aceitou se certa especialidade
do direito privado, mas nunca com características de autónomo.
Mais tarde, chega ao cerne de sua constituição científica quando afirma a existência
do ius proprium da agricultura. Nesse sentido, estuda o tema da produção. Bolla
entende que todas as normas referentes à agricultura têm um sentido teleológico
relacionado com o momento objectivo e subjectivo da actividade económica.
Tratando-se de edificar, sob o tecnicismo, em critério sistemático e metodológico,
para demonstrar a existência e completude do sistema.
O novo ponto de referência passou a ser PISA com Antonio Carrozza. Este se
converte em mentor dos defensores das causas agrarias do mundo e em fundador da
escola de PISA que tem a vantagem de estar muito vinculada ao direito di dirritto
agrario internazional e comparato de Florença fundada por Bolla, onde também
ocorre o encontro com Emilio Romagnoli e outro ilustres académicos.
Em Moçambique:
Depois da indepedência
Quando se diz que a terra é propriedade do Estado, isto significava que sendo, o
Estado de oprários e camponeses, a terra pertencia ao povo moçambicano.
Quanto a exploração da terra a título privado ela foi admitida, e devia submeter-se às
directivas do Plano, era de caractér oneroso e estava sujeita a prazos de duração.
Direito Agrário é o ramo do Direito que visa o estudo das relações entre o homem e a
propriedade rural.
Nosso conceito:
conceitos, em termos gerais, acabam tendo seus limites fixados pelo próprio direito
positivo agrário. Contudo, há interesses, dentro da perspectiva do “dever ser”, que não
estão inseridos no ordenamento jurídico oficial. De qualquer forma, cabe ter presente a
dinamicidade do Direito, de forma que se trata de um processo de constante
construção, onde as verdades de hoje se encontram superadas pela realidade prática
do dia de amanhã.
Quanto a este conceito, cabe ressaltar que a dicotomia entre Direito Público
e Privado está superada pelas regras atuais onde se evidencia a
interdependência Além disso, o Direito agrário, em seu conteúdo, vai além da
regulação da atividade agrária. Conceito de Raimundo Laranjeira: “
Nosso conceito
Direito Agrário é o conjunto de princípios e de normas que visam
d i s c i p l i n a r a s relações jurídicas, econômicas e sociais emergentes das
atividades agrárias, as empresas agrárias, a estrutura agrária e a política agrária,
objetivando alcançar a justiça social agrária e o cumprimento da função social
da terra. Como se pode observar, os conceitos, em termos gerais, acabam tendo
seus limites fixados pelo próprio direito positivo agrário. Contudo, há interesses,
dentro da perspectiva do “dever ser”, que não estão inseridos no
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O objeto do Direito. Agrário é mais do que as atividades agrárias. É correto dizer que
os f a t o s jurídicos agrários (atividade agrária, estrutura agrária,
e m p r e e n d i m e n t o agrário, política agrária) geram as relações jurídicas agrárias,
objeto do Direito. Agrário.
Para alguns o elemento terra, também denominado de ruralidade, seria central na
definição do objeto do Direito Agrário. No entanto, este elemento por si, se torna
estático e foge da dinamicidade que caracteriza o direito agrário. Assim, o
núcleo central do Direito Agrário está nas atividades agrárias. Como bem lembra
Orlando Gomes, o objeto é o bem no qual incide o poder do sujeito ou a prestação
exigível. A s s i m , a t e r r a c o m s e u s c o n d i c i o n a m e n t o s r e s t r i ç õ e s e
o b r i g a ç õ e s d e u s o c onservação, faz parte do objeto do Direito Agrário. Quanto
ao conteúdo, este engloba o direito de propriedade condicionado pelas
obrigações referentes ao cumprimento da função social da terra, nas suas diversas
dimensões, englobando a produtividade e a busca da justiça social. O Direito agrário
tem como objeto o estudo da atividade agrária e as relações jurídicas desenvolvidas
pelos sujeitos agrários.
Em muitos paísese não existe direito agrário como ramo autonomo, em Moçambique o
direito agrário tem autonomia legislativa, cientifica e didatica.
O direito agrario visto ao longo dos tempos como direito de propriedade rústica, veio a
ser dominado por um outro conceito jurídico: o direito à exploração agrícola. Esta
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A vontade do mais forte deixou de ter livre campo de aplicação, porque o Estado veio
limitá-la e condicioná-la.
Quando se diz que o proprietário deixou de ser o único sujeito de direito agrário, para
ser substituido pelo explorador, não se quer dizer que o direito de propriedade tenha
sido violado, na sua essência e nos seus caracteres fundamentais. O que se pretende
frisaré uma realidade diversa- a que no campo da produção agrária, o mero proprietário
passou a ter influência secundária. Ficam lhe reservados todos os direitos civis
concernentes ao direito de propriedade. Mas ao servir nas relações juridico-agrárias,
deixou de poder ditar unilateralmente a sua vontade. Em contraposição, surgiu o direito
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Deste modo, no Direito agrário moderno, a evolução legislativa veio destruir a chamada
autonomia da vontade individual ou arbítrio.
Como diz o professor Giorgio Del Vecchio, “no Direito agrário, como qualquer outro
campo, o individual e o social devem equilibrar-se, porém sem violar os direitos
fundamentais da pessoa humana. A lendária paz dos campos deve ser uma paz
operosa, e à obra dos agricultores, iluminada pela técnica, deve corresponder a dos
legisladores, iluminada pela justiça”.
Quer dizer que o social fez a sua entrada no Direito agrário e, juntamente com a
economia, forçou a evolução.
Mas esta evolução não deve ser feita, sem que se respeitem os quadros fundamentais
duma determinada ordem jurídica.
Em Moçambique:
Período colonial
Depois da indepedência
Quando se diz que a terra é propriedade do Estado, isto significava que sendo, o
Estado de oprários e camponeses, a terra pertecia ao povo moçambicano.
Quanto a exploração da terra a título privado ela foi admitida, e devia submeter-se às
directivas do Plano, era de caractér oneroso e estava sujeita a prazos de duração.
A Ocupação da Terra
De Acordo com Quadros é util lembrar que algumas das disposições deste
regulamento de ocupação, classificava os terrenos em função da qualidade da terra, ou
do seu valor, da seguinte forma:
Terrenos de 3ª Classe- eram chamados terrenos vagos que não pertenciam nem à 1ª
`a 2ª
Neste último caso podiam abranger áreas até 2000 ha, estando esta faculdade de
consessão prevista no Acordo Missionário entre Portugal e a Santa Sé de 1940. Este
era apenas um dos aspectos do engajamento da Igreja no colonialismo portugês.
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A necessidade de se defender das criticas que cada vez mais punham a nu o sistema,
leva o colonialismo português `a demagogia hipócrita de estabelever a proibição de
“sob pena de sanção , fazer deslocar as populações para terrenos diferentes daqueles
que estejam a ocupar com o intuito de incluir estes, no todo ou em parte, nas
demarcações provisórias”.
Foi contra este estado de coisas que se ergueu e se manteve sempre viva a chama da
Resistência. Tratava-se de resistência contra a ocupação da terra e contra a sujeição
dos homens à dominação estrangeira.
Esse combate não cessaria senão com a liquidação total e completa desta dominação
e exploração.
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plantações e para a venda de força de trabalho às minas da África do Sul. Estas formas
de exploração distorcem mas não alteram fundamentalmente a natureza pré-capitalista
da produção camponesa. Esta primeira posição analisa portanto a economia colonial
em termos dualistas: um pequeno sector capitalista assente na agricultura dos colonos,
transportes e indústria e, consequentemente, com uma classe operária pequena e
desorganizada, cresce em paralelo com uma economia de subsistência pré-capitalista
mantida no seu atraso por formas de exploração colonial.
Esta visão dualista da estrutura de classes no período colonial pode fornecer uma
explicação para a participação do campesinato numa luta nacionalista. O camoesinato
ter-se-ia revoltado contra o Estado colonial que organiza tanto a sua opressão como a
sua exploração. A teoria estabelece, no entanto, que será dificil manter a participação
do campesinato no processo de uma revolução socialista. Logo que o Estado colonial
que o explorava seja esmagado, o campesinato ficará livre de regressar à sua
economia pré-capitalista de subsistência. Retirar-se-á portanto da produção de
excedentes e retirar-se-á do mercado, rejeitando tanto a produção de culturas de
rendimento como a migração de mão-de-obra. Tem pouco interesse nas vantagens da
produção colectiva, na maior produtividade do trabalho e em maiores níveis de
produção de excedentes sociais.
Ainda de acordo com Conceição Quadros uma caracteristica que define o sector
capitalista em Moçambique durante o período colonial é a sua dependência extrema do
sector familiar, não só na agricultura mas também na industria e transportes. Há
aspectos principais nesta dependência: mão-de- obra barata e muitas vezes sazonal,
recrutada numa base migrante a partir do sector familiar; alimentação barata para os
trabalhadores e matérias primas produzidas pelo sector familiar; um fundo de divisas
gerado não pelo próprio sector capitalista doméstico mas pela venda de força de
trabalho numa base migratória para a África do Sul e Rodésia.
ocupadas com a consolidação dos ganhos obtidos nos sectores industrial e comercial,
as forças burguesas no interior da Frelimo aceitaram o compromisso que tinha como
elemento fundamental, e principal obstáculo aos seus interesses fundiários, a
preservação da propriedade pública pela inclusão de normas ligadas ao direito
consuetudinário e tradicional (Negrão 2003: 253).
Ao mesmo tempo que protege os camponeses que exploram a terra, atribui amplas
garantias e possibilidades efectivas a todos os interessados na sua exploração
comercial. Como princípio geral (art.º 3º), a terra é propriedade do Estado, não
podendo ser vendida ou, por qualquer outra forma, alienada, hipotecada e penhorada.
O direito de uso e aproveitamento da terra (art.º 12º) é adquirido por: (i) ocupação por
pessoas singulares e pelas comunidades locais, segundo as normas e práticas
costumeiras; (ii) ocupação por pessoas singulares nacionais que, de boa fé, estejam a
utilizar a terra há pelo menos dez anos; (iii) autorização de pedido solicitado por
pessoas singulares ou colectivas. Dando primazia aos interesses dos camponeses, o
artº.13º, §3º estabelece que o processo de titulação do direito de uso e aproveitamento
da terra inclui o parecer das autoridades locais, precedido de consulta às respectivas
comunidades, para efeitos de confirmação de que a área está livre e não tem
ocupantes. Em termos sociais, a Frelimo, apesar da oposição da Renamo, defensora
da privatização da terra para adequar o seu regime de propriedade à economia
capitalista em que Moçambique se passou a inserir, entendeu o que estava em causa:
a preservação da terra na posse de quem nela vive e trabalha, de forma a conter
movimentos brutais de desapropriação do campesinato que, sem opções, rumaria em
massa para as cidades (v. www.mozambique.mz/awepa/awepa19/awepa19.htm).
Aliás, pode-se dizer que a lei tem estado, desde a sua aprovação, sujeita à crítica
intensa das elites e das próprias instituições do Consenso de Washington, mormente
através dos seus consultores e organizações que no terreno disseminam as teorias
neoliberais e tentam
legitimar do ponto de vista ideológico a opção pela privatização. Como salienta Mejia,
“a estratégia de desenvolvimento da agricultura baseia-se na procura de investimento
estrangeiro na agricultura intensiva para exportação” (1997: 3), entendendo as elites e
o poder político que tal só é possível desde que a propriedade privada da terra seja
restabelecida. Ora, é de referir que a privatização da terra jamais foi um problema para
o grande capital genuinamente
É num quadro político marcado pela hegemonia política e social da Frelimo que a
pequena elite local em Manjacaze organiza a sua rede de influências e defende os
seus interesses. Como modus operandis, ela elegeu as estratégias engendradas pela
grande elite na capital. Entre ambas existem relações clientelares. A pequena elite
actua de modo concertado com os seus patronos, normalmente posicionados em
cargos políticos de nível provincial ou nacional, defendendo os interesses destes ao
mesmo tempo que manobra para defender os seus. Para além da acumulação de
recursos patrimoniais, fundiários e outros, a pequena elite tenta também, explorando as
contradições e os conflitos existentes no seio da grande elite, negociar a sua posição
na estrutura social desta camada. Durante a liderança machelista, a margem de
manobra era mais reduzida. Além disso, a escassez de recursos financeiros e a guerra
concorriam para conter as ambições patrimoniais e económicas da elite local. Acabada
a guerra e implementada a ruptura política e económica com o projecto socialista, o
discurso neoliberal funciona como um mecanismo legitimador da acumulação privada
de capital e propriedade. Num distrito rural carenciado de infra-estruturas favoráveis ao
invComo salientou há já quarenta anos Moussa (1966: 75), escasseando outras
alternativas para a subsistência e a produção de riqueza, o solo adquire uma
importância económica da maior grandeza.
Para as elites, o grande escolho na lei reside no facto dela não lhes permitir a posse
privada da terra, de modo a que a possam usar como uma mercadoria negociável,
alienando-a ou participando, de forma dependente, nos eventuais investimentos
produtivos que o capital internacional venha a fazer no domínio agrícola em
Moçambique. Naturalmente, na mira estão as terras com aptidão agrícola, florestal ou
cinegética, ou, num quadro bem diferente, as localizadas próximas das grandes
cidades e, como tal, susceptíveis de serem alocadas para fins especulativos,
nomeadamente ligados ao imobiliário ou a outras actividades de rápida valorização. A
terra constitui-se, pois, numa renda potencial, negociável junto de investidores
estrangeiros, em função das suas aptidões e recursos, a juntar a outras de onde já
extraem rendimentos relevantes (v. F. B. Ribeiro 2005b). Ao contrário do que
aconteceu com a privatização do sector empresarial do Estado, em que se evocava
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Localmente, é bem conhecida, por exemplo, a disputa que opôs um antigo governador
de Gaza ao primeiro administrador do distrito pós-independência em torno de terras
para criação de gado, que terminou com a vitória deste. A acumulação de facto de
propriedade fundiária é levada a cabo com o recato possível, de forma a colocar os
envolvidos ao abrigo da concorrência ou da censura de outros actores sociais bem
colocados na estrutura políticoadministrativa do Estado. Estes, perante as denúncias
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Artigo 1
(Propriedade da terra)
Em vista disso, as definições que tem sido propostas pelos mais notáveis romanistas
pecam, sempre, sempre, por incompletas. Mesmo o conceito formulado por Bonfante- e
muito difundido principalmente pela literatura italiana-, segundo o qual a propriedade “é
a senhoria mais geral sobre a coisa, seja em acto, seja pelo menos em potência”reflete
como salienta Volterra a concepção que o autor tinha da propriedade romana
primitiva( soberania do pater familias sobre a coisa), mas não se aplica exactamente à
propriedade como se apresenta nos direitos clássico e pós-clássico.
O que distingue o direito de propriedade dos outros direitos reais (os iura in re aliena) é
a circunstância- como acentua Carlo longo – de ser ele o direito real de conteúdo mais
amplo, e único autônomo.
Hipoteca
O conteúdo do penhor ou da hipoteca são as faculdades que esses direitos dão ao seu
titular, a saber:
A) O ius possidenti (direito à posse) com relação à coisa (no penhor, desde o
instante de sua constituição; na hipoteca, a partir do momento que débito não é
pago);
O conjunto de todas as terras fazem parte de um fundo, ou seja o Estado deve ter o
conhecimento da porção que possui, como ela está dividida, informações sobre tipo de
terra. Quais as potenciais actividades que podem ser desenvolvidas.
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Dominio Público
Esta definição foi expressa pela primeira vez no workshop sobre Categorias do 4º
Congresso Mundial sobre Parques Nacionais e Áreas Protegidas da IUCN em 1994,
sob a forma:
Investigação científica
Protecção de zonas florestais
Preservação das espécies e da diversidade genética
Manutenção dos serviços ambientais
Protecção de características naturais e culturais específicas
Turismo e recreação
Educação
Utilização sustentável dos recursos derivados de ecossistemas naturais
Manutenção dos atributos culturais tradicionais
A lei de terras no artigo 9 clarifica que nas zonas de protecção total e parcial não
podem ser adquiridos direitos de uso e aproveitamento da terra, podendo, no
entanto, ser emitidas licenças especiais para o exercício de actividades
determinadas.
Sujeitos estrangeiros
Aquisição do DUAT
Titulação
Registo
O artigo 20 do Regulamento da lei de terras no seu número1 fala dos registo feito pelos
serviços de cadastro
a) Das informações relativas `a identificação das terras onde recaia o direito de uso
e aproveitamento da terra adquirido por ocupação pelas comunidades locais ou
por pessoas singulares nacionais;
b) Da autorização provisória;
d) Do título;
particular do Direito Registral, e que muita controvérsia tem levantado entre posições
jurisprudenciais e doutrinais. O Direito Registral Predial apresenta-se desde muito cedo
como uma necessidade das sociedades organizadas, sendo que encontramos no
Antigo Egipto, na Grécia Antiga e na Civilização Romana resquícios de tentativas de
organizar as transmissões, permitir a cobrança de impostos sobre as mesmas e
mesmo proibir a proliferação da dupla venda e das fraudes (Cfr. J.A Mouteira
Guerreiro, in Noções de Direito Registral Predial e Comercial), o que desmistifica a
ideia, já caída em desuso, de que o Direito Registral é um mero acessório, que carece
de autonomia e funciona como simples instrumento ao Direito subjectivo, aos Direito
reais no caso específico do Direito Registral Predial. Se pensarmos que ele contende e
regula situações jurídicas tão relevantes como transmissões de propriedade,
aquisições através da usucapião, registo de hipotecas e de servidões facilmente se
tempo.
Prova
determinada aquisição não registada, são não apenas aqueles que adquiriram (e
ele celebrem, mas também aqueles que adquira (e registem) direitos incompatíveis em
Esta lei começou por determinar o conceito operacional das palavras principais da lei,
que são as seguintes:
1. Comunidade local: agrupamento de famílias e individuos, vivendo numa
circunscrição territorial de nível de localidade ou inferior, que visa a salvaguarda
de interesses comuns através da protecção de áreas habitacionais, áreas
agrícolas, sejam cultivadas ou em pousio, florestas, sítios de importância cultural,
pastagens, fontes de água e áreas de expansão;
2. Direito de uso e aproveitamento da terra: direito que as pessoas singulares ou
colectivas e as comunidades locais adquirem sobre a terra, com as exigências e
limitações da presente lei;
3. Domínio público: áreas destinadas à satisfação do interesse público;
4. Exploração familiar: actividade de exploração da terra visando responder às
necessidades do agregado familiar, utilizando predominantemente a capacidade
do trabalho do mesmo;
5. Licença especial: documento que autoriza a realização de quaisquer actividades
económicas nas zonas de protecção total ou parcial;
6. Mapa de uso da terra: carta que mostra toda a ocupação da terra, incluindo a
localização da actividade humana e os recursos naturais existentes numa
determinada área.
7. Ocupação: forma de aquisição do direito de uso e aproveitamento da terra por
pessoas singulares nacionais que, de boa fé, estejam a utlizar a terra há pelo
menos dez anos, ou pelas comunidade locais.
8. Pessoa colectiva nacional: qualquer sociedade ou instituição constituída e
registada nos termos da legislação moçambicana, com sede na República de
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Moçambique, cujo capital social pertença, pelo menos em cinquenta por cento, a
cidadãos nacionais, sociedades ou instituições moçambicanas, privadas ou
públicas.
9. Pessoa colectiva estrangeira: qualquer sociedade ou instituição constituída nos
termos de legislação moçambicana ou estrangeira, cujo capital social seja detido
em mais de cinquenta por cento por cidadãos,sociedades ou instituições
estrangeira.
10. Pessoa singular nacional: qualquer cidadão de nacionalidade moçambicana.
11. Pessoa singular estrangeira: qualquer pessoa cuja nacionalidade não seja
moçambicana.
12. Plano de exploração: documento apresentado pelo requerente do pedido de uso e
aproveitamento da terra, descrevendo o conjunto de actividades, trabalhos e
construções que se compromete a realizar, de acordo com um determinado
calendário.
13. Plano de uso da terra: documento aprovado pelo Conselho de Ministros, que visa
fornecer, de modo integrado, orientações para o desenvolvimento geral e sectorial
de determinada área geografica.
14. Plano de urbanização: documento que estabelece a organização de perimetros
urbanos, sua concepção e forma’parametros de ocupação, destino das
construções, valores patrimónias a proteger, locais destinados à instalação de
equipamento, espaços livres e o traço esquemático da rede viária e das infra-
estruturas principais.
15. Propriedade da terra: direito exclusivo do Estado, consagrado na Constituição,
integrando, para além de todos os direitos do proprietário, a faculdade de
determinar as condições do seu uso e aproveitamento por pessoas singulares ou
colectivas.
16. Requerente: pessoa singular ou colectiva que solicita, por escrito, autorização para
o uso e aproveitamento da terra ao abrigo da presente Lei.
17. Titular: pessoa singular ou colectiva que ten o direito de uso e aproveitamento da
terra ao abrigo duma autorização ou através de ocupação.
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18. Titulo: documento emitido pelos Serviços Públicos de Cadastro, gerais ou urbanos,
comprovativo do direito de uso e aproveitamento da terra.
19. Zona de protecção da natureza: bem de domínio público, destnado `a conservação
ou preservação de certas espécies animais ou vegetais, da biodiversidade, de
monumentos históricos, paisag;isticos e naturais, em regime de maneio
preferencialmente com a participação das comunidades locais, determinado em
legislação especifica.
Parte II
A terra em Moçambique
A propriedade da terra
O acesso a terra é feita nos termos da lei n° 19/97 de 1 de Outubro lei que revoga a
lei n° 6/79 de 3 de Julho, a actual lei a 19/97 foi elaborada de modo a adequar o
acesso a terra à nova conjutura economica e social de modo a garantir o seu uso.
Venda
Inalienabilidade
A primeira consequência que decorre do principio de que a terra é propriedade do
Estado é que não pode ser vendida. Esta proibição é absoluta, isto é , tanto os
cidadãos como o Estado não podem vender a terra. Por isso, a terra é um bem
inalienável
A terra não pode ser vendida, arrendada, hipotecada ou penhorada. Estas onerações
são admissiveis em países em que vigora o regime da propriedade privada da terra
tais como Portugal, Brasil, Ëstados Unidos de América etc.
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Penhora: Consiste na apreensão de bens para com o valor dos mesmos a fim de
obter a satisfação de uma divida.
A propriedade, que é o mais amplo dos direitos reais, em geral atribui ao seu
titular, principalmente, a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa (iura, utendi,
fruendi e abutendi) a que se referem os autores desde a Idade Média.
No que diz respeito a terra, em Moçambique este direito pretence apenas ao
Estado
Contudo, o direito de propriedade não mais se reveste do caráter absoluto e
intangível, de que outrora se impregnava. Está ele sujeito, na atualidade, a
numerosas limitações, impostas pelo interesse público e privado, inclusive pelos
princípios de justiça e do bem comum.’
Importa lembrar que logo apos a independência o país optou por uma via de
desenvolvimento socialista, adoptando uma constituição inspirada na constituição
da antiga União das Repúblicas Socialista Sovieticas, facto que fez com o Estado
que nasçeu em 25 de Junho de 1975 optasse por nacionalizar grande parte das
estruturas;
No
Tendo em conta que a terra é propriedade do Estado, o seu acesso é feito atravez
da figura do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra que pode ter como sujeitos,
pessoas nacionais, colectivas e singulars, homens e mulheres, bem como as
comunidades locais;
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Aquisição
Este direito pode ser adquirido por:
-Ocupação por pessoas singulares e pelas comunidades locais, segundo as normas
costumeiras no que não contrariem a constituição,
O legislador recolhece que existem pessoas que vivem e praticam actividades em
parcelas de terras há muito tempo e que herdaram as mesmas dos seu antepassados
segundo praticas costumeiras, mas não possuem nenhum documento escrito,
nenhum titulo, mas podem provar via testemunhal.
O legislador fez questão de frisar que estás praticas não podem contrariar a
constituição ciente de que em algumas zonas existem praticas discriminatórias em
relação ao genero ou seja existem situações em que as mulheres são preteridas
quando se trata do acesso a terra.
Este reconhecimento visa proteger estas pessoas dos provaveis oportunistas que
podem aproveitar se da falta de documento escritos para pejudicar as populações;
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-Ocupação por pessoas singulares nacionais que, de boa fé, estejam a utilizar a terra
há pelo menos dez anos
Grande parte dos cidadão não possuem nenhum documento escrito que lhes confere
a posse ou Direito do uso e aproveitamento de terras doa locais onde habitam ou
cultivam, o legislador reconheceu que não podem ser prejudicados por isso, desde
que a sua oupação não tenha sido feita por meio de esbulho;
O número 2 do regulamento da lei de terras exceptua os casos em que a ocupação
recaia sobre áreas reservadas legalmente para qualquer fim ou seja exercida nas
zonas de protecção parcial.
Autorização de pedido apresentado por pessoas singulares ou colectivas na forma
estabelecida na presente lei
Titulação
Para que o documento seja passivel de registto existe a titulação e segundo o número
1 do artigo 13 da lei de terras o mesmo será emitido pelos Serviços Públicos de
Cadastros gerais e urbanos.
É importante frisar que a ausência de titulo não prejudica o direito de uso e
aproveitamento da terra por ocupação,
O processo de titulação de direito de uso e aproveitamento da terra inclui o parecer
das autoridades administrativas locais, precedido de consulta as comunidades locais,
para efeitos de confirmação de que a área está livre e não tem ocupante.
A inclusão de consulta as comunidades locais é uma novidade na legislação de
terras, pois na anterior lei existiam casos de atribuir se DUATs centralmente sem o
conhecimento real do espaço e uma vez chegado lá, descobria se que a mesma
parcela encontrava se ocupada pelas comunidades locais ou por pessoas de boa fé;