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NOVO ENFOQUE DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E AS TEORIAS CONVENCIONAIS

Das suas obras mais conhecidas, No momento,


estamos em meio a
podem ser citadas: O Desenvolvi-
uma verdadeira revi-
-mento Harmônico do Espaço Ru- são conceitual sobre o
ral; Novo Enfoque do Desenvol- significado e os objeti-
-vimento Econômico e as Teorias vos do desenvolvimento
Convencionais; e Escandinávia: econômico. Na verdade, o
problema da distribuição dos
Modelo de Desenvolvimento, De- benefícios do crescimento econô-
mocracia e Bem-Estar. mico polariza a atenção dos países
Pedro Sisnando Leite é econo-
Mais recentemente editou mais subdesenvolvidos, inclusive o Brasil,
onde passou a constituir-se assunto mista profissional pós-graduado,
outras obras, valendo referir: A
obrigatório de todas as ocasiões. escritor e conferencista. Como
Luta pelo Desenvolvimento Re-
Acha-se atualmente que, sem a solução dos professor titular de Teoria do De-
gional e Rural no Mundo; Ques- elevados níveis de desemprego e subemprego, da mi- senvolvimento Econômico da Uni-
tões Econômicas e Acadêmicas séria das massas e de uma melhor distribuição de renda,
não será possível alcançar-se autêntico desenvolvimento
versidade Federal do Ceará, le-
e Em Busca do Desenvolvimento
econômico e social. Conforme indicam, porém, os dados mais cionou nos cursos de graduação e
Rural do Ceará. A contribuição
recentes, o desenvolvimento econômico do Terceiro Mundo mestrado da Faculdade de Ciências
científica do professor Sisnando, não tem sido satisfatório neste particular, donde provêm as Econômicas. Foi professor do Cur-
através de jornais e revistas es- novas convicções de que se torna necessária uma modificação
so de mestrado em Economia Ru-
pecializadas, é numerosa. Na vida dos conceitos e modelos até agora perseguidos por esses países.
A separação adotada no presente livro entre os aspectos ral do Centro de Ciências Agrárias,
política, mesmo sem ter filiação
modernos das novas concepções do desenvolvimento e as teorias dessa Universidade, por dez anos.
partidária, exerceu a função de
convencionais tem o propósito didático de confrontar as ideias e Ainda na vida acadêmica, foi Pró-
secretário de Estado do Desenvol- modelos dessas correntes de pensamento de modo a possibilitar -Reitor de Planejamento em dois
vimento Rural do Ceará, no perío- aos leitores uma avaliação dos pontos de vista em discussão. No
texto encontram-se elementos críticos e julgamentos de valor, mas reitorados e pesquisador do CNPq
do de 1995-2002. Colaborou como
o autor, sempre que possível, deixa aos leitores a conclusão final durante vários anos, antes de se

Pedro Sisnando Leite


consultor voluntário, do Projeto
sobre as estratégias e políticas mais válidas e apropriadas para o aposentar. No Banco do Nordeste
de Combate à Pobreza do Estado, enfoque do subdesenvolvimento e do desenvolvimento. do Brasil, foi do quadro de eco-
com o grupo de professores da Uni-
nomistas do Escritório de Estudos
versidade de Ben-Gurion (Israel), Faustino de Albuquerque Sobrinho
Econômicos do Nordeste (ETENE),
até dezembro de 2006. É vice-
onde ocupou várias funções de co-
-presidente do Instituto do Ceará PATROCÍNIO
ordenação de planejamento, pes-
e da Academia de Ciências Sociais
quisas econômicas e de direção,
do Ceará, e efetivo da Academia Instituto
do Ceará por mais de duas décadas. Como
Cearense de Ciências.
professor e executivo do BNB, pu-
blicou mais de quarenta livros.
2a EDIÇÃO REVISADA
NOVO ENFOQUE DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E AS TEORIAS CONVENCIONAIS
Das suas obras mais conhecidas, No momento,
estamos em meio a
podem ser citadas: O Desenvolvi-
uma verdadeira revi-
-mento Harmônico do Espaço Ru- são conceitual sobre o
ral; Novo Enfoque do Desenvol- significado e os objeti-
-vimento Econômico e as Teorias vos do desenvolvimento
Convencionais; e Escandinávia: econômico. Na verdade, o
problema da distribuição dos
Modelo de Desenvolvimento, De- benefícios do crescimento econô-
mocracia e Bem-Estar. mico polariza a atenção dos países
Pedro Sisnando Leite é econo-
Mais recentemente editou mais subdesenvolvidos, inclusive o Brasil,
onde passou a constituir-se assunto mista profissional pós-graduado,
outras obras, valendo referir: A
obrigatório de todas as ocasiões. escritor e conferencista. Como
Luta pelo Desenvolvimento Re-
Acha-se atualmente que, sem a solução dos professor titular de Teoria do De-
gional e Rural no Mundo; Ques- elevados níveis de desemprego e subemprego, da mi- senvolvimento Econômico da Uni-
tões Econômicas e Acadêmicas séria das massas e de uma melhor distribuição de renda,
não será possível alcançar-se autêntico desenvolvimento
versidade Federal do Ceará, le-
e Em Busca do Desenvolvimento
econômico e social. Conforme indicam, porém, os dados mais cionou nos cursos de graduação e
Rural do Ceará. A contribuição
recentes, o desenvolvimento econômico do Terceiro Mundo mestrado da Faculdade de Ciências
científica do professor Sisnando, não tem sido satisfatório neste particular, donde provêm as Econômicas. Foi professor do Cur-
através de jornais e revistas es- novas convicções de que se torna necessária uma modificação
so de mestrado em Economia Ru-
pecializadas, é numerosa. Na vida dos conceitos e modelos até agora perseguidos por esses países.
A separação adotada no presente livro entre os aspectos ral do Centro de Ciências Agrárias,
política, mesmo sem ter filiação
modernos das novas concepções do desenvolvimento e as teorias dessa Universidade, por dez anos.
partidária, exerceu a função de
convencionais tem o propósito didático de confrontar as ideias e Ainda na vida acadêmica, foi Pró-
secretário de Estado do Desenvol- modelos dessas correntes de pensamento de modo a possibilitar -Reitor de Planejamento em dois
vimento Rural do Ceará, no perío- aos leitores uma avaliação dos pontos de vista em discussão. No
texto encontram-se elementos críticos e julgamentos de valor, mas reitorados e pesquisador do CNPq
do de 1995-2002. Colaborou como
o autor, sempre que possível, deixa aos leitores a conclusão final durante vários anos, antes de se

Pedro Sisnando Leite


consultor voluntário, do Projeto
sobre as estratégias e políticas mais válidas e apropriadas para o aposentar. No Banco do Nordeste
de Combate à Pobreza do Estado, enfoque do subdesenvolvimento e do desenvolvimento. do Brasil, foi do quadro de eco-
com o grupo de professores da Uni-
nomistas do Escritório de Estudos
versidade de Ben-Gurion (Israel), Faustino de Albuquerque Sobrinho
Econômicos do Nordeste (ETENE),
até dezembro de 2006. É vice-
onde ocupou várias funções de co-
-presidente do Instituto do Ceará PATROCÍNIO
ordenação de planejamento, pes-
e da Academia de Ciências Sociais
quisas econômicas e de direção,
do Ceará, e efetivo da Academia Instituto
do Ceará por mais de duas décadas. Como
Cearense de Ciências.
professor e executivo do BNB, pu-
blicou mais de quarenta livros.
2a EDIÇÃO REVISADA
NOVO ENFOQUE
DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
E AS TEORIAS CONVENCIONAIS
PEDRO SISNANDO LEITE

NOVO ENFOQUE
DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
E AS TEORIAS CONVENCIONAIS

2a EDIÇÃO REVISADA

PATROCÍNIO

Instituto
do Ceará

Fortaleza
2012
Copyright © 2012 – Pedro Sisnando Leite
Publicado originalmente pela Imprensa Universitáira da Universidade Federal
do Ceará, em 1983.
Reservados todos os direitos.
Fica expressamente proibido reproduzir esta obra, total ou parcialmente, através
de quaisquer meios, sem autorização expressa do autor.
Impresso no Brasil.
Printed in Brazil.

PROJETO GRÁFICO E CAPA


Carlos Alberto Alexandre Dantas

REVISÃO DE ACORDO COM O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO


Floriano Lopes de Jordão (1a Edição) - “in memoriam”
Regina Cláudia de Almeida (2a Edição)

L533n Leite, Pedro Sisnando.


Novo enfoque do desenvolvimento econômico e as teorias
convencionais / Pedro Sisnando Leite. – 2. ed. rev. – Fortaleza :
Gráfica LCR, 2012, c1983.
306 p. : il.

Inclui referências bibliográficas e apêndice.


ISBN 978-85-7915-097-5

1. Desenvolvimento econômico. 2. Economia. 3. Desenvolvi-


mento econômico – teorias convencionais. I. Título.

CDU: 330.34
CDD: 338.9
Ao amigo Dr. Rubens Vaz da Costa,
ex-Chefe do Etene e Presidente do
Banco do Nordeste do Brasil, cuja
competência e ética serviram de guia
para a minha formação profissional.
Se uma sociedade livre não pode ajudar os
muitos que são pobres, não poderá salvar os
poucos que são ricos
JOHN F. KENNEDY
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO À SEGUNDA EDIÇÃO .......................................... 13


Pedro Sisnando Leite

APRESENTAÇÃO ............................................................................... 17
Faustino de Albuquerque Sobrinho

PREFÁCIO .......................................................................................... 21
Pedro Sisnando Leite

INTRODUÇÃO ................................................................................... 25

PA R T E I
NATUREZA DO SUBDESENVOLVIMENTO
E DO DESENVOLVIMENTO

O QUE É SUBDESENVOLVIMENTO................................................. 33

SIGNIFICADO DE DESENVOLVIMENTO ........................................ 37

MENSURAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ...................................... 45


O Produto Nacional Bruto e o Desenvolvimento ............................. 46
A Medição do Bem-Estar ................................................................... 48

CARACTERÍSTICAS DAS ECONOMIAS SUBDESENVOLVIDAS ... 53


Indicadores do Nível de Subdesenvolvimento ................................ 53

ELEMENTOS DIFERENCIADOS DOS PAÍSES


SUBDESENVOLVIDOS ...................................................................... 75

CRESCENTE HIATO DE RENDA ENTRE OS PAÍSES ...................... 79

O PROCESSO DE CAUSAÇÃO CIRCULAR DO


SUBDESENVOLVIMENTO ................................................................ 85
COMPONENTES DAS NOVAS ESTRATÉGIAS DE
DESENVOLVIMENTO........................................................................ 93
Novo Estilo de Desenvolvimento ...................................................... 93
Uma Ordem Social Equitativa .......................................................... 94

POR UMA NOVA ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL ......... 99

NOVO PROGRAMA PARA OS MAIS POBRES ENTRE


OS POBRES ...................................................................................... 106
O Programa de Ação Imediata (1979-81) ....................................... 108
Programa de Ação para a Década de 1980 .................................... 109

UMA NOVA ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA


AGRICULTURA ................................................................................ 114
Introdução ........................................................................................ 114
A Urbanização e o Subemprego ...................................................... 115
A Estratégia do Desenvolvimento Rural Integrado ....................... 116

PA R T E II
O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

AS CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PROCESSO ......................... 123

DETERMINANTES QUANTITATIVOS DO DESENVOLVIMENTO...126


A Mão de Obra Empregada ............................................................. 126
A Contribuição do Capital Físico.................................................... 129
Progresso Tecnológico ..................................................................... 130
A Função de Produção Agregada .................................................... 132
A Componente Externa .................................................................... 135

A INFLUÊNCIA DO FATOR SOCIAL .............................................. 137

A VELOCIDADE DO DESENVOLVIMENTO ................................... 141


Algumas Limitações ......................................................................... 142
As Tendências Históricas ................................................................ 143
O Crescimento Moderno dos País Subdesenvolvidos ................... 147

A QUALIDADE DO CRESCIMENTO DOS PAÍSES


SUBDESENVOLVIDOS .................................................................... 150
PA R T E III
TEORIAS CONVENCIONAIS DE CRESCIMENTO ECONÔMICO

A ECONOMIA DO DESENVOLVIMENTO ...................................... 157

AS TEORIAS CONVENCIONAIS PÓS-KEYNESIANAS ................. 161

O MODELO DE HARROD-DOMAR – ICHIMURA .......................... 166


A Formação de Capital .................................................................... 166
A Relação Capital/Produto .............................................................. 169
Estimativas do Crescimento do Produto Interno ........................... 171

O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO POR ETAPAS .................. 176


Aspectos Gerais ................................................................................ 176
As Etapas de Rostow ........................................................................ 178
A Sociedade Tradicional ................................................................. 179
As Precondições para o Arranco ..................................................... 180
O Arranco (take-off) ......................................................................... 182
A Marcha para a Maturidade ......................................................... 183
A Era do Consumo em Massa.......................................................... 184
Comentários à Tese de Rostow ....................................................... 186

O DESENVOLVIMENTO BALANCEADO ........................................ 191


Introdução ........................................................................................ 191
O Conceito de Desenvolvimento Balanceado ................................ 192
Economias Externas......................................................................... 196
As Indivisibilidades e o Desenvolvimento Equilibrado ................ 198
Indivisibllidade na Oferta de Capital Fixo Social ......................... 198
Indivisibilidade da Procura ............................................................ 199
A Indivisibilidade na Oferta de Poupança..................................... 201

A DOUTRINA DO DESENVOLVIMENTO DESEQUILIBRADO .... 202


Observações Críticas à Teoria do Desenvolvimento Equilibrado......202
A Tese do Desenvolvimento Desequilibrado ................................. 206
A Habilidade para o Investimento.................................................. 207
Desenvolvimento Via Escassez e Via Capacidade Excessiva de
Capital Fixo Social .......................................................................... 210
O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO COM OFERTA LIMITADA
DE MÃO DE OBRA ........................................................................... 215
O Modelo de W. Arthur Lewis ........................................................ 215
A Estratégia de Desenvolvimento com Base na Oferta
Ilimitada de Mão de Obra ............................................................... 220

A TEORIA DOS PÓLOS DE DESENVOLVIMENTO........................ 223


Desenvolvimento Polarizado .......................................................... 223
Pólos de Crescimento e Desenvolvimento ...................................... 224
A Caracterização da Teoria dos Pólos............................................ 226
A Hierarquia dos Pólos.................................................................... 229
Organização dos Espaços Econômicos ........................................... 230
Dualismo entre os Espaços .............................................................. 232
Pólos e Eixos de Crescimento .......................................................... 234
Aplicação da Teoria dos Pólos ao Nordeste Brasileiro ................. 236

PA R T E IV
SINOPSE DE ESTATÍSTICAS SOBRE A ECONOMIA MUNDIAL

CLASSIFICAÇÃO DOS PAÍSES ....................................................... 245

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................. 255

POSFÁCIO ........................................................................................ 261

E N C A R T E ...................................................................................... 265
13
APRESENTAÇÃO À SEGUNDA EDIÇÃO

V ocês têm em suas mãos a segunda edição do livro


Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as
Teorias Convencionais, esgotado há mais de dez anos.
Trata-se de um livro didático de teoria, apesar de ser
essencialmente prático.
Este livro tem sido, ao longo dos anos, um apoio
e subsídio a professores, estudantes, interessados em
assuntos de economia do desenvolvimento e sobre o
funcionamento das sociedades em que vivemos. Mes-
mo tendo sido originariamente elaborado na década de
1980, todos os fundamentos científicos expostos nesse
texto são válidos para os dias de hoje. Quanto aos dados
utilizados na primeira publicação, foram atualizados
em um completo Encarte adicionado como Apêndice
nesta segunda edição.
A ideia básica deste livro é a de que precisamos
aprender o significado pleno de desenvolvimento eco-
nômico para melhor entendermos o funcionamento do
mundo e a situação do Brasil, e assim podermos ajudar
a melhorá-los. O foco central dos assuntos estudados
é fazer uma análise da interação entre crescimento e
bem-estar da população, ou seja, buscar a satisfação

Apresentação à Segunda Edição


14
melhor possível das necessidades das pessoas e da
melhoria de suas condições de vida.
Com esse propósito, são mostradas as teorias, es-
tratégias e condições em que ocorre o desenvolvimento,
o seu ritmo e sua importância para a qualidade de vida
da população, além dos fatores sociais desse processo.
O termo “crescimento econômico”, bastante utili-
zado até o fim da década de 1960, enfatiza os fatores de
produção, a produtividade e a “renda per capita” como
os indicadores mais importantes. Em alguns casos,
tratou-se de envolver como variáveis para a definição
de desenvolvimento de uma sociedade o seu grau de
urbanização e de industrialização crescentes.
Com a nova visão de desenvolvimento, abordada
detalhadamente no presente livro, não é importante
apenas produzir mais. Tão relevante quanto assegurar
o incremento da produção física é também assentar
as bases de uma política distributiva garantindo bens
e serviços a todos. Deve haver uma maior repartição
quantitativa de bens e serviços entre os diferentes gru-
pos sociais, além de uma maior liberdade de escolha.
Para que se alcancem esses objetivos, torna-se necessá-
rio conscientizar-se das necessidades dos grupos menos
favorecidos, propiciando-lhes uma participação efetiva
nas decisões que afetam a distribuição mais equitativa
da riqueza. Para que isso ocorra, há necessidade de
organizar e dar representatividade aos grupos bene-

Apresentação à Segunda Edição


15
ficiados pelas políticas de desenvolvimento e de pro-
gramas dessa natureza. Esses são alguns dos aspectos
examinados de modo detalhado como tese deste livro,
sem conotações ideológicas ou partidarismo político.
Na realidade, o problema é que a forma atual das
instituições políticas e econômicas predominantes em
muitos países tem motivado a concentração de poder
e crescimento das desigualdades. Com prejuízo para
grande parte da população do mundo que sofre as
consequências da pobreza e da miséria.
No contexto geral deste livro, é demonstrado que a
missão mais importante do sistema econômico das eco-
nomias subdesenvolvidas é elevar a qualidade de vida
da população e reduzir as desigualdades econômicas e
sociais, proporcionando a cada cidadão oportunidades
de trabalho e acesso aos bens e serviços para o bem-
-estar e dignidade da pessoa humana.
No Brasil, esse desafio assume proporções gigan-
tescas pois parcela significativa da população ainda
vive abaixo da linha da pobreza, privada dos benefícios
do desenvolvimento econômico.

Pedro Sisnando Leite

Apresentação à Segunda Edição


17
APRESENTAÇÃO

N o momento, estamos em meio a uma verdadeira


revisão conceitual sobre o significado e os objetivos do
desenvolvimento econômico. Na verdade, o problema da
distribuição dos benefícios do crescimento econômico po-
lariza a atenção dos países subdesenvolvidos, inclusive o
Brasil, onde passou a constituir-se assunto obrigatório de
todas as ocasiões.
Acha-se atualmente que, sem a solução dos elevados
níveis de desemprego e subemprego, da miséria das massas
e de uma melhor distribuição de renda, não será possível
alcançar-se autêntico desenvolvimento econômico e social.
Conforme indicam, porém, os dados mais recentes, o de-
senvolvimento econômico do Terceiro Mundo não tem
sido satisfatório neste particular, donde provêm as novas
convicções de que se torna necessária uma modificação dos
conceitos e modelos até agora perseguidos por esses países.
A separação adotada no presente livro entre os
aspectos modernos das novas concepções do desenvolvi-
mento e as teorias convencionais tem o propósito didático
de confrontar as ideias e modelos dessas correntes de pen-
samento de modo a possibilitar aos leitores uma avaliação
dos pontos de vista em discussão. No texto encontram-se
elementos críticos e julgamentos de valor, mas o autor, sem-
pre que possível, deixa aos leitores a conclusão final sobre
as estratégias e políticas mais válidas e apropriadas para
o enfoque do subdesenvolvimento e do desenvolvimento.

Apresentação
18
Segundo o autor, este livro foi concebido tendo em
vista os alunos dos cursos acadêmicos de Economia e Ad-
ministração. Estamos certos, todavia, de que a presente obra
terá aceitação de um público numeroso de interessados
nesta importante problemática de nosso tempo. De fato, a
disciplina Desenvolvimento Econômico é matéria funda-
mental na formação do economista moderno, além de re-
presentar um conhecimento básico para o desempenho das
pessoas envolvidas em administração pública, empresários,
e mesmo para o cidadão comum.
Apoiado na documentação mais autorizada sobre os
assuntos tratados, este livro constitui uma contribuição à
bibliografia brasileira carente de uma obra sintética, escri-
ta em linguagem acessível, de modo a tornar um assunto
bastante técnico em leitura de fácil compreensão, mesmo
por parte de pessoas não especializadas. O autor menciona
que não teve a intenção de produzir um trabalho original,
razão por que aponta a dívida intelectual que tem com os
seus ex-professores, colegas e renomeados autores de que
se valeu para fundamentar o seu estudo.
Na verdade, o presente livro, Novo Enfoque do De-
senvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais, foi
escrito por um economista que tem as questões do desen-
volvimento econômico como ofício. Pedro Sisnando Leite
é professor-adjunto do Curso de Ciências Econômicas, da
Universidade Federal do Ceará onde, há uma década, lecio-
na a disciplina Teoria do Desenvolvimento Econômico. É
professor também do Curso de Mestrado em Economia Rural
do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do
Ceará (UFC), na cadeira de Desenvolvimento Econômico da
Agricultura. Atua como professor em muitos outros cursos

Apresentação
19
mantidos pela mesma Universidade e pelo Banco do Nor-
deste do Brasil, nos quais leciona Economia Brasileira e do
Nordeste e Desenvolvimento Rural Integrado.
Como técnico em desenvolvimento econômico, ocupa
no Banco do Nordeste a chefia da Coordenadoria de Estudos
Agropecuários do Escritório Técnico de Estudos Econômicos
do Nordeste, onde ingressou como estudante de Economia
há mais de duas décadas. Tem um grande acervo de estudos
e pesquisas sobre desenvolvimento regional, publicados pelo
Banco do Nordeste, e revistas especializadas de todo o País.
Fez curso de pós-graduação em Israel, aonde voltou por
mais duas vezes para estudos complementares e atualização.
Dedicou-se, nos últimos quinze anos, a estudos de experiên-
cias concretas de desenvolvimento econômico ao redor do
mundo. Como bolsista da Fundação Ford e da Organização
dos Estados Americanos, participou de vários programas
de viagens de estudos à Europa, África, América do Norte,
México, Escandinávia, Índia, Japão, Egito, para citar apenas
alguns países. Com tal experiência acadêmica e profissional,
o Prof. Pedro Sisnando Leite está plenamente familiarizado
com os assuntos de que trata neste seu trabalho.
Em vista do comentado e por ser amigo de longa data
do autor é que tenho a satisfação de apresentar ao público
acadêmico e estudioso este oportuno livro. Estamos con-
vencidos de que constituirá um valioso instrumento de
aprendizagem dos problemas do desenvolvimento econô-
mico para quantos dele fizerem uso com esta finalidade.

Faustino de Albuquerque Sobrinho


Pró-Reitor de Planejamento da Universidade Federal do Ceará

Apresentação
21
PREFÁCIO

E ste trabalho visa a oferecer alguns subsídios para o


estudo introdutório dos problemas e das teorias do desen-
volvimento econômico.
A principal intenção do autor foi proporcionar ao es-
tudante universitário de Economia as noções essenciais, os
conceitos mais modernos dessa disciplina, bem como expli-
car, de modo simplificado, o processo de desenvolvimento
e as teorias convencionais atualmente mais comentadas nos
meios acadêmicos.
O texto está redigido de modo simples e em linguagem
destituída o máximo de terminologia técnica com o pro-
pósito deliberado de facilitar a compreensão dos assuntos
tratados, mesmo por parte de pessoas não familiarizadas
com a matéria. Neste particular, vale a advertência e co-
mentários de Austregésilo de Athayde:
Os economistas modernos com suas elaborações,
às vezes especiosas e até mesmo herméticas pelo
linguajar que empregam, distanciam-se da reali-
dade humana. Não raro a esquecem, confundem
e até subvertem resultando daí tantos erros que
as nações pagam à custa de grandes sacrifícios.

Foi mantido, porém, todo o rigor profissional nas


exposições e análises feitas, as quais estão conformes aos
melhores autores das matérias tratadas.

Prefácio
22
Tanto no corpo do trabalho como no apêndice encontra-
-se uma série variada de dados estatísticos sobre a economia
mundial a fim de suprir os estudantes de material comple-
mentar no estudo do texto como, principalmente, servir de
fonte de informações para a preparação de trabalhos práticos
sobre o assunto. Por esta razão, preferiu-se não analisar tais
informações e deixá-las como repositório de pesquisa.
Recomenda-se como material complementar de estudo
o excelente livro de M. TODARO, “Introdução à Economia:
Uma Visão para o Terceiro Mundo” (Rio de Janeiro: Editora
Campus, 1979), o qual contém uma ampla abordagem dos
principais fatores e problemas do desenvolvimento econô-
mico. Naturalmente existem outros livros importantes e in-
dispensáveis ao estudo mais pormenorizado das economias
subdesenvolvidas, os quais serão indicados, no momento
oportuno, em outras partes deste trabalho.
Não se pretendeu elaborar um estudo original e com-
pleto, mas tão somente colocar à disposição dos estudantes
os elementos básicos para os primeiros contatos com o
estudo do desenvolvimento econômico.
O presente trabalho originou-se de apostilas prepa-
radas pelo autor e utilizadas na Universidade Federal do
Ceará e em programas de treinamento no Banco do Nordeste
do Brasil.
Tornou-se difícil, no processo de redação, identificar
a contribuição de todos os autores que, por certo, influen-
ciaram nosso pensamento nos longos anos dedicados ao
estudo e ensino deste assunto.
Particularmente, contraímos uma grande dívida inte-
lectual com os professores Gunnar Myrdal, Raanan Weitz,

Prefácio
23
Hollis Chenery, Irma Adelman, Paul Streeten, Barbara
Ward, Michael P. Todaro, Celso Furtado, Rubens Vaz da
Costa, Dudley Seers e tantos outros que seria impraticável
mencionar aqui. Isto para não nos referir aos nossos cole-
gas de trabalho do BNB no Escritório Técnico de Estudos
Econômicos do Nordeste, onde constantemente temos opor-
tunidade de discutir assuntos práticos de desenvolvimento
econômico.
Somos particularmente gratos ao Prof. José Aluísio
Pereira, do Centro de Ciências Agrárias da UFC, que vo-
luntariamente leu o texto original e apresentou excelentes
sugestões, além de ter sido quem muito insistiu na conveni-
ência da sua publicação. Este trabalho foi preparado com o
apoio e a compreensão da economista Maria Mima, minha
mulher, para quem temos uma dívida de reconhecimento
incalculável.
Não poderíamos também esquecer de registrar a co-
laboração especial de Floriano Lopes de Jordão na revisão
dos originais deste trabalho bem como de Erimilton Mota
Macedo e Ivonisio Alves de Barros, que se encarregaram
da datilografia do texto.
Desnecessário frisar que as omissões, erros e ideias são
de responsabilidade única do signatário que programou,
redigiu e aprovou o texto final do presente estudo.

Pedro Sisnando Leite

Prefácio
25
INTRODUÇÃO

O s problemas relacionados com o desenvolvimento


tornaram-se, nos últimos anos, o centro de interesse das
pessoas radicadas nos países subdesenvolvidos e de muitos
economistas das nações industrializadas.
Como obter rápidas taxas de crescimento da econo-
mia, conseguir emprego produtivo para uma população que
cresce rapidamente, diminuir as disparidades regionais de
renda e alcançar padrões de vida mais elevados passaram
a ser preocupação cotidiana dos governantes, homens de
negócio, pesquisadores, professores, estudantes, enfim, de
todos que aspiram ao progresso.
Existem claras evidências, contudo, de que nem sem-
pre as questões atinentes ao desenvolvimento econômico
são devidamente compreendidas. Uma das falácias sobre o
desenvolvimento, por exemplo, é supor-se que o progresso
pode ser obtido sem sacrifício por parte da população.
A transição de uma economia subdesenvolvida até os
limites de uma sociedade evoluída consiste, normalmente,
em um processo de sacrifícios sociais penosos e, de modo
geral, frustrantes. No decurso dessa longa transformação
ocorre, aliás, um fenômeno que os economistas chamam
de “revolução das expectativas crescentes”. Significa esse
fenômeno que as aspirações da população evoluem mais
rapidamente do que é possível satisfazê-las.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


26
Outra errônea concepção do desenvolvimento econô-
mico é confundi-lo com a felicidade. Esta é indiferente ao
estágio de desenvolvimento.
Arthur Lewis, analisando os benefícios do desenvol-
vimento econômico, afirma:

A vantagem do desenvolvimento econômico não


está em que a riqueza aumenta a felicidade, senão
em que aumente as possibilidades de escolha.
A felicidade resulta do modo de encarar a vida,
aceitando-a tal como é, fixando-se mais no agra-
dável do que no desagradável, e vivendo-se sem
temor do futuro.1

Na verdade, John H. Halloewell, ao estudar os fins do


desenvolvimento, argumentou que as sociedades subdesen-
volvidas, ao empreenderem a busca do desenvolvimento,
necessitam, como pré-condições sociais, transformações
profundas nos modos de vida, afetando valores sedimen-
tados e modos de comportamento. Diz ele que:

Pode-se argumentar, persuasivamente, que a bus-


ca do bem-estar através do desenvolvimento eco-
nômico é uma quimera, que a mútua dilaceração,
a inveja, a frustração e a angústia, que formam o
séquito do desenvolvimento econômico, anulam
os benefícios que ele traz.2

Halloewell assevera que, apesar disso, todos desejam


o desenvolvimento e, a exemplo de Lewis, afirma:

1
W. Arthur Lewis. A Teoria do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro:
Zahar Editora, 1960.
2
Desenvolvimento econômico, Para quê? Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1964.

Pedro Sisnando Leite


27
O desenvolvimento econômico, aumentando a
oferta do que é essencial à vista, dá-nos o direito
de optar entre a vida e a morte, isto é, dá possibili-
dade de sobreviver a um maior número de crian-
ças e alarga a esperança de vida do homem.3

O desenvolvimento econômico é particularmente de-


sejável por oferecer à população pobre condições para a sa-
tisfação das suas necessidades básicas, permitir o aumento
do lazer, oferecer a possibilidade de práticas humanitárias
e por facultar aos indivíduos o exercício de uma função
dignificante dentro da sociedade em que vivem.
Após examinar as vantagens e desvantagens do de-
senvolvimento, Lewis diz ainda

... – somos quase todos, sem exceção, ambiva-


lentes em nossas atitudes para com o crescimento
econômico. Exigimos a abolição da pobreza, do
analfabetismo e das enfermidades, mas nos ape-
gamos desesperadamente às crenças, aos hábitos
e às convenções sociais de nosso agrado, mesmo
quando estes correspondem à verdadeira causa
da pobreza que deploramos.4

As contradições implícitas no exame das vantagens e


desvantagens do desenvolvimento econômico continuarão
a existir por muito tempo, ou mesmo permanentemente,
como ocorre atualmente com nações já desenvolvidas que
lastimam a contaminação do ambiente atmosférico e fluvial
dos seus países, dos desajustamentos sociais e de diversas

3
LEWIS, op. cit., p. 541.
4
Idem, ibidem, p. 551.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


28
mazelas que dificultam a existência de uma vida amena
que a riqueza permite.
Apesar disso, os países subdesenvolvidos fizeram a
sua opção, através do consenso geral, de que o desenvol-
vimento econômico deva ser o seu objetivo básico e a sua
maior aspiração.
Nessas circunstâncias, cabe ao economista procurar
mostrar qual é a melhor maneira para obtê-lo. Indicar as
condições favoráveis e os obstáculos e como superá-los.
Mostrar qual deve ser a estratégia do desenvolvimento e
como conciliar problemas tais como a escolha entre maior
renda e segurança econômica, a opção entre menores rendas
no presente e mais elevada taxa de crescimento no futuro.
Enfim, compatibilizar a igualdade econômica e o crescimen-
to econômico, assim como harmonizar as maiores rendas
materiais e a preservação dos valores sociais, culturais e
religiosos do país onde ocorre o desenvolvimento.
Os dilemas criados por essas questões têm motivado
uma revisão dos objetivos do desenvolvimento econômico.
De fato, durante muitos anos os planejadores do desen-
volvimento estiveram preocupados, fundamentalmen-
te, em maximizar as taxas de crescimento do produto,
postergando os problemas sociais e de bem-estar para uma
etapa posterior não muito bem definida. A questão que
parecia relevante para esses economistas era diminuir as
disparidades de níveis de desenvolvimento internacionais,
a despeito de internamente se manifestarem focos de con-
centração de renda e de marginalização de uma parcela
ponderável da população dos benefícios do progresso geral
desses países.

Pedro Sisnando Leite


29
A experiência demonstrou que essa estratégia não
tem apresentado os resultados que se esperavam. Enquanto
as diferenças entre os países desenvolvidos e subdesen-
volvidos se alargam, internamente pouco tem-se podido
fazer para difundir os frutos dos resultados obtidos. O
descontentamento por essa política tem sido de tal modo
que, no momento, está-se constituindo um dos obstáculos
comprometedores dos programas gerais de desenvolvimento
de muitos desses países.
Em decorrência disso, tem-se verificado que muitos
economistas estão revisando os seus conceitos sobre a na-
tureza do desenvolvimento. O que parece importante para
o “grupo dissidente” é elevar, de um modo geral, os padrões
de vida da população, mesmo comprometendo as taxas de
crescimento da economia. Acham os adeptos dessa orienta-
ção que é preferível uma “pobreza decente” à coexistência,
em um mesmo país, de um grupo que desfruta de todas as
vantagens do crescimento ao lado da grande maioria da
população vivendo na mais abjeta pobreza.
Na verdade, essa divergência de concepção tem de-
safiado a imaginação de mais de uma geração de econo-
mistas. O ressurgimento do assunto, porém, tem um novo
caráter e significação. Enquanto anteriormente se tratava
de discussões acadêmicas circunscritas a um pequeno gru-
po privilegiado pelo domínio dos conceitos econômicos,
agora é uma temática ao alcance de um crescente número
de pessoas de todas as classes. Há, também, o fato novo de
que praticamente todos os países subdesenvolvidos estão
empenhados ao mesmo tempo em obterem o desenvolvi-
mento de modo rápido e adequado.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


30
Sejam quais forem as razões para as discrepâncias de
opiniões quanto ao desenvolvimento econômico, subsiste
um problema sem solução definitiva: como obter o desen-
volvimento com o menor sacrifício e de modo a beneficiar
todas as classes simultaneamente?
De acordo com estudos do Dr. Bohuslav Herman,5
há necessidade de que sejam modificadas radicalmente as
estratégias nacionais e internacionais de desenvolvimento
para limitar o avanço da pobreza.
Para isso, torna-se necessária uma política centrada na
criação de empregos que permita proporcionar às camadas
mais pobres as vantagens da vida na sociedade, tais como:
alimentação, habitação, vestimento, água potável, instala-
ções sanitárias, saúde pública e educação.
Nesta problemática, finalmente, consiste a grande res-
ponsabilidade dos atuais economistas e dos futuros técnicos
dos países subdesenvolvidos, ou seja, efetuarem estudos
e sugerirem modelos capazes de tornar viável o progresso
econômico para benefício de todos.

5
OIT. The optimal international division of labor. Genebra, 1975.

Pedro Sisnando Leite


PARTE I

NATUREZA DO SUBDESENVOLVIMENTO
E DO DESENVOLVIMENTO
33
O QUE É SUBDESENVOLVIMENTO

É difícil definir, de modo preciso, o termo subdesenvol-


vimento, segundo confessam os próprios peritos das Nações
Unidas dedicados ao estudo deste assunto.6 De acordo com
as preferências acadêmicas ou ideológicas, diversos termos
são utilizados com significação semelhante: países pouco
desenvolvidos, em vias de desenvolvimento, países pobres,
atrasados, não industrializados, de produção primária e pa-
íses dependentes. Não se pretende discutir as divergências
conceituais dos referidos termos, mas apenas tentar caracte-
rizar o sentido mais aceito entre os economistas modernos.
Tradicionalmente, um país subdesenvolvido é o que,
em média, proporciona aos seus habitantes um nível final
de consumo e bem-estar material apreciavelmente inferior
ao oferecido pelas economias dos países desenvolvidos. Em
outras palavras, como define Paul A. Samuelson, no seu
famoso livro Introdução à Análise Econômica (Rio de Janei-
ro: Agir, 1975): País pouco desenvolvido “é simplesmente
aquele com uma renda per capita real baixa em relação
às rendas per capita de hoje em nações como o Canadá”.
Outros autores acham que o subdesenvolvimento significa
um mal desempenho econômico, mas com potencialidade
de melhorias através da aplicação dos meios conhecidos e
6
Expertos de Ias Naciones Unidas. Que es el desarrollo economico. Buenos
Aires: U.N.,1978.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


34
adotados em outros países.7 Isto significa que se os países
subdesenvolvidos usassem mais eficientemente os recursos
de produção que possuem, os seus habitantes conseguiriam
um produto final de consumo e bem-estar material melhor
do que o obtido. Além disso, admite-se que, fora da esfera
econômica, um país subdesenvolvido pode ser altamente
desenvolvido em arte, religião, filosofia ou organização
social.
O problema do subdesenvolvimento, contudo, é muito
mais abrangente do que se pensava. Oswaldo Sunkel e Pedro
Paz, por exemplo, são de opinião que o subdesenvolvimento
é um conceito extremamente complexo, tem inúmeras fa-
cetas importantes e pode ser examinado de diversos pontos
de vista. Segundo esses economistas latino-americanos,

a problemática do subdesenvolvimento eco-


nômico consiste precisamente nesse conjunto
complexo e inter-relacionado de fenômenos que
se traduzem e se expressam em desigualdades fla-
grantes de pobreza, com potencialidades produti-
vas não apropriadas, em dependência econômica,
cultural, política e tecnológica.8

Adotando uma posição de autocrítica, os mencionados


economistas propõem um novo esquema analítico para o
estudo do subdesenvolvimento, acrescentando a concepção
estrutural a componentes do processo histórico e de um sis-
tema totalizante. Por esse novo enfoque, não se admite que
7
Allain Birou & Paul Marc Henry. Tawards a redefinition of development.
Toronto: Perpman Press, 1978.
8
El subdesorrollo latinoamericano y la teoria del desarollo. España: Siglo
ventiurno, 1973.

Pedro Sisnando Leite


35
o subdesenvolvimento seja descontínuo ou um momento
na evolução econômica. Celso Furtado também defende
este ponto de vista e diz:

O subdesenvolvimento é um processo histórico


autônomo, e não uma etapa pela qual tenham,
necessariamente, passado as economias que já
alcançaram grau superior de desenvolvimento.9

Enfim, pode-se resumir, da seguinte maneira, a con-


cepção de SUNKEL e PAZ:10

O subdsenvolvimento é parte de um mesmo


processo histórico universal global de desen-
volvimento, sendo que ambos os processos são
simultâneos e se condicionam mutuamente.
Sua expressão geográfica consiste na divisão
do mundo entre os países industriais (centros)
e os países subdesenvolvidos (periféricos e de-
pendentes). Por outro lado, ocorre um dualismo
nos países subdesenvolvidos entre setores ricos
e modernos versus grupos e atividades atrasados
e tradicionais.

A distribuição desigual do poder político e econômico


entre nações ricas e pobres é apontado por M. Todaro11 como
um dos grandes problemas dos países subdesenvolvidos.
Por isso, adverte que o fenômeno do subdesenvolvimento
deve ser considerado tanto no nível nacional como inter-
nacional, pois forças econômicas e sociais oriundas destes
9
Teoria e política do desenvolvimento. São Paulo: Com. Editora Nacional, 1979.
10
Op. cit., p. 29-34.
11
Introdução à economia: uma visão para o Terceiro Mundo. Rio de Janeiro:
Editora Campus, 1979.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


36
dois contextos são as responsáveis pela situação de pobreza,
desigualdade e baixa produtividade da maioria das nações
em desenvolvimento. Por outro lado, esse economista am-
plia sua interpretação do subdesenvolvimento, dizendo:

Subdesenvolvimento é um estado de privação


experimentado conscientemente e que se torna
especialmente intolerável na medida que mais
e mais pessoas adquirem informações sobre o
desenvolvimento de outras sociedades e se dão
conta de que de fato existem meios técnicos e
institucionais para abolir-se a pobreza, a miséria
e a doença.12

Pouca necessidade haverá de salientar, para os es-


tudantes residentes no Terceiro Mundo, que, indepen-
dentemente da interpretação ou do caráter do conceito,
subdesenvolvimento se manifesta, na prática, em uma
situação caracterizada por baixos níveis de vida, vulnera-
bilidade, dependência externa e todos os problemas sociais
e políticos decorrentes desses fenômenos.

12
Todaro, op. cit., p. 107.

Pedro Sisnando Leite


37
SIGNIFICADO DE DESENVOLVIMENTO

A noção de desenvolvimento econômico que contou


com maior número de adeptos, nos anos de pós-guerra, era
fundamentada no crescimento do produto ou renda por
habitante. Dizia-se que um país ou região se desenvolvia
quando apresentava, ao longo de um período de tempo,
incremento do produto ou renda real per capita.13
A partir do início da década de setenta, um número
crescente de economistas passou a considerar o crescimento
do produto ou da renda como um indicador inadequado do
desenvolvimento econômico. Dentro deste contexto, o cres-
cimento da capacidade produtiva deve completar-se com
outros elementos que possam dar relevo mais apropriado
as demais dimensões do desenvolvimento econômico.
Na verdade, as mudanças atinentes a este assunto não
foram simplesmente de como avaliar os progressos alcan-
çados nos países em desenvolvimento, mas de estabelecer
novos conceitos, objetivos e revisão de todo o enfoque do
desenvolvimento no contexto dos países subdesenvolvidos.
Sobre o assunto, Hollis Chenery explica:

Desenvolvimento econômico pode ser visto como


um conjunto de mudanças inter-relacionadas na

13
Pedro Sisnando Leite. Tópicos sobre desenvolvimento econômico. Fortaleza:
BNB, 1970. (mimeografado).

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


38
estrutura da economia que são requeridas para o
crescimento continuado. Elas envolvem a com-
posição da demanda, produção e emprego, bem
como a estrutura externa do comércio e do fluxo
de capital. Em conjunto, estas mudanças definem
as transformações do tradicional para o sistema
econômico moderno.14

Segundo Celso Furtado,15 o desenvolvimento tem lugar


mediante aumento de produtividade no conjunto econô-
mico, apesar de esse aumento de produtividade ocorrer
em setores particulares. Explica esse economista que as
modificações de estrutura são transformações nas relações
internas do sistema econômico, as quais têm como causa
básica modificações nas formas de produção, que não se
poderiam concretizar sem modificações na distribuição e
utilização da renda.
O significado de desenvolvimento para M. Todaro
corresponde a uma síntese das opiniões mais abalizadas
sobre o assunto, ou seja:

Desenvolvimento é o processo de melhoria da


qualidade de todas as vidas humanas. Três aspec-
tos igualmente importantes do desenvolvimento
são: 1) aumento dos níveis de vida da população
– isto é, sua renda e níveis de consumo de alimen-
tos, serviços médicos, educação, etc – através de
processos de crescimento econômico relevantes;
2) criação de condições que contribuam para o
aumento do autorrespeito da população através
do estabelecimento de sistemas econômicos,

14
Structural change and development policy. Washington: World Bank, 1979.
15
Celso Furtado. Teoria e política do desenvolvimento. São Paulo, 1979.

Pedro Sisnando Leite


39
políticos, sociais e institucionais que garantam a
dignidade e o respeito humano; e 3) o aumento
da liberdade de escolha da população através da
ampliação de sua gama de variáveis de escolha.16

Em suma, desenvolvimento é um processo multidi-


mensional, abrangendo a reorientação e reorganização
completas dos sistemas econômico e social. Seja qual for o
processo de desenvolvimento, ele deve motivar mudanças
fundamentais nas atividades populares e até mesmo nas
crenças e costumes. Juntamente com essas modificações
no âmbito nacional do sistema econômico, é necessário
também, de modo geral, ajustamentos no contexto inter-
nacional da economia.
Do ponto de vista das Nações Unidas,17 “o desenvolvi-
mento econômico destina-se a oferecer aos povos melhores
oportunidades para uma vida mais condigna”. A eliminação
das acentuadas desigualdades na distribuição da renda e
da riqueza é uma necessidade imperiosa das nações subde-
senvolvidas. Torna-se excepcionalmente importante a re-
dução da pobreza e das injustiças sociais muito difundidas
nesses países, tanto nos grupos sociais como entre regiões.
Há necessidade de proporcionar emprego às populações
crescentes, especialmente às das comunidades mais po-
bres, muito necessitadas de alimentos, serviços sanitários,
educação e habitação. Estes elementos são considerados,
ao mesmo tempo, produto final e instrumento para as mu-
danças socioconômicas dos países subdesenvolvidos. É
necessário um aumento persistente do produto com vistas
16
Op. cit., p. 588.
17
Hacia el desarrollo acelerado. Nueva York: Nações Unidas, 1970.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


40
a viabilizar os objetivos mencionados e, paralelamente, o
estabelecimento de políticas deliberadas e adaptadas ao
alcance das melhorias sociais.
Como repetidamente tem afirmado McNamara:

... é preciso ampliar o conceito global de desen-


volvimento para que ultrapasse simplesmente
o crescimento do Produto Nacional Bruto. Este
crescimento econômico é uma condição neces-
sária ao desenvolvimento, mas não é suficien-
te. A condição essencial do desenvolvimento
consiste em que este abranja as necessidades
básicas de dois milhões de pessoas do mundo
em desenvolvimento: nutrição, educação, em-
prego interessante, distribuição mais equitativa
da renda, oportunidades aceitáveis de melhorar
suas próprias condições.18

Enfim, a interpretação do conceito de desenvolvi-


mento é de que a sua finalidade última deve consistir na
melhoria do BEM-ESTAR SOCIAL. Por sua vez, o progresso
social está estreitamente relacionado com a plena utilização
do potencial humano e depende principalmente de mudan-
ças sociais politicamente viáveis. Essas mutações consistem
em uma nova integração social e em uma modificação das
instituições e relações sociais de modo que se procure a
justiça social e a base institucional ótima para o avanço
tecnológico e econômico.19
18
Discurso de R.S. McNamara, ex-presidente do Banco Mundial, na sessão de
encerramento da Junta de Governadores, Washington, em 1o de outubro de
1971.
19
Gunnar Myrdal. Agricultural development and planning in underdeveloped
countries outside the socialist sphere, Economic Planning, New York, v, 6, n.
3, apr., 1970.

Pedro Sisnando Leite


41
Como propõe Alfred Sauvy,

a questão não é saber se convém favorecer ou


deter o desenvolvimento, mas em que condições
se produzirá, e esforçar-se por obter a melhor
evolução possível.20

Barbara War escreve em Foro del Desarrollo (v. X, n.


6, 1982):

O desenvolvimento não pode ser mais definido


como simplesmente um aumento de consumo
e de produção de bens materiais e serviços. Há
que defini-lo como um processo que permite
aos indivíduos, às comunidades e aos governos,
recuperarem seus direitos e capacidades sobre
o seu próprio futuro. É essencial contar com a
liberdade para eleger um estilo pessoal de vida
de acordo com os valores culturais e tradicionais,
e as necessidades sociais.

Desenvolvimento econômico deve significar melho-


rias nas condições de vida, para as quais o crescimento
econômico e a industrialização são essenciais. Mas se não
há preocupação com a qualidade do crescimento e das mu-
danças sociais, não se estará falando de desenvolvimento
econômico.
Desenvolvimento econômico envolve profundas trans-
formações de toda a estrutura econômica e social, o que
implica mudanças na produção, na demanda, no empre-
go, bem como melhorias na distribuição de renda. Enfim,
o desenvolvimento significa a criação de uma economia
20
O fim dos ricos. Rio, Zahar Editores, 1977.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


42
mais diversificada, cujos principais setores se tornam mais
interdependentes para o suprimento de matérias-primas e
expansão dos mercados para a produção gerada.
Desenvolvimento é mais do que a passagem do país
pobre para o país rico, da tradicional economia rural para
a sofisticada economia urbana. Significa não somente a
ideia de melhoramento econômico, mas também de mais
dignidade humana, segurança, justiça e igualdade.
Para L.J. Lebret,

é urgente decidir-se por uma batalha total em


favor da ascensão humana universal. O objetivo
dessa luta é a passagem de cada camada social e
de cada povo de uma fase menos humana para
uma fase mais humana, o mais rapidamente pos-
sível, com a maior economia passível de recursos
e um clima de solidariedade universal.21

As conclusões finais que devem ser destacadas quanto


ao significado de desenvolvimento econômico são, portanto:
Em primeiro lugar, não se deve atribuir importância
exclusiva à aceleração do crescimento do produto nacional
bruto como indicação de desenvolvimento.
Em segundo lugar, devem-se enfatizar as reformas
estruturais (econômicas, sociais, políticas e psicológicas) e
institucionais, tanto internas como nas relações internacio-
nais, com vista a:

a) Eliminar ou pelo menos reduzir a pobreza absoluta.


b) Aumentar as oportunidades de emprego e restringir
o subemprego.
21
Suicídio ou sobrevivência do ocidente? São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1965.

Pedro Sisnando Leite


43
c) Reduzir as desigualdades de renda social.
d) Elevar os níveis gerais de vida, expressos em melhor
saúde, educação, alimentação, etc.
e) Possibilitar a ascensão humana e o autorrespeito
numa sociedade democrática e justa.

Em síntese:

Mudar o caráter do desenvolvimento atualmente


perseguido pelos países do terceiro mundo de
mero crescimento da renda para um novo estilo
de desenvolvimento econômico integral de toda
a sociedade.

Vale salientar que os termos desenvolvimento e cres-


cimento são, de modo geral, utilizados como sinônimos.
Frequentemente, contudo, os economistas estabelecem uma
diferenciação entre esses dois conceitos.
Zimmerman,22 por exemplo, é de opinião que, quando
⎛ ΔΥ ⎞
a percentagem de crescimento da renda ⎜ ⎟ é igual no
⎛ΔΝ⎞ ⎝ Υ ⎠
incremento da população ⎜⎝ Ν ⎟⎠ , deve-se entender como
ΔΥ ΔΝ
sendo crescimento, isto é: = . Neste caso, a renda per
Υ Ν
capita permanece constante. Diz ele que um país apresenta
desenvolvimento quando o crescimento da renda é superior
ΔΥ ΔΝ
ao da população, ou seja: Υ > Ν .
A distinção conceitual entre esses termos, porém, é
mais usual no sentido de considerar o “crescimento” como

22
L.L. Zimmerman. Historical review of economic development in advanced
countries. The Hage, Institute of Social Studies, 1960.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


44
uma elevação pura e simples da renda per capita e “desen-
volvimento” como o aumento da renda per capita associa-
da a modificações na estrutura Econômica e a mudanças
políticas, sociológicas, culturais e psicológicas.
Sobre o assunto, Maurice Byé diz, porém, que os pro-
blemas de crescimento e desenvolvimento não podem ser
dissociados. Segundo Byé,

os países desenvolvidos são capazes de forte


crescimento com pequena mudança estrutural,
enquanto países subdesenvolvidos só são capa-
zes de crescimento, mesmo discreto, mediante
considerável mudança estrutural.23

23
Food and Agricultura Organization of the United Nations. Agricultural Plan-
ning Curse. Rome, 1964.

Pedro Sisnando Leite


45
MENSURAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

A renda per capita é considerada atualmente como


insuficiente para medir os fenômenos que estão associados
ao processo de desenvolvimento. A obsessão com o maior
produto tem sofrido críticas de várias frentes, como já foi
mencionado. E. J. Mishan, em “The Costs of Economic
Growth”, refuta firmemente esta preferência pela “mania
do crescimento” e J. K. Galbraith, em seu livro “Afluent
Society”, aponta como subproduto do processo de mero
crescimento “a riqueza particular e a miséria geral”. A
repulsão de Peter Donaldson, da Universidade de Oxford,
pode ser observada nesta afirmativa:

Sem exagero algum, não é mais auto-evidente


que a maximização da taxa de crescimento eco-
nômico seja um objetivo apropriado de política
econômica,24

pois, segundo este economista:

Em ocasião alguma o crescimento econômico se


torna sinônimo de padrões de vida mais elevados,
de progresso econômico e sobretudo de bem-estar
econômico.25

24
A Economia do Mundo Real. Rio: Labor, 1975. p. 131.
25
Op. cit, p. 132.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


46
Assim, com a mudança dos conceitos sobre este
assunto, os economistas estão tentando construir índices
compostos que possam englobar os aspectos econômicos
e sociais do comportamento da economia e que o produto
por habitante não pode expressar adequadamente.

O Produto Nacional Bruto e o Desenvolvimento

O professor Frederick R. Strobel26 fez uma interessante


análise das relações existentes entre o produto nacional
bruto e o bem-estar.
Segundo o mencionado professor, a década de 60
representou uma fase de crescimento sem precendentes,
apesar da ocorrência de uma recessão no início desse pe-
ríodo. O produto real dos Estados Unidos, por exemplo,
cresceu a uma média anual de mais de 5% e o desemprego
caiu firmemente. Este crescimento econômico, todavia, foi
afetado por efeitos indesejáveis como a poluição e o uso
devastador dos solos.
O rápido crescimento do produto real, ademais, motiva
com frequência o surgimento de inflação, especialmente
nos países subdesenvolvidos, causando uma diminuição no
bem-estar. Por outro lado, a renda per capita, isoladamente,
não expressa nada sobre o modo de distribuição da renda,
fato que tem implicações diretas com o bem-estar.
Na verdade, produto nacional bruto (PNB) tem sido
questionado também como indicador do padrão de vida,
porquanto não inclui certas “externalidades”, isto é, itens

26
Monthly Review, Federal Reserve Bank of Atlanta (USA), Georgia, june 1974.

Pedro Sisnando Leite


47
que estão fora do sistema de preços. A poluição, por exem-
plo, causada por uma fábrica, representa um custo social
que não é, naturalmente, considerado. Além disso, se essas
empresas adotassem medidas antipoluentes, acarretando
a elevação de seus custos, surgiria a possibilidade de sair
de operação, resultando uma queda no produto nacional
bruto. Paradoxalmente, o bem-estar neste caso poderia ter
melhorado. Do mesmo modo, os benefícios de um parque de
diversões podem exceder bastante os seus custos de cons-
trução e operação. Somente as despesas com a construção
do empreendimento, todavia, seriam incluídas no produto
nacional bruto, deixando de se considerarem, assim, os
benefícios dos usuários desse serviço.
Outras exclusões mais indiretas das “externalidades”
da contabilidade social são os conceitos, por exemplo, de
lazer e felicidade. Um crescimento do produto nacional
bruto não significa necessariamente aumento do tempo de
lazer para a população. Certas pessoas possuem casas de
campo, mais de um carro, barcos, etc que podem indicar
aumento de lazer. O PNB não indica, entretanto, quem está
comprando ou produzindo tais bens.
Outra falha do cálculo do PNB se refere à exclusão dos
serviços produzidos no lar. Por exemplo: os serviços de uma
dona de casa não são incluídos no PNB. Mas se esta passa a
trabalhar fora do lar e contrata uma empregada doméstica,
tanto o salário de uma como o da outra serão incluídos.
Por outro lado, são feitas críticas a determinadas inclu-
sões no PNB como, por exemplo, as despesas chamadas
“defensivas”: polícia, gastos com seguro pessoal, controle
de poluição e defesa nacional. Despesas referentes à luta

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


48
contra o crime também não deviam ser computadas, desde
que refletem apenas deterioração na qualidade de vida.
Segundo o interessante estudo do professor Strobel,
embora os Estados Unidos tenham uma das mais elevadas
rendas per capita do mundo, sua qualidade de saúde é
inferior à de outras nações menos ricas. Aplicando propor-
cionalmente mais recursos que outras nações em serviços
sanitários, poder-se-ia esperar que os Estados Unidos tives-
sem a mais baixa taxa de mortalidade infantil. Encontra-se,
porém, em 11o lugar com um índice de 19 por 1.000 nasci-
mentos, enquanto os três primeiros países têm uma taxa de
11 por 1.000 (Suécia, Holanda e Finlândia). Similarmente,
a expectativa de vida na Suécia é de 74 anos e nos Estados
Unidos 71 anos, posicionando-se em 8o lugar, ao lado de
países como o Japão, o Canadá e a França, com níveis de
renda per capita bastante inferiores.

A Medição do Bem-Estar

Com o propósito de corrigir os defeitos do uso do


PNB como um indicador de bem-estar, William Nordhaus
e James Tobin,27 da Universidade de Yale, construíram um
índice de bem-estar baseado na renda nacional reformulada.
Um defeito óbvio do PNB, de acordo com esses dois autores,
é que representa um índice de produção e não de consumo,
o qual é o objetivo da atividade Econômica. Considerando
esse aspecto, eles rearrumaram, classificaram e fizeram im-

27
Willian Nordhaus & James Tobin. Is growth obsolete. In: Economic growth.
National Bureau or Economic Research. New York, 1972. James Tobin recebeu
o prêmio Nobel de Economia de 1981.

Pedro Sisnando Leite


49
putações para construírem um índice que refletisse melhor
o consumo do que a produção. A aplicação do índice nos
Estados Unidos, de 1929-65, indica que o crescimento do
padrão de vida americano no período cresceu menos do
que a produção de bens e serviços, isto é, do que o PNB.
A Organização da Unidade Africana (OUA) reuniu-se
em Monróvia (Libéria), em fevereiro de 1979, para tratar das
perspectivas de desenvolvimento da África para o ano 2000.
Dentre as conclusões desta importante reunião, que
tratou da definição de novos rumos para os países daquele
continente, destaca-se a forte recomendação de que não
se deve medir o desenvolvimento pelo critério ocidental
“aberrante” do produto nacional bruto. Os novos indica-
dores propostos pela OUF foram:

 Grau de dependência com as importações de


alimentos.
 Acesso ao emprego, isto é, às facilidades e oportu-
nidades existentes com essa finalidade.
 Acesso à terra e ao uso da água.
 A possibilidade de utilizar materiais locais de
construção.
 O grau de alfabetização e de conhecimento de sua
própria cultura.
Extirpação de moléstias devido à falta de higiene.
 Eficiência dos transportes em comum ou coletivos.
 Caráter efetivo de participação da população nas
decisões comunitárias e na gestão dos negócios.

A Agência de Planejamento Econômico do Governo


Japonês também produziu um índice de bem-estar na-

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


50
cional líquido,28 muito similar ao de Nordhaus — Tobin,
isto é, fundamentado nos aspectos do consumo de bens e
serviços. Como ocorreu nos Estados Unidos, os cálculos
realizados por esta metodologia indicam que o expressivo
crescimento do PNB do Japão, no período de 1929-65, não
se fez acompanhar, na mesma intensidade, da melhoria do
bem-estar do povo.
Outro índice com a finalidade de construir uma
medida agregada de bem-estar foi proposto por Robert
Lekachman.29 O produto final deste método é um índice
sintético do qual participa o PNB e outros indicadores como
o nível de criminalidade, poluição etc.
Dois outros “approaches” de medidas de desenvolvi-
mento foram elaborados recentemente com este propósito.
Trata-se do Índice de Qualidade Física de Vida (IQFV), idea-
lizado por Morris D. Morris30, e da Matriz de Contabilidade
Social (SAM), de autoria de Graham Pyatt e Erik Thorbeck.31
Os professores K. Valaskahis e I. Martin, da Univer-
sidade de Montreal e do programa da universidade das
Nações Unidas sobre desenvolvimento humano e social,
estudam também novos indicadores do desenvolvimento.
Tais índices incluem indicações da satisfação positiva e da
insatisfação, bem como comparações internacionais.
Infelizmente quase todos esses índices carecem de
informações estatísticas que não estão facilmente disponí-

28
An interim report of the N.N. W. Development Committee. Tokyo, Economic
Planning Agency, 1973.
29
The income accounst of tomorrow, servey of current business. Washington,
Departament of Commerce, 1971.
30
The physical quality of life index Development Digest, v. 18, n. 1, jan. 1980.
31
The Social Accounting Matrix. Op. cit.

Pedro Sisnando Leite


51
veis na maioria dos países subdesenvolvidos. O Prof. Pedro
Jorge Ramos Vianna, da Universidade Federal do Ceará, fez
um estudo comparando o Nordeste com o Brasil e alguns
países subdesenvolvidos. As variáveis utilizadas com esta
finalidade foram: renda per capita, valor da transforma-
ção industrial, disponibilidade de estradas pavimentadas,
potência energética instalada, número de telefones, abaste-
cimentos de água, serviços sanitários, expectativa de vida,
taxa de mortalidade, número de matrículas, número de
médicos, leitos hospitalares etc.32
O que se pode concluir sobre o assunto, portanto, é
que, modernamente, o produto nacional não é satisfatório
como objetivo do desenvolvimento e como critério de seu
sucesso ou fracasso. Corroborando esta afirmativa, Frances
Steward e Paul Streeten33 informam que muitos países que
obtiveram rápido crescimento do PNB têm sido frequen-
temente acompanhados pelos países do Terceiro Mundo
por sua acentuada concentração de renda e incremento
relativo à pobreza em suas várias formas.
A taxa de crescimento do emprego no setor moderno
da economia tem sido menor do que o crescimento do PNB,
para não falar nos problemas de criminalidade, poluição e
insatisfação social de segmentos importantes da população.
Os mencionados economistas dizem que o PNB foi destrona-
do principalmente porque falha como indicador do sucesso

32
Ver os trabalhos do Prof. Pedro Jorge Ramos Vianna, publicados na Revista
Econômica do Nordeste. Nordeste: A 79a Nação. BNB, v. 12, N? 1 jan./mar.,
1981, e o estudo Measuring social well-being. Paris, Organisation for Economic
Co-operation and Development (OECD), 1976.
33
New strategies for development: Poverty, income, distribution and growth.
American Economic Review, 1980.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


52
de um país em obter pleno emprego, melhor distribuição
de renda e redução da pobreza absoluta.
Mesmo assim, é necessário atentar para as palavras
de Paul Anthony Samuelson, Prêmio Nobel de Economia
em 1970:

A menos que uma família tenha um fluxo con-


tínuo de dinheiro toda semana, todo mês e todo
ano, será ainda que tenha uma paciência de santo
– uma família doente. Não apenas suas atividades
materialistas, mas as não materialistas – aquilo
que converte a existência em vida – sofrerão com
isso: educação, viagens, recreação e caridade, para
não falar em alimentação, aquecimento e abrigo.34

34
Op. cit. p. 813.

Pedro Sisnando Leite


53
CARACTERÍSTICAS DAS ECONOMIAS SUBDESENVOLVIDAS

Indicadores do Nível de Subdesenvolvimento

A identificação do grau de subdesenvolvimento de


um país ou região pode ser conseguida de várias maneiras,
utilizando diversos critérios de julgamento, como mencio-
nados antes.
Para efeito de simplificação, podem ser utilizados os se-
guintes elementos como sintomas do subdesenvolvimento:

a) Baixos padrões de consumo (alimentos, roupas,


calçados); dualismo socioeconômico marcado
pela existência de regiões ou setores modernos ao
lado de tradicionais; falta de articulação entre os
setores econômicos e situação de dependência nas
relações internacionais; deficiente nível de instru-
ção e fragilidade das instituições para promover e
viabilizar poupanças e aplicá-las produtivamente.
Os mercados são estreitos e apoiados num padrão
de distribuição de renda inadequado às zonas
rurais e urbanas. Os conflitos entre os que têm e
os que não têm e os níveis altos de desemprego e
subemprego criam ambiente de intraquilidade e
pressões sociais desestabilizadoras da harmonia
política.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


54
b) Renda per capita baixa devido à:
 produtividade deficiente da mão de obra;
 falta de recursos básicos de terra e utilização
deficiente desses recursos;
 ineficiência quanto à formação de capital, devido
ao baixo nível de poupança; desigualdade nos
níveis de renda; distorção qualitativa e quanti-
tativa dos investimentos;
 índice reduzido de progresso e modificações nas
técnicas, principalmente motivado pela falta de
capacidade para invenção e de espírito empre-
endedor.

Do ponto de vista didático, procurou-se organizar


um conjunto de indicadores práticos do subdesenvolvi-
mento que fosse eficiente e de fácil aplicação. Na figura 1
encontram-se as medidas propostas com esta finalidade e,
nas tabelas, constam dados que indicam as características
e as mudanças estruturais que ocorrem com a variação da
renda ou vice-versa.
De acordo com estudos do Dr. Rubens Vaz da Costa,35
as mudanças estruturais das economias em crescimento têm
obedecido a um certo padrão internacional, cujas principais
características são as que se seguem:

a) o desenvolvimento econômico se processa a taxas


de crescimento diferenciadas entre os setores da
agricultura, indústria e serviços;
b) a longo prazo, o crescimento da produção industrial
é geralmente de 2 a 3 vezes maior do que o cresci-
35
O Primeiro Passo. Rio de Janeiro: APEC, 1973.

Pedro Sisnando Leite


55
mento da agricultura. O setor de serviços tende a
crescer de modo semelhante ou ligeiramente infe-
rior à indústria;
c) as taxas diferenciadas de crescimento setorial de-
correm das preferências dos consumidores (elasti-
cidade-renda da demanda), que têm uma propensão
a consumir mais produtos industriais e serviços do
que os artigos alimentícios, especialmente quando
atingem o nível de satisfação mínimo dos padrões
alimentares;
d) em consequência disso, a participação da produ-
ção agrícola na formação do produto interno bruto
tende a cair para menos de 10% nos estágios mais
avançados, ao mesmo tempo em que também decli-
na a participação do emprego agrícola em relação
ao emprego total;
e) a queda da parcela da produção agrícola na forma-
ção da renda não significa que este setor não seja
importante e que não se encontre em crescimento
absoluto. Trata-se, apenas, de uma redução per-
centual em confronto com o total da economia,
decorrente de uma velocidade maior de incremento
dos demais setores (indústria e serviços).

Na verdade, a modernização e o aumento da produ-


tividade da agricultura são condições indispensáveis ao
crescimento da produção industrial e dos serviços em face
da necessidade de ampliação dos mercados internos, redu-
ção do custo da matéria-prima e dos preços dos alimentos
e mesmo do aumento da poupança, como historicamente
se verificou nas economias hoje desenvolvidas.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


56
Dentre as objeções, para o uso da renda per capita
como indicador de desenvolvimento, podem ser destacadas
como as mais responsáveis:

a) A renda per capita indica apenas o valor da produ-


ção por habitante, ignorando, portando, o problema
da distribuição, que é de suma importância quando
se procura conhecer os níveis de bem-estar.
b) As cifras da renda nacional são, na maioria dos
países, relativamente deficientes. Ademais, a com-
parabilidade internacional das estatísticas de renda
ficam prejudicadas, em parte, pela própria dificul-
dade de conversibilidade em uma moeda padrão
e, em segundo lugar, devido aos enganos que pode
conduzir o confronto de economias em estágios
de desenvolvimento diferentes. Isto é, nos países
atrasados predomina a economia primária que,
monetariamente, dispensa numerosos serviços, os
quais são apenas computados na renda nacional
nas economias mais adiantadas.
c) Não considera, ainda, a renda per capita o cres-
cimento da renda em relação aos recursos de que
dispõe a economia nacional. Realmente, uma eco-
nomia pode ter uma renda per capita baixa, mas se
encontra apenas utilizando parte de sua capacidade
produtiva, enquanto outro país, com o mesmo nível
de renda, pode estar trabalhando em toda a pleni-
tude dos seus recursos conhecidos.

Tais objeções, motivo de acirradas controvérsias,


não são suficientes para motivar o abandono do critério

Pedro Sisnando Leite


57
de renda per capita, desde que os resultados atingidos por
esse método sejam auxiliados mediante outros indicadores.
Alguns autores, como Colin Clark,36 preferem compa-
rar o produto por homem/hora, isto é, em vez de estabelecer
uma relação entre a renda e a população total (renda per
capita) o faz com a renda e a população economicamente
ativa ou ocupada. Este critério, além das críticas já formu-
ladas do método anterior no tocante à parte de representa-
tividade dos dados, comporta, ainda, a limitação de que o
índice pode permanecer inalterado enquanto a renda global
se eleva através do aumento das horas trabalhadas ou da
percentagem das pessoas ocupadas.

36
The conditions of economic progress. London: Macmillan, 1957.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


58
Figura 1 – Indicadores do Nível de Subdesenvolvimento

Disponibilidade insuficiente de proteínas e


NUTRIÇÃO > calorias per capita em comparação com as
necessidades mínimas.

SAÚDE > Baixa expectativa de vida (anos) e dos pa-


drões de saúde da população.

EDUCAÇÃO > Baixa taxa de alfabetização de adultos e de


matrículas escolares.

Elevada taxa de natalidade e mortalidade


VITAIS >
infantil, predominância de jovens na popu-
lação e alto crescimento demográfico.

Pouca mobilidade vertical e horizontal da


população.
INTEGRAÇÃO SOCIAL >
Pequeno grupo de rendas elevadas.
Pequena classe média.

Existem conceitos, crenças e ideologias que


ATITUDES MENTAIS >
são desfavoráveis ao desenvolvimento.

ESTRUTURA Predominância da produção e do emprego


DO EMPREGO E
DA PRODUÇÃO >
agrícola na formação da renda total.

ACUMULAÇÃO DE Baixa percentagem de poupança e investi-


CAPITAL > mento em relação ao PNB.

Elevada percentagem da participação dos


ESTRUTURA DO produtos primários nas exportações e de bens
COMÉRCIO EXTERIOR >
de capital nas importações.

As instituições políticas são instáveis ou ina-


ESTRUTURAS POLÍTICAS > daptadas ao desenvolvimento e a organização
administrativa (pública e privda) é diferente.

NÍVEL DE RENDA Baixo nível de renda per capita comparativa-


PER CAPITA > mente com as nações industrializadas.

Pedro Sisnando Leite


59
Tabela 1 – Indicadores do Desenvolvimento Econômico.

Consumo de Percentagem Esperança


Renda energia Per de mão de de vida ao Alfabetização
População Área de adultos
Países (milhões) (1.000) Per Capita Capita (Eq. obra na nascer
percentagem
1980 Km2 (dólares) em kg carvão) agricultura (anos)
1977
1980 1979 1980 1980
Subdesenvolvidos
Afeganistão 15,9 648 1701 88 79 37 12
Alto Volta 6,1 274 210 26 82 39 5
Bangladesh 88,5 144 901 40 74 37 12
Benin 3,4 113 310 65 46 47 25
Burma 34,8 677 170 67 67 54 70
Butão 1,3 47 80 - 93 44 -
Burundi 4,1 28 200 17 84 42 23
Ceilão 14,7 66 270 135 54 66 85
Chade 4,5 1.284 120 22 85 41 15
China 976,7 9.561 290 734 71 64 66
Etiópia 31,1 1.222 140 20 80 40 15
Guinea 5,4 246 290 83 82 45 20
Haiti 5,0 28 270 63 74 53 23
Índia 673,2 3.288 240 194 69 52 36
Kampuchea 6,9 181 - 2 - - -
Laos 3,4 237 - 98 75 43 41
Madagáscar 8,7 587 350 89 90 47 50
Malavi 6,1 118 230 67 86 44 25
Mali 7,0 1.240 190 28 73 43 9
Moçambique 12,1 802 230 121 66 47 28
Nepal 14,6 141 140 13 93 44 19
Níger 5,3 1.267 330 46 91 43 5
Paquistão 82,2 804 300 209 57 50 24
República Centro-Africana 2,3 623 300 46 88 44 39
Ruanda 5,2 26 200 28 91 45 50
Serra Leoa 3,5 72 280 84 65 47 -
Somália 3,9 638 - 74 82 44 60
Sudão 18,7 2.506 410 133 72 46 20
Tanzânia 18,7 945 280 51 83 52 66
Togo 2,5 56 410 112 67 47 18
Uganda 12,6 236 300 39 83 54 48
Vietnã 54,2 330 - 138 71 63 87
Zaire 28,3 2.345 220 100 75 47 58

De Renda Média
África do Sul 29,3 1.221 2.300 2.895 30 61 -
Albânia 2,7 29 8401 1.118 61 70 -
Angola 7,1 1.247 470 200 59 42 -
Argélia 18,9 2.382 1.870 645 25 56 35
Argentina 27,7 2.767 2.390 1.965 13 70 93
Bolívia 5,6 1.099 570 447 50 50 63

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


60
Tabela 1 – Indicadores do Desenvolvimento Econômico.
(Continuação)
Consumo de Percentagem Esperança
Renda energia Per de mão de de vida ao Alfabetização
População Área de adultos
(milhões) (1.000) Per Capita Capita (Eq. obra na nascer
Países percentagem
1980 Km2 (dólares) em kg carvão) agricultura (anos)
1977
1980 1979 1980 1980
Brasil 118,7 8.512 2.050 1.018 30 63 76
Camarões 8,4 475 670 143 83 47 -
Chile 11,1 757 2.150 1.153 19 67 -
Colômbia 26,7 1.139 1.180 914 26 63 -
Congo 1,6 342 900 195 34 59 -
Coréia do Norte 18,3 121 1.1301 2.755 49 65 -
Coréia do Sul 38,2 98 1.520 1.475 34 65 93
Costa do Marfim 8,3 322 1.150 230 79 47 41
Costa Rica 2,2 51 1.730 812 29 70 90
Cuba 9,7 115 1.4001 1.358 23 73 96
Egito 39,8 1.001 580 539 50 57 44
El Salvador 4,5 21 660 338 50 63 62
Equador 8,0 284 1.270 640 52 61 81
Filipinas 49,0 300 690 329 46 64 75
Formosa 17,41 36 1.4003 - 25 68 -
Gana 11,7 239 420 258 53 49 -
Grécia 9,6 132 4.380 2.164 37 74 -
Guatemala 7,3 109 1.080 229 55 59 -
Honduras 3,7 112 560 238 63 58 60
Hong Kong 5,1 1 4.240 1.481 3 74 90
Iêmen 7,0 195 430 58 75 42 21
Iêmen do Sul 1,9 333 420 509 45 45 40
Indonésia 146,6 1.919 430 225 58 53 62
Irã 38,8 1.648 - 1.141 39 59 50
Iraque 13,1 435 3.020 664 42 56 -
Israel 3,9 21 4.500 3.513 7 72 -
Iugoslávia 22,3 256 2.620 2.415 29 70 85
Jamaica 2,2 11 1.040 1.326 21 71 90
Jordânia 3,2 98 1.420 522 20 61 70
Lesoto 1,3 30 420 - 87 51 52
Líbano 2,7 10 - 1.028 11 66 -
Libéria 1,9 111 530 425 70 54 25
Malásia 13,9 330 1.620 713 50 64 602
Marrocos 20,2 447 900 302 52 56 28
Mauritânia 1,5 1.031 440 196 85 43 17
México 69,8 1.973 2.090 1.535 36 65 81
Mogólia 1,7 1.565 7801 1.483 55 64 -
Nicarágua 2,6 130 740 446 39 56 90
Nigéria 84,7 924 1.010 80 54 49 30
Panamá 1,8 77 1.730 895 27 70 -
Papua Nova Guiné 3,0 462 780 299 82 51 32
Paraguai 3,2 407 1.300 234 49 65 84
Peru 17,4 1.285 930 716 40 58 80
Portugal 9,8 92 2.370 1.443 24 71 702
Quênia 15,9 583 420 172 78 55 50

Pedro Sisnando Leite


61
Tabela 1 – Indicadores do Desenvolvimento Econômico.
(Continuação)

Consumo de Percentagem Esperança


Renda energia Per de mão de de vida ao Alfabetização
População Área de adultos
(milhões) (1.000) Per Capita Capita (Eq. obra na nascer
Países percentagem
1980 Km2 (dólares) em kg carvão) agricultura (anos)
1977
1980 1979 1980 1980
República Dominicana 5,4 49 1.160 490 49 61 67
Romênia 22,2 238 2.340 4.659 29 71 98
Senegal 5,7 196 450 253 76 43 10
Singapura 2,4 1 4.430 5.784 2 72 -
Síria 9,0 185 1.340 925 33 65 58
Tailândia 47,0 514 670 353 76 63 84
Trinidad e Tobago 1,2 5 4.370 4.872 16 72 95
Tunísia 6,4 164 1.310 590 34 60 62
Turquia 44,9 781 1.470 771 54 62 60
Uruguai 2,9 176 2.810 1.219 11 71 94
Venezuela 14,9 912 3.630 2.944 18 67 82
Zãmbia 5,8 753 560 832 67 49 44
Zimbabue 7,4 391 630 783 60 55 74

Industrializados
Alemanha Ocidental 60,9 249 13.590 6.264 4 73 99
Austrália 14,5 7.687 9.820 6.539 6 74 100
Áustria 7,5 84 10.230 5.087 9 72 99
Bélgica 9,8 31 12.180 6.513 3 73 99
Canadá 23,9 9.976 10.130 13.164 5 74 99
Dinamarca 5,1 43 12.950 5.726 7 75 99
Espanha 37,4 505 5.400 2.698 15 73 -
Estados Unidos 227,7 9.363 11.360 11.681 2 74 99
Finlândia 4,9 337 9.720 6.001 11 73 100
França 53,5 547 11.730 4.810 8 74 99
Holanda 14,1 41 11.470 6.597 6 75 99
Irlanda 3,3 70 4.880 3.687 19 73 98
Itália 56,9 301 6.480 3.312 11 73 98
Japão 116,8 372 9.890 4.048 12 76 99
Noruega 4,1 324 12.650 11.749 7 75 99
Nova Zelândia 3,3 269 7.090 4.706 9 73 99
Reino Unido 55,9 245 7.920 5.272 2 73 99
Suécia 8,3 450 13.520 8.258 5 75 99
Suíça 6,5 41 16.440 5.002 5 75 99

Exportadores de Petróleo
com Superavit de Capital
Arábia Saudita 9,0 2.150 11.260 1.984 61 54 16
Emirados Árabes Unidos 1,0 84 26.850 4.451 - 63 56
Kuwait 1,4 18 19.930 6.159 2 70 60
Líbia 3,0 1.760 8.640 2.254 19 56 502

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


62
Tabela 1 – Indicadores do Desenvolvimento Econômico.
(Continuação)
Consumo de Percentagem Esperança
Renda energia Per de mão de de vida ao Alfabetização
População Área de adultos
Países (milhões) (1.000) Per Capita Capita (Eq. obra na nascer
percentagem
1980 Km 2 (dólares) em kg carvão) agricultura (anos)
1979 1980 1980 1977
1980
Economia de
Planejamento Central
Alemanha Oriental 16,9 108 7.180 7.136 10 72 -
Bulgária 9,0 111 4.150 5.487 17 73 -
Hungria 10,8 93 4.180 3.797 15 71 -
Polônia 35,8 313 3.900 5.752 31 72 98
Rússia 265,5 22.402 4.550 5.793 14 71 100
Tchecoslováquia 15,3 128 5.820 6.656 11 71 -

Fonte: World Development Report 1981 e 1982. New York, Oxford University Press,
World Bank, 1982.
Notas: 1
Referente a 1979
2
Referente a 1976
3
Referente a 1978

Figura 2 – Tendências do Produto Nacional Bruto Per


Capita 1960-90

Pedro Sisnando Leite


63
Figura 3 – População por Grupo de Países, 1976 e 1990

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


64
Tabela 2 – Estrutura Econômica por Classe de Países,
segundo os Níveis de Desenvolvimento

Níveis Crescentes do PNB per capita (*)


Indicadores
I II III IV V VI VII VIII IX
I – Acumulação Pobres <--------------------------------> Ricos
1. Poupança nacional bruta em percentagem do PNB 9,4 12,0 14,8 16,4 17,6 19,3 20,5 21,5 24,6
2. Investimento interno bruto em percentagem do PNB 11,7 15,1 18,2 19,7 20,8 22,2 23,0 23,7 25,4
3. Renda tributária em percentagem da renda nacional 9,8 12,7 16,7 19,5 21,8 25,3 28,0 30,3 28,0
4. Taxa de matrícula escolar (percentagem) 17,5 36,2 52,6 61,2 66,9 74,2 78,9 82,3 91,4
5. Taxa de alfabetização de adultos (percentagem) 15,3 36,5 55,2 65,0 71,5 80,0 85,4 89,4 93,0

II – Composição da produção – Contribuição percentual dos setores ao PIB


6. Produtos primários 58,1 46,4 36,0 30,4 26,7 21,8 18,6 16,3 9,8
7. Produtos industriais 7,3 13,5 19,6 23,1 25,5 29,0 31,4 33,2 38,9
8. Serviços 29,9 34,6 37,9 39,2 39,9 40,4 40,5 40,4 39,3
9. Serviços públicos 4,6 5,7 7,0 7,7 8,3 9,1 9,7 10,2 11,7

II – Composição da mão de obra – Participação dos setores no total do emprego


10. Setor primário 75,3 68,1 58,7 49,9 43,6 34,8 28,7 23,7 8,3
11. Setor industrial 4,1 9,6 16,6 20,5 23,4 27,6 30,7 33,2 40,1
12, Setor serviços 20,6 22,3 26,7 29,3 31,7 35,8 39,2 42,2 51,6

IV – População
13. População urbana em percentagem da população total6,9 20,0 33,8 40,9 45,5 51,5 55,3 58,0 65,1
14. Taxa de natalidade (por 1.000) 46,6 41,8 36,6 33,8 31,1 28,2 25,3 22,4 17,1
15. Taxa de mortalidade (por 1.000) 20,5 15,2 11,4 10,0 9,3 9,0 8,9 9,0 10,7

V – Comércio
16. Exportação de bens e serviços em percentagem do PIB9,9 13,2 16,3 18,0 19,1 20,7 21,8 22,5 24,8
17. Importação de bens e serviços em percentagem do PIB16,6 18,7 20,6 21,6 22,3 23,2 23,8 24,3 25,5
18. Exportação de produtos primários em percentagem da
exportação total 89 78 68 61 56 50 46 42 33
19. Importação de produtos primários em percentagem da
importação total 10 18 25 27 28 29 30 30 30

Fontes dos dados originais: Hollis Chenery. Structural change and development policy.
Washington, World Benk, 1976.
(*) Os Valores foram calculados a partir de regressões múltiplas para uma amostragem
de aproximadamente 100 países durante o período de 1950-65. Os dados básicos
foram extraídos de World Tables BIRD, dezembro de 1968.

Pedro Sisnando Leite


65
Figura 4 – Mudanças Normais da Estrutura Econômica

A experiência histórica do crescimento


dos países hoje ricos indica que, en-
tre outras, três mudanças estruturais
básicas se verificam simultaneamente
durante o percurso de uma sociedade
pobre a uma sociedade afluente:

1. A participação da agricultura na
formação do produto nacional bruto
tende a cair à proporção que o nível
de renda per capita vai aumentando.
Contrariamente ocorre com os seto-
res de indústria e serviços, os quais
tendem a ascender a participação
relativa ao total do produto.
Isto não significa que, com o desen-
volvimento, a produção agrícola não
evolua também.
O que se verifica é uma diferencia-
ção no ritmo de crescimento setorial
favorecendo os demais setores.

2. Tedência semelhante de mudanças


estruturais têm lugar no tocante
à alocação da mão de obra que se
transfere do setor primário para as
atividades não agrícolas.

3. O terceiro fenômeno é o da urbani-


zação, que se tem caracterizado pelo
êxodo da população rural para os
PNB per capita (US$ 1977) centros metropolitanos ou cidades
Fonte: Hollis Chenery and Moises Syr- de porte médio.
quin, Patterns of Development, 1950-
1970 (Oxford: Oxford University Press
for the Word Bank, 1975).

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


66
Figura 5 – Dimensão do Problema Social dos Países
Subdesenvolvidos

20%
ALIMENTAÇÃO
(Gravemente subali-
mentado)

50%

ÁGUA
(Sem água limpa)

50%

ANALFABETOS
(15 anos e mais)

55%

TRABALHO
(Desempregados e
subempregados)

60%
SAÚDE
(Sem atenção médica)

Total dos Países


Desenvolvidos

(%) Percentagem
do Total
Fonte: Desarrollo y Cooperacion, n. 1/1981.

Pedro Sisnando Leite


67
Figura 6 – Classificação dos Países segundo o Nível de
Renda Per Capita, em 1978.
Países1 com renda per capita de:

Menos de US$ 300: Afeganistão, Bangladesh, Benin, Butão, Burma,


Burundi, Cabo Verde, República Centro Africana,
Chade, China, Comores, Cuba, Etiópia, Gâmbia,
Guiné, Guiné-Bissau, Haiti, Índia, Madagáscar,
Malavi, Ilhas Malvinas, Mali, Mauritânia, Moçam-
bique, Nepal, Níger, Paquistão, Ruanda, Serra Leoa,
Somália, Sri Lanka (Ceilão), Tanzânia, Uganda, Alto
Volta, Samoa Ocidental, Zaire.

US$ 300 – US$ 699: Angola, Bolívia, Botsuana, Camarões, Congo, Djibuti,
Dominica, Egito, El Salvador, Guiné Equatorial, Gana,
Granada, Guiana, Honduras, Indonésia, Nigéria, Papua
Nova Guiné, Peru, Filipinas, São Tomé e Príncipe, Se-
negal, Ilhas Salomão, São Vicente, Sudão, Suazilândia,
Tailândia, Togo, Vanuatu2, Iêmen (República Árabe),
Iêmen do Sul (República Democrática Popular),
Zâmbia, Zimbabue.

US$ 700 – US$ 2.999: Albânia, Argélia, Antígua, Argentina, Bahamas,


Barbados, Belize, Brasil, Chile, Colômbia, Costa
Rica, Chipre, República Dominicana, Equador Fiji,
Formosa, Guiana Francesa, Guadalupe, Guatemala,
Iraque, Costa do Marfim, Jamaica, Jordânia, Kiribati,
Coréia do Norte (Rep. Democrática Popular), Coréia
do Sul (Rep. da Coréia), Macau, Malásia, Malta,
Maurício, México, Namíbia, Nicarágua, Omã, Ilhas
do Pacífico, Panamá, Paraguai, Portugal, Porto Rico,
Romênia “St. Kitts-Nevis”, Santa Lúcia, Seychelles,
África do Sul, Suriname, Síria, República Árabe,
Tunísia, Turquia, Uruguai, Venezuela, Iuguslávia.

US$ 3.000 – US$ 6.999: Bahrein, Bulgária, “Channel Islands”, Tchecoslová-


quia, Polinésia Francesa, Gabão, Alemanha Oriental
(Rep. Democrática Alemã), Gibraltar, Grécia, Guam,
Hong Kong, Hungria, Irlanda, “Isle of Man”, Israel,
Itália, Martinica, Antilhas Holandesas, Nova Caledô-
nia, Nova Zelândia, Polônia, Ilha da Reunião, Arábia
Saudita, Singapura, Espanha, Trinidad e Tobago,
Reino Unido, URSS, Ilhas Virgens (US).

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


68
Figura 6 – Classificação dos Países segundo o Nível de
Renda Per Capita, em 1978.
(Continuação)

US$ 7.000 e mais: Samoa Americana, Austrália, Áustria, Bélgica, Ber-


muda, Brunei, Canadá, Dinamarca, “Faeroe Islands”,
Finlândia, França, Alemanha Ocidental (Rep. Fede-
ral), Groelândia, Islândia, Japão, Kuweit, Líbia, Lu-
xemburgo, Holanda, Noruega, Qatar, Suécia, Suíça,
União dos Emirados Árabes, Estados Unidos.

Fonte: World Bank. Population, per capita product, and growrh rates. Washington, 1980.
Notas:
1
Camboja, Irã, Laos e Vietnã estão excluídos da agregação.
2
Anteriormente Nova Hébridas, o qual se tornou independente em 31 de julho de 1980.

Pedro Sisnando Leite


69
Figura 7 – Produto Nacional Bruto e População das
Principais Regiões e Países do Mundo, em 1978

PNB
PNB (bilhões População Per capita
de US$) (milhões) US$
América do Norte 2.339 242 9.660
Japão 884 115 7.700
Oceânia 138 22 6.230
Europa (exclusive Rússia) 2.981 524 5.680
Rússia 966 261 3.700
Oriente Médio 144 46 3.120
América do Sul 344 233 1.470
América Central (inclusive México) 144 115 1.260
África 253 450 560
Ásia (excluindo Japão e Oriente Médio) 600 2.152 280
Mundo 8.793 4.160 2.110

Fonte: World Bank, Atlas, Washington, 1980.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


70
Tabela 3 – Indicadores Básicos
dos Países Semi-Industrializados

Percentagem Percenta-
Percentagem Percentagem dos Manufa- gem
PNB da Indústria da Força de turados nas do inves-
População na Formação
Países Per Capita Renda Trabalho na exportações timento
(milhões) do PIB
(US$) Per Capita Agricultura bruto
1980 1960 1979 1980
1980 % 60-80 1 9 6 0 1 9 8 0 1 9 6 0 1 9 8 0

Argentina 27,7 2.390 2,2 38 - 20 13 4 24 -


Brasil 118,7 2.050 5,1 35 37 52 30 3 39 22
Chile 11,1 2.150 1,6 51 37 30 19 4 20 18
Coréia do Sul 38,2 1.520 7,0 20 41 66 34 14 89 31
Formosa 17,41 1.4002 6,23 22 37 56 344 - 855 -
Hong Kong 5,1 4.240 6,8 39 - 8 3 80 97 29
Israel 3,9 4.500 3,8 32 36 14 7 61 80 22
Iugoslávia 22,3 2.620 5,4 45 43 63 29 37 72 35
México 69,8 2.090 2,6 29 38 55 36 12 39 28
Singapura 2,4 4.430 7,5 18 37 8 2 26 51 43
Uruguai 2,9 2.810 1,4 28 33 21 11 29 48 19

Fontes: World development report, 1982. New York, Oxford University Press, World
Bank, 1982.
Bela Barbosa. The niewly-industrializing developing countries after the oil crisis, Was-
hington, The Johns Hopkins University and the World Bank, 1980.
Notas: (1) Refere-se a 1979. (2) Refere-se a 1978. (3) Refere-se a 1960. (4) Refere-se a
1977. (5) Refere-se a 1976.

Tabela 4 – População e Renda 1960-80 – América do Sul


População PNB Total PNB % Anual
Países US$ Per Capita População PNB Per Capita
(milhões)
(bilhões) (US$ 1.00) (Real)
1980 1970-80 1960-80
Brasil 118,7 243,3 2.050 2,2 5,1
Argentina 27,7 66,2 2.390 1,6 2,2
Colômbia 26,7 31,5 1.180 2,3 3,0
Peru 17,4 16,2 930 2,6 1,1
Venezuela 14,9 54,1 3.630 3,3 2,6
Chile 11,1 23,9 2.150 1,7 1,6
Equador 8,0 10,2 1.270 3,0 4,5
Bolívia 5,6 3,2 580 2,5 2,1
Uruguai 2,9 8,1 2.810 0,3 1,4
Paraguai 3,2 4,2 1.300 3,2 3,2
Guiana 0,81 0,41 5501 2,02 0,42
Suriname 0,41 0,81 2.1101 -1,12 6,32
Guiana Francesa 0,61 0,11 2.3401 2,92 1,22

Fontes: Atlas, World Bank, 1979.


World Development Report, 1982. New York, Oxford University Press, World Bank, 1982.
Nota: (1) Refere-se a 1978. (2) Refere-se a 1970-1977.

Pedro Sisnando Leite


71
Tabela 5 – Distribuição da Renda em Países Selecionados
Participação Percentual na Renda Familiar Apenas os
Países Anos 10% Mais Altos
40% Mais Baixos 40% Médios 20% Mais Altos

Países de Renda Baixa


Nepal 1976-72 12,6 28,2 59,2 46,5
Malawi 1967-68 21,5 27,9 50,6 40,1
Índia 1975-76 16,2 34,4 49,4 33,6
Sri Lanka (Ceilão) 1969-70 19,2 37,4 43,4 28,2
Tanzânia 1969 16,0 33,6 50,4 35,4
Bangladesh 1973-74 18,2 39,6 42,2 27,4

Países de Renda Média


Honduras 1967 7,3 24,9 67,8 50,0
Filipinas 1970-71 14,2 31,8 54,0 38,5
Peru 1972 7,0 32,0 6,10 42,9
Malásia 1973 12,2 32,7 56,1 39,8
República da Coréia 1976 16,9 37,8 45,3 27,5
Turquia 1973 11,4 32,0 56,5 40,7
México 1977 9,9 32,4 57,7 40,6
Formosa 1971 21,9 38,9 39,2 24,7
Chile 1968 13,4 35,2 51,4 34,8
Costa Rica 1971 12,0 33,2 54,8 39,5
Brasil 1972 7,0 26,4 66,6 50,6
Argentina 1970 14,1 35,6 50,3 35,2
Iugoslávia 1978 18,7 42,6 38,7 22,9
Venezuela 1970 10,3 35,7 54,0 35,7
Quênia 1974 8,9 30,7 60,4 45,8
Indonésia 1976 14,4 36,2 49,4 34,0
Panamá 1970 7,2 31,0 61,8 44,2
Hong Kong 1980 16,2 36,8 47,0 31,3
Trinidad e Tobago 1975-76 13,3 36,7 50,0 31,8

Países Industrializados
Finlândia 1977 19,6 43,6 26,8 21,2
Espanha 1974 17,8 40,0 42,2 26,7
Itália 1977 17,5 38,6 43,9 28,1
Reino Unido 1979 19,7 41,4 39,2 23,8
Japão 1969 21,0 38,0 41,0 27,2
Austrália 1966-67 20,1 41,2 38,8 23,7
França 1975 16,4 37,8 45,8 30,5
Países Baixos 1967 18,1 39,6 42,9 27,7
Canadá 1977 14,5 43,5 42,0 26,9
Noruega 1970 19,2 43,5 37,3 22,2
República Fed. da Alemanha 1974 17,9 37,3 44,8 28,8
Estados Unidos 1972 15,2 42,0 42,8 26,6
Suécia 1979 20,0 42,8 37,2 21,2
Holanda 1977 21,8 41,2 37,0 22,1
Dinamarca 1976 20,0 42,5 37,5 22,4

Fontes: World development report, 1982. New York, Oxford University Press, World Bank, 1982.
Nota: O método adotado nesta tabela para avaliar o grau de concentração da renda familiar consiste
no seguinte: as famílias ou indivíduos estão ordenados em classes de renda. No caso, estes grupos
foram divididos em três parcelas: os 40% que recebiam maiores rendas, os 40% da classe média e os
20% mais ricos. Esta última categoria foi ainda subdividida de modo a se saber a situação dos 10%
de famílias mais ricas. Exemplificando, enquanto no Brasil os 40% das famílias mais pobres recebem
apenas 7% da renda, no Japão idêntica classe detém 21% da renda. Da mesma maneira, os 20% mais
ricos do Brasil concentram 66,6% de toda a renda do País e no Japão os 20% da mesma categoria de
família contam com somente 41% da renda. A conclusão é de que o Brasil tem uma concentração de
renda bem maior do que a do Japão.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Figura 8 – Distribuição de Renda na América Latina
(Percentagem de participação da população na renda)
72

Pedro Sisnando Leite


Fonte: El Desarrollo Economico y Social y Las Relaciones Econômicas Externas da America Latina – Consejo Econômico
y Social – Naciones Unidas, 1979.
73
Tabela 6 – Brasil e Nordeste
(Indicadores Socioeconômicos 1960-1980)
NORDESTE BRASIL
Especificação
1960 1980 1960 1980
Democracia
Taxa anual de crescimento geométrico da população:
Total (1) 2,11 (2) 2,18 (1) 3,06 (2) 2,49
Urbana (1) 4,76 (2) 4,11 (1) 5,32 (2) 4,45
Rural (1) 0,55 (1) 0,55 (1) 1,55 (2) -0,61
Distribuição percentual da população:
Urbana 34,2 50,4 45,1 67,6
Rural 65,8 49,6 54,9 32,4
Distribuição:
Setor Produtivo (15 a 59 anos) 50,3 50,6 52,4 56,1
Setor Dependente (0 a 14 anos e 60 e mais) 49,7 49,4 47,6 43,9
Taxas:
Analfabetismo (%) 59,3 51,7 39,6 30,8
Natalidade por 1.000 habitantes 46,5 41,0 43,3 33,0
Mortalidade geral por 1.000 habitantes 21,0 16,0 13,0 8,1
Mortalidade infantil por 1.000 habitantes 172,4 130,0 105,2 90,0
Expectativa de vida (em anos) 45 54 57 63
Composição da População Economicamente Ativa por setores (%):
Primário 69,5 49,1 54,0 29,9
Secundário 7,8 15,0 12,9 24,4
Terciário 22,7 35,9 33,1 45,7

Educação
No de matrículas/no. de professores:
1o grau (3) 29,57 (7) 28,19 (3) 28,42 (7) 25,12
2o grau (3) 9,67 (8) 15,65 (3) 8,84 (8) 14,50
3o grau (3) 3,75 9,58 (3) 4,30 11,79
Matrícula 1o grau/população de 7 a 14 anos (%) (5) (6) 42 (8) 80 (6) 63 (8) 94

Saúde
Médicos por 1.000 habitantes 0,14 (7) 0,63 0,30 (7) 1,12
Leitos por 1.000 habitantes 1,31 (7) 2,37 3,08 (7) 4,19

Energia
Consumo não industrial/habitante:
(kwh/habitante) - 180 150 424
Consumo/habitante (kwh/habitante) 37 401 262 939

Comércio Exterior
Importação/exportação com referência ao VR. US$ 0,30 0,63 1,02 1,14

Renda Interna
População Economicamente Ativa NE/BR (%) (4) 31 26 - -
Renda per capita do Nordeste como percentagam da do Brasil 46,6 40,0 - -
Renda do Nordeste/Renda do Brasil (%) 14,6 11,7 - -
Índice de GINI (concentração da renda) (9) 0,490 0,565 0,499 0,590

Fontes: F. IBGE, Chesf, Eletrobrás, Langoni, Sudene/DRH/DM e COP/CR. Sudene/NE em


Dados. (1). Período 1950/1960. (2) Período 1970. (3) Ano de 1962. (4) Incluir somente o
pessoal com rendimento. (5) Revista Econômica do Nordeste, BNB. v. 12, n. 1, jan./mar.,
1961. (6) 1962. (7) 1978. (8) 1979.
Ν


(9) G = 1 − (yi + yi – 1) (xi + xi – 1)
i =1

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


74
Tabela 7 – Renda Per Capita e Crescimento Anual Médio(a)

PNB Per Capita 1950 1960 1980


(Dólares de 1980)

Países industrializados 4.130 5.580 10.660


Países de renda média 640 820 1.580
Países de renda baixa 170 180 250

Crescimento Anual Médio 1950-60 1960-80


(Percentagem)
Países industrializados 3,1 3,3
Países de renda média 2,5 3,3
Países de renda baixa 0,6 1,7

Fonte: World Development Report. Washington, 1981.


(a) Excluem-se todos os países com economia de planejamento central, por falta de dados
completos e atualizados.
Nota: O crescimento da população dos países industrializados foi de 0,7% ao ano entre
1970-80, contra 2,5-2,3% nas nações de renda média e baixa. Nas economias central-
mente planificadas (socialistas) tal taxa foi de 1,3%. A esperança de vida ao nascer era
de 73 anos em 1978 nos países industrializados, de 70 anos nos socialistas e de 61 e 50,
respectivamente, nas nações subdesenvolvidas e de renda mais baixa. A taxa de alfabe-
tização de adultos era, em 1975, de 99% nos países desenvolvidos em comparação com
apenas 38% nos mais atrasados.

Pedro Sisnando Leite


75
ELEMENTOS DIFERENCIADOS DOS PAÍSES
SUBDESENVOLVIDOS

A classificação entre países desenvolvidos e subde-


senvolvidos pode ser constatada, de modo geral, através
do uso de inúmeros indicadores, como foram examinados
anteriormente. Para uma análise mais detalhada da situa-
ção desses países, torna-se necessário o exame individual
de cada caso, pois no grupo dos desenvolvidos e subde-
senvolvidos há diferenças marcantes entre eles. A seguir,
encontram-se alguns exemplos dessas diferenças nos países
subdesenvolvidos.

1. Renda per capita – Há países como Mali, Rwanda,


Burundi e Bangladesh com renda per capita inferior
a US$ 200, enquanto outros países têm cerca de
US$ 1.000 e são considerados subdesenvolvidos.
No Brasil, por exemplo, estão instaladas muitas
indústrias, ao passo que Nepal praticamente não
conta com nenhuma. A renda per capita do Uruguai
é mais de dez vezes superior à renda per capita da
Etiópia; ambos, entretanto, são considerados sub-
desenvolvidos.
2. Taxa de Crescimento da Economia – Alguns
países têm uma história de crescimento ininter-
rupto, enquanto outros permanecem estagnados

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


76
ou com pequenas taxas de crescimento da renda.
Entre 1960-72, 12 países, dos 142 considerados
subdesenvolvidos, apresentaram taxas negativas
de crescimento da renda per capita, 17 registraram
percentagens de 6% a.a. ou mais, e outros 27, com
2 a 3 % de crescimento anualmente.
3. Tamanho – Neste caso, a dimensão pode ser ex-
pressa tanto em território como em população.
Existem 22 países e protetorados com menos de
um milhão de habitantes. A Índia contava, em
1980, com 673 milhões, a China Popular com 977
milhões, além de outros países como Indonésia,
Brasil, México, Nigéria, Bangladesh, Paquistão,
cujas populações atingem de 50 a 135 milhões de
habitantes. O mesmo ocorre com a área geográfica,
que, em muitos casos, não passa de alguns milhares
de quilômetros quadrados, como Lesote, Swazilân-
dia, Gâmbia, Ruanda ou Burundi, contrapondo-se
ao Brasil, China, Índia, Mongólia, com milhões de
quilômetros quadrados.
4. Densidade Demográfica – Neste caso, podem ser
citadas Malta, com quase 3.000 habitantes por km2,
Mauritânia, com aproximadamente 5 habitantes/
km2.
5. Recursos Naturais – Podem ser referidos, neste
tocante, a Birmânia, Indonésia, Gabão, Brasil, os
países da OPEP e muitos outros com abundantes
recursos de minérios, solos, florestas e água. No
entanto, o Chad, Yêmen, Etiópia, etc são caracteri-
zados pela escassez ou inexistência desses recursos.

Pedro Sisnando Leite


77
6. Papel do Estado – Alguns países têm política Econô-
mica dirigida fundamentalmente para o desenvol-
vimento econômico. Outros, como o Zaire, pouco
interesse revelam com essa finalidade. Em certos
casos, a participação do governo nas atividades
Econômicas é preponderante, mas noutros domi-
nam as forças de mercado ou iniciativa privada. Os
sistemas políticos também são variáveis. Há casos
de sistemas ditatoriais, até formas de propósitos de-
mocráticos, afora aqueles de organização socialista
com planejamento centralizado.
7. Influências do Capital Estrangeiro e do Comér-
cio Exterior – As relações internacionais dos
países apresentam-se com particularidades para
cada caso. As relações de amizade entre vizinhos
tornam-se beligerantes noutros casos. Alguns
mantêm relações colonialistas e outros são contra
essa forma de dominação ou consquistaram suas
independências recentemente, enquanto países
como os da América Latina têm uma existência
centenária de independência. A tipologia do sis-
tema social vai desde as castas e religiões em di-
ferentes partes de um mesmo país, ou hierarquias
tribais, até nações de considerável organização
política e econômica. Há casos em que a parti-
cipação do setor externo na formação da renda
é negligenciável e outros nos quais representa o
sustento principal da economia. O mesmo pode-
-se dizer em relação à dependência financeira e
tecnológica do exterior.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


78
Em decorrência dessas diferenciações, é importante
que na formulação de políticas de desenvolvimento sejam
levadas em conta as características de cada país. Na verda-
de, raramente uma estratégia de desenvolvimento aplicada
com êxito em uma nação pode ser repetida com o mesmo
efeito em outra. Mesmo que outras sejam subdesenvolvi-
das podem, possuir diferenças substantivas em aspectos
geográficos, econômicos e sociais.

Pedro Sisnando Leite


79
CRESCENTE HIATO DE RENDA ENTRE OS PAÍSES

A s experiências de crescimento contínuo e autossus-


tentado tiveram início na Inglaterra há cerca de dois séculos,
aparecendo posteriormente em outras partes da Europa
Ocidental e nos Estados Unidos. Os casos mais notáveis
desse fenômeno tiveram lugar, no atual século, no Japão,
Canadá, União Soviética, Israel e outras poucas nações.
Há um consenso mundial de que a questão essencial
da nossa época, e também a mais dramática, é a do proble-
ma dos países subdesenvolvidos, os quais não conseguiram
acompanhar a evolução das nações hoje afluentes.
Apesar da recente notoriedade deste problema, a po-
breza não é um fenômeno novo no cenário mundial. Trata-
-se de uma situação antiga, existente antes da revolução
industrial.
Naquela época, porém, as diferenças de desenvolvi-
mento material entre as nações não eram significativas,
alternando-se as posições dos países neste tocante de
acordo com fatores meramente aleatórios. Naturalmente
que existiam fortes diferenciações nesses países no campo
dos padrões culturais, religiosos e políticos. Isto, porém,
não guardava estrita correspondência com as condições
Econômicas prevalecentes em tais nações.
Assim é que, mesmo há século e meio, os atuais países
economicamente avançados da Europa e América do Norte

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


80
apresentavam um nível de renda média apenas duas ou três
vezes superior ao das nações menos favorecidas da Ásia,
África e América Latina.
Principalmente a partir desta fase surgiu na Inglaterra,
França, Estados Unidos e outros poucos países da Europa
Ocidental uma sociedade altamente produtiva, orientada
para a industrialização, urbanização e tecnologia. A locali-
zação desta revolução socioeconômica deveu-se a inúmeros
aspectos circunstanciais, históricos, organizacionais, políti-
cos e sociais.
Enquanto isto ocorria, na outra parte do mundo con-
tinuava a predominar métodos tradicionais de produção e
a situação de pobreza mantinha-se quase inalterada com o
passar dos anos.
Devido a muitas circunstâncias, essas nações progres-
sistas foram-se distanciando economicamente das demais,
criando um fosso crescente entre a riqueza de poucos países
e a pobreza de uma grande parcela da população mundial.
Este processo motivou o surgimento de um novo fenômeno:
a pobreza relativa que se originou do confronto entre os
dois blocos de nações.
A renda média de um habitante dos Estados Unidos
da América do Norte, Suécia, Dinamarca, Suíça, Noruega,
Canadá, Alemanha, França e Bélgica variava, em 1980,
de US$ 10.000 a 16.440; e na Austrália, Nova Zelândia,
Finlândia, Reino Unido, Holanda, Itália e Japão atingia,
aproximadamente, US$ 6.000 a 10.000 dólares. No mesmo
ano, contudo, na Índia, Indonésia, Bangladesh e em muitos
outros países do mundo a renda per capita alcançava, apro-
ximadamente, US$ 200 a 500 dólares, havendo no mundo

Pedro Sisnando Leite


81
cerca de trinta países com renda per capita inferior a US$
300. Na Ásia e América Latina, muitos países também
apresentam acentuados contrastes em relação aos países
da Europa Ocidental e da América do Norte no tocante aos
níveis de renda per capita.
Grande segmento da população mundial, portanto,
permanece perto do nível de subsistência. Estima-se que,
em 1980, 60% da população do mundo vivia em países sub-
desenvolvidos e 1,2 bilhão de pessoas residiam em países
com menos de US$ 200 de renda por pessoa. Naturalmente
que tais níveis de renda estão associados com pobre nutri-
ção, alta taxa de analfabetismo, elevados percentuais de
mortalidade e curta expectativa de vida. A utilização da
força mecânica e a produtividade são reduzidas; os recur-
sos existentes, por falta de conhecimentos tecnológicos e
capacidade de iniciativa, são mal utilizados.
Enquanto isso ocorre nos países subdesenvolvidos,
verifica-se, nas áreas de elevada renda per capita, alto
consumo de energia elétrica, urbanização, relativamente
baixa percentagem da força de trabalho na agricultura,
elevados padrões de consumo de proteínas e calorias, ha-
bitação e vestuário.
Outro aspecto a considerar é que está aumentando o
hiato de renda entre os países desenvolvidos e subdesenvol-
vidos. Muitas questões, de origem qualitativa e quantitativa,
devem ser consideradas para permitir uma conclusão defi-
nitiva. Um fato, contudo, parece verdadeiro entre as muitas
controvérsias existentes sobre o assunto: o produto total dos
países subdesenvolvidos tem crescido em conjunto mais
rapidamente do que nos países desenvolvidos, conforme

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


82
se observa na Tabela 8, elaborada com base em dados das
Nações Unidas.

Tabela 8 – Taxas de Crescimento do PNB, População e


PNB per capita (1960 – 1970)

Taxas de Crescimento Anual


Áreas
PNB (%) População PNB Per Capita
(1) (2) (1) – (2) = (3)

Países Desenvolvidos 3,2 0,8 2,4


Países Subdesenvolvidos 4,6 2,4 2,2
América Latina 4,7 2,7 2,0
Ásia (países de baixa renda) 3,0 2,3 0,7

Fonte: Yearbook and National Accounts Statistics, Washington, UN.


1981.

A taxa média de crescimento anual do produto nacio-


nal bruto dos países desenvolvidos cresceu de 3,2% no
período de 1970-80, cabendo uma taxa de 4,6% aos países
subdesenvolvidos. Na América Latina, esse percentual foi
superior, atingindo 4,7%. Há discrepâncias, porém, quando
esses dados são considerados em termos per capita.
Nos países menos desenvolvidos, o crescimento da
população vem sendo mais rápido do que nos demais países,
o que resulta em alterar as taxas de crescimento indicadas
anteriormente. Assim, comparando as cifras de crescimento
da renda per capita entre os citados países, verifica-se que,
no mesmo período, os países desenvolvidos obtiveram, em
média, taxas mais elevadas de crescimento (2,4%) do que
os subdesenvolvidos (2,2%). A América Latina não ultra-
passou a barreira dos 2,0%, ficando a Ásia com menos de
um por cento.

Pedro Sisnando Leite


83
Em resumo, o mais rápido crescimento demográfico
dos países insuficientemente desenvolvidos está absor-
vendo a diferença absoluta de crescimento da renda, em
comparação com os países desenvolvidos. Por conseguinte,
pode-se concluir que a distância entre os níveis de renda
per capita dos países ricos e pobres está aumentando.
McNamara, ex-presidente do Banco Mundial, colocou
em Nairobi esse problema da seguinte maneira: “A base
industrial das nações ricas é tão grande, sua capacidade
tecnológica tão avançada e, consequentemente, suas van-
tagens tão imensas que é irrealista esperar que o hiato irá
reduzir-se até o fim do século. Todas as indicações são de
que ele continuará a crescer”.
De acordo com dados elaborados por Barbara Ward
(The Widening Gap, 1971), constantes da tabela seguinte,
esta tendência continuará acentuando-se nos próximos
anos. Na verdade, em 1850, o hiato de renda per capita
entre os países da Europa Ocidental e os países pobres era
de US$ 100 a 200 dólares. Cem anos depois (1950), atingia
mais ou menos US$ 1.000, em 1960, US$ 1.500, em 1970,
US$ 2.000 e no ano 2.000 seria de US$ 6.500.
Informações do Banco Mundial, constantes da Figura
2, também demonstram a mesma tendência de distancia-
mento da renda per capita dos países subdesenvolvidos em
relação às nações industrializadas.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


84
Figura 9 – O Hiato de Renda entre os Países
(US$ dólares de 1960)

Países 1950 1960 1967 2000

Países desenvolvidos 1.205 1.587 2.042 7.450


Países subdesenvolvidos
África 95 110 118 430
América Latina 350 433 486 1.770
Ásia 80 95 110 400

US$

8.000 —

6.000 —

4.000 —

Desenvolvidos —

2.000 —

América Latina —

África e Ásia


1950 60 70 80 90 2.000

Fonte: Bárbara Ward. The Widening Gap, 1971.

Pedro Sisnando Leite


85
O PROCESSO DE CAUSAÇÃO CIRCULAR DO
SUBDESENVOLVIMENTO

D iante do fato concreto das acentuadas disparidades


de renda entre os países, as nações subdesenvolvidas consi-
deram uma necessidade saírem da situação de pobreza em
que se encontram. Assim, o crescimento econômico rápido
passou a constituir-se uma das aspirações generalizadas dos
países insuficientemente desenvolvidos.
Para melhorar as condições desses países e obter
um desenvolvimento econômico-social duradouro são
necessários enérgicos esforços e mudanças, às vezes radi-
cais, nas políticas e no comportamento dos indivíduos. A
transformação da economia e da sociedade é a única me-
dida verdadeira do êxito alcançado no desenvolvimento.
De fato, o desenvolvimento não se expressa unicamente
pelo aumento da capacidade produtiva da economia, mas
decorre fundamentalmente de transformações econômicas
e sociais substantivas.
Analisando o processo de desenvolvimento, Everett
E. Hagen37 afirma que, à medida que a produtividade e a
renda aumentam, a economia e a sociedade se modificam
de diversas maneiras e de acordo com um processo circu-
lar em que as causas tanto podem ser as causas como os

37
The economics of development. Massachusetts Institute of Tecnology, 1968.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


86
efeitos do processo de transformações. Quanto aos métodos
de produção, Hagen comenta que a proporção no uso do
capital em relação à mão de obra se eleva firmemente, en-
quanto as unidades produtivas, em média, aumentam sua
dimensão tanto no tocante à mão de obra empregada como
em termos de quantidade de capital ou por volume de pro-
dução. Ao mesmo tempo, também se opera uma crescente
especialização da mão de obra entre as unidades produtivas
e, interiormente, em cada uma dessas unidades.
Outra característica desse fenômeno se refere à es-
trutura da produção, que também se modifica de diversas
maneiras. Assim, o volume médio da produção por trabalha-
dor no setor industrial e no setor serviço se torna maior do
que o gerado no setor agrícola, persistindo tais diferenças,
a não ser que o país apresente vantagens comparativas na
agricultura. As condições dos mercados se alteram também
em diversas modalidades. Com o aumento da renda per
capita, o mercado doméstico se amplia. A melhoria dos
transportes e comunicações contribui para que a área de
mercado para os produtos também se expanda. Por outro
lado, o volume das transações internacionais aumentam
tanto as exportações como as importações, ao mesmo tempo
em que ambas as correntes comerciais passam por mudança
na sua composição.
O país em desenvolvimento passa por uma revolução
demográfica, sendo que, segundo Hagen, “as mudanças nas
instituições econômicas e não econômicas seguem parale-
lamente às mudanças econômicas”.38 Consequentemente,

38
Op. cit., p. 54.

Pedro Sisnando Leite


87
a organização do sistema deve ser mobilizado para trans-
por inúmeros obstáculos que predominam nas economias
subdesenvolvidas.
De modo geral, nas economias subdesenvolvidas fal-
tam recursos ou a necessária capacidade para usar adequa-
damente os existentes. Os baixos níveis de renda dominantes
levam a economia a apresentar uma limitada capacidade de
poupança e, consequentemente, de investir produtivamente.
Por sua vez, a insuficiência de formação de capital básico
dificulta ou impossibilita a utilização de recursos naturais e
humanos disponíveis com capacidade ociosa. Esse fenôme-
no de perpetuação do subdesenvolvimento é denominado
de “Círculo Vicioso da Pobreza” (FIGURA 10).
Associado a esse fenômeno de causação circular, a
economia desses países, em geral, é excessivamente instá-
vel devido à grande dependência de uns poucos produtos
na pauta de exportação, de modo que nas ocasiões em que
os preços desses produtos caem, transmite-se à economia
um estado de calamidade.39 A falta de educação, em geral,
e técnica tornam os quadros de pessoal administrativo do
governo e empresarial deficientes, enquanto o sistema de
propriedade fundiária é comumente defeituoso e limitante
às transformações essenciais do setor agrícola. A questão
básica nos países subdesenvolvidos é: o que deve ser feito
para quebrar esse círculo vicioso e conduzir tais países a
um processo de desenvolvimento acelerado e duradouro?
Em outras palavras, quais são as políticas, estratégias,
procedimentos e medidas que os países subdesenvolvidos

39
Sarnir Amin. O desenvolvimento desigual. Rio: Forense, 1973.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Figura 10 – O Círculo Vicioso da Pobreza
88

Pedro Sisnando Leite


BAIXA PRODUTIVI-
DADE BAIXA PRODUTIVIDADE

BAIXA
FALTA DE RENDA
CAPITAL OFERTA DEMANDA
PER CAPITA INSUFICIENTE
INVESTIMENTO

BAIXA CAPACIDADE BAIXO PODER


DE POUPANÇA DE COMPRA BAIXA PROPENSÃO
A INVESTIR
89
necessitam adotar para a conquista do desenvolvimento
econômico-social? Como obter melhor educação e saúde,
mais adequada habitação, melhores transportes e comuni-
cação, maior estabilidade Econômica, prestígio e posição
na comunidade internacional?
Não há, evidentemente, uma resposta única e defi-
nitiva para semelhantes indagações. A teoria do desen-
volvimento econômico objetiva exatamente oferecer os
instrumentos de análise e orientação para a formulação das
políticas e diretrizes de ação nesse sentido.
O processo de desenvolvimento pode assumir diversas
modalidades de acordo com a estrutura produtiva do país,
antecedentes históricos e sistema político etc. Em quais-
quer circunstâncias, contudo, encontram-se alguns fatores
comuns para explicar o crescimento de uma economia. É
importante distinguir, nesse particular, entre os compo-
nentes do desenvolvimento – capital, recursos naturais e
força de trabalho – e o processo de desenvolvimento em si.
O processo de desenvolvimento e o ritmo em que se
desenvolve uma economia implicam modificações na es-
cala de produção, melhoramento da qualidade da mão de
obra, aumento da eficiência administrativa governamental,
obtenção de recursos externos para completar os recursos
internos e permitir a realização das importações necessá-
rias ao desenvolvimento. E, finalmente, aumento da parte
do produto que é investido (inversões em bens de capital,
inversões sociais em educação, habitação, saúde etc.).40

40
Ragna Nurkse. Problemas de formação de capital em países subdesenvolvidos.
Rio, 1957. Este é um dos livros mais importantes para o estudo do círculo
vicioso da pobreza.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


90
De modo geral, o problema básico do desenvolvimento
econômico consiste em assimilar a tecnologia moderna, isto
é, métodos novos e mais eficazes de produção. O progresso
técnico se caracteriza pelo aumento quantitativo do produto
obtenível por um processo produtivo graças às modificações
e aperfeiçoamentos decorrentes dos acréscimos de produção
e da diminuição dos custos no âmbito microeconômico e
ao aumento da renda nacional na esfera macroeconômica.
Em resumo, pode-se concluir que:

1) Indicações do aumento do hiato da renda entre os


países subdesenvolvidos e os desenvolvidos desper-
tam um grande interesse pela aceleração das taxas
de crescimento do PNB, objetivando: a) romper o
círculo vicioso da pobreza: b) diminuir ou eliminar
o hiato de renda entre os países.
2) A experiência dos últimos anos nos países subde-
senvolvidos demonstrou que, em diversos casos,
foi possível obter taxas de crescimento bastante
superiores às dos países desenvolvidos. Isto, po-
rém, criou outros problemas. A concentração da
renda, desemprego e a desigualdade social emer-
giram nesses países em magnitude assustadora,
impondo rever os tradicionais objetivos do rápido
crescimento.
3) Atualmente acredita-se que é preferível um cres-
cimento mais moderado, com maior equidade
e menos aumentos quantitativos da renda. Esta
concepção generalizou-se em todos os países sub-
desenvolvidos, passando a ser a maior aspiração.

Pedro Sisnando Leite


91
Argumenta Irma Adelman41 que o processo de de-
senvolvimento dos países não comunistas que obtiveram
sucesso combinando acelerado crescimento e melhoria da
renda dos pobres (Israel, Japão, Coréia do Sul, Formosa)
apresentam aspectos em comum na estratégia adotada, de
acordo com a seguinte sequência:

a) Radical distribuição da renda, às vezes acompa-


nhada por uma taxa moderada de crescimento da
produção.
b) Acumulação maciça de capital humano e especia-
lização acima das necessidades da demanda.
c) Política Econômica direcionada para o rápido cres-
cimento do emprego da mão de obra.
d) Desenvolvimento da apropriada tecnologia para os
grandes países e comércio externo para os peque-
nos, e que tenham limitações de recursos naturais
e humanos.

Numa visão mais ampla do processo de causação


circular do subdesenvolvimento e do desenvolvimento,
podem ser identificados vários fatores causais de ambos,
quais sejam:42 (ver Figura 11).

Fatores internacionais – Comércio externo, ajuda e fi-


nanciamentos internacionais, empresas multinacionais, etc.

41
Development economics – a reassesmant of Goal’s. The American Economic
Review, papers and procedings, May, 1975, p. 307-8.
42
Antônio Nilson Craveiro Holanda. A política de desenvolvimento do Nordeste.
Fortaleza: BNB, 1979. p. 31.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


92
Fatores exógenos – Decisões políticas e administrativas.
Fatores circunstanciais – Existência ou não de recur-
sos naturais e humanos, eventos históricos que favoreçam
ou prejudiquem a evolução econômica.
Fatores endógenos – Estruturas políticas e sociais,
atitudes mentais, interesse e motivações para o desenvolvi-
mento, organização e existência de uma classe empresarial
dinâmica.
Planejamento e estilos de desenvolvimento – O pa-
drão de desenvolvimento, enfim, depende do caráter do
modelo seguido e da eficiência Econômica e social de sua
execução.

Figura 11 – Fatores Determinantes do Subdesenvolvimento


IOSO DA
VIC P
O
O
UL

BR
CÍRC

EZA

SUBDESENVOLVIMENTO

FATORES FATORES
INTERNACIONAIS EXÓGENOS

PLANEJAMENTO E
ESTILOS DE
DESENVOLVIMENTO

FATORES FATORES
CIRCUNSTANCIAIS ENDÓGENOS

DESENVOLVIMENTO
EZ A
CÍRC

U
UL

IQ

O R
VIC
IOSO DA

Fonte: Baseado no esquema preparado pelo prof. Antônio Nilson Craveiro


Holanda, constante do seu livro A política de desenvolvimento do Nordeste.
Fortaleza: BNB, 1979.

Pedro Sisnando Leite


93
COMPONENTES DAS NOVAS ESTRATÉGIAS DE
DESENVOLVIMENTO

Novo Estilo de Desenvolvimento

A s aspirações do mundo moderno e as novas realida-


des históricas, políticas e sociais da população dos países
subdesenvolvidos convergem para a busca de um novo
estilo de desenvolvimento.43
Dessa maneira, procura-se resumir, a seguir, os as-
pectos mais importantes do significado de novas políticas
econômicas segundo os conceitos de um novo padrão de
desenvolvimento das sociedades do Terceiro Mundo.

1. O desenvolvimento deve ser concebido como um


processo integral abrangendo metas Econômicas
e sociais, assegurando, de modo efetivo, a parti-
cipação da população nesse processo e nos seus
benefícios, ou seja, os grupos sociais que eram “ob-
jeto” devem passar a ser também “sujeito” e “fim”
desse processo.
2. O segundo requisito para um desenvolvimento
autêntico é a realização de mudanças estruturais
simultâneas como pré-requisito para o desenvol-
43
Ronaldo Munck. The design of rural development – lessons from Africa. Was-
hington, John Hopkins University Press, 1975.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


94
vimento integral, bem como redução do estado
de dependência para obter uma maior capacidade
autônoma de crescimento voltado para satisfazer
os objetivos de bem-estar da sociedade como um
todo.
3. O desenvolvimento necessita ser conduzido segun-
do estratégia que permita uma crescente eficácia
na utilização do ambiente natural, tecnológico,
cultural e social.
4. A construção de um novo estilo de desenvolvi-
mento não se deve basear na exclusiva filosofia
da riqueza material, pois a sociedade de consumo
motiva desentendimentos, incertezas, ansiedades,
enfim, sociedades alienadas, submetidas a angús-
tias crescentes, como o mundo rico está sofrendo.
Há necessidade, pois, de reavaliar os objetivos de
produção e corrigir as distorções do sistema de
valores sociais voltados basicamente para referên-
cias manipuladas pelos meios de comunicação, de
caráter estritamente comercial.
5. As nações subdesenvolvidas deverão preparar-se
para abandonarem a filosofia do crescimento, como
ocorre no Brasil, para uma economia social, substi-
tuindo a meta de “lucro econômico” pelo conceito
de “lucratividade social”.

Uma Ordem Social Equitativa

Um grupo de 21 especialistas de vários países indus-


trializados, socialistas e do Terceiro Mundo, que traba-

Pedro Sisnando Leite


95
lharam no projeto Reformulação da Ordem Internacional
(ROI), sob a coordenação de Jan Timbergen, propuseram
os seguintes objetivos para os países subdesenvolvidos.44
Satisfação das necessidades básicas – Tais necessida-
des são materiais e não materiais, individuais e coletiva, ou
seja, alimentos, água, saúde, abrigo, transporte, vestuário.
A meta é definir em cada país ou região o mínimo exigido
dessas necessidades para uma vida dignificante. Progressi-
vamente, a partir do atendimento da sobrevivência, deverão
ser supridas as necessidades de oportunidade de trabalho,
a participação da população nas tomadas de decisões de
assuntos que afetam a sua vida e melhoria nas condições
ambientais.
Educação – Deve ser um direito de todos que dese-
jarem obtê-la. A educação deve ser vista tanto como um
treinamento prático como do tipo formal, destinada a pre-
parar o indivíduo, mental e moralmente, para o desenvol-
vimento. Deve merecer toda a prioridade, pois se trata de
um dos elementos mais importantes para a realização das
aspirações pessoais e para forçar as mudanças necessárias
no decorrer do processo de modernização da economia. A
educação, enfim, é a chave do problema do desenvolvimen-
to dos mais pobres.
Erradicação da pobreza – De acordo com o Banco
Mundial, cerca de 500 milhões de pessoas vivem nas mais
precárias condições de decência humana, fome e desespe-
ro. Os esforços para remediar essa grave situação deverão
basear-se em melhor distribuição da renda a fim de que os
44
Reshaping the international order – Report to the Club of Rome. London: Agon
Elsevier, 1976.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


96
mais pobres possam viver com mais dignidade e como co-
laboradores do desenvolvimento. Há necessidade de ações
bem organizadas para o ataque seletivo contra as piores
formas de pobreza absoluta: subnutrição, doenças, misé-
ria e desigualdade. Como grande parte das pessoas desta
categoria estão radicadas no quadro rural e provêm desta
zona, deverão ser motivo de muita prioridade programas
destinados ao desenvolvimento da agricultura, segundo
a concepção do desenvolvimento rural integrado que se
propõe técnica e ideologicamente a resolver tais problemas.
Desenvolvimento por esforço próprio e participativo
– A mobilização das energias do próprio povo é um recurso
de significativa relevância e que tem sido esquecido pelos
modelos de desenvolvimento da maioria das nações sub-
desenvolvidas. Especialmente no nível local, este recurso
alcança um significado duplo, pois tanto corresponde a
uma modalidade de produção como de respeito, afirmação,
autodeterminação e ajustamento social comunitário. Como
diz Jan Timbergen, “o desenvolvimento autônomo, com o
apoio em instituições locais e não importado, é um meio
pelo qual uma nação pode reduzir sua vulnerabilidade”.45
Este argumento se aplica a diferentes níveis: local, regional,
nacional e internacional.
Ecodesenvolvimento equilibrado – Este segmento
corresponde à adoção de um estilo de desenvolvimento em
harmonia com o meio ambiente, evitando as modalidades
de exploração agrícola destruidoras dos solos e métodos
errôneos de pastagem. O aproveitamento dos recursos
biológicos e a adoção de reciclagem de materiais de valor
45
Op. cit., p. 94-98.

Pedro Sisnando Leite


97
econômico podem ser uma fonte importante de economia
e meio de produção local.
O exercício do poder público – A execução de um
estilo de desenvolvimento social não poderá ser alcança-
do sem uma participação ativa do setor público. De fato, a
satisfação das necessidades básicas, a criação de emprego,
a distribuição de renda e a erradicação da pobreza não
seriam realizadas numa sociedade de propriedade privada
fundamentada no lucro, como ocorre em muitos países
subdesenvolvidos modernos.
O objetivo do poder público, juntamente com a ini-
ciativa privada, deverá ser a busca de maior igualdade da
satisfação social geral e dos segmentos mais pobres das
sociedades subdesenvolvidas, ou seja, o alcance de uma
Ordem Social Equitativa, democrática e livre.
Os objetivos fundamentais de um novo estilo de de-
senvolvimento devem ser orientados no sentido de buscar
a igualdade de oportunidades para os produtores e consu-
midores, a máxima liberdade compatível com o respeito dos
direitos dos outros e a solidariedade e participação social
dos grupos com diferentes capacidades humanas. A criação
de emprego como objetivo de dignidade e bem-estar primá-
rio e a obtenção de uma distribuição de renda mais justa
devem ser também preocupação central dessa estratégia.
Isso significa, em síntese, que a finalidade fundamental
dessa estratégia de mudança é conseguir uma vida de dig-
nidade e bem-estar para todos os cidadãos. Enfim, o novo
desenvolvimento deve buscar a justiça, a solidariedade, o
favorecimento dos fracos e pequenos, visando a eliminar a
miséria e a supressão dos privilégios.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


98
Figura 12 – As Quatro Dimensões do Desenvolvimento

CRESCIMENTO INTERIORIZAÇÃO
ECONÔMICO

(A realização do desenvol- (Redução das disparidades


vimento econômico integral regionais e equilíbrio espacial
e social necessita do cresci- com objetivo de diminuir as
mento da produção de bens e diferenças entre os centros
serviços per capita para pos- urbanos e as zonas rurais)
sibilitar os meios necessários
a esta finalidade.)

estratégias
de
desenvolvimento
econômico

EFICIÊNCIA DO DISSEMINAÇÃO SOCIAL


SISTEMA DO DESENVOLVIMENTO

(O uso racional dos recur- (Emprego, distribuição da


sos é condição básica do renda e bem-estar de toda a
desenvolvimento, tanto a população e não apenas de
eficiência privada como, segmentos privilegiados.)
principalmente, a social.)

Pedro Sisnando Leite


99
POR UMA NOVA ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL

O sistema econômico internacional, adotado no


período após a II Guerra Mundial, favoreceu muito limita-
damente os “interesses dos países subdesenvolvidos.
Durante os últimos 30 anos, as relações econômicas
e políticas entre os países ricos e pobres estiveram muito
influenciadas pelos vínculos coloniais ou de dependência
e dominação prevalecentes nas fases anteriores. Como
decorrência disso, acham os economistas e líderes dos
países subdesenvolvidos que, nos últimos decênios, tem
ocorrido uma desigual distribuição dos benefícios do de-
senvolvimento econômico internacional em detrimento dos
interesses dos países do Terceiro Mundo.
Para fazer frente a essa situação, os países subdesen-
volvidos, através de um movimento que se notabilizou
como “diálogo Norte-Sul”, passaram a reivindicar em foros,
conferências e junto aos órgãos das Nações Unidas um trata-
mento mais equitativo e correspondente às novas realidades
internacionais. A recente Reunião Internacional sobre Coo-
peração e Desenvolvimento, realizada no México (Cancún),
reuniu 22 líderes dos países desenvolvidos e subdesenvolvi-
dos46 com o propósito de examinar os problemas atinentes

46
Participaram dessa reunião: países industrializados – EUA, Japão, Inglaterra,
França, Alemanha Ocidental, Canadá, Suécia e Áustria. E 14 países em re-
presentação do Terceiro Mundo – Argélia, Bangladesh, Brasil, China, Guiana,

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


100
à lacuna de desenvolvimento entre os pobres do Hemisfério
Sul e os ricos, a maioria do Norte. O progressivo aumento
da dependência dos países desenvolvidos em termos de
matérias-primas, alimentos e fontes energéticas oriundas
das nações do Terceiro Mundo criou uma nova situação de
barganha e força política no cenário internacional.
A busca por uma nova ordem Econômica internacio-
nal adquiriu força durante os anos de 1974 e 1975. Para os
países subdesenvolvidos, é necessário adotar um programa
de ação, o qual foi aprovado, inicialmente, pela Assembleia
Geral da Organização das Nações Unidas, em maio de 1974.
Essa resolução foi seguida, posteriormente, pela “Carta de
Direitos e Deveres dos Estados” e outros documentos, todos
eles expressando reivindicações das nações subdesenvol-
vidas com vistas a suprimir injustiças existentes e corrigir
situações anteriores. Uma das aspirações dos países do
Terceiro Mundo com o novo programa é reduzir o hiato
de renda entre esses países e as nações industrializadas,
conforme comentado no item anterior.
De modo geral, o programa da nova ordem Econômica
internacional busca os seguintes objetivos:

 Ter as exportações dos países subdesenvolvidos


(manufaturas, matérias-primas e produtos agríco-
las) maior acesso aos mercados das nações desen-
volvidas.
Índia, Costa do Marfim, México, Nigéria, Filipinas, Arábia Saudita. Tanzânia,
Venezuela e Iugoslávia. A Rússia, convidada, não compareceu. A primeira
Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento ocorreu
em Genebra em 1964. As conferências seguintes foram realizadas em Nova
Delhi (UNCTAD II), em 1968; UNCTAD III, em Santiago do Chile, em 1971;
UNCTAD IV, em Nairobe, em maio de 1976, e, finalmente, a UNCTAD V, em
Manila, em maio de 1979.

Pedro Sisnando Leite


101
Figura 13 – Distribuição da Renda e População entre os
Países Desenvolvidos-Norte e Subdesenvolvidos-Sul

POPULAÇÃO MUNDIAL (1978)


4.205 milhões

NORTE
1.061
25%

SUL
3.144 (*)
75%

RENDA MUNDIAL (US$/1977)


7,475 bilhões

NORTE 5.790
77%

1.685(*) SUL
23%

(*) Inclui China

Fonte: Development and Cooperation. Bonn, German Foundation for


International Development, n. 5, october/november, 1981.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


102
 Estabilizar ou reduzir as flutuações dos preços
dos produtos primários (relação entre os preços de
exportação e de importação).
 Obter um movimento cada vez maior de capital
tanto de ajuda como comercial para os países sub-
desenvolvidos e tomar medidas para aliviar a carga
de suas dívidas acumuladas.
 Estabelecer controles nacionais e internacionais
sobre as multinacionais que operam no mundo
subdesenvolvido.
 Possibilitar, a custo reduzido, um maior acesso a
tecnologias avançadas, e, ao mesmo tempo, criar
uma “nova ordem tecnológica” dentro do desen-
volvimento de um estilo próprio de tecnologia dos
países subdesenvolvidos.

A proclamação das decisões relativas ao estabeleci-


mento da nova ordem internacional repousa nos princípios
de soberania nacional, interdependência, não discrimina-
ção, justiça e igualdade.
O programa elaborado com este propósito pelas Na-
ções Unidas faz da igualdade a base de todo o sistema, inclu-
indo a transferência direta dos meios materiais, financeiros
e econômicos com esta finalidade.
Em recente reunião da “Society for Internacional De-
velopment,” ocorrida em Ottawa, o Prof. Mahbub Ul Hag,
presidente da mencionada reunião, disse em seu discurso
de encerramento:
A crise Econômica e a política internacional têm
suas raízes nas atuais estruturas institucionais do

Pedro Sisnando Leite


103
mundo e apenas as ações nacionais não ajudarão
a resolver esses problemas, a não ser que tais
estruturas sejam modificadas.47
Não se conclua, porém, que os problemas do subdesen-
volvimento sejam uma questão unicamente de dependência
internacional. No seu recente livro “Transformación y de-
sarrollo: la gran tarea de America Latina”, o Dr. Raúl Prebish,
que é uma das maiores autoridades neste campo, afirma:

Há chegado o momento de abandonar a atitude


tão frequente de atribuir só a fatores externos o
ritmo insuficiente do desenvolvimento latino-
-americano, como se não existissem fatores in-
ternos muito importantes que o obstaculizam.48

Nas conferências recentes que Raúl Prebish tem pro-


nunciado há uma manifesta mudança na concepção que foi
a base intelectual das doutrinas da Comissão de Estudos
para a América Latina. O novo enfoque de Prebish não
é contra o Norte (desenvolvido), mas diretamente contra
o próprio Sul (subdesenvolvido). A sua tese reflete uma
frustração com o Terceiro Mundo que necessita cuidar dos
seus problemas internamente. Ele mantém a teoria de que a
acumulação de capital é a chave do desenvolvimento, mas
ressalta que é indispensável a diminuição dos desperdícios
desse recurso tanto pelo seu uso mais eficiente como pela
redução dos gastos militares e do consumo conspícuos.
Afirma textualmente Prebish:

48
Raúl Prebish. Transformación y desorrollo: la gran tarea de America Latina.
Washington, Banco Interamericano de Desarrollo, 1970.
47
Compass Newletter of the society for international development, n. 8. Jan./
Apr. 1981.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


104
Nós (os subdesenvolvidos) estamos concorrendo
numa frenética imitação dos padrões de consumo
dos países ricos os quais são desperdícios que
não podemos imitar. Há necessidade de construir
um conceito de desenvolvimento semelhante ao
que os japoneses adotaram, isto é, alta poupança
e austeridade para aplicação em investimentos
para o desenvolvimento econômico.49

O modo pelo qual os países subdesenvolvidos se


acham integrados na economia internacional pode ser ob-
servado na Figura 14 que relaciona o sistema social global
com o sistema social interno.
A ligação entre as forças externas e internas se reflete
nos baixos padrões de vida dos países subdesenvolvidos,
baixo autorrespeito e liberdade limitada dos países da pe-
riferia da economia mundial.

49
Internacional Agricultura Development. England, Jul/ Aug., 1981.

Pedro Sisnando Leite


105
Figura 14 – Sistema Global do Subdesenvolvimento (a)

SISTEMA SOCIAL
INTERNO

BAIXOS BAIXO
PADRÕES AUTORRESPEITO
DE VIDA

LIBERDADE
LIMITADA

SI
ST L
EM NA
A SOC I O
IAL INTE RNAC

BAIXOS PADRÕES DE BAIXO LIBERDADE


VIDA AUTORRESPEITO LIMITADA

• Tecnologia inadequada • Transferência de valores • Dependência econômica:


• Barreiras comerciais materialistas Comerciais
• Ajuda vinculada-Dívida • Educação urbana Tecnológicas
• Sistema educacional e de • Estilo de vida alienado Transferência de mo-
saúde inadequados • Expectativas crescentes delos inadequados de
• Colonialismo e dualismo desenvolvimento
econômico-sociais

(a)
A fonte original deste gráfico foi o livro de M. TODARO. Introdução à Eco-
nomia: uma visão para o terceiro mundo. Rio: Campus, 1979.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


106
NOVO PROGRAMA PARA OS MAIS POBRES ENTRE OS POBRES

D entre os países do Terceiro Mundo, existe um gru-


po de nações que enfrenta, atualmente, graves problemas
econômicos estruturais que clamam por medidas extraor-
dinárias de ajuda por parte da comunidade internacional.
Para esta finalidade, as Nações Unidas elaboraram, em 1971,
conceitos de países mais pobres dos pobres (os demais paí-
ses do Terceiro Mundo foram denominados de países em
desenvolvimento) para a segunda década do desenvolvi-
mento, cuja lista original, aprovada pela Assembleia Geral,
baseou-se nos seguintes critérios:

• Baixo produto social bruto por pessoa.


• Participação em 1975 de 10% do produto industrial
na formação do produto interno bruto.
• Alto nível de analfabetismo na população adulta
(80% das pessoas de mais de 15 anos).

De acordo com estes indicadores, os países classifica-


dos foram, originalmente, os que seguem:50
África (20): Benin, Botsuana, Burundi, Cabo Verde,
República Centro Africana, Chade, Comores, Etiópia, Gâm-

50
Djibuti, Guiné Equatorial, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Seychelles
e Togo estão considerados pelas Nações Unidas para inclusão na lista dos
países menos desenvolvidos.

Pedro Sisnando Leite


107
bia, Guinéia, Lesoto, Malavi, Mali, Níger, Ruanda, Somália,
Sudão, Tanzânia, Uganda e Alto Volta.
Ásia: Afeganistão, Iêmen, Bangladesh, Butão, Rep.
Pop. do Iêmen (Democrática), Laos, Ilhas Maldivas e Nepal.
Pacífico: (1): Ilha Samoa.
América (1): Haiti.

A população desses 30 países foi estimada, em 1977,


em 253 milhões de habitantes com uma renda per capita
média de US$ 139. Em termos percentuais, esses dados
representam 12% e 28%, respectivamente, dos países em
desenvolvimento. O crescimento da renda per capita dos
mais pobres foi de menos de 1% no período 1960-77 contra
cerca de 3% nos demais países em desenvolvimento, apesar
do incremento desses últimos ainda ser considerado insu-
ficiente para a recuperação das grandes disparidades de
progresso existentes entre essas nações do Terceiro Mundo
e os países desenvolvidos.
Reconhecendo tal situação, a V Conferência sobre
Comércio e Desenvolvimento, das Nações Unidas, realiza-
da em Manila (Filipinas), em julho de 1979, aprovou por
unanimidade uma resolução51 preconizando iniciativas
adicionais para o estabelecimento de Uma Nova Ordem
Econômica Internacional. Neste sentido, considerando a
grave situação Econômica e social das mencionadas nações,
a V UNCTAD adotou um “NOVO PROGRAMA GLOBAL DE
AÇÃO” constante de duas fases: Programa de Ação Imediata
(1979-81) e Um Novo Programa de Ação Substancial para
a Década de 1980.
51
UNCTAD V. TD/RES/122 (v). Fifth session. Manila – 3 july 1979.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


108
A primeira fase tem por finalidade: (a) aplicar um em-
purrão imediato na economia desses países no tocante ao
atendimento das pressões sociais imediatas; b) preparar o
caminho para os esforços de desenvolvimento a longo prazo.
A segunda fase tem por objetivo transformar as eco-
nomias desses países menos favorecidos na busca de um
crescimento autossustentado, de modo que alcancem os
padrões internacionais mínimos de nutrição, saúde, trans-
porte e comunicação, habitação e educação, bem como
oportunidades de trabalho para a população, especialmente
os pobres do quadro rural.
A seguir, é feita uma condensação das decisões da V
UNCTAD sobre o assunto, destacando os seus objetivos e
políticas.

O Programa de Ação Imediata (1979-81)

Este programa busca identificar meios para a imple-


mentação de ações que permitam:

 expansão imediata de recursos para fortalecer os


esforços destinados à melhoria do padrão de vida
da população;
 urgente e substancial suprimento de insumos para a
agricultura e o desenvolvimento rural (fertilizantes,
bombas, etc.) com o propósito de aumentar a pro-
dução e a produtividade deste setor, especialmente
o de alimentos;
 fornecimento de assistência técnica para ajudar a
resolver os problemas prementes de administra-
ção, reparo de equipamentos e outros gargalos de

Pedro Sisnando Leite


109
modo a melhor utilizar a infraestrutura e as fábri-
cas existentes;
 suporte financeiro para atividades, no nível das
comunidades, que criem empregos, inclusive em
projetos públicos rurais de pequena escala, inten-
sivos de mão de obra.

Os termos da resolução sobre o programa imediato de


ação (1979-81), para o grupo mais pobre de nações, assegu-
ram que a comunidade internacional está no dever de for-
necer os meios necessários para complementar os recursos
desses países na primeira fase crítica de desenvolvimento.
Tal cooperação se torna especialmente indispensável no que
tange à preparação para o novo programa de ação destinado
à década de 80.

Programa de Ação para a Década de 1980

O Novo Programa de Ação Substancial para a Déca-


da de 80, destinado aos países menos desenvolvidos das
nações subdesenvolvidas, abrange os aspectos dirigidos a
mudanças estruturais, necessidades sociais e investimentos
para a transformação econômica.
Os principais problemas a superar com o programa
são característicos do subdesenvolvimento, os quais foram
enumerados pela V Conferência de Comércio, Ajuda e De-
senvolvimento das Nações Unidas (UNCIAD).

Muito baixo nível de renda per capita.


Proporção demasiadamente elevada da população
no setor de subsistência, onde é extremamente

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


110
baixa a produtividade agrícola e deficientes as
instituições de suporte à agricultura.
Ineficiente e pouca exploração dos recursos naturais
por falta de conhecimento, capital e mão de obra
especializada.
 Industrialização pouco desenvolvida e limitada
capacidade “per capita” de exportar, associada com
baixo volume de importação, mesmo com ajuda
externa.
 Escassez aguda de mão de obra treinada em todos
os níveis.
 Infraestrutura física e institucional muito deficiente,
inclusive educação, administração, treinamento,
saúde, habitação, transporte e comunicação.
 Além dessas situações de extrema pobreza, os países
classificados nesse grupo geralmente sofrem de uma
ou mais das seguintes adversidades geográficas ou
climáticas: erosão, secas e desertificação, alta pos-
sibilidade de ciclones e inundações, elevado grau
de insoloção, além de pragas e insetos destruidores
das plantações.

O novo programa de ação para a década de 80 poderá


abranger ajuda financeira, assistência técnica e suporte para
a melhoria da alimentação, saúde, habitação, transporte e
comunicação e meios para o desenvolvimento rural.
Admitem os técnicos das Nações Unidas que, com
a execução desse programa, será possível motivar o pro-
gresso econômico dessas nações, criar empregos no meio
rural e para os segmentos pobres das zonas urbanas. Enfim,

Pedro Sisnando Leite


111
pretende-se com as referidas ações de ajuda e cooperação
internacional melhorar os padrões de vida dessa popula-
ção, conforme níveis que estejam mais de acordo com o
atendimento às necessidades mínimas de sobrevivência e
dignidade humanas.
Os efeitos econômicos e sociais desses programas
estarão sujeitos, todavia, a muitas dificuldades advindas
do próprio subdesenvolvimento. Algumas outras causas
políticas e militares também estarão desafiando a capaci-
dade realizadora dos governantes dessas nações. A invasão
soviética do Afeganistão, a guerra civil no Chade, os pro-
blemas deixados por Idi Amin em Uganda, as lutas internas
em Bangladesh, distúrbios na Etiópia e Somália, a guerra
da Namíbia com Angola, com interferência da África do
Sul, são apenas alguns exemplos dos graves obstáculos que
praticamente cada uma dessas nações terá de superar nos
seus programas de desenvolvimento econômico e organi-
zação social.52

52
CONJUNTURA: A análise da atualidade Econômica. Rio, IBRE. v. 35, n. 10,
out. 1980.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


112
TABELA 9 – Renda per capita, Produto Nacional Bruto e Popu-
lação dos Países mais Pobres dentre os Subdesenvolvidos

PNB População
% Real da Renda
Per Capita em US$ Renda (Milhões)
Per Capita Anual
(a Preços de 1976) Per Capita
Países % Anual
1977 % 70-77 1990(1)
1977 1970-1979
V. Absoluto 1960-1970 1970-1977 (A)

Afeganistão 135 11 0,0 1,2 144 14,74 2,5


Bangladesh 90 8 0,9 1,3 104 82,71 2,4
Benin 175 5 1,4 0,4 199 3,29 2,7
Butão 75(2) - - - - 1,23 2,1
Botsuana 449 123 2,9 4,7 711 0,71 2,9
Burundi 82 4 -4,1 0,7 61 4,14 1,9
Cabo Verde 235 -92 -0,9 -4,6 169 0,31 2,0
República Centro Africana 218 -58 -0,9 -3,3 170 1,87 2,3
Chade 122 7 -2,1 0,9 109 4,21 2,1
Comoros 220 -47 4,1 -2,7 257 0,32 2,5
Etiópia 102 3 1,6 0,4 118 28,98 2,3
Gâmbia 212 31 1,5 2,3 267 0,55 2,6
Guiné 185 5 -1,1 0,4 173 4,64 2,4
Haiti 249 32 -0,6 2,0 266 4,75 1,6
República Pop. Dem. Laos 100 -20 2,0 -2,6 101 3,46 2,3
Lesoto 142 20 0,6 2,2 168 1,25 2,4
Malavi 143 37 0,8 4,4 192 5,53 3,2
Maldivas 12(2) - - - - 0,14 2,2
Mali 93 4 -2,2 0,6 81 6,12 2,8
Nepal 99 3 0,3 0,4 103 13,14 2,0
Níger 173 10 1,9 0,9 210 4,86 2,7
Ruanda 91 22 4,0 4,1 153 4,37 2,5
Samoa 350(2) - - - - 0,15 1,0
Somália 170 21 -0,9 1,9 177 3,35 2,6
Sudão 279 10 -0,6 0,5 272 16,95 2,7
Uganda 259 -57 1,5 -2,8 249 12,35 3,3
Tanzânia 176 22 3,8 1,9 259 16,09 2,8
Alto Volta 74 -16 1,6 -2,8 72 6,39 2,5
Iêmen 270 63 2,3 3,9 392 5,52 1,9
Iêmen do Sul (democrática) 169 21 -5,2 1,9 125 1,80 2,5
Total 139 8 0,6 0,9 152 253,92 2,5
Todos países em desenvolvimento 505 97 2,8 3,2 732 2.055,10 2,5

Fonte: Cálculos do secretariado da UNCTAD baseados em dados do


Escritório de Estatística das Nações Unidas, do Banco Mundial e de
outras fontes nacionais e internacionais.
NOTAS: (1) As cifras da coluna A admitem uma continuação da taxa
de crescimento do produto real per capita no período 1960-77.
(2) 1976.

Pedro Sisnando Leite


113
Figura 15 – Comparação entre os Países “Mais Pobres”
e os “em Desenvolvimento

A. Produto Interno Bruto per capita


US$
931
900

800

700 661
600
536
500

400 395

300
201 219
177 192
200

100
CONVENÇÕES
1960 1970 1978 1990
Países mais pobres

B. Produção Industrial per capita Todos os países em


desenvolvimento
US$

200

150

100

50

1960 1970 1978 1990

Fonte: Foro Del Desarrollo. México, Naciones Unidas. V. IX, n. 6, julio-


-agosto.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


114
UMA NOVA ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA
AGRICULTURA

Introdução

O desenvolvimento rural talvez seja o mais complexo


e menos compreendido dos problemas fundamentais da
moderna economia dos países subdesenvolvidos. A maioria
dos economistas e governantes acreditam que é urgente-
mente necessário encontrarem-se novas estratégias para o
desenvolvimento da agricultura como meio de obtenção do
progresso econômico geral.
De fato, o confronto entre as aspirações de prosperida-
de e bem-estar e os resultados obtidos na maioria dos paí-
ses subdesenvolvidos, nos últimos anos, tem-se mostrado
insatisfatório ou mesmo decepcionante. As condições de
vida de ponderáveis parcelas das populações, especialmente
daquelas radicadas no quadro rural, não experimentaram
avanços significativos, mesmo em países onde ocorreram
taxas mais elevadas de crescimento da renda. Isto evidencia
que não está havendo melhoria na qualidade do crescimento
econômico, apesar dos esforços nesse sentido.
Este quadro reflete, em parte, o fato de que a orienta-
ção desenvolvimentista, fundamentada na industrialização,
não surtiu os efeitos desejados com relação à redução das
desigualdades entre o campo e as cidades. Na verdade,

Pedro Sisnando Leite


115
apesar da ênfase dada à indústria, a agricultura domina nas
economias subdesenvolvidas, como ocorre no Nordeste, e a
qualidade de vida da população rural é a menos satisfatória.
Não obstante, há um grande potencial de desenvolvimento
neste setor que pode constituir-se elemento de sustentação
do desenvolvimento geral da economia e da melhoria do
padrão de vida de seus próprios habitantes.

A Urbanização e o Subemprego

Uma das repercussões adversas do insuficiente e


inadequado crescimento da agricultura é o problema do
excesso de concentração urbana sem que o sistema econô-
mico tenha substância para incorporar as rápidas mutações
estruturais da economia. Assim, a indústria implantada nas
grandes cidades não se tem mostrado capaz de absorver o
contingente de mão de obra que emigra do campo para os
centros urbanos em busca de emprego e novas condições
sociais.
Em consequência disso, as grandes cidades dos países
subdesenvolvidos apresentam uma nítida tendência de ele-
vadas taxas de aumento populacional que tende a agravar-
-se, caso não se adotem medidas corretivas e neutralizadoras
desse processo.
Constitui-se, portanto, questão básica para o desen-
volvimento econômico a solução do problema de sub-
emprego no setor rural e das pressões demográficas nos
centros urbanos ao mesmo tempo em que se moderniza a
agricultura. Tais problemas são causados pela limitação do
setor industrial em absorver os excedentes de mão de obra

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


116
e pela inadequada adoção do modelo histórico de moder-
nização agrícola, tendo em vista as novas realidades sociais
e políticas do desenvolvimento econômico.
Torna-se consequentemente necessária a adoção de
uma nova estratégia para o desenvolvimento rural da re-
gião baseada em concepções que levem em conta as novas
condições históricas e considerem o sistema econômico,
em seu todo, setorialmente interdependente.53

A Estratégia do Desenvolvimento Rural Integrado

O novo enfoque de desenvolvimento rural integra-


do contém os elementos dessa estratégia. Apóia-se tal
metodologia na compreensão de que é necessário levar
em consideração, simultaneamente, nos programas de
desenvolvimento rural, os aspectos físicos, econômicos,
sociais e organizacionais, e que ocorra uma integração en-
tre agricultura, indústria e serviços na própria zona rural.
Preconiza também que deve haver uma ação sincronizada
das instituições federais, regionais e locais dirigida para a
concretização dos objetivos do desenvolvimento rural, que
devem ser claramente definidos.
A ideia principal é que referida abordagem seja
aplicada, prioritariamente, aos projetos de colonização,
áreas selecionadas e projetos de irrigação, de modo que se
possa assegurar a sua viabilidade e, ao mesmo tempo, ex-
trapolar os benéficos decorrentes para as comunidades de

53
Almir Fernandes Távora e Pedro Sisnando Leite. A Estratégia de desenvol-
vimento rural integrado. Revista Econômica do Nordeste. Fortaleza, BND, v.
8. n. 2.

Pedro Sisnando Leite


117
sua área de influência. Trata-se, porém, de uma estratégia
aplicável em todas as situações que requeiram soluções
voltadas para a eficiência e a distribuição dos resultados
do desenvolvimento.
A adoção desse modelo de desenvolvimento rural in-
tegrado exige, todavia, pessoal técnico especializado, tendo
em vista que o processo envolve equipes interdisciplinares
com as mais variadas formações profissionais.
Esta estratégia está sendo aplicada no México, Colôm-
bia, Equador, Peru e Brasil e em muitos outros países em
desenvolvimento da América Latina.
O Programa de Desenvolvimento de Áreas Integradas
do Nordeste POLONORDESTE, criado em 1974 pelo Gover-
no Federal, busca adotar referida orientação de política Eco-
nômica. Dentre os objetivos deste programa, destacam-se:

a) equacionar e superar de modo ordenado e integrado


as distorções do meio rural do Nordeste;
b) polarizar a agricultura do Nordeste em áreas es-
peciais e procurar desenvolver a integração entre
agricultura, indústria e serviços, nas próprias zonas
rurais, através de uma ação coordenada das insti-
tuições nacional, regional e local.

O Banco do Nordeste do Brasil, por sua vez, em


cooperação com o “Settlement Study Centre de Israel” e
outras instituições Econômicas (MINTER, SUDENE, UFC,
DNOCS), mantém, desde 1971, um programa especial de
treinamento em desenvolvimento rural integrado desti-
nado a formar pessoal interdisciplinar para a execução

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


118
de programas com esta orientação. Em síntese, o enfoque
do desenvolvimento rural regional integrado, de acordo
com a concepção do Centro de Estudos da Colonização
Rural e Urbana de Rehovot (Israel), é caracterizado por
uma visão global e simultânea do desenvolvimento dos
setores econômicos (agricultura, indústria e serviços) em
todos os seus aspectos relevantes e sociais, econômicos,
físicos e organizacionais. O propósito fundamental do DRI
é proporcionar o bem-estar do homem e da população
rural dentro das possibilidades e limitações da região a
ser desenvolvida.54
O desenvolvimento rural integrado deve ser adaptado
às condições prevalecentes na região em que se pretenda
atuar e à índole da população aí radicada. Ao mesmo tempo,
deve refletir e estar conforme às políticas e ao planejamento
geral do país.
A região de desenvolvimento referida corresponde
ao espaço no qual deve ocorrer a integração dos setores
econômicos entre si e a coordenação dos planos setoriais
do nível macro e micro local, bem como a tradução dessas
ações e processos em termos de planejamento físico dos
serviços e da unidade de produção.

Princípios conceituais de DRI segundo o Enfoque de Rehovot

A concepção do desenvolvimento rural integrado


(DRI) foi desenvolvida gradualmente em Israel “ao longo
de difíceis experiências de campo por meio de uma série
54
Pedro Sisnando Leite. Temas sobre desenvolvimento rural integrado. Fortaleza:
BNB, 1981, (mimeografado).

Pedro Sisnando Leite


119
de tentativas e erros”, conforme encontra-se exposto mag-
nificamente no livro “Desenvolvimento Rural Integrado”,
de autoria do Dr. Raanan Weitz, publicado pelo Banco do
Nordeste em 1979.
O modelo de desenvolvimento rural decorrente des-
ta experiência vem sendo denominado de “Enfoque de
Rehovot”, referindo-se ao local em Israel onde se encontra
localização o Centro de Estudos Regionais Urbano-Rurais,
responsável pelos trabalhos neste campo. De acordo com
o Prof. Raanan Weitz, que é diretor deste Centro e do De-
partamento de Colonização de Israel, e um dos grandes
colaboradores dos programas de treinamento em DRI no
Nordeste do Brasil, o desenvolvimento rural integrado tem
por diretriz:

Mobilização do potencial de recursos humanos,


acesso mais equitativo aos recursos produtivos e
distribuição justa da renda da população abrangi-
da pelos projetos de desenvolvimento rural.

Os objetivos dessa estratégia devem ser alcançados


mediante:

 Utilização eficaz dos meios de produção existentes.


 Planejamento e execução de projetos que levem
em conta os aspectos físicos, econômicos, sociais
e organizacionais.
 Integração dos setores econômicos: agricultura,
indústria e serviços nas próprias zonas rurais, de
modo a beneficiar, principalmente, a população de
mais baixa renda.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


120
 Coordenação do planejamento nacional, regional e
local, possibilitando concretamente a participação
da população na elaboração e execução dos projetos
específicos de desenvolvimento rural integrado.
 Adoção de um sistema eficiente de acompanhamen-
to, avaliação e adaptação dos projetos em execução.

Pedro Sisnando Leite


PA R T E II

O PROCESSO
DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
123
AS CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PROCESSO

O desenvolvimento econômico é, em termos gerais,


um processo de crescimento contínuo de renda per capita
real, decorrente do progresso tecnológico no sistema de
produção, associado a transformações estruturais de ordem
Econômica, social e política, conforme foi explicado na
Parte I deste trabalho.
Os sintomas mais evidentes do desenvolvimento são
de natureza Econômica: urbanização, instalação de indús-
trias, melhoria nos meios de transporte e comunicação,
centrais elétricas, projetos de irrigação, empresas de avia-
ção, monumentos públicos, etc.
Muitas das aspirações dos povos dos países subde-
senvolvidos, ao desejarem o desenvolvimento, referem-se,
porém, a outras necessidades. Neste particular, destacam-se
as exigências de mais elevado consumo alimentar, roupas,
habitação, calçados, utensílios domésticos, etc.
Com a obtenção dessas condições básicas, acentuam-
-se as carências relacionadas com os aspectos da qualidade
da vida. Neste caso, estão as aspirações de melhor educação,
saúde, diversão e mais elevado grau de respeito humano
e liberdade.
Em suma, o desenvolvimento está associado a mudan-
ças Econômicas, proporcionadas pelo aumento da produção
de bens e serviços, bem como a transformações sociais

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


124
atinentes a modificações na escala de valores, aspirações e
motivações pertinentes à modernização da sociedade.
Assim, enquanto o planejamento econômico, a
disponibilidade de fatores e tecnologia, geralmente impor-
tada de outro contexto social, permitem uma aceleração do
crescimento de produção, tal não se verifica com a transmu-
dação do homem e da sociedade. Essa situação contraditória
assume características de resistências obstaculizadoras de
mais significativos avanços do processo global de desen-
volvimento.
Referindo-se a este fato, os Profs. L.A. Costa Pinto e
W. Bazaanella afirmam:

Todos esses aspectos nitidamente sociológicos,


que surgem quando melhoramos o desenvolvi-
mento não apenas como uma operação técnica
mas como uma profunda experiência humana, ca-
recem de ser estudados com a mesma necessidade
e rigor científico com que são considerados os
aspectos estritamente econômicos e tecnológicos.1

O processo de desenvolvimento precisa de sincronia


nos ritmos de expansão produtiva e aperfeiçoamento tec-
nológico, bem como de mudança social correspondente.
A negligência deste aspecto vital produz os obstáculos e
resistências que inibem o avanço da sociedade e do desen-
volvimento econômico.
Em decorrência, o referido processo, além de de-
pender de condições meramente produtivas, estende-se
a requisitos de reformas sociais, psicológicas e políticas,

1
Teoria do desenvolvimento. Rio de Janeiro, Zahar, 1967.

Pedro Sisnando Leite


125
que também são requerimentos para o próprio avanço do
desenvolvimento.
Essa complexa interdependência dificulta a compre-
ensão analítica do funcionamento global do sistema eco-
nômico. Por isso, torna-se conveniente examinar alguns
aspectos isolados do processo a fim de ajudar a percepção
desse mecanismo.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


126
DETERMINANTES QUANTITATIVOS DO DESENVOLVIMENTO

A natureza e a velocidade do desenvolvimento econô-


mico estão condicionadas, no seu aspecto quantitativo, por
fatores técnicos, tais como: a população economicamente
ativa, o capital real e o progresso tecnológico, aqui conside-
rados do ângulo da sua utilização e não simplesmente como
potencialidades ou carências, a exemplo do que sucede
quando se consideram os fatores do desenvolvimento.2

A Mão de Obra Empregada

Admitindo-se inicialmente a disponibilidade de capi-


tal e de tecnologia em condição “coeteris paribus”3, pode-se
verificar, isoladamente, a função da população na taxa de
crescimento da renda. Sendo Y = Produto Interno; N =
Mão de Obra; H = Produtividade do Trabalho, e fazendo
as seguintes equivalências:
Produto Nacional Y = H.N;
Mão de Obra Empregada N = Y/H;
Produtividade H = Y/N.

Deduz-se, consequentemente, que o produto interno


de uma determinada economia poderá crescer nas seguintes
circunstâncias:
2
Kenneth K. Kurihara. The keynesian theory of economic development. Londres,
Editorial George Allen, 1959.
3
Tudo o mais permanecendo constante.

Pedro Sisnando Leite


127
a) se a população economicamente ativa aumenta e a
produtividade permanece constante:  Y =  N.H;
b) se a produtividade da mão de obra aumenta e a
população ocupada permanece inalterada:
   Y = N.  H;
c) se ocorrer, simultaneamente, aumento da produti-
vidade e da população economicamente ativa:
 Y =  N.  H.

Com relação ao primeiro modelo (a), verifica-se que


o aumento do produto resultante é acompanhado também
pelo incremento de pessoas a alimentar. Na verdade, caso
ocorra o aumento da população trabalhadora, não acon-
tecerá uma elevação de renda per capita, mesmo com o
produto absoluto em ascensão. Naturalmente que no caso
(b) ocorre, necessariamente, um aumento no produto per
capita, mesmo com o produto absoluto em ascensão.A
terceira hipótese (c) é uma combinação das duas ante-
riores com adição do produto per capita dependendo da
intensidade da contribuição da cada um dos fatores e do
ritmo de crescimento da população total. Esta situação é
a mais comum na história do desenvolvimento dos países,
apesar de a hipótese (a) ser típica dos países em mero
processo de crescimento, sem participação das mudanças
tecnológicas.
Como exemplificação do que está sendo comentado,
pode-se referir ao que ocorreu no Nordeste do Brasil entre

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


128
1960-70. Neste período, a população economicamente ativa
ascendeu, em média anual, de 1,6%, enquanto o produto
interno real total apresentou uma taxa de 6,%. Em outras
palavras, a produtividade média da mão de obra evoluiu a
uma taxa de 4,4% ao ano, ou seja, ambos os fatores men-
cionados contribuíram para o acréscimo do produto total.
Por outro lado, como a população aumentou anualmente de
2,6%, a renda per capita cresceu, em média, nessa década,
de 3,4% (6,0 – 2,6%).
Não se devem confundir, contudo, estes cálculos per-
centuais para o Nordeste com o que se explicou anterior-
mente. As hipóteses referenciadas antes são atinentes a
variações absolutas de renda, obtidas como resultantes da
multiplicação do coeficiente de produtividade e do mon-
tante de unidades de trabalho.
Por este modelo, a proporção da população total que
trabalha tem influência sobre o nível de renda obtida, bem
como, indiretamente, na renda per capita. Isto é, um país
que conta com 30% de sua população exercendo ativida-
des produtivas, gera uma renda total inferior a um outro
cuja percentagem é 35%, desde que, em ambos, os níveis
de produtividade sejam idênticos. No caso do Brasil, por
exemplo, esta relação atinge mais ou menos 32% e, nos
países desenvolvidos, é de 45%, em média. Este fato, por
si, já explica parte das diferenças de renda per capita entre
esses dois tipos de economia. Sabe-se, porém, que o fator
de diferenciação principal é o nível de produtividade que,
nos países subdesenvolvidos, é comparativamente muito
baixo.

Pedro Sisnando Leite


129
A Contribuição do Capital Físico

O capital real – exclui o capital humano – correspon-


de aos instrumentos físicos de produção, elaborados pelo
homem e acumulados no sistema econômico como uma
resultante do excedente de produção sobre o consumo, isto
é, aqueles bens destinados à produção sobre o consumo, e
aqueles bens destinados à produção de outros bens.
A fim de verificar a sua participação no desenvolvi-
mento econômico admite-se aqui, hipoteticamente, que a
população economicamente ativa é constante. Assim sendo,
ocorrem as seguintes relações, admitindo-se K = capital
real; J = produtividade média deste capital;

a) Produto interno Y = J . K;
b) Capital K = Y/J;
c) Produtividade do Capital J = Y/K.

Em decorrência disso, conclui-se que, teoricamente,


a produção pode aumentar como resultante:

a) do incremento do capital real;


   Y = J.  K;
b) da relação da produtividade do capital:
   Y =  J . K;
c) de ambos combinadamente:
   Y =  J.  K.

A produtividade do capital depende, naturalmente,


das mudanças tecnológicas e do estoque de conhecimento,

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


130
que, de modo geral, evolui muito lentamente nas economias
subdesenvolvidas.
Assim, um dos elementos básicos e estratégicos para o
aumento da produção é o incremento do capital real. Ocor-
re, porém, que a propensão a poupar e investir nos países
subdesenvolvidos, que corresponde à oferta e demanda de
capital, é limitada por força do próprio nível de renda per
capita, que é baixo, conforme explica a “Lei de Engel”.
Em consequência disso, o crescimento da oferta de
capital, em tais economias, com base na poupança interna,
é, em média, de 5% a 10%, enquanto nas economias avan-
çadas referida taxa é bem mais alta – cerca de 20 a 25%.

Progresso Tecnológico

O nível tecnológico é, conceitualmente, expresso pela


relação trabalho-produto (N/Y) e capital-produto (K/Y), ou
seja, pela quantidade de trabalho ou capital necessária para
obter uma unidade de produto.4
Uma diminuição desses coeficientes significa a melho-
ria técnica no processo de produção, ou seja, uma elevação
na produtividade média do trabalho e do capital. A obtenção
de mais produto com os mesmos fatores ou a manutenção do
nível de produção com menos fatores é a evidência prática
de que está ocorrendo aumento de produtividade.
De modo subjacente a essas relações técnicas estão,
naturalmente, as motivações, as condições de mercado,

4
Estas relações podem ser expressas em sentido contrário – produto-trabalho
e produto-capital – sendo que, nestes casos, a produtividade melhora quando
os coeficientes aumentam.

Pedro Sisnando Leite


131
as intervenções deliberadas e forças interdependentes. Do
ponto de vista apenas técnico, o declínio secular da relação
trabalho-produto depende de:

a) maior divisão do trabalho, aumentando a eficiência


da mão de obra;
b) maiores facilidades técnicas e financeiras que es-
timulam a substituição de mão de obra por outros
fatores;
c) incorporação de invenções que economizam
trabalho;
d) elevação dos salários, como estímulo aos trabalhadores;
e) lento crescimento da população e escassez de mão
de obra que impõem um melhor aproveitamento
deste fator.

Por sua vez, o decréscimo da relação capital-produto


decorre de:

a) invenções e inovações que poupam capital;


b) maior duração das estruturas de capital, que reduz
as necessidades de reposição;
c) taxas de juros muito elevadas a longo prazo, moti-
vando uma economia deste fator;
d) mutação estrutural resultante de substituição de
indústrias que utilizam mais capital para outras que
necessitam de menor quantidade desse componente.

As modificações tecnológicas estruturais, convém


relembrar, podem ser predominantemente de natureza

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


132
autônoma (MAX e SCHUMPETER) ou do tipo induzido
(preços relativos dos fatores, condições de mercado), de
acordo com o que a teoria tradicional ensina.5

A Função de Produção Agregada

O crescimento do produto de um país qualquer origi-


na-se da contribuição do capital, do crescimento da força
de trabalho e do progresso tecnológico. Naturalmente que
outros fatores podem também exercer papel importante no
crescimento econômico, dependendo de cada caso e mo-
mento histórico. Basta lembrar que os fisiocratas achavam
que a terra era o mais relevante elemento da produção,
enquanto Adam Smith e seus seguidores indentificaram
no capital o componente fundamental e estratégico para a
revolução industrial e econômica.6 Por sua vez, Karl Marx7
considerou que o trabalho era o fator responsável pela
criação da riqueza, assim como Joseph Schumpeter8 desen-
volveu uma teoria para realçar a grande influência que o
empresário exerce como agente do processo de crescimento
e progresso. Há, também, respeitáveis estudiosos que ar-
rolam, entre os componentes que afetam ou determinam a
prosperidade Econômica, as condições geográficas (zonas

5
Max F. Millikan et alii. La via del desarrollo. Madrid, Tecnos. 1972.
6
William O. Thweatt. Teoria do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro,
Zahar, 1971.
7
Jacob Oser e William C. Blanchfield. The evolution of economic thought. New
York, Harcourt Brace Jovanavich, 1975.
8
Joseph A. Schumpeter. Teoria do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro,
Fundo de Cultura, 1961.

Pedro Sisnando Leite


133
temperadas mais favoráveis), religião (protestantismo) e
raça (branca).
Neste modesto ensaio, não se tem a pretensão de
discutir essas concepções e teorias, mas, tão-somente
destacar o mais universalmente aceito sobre o assunto: o
reconhecimento do indiscutível papel do capital, trabalho
e tecnologia para o desenvolvimento econômico, além das
transformações sociais, culturais e políticas inerentes a tal
processo.
Em resumo, a determinação agregativa da contribuição
dos fatores mensuráveis do crescimento pode ser expressa
segundo uma função de produção do tipo:

Y = F (K, N, T)

O efeito total da combinação dos três fatores – ca-


pital (K), trabalho (N) e tecnologia (T) – que levam a um
incremento do produto, pode ser apresentado da seguinte
maneira:9

 Y =  K x Produto Marginal +  N x Produto Marginal +  T


do Capital do Trabalho

ϑΥ ϑΥ
ou  Y =  k. +  Y. +T
ϑk ϑΝ

onde  T corresponde à adição do produto oriundo do


progresso técnico; Y / K e Y / N representam, respec-
tivamente, o produto marginal do capital e trabalho.
9
Hywel G. Jones. Modernas teorias do crescimento econômico. São Paulo, Atlas,
1979.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


134
A equação anterior pode ser dividida por Y, para
chegar-se, finalmente, à contribuição relativa dos fatores
ou taxa de crescimento do produto, isto é,  Y.
Y

 Y =  K . Y +  N . Y +  T
Y Y K Y N Y

Estimativas elaboradas pelo Dr. Carlos Geraldo Lan-


goni10 indicam que a contribuição do capital para o cresci-
mento econômico do Brasil no período 1950-70 foi de 32%.
A mão de obra participou com 47%, cabendo a parcela
restante à pesquisa e tecnologia, economia de escala e re-
locação de investimentos. O professor Solow fez cálculos
semelhantes de contribuição dos fatores para o cresci-
mento dos Estados Unidos referentes ao período 1900-49.
Segundo estes dados, de uma taxa de 2,93% média ao ano,
a acumulação de capital participou com 0,53%, a mão de
obra com 0,80%, a educação com 0,67% e a produtividade
dos fatores com 0,93%. No Japão11, as estimativas são de
que, de uma taxa de crescimento da renda de 10,4% entre
1955-62, a tecnologia contribuiu com 6,5%, o capital com
2,8% e o trabalho com 1,1%.
De modo geral, a tendência é no sentido de que, nos
países subdesenvolvidos, o capital e o trabalho entrem
com a maior contribuição e, nos desenvolvidos, prevaleça
a influência da tecnologia.

10
As causas do crescimento econômico do Brasil. Rio, APEC, 1974.
11
Edward F. Denison and William K. Chung. How japans economic grew so fast.
Washington, The Brookings Institution, 1976.

Pedro Sisnando Leite


135
A Componente Externa

A experiência histórica tem demonstrado que o ímpeto


dos países subdesenvolvidos em obterem rápidas taxas de
crescimento da renda tem motivado uma aguda necessidade
de crescentes importações de bens de capital e interme-
diários e mesmo de bens de consumo final. Tais importações
geralmente são superiores ao que pode ser obtido com as
divisas geradas pelas exportações desses países.
Em vista disso, as nações subdesenvolvidas frequente-
mente recorrem aos empréstimos externos para cobrir esses
“déficits”, ou estimulam a entrada de capital de risco, na
forma de investimentos diretos de empresas estrangeiras.
Um dos problemas centrais dos países tomadores de
empréstimos, nessa circunstância, é saber se a utilização
dos fatores produtivos internos, acionados por esses recur-
sos, gerarão uma renda adicional superior aos reembolsos
anuais que terão de ser remetidos ao exterior.
A situação de endividamento de uma economia sub-
desenvolvida, a longo prazo, pode expressar-se do seguinte
modo:
B = P + M – E,
onde:
B = empréstimo externo líquido;
P = pagamentos líquidos ao exterior a cargo da conta de capital;
M = importações;
E = exportações.

Uma situação em que aumentem as importações e


ocorra uma estabilidade ou diminuição das exportações
resultará em aumento nos empréstimos estrangeiros lí-

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


136
quidos. Acréscimos nos pagamentos ao exterior, sem uma
correspondente elevação nas exportações ou diminuição
nas importações, motivarão a recorrência a novos emprés-
timos ao exterior.
Vale salientar que essa fase de “déficit” e empréstimos
não é uma casualidade, mas um comportamento peculiar
às economias em desenvolvimento, a não ser em situações
especiais em que o país seja produtor de máterias-primas
valorizadas e de mercado amplo, como os países árabes
produtores de petróleo.
De fato, as necessidades de importação, ao invés de
diminuírem, tenderão a crescer substancialmente com o
desenvolvimento econômico. Por sua vez, as políticas de
substituição de importações, apesar de relevantes numa
estratégia de desenvolvimento, não acarretam, na realidade,
redução das Importações globais, mas, tão somente, modifi-
cações na estrutura das compras no exterior. A experiência
brasileira é uma demonstração desse fenômeno. Reconhece-
-se, atualmente, que essa orientação é eficaz como medida
para a industrialização interna, jamais como política de
equilíbrio do balanço de pagamento.
De outra parte, as remessas de lucros, juros etc, e dis-
pêndios com pagamento de tecnologias e patentes absorvem
outra parcela importante da capacidade de pagamento, em
moeda estrangeira, das nações subdesenvolvidas.
Em consequência disso, a expansão das exportações,
a produção de tecnologia própria e a redução de compras
externas de produtos supérfluos constituem elementos
nevrálgicos do processo de desenvolvimento econômico.

Pedro Sisnando Leite


137
A INFLUÊNCIA DO FATOR SOCIAL

A análise puramente Econômica não pode explicar o


desenvolvimento econômico, desde que este é parte de um
processo de mudanças sociais muito mais amplas.
Como explica Osvaldo Sunkel,
o desenvolvimento é tema sociológico porque o
que está em desenvolvimento é uma realidade
humana, um conjunto de relações sociais, uma
estrutura social e um estilo de vida.12

Portanto, para a compreensão do funcionamento de


uma economia, particularmente de uma economia subde-
senvolvida devem ser introduzidas as considerações sobre
o ambiente social.13
Do mesmo modo, não é correto analisar isoladamente
apenas as características sociais que estão incorporadas ao
desenvolvimento. É necessário estar atento para o fato de
que as transformações das estruturas sociais ocorrem em
cadeia e ritmo diferentes, gerando um processo multiforme
de comportamento.
O resultado disso é o surgimento de contradições, ten-
sões e crises tão facilmente reconhecíveis durante as fases

12
Desarrollo Económico. Santiago, Instituto Latinoamericano de Planificación
y Social, 1975.
13
Henry J. Bruton. Princípios da economia do desenvolvimento. São Paulo,
Atlas, 1969.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


138
iniciais do desenvolvimento. Muitas vezes, na verdade,
os problemas decorrentes das mudanças sociais, ao invés
de diminuírem, crescem em complexidade ao emergirem
progressos materiais mais acentuados.
Não se deve esperar que, com o desenvolvimento
econômico, desapareçam os desajustamentos sociais. A
modernização econômica pode provocar a destruição de
valores, atitudes, crenças e interesses que afetam o compor-
tamento dos indivíduos. Tal fenômeno acarreta resistências,
rebeldias e descontentamentos que se refletem na mecânica
social e nos componentes econômicos.
Essas contradições somente se normalizam quando
os sistemas econômico e social se tornam desenvolvidos,
reencontrando novos equilíbrios que se aperfeiçoam com
a consolidação da nova estrutura socioeconômica.
Não se conclua desses comentários, porém, que a
obtenção, por parte de um país, do status de desenvolvido
signifique, necessariamente, o alcance de uma autêntica paz
social. Nações como os Estados Unidos, União Soviética,
África do Sul, Japão, alguns países da Europa Ocidental e
Oriental não podem ser citados como exemplo dignificante
de harmonia social que se poderia supor. Em muitos des-
ses países, os conflitos ideológicos, raciais, de política de
bastidores, de interesses pessoais e de grupos sobrepõem-se
aos direitos, aspirações e justiça social que comumente se
acredita serem inerentes às sociedades afluentes.
Do mesmo modo, embora seja relativo o julgamento
sobre esta matéria, é possível citar também países desen-
volvidos que construíram uma organização social plena,
com o mínimo de distorções e conflitos, onde os interesses

Pedro Sisnando Leite


139
sociais, da família e dos indivíduos são respeitados e con-
cretamente garantidos. A Suécia, Noruega, Dinamarca, Su-
íça, Holanda, Alemanha Ocidental e muitos outros podem
ser mencionados neste particular. Mesmo nestes casos, é
possível identificar falhas e defeitos, se forem comparados
com sociedades ideais e perfeitas que só existem na mente
dos teóricos e sonhadores.
Dessa maneira, mais uma vez convém enfatizar alguns
dos aspectos sociais do processo de desenvolvimento:

a) O progresso material é inseparável da vida social


e do elemento humano, que é o fim último do de-
senvolvimento e o meio para o seu alcance.
b) Nas primeiras etapas do desenvolvimento, nor-
malmente ocorre agravamento das tensões sociais,
descontentamentos e frustrações que, em geral,
decorrem do fosso entre as aspirações crescentes e
os insuficientes resultados alcançados.
c) A obtenção do desenvolvimento não assegura a
simultânea tranquilidade social, política e psicoló-
gica da população. A elevação do nível cultural,
consciência política e independência Econômica
podem, às vezes, gerar novos desentendimentos
ou substituição das aspirações elementares dos
estágios iniciais do desenvolvimento.
d) É necessário contemplar, desde o início, nos pro-
cessos de desenvolvimento, os ingredientes sociais,
de modo que se possa construir, ao longo do tempo,
uma sociedade justa, que ofereça um ambiente ade-
quado a uma vida o mais socialmente feliz possível.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


140
A história comprova que é inútil esperar esse fato
como subproduto apenas do aumento da renda
nacional.

Devido a essa inter-relação do social com o econômi-


co no processo de desenvolvimento, torna-se imperativo e
indispensável que as intervenções no ritmo de crescimento
da renda se estendam, simultaneamente, ao campo social.
Sem isto, não se pode falar em autêntico desenvolvimento
econômico, conforme sua conotação moderna.

Pedro Sisnando Leite


141
A VELOCIDADE DO DESENVOLVIMENTO

A o tentar visualizar o quadro das condições que in-


fluenciam o ritmo de crescimento da renda, verifica-se que
existem várias combinações possíveis para esse fim.
Tem-se comprovado historicamente que, na maioria
das sociedades, velocidades de variação da renda dependem
da parte da produção que é investida, isto é, do coeficiente
de investimento. Quanto maior, mais elevada tende a ser a
taxa de crescimento da economia.
Um elemento também fundamental para isto, como
já ficou evidenciado, é o ritmo em que se adotam métodos
mais eficazes de produção. Para que a modernização seja
possível, torna-se necessária, naturalmente, a realização
de invenções, a introdução de inovações de tecnologias já
conhecidas e em disponibilidade no país, mas não adotadas
ainda, a importação de tecnologias ou a transferência de
fatores setorialmente, ou seja, o uso de fatores em atividades
mais progressistas provenientes de outros de mais baixa
produtividade.
Conquanto seja uma das condições indispensáveis
à obtenção do desenvolvimento verdadeiro, é possível
também que a renda cresça sem alterações na tecnologia,
refletindo, neste caso, um mero processo de crescimento,
como já se fez conceitualmente a diferença. Isto acontece
quando, usando a mesma tecnologia, é adotada uma maior

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


142
intensidade na utilização dos fatores de produção ou incor-
poração de novos fatores. No primeiro caso, estão aquelas
situações em que se utiliza a capacidade, ociosa, e, no
segundo, o crescimento extensivo, como se tem verificado
no tocante à agricultura do Nordeste.
Outra condição relevante é o melhoramento da quali-
dade da mão de obra e, quase invariavelmente, dos níveis
educacionais da população.
Requisito vital para que as condições anteriores sejam
satisfeitas adequadamente é a melhoria da eficiência admi-
nistrativa governamental e privada.
Para que ocorra o crescimento econômico, tornam-se
indispensáveis inúmeros outros elementos que pesam dife-
rentemente em cada país. Aqui foram enumerados apenas
os componentes que afetam o ritmo ou a velocidade do cres-
cimento, analisando em outro item os demais ingredientes.
É oportuno, contudo, destacar alguns obstáculos que
condicionam poderosamente a intensidade das taxas de
desenvolvimento econômico.

Algumas Limitações

Observa-se, frequentemente, que há uma grande difi-


culdade nos países subdesenvolvidos em usar ou adaptar
as tecnologias oriundas das nações ricas. A tecnologia
avançada exige grande densidade de capital que, comu-
mente, não está disponível nas nações subdesenvolvidas.
Constituindo-se tal fato já uma imensa dificuldade, existe
ainda o grave conflito entre essas tecnologias intensivas de
capital e as agudas necessidades de criar novos empregos

Pedro Sisnando Leite


143
para uma imensa parcela de desocupados nas economias
subdesenvolvidas.
Um dos grandes responsáveis pela referida situação
é a revolução biológica, proporcionada por essa mesma
tecnologia, motivando rápidas taxas no crescimento demo-
gráfico. A falta de uma política agrária e de equilíbrio entre
a agricultura e a indústria tem pesado também para que os
países subdesenvolvidos obtenham desempenhos fracos
nas suas políticas de desenvolvimento mais harmônico.
O contexto internacional, para citar algumas das
mencionadas dificuldades, participa com outra parcela de
significativa importância para os êxitos ou limitações do de-
senvolvimento. Em alguns casos, a estreiteza dos mercados
para os produtos provenientes dos países subdesenvolvidos
ou as condições desfavoráveis de preços inibem a expansão
da economia geral. Em outros, o fluxo de capital externo
é insuficiente ou inadequado, comprometendo os planos
de investimento nacionais ou os programas de moderniza-
ção. Integram, também, esses fatores, os constrangimentos
sociais e as condições políticas para o desenvolvimento.
Em suma, o mecanismo e o ritmo em que se processa
a variação da renda e do desenvolvimento estão, de modo
geral, associados a um elenco de condições e obstáculos,
cuja superação influenciará este desempenho.

As Tendências Históricas

A história econômica dos países atualmente desen-


volvidos é reveladora do que tem ocorrido com respeito à
velocidade em que as nações tendem a evoluir em longo

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


144
prazo. A ascensão dessas nações do estágio de subdesenvol-
vimento até a fase de sociedades afluentes varia de nação
a nação. Sabe-se, porém, que o fenômeno tomou impulso
principalmente por volta da metade do século XIX. Exami-
nando o que ocorreu deste período até à década de 1950 do
atual século, constatou-se, como indicado na Tabela 10, que:

a) A média de crescimento da renda total de 9 países


hoje desenvolvidos variou nesse período de 1,4%
a 3,5% ao ano. Entre aproximadamente 1870-80
a 1950-54, dos países selecionados os que apre-
sentaram melhor desempenho foram os Estados
Unidos, Canadá e Japão. Este último só começou
a obter taxas excepcionais de crescimento a partir
do início da década de 1950, como ocorreu entre
1950-58, quando atingiu, em média, 8% a.a. Num
segundo grupo, com taxas intermediárias entre
2 e 2,9%, estão a Rússia, Austrália, Alemanha e
Reino Unido. E, finalmente, a Itália e França com,
respectivamente, 1,7% e 1,4%, em período aproxi-
madamente idêntico aos anteriores.
b) Verificou-se nesses países um crescimento popu-
lacional entre 0,6% e 1,7%. O Japão, França, Reino
Unido, Itália e Rússia apresentaram taxas inferiores
a um por cento.
c) Em consequência, a renda per capita evoluiu anual-
mente entre 0,9% na Austrália e 2,5% no Japão, sendo
os casos mais frequentes de pouco mais de 1%.

Evidentemente, no decurso desse período, verifica-


ram-se muitas ocorrências – guerras, depressões econômicas

Pedro Sisnando Leite


145
e surtos de progresso – que afetaram, negativa ou favora-
velmente, as taxas de crescimento dessas economias. O
que se pretende ressaltar é que, a longo prazo, a tendência
foi desse tipo. Ninguém poderá assegurar se os países que
agora marcharem para o seu desenvolvimento também não
tenham de enfrentar essas mesmas vicissitudes, afetando
positiva ou negativamente suas taxas de crescimento.
Os países atualmente desenvolvidos percorreram um
longo caminho e pagaram um alto preço de sacrifícios so-
ciais até se tornarem desenvolvidos.
Cabe saber se os atuais países subdesenvolvidos estão
obtendo taxas de crescimento compatíveis com as conse-
guidas por aqueles países e se elas seriam suficientes para
recuperar o atraso em que se encontram diante das novas
realidades históricas.

Tabela 10 – Crescimento de Longo Prazo de Países


Selecionados
Percentagem Anual
Períodos de Comparação
Renda per capita População Renda Total

1. Japão, 1878-87/1950-54 2,5 0,6 3,1


2. Estados Unidos, 1869-78/1950-54 1,9 1,6 3,5
3. Canadá, 1870-79/1950-54 1,8 1,7 3,5
4. Alemanha, 1860-69/1950-54 1,4 1,0 2,5
5. França, 1841-50/1949-53 1,3 0,1 1,4
6. Reino Unido, 1860-69/1949-53 1,2 0,8 2,0
7. Itália, 1862-68/1950-54 1,0 0,7 1,7
8. Austrália, 1898/1903/1953-54 0,9 1,6 2,6
9. Rússia, 1860/1958 1,9 0,9 2,9

Fonte: Simon Kuznets. “Quantitative Aspects of the Economic Growth of Na-


tions”. In: Economic Development and Cultural Change. Chicago, the University
of Chicago Press, 1967, v. 15, n. 2.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


146
Quanto à distribuição da população segundo as
taxas de crescimento, verifica-se que dos residentes nos
98 países subdesenvolvidos, estudados pelas Nações
Unidas neste particular, 23% estavam nas nações com
crescimento superior a 2,5%, 20% entre 1,5% – 2,5% e
50% no grupo de 0 a 1,5%. Os países com taxas negativas
representam 5,7%.
Nos anos mais recentes, especialmente entre 1970-75,
ocorreram algumas modificações no ritmo de crescimento
desses países por força da crise do petróleo – a partir de
1973 – e problemas no comércio internacional decorrentes
desse episódio.
Mesmo assim, apesar de 29 países terem apresentado
taxas negativas de variação da renda per capita, outros
passaram a crescer nos anos recentes, mais rapidamente
do que o fizeram na década anterior. De fato, 30 países,
dos 98 analisados, registraram taxas excepcionais que vão
de 3,5 a mais de 8%. É oportuno mencionar que as metas
de crescimento da renda per capita estabelecidas para a 2a
década do desenvolvimento das Nações Unidas são de 3,5%
ao ano, isto é, esses países conseguiram atingir ou superar
o objetivo de evolução econômica.
Em decorrência dessas duas modificações, o grupo
de países com crescimento intermediário (1,5% a 3,5%)
reduziu-se, no período, a 39, enquanto na classe de 0 a 1,5%
ficaram apenas 12 países (Tabela 11).
É importante assinalar a distribuição da população
entre esses grupos no tocante à sensível redução da parcela
residente nas nações com taxas positivas de crescimento.
No período de 1960-70, cerca de 95% dos habitantes dos

Pedro Sisnando Leite


147
98 países situavam-se nas nações com taxas positivas e, no
quinquênio 1970-75, somente 57% dessa população.
A Tabela 12 põe em relevo o caso particular do cres-
cimento da economia brasileira entre 1900-1971, onde se
pode verificar que, historicamente, este país tem registrado
taxas razoáveis de evolução. Basta mencionar que, entre
1945-47/1969-71, a média anual de acréscimo foi de 3%
na renda per capita e de 6,5% no produto total. Ao longo
de todo o período, essa taxa atingiu 2,5% per capita e 5%
global. Assinalem-se, também, as elevadas percentagens
evolutivas da população que chegaram a alcançar 3,3%
entre 1945-1971 e 2,5% em relação ao início do século,
consideradas entre as mais elevadas do mundo.

O Crescimento Moderno dos País Subdesenvolvidos

Observando-se o que está ocorrendo nos países


subdesenvolvidos quanto as taxas de crescimento de suas
economias, chega-se, à primeira vista, a uma constatação
surpreendente: grande número de países subdesenvolvidos
está crescendo com muito mais rapidez do que ocorreu his-
toricamente nos países progressistas. Excetuadas, natural-
mente, algumas nações extremamente pobres, submetidas
a formas de organização social e política quase primitivas,
ou apenas recém-saídas de regimes coloniais inibidores do
desenvolvimento.
Inicialmente, convém destacar o contraste da evolu-
ção demográfica. Enquanto nos países atualmente desen-
volvidos a taxa de crescimento populacional foi irrisória,
nos países subdesenvolvidos modernos tem ocorrido uma

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


148
explosão demográfica, expressa por taxas que comumente
giram em torno de 3 e nunca inferiores a 2% a.a.
Em consequência, o crescimento da renda total deve
sobrelevar a essa percentagem para permitir melhorias
na renda per capita, que é um dos indicadores-chave do
desenvolvimento. Para se ter um confronto do ritmo de
desenvolvimento entre os dois tipos de países, deve-se
levar em conta a renda per capita como medida inicial do
processo. Esta presunção será examinada posteriormente.
De acordo com informações das Nações Unidas,14 45
países subdesenvolvidos tiveram um ritmo de crescimento
da renda per capita anual, entre 1960-70, variando de 2,5%
a mais de 8%. A maior concentração de países está no grupo
de 3,5 a 5,5%, sem dúvida, taxas muito elevadas.
Com percentuais menores, contudo significativos,
considerando a experiência histórica, estão 23 países com
1,5% – 2,5%. Ainda com taxas positivas, entre 0 a 1,5%,
classificaram-se 17 países, enquanto 13 outros apresentam
taxas negativas que vão de 0 a 4%. Como a renda per capita
é o subproduto do crescimento da renda total e da evolução
da população, deduz-se, em muitos desses casos, mesmo
com índice negativo de renda por pessoa, que ocorreu al-
gum aumento do produto total. As tendências do período
1970-75 podem ser observadas na Tabela seguinte.

14
World Bank Atlas: population, per capita product, and growth rates Washing-
ton, 1975.

Pedro Sisnando Leite


149
Tabela 11 – Distribuição da População dos Países em De-
senvolvimento segundo a Taxa Real de Crescimento per
capita (Variação Percentual Anual)
1960-70 1970-75
% da Popu- No de Países % da Popu-
% de Variação Anual N de Países
o
lação Total
lação Total
1. 8% e mais 3 0,4 7 3,5
2. 5,5 a 8 7 4,4 11 8,7
3. 3,5 a 5,5 19 8,9 12 12,6
4. 2,5 a 3,5 16 9,4 13 12,0
5. 1,5 a 2,5 23 20,7 14 10,2
6. 0 a 1,5 17 50,7 12 10,7
7. -1,5 a 0 9 4,7 12 37,4
8. -4,0 a 1,5 2 0,5 11 3,8
9. -4,0 e menos 98 0,3 6 1,1
TOTAL 98 100,0 6 1,1
Fonte: United Nations Conference on Trade and Development. The recent
economic experience of developing coutries in relation to United Nations deve-
lopment objectives – 1977.

Tabela 12 – BRASIL – Taxa de Crescimento (%) do Pro-


duto Real (1900-1971)
Agricul- Indús- Comér- Popu- Produto
Período Total Per
tura tria cio lação
Capita
Pré II Guerra Mundial
1900-02/1910-12 2,3 6,3 5,3 3,9 2,1 1,7
1910-12/1920-22 3,3 5,7 3,9 4,0 2,1 1,8
1920-22/1930-32 3,3 3,5 3,9 4,0 2,1 2,0
1930-32/1940-42 2,9 7,2 5,0 4,7 2,1 2,6
1940-42/1945-47 2,4 9,1 6,5 5,5 2,4 3,0
Pós-Guerra
1945-47/1969-71 4,4 8,3 5,9 6,5 3,3 3,0
Período Total
1900-12/1969-71 3,6 6,8 5,2 5,0 2,5 2,5
FONTE: FGV – Revista Brasileira de Economia, Vol. 29, n. 1, 1975.

Cabe lembrar, ainda, que as excepcionais taxas de


variação da renda brasileira tiveram início em 1968, alcan-
çando, comparativamente com 1973, uma média anual de
9% no produto total, ou seja, um crescimento de 7,1% per
capita em face de uma taxa de 2,9% para a população.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


150
A QUALIDADE DO CRESCIMENTO DOS PAÍSES
SUBDESENVOLVIDOS

S egundo análise realizada, muitos países subdesenvol-


vidos estão alcançando taxas de evolução Econômica sem
antecedentes históricos.
Esse acelerado crescimento está se traduzindo em
melhoria das condições de vida das suas populações? Por
essas tendências, há possibilidade de os atuais países sub-
desenvolvidos alcançarem as nações hoje desenvolvidas?
Seriam necessárias longas considerações para res-
ponder cabalmente a essas interrogativas que se tornaram
comuns nos países subdesenvolvidos de hoje. Sobre o as-
sunto, serão feitas aqui apenas algumas observações.
Em primeiro lugar, é necessário distinguir entre cresci-
mento de longo prazo – o caso dos países desenvolvidos – e
crescimento ocorrido entre períodos recentes – a partir de
1960 para os países subdesenvolvidos analisados. Isto por
que, na década de 1950 e início da de 1970, as condições fo-
ram excepcionalmente favoráveis à economia internacional,
beneficiando todos em termos de expansão da economia.
Entre 1960-73, os países da Europa Ocidental, Estados Uni-
dos, Canadá, Japão, Austrália e Israel registraram taxas per
capita entre 3% e 4,7%, tão elevadas, portanto, como as dos
países subdesenvolvidos mais beneficiados neste particular.
O aspecto dramático do confronto dos países subde-

Pedro Sisnando Leite


151
senvolvidos e afluentes, todavia, repousa na diferença ab-
soluta dos níveis de renda entre eles. De acordo com dados
das Nações Unidas, para 1975, existiam 28 países com uma
média de US$ 140 de renda per capita, além de 40 outros
com US$ 350, totalizando uma população, em ambos os
grupos, de 2,3 bilhões de pessoas, ou seja, 60% da população
mundial naquele ano, que é o último do período analisado.
Dos 188 países do mundo com uma população de 3,9
bilhões em 1975, existiam, então, 59 países com renda va-
riando entre US$ 500 – 2.000 e 30 com US$ 2.000 – 5.000.
Acima desse nível de renda, encontram-se ainda 25 países.15
O hiato de renda existente, portanto, entre os países
pobres e ricos é demasiadamente grande e não pode esperar
que seja eliminado em poucas gerações. Evidentemente,
há casos isolados de países subdesenvolvidos cujas taxas
de crescimento e progresso apresentam esperanças mais
otimistas neste particular.
O grande e desafiador problema dos países subdesen-
volvidos, contudo, diz respeito às distorções econômicas e
sociais que estão sendo criadas pela concentração da ren-
da em reduzidos segmentos da população. Assim, mesmo
apresentando taxas de crescimento da renda per capita que
não são desprezíveis, pouco vem sendo o progresso quan-
to a uma melhor equidade na distribuição dos resultados
econômicos alcançados.
Outra característica marcante do modelo de cresci-
mento dos atuais países subdesenvolvidos é a insuficiente
15
Entre os países considerados nos grupos de renda per capita mais elevada
encontram-se os países árabes produtores de petróleo que, apesar disso,
são considerados subdesenvolvidos segundo os indicadores de progresso
e bem-estar.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


152
capacidade de criar empregos na proporção das necessi-
dades do incremento demográfico. Enquanto nas cidades
deficientes de infraestrutura social a parcela da população
marginal desocupada ou subempregada mantém-se eleva-
da, no quadro rural a pobreza absoluta quase generalizada
fica à margem dos índices de evolução da renda global da
economia.
Com o resultado da experiência dos países em desen-
volvimento, tem crescido o interesse pela identificação de
novas estratégias e políticas econômicas que evitem essas
distorções cruéis e inadmissíveis numa época de aspirações
de justiça social e de sentimentos humanitários.
É fundamental, em vista disso, que o desenvolvimento
econômico seja adequadamente entendido como um pro-
cesso integral resultante da obtenção de metas econômicas
e sociais, com modificações estruturais profundas, e que
ocorra a participação efetiva da população nesse processo
e em seus benefícios.

Resumo

O desenvolvimento econômico é um processo de


crescimento contínuo da renda per capita real, decorrente
do progresso tecnológico no sistema de produção, associa-
do a transformações estruturais, econômicas e sociais. A
natureza e o ritmo de desenvolvimento estão associados à
acumulação de capital, ao incremento da força de trabalho e
ao progresso tecnológico, que são os elementos quantitativos
do processo. A análise puramente econômica, porém, não é
suficiente para explicar, cabalmente, toda a abrangência do

Pedro Sisnando Leite


153
desenvolvimento econômico, que é parte de um processo
integral de mudanças sociais, culturais, políticas e mesmo
psicológicas e éticas. O mecanismo e a velocidade com
que se processa a variação da renda e do desenvolvimento
estão, de modo geral, associados a um elenco de condições
e obstáculos cuja superação influenciará este desempenho.
O exame do processo de desenvolvimento das nações hoje
desenvolvidas indica que elas pagaram um alto preço de
sacrifícios sociais para se tornarem desenvolvidas. O gran-
de e desafiador problema dos países subdesenvolvidos
de hoje, contudo, diz respeito às distorções econômicas
e sociais que estão sendo criadas pela concentração da
renda em apenas alguns segmentos da sociedade. Outra
característica marcante do modelo atual de crescimento
dos países subdesenvolvidos é a insuficiente capacidade
de criar empregos compatíveis com o rápido aumento da
população. Com base na experiência histórica e moderna
do desenvolvimento econômico, tem crescido o interesse
dos estudiosos e governantes no sentido de identificar e
adotar novas estratégias de desenvolvimento que possibili-
tem maior justiça social na distribuição da renda. Busca-se,
enfim, um desenvolvimento econômico que seja um pro-
cesso integral resultante da obtenção de metas Econômicas
e sociais, com modificações estruturais profundas, e que
ocorra a participação efetiva da população nesse processo
e em seus resultados.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


P A R T E III

TEORIAS CONVENCIONAIS
DE CRESCIMENTO ECONÔMICO
157
A ECONOMIA DO DESENVOLVIMENTO

O interesse pelos problemas de desenvolvimento


econômico não constitui novidade no campo teórico da
economia política. Cabe notar, a propósito, que desenvol-
vimento econômico foi tema central mesmo na economia
clássica, conforme se constata na obra pioneira de Adam
Smith, “A Inquiry into the Nature and Causes of the Weal-
th of Nations”. É verdade que a ideia de desenvolvimento,
contida no pensamento de Smith, emerge explicitamente
e de modo dogmático.
Para os clássicos, o processo de crescimento tinha
como agente central o empresário capitalista. Cabia a ele
realizar a acumulação de capital e adotar as novas tecno-
logias que tornavam possível a melhor divisão do trabalho,
o aumento da produtividade e, consequentemente, do pro-
gresso e do bem-estar social.1
Os clássicos procuraram também explicar o cresci-
mento econômico através de uma teoria baseada no fator
trabalho como única fonte de valor. David Ricardo2 e John
S. Mill3 foram os maiores defensores desta concepção. Karl
Marx utilizou esta doutrina para sugerir a inevitabilidade
da luta de classes e da destruição do capitalismo.

1
Augusto Losch. Teoria econômica espacial. Buenos Aires, El Ateneu, 1957.
2
Princípios de economia política (1817)
3
Princípios de economia política (1848).

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


158
Durante longo período, o problema do desenvolvimen-
to ocupou posição secundária no âmbito da ciência econô-
mica, especialmente na fase dos chamados neoclássicos.
Os economistas dessa fase deram atenção mais às questões
relativas à repartição do produto social, às flutuações dos
níveis de preços e à insuficiência periódica da intensidade
de ocupação da capacidade produtiva. Às vezes, ao lado
desses problemas, eram tratadas algumas questões sobre
o crescimento a longo prazo. Não obstante, tal enfoque se
consubstanciava, de modo geral, na formulação de uma
teoria da estagnação em vez do desenvolvimento propria-
mente dito.
A maior contribuição que os economistas neoclássi-
cos deram à teoria do crescimento referiu-se à demons-
4

tração de que: 1) pode ocorrer formação de capital sem a


necessidade obrigatória do aumento da força de trabalho; 2)
à proporção que o estoque de capital por habitante se eleva,
a renda nacional per capita também aumenta. A elevação
do capital, todavia, depende da poupança e que esta é, por
sua vez, função do nível de renda e da taxa de juros, ou
seja, com o nível de renda mais elevado será maior o nível
de poupança, independentemente da taxa de juros.
Outra notável contribuição às doutrinas do crescimen-
to foi a análise macroeconômica de J. M. Keynes (1936).5
Este economista concentrou seus estudos nos fatores
determinantes das flutuações do emprego e da renda. A
4
Knut Wicksell. Lectures on political economy (1900). Irving Fisher. Nature
of capital and income (1906). L. Walls. Elements D’Economie Pure (1900).
Alfred Marshall. Many credit and commerce (1923).
5
Multiplicador é a recíproca da propensão a poupar ou corresponde à elevação
da renda decorrente do aumento da inversão liquida e de um múltiplo.

Pedro Sisnando Leite


159
magnitude do consumo e da inversão realizada determina,
por sua vez, o nível de renda. Em outras palavras, o incre-
mento da renda nacional implica aumentos da capacidade
produtiva e, por consequência, incremento de emprego,
enquanto um aumento no investimento e no consumo, ou
em ambos, motivará um aumento na renda.
A conclusão mais significante de Keynes, no campo
da análise Econômica do crescimento, se refere aos meca-
nismos de aumento da renda através dos investimentos
via multiplicador e ao papel das inversões públicas como
complemento no investimento privado. Utilizando-se essas
ferramentas, Keynes demonstrou como as políticas econô-
micas de intervenção governamental podem estabilizar as
flutuações da economia.
O modelo keynesiano, todavia, é de natureza estática e
aplicável a situações de curto prazo. Mesmo assim, constitui
a base de muitas das concepções teóricas do crescimento
econômico elaboradas nas décadas subsequentes ao seu
estudo. Os economistas que mais se notabilizaram nesta
época subsequente são Joseph Schumpeter (escola sueca),
J.R. Hicks, W.J. Baumal, D. Hawkins e, mais recentemente,
Roy Harrod, Evisey Domar e outros que serão mencionados.
O predomínio da teoria do desenvolvimento no
pensamento econômico do mundo, todavia, se acentuou
bastante no último quarto de século, particularmente a
partir da grande crise de 1929. Referidas teorias tratam de
explicar, numa perspectiva macroeconômica, as profundas
transformações da estrutura Econômica, social e política,
assim como da organização dominante da produção, da
distribuição e do consumo. As teses principais dos mais

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


160
importantes estudos sobre o assunto procuram esclarecer
essencialmente os seguintes tipos de problemas:

a) Quais as condições e que fatores foram responsáveis


pelo advento das primeiras economias comerciais?
b) Que condições são exigidas para que um sistema
não industrial estacionário passe para um sistema
industrial em expansão?
c) Quais as condições necessárias para que as eco-
nomias subdesenvolvidas eliminem a diferença
que as separa das economias adiantadas, cujo de-
senvolvimento geralmente teve início nas últimas
décadas do século XVIII e na primeira metade do
século XIX?

Pedro Sisnando Leite


161
AS TEORIAS CONVENCIONAIS PÓS-KEYNESIANAS

F ato relevante a ser considerado é que não existe uma


única teoria do desenvolvimento econômico. De fato, são
incontáveis os fatores que podem determinar o crescimento
econômico em cada país, havendo, como decorrência, gru-
pos de teorias que procuram explicar os vários processos
que levam ao desenvolvimento econômico ou à involução
de certas economias. Grande parte da literatura sobre o
assunto, todavia, foi elaborada nos países adiantados.
Subentende-se daí que constitui esse o motivo da inadequa-
ção de muitas teorias para explicar os fatos da perspectiva
dos interesses dos países subdesenvolvidos. Sem dúvida,
tal acervo de concepções e conhecimentos científicos são
indispensáveis às reformulações das teorias Econômicas e
sociais que, modernamente, estão sendo realizadas. Grande
parte dos países subdesenvolvidos estão agora iniciando
uma linha de política Econômica sem qualquer precendente
histórico nos países adiantados. Os países subdesenvolvi-
dos, preocupados com a problemática do desenvolvimento
atual, estão procurando formular as suas próprias teorias,
ajustadas aos seus problemas e interesses.
O desenvolvimento econômico, na verdade, é con-
siderado sob dois prismas: como fenômeno relativamente
espontâneo e como fenômeno provocado. Alguns países
conseguiram alcançar prosperidade através de um longo

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


162
processo de crescimento econômico não deliberado. Natu-
ralmente que a evolução desses países decorreu de políticas
econômicas que, no seu momento histórico, contribuíram
para esse fim. Não havia, contudo, uma decisão política de
fazer desenvolvimento econômico como objetivo. A falta de
consciência dos problemas de desenvolvimento econômico
e, consequentemente, do mecanismo do processo motivou,
muitas vezes, a adoção de políticas que resultaram em es-
tagnação ou retrocesso da economia de alguns países.
Somente nos últimos cinqüenta anos, os países com-
preenderam que era possível saírem do estado de subdesen-
volvimento através da adoção de medidas deliberadas para
atingirem padrões de vida mais elevados que os existentes
historicamente. A procura pela compreensão dos problemas
de desenvolvimento passou então a constituir o centro de
interesse, ao mesmo tempo em que o planejamento econô-
mico se tornou o tema de preocupação de todos os países
que almejam o desenvolvimento econômico.
Apesar dos esforços despendidos por muitos países
com o propósito de se desenvolverem, muitos obstáculos
têm surgido para impedi-los a alcançarem os seus pro-
pósitos. Ainda assim, é reconhecido que a utilização dos
recursos tem-se tornado mais adequada, mesmo diante dos
resultados limitados atingidos na maioria dos casos.
A questão do desenvolvimento econômico infeliz-
mente tem sido tratada por muitos estudiosos como um
fenômeno estritamente econômico. Referida concepção
parece decorrer da exagerada simplificação que os econo-
mistas adotam em suas teorias e modelos, por escassez de
dados e informações ou deliberadamente, no pressuposto

Pedro Sisnando Leite


163
de que, resolvidos os elementos econômicos, estariam, por
indução, abrangidos os demais aspectos. Outro fato que tem
influenciado os economistas dos países subdesenvolvidos
em procederem desse modo decorre da substancial influ-
ência das teorias dos países desenvolvidos que estão mais
preocupados com os problemas do crescimento econômico
das nações ricas, onde muitos dos problemas dos países
pobres não mais existem.
Numa economia subdesenvolvida, praticamente to-
dos os problemas estão por resolver, e onde, muitas vezes,
os aspectos não econômicos tornam-se mais importantes.
Realmente, examinando-se o complexo sistema econômico
das sociedades pobres, verifica-se que o desenvolvimento
envolve aspectos econômicos, sociais, políticos, psicoló-
gicos, além de fatores antropológicos e mesmo de crenças
religiosas. As mudanças requeridas por essas economias
têm de ser vistas dentro desse modelo multidisciplinar e
estreitamente correlacionado. Há, contudo, um ingrediente
básico e indispensável ao desenvolvimento em qualquer
circunstância, lugar ou época.
Trata-se da determinação, da fé e da colaboração de
toda a comunidade do País no sentido de conquistar, deli-
beradamente, o desenvolvimento econômico-social.
As concepções fatalistas e negativistas sobre o desen-
volvimento devem ser substituídas por convicções positivas
e realistas. Às dificuldades e obstáculos devem-se opor a
vontade, a determinação e a fé em superar esses fatores
limitantes. O atingimento do progresso e da elevação do
bem-estar da comunidade depende muito de nosso trabalho,
capacidade e organização.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


164
A seguir, são apresentadas algumas das teorias atual-
mente mais popularizadas no Brasil, ou seja:

 Modelo de Harrod-Domar-Ichimura;
 Desenvolvimento Econômico por Etapas;
 A Teoria do Crescimento Balanceado;
 A Doutrina do Crescimento Desequilibrado;
 O Desenvolvimento econômico com Oferta Ilimi-
tada de Mão de Obra;
 A Teoria dos Pólos de Desenvolvimento.

O grande prestígio desses modelos no Terceiro Mundo


torna obrigatório ao estudante de desenvolvimento conhecê-
-los mesmo que resumidamente. Caberá a cada leitor, po-
rém, examinar a aplicabilidade dessas teorias no contexto
das novas realidades econômicas e sociais e tendo em vista
os grandes desafios de nossa época e de nossa gente.

Pedro Sisnando Leite


165
Figura 16 – Evolução da Economia do Desenvolvimento

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


166
O MODELO DE HARROD-DOMAR – ICHIMURA

A Formação de Capital

A insuficiência de capital6 para facilitar a utilização


de recursos naturais, recursos humanos e a adoção de
tecnologia moderna é um dos mais sérios problemas dos
países subdesenvolvidos. O crescimento da renda depen-
de de inúmeros fatores econômicos e não econômicos, os
quais contribuem diferentemente para o desenvolvimento
econômico, conforme as condições peculiares a cada país.
Em todas as circunstâncias, em quaisquer países e momento
histórico, porém, tem a formação de capital desempenhado
um papel vital na obtenção do progresso econômico. Por
isso, o capital constitui o componente básico e o fator es-
tratégico do desenvolvimento.
Aspecto importante a considerar quanto ao capital é
que o processo de sua formação é interativo e cumulativo.
O incremento do estoque de capital aumenta a renda, o que
torna possível a própria formação de capital numa etapa
seguinte. A questão é saber que quantidade e variedade de
capital condicionam a velocidade e a extensão do desen-
volvimento. Quanto ao segundo aspecto, vale salientar que

6
Capital é um conjunto de bens empregados na produção futura de outros
bens, isto é, parcela da produção que foi subtraída ao consumo passado ou
presente em troca de uma perspectiva de consumo futuro.

Pedro Sisnando Leite


167
o capital assume diversas modalidades. Os tipos principais
classificados por Kindleberger são: a) capital econômico
diretamente produtivo (capital fixo); instalações fabris,
equipamentos e estoques, melhoramento da terra; b) capital
econômico de infraestrutura: transportes (portos, estradas
de rodagem, estradas de ferro), linhas de transmissão, redes
de comunicações e os edifícios governamentais; c) capital
social de infraestrutura: residências, escolas, hospitais.
Quanto ao aspecto de avaliação das necessidades de
capital, vale relembrar que a taxa de crescimento de um
país depende da parcela da renda que é destinada a inves-
timento. No caso, por exemplo, de uma relação capital/
produto = 2, o incremento do produto bruto de Cr$ 1.000
exige uma inversão de Cr$ 2.000.
A taxa de crescimento do produto interno bruto, por-
tanto, é determinada, em uma economia em pleno emprego,
pela seguinte fórmula:
Ι
Δy = , onde: y = Produto interno bruto
a
I = Coeficiente de investimento
a = A taxa incremental capital/produto.

Desse modo, se a taxa incremental capital/produto é 2


e o investimento é Cr$ 10.000, o aumento do PIB será Cr$
10.000/2 = Cr$ 5.000. A fim de se obter a taxa de aumento
relativo do PIB, deve-se dividir ambos os lados da fórmula
indicada pelo produto total, isto é, por y.

Ι
Δy a 1 Δy 1 1
y
= =
y y
ou seja: y
= .
a y
1

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


168
Exemplo dos resultados que se pode obter no cres-
cimento do PIB com taxas de relação capital/produto e
investimentos.

Capital/Produto I/y % y/y


2 20 10
3 20 6,6
2 10 5
3 10 3,3

A taxa de investimento depende da poupança interna


(setor privado e do governo) e do montante de investimento
proveniente do exterior, isto é:

I = Sp + Sg + Kx, I = taxa de investimento


Sp = poupança do setor privado
Sg = poupança do governo
Kx = investimento externo.

Pode-se, portanto, apresentar a fórmula anterior da


seguine maneira:

Δy 1
= . (Sp + Sg + Kx)
y a
y

Como está evidenciado, o crescimento y/y correspon-


de ao crescimento do produto interno bruto total. Muitas
vezes se torna conveniente calcular-se o crescimento do pro-
duto per capita. Neste caso, deve-se considerar do seguinte
modo o crescimento da população na fórmula anterior:

Pedro Sisnando Leite


169
Ypc 1 (Sp + Sg + Kx) p
= . – , onde
Ypc a y p
Ypc
= taxa de crescimento da renda per capita
Ypc
p
= crescimento da população
p

Desse modo, o ritmo de crescimento de Ypc/Ypc será


tanto menor quanto maior for p/pc ou vice-versa. No caso
do Brasil, com taxa de crescimento da população de 2,5%,
conforme a taxa geométrica de crescimento observada entre
os censos de 1970-80, torna-se necessário que a proporção
de investimento seja bastante elevada para resultar em
crescimento per capita da renda.

A Relação Capital/Produto

A determinação da contribuição do capital no processo


de produção torna-se, às vezes, de difícil mensuração. Isto
ocorre porque geralmente a produção está também ligada
ao fator trabalho e à eficiência dos recursos naturais. Não
há, porém, dúvida de que o capital é o elemento-chave da
produção.
A relação entre o capital empregado e a produção
obtida se denomina de coeficiente de capital ou relação
capital/produto. Às vezes se usa uma relação inversa, isto
é, produto/capital, mas ambas têm o mesmo significado,
ou seja, definem o capital que é necessário empregar para
obter uma unidade de produto em determinado período de
tempo (um ano por exemplo):

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


170
k = estoque de capital
y = produção
s = poupança
a = coeficiente médio capital/produto (k)/y
b = propensão média para poupar (s)/y

Se (a) é uma constante, o limite do aumento do produto


é determinado pelo incremento de capital, isto é:

a = k/y ou y = 1/a k e y = 1/a k

Tendo em vista que A y é um incremento no produ-


to e Ak um incremento no capital, k/y é o coeficiente
incremental capital/produto. Neste caso, os coeficientes
médio e marginal são iguais, em vista da hipótese de que
(a) é uma constante.
Em decorrência, o crescimento do produto é deter-
minado por:

 y/y = 1/a . k/y, onde:

y/y = incremento do produto


k = incremento do estoque de capital.

Deve-se estar advertido de que a relação capital/pro-


duto se diferencia de setor a setor ou entre atividades. Na
agricultura, por exemplo, ela pode ser 1 e no setor serviço
5. Asssim, não se deve esperar, necessariamente, uma re-
lação genérica de 2:1. O fator indicativo da relação capital/
produto elevada ou baixa geralmente está relacionado com
a duração entre o momento que se realiza o investimento e

Pedro Sisnando Leite


171
o momento em que tal investimento começa a produzir. O
investimento em uma atividade agrícola que pode resultar
na geração de produção no mesmo ano, evidentemente,
é diferente de outro investimento na construção de uma
hidroelétrica que, muitas vezes, exige anos para começar
a funcionar. A taxa incremental capital/produto expressa,
como está evidenciado, a relação entre o investimento e
o produto resultante durante um período convencionado
como de um ano.

Estimativas do Crescimento do Produto Interno7

A Fundação Getúlio Vargas utilizou o método apre-


sentado nos estudos sobre “Projeções de Oferta e Demanda
de Produtos Agrícolas para o Brasil”. O modelo toma por
base a fórmula de Harrod-Domar8 adaptada por Shinichi
Ichimura9 para a decomposição da taxa de poupança para
o setor privado, governo e setor externo. Esta maneira de
considerar o crescimento do produto no caso brasileiro é de
grande utilidade, pois o setor público no Brasil é responsá-
vel atualmente por 60% dos investimentos da economia e
pela metade do produto interno bruto. Além disso, as mo-
tivações para investir são diferentes para o setor privado e
para o governo, o que dificulta um adequado entendimento
do problema quando se considera englobadament apenas
o total dos investidores.
7
Comissão das Nações Unidas para a Ásia e Extremo Oriente. Programming
Tecniques for Economic Development. Fundação Getúlio Vargas-Rio.
8
Sir Roy Harrod (Inglaterra) e Evsey Domar (Estados Unidos).
9
Catedrático de Economia e Diretor do Centro de Estudos do Sudeste Asiático
da Universidade de Kioto (Japão).

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


172
Convém advertir, porém, que este modelo é extre-
mamente mecanicista, partindo do pressuposto simplista
de que a taxa de investimento é o fator que determina o
crescimento econômico. Consequentemente, deixa de con-
siderar os elementos não econômicos do desenvolvimento,
bem como inúmeros aspectos que compõem a problemática
das transformações socioeconômicas requeridas por esse
processo nos países do Terceiro Mundo.
É de muito fácil aplicação e de uma grande simplicida-
de lógica, razão por que teve durante muitos anos a acolhida
generalizada dos economistas dos países subdesenvolvi-
dos, inclusive do Brasil. Na verdade, ainda hoje é comum
utilizá-lo nas formulações macroeconômicas dos planos de
governo dos estados e em muitos documentos acadêmicos.
Trata-se, todavia, de um modelo de aplicação mais apro-
priada nas nações desenvolvidas, onde o problema é, de
fato, de mero crescimento econômico. Nessas nações, as
questões atinentes ao desenvolvimento já foram superadas.
Partindo-se, portanto, da fórmula simplificada de
Harrod-Domar:

Y/Y = .ST

com a decomposição das taxas de poupança de S. Ichimura,


tem-se as seguintes fórmulas:

ST = S(1 – d) + S’ +b


S’ = 1 – V (1 – ), ou seja:
Y/Y = [S(1 – d) + S’ . +b] ou
Y/Y = . S(1 – d) + . (S’ . +b)10

10
Ver o diagrama de cálculos do modelo a seguir.

Pedro Sisnando Leite


173
onde:
Y/Y = taxa de crescimento da renda bruta a custo de fatores
 = relação incremental bruta produto/capital.11
ST = relação entre a formação bruta de capital e a renda bruta total
a custos dos fatores (taxa de formação bruta de capital).
S= relação entre a poupança do setor privado e a renda disponível
do setor privado (propensão média a poupar do setor privado);
S’ = relação entre a poupança do governo e a renda disponível do
governo (propensão média a poupar do governo);
d = relação entre impostos diretos menos transferência e a renda
bruta total;
i = relação entre impostos indiretos menos transferência e a renda
bruta total;
 = d + i = relação entre a renda disponível do governo e a renda
bruta total;
V= relação entre o dispêndio total do governo e sua renda dispo-
nível;
= relação entre a formação de capital do governo e sua despesa;
b= relação entre o “déficit” de balanço de pagamento em conta-
-corrente e a renda bruta total.

11
Distinguir:
a) Produto/Capital – total de produção dividido pelo total de capital.
b) Produto/Capital marginal ou incremental – total do produto adicional dividido
pelo total do capital adicional.
c) Produtividade marginal do capital – aumento da produção que é obtido com
aplicação de unidades adicionais de capital, mantendo os demais fatores
constantes.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


174
Utilizando os mencionados parâmetros em combina-
ção com a relação capital/produto estimados, chega-se às
seguintes taxas de crescimento anual da renda bruta:

Taxas de Crescimento Anual da Renda Real Projetadas

(*) A troca nos limites de V decorre da circunstância do que T/V = 0, tendo


em vista que S’ = 1 – V (1 – Y) é função decrescente de V.

Diagrama dos Cálculos do Modelo de Ichimura

onde: Sp = poupança do setor privado


Y/Y = taxa de crescimento da renda Sg = poupança do setor governo
real Ig = formação de capital do setor
= produto/capital incremental governo
d = impostos diretos menos trans- d = Td/Y
ferência i = Ti/Y
i = impostos indiretos menos = d + i
transferência V = Cg + Ig/Yg
yp = renda disponível do setor = Ig/Cg + Ig
privado b = B/Y
Y= renda nacional bruta a custo B = deficit do balanço de pagamen-
de fatores to em conta-corrente.

Pedro Sisnando Leite


175
Relações contábeis do modelo

Y = Yp + Td (1)
It = Sp + Sg + B (2)
Yg = Ti + Td (3)
Sg = Yg + Cg (4)

Da relação (1) se conclui que:


.
Yp/Y = 1 – Td/Y, isto é, Y/Y = Yp/Y + Td/Y . . 1 = Yp/Y + Td/Y

A equação (2) dá:

It/Y = Sp/Y + Sg/Y + B/Y


It/Y = Sp/Yp . Yp/Y + Sg/Yg . Yg/Y + B/Y

It/Y = Sp/Yp (1 – Td)/Y + Sg/Yg . Yg/Y + B/Y (6)

Tendo em vista a equação (5), chega-se a uma das fórmulas usadas no


modelo de Ichimura:

St = S (1 – d) + S’ (+ b)

Por sua vez, a equação (4) conduz a outra fórmula (9) utilizada por
Ichimura, ou seja:

Sg/Yg = Yg/Yg + Cg/Yg


Sg/Yg = 1 + Cg/Yg
Sg/Yg = 1 – Ig + Cg/Yg + Ig/Cg + Ig . Ig + Cg/Yg
Sg/Yg = 1 – Ig + Cg/Yg (1 – Ig/Cg + Ig), isto é:
S’ = 1 – V (1 – )

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


176
O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO POR ETAPAS

Aspectos Gerais

O estudo do desenvolvimento, como um processo


que se realiza através de etapas, tem ocupado a atenção de
muitos economistas em épocas e lugares diferentes. Cada
grupo de escritores adota certos critérios de classificação
de acordo com os quais definem seus respectivos estágios.
Adam Smith, por exemplo, foi o precursor desses estudos
ao seguir um critério para diferenciar as etapas de uma
economia, chegando à seguinte classificação, tomando
por base as atividades econômicas: fase da caça, pastoril,
agrícola, comercial e manufatureira.
Durante o século XIX, a escola histórica alemã também
adotou esquemas de estágios de crescimento para a econo-
mia. Merece destaque, neste particular, as contribuições
de Friedrich List que mencionou as fases pastoril, agrícola,
agrícola-fabril e agrícola-fabril-comercial. Da mesma escola,
Bruno Hildebrand prefere distinguir as fases em trocas, fase
da moeda e fase do crédito; enquanto Gustav Schmoller
diferencia entre vila, cidade, território e nível nacional.
Para a análise da evolução dos sistemas econômicos-sociais,
Karl Marx também adota um critério de classificação por
estágios. Toda a história, segundo a interpretação materia-
lista de Marx, obedece a um ciclo constituído de revolução

Pedro Sisnando Leite


177
progressiva e necessidade de resistência à modificação
institucional como parte de um progresso posterior, degene-
ração e, novamente, revolução. Além disso, Marx e Engels
admitem que existam quatro sistemas sociais na história:
comunismo primitivo, antigo estado de escravidão, feuda-
lismo e capitalismo, seguindo-se ainda a fase do socialismo
e a do comunismo puro.
Os economistas contemporâneos têm dedicado,
igualmente, grande atenção à análise dos estágios no pro-
cesso de desenvolvimento, principalmente no que toca à
natureza das atividades produtivas. Neste último aspecto,
Colin Clark12 identifica, em seus estudos, que o desenvol-
vimento se caracteriza por um aumento da importância do
setor industrial. Em tais circunstâncias, afirma este escritor
que a economia atravessa três estágios: 1) nas sociedades
subdesenvolvidas, a agricultura é a atividade dominante e
a principal empregadora de mão de obra. 2) à medida que
a economia evolui, a indústria de transformação passa a
ocupar uma significativa posição relativamente aos demais
setores. 3) em estágio mais avançado, o setor terciário (ser-
viços) incrementa-se enquanto o setor secundário atinge
um ponto máximo e começa a declinar relativamente. Os
argumentos de Colin Clark se referem, de modo particular,
às mudanças estruturais do emprego da mão de obra, apesar
de a composição da renda seguir comportamento similar ao
do emprego no processo de desenvolvimento.
Dentre os muitos outros estudos realizados nesse
campo destaca-se, mais recentemente, a tese defendida por

12
Colin Clark. The Conditions of economic progress. London, Macmillan, 1957.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


178
W. W. Rostow a respeito do desenvolvimento por etapas, a
qual se notabilizou em quase todo o mundo.13

As Etapas de Rostow

Usando essencialmente uma metodologia histórica,


Rostow identificou que as economias no seu processo
de desenvolvimento passam de um estágio de economia
tradicional até um nível extremo de alto consumo em massa.
Mais precisamente, o processo envolve cinco estágios: 1) a
sociedade tradicional; 2) as pré-condições para o arranco;
3) o arranco (take-off); 4) a marcha para a maturidade; 5) a
era do consumo em massa; e 6) para além do consumo ou
do alto consumo em massa.
Segundo Rostow, as referidas etapas não constituem
apenas uma descrição dos fatos sequenciados do desen-
volvimento das sociedades modernas, mas se baseiam na
teoria dinâmica da produção, contrariamente ao que ocorre
com a teoria clássica que se fundamentou em pressupostos
essencialmente estáticos das variáveis mais importantes
para o desenvolvimento. Afirma o referido economista que:
Ao examinar os grandes lineamentos de cada
etapa do desenvolvimento, estamos estudando,
não simplesmente a estrutura de cada setor das
economias, para ver como é que elas se transfor-
mam para crescer, e como crescem, mas igual-
mente uma série de opções estratégicas feitas por
várias sociedades referentes ao emprego a dar aos
seus recursos.14

13
Etapas do desenvolvimento econômico. Rio, Zahar, 1974.
14
Op. cit. p. 34.

Pedro Sisnando Leite


179
A Sociedade Tradicional

Esta não é uma etapa uniforme. Caracteriza-se, de


modo geral, pela prevalência de técnicas rotineiras de pro-
dução, denominadas por Rostow de ciência e tecnologia
“pré-newtonianas”. A sociedade tradicional não se identifica
necessariamente por uma situação estática, podendo ocorrer
nessa etapa um crescimento extensivo, porém mantendo-se
o volume de produção per capita e em nível bastante inferior
ao que é possível obter com o uso da moderna tecnologia.
A principal atividade é a agricultura para a qual são
destinados os principais recursos. A evolução da produção
agrícola se revela instável em face da ocorrência de pragas,
guerras e outras circunstâncias episódicas do meio. Não
obstante, outras atividades podem ser iniciadas, mas estão
limitadas pelo desconhecimento ou falta de utilização da
ciência moderna e de uma atitude mental para as mudanças.
Adstrita a esta estrutura econômica, constituída por
fortes laços da unidade familiar e do clã, prevalece um sis-
tema de valores dominados pelo fatalismo a longo prazo.
Mesmo existindo um poder político central nas sociedades
tradicionais, o centro de influência nesse particular se res-
tringe às regiões sob o domínio dos que detêm o controle
ou são proprietários de terras.
Enfim, a questão fundamental da preocupação de Ros-
tow ao estudar essa categoria de sociedade era visualizar os
meios e caminhos necessários ao atingimento das socieda-
des pós-tradicionais ou desenvolvidas e, consequentemente,
as mudanças políticas da estrutura social das escalas de
valores e da economia.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


180
As Pré-Condições para o Arranco

Esta é uma fase de transição em que são estabelecidas


as bases para a transformação econômica da sociedade,
e, subsequentemente, o acelerado crescimento da renda
e o atingimento do desenvolvimento autossustentado. O
fundamental não é aumentar os conhecimentos científicos
e tecnológicos, mas conseguir que seja incrementada a
receptividade e a adoção dos conhecimentos existentes.
Os discernimentos da ciência moderna começam a ser in-
troduzidos em novas funções de produção, disseminando-
-se a ideia de que é possível o progresso econômico em
substituição ao fatalismo anterior. Na presente etapa,
deve-se construir um eficaz estado político nacional em
contraposição aos interesses regionais e locais e ao surgi-
mento de novos tipos de empresários dispostos a liderarem
novas iniciativas, enquanto as instituições econômicas se
modificam.
Duas condições principais podem ser mencionadas
como exemplos da criação das pré-condições para o arranco.
O primeiro se refere ao que ocorreu na Europa Ocidental,
principalmente Grã-Bretanha, no fim do século XVIII e
início do século XIX. Prevaleceram, para o arranco, no
caso da Grã-Bretanha, os fatores endógenos, tais como: as
condições geográficas favoráveis, as disponibilidades de
recursos naturais, as possibilidades de comércio externo e
estruturas políticas e sociais apropriadas.
A história econômica tem mostrado, porém, que a
modalidade mais comum da criação das pré-condições
teve início em fatores exógenos, através da influência

Pedro Sisnando Leite


181
das sociedades mais evoluídas em relação às sociedades
tradicionais.
Pode-se aprender da experiência prática de muitos
países hoje desenvolvidos que o estabelecimento das
precon di ções para o desenvolvimento corresponde a
uma fase de transição que abrange aspectos sociológicos
e econômicos da sociedade. A predominância da agricul-
tura cede lugar à indústria, às comunicações, ao comércio
interno e externo e aos serviços. As mudanças na atitude
quanto ao tamanho da família resultam no declínio das
taxas de natalidade, apesar de o crescimento demográfico
revelar-se em célere expansão devido à redução das taxas
de mortalidade mais acentuadas do que os nascimentos.
Os laços familiares e do clã são, paulitanamente, desfeitos
a favor de um novo sistema de valores, no qual as habi-
lidades passam a ganhar alto respeito. É nesta etapa que
emerge a confiança dos indivíduos quanto à alteração
das suas condições sociais e de bem-estar, ampliando-se
as possibilidades de educação para um núcleo cada vez
maior da população.
Nesta etapa, segundo Rostow, a agricultura desem-
penha uma múltipla função: suprir as necessidades de ali-
mentos para o rápido crescimento demográfico, fortalecer
a demanda por produtos manufatureiros, decorrente da
expansão industrial, e fornecer recursos para investimentos
nos outros setores modernos da economia.
Por causa da natureza de uma etapa de preparação
tornam-se necessários fortes investimentos sociais de infra-
estrutura, especialmente em transportes e comunicações,
para os quais o Estado tem de cooperar com elevada pro-

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


182
porção dos recursos necessários. Além disso, o principal
problema não é aumentar apenas as taxas de investimentos,
mas obter um crescimento de renda suficiente para permitir
o desenvolvimento autossustentado.

O Arranco (take-off)

Ao considerar os requisitos para o período do arran-


co, além dos enumerados na fase de preparação, Rostow
cita, entre outros aspectos, a necessidade de a economia
incrementar a taxa de investimento líquido produtivo de
5% para 10% ou mais da renda nacional, a qual pode ser
complementada por recursos externos e investimentos
estrangeiros. Além disso, prevê a necessidade do desen-
volvimento de alguns setores industriais com alta taxa
de crescimento e a existência ou rápido aparecimento de
uma estrutura político-social e institucional que explode
os impulsos para a expansão do setor e der ao crescimento
natureza continuada. A essas condições, Kuznets acres-
centa a necessidade de sensível incremento na renda per
capita.
Nesta fase, os empecilhos e pontos de resistência a um
crescimento acelerado da renda são superados e as manchas
ou ilhas de desenvolvimento, surgidas na etapa das pré-
-condições, dilatam-se por todo o sistema econômico, ou
seja, “O desenvolvimento passa a ser sua situação normal”,
de acordo com Rostow.
A ideia geral da demarragem origina-se da tese de que
o crescimento inicial, em alguns setores, continua através
de uma série de outros setores líderes nos quais é realiza-

Pedro Sisnando Leite


183
do um esforço de investimento maciço e de larga escala.
Acredita Rostow que uma série de pequenos esforços não
são suficientes para o arranque. Somente uma ação forte e
substancial garantirá o êxito do empreendimento. Pequenos
investimentos não podem resultar em taxas de crescimento
continuadas e autossustentadas. Segundo as estimativas
desse economista, referida etapa cobre um período de,
aproximadamente, duas décadas.

Tabela 13 – Datas do Arranco em vários Países


Países Datas Países Datas

Grã-Bretanha 1783-1802 Alemanha 1850-1873


França 1830-1860 Suécia 1878-1900
Bélgica 1833-1860 Japão 1878-1900
Estados Unidos 1843-1860 Canadá 1896-1914

FONTE: W. W. Rostow. The stagens of economic growth. Cambridge University


Press, Cambridge, 1960.

A Marcha para a Maturidade

A presente etapa corresponde a um período de 40


anos após o término da decolagem. É a fase em que o país
passa a dominar a tecnologia mais avançada em disponi-
bilidade e pode produzir praticamente tudo que decidir
produzir, pois a tecnologia e os fatores institucionais não
constituem mais elementos de impedimento irremovível.
Estima Rostow que durante a etapa devem ser investidos
de 10 a 20% da renda nacional, continuamente, de modo
que o ritmo de crescimento ultrapasse o aumento da po-
pulação, elevando o incremento per capita da renda. O
desenvolvimento econômico também se torna evidente

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


184
através das transformações da estrutura da economia, de
modo que o setor agrícola perde posição relativamente à
indústria e serviços, que passam a concentrar a maior parte
da renda e emprego.
Como resultado dessas alterações, a economia começa
a substituir por produção local o que antes era importado,
ao mesmo tempo que amplia as exportações de produtos
manufaturados para o exterior. Finalmente, a renda per
capita sobe a níveis cada vez mais elevados, de modo que
a economia não somente se torna desenvolvida como o
processo de crescimento se revela autossustentado.

A Era do Consumo em Massa

Na presente etapa do desenvolvimento econômico,


quando as dificuldades tecnológicas foram superadas e
uma grande parte da população adquiriu um alto nível
de vida, os setores líderes da economia se dedicaram à
produção de bens duráveis, de maior elasticidade-renda.
Em tais condições, os consumidores já ultrapassaram os
limites da satisfação das necessidades de consumo básico,
tais como: alimentação de pós-maturidade, por exemplo,
que as “sociedades ocidentais, mediante processos polí-
ticos, passam a atribuir recursos cada vez maiores à as-
sistência social”. Em outras palavras, é o surto do estado
do bem-estar.

Pedro Sisnando Leite


185
Figura 17 – Etapas do Desenvolvimento – Rostow

Pode-se descrever, sinteticamente, as características


das sociedades que atingem essa etapa dizendo que a Eu-
ropa Ocidental e o Japão entraram nesse estágio na década
de cinquenta e que os Estados Unidos começavam a sair
dela para outra na última fase prevista por Rostow, isto é,

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


186
a etapa para além do consumo em massa, sobre a qual é
difícil fazer previsões. O conceito de “consumo ostensivo”
de Thorstein Veblen assemelha-se às condições dominan-
tes nessa etapa, classificada por Rostow como para além
do consumo. De fato, Galbraith15 acha que a maior parte
das necessidades da população dos países superdesen-
volvidos são meramente criadas pela propaganda. Essas
necessidades são antes sociais que individuais, isto é, um
importante motivo do consumo em massa da sociedade é
decorrente de motivações de prestígio social ou simples
emulação.

Comentários à Tese de Rostow

Muitas discussões e críticas têm surgido em relação


à tese de Rostow sem, contudo, afetá-la significantemente.
Kuznets, por exemplo, que denomina a análise de Rostow
de “esquema”, afirma que não há características empíri-
cas suficientes para distinguir claramente os estágios da
“decolagem” e das “pré-condições e o crescimento autos-
sustentado”.
Admite Kuznets, demais, que nenhum crescimento
é auto-sustentado, pois o próprio processo de crescimento
gera alguns efeitos de autolimitação. Segundo este eco-
nomista, são falhas também as ideias sobre “os setores
liderantes”, ou seja, o efeito dinamizador ou de impulso
de um setor sobre outros setores. Kuznets acredita que o
crescimento de um setor tem origem “autônoma e depen-
de da sua contribuição direta ou indireta ao crescimento
15
John Galbraith The affluent saciet. Boston, Houghton Mifflin, 1958.

Pedro Sisnando Leite


187
econômico do país”. Prefere Kuznets classificar as duas ou
três décadas anteriores ao desenvolvimento maduro de “fase
pré-moderna próxima”, e, para as duas ou três seguintes,
de “fase de crescimento inicial” .
Outras divergências referem-se às opiniões sobre a
descontinuidade do processo de desenvolvimento versus
continuidade, ou seja, enquanto Rostow defende o conceito
de desenvolvimento equilibrado, outros economistas pro-
pugnam o desenvolvimento desequilibrado, em oposição às
concepções de Rostow. Neste caso, as discussões se voltam
mais para as duas correntes de pensamento representadas
pelas teorias do desenvolvimento balanceado e desequili-
brado, e não representam diretamente uma crítica à tese
de Rostow em si.
Muitas outras faces das críticas referentes à ênfase na
formulação de Rostow, no tocante aos aspectos agregativos,
setoriais, qualitativos e quantitativos, são apenas ângulos
de uma divergência básica entre os economistas quanto a
estratégia do desenvolvimento. Acreditam os analistas da
tese de Rostow que um dos objetivos desse economista foi

derrotar Myrdal, Singer e todos os que apre-


sentavam como imagem dominante do mundo
contemporâneo a situação em que os países ricos
ficavam progressivamente mais ricos em relação
aos pobres.16
De fato, em contraposição a essas ideias entre países
pobres e ricos, Rostow referiu-se a economias estagnadas
e em crescimento regular, afastando a ideia de frustração
que a análise relativa da renda nacional traz aos países
16
Op. cit. pp. 217-228.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


188
subdesenvolvidos diante da perspectiva de um aumento do
hiato que as separa. O objetivo primordial levantado por
Rostow não era a igualação, mas o crescimento, sendo que
a “decolagem” poderá ser alcançada dentro de uma gera-
ção. As pré-condições dos países subdesenvolvidos devem
ser no sentido de aproveitar ao máximo o seu potencial de
crescimento, e não o confronto entre o seu desempenho e
o de outras economias desenvolvidas.
Na verdade, os estágios de Rostow intentam descrever
um padrão geral do processo de crescimento, sendo que
eles não são estritamente seguidos por todos os países.
Alguns aspectos importantes, contudo, são fundamen-
tais em qualquer circunstância em que um país deseje
desenvolver-se. O que importa destacar na teoria de Ros-
tow é que a diferença básica entre os países desenvolvidos
e subdesenvolvidos não decorre das diferenças de taxas
de crescimento, pois os da segunda categoria podem até
apresentar, em curtos períodos, índices mais elevados de
crescimento da renda do que os desenvolvidos, conforme
tem demonstrado a experiência da história econômica. Os
países desenvolvidos, porém, podem manter uma evolução
da renda de maneira continuada e autopropulsora, enquanto
os subdesenvolvidos se caracterizam por um fenômeno de
crescimento instável, como acontece nas situações em que
o fator de crescimento decorre de atividades agrícolas ou
de exploração mineralógica ligada ao exterior. Neste caso,
ao sobrevir um problema de economia internacional, dá-se
simultaneamente o arrefecimento das taxas de crescimento
sem que outros setores da economia tenham incorporado o
processo de crescimento daí originado.

Pedro Sisnando Leite


189
Outro aspecto está explícito na tese de Rostow: além
de intenso esforço de poupança, é necessária a criação das
habilidades e das condições institucionais para aplicar os
investimentos de maneira produtiva. Os países subdesen-
volvidos carecem tanto das pré-condições naturais como de
uma infraestrutura política e social. É necessário, contudo,
estar advertido de que o período correspondente ao arranco
depende essencialmente da situação em que se encontrar
o País quanto as pré-condições para o arranco. Um país
pode estar necessitando de adoção de um grande elenco
de medidas, enquanto outros estão apenas dependendo de
umas poucas providências. Uma tentativa prematura para
o arranco ou um retardamento do seu início podem levar
os sistemas econômicos a frustrações maléficas e de resul-
tados negativos duradouros, tanto no campo psicológico
como político.
Em resumo, os países subdesenvolvidos não são uni-
formes e se encontram em estágios diferentes de desenvol-
vimento, precisando, portanto, de medidas diferenciadas
para o seu arranco.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


190
Figura 18 – Etapas do Desenvolvimento: Rostow

Critérios Sociedade Tradi- Pré- Arranco Marcha para Consumo


cional Condições Maturidade em Massa

Consumo Per Capita < US$ 100 + 100 > 100 500 – 1.000 > 1.000

1 Só para Início para 5% – 10% 10% – 20% > 20%


% PNB Depreciação Produção

%  População Estável Aumento Alto Decresce Baixo

%  População
0 0 0 – 3% 3% – 7% 2% – 4%
Per Capita

Relação Em Demanda > Oferta Oferta Demanda


Demanda/Oferta Equilíbrio Oferta Regularizada Satisfeita Forçada

Tecnologia Pré-Newton Procura de Mud. em T. Tecnologia


Automação
Mudança os Setores Especializada
Estrutura Familiar Estratificada Des. Classe Mobilidade
Ocupacional Moderna
Social Estratificada Instável Média
Geográfica
No de Famílias que uma
0,1 – 0,7 0,1 – 0,2 1 4 – 10 10 – 15
Família pode Manter

População Notadamente Começo da Crescimento Predominante- Urbana Super-


Rural-Urbana Rural Migração das Cidades mente Urbana concentrada

Pedro Sisnando Leite


191
O DESENVOLVIMENTO BALANCEADO

Introdução

A análise dos problemas do desenvolvimento eco-


nômico tem motivado o surgimento de inúmeras teorias e
correntes de pensamento.
Durante as duas últimas décadas, muitos dos mais im-
portantes economistas têm concentrado os seus estudos na
investigação da trajetória ou estratégias do desenvolvimento.
Uma das mais importantes controvérsias sobre as políticas
do desenvolvimento econômico das economias subdesen-
volvidas dizem respeito aos teoremas da descontinuidade
e do gradualismo ou incrementalismo do desenvolvimento.
As divergências se relacionam respectivamente com o
que passou a ser denominado de teoria do desenvolvimento
equilibrado, balanceado ou do grande impulso e a teoria do
desenvolvimento desequilibrado.
A teoria do desenvolvimento equilibrado ou do gran-
de impulso (Big Push) conta como seus principais adeptos
os economistas Raul Rosenstein-Rodan, Ragnar Nurkse,
Tibor Scitovsky e Arthur Lewis. Por sua vez, destacam-se
como os mais ferrenhos defensores do desenvolvimento
desequilibrado Albert O. Hirschman e Hans Singer,17 além
de Evsey Domar e Kaldor.

17
Hans Singer, The concept of balanced growth and economic development.
Theory and Facts. Texas, University of Texas, 1958.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


192
Essas duas doutrinas têm alguns pontos em comum,
mas são fundamentalmente diferentes nas políticas que
sugerem para o início a obtenção do desenvolvimento.
O desenvolvimento equilibrado versus desequilibrado
tornou-se um problema de governo, tendo em vista a ne-
cessidade de escolha dos enfoques que o desenvolvimento
exige.
De fato, o conceito de crescimento equilibrado de
Nurkse e o interesse de Hirschman pela tese do desequilí-
brio decorrem da preocupação básica quanto à determinação
de uma estratégia do desenvolvimento. Do mesmo modo,
o teorema de “Grande Impulso de Rosenstein-Rodan e a
teoria do “Esforço Crítico Mínimo” de Leibenstein18 buscam
explicar a trajetória para superar, em tempo relativamente
curto, o efeito gravitacional do estancamento da economia.
Os comentários a seguir constituem uma tentativa de
sumariar os principais aspectos das referidas doutrinas.

O Conceito de Desenvolvimento Balanceado

Algumas vezes se faz distinção entre a abordagem dos


defensores do desenvolvimento balanceado. Não existem,
contudo, razões suficientes para a discussão dessas diferen-
ças numa análise resumida dessa doutrina. Vale salientar,
porém, que a falta de rigorismo não afeta substancialmente
o conteúdo geral da tese em estudo.
De modo amplo, os adeptos do desenvolvimento
equilibrado acham que, para ocorrer o desenvolvimento,
18
Harvey Leibenstein. Atraso e desenvolvimento econômico. Rio, Fundação
Getúlio Vargas, 1967.

Pedro Sisnando Leite


193
é necessário que as diversas partes do sistema econômico
devem evoluir simultaneamente, desde que o desequilíbrio
entre os setores possa obstar o processo de crescimento.
As relações entre o setor agrícola e industrial são
exemplos da necessidade de desenvolvimento equilibrado.
Se certos setores não forem incluídos no processo, poderiam
ficar atrasados, criando “gargalos” e impedindo o crescimen-
to geral. A concentração sobre um setor pode resultar no
atraso nos transportes, energia, mão de obra especializada
e insumos que retardam o próprio setor enfatizado.
Se a agricultura não se desenvolve, por exemplo, não
há estímulos para a instalação de indústrias, pois não há
mercado para os bens industriais de uma economia sub-
desenvolvida. Contrariamente ocorre se o setor industrial
fica retardado e não oferece condições de estímulo para o
setor agrícola.19
O equilíbrio setorial, contudo, não é admitido como
sendo necessariamente de crescimento idêntico, mas pro-
porcional à estrutura da demanda. Mesmo no caso da oferta
insuficiente, é possível que certas necessidades sejam aten-
didas através da importação desses bens ou fatores.
Rosenstein-Rodan20 explica o significado do desen-
volvimento equilibrado ou do grande impulso, dizendo:

Há um mínimo de recursos que deve ser dedica-


do a um programa de desenvolvimento para que
este tenha alguma probabilidade de êxito. Lançar
um país num crescimento autossustentado é, de

19
W. Arthur Lewis. A Teoria do desenvolvimento econômico. Zahar, Rio, 1960.
20
P.N. Rosenstein-Rodan. Problems of industrialization of Eastem and South-
-Eostem Europe. Economic Journal, 1943.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


194
algum modo, como fazer decolar um avião. Há
sobre a pista uma velocidade crítica que deve
ser ultrapassada antes que o aparelho se eleve.
Procedendo gradativamente, “passo a passo”,
não se conseguirá um efeito igual à soma total
dos passos isolados. Um “quantum” mínimo de
investimento é condição necessária, embora não
suficiente, para o êxito.21

O impulso para o investimento, contudo, é freado


pela dimensão do mercado, conforme a interpretação de
Allyn Young.22 O argumento central dessa teoria é que uma
empresa nova num país subdesenvolvido não tem condi-
ções de êxito porque inexiste mercado para aquisição de
sua produção. Os empregados da nova empresa não irão
despender sua renda unicamente na aquisição dos produtos
dessa indústria.
Segundo Nurkse,23 não há dificuldades no caso de
uma aplicação de capital mais ou menos sincronizada numa
ampla gama de indústrias diferentes. Neste caso, o resultado
é uma ampliação geral da demanda e, portanto, uma saída
para o impasse da limitação de mercado. Em vista disso, a
tese do desenvolvimento equilibrado é inerente à lei clássica
de Say que afirma que “a oferta cria a sua própria procu-
ra”, naturalmente em uma economia fechada e de pleno
emprego. Portanto, para possibilitar o desenvolvimento, é
necessário começar, de uma vez e ao mesmo tempo, uma

21
Idem, ibidem. The big push argument In: – Leading Issues in Development
Economies, New York, Oxford Univesity Press, 1964.
22
Increasing returns and economic progresso Economic Journal, 1928.
23
Alguns aspectos internacionais do desenvolvimento econômico. In: A eco-
nomia do desenvolvimento, Rio, 1958.

Pedro Sisnando Leite


195
grande quantidade de indústrias novas, que serão clientes
umas das outras, através das compras feitas pelos seus
operários, empregados e proprietários.24
O automatismo do laissez-faire não parece ser para os
defensores do desenvolvimento equilibrado o mecanismo
adequado para o desenvolvimento. Nurkse,25 porém, escreve
que o desenvolvimento equilibrado tem como pressupos-
to a oferta ilimitada de capital, análogo à teoria de Lewis
quanto à oferta ilimitada de mão de obra. Reconhece, con-
tudo, que nos países subdesenvolvidos a oferta de capital
não é ilimitada e que é necessário que o governo mobilize
os recursos para os investimentos adequados. Além disso,
a fim de que ocorra a simultaneidade de investimentos, é
preciso que o Estado assegure as condições necessárias ao
êxito do empreendimento.
Os defensores dessa teoria preconizam uma forma
de governo centralizador e coordenador do processo de
desenvolvimento, desde que se reconheça que o sistema de
mercado não é suficiente para estimular as forças necessá-
rias ao desenvolvimento. Defende ação do Estado que tem
por finalidade substituir a escassez de empreendedores e
de motivação iniciais para o investimento. Conforme essa
doutrina, deve caber ao Estado e aos capitalistas mobiliza-
rem, internamente, os recursos para a formação de capital
indispensável aos investimentos.
Contrariamente a essa opinião, Rodan acha que os
capitais poderiam vir de fora. De fato, segundo Joseph
24
P. N. Rosenstein-Rodan. Notes on the theory of the Big Push, Massachusetts
MIT. CIS, 1957.
25
Growth – Balanced ou unbalanced. In: Leading issues in Development Eco-
nomic. New York, 1964.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


196
Schumpeter, a evolução do capitalismo industrial deve-se
à ação de empresários criadores que motivaram uma onda
de investimentos em vasto campo industrial.
Um dos aspectos importantes desse mecanismo de
crescimento simultâneo é que o desenvolvimento equilibra-
do gera economias externas, aumentando a produtividade
marginal do capital privado. Assim, as complementaridades
técnico-econômicas de diferentes indústrias compõem o
maior conjunto de argumentos a favor do planejamento
industrial em larga escala. De fato, os supostos lógicos do
desenvolvimento equilibrado tomam por base o fenômeno
das economias externas e as indivisibilidades dos fatores
de produção e da procura.

Economias Externas

O conceito de economias externas foi introduzido por


Alfred Marshall e tem sido motivo de extensas discussões.
Tibor Scitovsky26 resume as noções mais aceitas nos debates
realizados durante os últimos 20 anos.
De modo geral, os principais conceitos de economias
externas estão associados a dois diferentes ramos do pensa-
mento econômico, isto é, a teoria do equilíbrio e a teoria da
industrialização dos países subdesenvolvidos.
A primeira tem como principal defensor o professor
Mead.27 Este afirma que as economias externas tecnológicas
aparecem quando a produção de uma empresa depende não
26
Dois conceitos de economias externas: In: Economia do Subdesenvolvimento,
Rio, 1958.
27
External economics and diseconomies. The Economic Journal, v. 60, 1952.
Idem, ibidem. The theory of internacional economic policy. London, v. 2, 1955.

Pedro Sisnando Leite


197
apenas dos fatores de produção utilizados pela empresa,
mas também do produto e do uso de fatores oriundos de
outras empresas. Scitovsky enumera dois exemplos desse
tipo de economias externas:

a) o caso em que uma empresa se beneficia do mercado


de trabalho criado pelo estabelecimento e outras
empresas;
b) o caso em que as empresas utilizam um recurso que
é livre, mas de quantidade limitada; “poço de petró-
leo cuja produção depende do número de operações
de outros poços no mesmo campo petrolífero”.

Quanto às economias externas no âmbito da teoria da


industrialização nos países subdesenvolvidos, o conceito
decorre principalmente da necessidade de distribuição
dos investimentos entre alternativas de poupanças e in-
vestimentos. Neste caso, segundo Scitovsky, parece que as
economias externas são invocadas sempre que os lucros de
um produtor veem-se afetados pelas ações de outros pro-
dutores. De modo geral, esse conceito abrange o anterior,
mas é mais amplo em seu significado. Para distingui-lo das
economias externas tecnológicas, Scitovsky as denomina de
economias externas pecuniárias, que corresponde à situação
em que os lucros da empresa dependem tanto de sua pró-
pria produção e emprego como fatores de outras empresas.
Neste caso, ocorre não somente a interdependência entre
produtos como a interdependência entre os produtores
através do mecanismo do mercado.
As economias externas pecuniárias se manifestam
“numa situação em que o investimento na indústria A

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


198
barateará seus produtos e, se estes forem utilizados como
fatores na indústria B, aumentarão os lucros destas”28 As
economias pecuniárias, portanto, são os benefícios auferi-
dos pelo produtor que utiliza fatores a preços mais baixos
provenientes da atividade de um outro fornecedor.

As Indivisibilidades e o Desenvolvimento Equilibrado

Como ficou evidenciado, um dos argumentos funda-


mentais do Big Push se apoia na ideia de economias ex-
ternas. Ao destacar a importância da descontinuidade em
confronto com as limitações de mercado, Rosenstein-Rodan
argumenta que três indivisibilidades as condicionam à es-
tratégia do desenvolvimento, isto é:

a) Indivisibilidade na oferta de capital social fixo.


b) Indivisibilidade da procura ou complementaridade
da procura.
c) Indivisibilidade na oferta de poupança.

Indivisibllidade na Oferta de Capital Fixo Social

A dimensão mínima do investimento de infraestrutura


(energia, ferrovias, comunicações etc.) é o exemplo mais
significante da indivisibilidade e de economias externas,
do lado da oferta. Além disso, o capital social básico é
indiretamente produtivo e deve ser construído antes dos
capitais diretamente produtivos. Adicione-se a isto a alta

28
Op. cit. p. 23.

Pedro Sisnando Leite


199
durabilidade mínima desse capital e o seu longo período de
gestação. Como a dimensão mínima desses investimentos é
grande nos períodos iniciais, é quase sempre operado com
margem de ociosidade nos países subdesenvolvidos. Allyn
Young, porém, chama a atenção para a circunstância de que
os rendimentos crescentes podem ser obtidos tanto pelo
aumento da dimensão da empresa como pelo crescimento
da indústria e do parque industrial total.
Deve-se ressaltar que a infraestrutura não pode ser
importada, constituindo um dos grandes obstáculos ao
crescimento dos países subdesenvolvidos que necessitam
aplicar em infraestrutura cerca de 30 a 40% dos seus in-
vestimentos.
É preciso, assim, que os investimentos de infraestru-
tura e produtivos sejam realizados em um só bloco para a
maximização privada e social dos investimentos.

Indivisibilidade da Procura

A complementaridade da procura é também explicada


por Rodan ao assinalar que as decisões de investimento são
interdependentes e um projeto individual de investimento
tem um alto risco devido à incerteza quanto as possibili-
dades de absorção do seu produto pelo mercado. “A difi-
culdade de ajustar a procura e a oferta em pequena escala
representa um risco maior num pequeno mercado do que
outro que seja grande e crescente.”29
O repetido exemplo da complementaridade da procura
é mais ou menos o seguinte: em uma economia fechada de

29
Idem, Ibidem, Op. cit.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


200
um país subdesenvolvido, a instalação de uma nova fábrica
de sapatos que emprega 100 operários, antes desempre-
gados, geraria, através dos salários recebidos, uma renda
adicional. Admitindo que os operários gastassem toda a
sua renda na compra de sapatos dessa indústria, estaria
resolvido o problema de mercado. É evidente, contudo, que
isso não pode ocorrer, pois os operários e empregados têm
necessidades variadas e usam parte de sua renda em sapa-
tos, alimentos, moradia etc, ficando a fábrica sem mercado
para os seus sapatos.
Supondo que, ao invés de um investimento isolado
na fábrica de sapatos, utilizando 100 operários, fossem
realizados múltiplos investimentos que empregassem 10
mil operários, antes desocupados ou subempregados, num
conjunto de indústrias diversificadas, a renda adicional
dos operários poderia ser gasta na compra de bens dessas
diversas indústrias, gerando uma complementaridade da
procura, ou seja, superando o problema da indivisibilidade
da demanda.
O exemplo mencionado refere-se a uma economia fe-
chada, pois em uma economia com comércio internacional
o problema de mercado poderia ser resolvido através da
substituição de importação ou objetivando as exportações.
Rosenstein-Rodan acredita que o comércio internacio-
nal não elimina a indivisibilidade da procura. Os mercados
externos são imperfeitos e não dispensam a necessidade do
grande impulso interno, tendo em vista que a infraestrutura
não pode ser importada e a instabilidade desses mercados
não estimulam os investimentos unicamente com a finali-
dade de exportação.

Pedro Sisnando Leite


201
A Indivisibilidade na Oferta de Poupança

Um alto volume de investimento exige um elevado


montante de poupança que os países subdesenvolvidos não
estão em condições de realizar. O caminho para superar esse
círculo vicioso é através do incremento do investimento que
mobiliza recursos antes não utilizados, de modo que, em
uma segunda etapa, a poupança marginal torna-se superior
à taxa média de poupança.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


202
A DOUTRINA DO DESENVOLVIMENTO DESEQUILIBRADO

Observações Criticas à Teoria do Desenvolvimento


Equilibrado

A teoria do desenvolvimento balanceado supõe a


existência simultânea de empresários e administradores,
em todos os níveis, para gerir um amplo e complexo parque
industrial que se deve instalar de uma só vez.
Os defensores do desenvolvimento desequilibrado
acham que essa hipótese é utópica. A carência desses
elementos é, de fato, uma das características mais fre-
quentes dos países subdesenvolvidos. Por isso, não tem
significação prática supor que eles estejam disponíveis na
quantidade imaginada pelos teóricos do desenvolvimento
equilibrado.
Não obstante, os adeptos do desenvolvimento dese-
quilibrado admitem que esse problema pode ser resolvido
a longo prazo, desde que os estímulos e pressões do sis-
tema econômico sejam suficientes e adequados para essa
finalidade.
A teoria do desenvolvimento equilibrado consiste
fundamentalmente em um modelo de desenvolvimento
com oferta ilimitada de capital, à semelhança do que Arthur
Lewis formulou a sua teoria em termos de oferta ilimitada
de mão de obra.

Pedro Sisnando Leite


203
Apesar de ser possível em uma economia subdesen-
volvida ampliar bastante a mobilização de recursos ociosos
ou mal aplicados, é ilusório supor que existe capital em
proporção ilimitada para atender a todas as necessidades
para um salto brusco no ritmo de crescimento de um país
inteiro.
Outro aspecto fundamental da citada teoria é que
ela se apoia basicamente na lei clássica dos mercados de
SAY, segundo a qual “a oferta cria a sua própria procura”.
Consequentemente, a validade do modelo também depende
dos pressupostos de uma economia fechada e, portanto,
inexistem relações de mercado com outros países.
O problema da demanda levantada pelos economis-
tas do desenvolvimento equilibrado é derrubado por seus
opositores exatamente com o argumento da inclusão do
comércio externo, que todos os países subdesenvolvidos,
na realidade, praticam. Desse modo, o mercado interno
pode-se expandir pelas substituições de importações ou
pela ampliação das exportações, como ocorreu, por exem-
plo, com o Brasil.
Em contraposição também aos argumentos de limita-
ção de mercado de Nurkse, Everett E. Hagen assevera que
isso poderia ser verdadeiro

se formarmos uma imagem mental dos países


mencionados como se estivessem imobilizados
num pântano de pobreza. Quando substituímos
estes vagos conceitos mentais por dados relativos
ao volume do tamanho do mercado já não parece
ter tanto peso.30

30
Everett Hagen. Economia do desenvolvimento. São Paulo: Atlas, 1971.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


204
Afirma ainda Hagen que é possível que não haja
mercado para muitos produtos industriais consumidos nos
países de elevada renda.
No caso, porém, de produtos comumente utilizados
nos países de baixa renda, existe um volume de deman-
da que permite a instalação de muitas indústrias mesmo
destinadas a abastecer mercados regionais (sabão, fósforo,
produtos têxteis, açúcar, confecções, produtos alimentícios,
etc.). Como exemplo pode-se citar o Nordeste do Brasil,
onde a renda interna de 1980 atingiu USS 24,8 bilhões de
dólares e uma população de 35 milhões de habitantes. Mais:
a renda interna do Brasil nesse ano atingiu 199 bilhões de
dólares e a população 120 milhões de habitantes.
Henry J. Bruton, fazendo comentários críticos sobre a
teoria do desenvolvimento equilibrado, afirma:

... de modo algum se deveria pensar no problema


de desenvolvimento como sobrepondo à econo-
mia tradicional e estagnante uma outra economia
separada, onde a oferta deve criar a sua própria
demanda independentemente do que está ocor-
rendo na velha economia.31

Além disso, essa forma de economia dualista pode


motivar a derrocada do setor tradicional pela concorrência
da indústria moderna, provocando sérios problemas ao
sistema econômico.
Em oposição à ideia de que é necessária a implantação
simultânea de muitas indústrias para gerar a complemen-

31
Princípios de economia do desenvolvimento. São Paulo: Atlas, 1969.

Pedro Sisnando Leite


205
taridade da demanda, os defensores do desenvolvimento
desequilibrado afirmam que a expansão de um único setor,
realizado através de uma inovação redutora dos custos de
produção e dos preços, pode também motivar a expansão
do mercado em face do fenômeno das elasticidades pre-
ços que comumente são elevadas no tocante aos produtos
manufaturados.
Além disso, a expansão de um determinado setor pode,
pelos efeitos de interdependência, motivar o surgimento de
outros setores que passarão a utilizar os insumos proceden-
tes do setor inicialmente implantado. Através desse meca-
nismo, poderão surgir ondas sucessivas de investimentos
correlacionadas.
Esse tipo de investimento privado complementar po-
derá surgir espontaneamente, com base na informação de
que determinadas indústrias estão em fase de instalação.
Assim, quando essas indústrias entrarem em funcionamen-
to já terão um mercado assegurado.
As indivisibilidades técnicas do capital social básico,
referidas na teoria do desenvolvimento equilibrado, são
também reconhecidas como fundamentais pelos defensores
do desenvolvimento desequilibrado. A diferença principal
entre as duas correntes é que os incrementalistas afirmam
que o problema dos países subdesenvolvidos não reside na
escassez total de capital social fixo. Na maioria dos casos,
os países subdesenvolvidos já contam com determinadas
disponibilidades de infraestrutura. A questão básica para
esses países é melhorá-las ou complementá-las. Portanto,
o problema não é iniciar do nada, mas ampliar e melhorar
esses serviços.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


206
Finalmente, Benjamin Higgins faz um comentário
sobre a controvérsia desenvolvimento equilibrado versus
desequilibrado, dizendo:

Ambos tratam do mesmo problema visto de ân-


gulos diferentes. A teoria do desenvolvimento de-
sequilibrado defende a necessidade de “ex ante”
se provocar o desequilíbrio a fim de produzir,
subsequentemente, “ex post”, um equilíbrio a um
elevado nível de renda per capita.32

A Tese do Desenvolvimento Desequilibrado

A concepção mais completa da teoria do desenvol-


vimento não balanceado encontra-se exposta no livro
“Estratégia do Desenvolvimento Econômico” de Albert O.
Hirschman.33
A tese central defendida por esse economista funda-
menta-se, ao contrário dos adeptos do desenvolvimento
equilibrado, na adoção de uma política deliberadamente
desequilibrada para se conseguir o desenvolvimento de
uma economia retardada.
Admite Hirschman que as condições exigidas pelo
desenvolvimento equilibrado inexistem nas economias
subdesenvolvidas e que a defesa dessa trajetória apenas
reflete uma aspiração irrealista. Segundo ele, o desenvolvi-
mento econômico resulta de avanços desiguais dos setores
econômicos, sendo que as atividades retardadas procuram

32
Economic development, problems, principies & policies. New York, W. W.
Norton, 1968.
33
Estratégia do desenvolvimento econômico. Rio, Fundo de Cultura, 1960.

Pedro Sisnando Leite


207
alcançar os setores adiantados. O “fomentar de decisões”
desse processo é que provoca a onda de investimentos in-
duzidos que, de outro modo, dificilmente ocorreria.
Quando as forças de mercado não são suficientemente
fortes para estimular o progresso de infra-estrutura, as au-
toridades públicas são pressionadas para adotar as medidas
necessárias à superação dessas dificuldades. Esse fenômeno
ocorre pelo desejo de sobrevivência política, que constitui
uma força motriz e reconhecidamente eficaz para a solução
dos problemas dessa natureza.

A cada passo uma indústria tira vantagens de


economias externas criadas pela expansão prévia
e, ao mesmo tempo, forma novas economias ex-
ternas a serem exploradas por outras empresas.34

A Habilidade para o Investimento

Segundo Hirschman, nas economias adiantadas a te-


oria do crescimento encontra-se centrada no problema da
formação de poupanças e na existência de oportunidades
de investimento e sua respectiva produtividade.
Nas economias subdesenvolvidas, além desses dois
pontos de contatos, ou seja, origem das economias e feitos
terminais, subsiste o mais difícil problema: a conexão entre
as economias e os investimentos, isto é, “a habilidade para
investir”, que consiste na capacidade de tomar decisões e
executá-las adequadamente.
De fato, Hirschman é de opinião que, nos países sub-
desenvolvidos, um dos elementos mais raros são as habili-
34
Albert O. Hirschman, op. cit., p. 101.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


208
dades para identificar e tomar as decisões de investir.35 A
convicção desse autor é de que os recursos para o investi-
mento podem ser mobilizados de inúmeras fontes latentes
que se revelam quando tais habilidades se manifestam. O
método para desabrochar essas habilidades está em o go-
verno motivar os desequilíbrios nos setores que têm maior
ligação com outras atividades sobre as quais as pressões
tornam óbvias as oportunidades de lucros.
Contrariamente às teorias do desenvolvimento equili-
brado que admitiam complementaridades técnicas unifor-
mes entre todas as atividades, Hirschman ressaltava que o
grau de complementaridade é mais forte em determinados
ramos de indústrias do que em outros. Conclui ele que a
estratégia deve ser de concentrar os investimentos onde
os efeitos de articulação interdependentes são mais fortes.
Um projeto de investimento, realmente, pode reunir
efeitos de ligação para a frente (forward linkage) e efeitos
para trás (backward linkage). A escolha dos projetos, por-
tanto, deve recair preferencialmente sobre aqueles que reú-
nam a maior capacidade conjunta das duas modalidades de
ligações, isto é, quando a “rede das relações de input-output
é mais espessa, representando indústrias que compram a
maior parte de seus inputs de outras indústrias.36
As indústrias de aço e ferro, por exemplo, tanto moti-
vam o surgimento de fábricas para bens finais como geram
atividades concernentes à exploração do minério. Outros
projetos apresentam combinações diversas quanto aos seus
efeitos para frente e para trás. Enquanto a produção de fa-
35
Henry J. Bruton. Princípios de economia do desenvolvimento. Rio: Atlas, 1969.
36
Benjamin Higgins. Op. cit. p. 328-331.

Pedro Sisnando Leite


209
rinha de trigo afeta mais fortemente a produção agrícola, a
produção de petróleo tem um efeito contrário, isto é, as ati-
vidades derivadas são mais importantes do que a extração.37
De modo geral, a agricultura apresenta efeitos de liga-
ção fraca tanto para frente como para trás. Como os países
subdesenvolvidos se caracterizam pela predominância do
referido setor, pode-se facilmente deduzir que uma das
estratégias para esses países é através da industrialização,
que torna maior o grau de ligação intersetorial.
Analisando o sistema de crescimento, Hirschman
enfatiza que a atividade do investimento é campo que
permanece ainda como um dos aspectos de conhecimento
insatisfatório na teoria do desenvolvimento. Segundo ele,
alguns autores adotaram dividir o investimento em in-
duzido (decorrente de aumentos recentes da demanda) e
autônomos (influenciados) pelas inversões e investimentos
do setor público). Os investimentos induzidos decorrem de
variantes econômicas conhecidas, mas os autônomos não
podem seguramente ser explicados.
Segundo Hirschman, é um erro supor que as grandes
transformações dinâmicas das economias subdesenvolvidas
decorram de investimentos autônomos. Esse papel cabe ao
investimento induzido ou completivo para as transforma-
ções reais das economias subdesenvolvidas. A fabricação de
cerveja é um exemplo usado para explicar esse fenômeno,
pois, a instalação de uma indústria dessa natureza pode
não só expandir a capacidade da cervejaria como motivar
a fabricação de garrafas, o cultivo de cevada e outras reper-
cussões similares.
37
H. Myint. A Economia do desenvolvimento. Rio: Zahar, 1964.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


210
Desenvolvimento Via Escassez e Via Capacidade Excessiva
de Capital Fixo Social

As ideias de Hirschman sobre o desenvolvimento via


escassez e via capacidade excessiva de capital fixo social
constituem o ponto de sua teoria.
Antes, porém, de examinar o conteúdo dessa estra-
tégia, convém definir o significado de capital fixo social e
atividades diretamente produtivas.

a) Capital fixo social (CFS) compreende serviços bási-


cos, tais como: a justiça e a ordem, a educação e a
saúde pública, o transporte, comunicações, supri-
mento de água e de energia, portos, ferrovias, assim
como o capital agrícola (irrigação, drenagem). Vale
ressaltar que esse tipo de investimento apresenta
uma alta relação capital/ produto.
b) Atividades diretamente produtivas (ADP). Como
é evidente, correspondem aos investimentos na
produção agrícola, industrial, comercial e demais
serviços.

O núcleo da estrutura analítica de Hirschman é


que o CFS é básico ao desenvolvimento das atividades
diretamente produtivas. Reconhece ele, porém, que não
existe comprovação empírica suficiente para determinar
“até que ponto o investimento em CFS lidera ou acompanha
o investimento em ADP”.
Mesmo admitindo que às vezes os investimentos em
CFS são indispensáveis ao surgimento de ADP, como foi

Pedro Sisnando Leite


211
acontecer com uma indústria de exportação carente das
facilidades portuárias para o seu êxito, reconhece Hirs-
chman que a sequência dos investimentos em CFS e ADP
pode ser indiferente.
Há uma trajetória de combinação dos dois tipos de
investimentos; o aumento, porém, de produção é obtido ao
custo mínimo. Hirschman analisa esse problema em forma
gráfica, conforme se apresenta a seguir.

Figura 19 – Desenvolvimento Equilibrado e Desequilibrado

Disponibilidade e Custo de Capital Fixo Social (CFS)

O custo total da produção de ADP é representado no


eixo vertical e as disponibilidades e o custo de CFS, no
eixo horizontal.
As curvas a, b, c, e d indicam o custo de produção
das ADPs em relação às disponibilidades de CFS, segundo

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


212
níveis de produção diferentes. Observando-se essas curvas
da extrema direita para a esquerda, verifica-se, inicialmente,
que o CFS é abundante e os custos ADP são baixos. Com
o deslocamento para a esquerda, verifica-se um aumento
gradativo dos custos das ADP à medida que se torna escasso
o CFS. De início, a elevação dos custos ADP é suave, mas
depois se torna vertical, quando é mínimo o CFS.
Segundo Hirschman, “Do ponto de vista da economia
como um todo, o objetivo é obter produções crescentes de
ADP ao custo mínimo, em termos dos recursos destinados
tanto ao ADP quanto ao CFS.” Desse modo, o ponto dese-
jável é aquele em que a soma das ordenadas é menor, isto
é, corresponde à linha de 45° indicada na Figura 19.
Esse comportamento ideal, de crescimento equilibra-
do, é o de maior economicidade para os recursos.
Nos países subdesenvolvidos, há o paradoxo de que
eles comumente não conseguem ser econômicos, pois esse
procedimento exige um nível de capacidade de decisão que
inexiste nesses países. Admitir, contudo, um comporta-
mento dos países subdesenvolvidos que não leve em conta
esse aspecto é um procedimento destituído de significado
prático. Em vista disso, Hirschman adota como presunção
realista para a combinação de CFS e ADP, nos países sub-
desenvolvidos, o seguinte:

a) O capital fixo social e atividades diretamente pro-


dutivas não são realizadas simultaneamente.
b) A sequência desses investimentos deve buscar a
combinação que maximiza o surgimento de medi-
das induzidas.

Pedro Sisnando Leite


213
Com relação à primeira proposição (a), são indicadas
duas trajetórias alternativas, isto é, AA1BB2CC2D, que
corresponde à sequência denominada de desenvolvimento
via capacidade excessiva de CFS, e o caminho AB1 BC1 C
D1 D, que é a modalidade de desenvolvimento via escassez
de CFS.
Quanto à segunda proposição (b), a escolha da sequên-
cia deveria ser aquela que possibilitasse o maior grau de
autopropulsão.
A explicação de Hirschman quanto às decisões de
seguir uma ou outra das referidas trajetórias é a seguinte:

Se começarmos a expandir CFS (sequência AA1


BB2 C), a produção ADP existente torna-se menos
custosa e um aumento de investimento ADP,
portanto, pode muito bem se manifestar, depen-
dendo da reação dos empreendedores aos lucros
acrescidos. Se, por outro lado, a expansão de ADP
for encetada primeiro, o custo de produção ADP
provavelmente subirá consideravelmente e os
produtores de ADP enxergarão a possibilidade de
fazer economias através da instalação de maiores
facilidades de CFS. Resulta daí que pressões para
tal aumento possivelmente se manifestarão e as-
sim induzirão o marco seguinte desta sequência.

Ambas as sequências, portanto, estabelecem incenti-


vos e pressões e a avaliação das respectivas eficiências de-
pende da força das motivações empreendedoras e da reação
à pressão pública das autoridades responsáveis por CFS.
É reconhecido que há uma razão mínima de capital
fixo social e atividades diretamente produtivas, condição
necessária para que o crescimento de ADP somente possa

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


214
ser conseguido se o CFS for adicionalmente realizado. Não
significa isso que nenhuma atividade produtiva possa ser
instalada a partir do atingimento dessa razão. Esse procedi-
mento, contudo, motivará a diminuição da produtividade
marginal das firmas já instaladas em face da participação
no CFS existente ou na expulsão das empresas marginais
do mercado.
Quando a economia atinge esse ponto de desequilí-
brio, torna-se compulsiva a necessidade da ampliação do
CFS, o que será obtido através da pressão dos empresários
junto às forças políticas e governamentais.
Desse modo, conclui Hirschman que, além de o equi-
líbrio entre CFS e ADP ser inatingível nos países subde-
senvolvidos, o desequilíbrio deve ser a política desejável,
a fim de que surjam pressões que fomentem as decisões
de investimento que, de outro modo, estariam investidas.

Pedro Sisnando Leite


215
O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO COM OFERTA
LIMITADA DE MÃO DE OBRA

O Modelo de W. Arthur Lewis

O presente item constitui uma tentativa de explica-


ção do modelo de Arthur Lewis38 sobre o desenvolvimento
econômico dos países superpovoados, ou seja, com oferta
ilimitada de mão de obra.
De acordo com esse economista, a teoria clássica
adotava a hipótese de que ocorria uma oferta ilimitada de
mão de obra no nível dos salários de subsistência. Este
pressuposto foi abandonado pelos neoclássicos que verifica
existir na Europa, na época em que viveram, limitação na
oferta de mão de obra. Durante quase um século, os eco-
nomistas, tanto da Europa como da Ásia superpopulosa,
admitiam essa hipótese em suas análises. Ocorreu, desse
modo, uma lacuna durante todo esse tempo para explicar
os problemas do desenvolvimento econômico nos países
subdesenvolvidos com contingentes demográficos supe-
rabundantes.
Inicialmente se pensou que a teoria de Keynes escla-
recesse o problema do crescimento nos países com excesso
de população, pois admitia a oferta ilimitada de mão de
38
Economic development with inlimited suplies of labour, the Manchester Scholl,
1954.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


216
obra, como fizeram os clássicos. A teoria geral de Keynes,39
todavia, apoiada na análise do período de curto prazo, con-
siderava também ilimitada a oferta de capital e de terra, que
não se coadunava com a situação daqueles países.
Em vista disso, Arthur Lewis lançou mão do instru-
mental analítico clássico, atualizando os esquemas dessa
teoria à luz dos conhecimentos modernos da economia.
Trata-se de uma tentativa de encontrar um modelo que sirva
de orientação para as economias com excesso de mão de
obra e que buscam o desenvolvimento econômico.
A condição de enquadramento de um país como
possuindo oferta ilimitada de mão de obra se efetua pela
identificação de existência de um desequilíbrio entre as
disponibilidades de capital e recursos naturais, por um
lado, e de montante de mão de obra, por outro. Isto motiva
que a produtividade marginal da mão de obra em certos
setores da economia seja pequena, zero ou mesmo negati-
va. Encontra-se nessa categoria a situação a que se chama
de desemprego disfarçado. Assim, a oferta de trabalho é
ilimitada porque há um salário de subsistência e a oferta
excede à demanda.
Nessas circunstâncias não há limitações quanto ao
atendimento das necessidades de trabalho para o estabeleci-
mento de novas empresas ou para ampliação das existentes,
nos níveis de salários existentes, numa economia fechada.
Naturalmente que referida situação se aplica à mão de obra
não qualificada, apesar de poder também ser preparada em
períodos relativamente curtos, como explica Lewis.
39
J . M. Keynes. Teoria geral do dinheiro, do emprego e do lucro, Rio: Fundo de
Cultura, 1974.

Pedro Sisnando Leite


217
Um aspecto básico, porém, é que a mão de obra so-
mente é empregada na economia salarial até o ponto em que
a produtividade marginal do trabalho se iguale ao salário
corrente. O gráfico seguinte explica essa situação.

Produto marginal da mão de obra e salário

P
W

X
O M R
Quantidade de trabalho

Numa economia de subsistência, em que a produtivi-


dade do trabalho fosse zero, empregar-se-ia uma quantidade
de unidades de trabalho correspondente à distância OR.
Na economia capitalista,40 porém, seria empregada ape-
nas OM, pois corresponde ao ponto em que a produtividade
marginal do trabalho é igual ao salário. Neste caso, ocorreria
um excedente de WNP, enquanto WPMO corresponderia aos
salários dos trabalhadores no setor capitalista. Os trabalha-
dores MR ganham o que podem no setor de subsistência.
40
É a partir da Economia que utiliza capital reprodutível e que paga aos
proprietários desse pelo seu uso. O setor de subsistência, ao contrário, não
utiliza capital repodutível.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


218
O nível de salário no setor capitalista é estabelecido
geralmente com base no produto médio obtido no setor
de subsistência. Assim, o setor capitalista adota um nível
salarial superior, que Lewis admite como de 30%, a fim de
atrair os trabalhadores e cobrir os custos de oportunidade
de sua transferência para o novo ambiente de trabalho.
Pode-se observar o efeito dessa diferença pelo gráfico
seguinte, que é uma adaptação do anterior. Nesse exemplo,
OS representa o ganho médio no setor de subsistência e
OW, o salário no setor capitalista.
O Processo de Expansão Econômica – Com base no
exposto, Arthur Lewis desenvolve o argumento da expansão
econômica com apoio na utilização do excedente capitalis-
ta que, à proporção que é reinvestido na criação de novo
capital, motiva a absorção de mão de obra proveniente do
setor de subsistência. O limite desse processo de expansão
é atingido quando o excedente de mão de obra se esgota.
Fazendo uso novamente do gráfico comentado, pode-se ver
esse mecanismo expansionista da economia.
Produtividade
Marginal de
mão de obra e
salário

Quantidade de trabalho

Pedro Sisnando Leite


219
Aqui se considera que OS e OW são, respectivamente,
o rendimento médio do setor de subsistência e o salário do
setor capitalista. Assim, WN1Q1 corresponde ao excedente
na primeira fase. Parcela desse excedente é reinvestida au-
mentando a capacidade produtiva e deslocando a curva de
produtividade marginal para N2Q2. No período seguinte,
sucede a mesma coisa, passando para N3Q3, ocorrendo
paralelamente um incremento do emprego capitalista até
que o excedente de mão de obra seja totalmente ocupado.
O modelo clássico modificado de Lewis admite, po-
rém, que a formação de capital pode ser realizada não so-
mente pelos lucros, mas também pela expansão do crédito
bancário. O governo, igualmente, pode afetar a formação
de capital, de modo especial, através da inflação.
Segundo Lewis, “A inflação pode ser cumulativa quan-
do tem a finalidade de apropriar-se dos recursos necessários
a uma guerra; mas a inflação que tem por finalidade criar
capital produtivo é autodestrutiva. Os preços aumentam à
medida que se cria o capital e diminuem de novo à propor-
ção que o produto chega ao mercado”. Estas duas moda-
lidades de formação de capital não estão consideradas no
modelo comentado, pois o que se encontra em evidência
é o papel do setor capitalista e suas inter-relações com o
setor de subsistência.
Uma observação final deve ser feita. Apesar de o hori-
zonte de expansão do setor capitalista haver sido indicado
como aquele em que o excedente de mão de obra tenha
sido absorvido por este setor, é possível que tal se verifique
antes. Muitas razões podem deter o processo, mas o motivo
econômico principal é a possível elevação real dos salários

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


220
até diminuir os lucros dos capitalistas, de modo a atender
apenas as necessidades de consumo, ou seja, sem que ocorra
investimento líquido.
O principal fator de pressão para as elevações do sa-
lário no setor capitalista provém do aumento do produto
médio do setor de subsistência por força da diminuição
do subemprego neste setor. A relação real de intercâmbio
desfavorável para o setor capitalista, motivado por seu
crescimento de importância na economia, pode também
levá-lo a pagar mais elevados salários na tentativa de man-
ter sua renda real. Finalmente, Lewis afirma que o setor de
subsistência pode ser levado, por várias razões, a melhorar
seus níveis de produtividade, desestimulando a evasão de
mão de obra para outros setores.
Os argumentos até agora desenvolvidos dizem respeito
a uma economia fechada. Em uma economia aberta, quando
se verifica a ocupação total da mão de obra excedente, como
foi comentado antes, o setor capitalista conta com duas
alternativas para evitar o seu estancamento: estimulando a
imigração de trabalhadores de outros países ou exportando
o capital para os países que contam com excedente de mão
de obra a salários de subsistência.

A Estratégia de Desenvolvimento com Base na Oferta


Ilimitada de Mão de Obra

 Esquema com Atuação do Governo

a) Supondo que parte da população subempregada


na agricultura se desloque para trabalhar no setor
industrial, ocorrem três fenômenos:

Pedro Sisnando Leite


221
1. A produção agrícola não cai, desde que a produ-
tividade marginal dessa mão de obra seja muito
baixa ou igual a zero.
2. Eleva-se a renda média dos que ficam no setor
rural, por isso menos pessoas vão dividir entre
si o produto obtido anteriormente por maior
número de pessoas.
3. As pessoas que vão para o setor industrial rece-
bam salários mais elevados do que na agricultura.
b) A fim de pagar os salários mais elevados da
indústria, o governo estabelece um imposto sobre
a produção extra da agricultura, forçando os agri-
cultores a venderem a produção extra com o fito de
pagar os impostos.
c) Com esses impostos, o governo paga os salários
mais altos dos que trabalham na indústria.
d) Com os salários recebidos pelos que trabalham na
indústria, os empregados industriais podem com-
prar os produtos agrícolas.
Resumo: Assim, a economia ganha pelo aumento da
produção industrial e a manutenção da produção
agrícola.

Esquema sem a Intervenção do Governo

a) Ao invés da tributação do governo, a unidade agrí-


cola poupa o acréscimo do produto médio.
b) Com essa economia, compra os produtos industriais.
c) Com o estímulo criado pelo aumento do mercado,
a indústria se expande e com os lucros obtidos faz

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


222
reinvestimentos, gerando um processo de autossus-
tentação de crescimento da economia.

À primeira vista, essa é uma política utópica de desen-


volvimento. De fato, quando o setor industrial é autárquico,
ou seja, não depende do setor agrícola, é evidente que se
trata de uma estratégia irrealista. No caso de uma indústria
vinculada ao setor agrícola, as coisas deixam de ser ilusórias.
Na verdade, o desenvolvimento industrial do Japão,
em sua primeira fase, foi obtido com a elevação da renda
média agrícola que era acompanhada por uma elevação
dos impostos com a finalidade de transferência para o se-
tor industrial. Entre 1880 a 1910, a produtividade agrícola
duplicou, mas, através desse processo, grande parcela do
incremento foi desviada para a formação de capital. Esse
procedimento manteve os salários baixos na agricultura,
com vantagens para o setor capitalista que pode conservar
elevadas taxas de lucro, conforme descreve Lewis no seu
modelo.
Outro exemplo que justifica a estratégia de Lewis ocor-
reu na Rússia. As rendas dos agricultores foram mantidas
em nível baixo, mesmo com a mecanização agrícola e com a
liberação de mão de obra para o setor industrial. Além disso,
foi estabelecida uma forte tributação sobre a agricultura ao
tempo em que os preços dos produtos manufaturados so-
friam elevação. Em consequência disso, a paridade de poder
aquisitivo da agricultura era desfavorável relativamente ao
setor industrial. De certo modo, o Brasil também seguiu
essas estratégias de transferir para a agricultura o ônus do
crescimento econômico, favorecendo o setor industrial.

Pedro Sisnando Leite


223
A TEORIA DOS PÓLOS DE DESENVOLVIMENTO

Desenvolvimento Polarizado

A teoria dos pólos de desenvolvimento se deve a Fran-


çois Perroux. Inicialmente, as concepções dessa teoria tive-
ram origem em trabalhos de natureza acadêmica e aplicada
realizados na França pelo Instituto de Ciência Aplicada sob
a direção de Perroux, com a finalidade de analisar diver-
sos conceitos de crescimento econômico. O Prof. Jacques
Boudeville, discípulo de Perroux, deu também importante
contribuição ao estudo do desenvolvimento polarizado,
tanto nos aspectos teóricos como no sentido da sua aplica-
ção. Por outro lado, várias investigações sobre problemas
de desenvolvimento regional polarizado realizaram-se,
igualmente, na Bélgica, na Universidade de Liege, sob a
orientação do Prof. Louis E. Davin.41
A partir desses estudos iniciais e de outros trabalhos
executados nesse campo em praticamente todas as partes
do mundo, o interesse sobre polarização tomou ímpeto,
merecendo destaque os relatos de experiências nos países
socialistas, assim como na Bolívia, Chile, Peru, Tanzânia,
Líbia, Índia, além da França e Bélgica onde se originou a
própria teoria dos pólos.
41
Jean Poelink. La teoria del desarollo regional polarizado. Revista de Economia
Latinoamericana, Ano 3, n. 9, Caracas, 1963.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


224
Pólos de Crescimento e Desenvolvimento

François Perroux, analisando as economias subdesen-


volvidas, reconhece que existem algumas características
comuns a esses países, tais como:

a) Inexistência de articulação econômica entre as


regiões desses países, criando dificuldades à pro-
pagação das inovações e do progresso.
b) Dualismo econômico resultante de estágios dife-
rentes de desenvolvimento em uma mesma região,
coexistindo segmentos da economia monetizados,
geralmente voltados para o exterior, com áreas
estáti cas onde predominam as economias de
subsistência.
c) Finalmente, Perroux destacou como uma das
características das economias subdesenvolvidas a
condição de serem “dominadas”, isto é, especiali-
zadas em fornecer matérias-primas a áreas econô-
micas mais desenvolvidas, sujeitas a influências
externas, e sem poder de decisão em face dessas
relações de dependência.

Outro aspecto que chamou a atenção de Perroux


em suas investigações se refere às modalidades em que o
desenvolvimento econômico se manifesta. O fato central
que constatou em seus estudos acerca desse problema foi
que o crescimento econômico não se realiza simultanea-
mente ou de maneira difusa por todas as áreas de um país
ou abrangendo todos os espaços de uma região. Sobre o
assunto, afirmou:

Pedro Sisnando Leite


225
O crescimento não aparece em todas as partes ao
mesmo tempo; manifesta-se em partes ou pólos de
crescimento, com intensidades variáveis, espalha-
-se por diversos canais e com efeitos terminais
variáveis para o conjunto da economia.42

F. Perroux43 também estabeleceu a diferenciação dos


conceitos de crescimento e desenvolvimento. Segundo ele,
desenvolvimento econômico deve ser entendido como um
processo caracterizado por “mudanças sociais e mentais de
uma população que a tornam apta a fazer crescer, cumula-
tivamente e de forma durável, seu produto real global e por
habitante”. Quanto ao crescimento, afirma ele que “ocorre
quando há um aumento do produto global e mesmo quando
a renda per capita aumenta, porém sem que se verifiquem
aquelas mudanças”. Em consequência disto, ele faz a dis-
tinção entre pólos de crescimento e de desenvolvimento:

a) Pólos de Crescimento – Correspondem a certos


pólos, surgidos espontaneamente que, mesmo mo-
tivando o crescimento do produto e da renda per
capita, não provocam transformações significativas
das estruturas regionais.
b) Pólos de Desenvolvimento – São aqueles que con-
duzem a modificações de estrutura e que abrangem
a população da região polarizada.

42
F. Perroux. Note sur la notion de pôle de croissance. In: Economie appliquées,
n. 7, 1950. Note sur la ville considerée comme pôle de développment et
comme foyer du progres. Tiers Monte-Tome 8, n. 32, 1967.
43
François Perroux, John Friedman & Jan Timbergen – A planificação e os pólos
de desenvolvimento. Porto/Portugal, Edições Rés, 1975.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


226
A Caracterização da Teoria dos Pólos

Segundo os defensores da teoria dos pólos, as econo-


mias se desenvolvem geralmente de modo concentrado em
poucas regiões ou mesmo em cidades para onde são dirigi-
dos os recursos das áreas de influência. Em outras palavras,
o processo de desenvolvimento tem uma base espacial e é
acumulativo nos centros mais desenvolvidos.
O pólo se define em termos de espaço econômico e em
sentido funcional e econômico, e, de acordo com Perroux,
como “um conjunto de unidades motrizes que criam efei-
tos de arrastre sobre outros conjuntos definidos no espaço
econômico e geográfico”.44
Os centros que reúnem o maior foco de ativida-
des econômicas e serviços mantêm graus diferentes de
relacionamento com as sub-regiões, situadas em torno
desses centros dinâmicos, que determinam uma parte
importante das atividades humanas praticadas nos cen-
tros de escalões inferiores. Em outras palavras, existem
os centros dinâmicos ou polarizadores, os quais formam
o seu próprio sistema de gravitação e cuja amplitude geo-
gráfica depende da intensidade e da natureza dos fluxos
econômicos, políticos e sociais realizados com suas áreas
de influência.45
Os núcleos de irradiação das inovações são chamados
de “centros”, enquanto as demais áreas influenciadas por
esses centros são denominadas de periferias.

44
A planificação e os pólos de desenvolvimento, p. 20.
45
Paulo Roberto Haddad & Jacques Schwartzman. Teorias dos pólos de desen-
volvimento: um estudo de caso. Belo Horizonte: CEDEPRO, 1972.

Pedro Sisnando Leite


227
Dois tipos principais de relações se efetuam entre
os centros e a periferia, ou seja, drenagem de recursos
da periferia para os centros e difusão das inovações e do
desenvolvimento dos centros dinâmicos para as áreas de
influência. De maneira geral, diz-se que os fenômenos de
drenagem são maiores do que a difusão das inovações, ha-
vendo como que uma barreira para as expansões entre os
centros e a periferia.
Bertha Koiffman Becker,46 todavia, classifica as regiões
periféricas em:

a) Regiões periféricas dinâmicas – contam com estru-


tura socioeconômica favorável, possuindo recursos
naturais aproveitáveis, com certa autonomia de
decisão, sendo mais favorecida pelos afluxos do
centro do que pela drenagem.
b) Regiões periféricas de novas oportunidades – regiões
que, devido ao alto valor de seus recursos naturais,
são capazes de atrair mais efeitos de difusão do que
perder por drenagem, além de captar população e
fatores econômicos de produção de outras regiões
menores.
c) Regiões periféricas deprimidas – caracterizadas por
escassez de recursos, contam com estruturas sociais
rígidas e sofrem mais drenagem do que recebem em
recursos.
d) Regiões periféricas de desenvolvimento lento a
estagnado – geralmente apresentam recursos de
46
Pesquisas sobre desigualdades regionais do desenvolvimento. Conferência
Nacional de Estatística, Rio: F. IBGE, 1982.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


228
baixo valor e sofrem apenas pequenos efeitos de
drenagem e difusão.

Enfim, a teoria do desenvolvimento econômico sobre


o espaço geográfico procura mostrar o processo dinâmico
da propagação do desenvolvimento econômico e social dos
pólos para a periferia, as consequências dessa propagação,
suas possibilidades efetivas e os obstáculos a essa propaga-
ção impedindo a integração da periferia no desenvolvimento
econômico e social dos centros dominantes.
Vale assinalar que existem pólos surgidos esponta-
neamente e pólos criados deliberadamente por força de
programas especiais com essa finalidade. Os planejadores
podem utilizar também um pólo espontâneo para fortalecê-
-lo em sua função polarizadora ou, como tem acontecido
em muitos lugares no mundo, criar pólos através do estabe-
lecimento de infraestrutura e instalação de indústrias mo-
trizes e complexos industriais. Neste caso, as indústrias
motrizes instaladas nos centros de força ou pólos é que se
tornam as responsáveis pelas influências que causam sobre
as regiões periféricas e que são as regiões polarizadas.
Os centros de crescimento, contudo, devem contar
com indústrias de tamanho suficientemente grande e di-
nâmicas, capazes de exercerem um papel de atividades
dominantes e propulsivas interdependentes técnica e eco-
nomicamente.
A concepção de pólo de crescimento, vista desse ângu-
lo, corresponde à definição do Prof. J. Milhan, do Instituto
de Ciências Econômicas da Universidade de Liege (Bélgica),
isto é: constitui um pólo de crescimento uma indústria que,

Pedro Sisnando Leite


229
pelos fluxos de produtos e de renda que pode gerar, con-
diciona o desenvolvimento e o crescimento de indústrias
tecnicamente ligadas a ela (polarização técnica), determina
a prosperidade do setor terciário por meio da renda que
engendra (polarização de rendas) e produz um aumento
da renda regional pela concentração progressiva de novas
atividades, em uma zona dada, mediante as perspectivas
de dispor até de certos fatores de produção (polarização
psicológica e geográfica).
Esses centros de crescimento, contudo, devem ser
constituídos de concentrações urbanas relativamente gran-
des, pois a capacidade de atração e da difusão de inovações
exigem essa condição de complementaridade interna de
prestações de serviços.

A Hierarquia dos Pólos

Outro aspecto a destacar quanto à hierarquia dos pólos


diz respeito aos centros de enquadramento terciário que o
geógrafo Michel Rockefort classifica em cinco tipos. São
eles: locais, sub-regionais, de pequena região, de grande
região e nacionais.
Este último conceito de pólo tem por base a teoria
da economia dominante, ou seja, das relações dos países
centros, que são geralmente os superindustrializados, e
os países satélites, que são as economias supridoras de
matérias-primas e que concentram grande proporção de
suas relações comerciais externas com os países centros.
Em nível do Brasil, seria um pólo nacional a cidade de São
Paulo; de grande região, Salvador; e assim por diante.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


230
Organização dos Espaços Econômicos

De acordo com a conceituação de R. Barre, a “Unida-


de Econômica” não corresponde exatamente a um espaço
geográfico como perímetro de ação. O espaço econômico
deve ser entendido com um sistema em movimento, de
tal modo que tanto pode encontrar-se em um processo de
crescimento, como de estagnação ou retração.
Utilizando um conceito econômico, F. Perroux dis-
tingue três tipos de espaço: espaço econômico como uma
unidade homogênea, espaço econômico constituído de um
campo de forças (polarizado) e espaço econômico definido
por um plano.

a) Espaço homogêneo – Segundo Boudeville,47 corres-


ponde a um “espaço contínuo” ou a zonas com
características muito semelhantes de densidade e
estrutura da população, nível de renda, atividades
industriais e agrícolas. De modo geral, a estrutura
econômica desses espaços homogêneos se identi-
fica com regiões monocultoras agrícolas ou regiões
industriais monolíticas.
b) Espaço Polarizado – Caracteriza-se pela interdepen-
dência, coerência e intercâmbio entre as concen-
trações urbanas homogêneas diferentes. Sendo um
conceito funcional, a região polarizada tem limites
menos precisos do que a região homogênea.
O que identifica, sobretudo, a região polarizada

47
Os espaços econômicos. São Paulo, Difusão Europeia do Livro, 1973.

Pedro Sisnando Leite


231
é a influência que uma área ou cidade exercem
em relação a outras áreas. O centro de irradiação
chama-se de região polarizada. Os espaços polari-
zados possuem uma hierarquia correspondente aos
bens que essas regiões produzem e de acordo com
a diversidade de suas funções ou especialização.
c) Espaço Plano ou Programa – Segundo Boudeville,
a região plano “não coincide necessariamente com
a região polarizada. Ao contrário, tem como voca-
ção a criação de regiões polarizadas novas, de um
rendimento econômico superior às antigas.”
Em sua definição geral, o espaço programa é
uma seleção de meios disponíveis em um espaço
geográfico determinado para um fim previsto em
um prazo concreto. A região Nordeste, por exemplo,
pode ser classificada como um espaço, pois nem é
homoseus limites das diversas esferas de influência
contempladas na análise. “A região polarizada é
integrada, sem ser uma autarquia”.48

O conceito, porém, se aplica melhor nos casos em


que se trata de regiões geograficamente mais reduzidas. Os
espaços homogêneos e polarizados são, atualmente, mais
utilizados como instrumentos de análise para uma melhor
promoção do espaço-programa com o fim de obter o cres-
cimento econômico de determinada área.
Como resume Jacques Boudeville, os três tipos de re-
giões podem ser reconhecidos de modo geral como: “região
48
Problems of Regional Economic Planning. New York, Aldins Publishing, 1966.
Idem. Ibidem, Os espaços econômicos. p. 14.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


232
homogênea, de inspiração agrícola; região polarizada, de
inspiração industrial e comercial e região-programa, pla-
no ou piloto, de inspiração prospectiva”. Por outro lado,
Perroux classifica os espaços econômicos definidos por:
a) programa ou plano; b) um campo de forças e c) espaço
econômico como um agregado homogêneo. Os espaços
econômicos, desse modo, são “abstratos” e não envolvem
diretamente a localização no sentido geográfico de um
ponto.

Dualismo entre os Espaços

As modalidades de espaço econômico estão associa-


dos a condicionantes. No caso de espaço homogêneo, a
inspiração é principalmente agrária; no espaço polarizado,
o fato determinante é a atividade industrial; e, no espaço
programa, trata-se de uma decisão voluntária e objetiva,
uma finalidade determinada.
Os diversos espaços, contudo, podem coexistir em
um mesmo território. Esta situação, por vezes, produz ten-
sões, as quais se traduzem em dualismos bastante agudos.
De acordo com Gannagé, o dualismo pode ser territorial,
funcional e social, os quais apresentam as seguintes carac-
terísticas:
Dualismo Territorial. Ocorre quando dentro de uma
mesma nação ou região existem zonas com graus de desen-
volvimento diferentes. São as ilhotas desenvolvidas dentro
de vasto espaço de economias subdesenvolvidas.
Para o conjunto do território, essas zonas podem atuar
negativamente como entraves ao desenvolvimento ou, ao

Pedro Sisnando Leite


233
contrário, como elemento de arranco, conforme a política
do centro de decisões. Os efeitos de contenção podem ser
por migrações dos homens e dos capitais para os centros de
decisão. Os efeitos de arranco manifestam-se por absorção
das matérias-primas, criação de mercados, centros secundá-
rios de crescimento e pontos de programação. Outra forma
é pela criação de indústrias em zonas menos desenvolvidas
que disponham de matérias-primas essenciais.
A taxa de crescimento do conjunto do território se
estabelece pela diferença entre os efeitos de retração e os
de arranco.
Dualismo Funcional. Quase sempre está vinculado
com o dualismo territorial, manifestando-se através da
coexistência de uma economia de subsistência, tradicional
ou pré-capitalista, e uma economia de mercado, do tipo
capitalista clássico.
Dualismo Social. O dualismo social é consequência
do dualismo territorial e social ao criar sociedades diver-
gentes, cada vez mais opostas, dentro da coletividade de
um espaço determinado. Em uma sociedade de economia
tradicional, o papel do indivíduo depende da sua posição
social, do seu grupo e do seu nível de renda. Não há quase
nenhuma mobilidade vertical entre os grupos sociais.
Em uma economia capitalista (de livre iniciativa ou
de Estado), o critério é totalmente diferente: o papel que
desempenha o indivíduo está em função da eficiência de
sua contribuição efetiva ao esforço geral. A seleção depende
mais da capacidade do que do meio social.
Outra consequência do dualismo é a grande dife-
rença entre as escalas de valores culturais. As sociedades

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


234
tradicionais estão dominadas por tabus e se apegam a seus
mitos; seu comportamento carece de racionalidade críti-
ca. A sociedade tradicional é negativa e resiste a mudar
os costumes. Nas sociedades de economia de mercado, o
objetivo é completamente diferente: tende a procurar obter
a produtividade máxima em toda a classe de atividade,
inclusive as intelectuais.

Pólos e Eixos de Crescimento

Os pólos podem se formar por efeito de forças lentas


e persistentes da própria evolução econômica.
Em nenhum país do mundo, quer de economia li-
beral, mista ou socialista, conseguiu-se que as atividades
tendessem, por si mesmas, a distribuir-se harmonicamente.
Ocorre, em geral, o contrário: os processos acumulativos do
crescimento atuam a favor de uma incessante concentração,
tanto de unidades de produção como de consumo. O proces-
so enquadra automaticamente uma distribuição desigual da
atividade econômica e, junto aos pólos de atração, surgem
as zonas de “repulsão”, condenadas ao estancamento e até
mesmo a retração.
Hoje, os pólos de crescimento representam o tipo
mais elaborado de região-programa, ou seja, é o resultado
de uma decisão voluntária como consequência de uma
análise prospectiva.
A função de um pólo, quer seja natural ou imposto
pelo poder planificador, é o de vitalizar amplamente um
conjunto espacial. Esta função deve ser a mais transitória
possível, diluindo-se em um amplo espaço de crescimento.

Pedro Sisnando Leite


235
Chegou-se, assim, aos verdadeiros eixos regionais de de-
senvolvimento.
O processo crescente da industrialização-urbanização
vai acompanhado do melhoramento da infra-estrutura de
transporte e comunicação, fazendo com que os custos de
localização sejam cada vez menores e os recursos se utilizem
de forma mais completa e produtiva.
O crescimento natural se distribui de maneira desigual
no espaço e se manifesta sob a forma de manchas ou pólos
naturais, de intensidade variável, que exercem, às vezes,
repercussões sobre a economia global, segundo os efeitos
das atividades motrizes.
O pólo planificado tem como meta restabelecer um cer-
to equilíbrio em favor do conjunto espacial, evitando o es-
tancamento das regiões de baixo nível de desenvolvimento.
Por outro lado, quando uma atividade ou um conjunto de
atividades motrizes se desenvolvem rapidamente em um
espaço determinado, registram-se efeitos de polarização e
de atuação imediata sobre os preços, os fluxos e a oferta e a
demanda de bens e serviços, no sentido de uma aceleração
e de uma multiplicação dos processos.
Quando a atividade motriz provoca a expansão e o
crescimento de um conjunto de indústrias complementares,
diz-se que se trata de um efeito de complementaridade. As
forças de concentração demográfica que esses centros pro-
vocam chamam-se de efeito de aglomeração. Por sua vez,
diz-se que acontece efeito de união quando ocorre um fluxo
de atividade entre dois pólos ou entre um pólo e um posto
de escoamento dos bens originários desse centro.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


236
Caberia também incluir na categoria dos efeitos ori-
ginários dos centros de crescimento os chamados efeitos
regressivos e os efeitos propulsores de Gunnar Myrdal49,
que afirma:
As localidades e regiões, onde a atividade econô-
mica se está expandindo, atrairão imigração em
massa de outras partes do país, assim como de
capital, bens e serviços. Em consequência disso,
a expansão de uma localidade produz efeitos
regressivos (backward effects) em outros.

Em contrapartida a essas forças de atração seletiva


para os centros dinâmicos, ocorrem efeitos propulsores
(spread effects) “que se propagam do centro de expansão
econômica para outras regiões”. Em outras palavras, as
regiões que se encontram relacionadas com um centro de
expansão econômica são beneficiadas pelo surgimento dos
mercados agrícolas e pelos estímulos de progresso técnico.

Aplicação da Teoria dos Pólos ao Nordeste Brasileiro

Segundo Manoel Correia de Andrade,50 a primeira


tentativa de aplicação da Teoria dos Pólos realizada no Nor-
deste brasileiro foi através de estudos efetuados, em 1955,
para o Estado de Pernambuco, pelo Padre Lebret (ligado
ao grupo francês de Economia e Humanismo). De fato, os
estudos de Lebret 51 apresentaram recomendações quanto

49
Teoria econômica e regiões subdesenvolvidas – Ministério de Educação e
Cultura. Rio de Janeiro, 1960.
50
Nordeste: pólos de desenvolvimento. Brasília: Editora Brasiliense, 1970.
51
Estudo sobre o desenvolvimento e implantação de indústrias, interessando a
Pernambuco e ao Nordeste, Recife: CODEPE, 1955.

Pedro Sisnando Leite


237
à transformação do Grande Recife (Paulista, São Lourenço
da Mata, Olinda, Jaboatão, Cavaleiro, Cabo e o Recife pro-
priamente) em um verdadeiro pólo de desenvolvimento.
O geógrafo Michel Rochefort esteve no Brasil durante
dois anos (1960-61) realizando seus estudos de polarização
na Universidade do Recife e no Laboratório de Geomorfo-
logia e Estudos Regionais, da Universidade da Bahia.
De acordo com o Prof. Manoel Correia, devem ser ci-
tados entre os trabalhos pioneiros como de interesse para
os estudos de polarização as pesquisas sobre abastecimento
alimentar realizadas pelo Banco do Nordeste do Brasil52.
Através desses estudos são identificadas importantes
relações entre os centros urbanos e áreas especializadas
de produção. A partir desses estudos e outros executados
pelo BNB, Instituto Joaquim Nabuco (Recife) e SUDENE,
afirma o Prof. Andrade, “estava vitoriosa a teoria dos Pólos
de Desenvolvimento entre os estudiosos de ciências sociais
brasileiras e passou a mesma a ser utilizada nos trabalhos
de planificação ...”
Em 1966, o III Plano Diretor da SUDENE para o período
1966-68 consagrou a tentativa de aplicação da Teoria dos
Pólos no Nordeste do Brasil quando estabeleceu:

A abordagem em termos de economia espacial,


com ênfase nas vantagens locacionais para dirigir
a aplicação de recursos substituirá, em muitos
setores e campos de atuação, a metodologia até

52
Kempton Webb & Pedro Sisnando Leite – Suprimento de gêneros alimentícios
básicos para a cidade de Fortaleza. Fortaleza: BNB, 1957.
Pedro Sisnando Leite, Hélio Augusto de Moura & Francisco Alzir de Lima. Abas-
tecimento de gêneros alimentícios da Cidade do Recife. Fortaleza: BNB, 1962.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


238
então utilizada pela SUDENE na implantação dos
programas e projetos e nas disponibilidades exis-
tentes. Nesse sentido, procurar-se-á identificar
os pólos de crescimento da Região e de cada um
dos Estados nordestinos, que serão considerados
áreas prioritárias para a alocação de recursos, e
aproveitar vantagens locacionais, particularmen-
te ligadas aos recursos naturais, implantando
grandes projetos para aproveitá-los com o que se
criarão novos pólos de dinamização da economia
regional.

Em decorrência disso, o Banco do Nordeste53 realizou


um estudo pioneiro nesse campo da concentração urbana
constituída por PetrolinaJuazeiro, assim como a SUDENE
promoveu um seminário sobre pólos de desenvolvimento
da cidade do Recife, em setembro de 1966. As finalidades
gerais desse seminário foram:

a) Discutir a validez da teoria da polarização para as


áreas subdesenvolvidas ou em desenvolvimento.
b) Examinar até que ponto seria desejável uma me-
todologia de síntese para aplicação da teoria da
polarização ao planejamento regional.
c) Discutir o conceito de Comuniade/Pólo de Desen-
volvimento como instrumento de planejamento
regional.
d) Debater a possibilidade e elaboração de um modelo
simplificado de desenvolvimento regional.

53
Hélio Moura. Petrolina – Juazeiro: Aspectos sócio-econômicos e áreas de
influência comercial, Fortaleza, BNB, 1962.

Pedro Sisnando Leite


239
A adoção definitiva da Teoria dos Pólos no Nordeste
encontra-se exposta no IV Plano Diretor da SUDENE,54
para o período 1969-1973, na parte sobre linhas de ação de
natureza especial. As medidas preconizadas nesse sentido
referem-se à atuação concentrada sobre áreas selecionadas
e ação do domínio urbano.
Com relação à primeira linha de atividade, prevê o
plano, como diretriz de política espacial, “destacar áreas
susceptíveis de oferecer resposta a esforços concentrados
através de programações globais integradas contemplando
formas intensivas de aproveitamento de recursos”, me-
diante:

a) Emprego eficaz da programação integrada com


a finalidade de máxima utilização dos recursos
regionais.
b) Aproveitamento das áreas de maior potencialidade
econômica.
c) Utilização, nos espaços selecionados da força de
trabalho excedente, assim como melhoria do nível
de renda e condições sociais a fim de criar merca-
dos consumidores e estimular o desenvolvimento
industrial.
d) Redução dos fluxos migratórios dessas regiões e
aumento, de forma harmonizada, da produção e da
produtividade rural.

Com apoio nessas medidas, preconiza o plano que “as


áreas favorecidas, ao tempo em que forem crescendo seu

54
SUDENE – IV Plano Diretor de Desenvolvimento Ecomômico e Social do
Nordeste – 1969-1973. Recife, 1968.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


240
dinamismo, deverão irradiar os efeitos desse crescimento
sobre os espaços entre elas e em torno delas situados. A
tais resultados indiretos serão somados os derivados dos
esforços que continuarão a ser feitos, sem discordância de
finalidade no domínio da política setorial”.
Quanto à ação no domínio urbano, previu o plano
atuação direta nos centros de segunda grandeza e nas
regiões metropolitanas, especialmente Salvador, Recife e
Fortaleza.
As medidas destinadas às cidades de segundo nível
hierárquico visam principalmente à criação de condições
de infraestrutura econômica e social, favorecendo com
incentivos fiscais, a instalação de indústrias de modo a
transformá-las em centros dinamizadores.
A organização do espaço das regiões metropolitanas,
por sua vez, tem por finalidade “proporcionar condições
para o melhor exercício das funções desses conjuntos ur-
banos, tanto as internas, concernentes às suas populações,
como as externas, concernentes às áreas cuja vida de relação
é por elas comandada.”
A partir de 1974-75, o Nordeste delineou e começou
a apresentar uma política de desenvolvimento rural com o
nome de “Programa de Desenvolvimento de Áreas Integra-
das” ou POLONORDESTE. De certo modo, o esquema de
ação deste programa é no sentido de concentrar os esforços
em áreas selecionadas, onde futuramente se irradiariam os
efeitos de desenvolvimento obtidos. Pretende-se com este
programa criar pólos de desenvolvimento rural, combinan-
do atividades agrícolas, serviços e interiorização industrial
seguindo a estratégia de desenvolvimento rural integrado

Pedro Sisnando Leite


241
(DRI). Em outras palavras, busca-se aplicar, no meio rural,
alguns dos conceitos de desenvolvimento polarizado toman-
do-se por base o inverso da teoria original, isto é, a teoria
dos pólos considera a cidade como centro de irradiação do
desenvolvimento e o programa POLONORDESTE pretende
gerar no quadro rural um núcleo de desenvolvimento que
se propaga até a cidade, que, por sua vez, atua como apoio
a esse processo interiorizado de desenvolvimento.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


P A R T E IV

SINOPSE DE ESTATÍSTICAS SOBRE


A ECONOMIA MUNDIAL
245
CLASSIFICAÇÃO DOS PAÍSES

A maioria dos dados da economia mundial usados


neste trabalho estão classificados segundo grupos de países
para efeito de melhor entendimento das informações. As
definições abaixo estão de acordo com a sistemática adota-
da pelo Banco Mundial no “World Development Report”,
1982. Todas as informações contidas nesta sinopse foram
compiladas na referida fonte.
Países em desenvolvimento – que se dividem, confor-
me seu produto nacional bruto (PNB) per capita, em 1980,
em países de renda baixa, que têm um PNB per capita até
US 410 e países de renda média, que têm um PNB per capita
superior a US 410.
Países industrializados – são os membros da Organi-
zação de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, com
exceção da Grécia, Portugal e Turquia, que se incluem no
grupo dos países em desenvolvimento com renda média.
Os membros da OCDE são: República Federal da Alema-
nha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha,
Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Islândia,
Itália, Japão, Luxemburgo, Noruega, Nova Zelândia, Países
Baixos, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça e Turquia.
Países exportadores de petróleo com superavit de
capital – Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã,
Iraque, Kuwait, Líbia e Qatar.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


246
Países com economias de planejamento central –
Albânia, Bulgária, Coréia (Rep. Popular Democrática),
Cuba, Thecoslováquia, China, Hungria, Mongólia, Polônia,
República Democrática da Alemanha, Romênia e União
Soviética.
Organização dos Países Exportadores de Petróleo
(OPEP) – Está integrada pela Arábia Saudita, Argélia, Equa-
dor, Emirados Árabes Unidos, Gabão, Indonésia, Irã, Iraque,
Kuwait, Líbia, Nigéria, Qatar e Venezuela.

Tabela I – Indicadores Básicos


Média do
Taxa de Esperança índice de
Média de de vida produção
alfabetização
crescimen- ao nascer de alimentos
Países Taxa de de adultos
População Superfície US$ to anual per capita
inflação (Per- (porcenta- (anos)
(milhões) (milhões de (porcenta- 1969-71 =
centagem) gem)
km2) gem) 100) média
1980 1980 1960-80) 1960-70 1970-80 1978-80
1977 1980
Países de baixa renda 2.160,9 30,7 260 1,2 3,2 11,2 50 57 106
Países de renda média 1.138,8 41,6 1.400 3,8 2,7 13,2 65 60 108
Países industrializados 714,4 30,9 10.320 3,6 4,3 9,7 99 74 111
Exportadores de petróleo 14,4 4,0 12.630 6,3 1,2 18,4 25 57 111
com superavit de capital
Economias de 353,5 23,1 4.640 4,2 - - 100 71 109
planejamento central
Total 4.381,8 130,3 - - - - - - -

Tabela II – Crescimento da Produção e Produto Nacional


e Per Capita – 1960-80
População PNB(a) PNB Per Capita(a)
Grupos de Países
1960-70 1970-80 1960-70 1970-80 1960-70 1970-80

Países de baixa renda 2,4 2,3 4,2 4,0 1,8 1,7


Países de renda média 2,5 2,5 6,0 5,6 3,5 3,1
Países em desenvolvimento importadores de petróleo 2,4 2,3 5,6 5,1 3,1 2,7
Países em desenvolvimento exportadores de petróleo 2,6 2,5 5,5 6,1 2,8 3,5
Todos os países em desenvolvimento 2,5 2,4 5,6 5,3 3,1 2,8
Países industrializados 1,0 0,7 5,0 3,1 3,9 2,4
Exportadores de petróleo com superavit de capital 3,0 3,1 10,5 8,4 7,3 5,0
Economia de planejamento central(b) 1,7 1,3 - 5,2 - 3,8

(a)
Preços de 1977.
(b)
Inclui Polônia, Bulgária, Hungria, Rússia, Techoslováquia e Repúbtica Dem.
da Alemanha.

Pedro Sisnando Leite


247
Tabela III – Crescimento da Produção
Taxas Médias de Crescimento Anual (Percentagens)
Países
PIB Agricultura Indústria Manufaturados Serviços

1960-70 1970-80 1960-70 1970-80 1960-70 1970-80 1960-70 1970-80 1960-70 1970-80
Países de renda baixa 4,4 4,6 2,2 2,2 7,0 3,6 6,3 3,7 4,2 4,5
Países de renda média 4,9 5,6 3,5 2,9 7,4 6,6 6,8 6,4 5,4 5,9
Países industrializados 5,2 3,2 1,4 1,4 5,9 3,1 5,9 3,2 4,8 3,5
Exportadores de petróleo 13,0 5,3 - 7,4 - -1,8 - 9,2 - 12,2
com superavit de capital
Economias de 4,9 6,4 - - - - - - - -
planejamento central

Tabela IV – Estrutura da Produção


Distribuição do Produto Interno Bruto (Percentagem)
Exportações
Inversão Poupança de bens e Balança
Consumo Consumo Interna interna serviços não de
Países público privado Bruta bruta atribuídas a recursos
fatores
1960 1980 1960 1980 1960 1980 1960 1980 1960 1980 1960 1980

Países de renda baixa 8 11 79 68 19 25 17 7 22 9 -2 -3


Países de renda média 11 14 70 64 20 27 19 25 16 25 -1 -2
Países industrializados 15 17 63 60 21 23 22 22 12 20 1 -1
Exportadores de petróleo com - 19 - 23 - 24 - 62 - 72 - 38
superavit de capital
Economias de planejamento 3 11 70 73 25 24 27 25 - - 2 1
central

Tabela V – Crescimento do Consumo e a Inversão


1970-80 Taxas Médias de Crescimento Anual (Percentagens)
Países Consumo público Consumo privado Inversão interna bruta
1960-70 1970-80 1960-70 1970-80 1960-70 1970-80

Países de renda baixa 4,5 3,1 3,3 3,6 5,1 4,8


Países de renda média 6,3 7,1 5,1 5,2 7,5 7,8
Países industrializados 4,5 3,7 4,5 3,4 5,9 1,6
Exportadores de petróleo com superavit
de capital - - - 18,7 - 26,1
Economia de planejamento central - - - - - -

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


248
Tabela VI – Estrutura da Demanda
Distribuição do Produto Interno Bruto (Percentagens) (*)
Países Agricultura Indústria Manufaturados Serviços
1960 1980 1960 1980 1960 1980 1960 1980

Países de renda baixa 50 36 18 35 12 15 32 29


Países de renda média 24 15 30 40 20 19 46 45
Países industrializados 6 4 40 37 30 27 54 62
Exportadores de petróleo com superavit - 1 - 77 - 4 - 22
de capital
Economias de planejamento central 21 15 62 63 52 - 17 22

Nota: Em cada ano e grupo de países, a soma da agricultura, indústria e ser-


viços totaliza 100%.

Tabela VII– Energia


Taxas Médias de Crescimento Anual Consumo de Importações de
(Percentagens) energia per capita energia como
(Equivalente em percentagem das
Países Produção de Consumo de kg de Carvão) exportações de
energia energia mercadorias
1960-74 1974-79 1960-74 1974-79 1960 1979 1960 1979

Países de renda baixa 4,7 8,3 4,4 7,7 331 421 11 29


Países de renda média 7,7 2,0 7,7 6,1 418 965 9 16
Países industrializados 3,3 2,1 5,0 2,2 4.257 7.393 12 24
Exportadores de petróleo com 9,8 3,2 8,1 15,6 1.015 2.609 - (.)
superavit de capital
Economias de planejamento central 5,1 4,7 4,8 3,8 2.913 5.822 - -

Tabela VIII – Crescimento do Comércio de Mercadoria


Comércio de Mercadorias Taxas médias de crescimento Relação de
(em milhões de US$) anual (Percentagens) Intercâmbio
Países
Exportações Importações Exportações Importações
(1975 = 100)
1980 1980 1960-70 1970-80 1960-70 1970-80 1960 1980

Países de renda baixa 37.837 54.024 5,0 -0,4 5,4 3,1 111 89
Países de renda média 370.046 376.373 5,4 3,9 6,4 4,2 100 94
Países industrializados 1.229.153 1.362.479 8,5 5,8 9,5 4,4 98 94
Exportadores de petróleo com
superavit de capital 172.350 60.328 10,9 -0,6 10,9 22,3 27 168
Economias de planejamento central 144.698 140.727 9,0 7,1 7,9 6,6 - -

Pedro Sisnando Leite


249
Tabela IX – Estrutura das Importações de Mercadorias
Participações Percentuais nas Importações de Mercadorias
Outros Máquinas e
Outras ma-
Países Alimentos Combustíveis produtos equipamentos
nufaturas
primários de transporte
1960 1979 1960 1979 1960 1979 1960 1979 1960 1979

Países de renda baixa 22 17 7 10 18 18 26 25 27 30


Países de renda média 15 11 9 15 13 7 28 34 35 33
Países industrializados 22 12 11 22 24 10 16 23 27 33
Exportadores de petróleo com - 14 - 1 - 2 - 41 - 42
superavit de capital
Economias de - - - - - - - - - -
planejamento central

Tabela X – Estrutura das Exportações de Mercadorias


Participações Percentuais nas Importações de Mercadorias
Combustíveis, Outros produ- Têxteis e Máquinas e
minerais e tos primários Outras manufa-
Países vestuário equipamentos
metais turados
de transporte
1960 1979 1960 1979 1960 1979 1960 1979 1960 1979

Países de renda baixa 9 14 70 42 15 19 (*) 3 6 20


Países de renda média 15 11 9 15 13 7 28 34 35 33
Países industrializados 11 10 23 15 7 5 29 36 30 34
Exportadores de petróleo com
superavit de capital 95 99 4 (.) 0 (.) 0 (.) 1 1
Economias de
planejamento central 18 26 33 11 3 3 34 33 21 27

Tabela XI – Destino das Exportações dos Produtos


Países Países
industrializados exportadores de
Países Países petróleo com
industrializados em de planejamento
Países superavit de
de mercado desenvolvimento central
capital
1960 1980 1960 1980 1960 1980 1960 1980

Países de renda baixa 51 51 27 40 21 4 1 5


Países de renda média 68 64 25 30 7 4 (.) 2
Países industrializados 67 69 30 24 3 3 2 4
Exportadores de petróleo com
superavit de capital 83 78 17 21 1 0 0 1
Economias de planejamento central 19 - 22 - 59 - 1 -

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


250
Tabela XII – Comércio de Bens Manufaturados
Países Países
industrializados exportadores de
Países Países petróleo com
industrializados em de planejamento
Países superavit de
de mercado desenvolvimento central
capital
1963 1979 1963 1979 1963 1979 1963 1979

Países de renda baixa - 43 - 47 - 7 - 5


Países de renda média - 63 - 29 - 5 - 3
Países industrializados 65 67 31 25 3 4 1 4
Exportadores de petróleo com
superavit de capital - 13 - 56 - 3 - 31
Economias de planejamento central - 14 - 32 - 53 - 1

Tabela XIII – Crescimento recente da População,


Projeções e População Estacionária Hipotética
Crescimento anual Projeção da Tamanho hipotético
médio da população população da população estacio-
Países (Percentagem) (milhões) nária (milhões)
1960-70 1970-80 1990 2000

Países de renda baixa 2,1 2,1 2.607 3.090 4.074


Países de renda média 2,5 2,4 1.441 1.789 2.599
Países industrializados 1,0 0,8 755 787 774
Exportadores de petróleo com
superavit de capital 4,1 5,0 19 23 203
Economias de planejamento central 1,0 0,8 383 409 2.121
Total - - 5.205 6.098 9.771

Tabela XIV – Indicadores Demográficos relacionados com


a Fecundidade
Taxa bruta de mortalidade Variação Percentual
Taxa bruta de natalidade
por cada 1.000 habitantes por cada 1.000 habitantes Taxa bruta Taxa bruta
Países de natalidade de mortalidade
1960 1980 1960 1980 1960-80 1960-80

Países de renda baixa 43 31 18 12 -28,3 -36,0


Países de renda média 43 35 17 11 -18,3 -36,4
Países industrializados 20 15 10 9 -27,9 -4,1
Exportadores de petróleo com
superavit de capital 49 42 21 12 -12,9 -43,8
Economias de planejamento central 23 18 8 11 -20,5 -29,6

Pedro Sisnando Leite


251
Tabela XV – Força de Trabalho
Percentagem Percentagem da força de trabalho ocupada Crescimento anual médio
da população da força de trabalho (per-
em idade de Agricultura Indústria Serviços centagem)
Países trabalhar
(15 a 64 anos) 1980-
1960 1980 1960 1980 1960 1980 1960 1980 1960-70 1970-80 2000

Países de renda baixa 54 59 77 71 10 15 14 15 1,6 2,2 1,9


Países de renda média 55 55 61 44 15 22 24 34 2,0 2,3 2,6
Países industrializados 63 66 18 6 38 38 44 56 1,2 1,3 0,7
Exportadores de petróleo com
superavit de capital 54 52 63 46 13 19 24 35 2,4 3,5 3,6
Economias de 63 66 41 16 31 45 28 39 0,7 1,2 0,6
planejamento central

Tabela XVI – Urbanização


População Urbana Percentagem da Pop. Urbana Número de
cidades com
Percentagem Média de crescimento Nas cidades Nas cidades com mais de 500.000
Países da população anual maiores mais de 500.00 habitantes
total Percentual hab.
1960 1980 1960-70 1970-80 1960 1980 1960 1980 1960 1980

Países de renda baixa 13 17 3,8 4,1 10 12 31 41 55 135


Países de renda média 33 45 4,3 4,0 28 29 35 48 55 131
Países industrializados 68 78 1,8 1,4 18 18 48 55 104 152
Exportadores de petróleo com 30 66 9,1 8,5 29 28 0 34 0 3
superavit de capital
Economias de planejamento central 49 62 2,4 1,8 9 7 23 32 35 64

Tabela XVII – Indicadores relacionados com a Esperança


de Vida
Esperança de vida Taxa de mortalidade Taxa de mortalidade
ao nascer infantil (por 1.000) infantil (por 1.000)
Países (Anos) (menos de 1 ano) (1 a 4 anos de idade)

1960 1980 1960 1980 1960 1980

Países de renda baixa 42 57 165 94 28 12


Países de renda média 51 60 125 80 23 11
Países industrializados 70 74 30 11 2 1
Exportadores de petróleo com 45 57 173 99 43 14
superavit de capital
Economias de planejamento central 68 71 36 25 2 1

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


252
Tabela XVIII – Educação
Alunos matricu- Alunos matricula-
lados em escola dos no curso supe- Taxa de alfabeti-
Alunos matriculados em escola primária com secundária com rior c/ percenta- zação de alunos
Países percentagem de grupo de idades percentagem de gem da população (percentagem)
grupo de idades 20 a 24 anos
Total Meninos Meninas
1960 1979 1960 1979 1960 1979 1960 1979 1960 1978 1960 1977

Países de renda baixa 76 94 68 98 34 84 15 49 2 3 26 50


Países de renda média 76 97 84 104 68 93 15 39 4 11 49 65
Países industrializados 114 102 107 104 112 104 64 88 17 37 - 99
Exportadores de 28 81 44 92 12 70 5 44 - 7 9 25
petróleo com superavit
de capital
Economias de 101 100 101 95 101 96 48 93 11 20 98 100
planejamento central

Tabela XIX – Indicadores relacionados com a Saúde


Número de Habitantes por km2 Percentagem da Fornecimento de calorias
população com Per Capita
Países Profissional de serviços acesso à agua
Médico Percentagem
de enfermangem Total
potável de necessidades
1960 1977 1960 1977 1975 1977 1977

Países de renda baixa 8.960 5.810 6.650 4.840 31 2.238 97


Países de renda média 16.920 5.840 3.440 2.510 50 2.561 107
Países industrializados 820 620 470 250 - 3.377 131
Exportadores de petróleo com 13.310 1.380 4.500 3.010 88 - -
superavit de capital
Economia de 660 340 350 200 - 3.489 137
planejamento central

Pedro Sisnando Leite


253
Tabela XX – América Latina: Área e População (1974)
Taxa de Taxa de
Superfície Número de crescimento Número de
País Densidade Percentagem crescimento
(milhares habitantes 1960-74 habitantes
(por km2) do total 1960-74
de Km2) (milhares) (%) (Milhares) (%)

Argentina 2.776,7 24.648 9 1,5 19.905 80,8 2,3


Barbados 0,4 240 558 0,2 108 45,1 1,0
Bolívia 1.098,6 5.470 5 2,6 1.668 30,5 3,5
Brasil 8.512,0 104.243 12 2,8 61.940 59,4 4,8
Chile 756,9 10.494 14 2,3 8.287 79,0 3,1
Colômbia 1.138,3 22.913 20 2,8 14.617 63,8 5,1
Costa Rica 50,9 1.934 37 3,1 797 41,2 4,9
El Salvador 20,9 3.942 186 3,5 1.570 39,8 3,8
Equador 270,7 6.501 24 2,9 2.682 41,3 4,2
Guatemala 108,9 5.356 49 2,8 1.800 33,6 2,2
Haiti 27,8 4.516 162 1,7 978 21,7 3,9
Honduras 112,1 2.645 23 2,1 820 31,0 4,9
Jamaica 11,0 1.984 182 1,5 993 50,1 7,1
México 1.967,2 55.959 28 3,4 34.842 62,3 5,0
Nicarágua 139,0 2.085 15 2,8 1.060 50,8 4,9
Panamá 75,7 1.618 21 3,0 801 49,5 4,4
Paraguai 406,8 2.476 6 2,7 941 38,0 3,1
Peru 1.280,2 14.245 11 2,5 8.797 61,8 5,1
República Dominicana 48,4 4.555 95 2,9 2.030 44,6 6,0
Trinidad e Tobago 5,1 1.076 216 2,1 583 54,1 4,4
Uruguai 186,9 3.028 16 1,3 2.447* 80,8 1,3
Venezuela 898,8 11.709 13 3,4 9.436 80,6 4,8
América Latina 19.893,3 291.637 15 2,7 177.102 60,7 4,3
Fonte: Perfil Estatístico da América Latina – BID – 1970.
Notas: (*) Dados baseados no Censo de 1963.

Tabela XXI – América Latina: PIB e Formação de Capital


Produto Interno Bruto (Preços de Mercado) 1973
Total Distribuição por setores (%)
Formação
Mineração, manu- bruta de
País Milhões Per Capita
fatura, construção, capital fixo
de dólares (dólares de Agricultura Outras
eletricidade 1973
de 1970 1970) atividades
(% do PIB)

Argentina 27.609,7 1.136,9 12,4 45,9 41,7 19,1


Barbados 148,9 620,8 11,1 20,3 68,6 n.d.
Bolívia 1.185,7 222,4 15,2 32,2 52,6 10,5
Brasil 50.749,3 500,3 17,4 28,9 53,7 20,0
Chile 8.202,5 801,9 7,6 42,7 49,7 14,1
Colômbia 9.050,2 405,9 26,7 27,8 45,5 18,2
Costa Rica 1.211,2 645,3 20,1 25,2b 54,7b 22,0
El Salvador 1.180,3 310,0 24,8 23,9 51,3 15,9
Equador 2.131,2 337,5 22,3 31,7 46,0 15,7
Guatemala 2.320,9 442,9 28,2 19,0 52,8 14,1
Haiti 437,1* 100,1* 46,9* 16,6* 35,5* 7,7*
Honduras 811,3 313,4 37,1 21,7 41,2 17,2
Jamaica 1.562,5 799,2 9,8b 39,3b 51,9b 25,3
México 39.966,6 738,7 10,1 35,2 54,7 20,8
Nicarágua 935,5 461,3 24,3 28,7 47,0 17,8
Panamá 1.287,5 820,0 16,2 28,2 55,6 28,4
Paraguai 705,2 292,4 31,3 21,6 47,1 16,3
Peru 7.423,0 538,8 17,1b 29,7b 53,2b 14,1
República Dominicana 2.053,7 464,1 20,8 30,8 48,4 21,8
Trinidad e Tobago n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.
Uruguai 2.416,4 807,6 16,4 30,2 53,4 11,0
Venezuela 13.243,4 1.168,6 6,7 40,4 52,9 25,1
América Latina 174.632,1 617,7 14,6 34,4 51,0 19,5
Nota (.) 1972 – n.d. = Não disponível.

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


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Pedro Sisnando Leite


261
POSFÁCIO

O professor Francisco Alves de Andrade fez pronun-


cimento no Conselho Estadual de Cultura sobre o livro do
professor Pedro Sisnando Leite, Novo Enfoque do Desen-
volvimento Econômico e as Teorias Convencionais.
O texto do seu pronunciamento foi o seguinte:

A Universidade Federal do Ceará fez publicar em


Edições UFC PROED o livro recentemente lançado — Novo
Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias
Convencionais de Pedro Sisnando Leite, professor de
“Desenvolvimento Econômico” na Faculdade de Ciências
Econômicas e no Curso de Mestrado de Economia Rural,
do Centro de Ciências Agrárias da referida Universidade.
Trata-se de um compêndio moderno, versado em
primorosa síntese doutrinária, cuja matéria estudada em
exposição didática e científica, definida em termos claros,
revela ainda a erudição e talento do seu autor.
A Economia, ciência de complexidade crescente, tem
os seus escolhos surpreendidos pela amargura da humani-
dade, que procura refletir sobre as alternativas dos expo-
sitores de problemas, cada vez menos claros ou perdidos
no amaranhado das conveniências políticas ou interesses
desumanos.

Posfácio
262
O tratamento hermético dos especialistas tem a
repulsa de uma grande massa contestadora, que requer
esclarecimento e deseja participar dos debates e dar a con-
tribuição que vai do sofrimento ao pensamento criador. A
nova economia requer tradutores humanistas que venham
à planície revolta, educadores autênticos com espírito de
conscientização, que ditem a sua sabedoria em lições de
experiência, capazes de serem entendidos.
O professor Pedro Sisnando Leite é um deles. O seu
livro revela esta disposição. Não guarda lições apenas para
os estudantes, mas é um modelo didático para a pedagogia
dos mestres. Contém definições e conceitos para os políti-
cos e homens de ação, profissionais liberais que avançam
o sinal e vêm ao plenário, para não ouvir compassivos um
monólogo estanque, mas para participar de um diálogo
franco e defintivo.
Em uma primeira parte trata da natureza do desenvolvi-
mento e do subdesenvolvimento. E antes de conceituar este
último, expressa que o subdesenvolvimento é parte de um
mesmo processo histórico, universal global do desenvolvi-
mento e um estado de privação experimentado consciente-
mente, enquanto o desenvolvimento é o processo de melhoria
da qualidade de todas as vidas humanas. Posiciona-se o autor
com esta síntese humanista: mudar o caráter do desenvol-
vimento atualmente perseguido pelos países do Terceiro
Mundo de mero crescimento da renda para um novo estilo
de desenvolvimento econômico integral de toda a sociedade.
A segunda parte do livro é dedicada ao Processo de
Desenvolvimento Econômico — suas características gerais

Posfácio
263
e determinantes. Trata da influência do fator social, da ve-
locidade do desenvolvimento e suas limitações, tendências
e qualidades.
Na terceira parte oferece uma dissertação explicati-
va das teorias convencionais do crescimento econômico.
Examina a economia do desenvolvimento; as teorias con-
vencionais e modelos; formação de capital e suas relações e
estimativas do crescimento interno. Procede a uma revisão
do desenvolvimento por etapas: desenvolvimento balance-
ado; desenvolvimento desequilibrado. Faz reflexões sobre
o desenvolvimento econômico com oferta limitada de mão
de obra, modelos, processos, estratégias. Detém-se sobre a
Teoria dos Polos de Desenvolvimento; polos de desenvolvi-
mento e de crescimento, suas caracterizações e hierarquias:
organização dos espaços econômicos, dualismos e aplica-
ções da teoria dos polos ao Nordeste brasileiro.
O livro é suficientemente provido de uma síntese
estatísitca sobre a Economia Mundial —, quarta parte: é
ilustrada e documentado com uma lista de 13 tabelas, além
de um apêndice de 21 indicações e 19 listas de figuras ou
gráficos explicativos.
Na realidade a contribuição do professor Pedro Sisnan-
do Leite é um tratado expresso em substanciosas sínteses.
Apoia-se em bibliografia selecionada de autores nacionais
e estrangeiros de todos os continentes.
Acrescente-se o valor de sua longa experiência como
técnico do Banco do Nordeste do Brasil, onde exerce a Che-
fia da Coordenadoria de Estudos Agropecuários. Dali subiu
à categoria de especialista em desenvolvimento econômico

Posfácio
264
internacional, tendo, após longa excursão aos países mais
desenvolvidos do mundo, publicando um importante livro
sobre Escandinávia — Modelo de Desenvolvimento, De-
mocracia e Bem Estar, divulgado pela Editora HUCITEC,
de São Paulo.
Educador, técnico, o prof. Pedro Sisnando Leite é
sobretudo um escritor humanista, de vasta atividade cul-
tural. Tanto é assim que, ao publicar livro tão expressivo,
anuncia-se que a imprensa Universitária lançará, em breve,
um outro seu, mas de autoria conjunta, intitulado Subde-
senvolvimento e Desenvolvimento Rural do Nordeste.
Por tudo o que foi exposto, propomos a este Conselho
seja aprovada mensagem de congratulações ao autor em
face de sua diligência no campo das atividades científicas,
técnicas e culturais.
Prof. Francisco Alves de Assis
Dezembro de 1983

Posfácio
ENCARTE

Indicadores Selecionados
do Desenvolvimento
Econômico Mundial
2005

Fonte:
World Development Report – 2007
Banco Mundial
267
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação das Economias por Região e


Renda – 2005

Tabela 2 – Principais Indicadores de Desenvolvimento –


Sumário

Tabela 3 – Principais Indicadores de Desenvolvimento

Tabela 4 – Pobreza

Tabela 5 – Atividades Econômicas por Países – Sumário

Tabela 6 – Atividades Econômicas por Países

Tabela 7 – Comércio e Finanças – Países mais Importantes


– Sumário

Tabela 8 – Comércio e Finanças – Países mais Importantes

Tabela 9 – Distribuição de Renda ou Consumo

Tabela 10 – Características da População por Regiões e


Países – 1980-2015

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 1 – Classificação das Economias por Região e Renda – 2005

Ásia do Sudeste e Pacífico América Latina e Caribe Ásia do Sul Alta Renda OECD
Samoa C Argentina C Afeganistão A Austrália
Camboja A Barbados C Bangladesh A Áustria
China B Belize C Butão A Bélgica
Fiji B Bolívia B Índia A Canadá
Indonésia B Brasil B Maldivas B Dinamarca
Kiribati B Chile C Nepal A Finlândia
Coréia do Norte A Colômbia B Paquistão A França
Laos A Costa Rica C Sri Lanka B Germânia
Malásia C Cuba B Grécia
Ilhas Marshall B Dominica C África Subsariana Islândia
Micronésia B República Dominicana B Angola B Irlanda
Mongólia A Equador B Benin A Itália
Myanmar A El Salvador B Botswana C Japão
Palau C Granada C Burkina Fasso A Coréia do Sul
Papua-Nova Guiné A Guatemala B Burundi A Luxemburgo
Filipinas B Guiana B Camarões B Holanda
Samoa B Haiti A Cabo Verde B Nova Zelândia
Ilhas Salomão B Honduras B República Centro-Africana A Noruega
Tailândia B Jamaica B Chad A Portugal
Timor Leste B México C Comores A Espanha
Tonga A Nicarágua B Rep. Dem. do Congo A Suécia
Vanuatu B Panamá C Congo B Suíça
Vietnan A Paraguai B Peru B Reino Unido
Guiné Equatorial C Santa Lúcia C Eritreia A Estados Unidos
Etiópia A
Europa e Ásia Central Outros de Alta Renda
Albânia B São Vicente e Grenadines C Gabão C Andorra
Armênia B Suriname B Gâmbia A Antigua e Bermuda
Azerbaijão B Trinidad e Tobago B Gana A Aruba
Belarus B Uruguai C Guiné A Bahamas
269

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 1 – Classificação das Economias por Região e Renda – 2005 (Continuação)

Ásia do Sudeste e Pacífico América Latina e Caribe Ásia do Sul Alta Renda OECD
270

Pedro Sisnando Leite


Bósnia e Herzegovina B Djibuti B São Tomé e Príncipe A Barém
Bulgária B Egito B Senegal A Bermuda
Croácia C Irã B Serra Leoa A Brunei
República Tcheca C Iraque B Somália A Ilhas Cayman
Estônia C Jordânia B África do Sul C Ilhas Chanel
Geórgia B Líbano C Sudão A Chipre
Hungria C Líbia C Suíça C Greenland
Cazaquistão C Marrocos B Tanzânia A Guiana
Kiribati A Omã C Togo A Israel
Latvia C Síria B Uganda A Kuwait
Lituânia C Tunísia B Zâmbia A Liechtenstein
Macedônia C Iêmen A Zimbabwe A Malta
Moldávia C Guiné-Bissau A Mônaco
Polônia C Kenya A Porto Rico
Romênia C Lesoto B Catar
Rússia C Libéria A San Marino
Sérvia e Montenegro C Madagáscar A Arábia Saudita
Seicheles C Malavi A Emirados Árabes
Tadjiquistão A Mali A Ilhas Virgens
Turquia C Mauritânia A
Turcomenistão B Mauritius C
Ucrânia B Moçambique A
Uzbequistão A Naníbia B
Venezuela C Níger A
Oriente Médio e África Nigéria A
Algéria B Ruanda A

Nota: Esta tabela inclui todas as economias-membro do Banco Mundial e todas as demais economias com mais de 30.000 habitantes. As economias
foram divididas em grupos de acordo com o Produto Nacional Bruto per capita do ano de 2005, o método do Atlas do Bando Mundial. Os grupos
são: A= baixa renda (US$ 875 ou menos); B= baixa média renda (US$ 876-3.465); C= alta média renda (US$ 3.466-10.725) e D = alta renda (US$
10.726 ou mais).
Tabela 2 – Principais Indicadores de Desenvolvimento por Países

SUMÁRIO

População Renda Nacional Bruta PIB (%) Expectativa de Vida Alfabetização (%)
2004/05 15 anos e mais
Países
Milhões Taxa Anual Bilhões Per capita Masc. Fem.
2005 % 2005 2005
(US$) 2000-05 (US$) (US$)

Mundo 6,438 1,2 44,983.3 6,987 2,4 65 69 80


Renda baixa 2,353 1,9 1,363.9 580 5,6 58 60 82
Renda média: 3,073 0,9 8,113.1 2,640 5,4 68 73 90
baixa 2,475 1,0 4,746.5 1,918 5,9 68 73 89
alta 599 0,8 3,367.9 5,625 5,0 66 73 94
Baixa e renda média 5,426 1,3 9,476.8 1,746 5,2 63 67 80
Ásia do Sudeste e
Pacífico 1,885 0,8 3,067.4 1,627 7,8 68 72 91
Europa e Ásia Central 473 0,0 1,945.0 4,113 5,9 64 73 97
América Latina e
Caribe 551 1,4 2,209.7 4,008 3,1 69 75 90
Oriente Médio e
Norte da África 305 1,9 684,6 2,241 2,8 68 71 72
Ásia do Sul 1,470 1,7 1,005.3 684 6,4 63 64 60
África Subsariana 741 2,3 5522 745 3,1 46 47 -
Renda alta 1,011 0,7 35,528.8 35,131 2,1 76 82 -
271

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 3 – Principais Indicadores de Desenvolvimento por Países

População Renda Nacional Bruta PIB (%) Expectativa de Vida Alfabetização (%)
272
2004/05 15 anos e mais

Pedro Sisnando Leite


Países
Milhões Taxa Anual Bilhões Per capita Masc. Fem.
2005 % 2005 2005
(US$) 2000-05 (US$) (US$)

Albânia 3 0,5 8,1 2,580 4,9 71 77 99


Algéria 33 1,5 89,6 2,730 3,7 70 73 70
Angola 16 2,9 21,5 1,350 11,5 40 43 87
Argentina 39 1,0 173,0 4,470 8,2 71 79 97
Armênia 3 -0,4 4,4 1,470 14,4 68 75 99
Austrália 20 12 654,6 32,220 1,5 77 83 -
Áustria 8 0,5 303,6 36,980 1,4 76 82 -
República do Azerbaijão 8 0,8 10,4 1,240 25,0 70 75 99
Bangladesh 142 1,9 66,2 470 3,5 63 64 -
Belarus 10 -0,5 27,0 2,760 9,8 63 74 100
Bélgica 10 0,4 373,8 35,700 0,7 76 82 -
Benin 8 32 4,3 510 0,7 54 55 35
Bolívia 9 2,0 9,3 1,010 2,1 62 67 87
Bósnia e Herzegovina 4 0,2 9,5 2,440 5,4 72 77 97
Brasil 186 1,4 644,1 3,460 0,9 67 75 89
Bulgária 8 -0,8 26,7 3,450 5,8 69 76 98
Fasso 13 3,2 5,2 400 1,6 47 49 22
Burundi 8 3,1 0,7 100 -2,6 43 45 59
Camboja 14 2,0 5,3 380 5,0 53 60 74
Camarões 16 1,9 16,5 1,010 0,8 45 47 68
Canadá 32 1,0 1,051.9 32,600 2,0 77 83 -
Rep. Centro-Africana 4 1,3 1,4 350 0,9 39 40 49
Chade 10 3,5 3,9 400 2,3 43 45 26
Chile 16 1,1 95,7 5,870 5,2 75 81 96
China 1,305 0,6 2,263.8 1,740 9,2 70 73 91
Tabela 3 – Principais Indicadores de Desenvolvimento por Países (Continuação)

População Renda Nacional Bruta PIB (%) Expectativa de Vida Alfabetização (%)
2004/05 15 anos e mais
Países
Milhões Taxa Anual Bilhões Per capita Masc. Fem.
2005 % 2005 2005
(US$) 2000-05 (US$) (US$)

Hong Kong, China 7 0,8 192,1 27,670 6,3 79 85 -


Colômbia 46 1,6 104,5 2,290 3,6 70 76 93
República do Congo 58 2,8 6,9 120 3,5 43 45 67
Congo 4 3,1 3,8 950 6,0 51 54 -
Costa Rica 4 1,9 19,9 4,590 2,3 76 81 95
Croácia 4 0,2 35,8 8,060 4,2 72 79 98
República Tcheca 10 -0,1 109,2 10,710 6,2 73 79 -
Dinamarca 5 0,3 256,8 47,390 2,8 75 80 -
Rep. Dominicana 9 1,5 21,1 2,370 3,0 64 71 87
Equador 13 1,5 34,8 2,830 2,5 72 78 91
Egito 74 1,9 92,9 1,250 2,9 68 73 71
El Salvador 7 1,8 16,8 2,450 1,0 68 74 -
Eritreia 4 4,4 1,0 220 0,8 53 56 -
Etiópia 71 2,1 11,1 160 6,8 42 43 -
Finlândia 5 0,3 196,5 37,460 1,8 75 82 -
França 61 0,6 2,177.7 34,810 0,9 77 84 -
Geórgia 4 -1,1 6,0 1,350 10,4 67 75 -
Alemanha 82 0,1 2,852.3 34,580 0,9 76 81 -
Gana 22 2,2 10,0 450 3,7 57 58 58
Grécia 11 0,3 218,1 19,670 3,4 77 81 96
Guatemala 13 2,4 30,3 2,400 0,8 64 71 69
Guiné 9 2,2 3,5 370 0,8 54 54 29
Haiti 9 1,4 3,9 450 0,5 51 53 -
Honduras 7 2,3 8,6 1,190 2,3 66 70 80
Hungria 10 -0,2 101,2 10,030 4,3 69 77 -
273

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 3 – Principais Indicadores de Desenvolvimento por Países (Continuação)

População Renda Nacional Bruta PIB (%) Expectativa de Vida Alfabetização (%)
274

Pedro Sisnando Leite


2004/05 15 anos e mais
Países
Milhões Taxa Anual Bilhões Per capita Masc. Fem.
2005 % 2005 2005
(US$) 2000-05 (US$) (US$)

Índia 1,095 1,5 793,0 720 7,1 63 64 61


Indonésia 221 1,3 282,2 1,280 4,2 66 69 90
Irã 68 1,2 187,4 2,770 4,9 69 72 77
Irlanda 4 1,7 166,6 40,150 2,6 76 81 -
Israel 7 1,9 128,7 18,620 3,5 77 81 97
Itália 57 -0,1 1,724.9 30,010 0,2 77 83 98
Jamaica 3 0,5 9,0 3,400 1,3 69 73 80
Japão 128 0,2 4,988.2 38,980 2,6 76 85 -
Jordânia 5 2,6 13,5 2,500 4,5 70 73 90
Cazaquistão 15 0,3 44,4 2,930 8,4 60 71 100
Quênia 34 2,2 18,0 530 0,4 49 48 74
Coréia 48 0,5 764,7 15,830 3,5 74 81 -
Kuwait 3 2,9 59,1 24,040 5,3 75 80 93
Kiribati 5 0,9 2,3 440 -1,8 64 72 99
Laos 6 2,3 2,6 440 4,6 54 57 69
Latvia 2 -0,6 15,5 6,760 10,8 66 78 100
Líbano 4 1,0 22,1 6,180 -0,0 70 75 -
Lituânia 3 -0,5 24,1 7,050 8,0 66 78 100
Macedônia 2 0,2 5,8 2,830 3,8 71 76 96
Madagáscar 19 2,8 5,4 290 1,8 54 57 71
Malavi 13 2,3 2,1 160 0,4 40 40 64
Malásia 25 2,0 125,8 4,960 3,4 71 76 89
Mali 14 3,0 5,1 380 2,3 48 49 19
Mauritânia 3 3,0 1,7 560 2,3 52 55 51
México 103 1,0 753,4 7,310 1,9 73 78 91
Tabela 3 – Principais Indicadores de Desenvolvimento por Países (Continuação)

População Renda Nacional Bruta PIB (%) Expectativa de Vida Alfabetização (%)
2004/05 15 anos e mais
Países
Milhões Taxa Anual Bilhões Per capita Masc. Fem.
2005 % 2005 2005
(US$) 2000-05 (US$) (US$)

Moldávia 4 -0,3 3,2 880 7,3 65 72 98


Mongólia 3 1,3 1,8 690 4,6 62 68 98
Marrocos 30 1,7 52,3 1,730 0,4 68 72 52
Moçambique 20 2,0 6,1 310 5,7 41 42 -
Namíbia 2 1,4 6,1 2,990 2,4 47 48 85
Nepal 27 2,1 7,3 270 0,3 62 63 49
Holanda 16 0,5 598,0 36,620 0,8 76 81 -
Nova Zelândia 4 1,4 108,7 25,960 0,7 77 82 -
Nicarágua 5 2,0 5,0 910 1,9 68 73 77
Níger 14 3,4 3,3 240 1,1 45 45 29
Nigéria 132 2,3 74,2 560 4,7 43 44 -
Noruega 5 0,6 275,2 59,590 1,7 78 82 -
Omã 3 1,0 23,0 9,070 - 73 76 81
Paquistão 156 2,4 107,3 690 5,2 64 66 50
Panamá 3 1,8 15,0 4,630 4,5 73 78 92
Papau-Nova Guiné 6 2,1 3,9 660 1,0 55 57 57
Paraguai 6 2,4 7,9 1,280 0,4 69 74 -
Peru 28 1,5 73,0 2,610 5,1 68 73 88
Filipinas 83 1,9 108,3 1,300 3,3 69 73 93
Polônia 38 -0,2 271,4 7,110 3,3 70 79 -
Portugal 11 0,6 170,7 16,170 -0,2 74 81 -
Romênia 22 -0,7 82,9 3,830 4,4 68 75 97
Rússia 143 -0,4 639,1 4,460 6,9 59 72 99
Ruanda 9 2,3 2,1 230 3,2 42 46 85
Arábia Saudita 25 2,7 289,2 11,770 3,9 70 74 79
275

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 3 – Principais Indicadores de Desenvolvimento por Países (Continuação)

População Renda Nacional Bruta PIB (%) Expectativa de Vida Alfabetização (%)
276
2004/05 15 anos e mais

Pedro Sisnando Leite


Países
Milhões Taxa Anual Bilhões Per capita Masc. Fem.
2005 % 2005 2005
(US$) 2000-05 (US$) (US$)

Senegal 12 24 8,2 710 3,7 55 57 39


Sérvia e Montenegro 8 0,1 26,8 3,280 5,7 71 76 96
Serra Leoa 6 4,2 1,2 220 3,8 40 43 35
Singapura 4 1,4 119,6 27,490 3,7 77 81 93
Eslováquia 5 0,0 42,8 7,950 5,9 70 78 100
Eslovênia 2 0,1 34,7 17,350 3,8 73 81 -
África do Sul 45 0,5 224,1 4,960 5,6 44 45 82
Espanha 43 1,4 1,100.1 25,360 1,7 77 84 -
Sri Lanka 20 0,5 22,8 1,160 4,4 72 77 91
Sudão 36 1,9 23,3 640 5,9 55 58 61
Suécia 9 0,4 370,5 41,060 2,3 78 83 -
Suíça 7 0,7 408,7 54,930 1,2 79 84 -
Síria 19 2,5 26,3 1,380 1,7 72 75 80
Tadjiquistão 7 1,1 2,2 330 8,2 61 87 99
Tanzânia 38 2,0 12,7 340 5,0 46 47 69
Tailândia 64 0,9 176,9 2,750 3,6 67 74 93
Togo 6 2,7 2,2 350 0,2 53 57 53
Tunísia 10 0,9 29,0 2,890 3,3 71 75 74
Turquia 73 1,5 342,2 4,710 6,0 69 71 87
Turcomenistão 5 1,4 - - - 59 67 99
Uganda 29 3,5 7,9 280 1,9 48 50 67
Ucrânia 47 -0,9 71,4 1,520 3,3 63 74 99
Reino Unido 60 0,2 2,263.7 37,600 1,2 76 81 -
Estados Unidos 296 1,0 12,969.6 43,740 2,5 75 80 -
Uruguai 3 0,7 15,1 4,360 5,8 72 79 -
Tabela 3 – Principais Indicadores de Desenvolvimento por Países (Continuação)

População Renda Nacional Bruta PIB (%) Expectativa de Vida Alfabetização (%)
2004/05 15 anos e mais
Países
Milhões Taxa Anual Bilhões Per capita Masc. Fem.
2005 % 2005 2005
(US$) 2000-05 (US$) (US$)

Uzbequistão 27 1,5 13,5 510 5,5 64 70 -


Venezuela 27 1,8 127,8 4,810 7,5 71 77 -
Vietnam 83 1,1 51,7 620 7,4 68 73 90
Iêmen 21 32 12,7 600 1,0 60 63 -
Zâmbia 12 1,7 5,7 490 3,4 39 38 -
Zimbábue 13 0,6 4,5 340 -7,6 38 37 -

Fonte: Banco Mundial – World Development Report 2007.


277

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 4 – Pobreza

Países Abaixo da Linha da Pobreza Abaixo da Linha da Pobreza Linha da Pobreza Internacional
278
População População

Pedro Sisnando Leite


Ano da Rural Urbana Nacional Ano da Rural Urbana Nacional Ano da abaixo de abaixo de
Pesquisa % % % Pesquisa % % % Pesquisa US$ 1 ao US$ 2 ao
dia (%) dia (%)

Albânia 2002 29,6 19,8 25,4 - - - - 2002 <2 11,8


Algéria 1988 16,6 7,3 12,2 1995 30,3 14,7 22,6 1995 <2 15,1
Argentina 1995 - 28,4 - 1998 - 29,9 - 2003 7,0 23,0
Armênia 1998-99 50,8 58,3 55,1 2001 48,7 51,9 50,9 2003 <2 31,1
República do Azerbaijão 1995 - - 68,1 2001 42,0 55,0 49,0 2001 3,7 33,4
Bangladesh 1995-96 55,2 29,4 51,0 2000 53,0 36,8 49,8 2000 36,0 82,8
Belarus 2000 - - 41,9 - - - - 2002 <2 <2
Benin 1995 25,2 28,5 28,5 1999 33,0 23,3 29,0 2003 30,9 73,7
Bolívia 1997 77,3 53,8 63,2 1999 81,7 50,8 62,7 2002 23,2 42,2
Bósnia e Herzegovina 2001-02 19,9 13,8 19,5 - - - - - - -
Botsuana - - - - - - - - 1993 23,5 50,1
Brasil 1996 54,0 15,4 23,9 1998 51,4 14,7 22,0 2003 7,5 21,2
Bulgária 1997 - - 36,0 2001 - - 12,8 2003 <2 6,1
Fasso 1998 61,1 22,4 54,6 2003 52,4 19,2 46,4 2003 27,2 71,8
Burundi 1990 36,0 43,0 36,4 - - - - 1998 54,6 87,6
Camboja 1997 40,1 21,1 36,1 1999 40,1 13,8 35,9 1997 34,1 77,7
Camarões 1996 59,6 41,4 53,3 2001 49,9 22,1 40,2 2001 17,1 50,6
Rep. Centro-Africana - - - - - - - - 1993 66,6 84,0
Chade 1995-96 67,0 63,0 64,0 - - - - - - -
Chile 1996 - - 19,9 1999 - - 17,0 2000 <2 9,6
China 1996 7,9 <2 6,0 1998 4,6 <2 4,6 2001 16,6 46,7
Colômbia 1995 79,0 48,0 60,0 1999 79,0 55,0 64,0 2003 7,0 17,8
Costa Rica 1992 25,5 19,2 22,0 - - - - 2001 2,2 7,5
Croácia - - - - - - - - 2001 <2 <2
República Tcheca - - - - - - - - 1996 <2 <2
Tabela 4 – Pobreza (Continuação)
Países Abaixo da Linha da Pobreza Abaixo da Linha da Pobreza Linha da Pobreza Internacional
População População
Ano da Rural Urbana Nacional Ano da Rural Urbana Nacional Ano da abaixo de abaixo de
Pesquisa % % % Pesquisa % % % Pesquisa US$ 1 ao US$ 2 ao
dia (%) dia (%)

Rep. Dominicana 1992 49,0 19,3 33,9 1998 42,1 20,5 28,6 2003 2,5 11,0
Equador 1995 56,0 19,0 34,0 1998 69,0 30,0 46,0 1998 15,8 37,2
Egito 1995-96 23,3 22,5 22,9 1999-00 - - 16,7 1999-00 3,1 43,9
El Salvador 1992 55,7 43,1 48,3 - - - - 2002 19,0 40,5
Eritreia 1993-94 - - 53,0 - - - - - - -
Estônia 1995 14,7 6,8 - - - - - 2003 <2 7,5
Etiópia 1995-96 47,0 33,3 45,5 1999-00 45,0 37,0 44,2 1999-00 23,0 77,8
Gâmbia 1992 - - 64.0 1998 61,0 48,0 57,6 1998 26,5 54,3
Geórgia 2002 55,4 48,5 52,1 2003 52,7 56,2 54,5 2003 6,5 25,3
Gana 1992 - - 50,0 1998-99 49,9 18,6 39,5 1998-99 44,8 78,5
Guatemala 1999 71,9 33,7 57,9 2000 74,5 27,1 56,2 2002 13,5 31,9
Guiné 1994 - - 40,0 - - - - - -
Haiti 1987 - - 65,0 1995 66,0 - - 2001 53,9 78,0
Honduras 1997 58,0 35,0 47,0 1999 58,0 37,0 48,0 1999 20,7 44,0
Hungria 1993 - - 14,5 1997 - - 17,3 2002 <2 <2
Índia 1993-94 37,3 32,4 36,0 1999-00 30,2 24,7 28,6 1999-00 34,7 79,9
Indonésia 1996 - - 15,7 1999 34,4 16,1 27,1 2002 7,5 52,4
Irã - - - - - - - - 1998 <2 7,3
Jamaica 1995 37,0 18,7 27,5 2000 25,1 12,8 18,7 2000 <2 7,3
Jordânia 1991 - - 15,0 1997 - - 11,7 2002-03 <2 7,0
Cazaquistão 1996 39,0 30,0 34,6 - - - - 2003 <2 16,0
Quênia 1994 47,0 29,0 40,0 1997 53,0 49,0 52,0 1997 22,8 58,3
Coreia - - - - - - - - 1998 <2 <2
Kiribati 2000 56,4 43,9 52,0 2001 51,0 41,2 47,6 2003 <2 21,4
Laos 1993 48,7 33,1 45,0 1997-98 41,0 26,9 38,6 2002 27,0 74,1
Lesoto - - - - - - - - 1995 36,4 56,1
Lituânia - - - - - - - - 2003 <2 7,8
279

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 4 – Pobreza (Continuação)

Países Abaixo da Linha da Pobreza Abaixo da Linha da Pobreza Linha da Pobreza Internacional
População População
280
Ano da

Pedro Sisnando Leite


Ano da Rural Urbana Nacional Ano da Rural Urbana Nacional abaixo de abaixo de
Pesquisa % % % Pesquisa % % % Pesquisa US$ 1 ao US$ 2 ao
dia (%) dia (%)

Macedônia - - - - - - - - 2003 <2 <2


Madagascar 1997 76,0 63,2 73,3 1999 76,7 52,1 71,3 2001 61,0 85,1
Malavi 1990-91 - - 54,0 1997-98 66,5 54,9 65,3 1997-98 41,7 76,1
Malásia 1989 - - 15,5 - - - - 1997 <2 9,3
Mali 1998 75,9 30,1 63,8 - - - - 1994 72,3 90,6
Mauritânia 1996 65,5 30,1 50,0 2000 61,2 25,4 46,3 2000 25,9 63,1
México 1996 52,4 26,5 37,1 2002 34,8 11,4 20,3 2002 4,5 20,4
Maldávia 2001 64,1 58,0 62,4 2002 67,2 42,8 48,5 2001 22,0 63,7
Mongólia 1995 33,1 38,5 36,3 1998 32,8 39,4 35,6 1998 27,0 74,9
Marrocos 1990-91 18,0 7,6 13,1 1998-99 27,2 12,0 19,0 1999 <2 14,3
Moçambique 1996-97 71,3 62,0 69,4 - - - - 1996 37,9 78,4
Namíbia - - - - - - - - 1993 34,9 55,8
Nepal 1995-96 43,3 21,6 41,8 2003-04 34,6 9,6 30,9 2003-04 24,1 68,5
Nicarágua 1993 76,1 31,9 50,3 1998 68,5 30,5 47,9 2001 45,1 79,9
Níger 1989-93 66,0 52,0 63,0 - - - - 1995 60,6 85,8
Nigéria 1985 49,5 31,7 43,0 1992-93 36,4 30,4 34,1 2003 70,8 92,4
Paquistão 1993 33,4 17,2 28,6 1998-99 35,9 24,2 32,6 2002 17,0 73,6
Panamá 1997 64,9 15,3 37,3 - - - - 2002 8,5 17,1
Papua N. Guiné 1996 41,3 16,1 37,5 - - - - 2002 - -
Paraguai 1991 28,5 19,7 21,8 - - - - 2002 16,4 33,2
Peru 1994 67,0 46,1 53,5 1997 64,7 40,4 49,0 2002 12,5 31,8
Filipinas 1994 53,1 28,0 40,6 1997 50,7 21,5 36,8 2000 15,5 47,5
Polônia 1993 - - 23,8 - - - - 2002 <2 <2
Portugal - - - - - - - - 1994 <2 <2
Romênia 1994 27,9 20,4 21,5 - - - - 2003 <2 12,9
Rússia 1994 - - 30,9 - - - - 2002 <2 12,1
Ruanda 1993 - - 51,2 1999-00 85,7 14,3 80,3 1999-00 51,7 83,7
Tabela 4 – Pobreza (Continuação)

Países Abaixo da Linha da Pobreza Abaixo da Linha da Pobreza Linha da Pobreza Internacional
População População
Ano da Rural Urbana Nacional Ano da Rural Urbana Nacional Ano da abaixo de abaixo de
Pesquisa % % % Pesquisa % % % Pesquisa US$ 1 ao US$ 2 ao
dia (%) dia (%)

Senegal 1992 40,4 23,7 33,4 - - - - 1995 22,3 63,0


Serra Leoa 1999 - - 82,8 2003-04 79,0 56,4 70,2 1989a 57,0 74,5
Eslováquia - - - - - - - - 1998b <2 2,9
Eslovênia - - - - - - - 1998 <2 <2
África do Sul - - - - - - - - 2000 10,7 34,1
Sri Lanka 1990-91 22,0 15,0 20,0 1995-96 27,0 15,0 25,0 2002 5,6 41,6
Tadjiquistão - - - - - - - 2003 7,4 42,8
Tanzânia 1991 40,8 31,2 38,6 2000-01 38,7 29,5 35,7 2000-01 57,8 89,9
Tailândia 1990 - - 18,0 1992 15,5 10,2 13,1 2002 <2 25,1
Togo 1987-89 - - 32,3 - - - - - - -
Trinidad e Tobago 1992 20,0 24,0 21,0 - - - - 1992 4,0 20,0
Tunísia 1990 13,1 3,5 7,4 1995 13,9 3,6 7,6 2000 <2 6,6
Turquia 1994 - - 28,3 2002 34,5 21,9 27,0 2003 3,4 18,7
Uganda 1999-00 37,4 9,6 33,8 2002-03 41,7 12,2 37,7 - - -
Ucrânia 2000 34,9 - 31,5 2003 28,4 - 19,5 2003 <2 4,9
Uruguai 1994 - 20,2 - 1998 - 24,7 - 2003 <2 5,7
Uzbequistão 2000 30,5 22,5 27,5 - - - - - - -
Venezuela 1989 - - 31,3 - - - - 2000 8,3 27,6
Vietnam 1998 45,5 9,2 37,4 2002 35,6 6,6 28,9 - - -
Iêmen 1998 45,0 30,8 41,8 - - - - 1998 10,2 45,2
Zâmbia 1996 82,8 48,0 69,2 1998 83,1 58,0 72,9 2002-03 75,8 94,1
Zimbábue 1990-91 35,8 3,4 25,8 1995-98 48,0 7,9 34,9 1995-96 56,1 83,0

Fonte: World Development Report 2007. Banco Mundial.


281

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 5 – Atividades Econômicas por Países

SUMÁRIO
282

Pedro Sisnando Leite


Produto Interno Produtividade da % Setorial Formação Balanço de
Bruto Agricultura Bruta de Pagamentos
Países Capital
Milhões Taxa Produção média
US$ anual trabalhada Agricultura Indústria Serviços % do PIB % do PIB
% US$ 2.000
2005 2000-05 1992-94 2002-04 2005 2005 2005 2005 2005

Mundo 44,384,871 2,8 772 863 4 28 68 21 0


Renda baixa 1,391,362 6,0 327 364 22 28 50 27 -2
Renda média 8,535,129 5,1 581 726 10 37 53 26 2
baixa 4,869,491 6,3 451 587 13 41 46 29 2
alta 3,665,404 3,5 2,279 2,733 7 32 62 22 1
Baixa e
renda média 9,926,393 5,3 477 567 12 36 52 26 2
Ásia do
Sudeste
e Pacífico 3,032,573 8,3 - - 13 45 42 34 3
Europa e
Ásia Central 2,190,933 5,4 1,652 1,971 8 32 60 23 1
América
Latina
e Caribe 2,455,621 2,3 2,233 2,831 8 32 60 20 3
Oriente Médio
e Norte da
África 632,570 4,1 1,589 1,978 11 41 48 26 1
Ásia do Sul 995,809 6,4 357 394 19 27 54 28 -2
África
Subsariana 615,216 4,2 293 334 17 32 51 20 0
Renda alta 34,466,198 2,2 - - 2 26 72 20 0
Tabela 6 – Atividades Econômicas por Países

Produto Interno Produtividade da % Setorial Formação Balanço de


Bruto Agricultura Bruta de Pagamentos
Países Capital
Milhões Taxa Produção média
US$ anual trabalhada Agricultura Indústria Serviços % do PIB % do PIB
% US$ 2.000
2005 2000-05 1992-94 2002-04 2005 2005 2005 2005 2005

Albânia 8,379 5,3 916 1,469 25 20 55 25 -23


Algéria 102,257 5,1 1,743 1,983 8 62 29 32 22
Angola 28,038 9,1 99 168 8 66 26 13 15
Argentina 183,309 2,2 7,335 9,311 10 36 54 19 7
Armênia 4,903 12,3 1,464 2,722 21 44 35 30 -13
Austrália 700,672 3,3 20,693 27,058 3 26 71 25 -3
Áustria 304,527 1,3 12,881 21,083 2 31 67 22 5
Rep. do Azerbaijão 12,561 12,7 922 1,061 12 55 32 53 -24
Bangladesh 59,958 5,3 251 309 21 28 52 24 -7
Belarus 29,568 7,6 1,964 2,612 10 41 49 30 1
Bélgica 364,735 1,5 27,442 41,536 1 25 73 20 3
Benin 4,287 4,0 391 591 32 13 54 20 -13
Bolívia 9,334 3,0 678 749 16 31 53 12 4
Bósnia e
Herzegovina 9,369 5,1 3,028 5,709 12 28 61 21 -29
Brasil 794,098 2,2 1,839 3,111 10 38 52 19 8
Bulgária 26,648 5,0 2,152 6,635 9 30 60 28 -17
Fasso 5,171 5,1 157 166 31 20 50 19 -15
Burundi 800 2,2 104 79 35 20 45 12 -28
Camboja 5,391 6,6 276 289 33 29 38 26 -11
Camarões 16,985 3,8 720 1,111 41 14 45 20 -0
Canadá 1,115,192 2,6 29,378 38,509 - - - 20 4
283

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 6 – Atividades Econômicas por Países (Continuação)
284

Pedro Sisnando Leite


Produto Interno Produtividade da % Setorial Formação Balanço de
Bruto Agricultura Bruta de Pagamentos
Países Capital
Milhões Taxa Produção média
US$ anual trabalhada Agricultura Indústria Serviços % do PIB % do PIB
% US$ 2.000
2005 2000-05 1992-94 2002-04 2005 2005 2005 2005 2005

Rep. Centro- Africana 1,369 -1,4 292 415 54 21 25 - -


Chade 5,469 14,5 191 225 23 51 26 17 20
Chile 115,250 3,0 4,235 3,222 6 47 48 23 8
China 2.228,862 9,6 273 373 13 46 41 39 3
Colômbia 122,309 3,5 3,208 2,971 13 34 53 19 0
Rep. Dem. Congo 6,974 4,4 183 153 46 25 29 14 -8
Congo 5,091 3,9 295 337 6 46 48 24 28
Costa Rica 19,432 4,0 3,364 4,285 8 29 63 21 -3
Croácia 37,412 4,4 5,189 9,237 8 28 64 28 -5
Rep. Tcheca 122,345 3,5 3,531 4,543 3 39 58 28 0
Dinamarca 254,401 1,5 22,271 37,443 2 25 73 20 5
Rep. Dominicana 28,303 2,1 2,482 4,169 13 27 60 19 -2
Equador 36,244 5,0 1,027 1,478 8 28 66 26 -2
Egito 89,336 3,7 1,575 2,007 14 39 47 17 -0
El Salvador 16,974 2,2 1,639 1,618 11 30 60 15 -18
Eritreia 986 3,6 91 56 23 23 55 20 -48
Etiópia 11,174 4,2 147 144 48 13 39 26 -23
Finlândia 193,176 2,4 17,815 31,339 3 31 66 19 6
França 2.110,185 1,5 24,724 40,521 2 22 76 20 0
Geórgia 6,395 7,4 2,127 1,442 17 27 56 27 -10
Tabela 6 – Atividades Econômicas por Países (Continuação)

Produto Interno Produtividade da % Setorial Formação Balanço de


Bruto Agricultura Bruta de Pagamentos
Países Capital
Milhões Taxa Produção média
US$ anual trabalhada Agricultura Indústria Serviços % do PIB % do PIB
% US$ 2.000
2005 2000-05 1992-94 2002-04 2005 2005 2005 2005 2005

Alemanha 2.781,900 0,7 13,908 23,616 1 29 70 17 5


Gana 10,695 5,1 301 341 39 25 37 30 -19
Grécia 213,698 4,2 8,315 9,303 7 23 70 26 -9
Guatemala 31,683 2,5 2,178 2,275 23 19 58 18 -13
Guiné 2,689 2,9 175 229 26 28 37 12 -3
Haiti 4,245 -0,5 672 421 28 17 55 30 -29
Honduras 7,976 3,6 992 1,183 13 31 56 29 -15
Hungria 109,154 4,0 2,825 3,986 4 31 65 23 -1
Índia 785,468 6,9 353 282 19 26 54 30 -2
Indonésia 281,217 4,7 498 564 14 31 45 23 5
Irã 196,343 5,8 2,042 2,438 10 44 46 32 5
Irlanda 196,388 5,0 - - 3 41 56 25 16
Israel 123,434 1,9 - - - - - 19 -5
Itália 1.723,044 0,7 13,672 21,553 3 28 70 20 1
Jamaica 9,696 1,5 2,162 1,916 5 33 82 31 -17
Japão 4.505,912 1,3 19,958 26,557 1 31 68 24 2
Jordânia 12,861 5,9 1,810 1,192 2 29 69 27 -34
Cazaquistão 56,088 10,1 1,585 1,420 7 40 54 28 9
Quênia 17,977 2,8 301 317 27 18 55 25 -6
Coreia 787,624 4,6 6,257 9,996 4 41 55 30 4
Kuwait 74,658 7,3 - 13,898 0 53 47 14 27
Kiribati 2,441 4,0 625 942 34 21 45 20 -20
Laos 2,855 6,2 376 461 46 28 26 17 4
Latvia 15,711 7,9 1,624 2,505 4 23 73 27 -8
285

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 6 – Atividades Econômicas por Países (Continuação)

Produto Interno Produtividade da % Setorial Formação Balanço de


Bruto Agricultura Bruta de Pagamentos
286

Pedro Sisnando Leite


Países Capital
Milhões Taxa Produção média
US$ anual trabalhada Agricultura Indústria Serviços % do PIB % do PIB
% US$ 2.000
2005 2000-05 1992-94 2002-04 2005 2005 2005 2005 2005

Líbano 22,210 4,1 - - 7 21 72 20 -22


Lituânia 25,495 7,8 - 4,363 6 31 63 25 -5
Macedônia 5,762 1,7 2,104 3,034 12 29 59 21 -18
Madagáscar 5,040 2,0 183 174 28 16 56 22 -15
Malavi 2,072 3,4 73 131 35 19 46 15 -28
Malásia 130,143 4,8 3,918 4,690 9 50 40 23 21
Mali 5,098 5,8 205 229 36 24 40 24 -13
Mauritânia 1,888 5,0 283 282 17 32 51 - -
México 768,438 1,9 2,295 2,727 4 26 70 22 -2
Moldávia 2,906 7,0 902 732 21 24 55 20 -32
Mongólia 1,880 5,8 811 661 22 27 51 37 -11
Marrocos 51,745 4,2 1,275 1,582 13 31 56 26 -9
Moçambique 6,630 8,6 98 142 23 30 47 22 -10
Namíbia 6,126 4,6 845 1,097 10 32 58 28 1
Nepal 7,346 2,6 191 208 40 21 38 26 -13
Holanda 594,755 0,6 27,857 39,358 2 26 72 20 5
Nova Zelândia 109,041 3,8 20,319 27,660 - - - 23 0
Nicarágua 4,911 3,0 1,227 1,916 19 30 52 29 -28
Níger 3,405 3,7 165 172 40 17 43 19 -9
Nigéria 98,951 5,9 610 863 24 56 20 21 18
Noruega 283,920 1,7 23,252 32,779 2 39 59 19 14
Omã 24,284 3,0 1,000 1,128 2 56 42 18 14
Paquistão 110,732 4,8 603 688 22 25 53 17 -5
Tabela 6 – Atividades Econômicas por Países (Continuação)

Produto Interno Produtividade da % Setorial Formação Balanço de


Bruto Agricultura Bruta de Pagamentos
Países Capital
Milhões Taxa Produção média
US$ anual trabalhada Agricultura Indústria Serviços % do PIB % do PIB
% US$ 2.000
2005 2000-05 1992-94 2002-04 2005 2005 2005 2005 2005

Panamá 15,467 4,3 2,450 3,570 8 18 75 20 -2


Papua-Nova Guiné 4,731 1,3 451 482 26 45 30 - -
Paraguai 8,152 1,8 2,165 2,453 27 24 49 24 -3
Peru 78,431 4,2 1,169 1,764 9 33 58 19 5
Filipinas 98,306 4,5 901 1,021 14 33 53 16 -1
Polônia 299,151 3,1 1,510 2,003 5 31 65 19 -0
Portugal 173,085 0,3 4,414 5,735 4 27 70 23 -8
Romênia 98,559 5,8 2,312 3,519 10 35 55 24 -10
Rússia 763,720 6,2 1,746 2,297 6 38 56 21 14
Ruanda 2,131 4,9 183 229 42 20 38 21 -22
Arábia Saudita 309,778 4,2 8,905 14,284 4 59 37 16 34
Senegal 8,318 4,9 236 235 17 20 63 23 -14
Sérvia Montenegro 27,059 5,3 - 1,446 16 32 52 17 -22
Serra Leoa 1,193 13,7 - - 46 24 30 15 -19
Singapura 116,764 4,2 28,729 32,267 0 34 66 19 30
Eslováquia 46,412 4,9 - - 3 29 67 29 -4
Eslovênia 34,030 3,4 12,339 34,447 3 35 62 25 -0
África do Sul 240,152 3,7 1,764 2,463 3 31 66 18 4
Espanha 1.123,691 3,1 12,611 19,132 3 29 67 28 -4
Sri Lanka 23,479 4,2 713 743 17 26 57 26 -12
Sudão 27,699 6,1 384 728 34 30 37 22 -4
287

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 6 – Atividades Econômicas por Países (Continuação)
288

Pedro Sisnando Leite


Produto Interno Produtividade da % Setorial Formação Balanço de
Bruto Agricultura Bruta de Pagamentos
Países Capital
Milhões Taxa Produção média
US$ anual trabalhada Agricultura Indústria Serviços % do PIB % do PIB
% US$ 2.000
2005 2000-05 1992-94 2002-04 2005 2005 2005 2005 2005

Suécia 354,115 2,2 21,654 31,716 2 29 69 16 8


Suíça 365,937 0,9 21,565 22,190 - - - 20 7
Síria 26,320 4,0 2,356 2,977 21 26 53 20 1
Tadjiquistão 2,326 9,7 367 401 22 36 42 14 -19
Tanzânia 12,111 6,9 242 287 45 18 38 19 -9
Tailândia 176,602 5,4 481 599 10 47 44 31 -2
Togo 2,203 2,7 360 409 42 23 35 18 -13
Tunísia 28,683 4,5 2,365 2,415 13 28 59 25 -3
Turquia 363,300 5,2 1,722 1,793 12 24 65 25 -7
Turcomenistão 6,774 - 1,179 - 21 45 34 25 9
Uganda 8,712 5,4 192 231 34 21 46 23 -13
Ucrânia 81,664 8,0 1,235 1,442 11 34 55 19 8
Reino Unido 2.192,553 2,3 23,089 26,897 1 26 73 17 -3
Estados Unidos 12.455,068 2,8 22,868 36,863 1 22 77 18 -5
Uruguai 16,792 1,0 6,213 7,102 11 29 60 13 2
Uzbequistão 13,667 5,3 1,263 1,567 28 29 43 25 8
Venezuela 138,857 1,3 4,781 5,899 5 52 44 21 16
Vietnam 52,408 7,5 225 294 22 40 38 36 -7
Iêmen 14,452 5,9 383 511 13 35 52 17 -10
Zâmbia 7,257 4,7 160 206 19 25 56 26 -9
Zimbábue 3.364 -6,1 238 242 22 28 50 38 -35
Fonte: Banco Mundial.
Tabela 7 – Comércio e Finanças – Países mais Importantes

SUMÁRIO

Exportação Importação Exportação Investimento Débito Externo


Países Manufaturados Externo Direto (% PIB-2004)
US$ Milhões US$ Milhões % do total das US$ Milhões 2004
2005 2005 exportações 2004

Mundo 10,392,567 10,652,542 77 664,877 -


Renda baixa 256,379 310,841 51 16,576 -
média 2,785,199 2,551,288 64 194,808 -
baixa 1,512,592 1,375,639 68 106,037 -
Baixa alta 1,272,607 1,175,649 61 88,771 -
Baixa e renda média 3,041,588 2,862,091 64 211,385 -
Ásia do Sudeste e Pacífico 1,185,932 1,059,945 80 64,563 -
Europa e Ásia Central 759,841 746,370 57 62,212 -
América Latina e Caribe 561,873 517,073 56 60,843 -
Oriente Médio e Norte da África 221,252 182,440 20 5,340 -
Ásia do Sul 123,050 188,039 76 7,151 -
África Subsariana 189,636 170,238 31 11,276 -
Renda alta 7,351,037 7,190,420 81 452,492 -
289

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 8 – Comércio e Finanças – Países mais Importantes

Exportação Importação Exportação Investimento Débito Externo


290
Países

Pedro Sisnando Leite


Manufaturados Externo Direto (% PIB-2004)
US$ Milhões US$ Milhões % do total das US$ Milhões 2004
2005 2005 exportações 2004

Algéria 44,390 20,040 2 882 32


Angola 23,120 8,150 - 1,444 69
Argentina 40,044 28,692 29 4,084 159
Austrália 105,825 125,280 25 42,469 -
Áustria 123,317 124,749 84 4,022 -
Belarus 15,992 16,699 60 169 20
Bélgica 329,650 320,363 81 40,080 20
Brasil 118,308 77,576 54 18,166 47
Bulgária 11,725 18,181 62 2,005 83
Canadá 359,578 320,105 60 6,284 -
Chile 39,536 32542 13 7,603 57
China 761,999 660,118 91 54,937 15
Colômbia 21,187 21,204 28 3,052 49
República Tcheca 78,474 76,863 90 4,454 51
Dinamarca 85,708 76,539 66 -8,804 -
Egito 10,344 16,552 31 1,253 32
Finlândia 65,998 58,737 83 3,075 -
França 459,246 495,796 83 24,521 -
Alemanha 970,688 774,069 84 -34,903 -
Grécia 11,192 54,031 59 1,355 -
Hungria 62,194 65,711 68 4,608 76
Índia 89,843 131,648 73 5,335 18
Indonésia 86,285 68,736 56 1,023 61
Irã 58,400 41,561 9 500 9
Irlanda 109,525 66,356 86 11,040 9
Israel 42,588 46,910 94 1,664 -
Itália 366,797 379,696 88 16,772 -
Japão 595,750 516,075 93 7,805 -
Cazaquistão 27,849 17,353 16 4,104 101
Coréia 284,742 261,028 92 8,189 -
Tabela 8 – Comércio e Finanças – Países mais Importantes (CONTINUAÇÃO)

Exportação Importação Exportação Investimento Débito Externo


Países Manufaturados Externo Direto (% PIB-2004)
US$ Milhões US$ Milhões % do total das US$ Milhões 2004
2005 2005 exportações 2004

Kuwait 44,016 17,422 - -20 -


Laos 435 605 - 17 76
Lituânia 11,815 15,453 58 773 54
Malásia 140,948 114,607 76 4,624 53
México 213,711 231,670 80 17,377 24
Marrocos 10,463 20,124 69 769 39
Holanda 401,333 357,869 70 377 -
Nova Zelândia 21,731 26,224 31 2,271 -
Nicarágua 858 2,595 11 250 35
Noruega 103,256 54,907 19 502 -
Omã 17,119 9,000 12 -17 18
Paquistão 15,942 25,335 85 1,118 35
Panamá 1,080 4,180 10 1,012 94
Papua-Nova Guiné 3,070 1,710 6 25 66
Peru 17,206 12,502 20 1,816 57
Filipinas 41,224 46,257 55 459 73
Polônia 88,940 100,487 81 12,613 45
Portugal 37,858 60,175 85 825 -
Romênia 27,730 40,463 82 5,440 51
Rússia 245,255 125,123 21 12,479 46
Arábia Saudita 178,755 58,092 12 - -
Singapura 229,620 200,030 84 16,032 -
Eslováquia 31,973 35,301 86 1,122 67
Eslovênia 18,698 20,141 90 827 -
África do Sul 51,874 66,500 58 585 17
Espanha 186,099 277,597 77 16,594 -
Suécia 129,922 110,645 81 -588 -
Suíça 125,898 121,156 93 -797 -
Tailândia 110,110 118,191 75 1,412 35
Tunísia 10,494 13,177 78 593 79
291

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


292

Pedro Sisnando Leite


Tabela 8 – Comércio e Finanças – Países mais Importantes (CONTINUAÇÃO)

Exportação Importação Exportação Investimento Débito Externo


Países Manufaturados Externo Direto (% PIB-2004)
US$ Milhões US$ Milhões % do total das US$ Milhões 2004
2005 2005 exportações 2004

Turquia 73,275 116,352 85 2,733 70


Ucrânia 34,287 36,141 67 1,715 42
Reino Unido 377,856 501,223 77 72,561 -
Estados Unidos 904,289 1,732,706 82 106,831 -
Venezuela 56,200 24,933 12 1,518 45
Vietnam 32,233 36,881 53 1,610 39

Fonte: Banco Mundial.


Nota: Países com US$ 10 milhões ou mais de exportação.
Tabela 9 – Distribuição de Renda ou Consumo

Ano da Índice GINI Parte da Porcentagem da Renda ou do Consumo


Pesquisa
Menor Segundo Terceiro Quarto Maior
Países de renda baixa 20% 20% 20% 20% 20%

Angola - - - - - -
Bangladesh 1995 33,6 8,7 12,0 15,7 20,8 42,8
Burundi 1998 42,5 5,1 10,3 15,1 21,5 48,0
Camarões 1996 47,7 4,6 8,3 13,1 20,9 53,1
Equador 1995 43,7 5,4 9,4 14,2 21,3 49,7
Etiópia 1995 40,0 7,1 10,9 14,5 19,8 47,7
Guatemala 1998 55,8 3,8 6,8 10,9 17,9 60,6
Índia 1997 37,8 8,1 11,6 15,0 19,3 41,1
Indonésia 1999 31,7 9,0 12,5 16,1 21,3 41,1
Moçambique 1996 39,6 6,5 10,8 15,1 21,1 46,5
Nepal 1995 36,7 7,6 11,5 15,1 21,0 44,8
Nicarágua 1998 60,3 2,3 5,9 10,4 17,9 63,6
Zâmbia 1998 52,6 3,3 7,6 12,5 20,0 56,6
Países de renda média
Argentina - - - - - - -
Bolívia 1999 44,7 4,0 9,2 14,8 22,9 49,1
Brasil 1998 60,7 2,2 5,4 10,1 18,3 64,1
Chile 1998 56,7 3,3 6,5 10,9 18,4 61,0
China 1998 40,3 5,9 10,2 15,1 22,2 46,6
Colômbia 1996 57,1 3,0 6,6 11,1 18,4 60,9
Costa Rica 1997 45,9 4,5 8,9 14,1 21,6 51,0
Hungria 1998 24,4 10 14,7 18,3 22,7 34,4
Coreia do Sul 1993 31,6 7,5 12,9 17,4 22,9 39,3
293

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 9 – Distribuição de Renda ou Consumo (Continuação)
Ano da Índice GINI Parte da Porcentagem da Renda ou do Consumo
Pesquisa
294
Menor Segundo Terceiro Quarto Maior

Pedro Sisnando Leite


Países de renda baixa 20% 20% 20% 20% 20%
Países de renda média
México 1998 53,1 3,5 7,3 12,1 19,7 57,4
Nigéria 1996 50,6 4,4 8,2 12,5 19,3 55,7
Paquistão 1996 31,2 9,5 12,9 16,0 20,5 41,1
Peru 1996 46,2 4,4 9,1 14,1 21,3 51,2
Filipinas 1997 46,2 5,4 8,8 13,2 20,3 52,3
África do Sul 1993 59,3 2,9 5,5 9,2 17,7 64,8
Turquia 1994 41,5 5,8 10,2 14,8 21,6 47,7
Venezuela 1998 49,5 3,0 8,2 13,8 21,8 53,2
Países desenvolvidos
Austrália 1994 35,2 5,9 12 17,2 23,6 41,3
Canadá 1994 31,5 7,5 12,9 17,2 23,0 39,3
Dinamarca 1992 24,7 9,6 14,9 18,3 22,7 34,5
França 1995 32,7 7,2 12,6 17,2 22,8 40,2
Alemanha 1994 30,0 8,2 13,2 17,5 22,7 38,5
Itália 1995 27,3 8,7 14,0 18,1 22,9 36,3
Japão 1993 24,9 10,6 14,2 17,6 22,0 35,7
Holanda 1994 32,6 7,3 12,7 17,2 22,8 40,1
Noruega 1995 25,8 9,7 14,3 17,9 22,2 35,8
Portugal 1995 35,6 7,3 11,6 15,9 21,8 43,4
Espanha 1990 32,5 7,5 12,6 17,0 22,6 40,3
Suécia 1992 25,0 9,6 14,5 18,1 23,2 34,5
Reino Unido 1995 36,8 6,1 11,6 16,4 22,7 43,2
Estados Unidos 1997 40,8 5,2 10,5 15,6 22,4 46,4
Fonte: Banco Mundial.
Tabela 10 – Características da População por Regiões e Países – 1980-2015

ÁSIA DO SUL, Crescimento da População Total Esperança de Vida ao Taxa de Mortalidade


SUDESTE População Nascer Infantil, 1999
E PACÍFICO
taxa média de milhões Anos por cada mil nascidos
PAÍSES crescimento anual (%) vivos

1980-98 1980-2015 1998 2015 1980 1998 1980 1998


B 1 Afeganistão .. .. 25 .. 40 46 183 149
A 2 Austrália 1,4 0,2 19 22 74 79 11 5
B 3 Bangladesh 2,1 1,5 126 162 48 59 132 73
B 4 Camboja 2,9 2,0 11 15 39 54 201 102
B 5 China 1,1 1 1.239 1.389 .. 70 42 31
M 6 Coreia do Norte 1,5 0,7 23 26 67 63 32 54
A 7 Coreia do Sul 1,1 0,6 46 51 67 79 26 9
M 8 Filipinas 2,5 1,7 75 100 61 58 52 32
A 9 Hong Kong, China 1,6 1 7 8 74 65 11 3
B 10 Índia 2,0 1,3 980 1.225 54 81 115 70
M 11 Indonésia 1,8 1,2 204 251 55 63 90 43
A 12 Japão 0,4 -0,1 126 125 76 73 8 4
B 13 Lao, RDP 2,4 2,2 5 7,2 45 69 127 96
M 14 Malásia 2,7 1,6 22 29 67 54 30 8
B 15 Mongólia 2,4 1,5 3 3 58 72 82 50
B 16 Mianmar 1,5 1,1 44 54 52 66 109 78
B 17 Nepal 2,5 2,1 23 32 48 60 132 77
A 18 Nova Zelândia 1,1 0,5 4 4 73 58 13 5
B 19 Paquistão 2,6 2,3 132 195 55 77 127 91
295

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


296

Pedro Sisnando Leite


Tabela 10 – Características da População por Regiões e Países – 1980-2015
(Continuação)

ÁSIA DO SUL, Crescimento da População Total Esperança de Vida ao Taxa de Mortalidade


SUDESTE População Nascer Infantil, 1999
E PACÍFICO
taxa média de milhões Anos por cada mil nascidos
PAÍSES crescimento anual (%) vivos

1980-98 1980-2015 1998 2015 1980 1998 1980 1998


M 20 Papua-Nova Guiné 2,2 1,8 5 6 51 62 78 59
A 21 Singapura 1,8 1,0 3 4 71 77 12 4
B 22 Sri Lanka 1,3 1,1 19 23 68 73 34 16
M 23 Tailândia 1,5 0,9 61 71 64 72 49 29
B 24 Vietnã 2 1,2 77 94 63 68 57 34
Tabela 10 – Características da População por Regiões e Países – 1980-2015

EUROPA Crescimento da População Total Esperança de Vida ao Taxa de Mortalidade


E População Nascer Infantil, 1999
ÁSIA CENTRAL
taxa média de milhões Anos por cada mil nascidos
PAÍSES crescimento anual (%) vivos

1980-98 1980-2015 1998 2015 1980 1998 1980 1998

B 25 Albânia 1,2 1,0 3,3 3,9 69 72 47 25


A 26 Alemanha 0,3 -0,2 82 78,7 73 77 12 5
B 27 Armênia 1,1 0,4 3,8 4,1 73 74 26 15
A 28 Áustria 0,4 -0,1 8,1 8,0 74 79 14 5
B 29 Rep. do Azerbaijão 1,4 0,9 7,9 9,3 68 71 30 17
M 30 Belarus 0,3 -0,5 10,2 9,4 71 68 16 11
A 31 Bélgica 0,2 0,0 10,2 10,2 73 78 12 6
B 32 Bósnia e
Herzegovina -0,5 0,8 3,8 4,3 70 73 31 13
M 33 Bulgária -0,4 -0,7 8,3 7,3 71 71 20 14
M 34 Croácia -0,1 -0,3 4,5 4,3 70 73 21 8
A 35 Dinamarca 0,2 0,0 5,3 5,3 74 75 8 5
M 36 Eslovênia 0,2 -0,2 2,0 1,9 70 75 15 5
A 37 Espanha 0,3 -0,2 39,4 38,1 76 78 12 5
M 38 Estônia -0,1 -0,5 1,4 1,3 69 70 17 9
M 39 Federação Russa 0,3 -0,4 146,9 137,6 67 67 22 17
A 40 Finlândia 0,4 0,1 5,2 5,3 73 77 8 4
297

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 10 – Características da População por Regiões e Países – 1980-2015
(Continuação)
298

Pedro Sisnando Leite


EUROPA Crescimento da População Total Esperança de Vida ao Taxa de Mortalidade
E População Nascer Infantil, 1999
ÁSIA CENTRAL
taxa média de milhões Anos por cada mil nascidos
PAÍSES crescimento anual (%) vivos

1980-98 1980-2015 1998 2015 1980 1998 1980 1998

A 41 França 0,5 0,2 58,8 61,1 74 78 10 5


B 42 Geórgia 0,4 -0,1 5,4 5,3 71 73 25 15
M 43 Grécia 0,5 -0,1 10,5 11,3 74 78 18 6
M 44 Hungria -0,3 -0,4 10,1 9,4 70 71 23 10
A 45 Irlanda 0,5 0,6 3,7 4,1 73 76 11 6
A 46 Itália 0,1 -0,3 57,6 54,4 74 78 15 5
M 47 Cazaquistão 0,3 0,3 15,6 16,3 67 65 33 22
M 48 Letônia -0,2 -0,8 2,4 2,1 69 70 20 15
M 49 Lituânia 0,5 -0,1 3,7 3,6 71 72 20 9
M 50 Macedônia 0,3 0,4 2,0 2,2 .. 73 54 16
M 51 Moldávia 0,4 -0,2 4,3 4,2 66 67 35 18
A 52 Noruega 0,4 0,3 4,4 4,7 76 78 8 4
A 53 Países Baixos 0,6 0,2 15,7 16,3 76 78 9 5
M 54 Polônia 0,5 0,0 38,7 38,9 70 73 26 10
A 55 Portugal 0,1 -0,1 10,0 9,8 71 75 24 8
A 56 Reino Unido 0,3 0,2 59,1 59,2 74 77 12 6
B 57 República Quirguiz 1,4 1,1 4,7 5,6 65 67 43 26
Tabela 10 – Características da População por Regiões e Países – 1980-2015
(Continuação)

EUROPA Crescimento da População Total Esperança de Vida ao Taxa de Mortalidade


E População Nascer Infantil, 1999
ÁSIA CENTRAL
taxa média de milhões Anos por cada mil nascidos
PAÍSES crescimento anual (%) vivos

1980-98 1980-2015 1998 2015 1980 1998 1980 1998

M 58 República Tcheca 0,0 -0,2 10,3 9,9 70 75 16 5


M 59 Eslováquia 0,4 0,1 5,4 5,5 70 73 21 9
M 60 Rumânia 0,1 -0,3 22,5 21,3 69 69 29 21
A 61 Suécia 0,4 -0,1 8,9 8,6 76 79 7 4
A 62 Suíça 0,7 -0,1 7,1 7 76 79 9 4
B 63 Tadjiquistão 2,4 1,5 6,1 7,9 66 69 58 23
M 64 Turcomenistão 2,8 1,5 4,7 6 64 66 54 33
M 65 Turquia 2,0 1,2 63,5 77,9 61 69 109 38
M 66 Ucrânia 0,0 -0,8 50,3 44 69 67 14 14
M 67 Uzbequistão 2,3 1,4 24,1 30,3 67 69 47 22
M 68 Iugoslávia 0,5 0,0 10,6 10,7 70 72 33 13

Fonte: Banco Mundial.


299

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 10 – Características da População por Regiões e Países – 1980-2015

ORIENTE MÉDIO Crescimento da População Total Esperança de Vida ao Taxa de Mortalidade


300

Pedro Sisnando Leite


E População Nascer Infantil, 1999
NORTE DA ÁFRICA
taxa média de milhões Anos por cada mil nascidos
PAÍSES crescimento anual (%) vivos

1980-98 1980-2015 1998 2015 1980 1998 1980 1998


M 69 Arábia Saudita 4,4 2,9 21 34 61 72 65 20
M 70 Algeria 2,6 1,7 30 40 59 71 98 35
M 71 Egito 2,3 1,5 61 79 56 67 120 49
A 72 Emirados Árabes
Unidos 5,3 1,9 3 4 68 75 55 8
M 73 Irã 2,6 1,7 62 82 60 71 80 103
M 74 Iraque 3,0 2,0 22 31 62 59 87 26
A 75 Israel 2,4 1,4 6 8 73 78 16 6
M 76 Jordânia 4,1 2,3 5 7 .. 71 41 27
A 77 Kuwait 1,7 2,5 2 3 71 77 27 12
M 78 Líbano 1,9 1,2 4 5 65 70 48 27
M 79 Líbia 3,1 2,0 5 7 60 70 70 23
M 80 Marrocos 2,0 1,4 28 35 58 67 99 49
M 81 Omã 4,1 2,2 2 3 60 73 41 18
M 82 Síria 3,1 2,1 15 22 62 69 56 28
M 83 Gaza .. 3,5 3 5 .. 71 .. 24
M 84 Tunísia 2,2 1,2 9 12 62 72 69 28
B 85 Iêmen 3,7 2,8 17 27 49 56 141 82

Fonte: Banco Mundial.


Tabela 10 – Características da População por Regiões e Países – 1980-2015

AMÉRICA DO NORTE, Crescimento da População Total Esperança de Vida ao Taxa de Mortalidade


CENTRAL E CARIBE População Nascer Infantil, 1999

taxa média de milhões Anos por cada mil nascidos


PAÍSES crescimento anual (%) vivos

1980-98 1980-2015 1998 2015 1980 1998 1980 1998

A 86Canadá 1,2 0,6 30 34 75 79 10 5


M 87Costa Rica 2,4 1,3 4 4 73 77 19 13
M 88Cuba 0,7 0,3 11 12 74 76 20 7
M 89El Salvador 1,5 1,6 6 8 57 69 84 31
A 90Estados Unidos 1,0 0,7 270 305 74 77 13 7
M 91Guatemala 2,6 2,1 11 16 57 64 84 42
B 92Haiti 2,0 1,6 8 10 51 54 123 71
B 93Honduras 3,0 2,1 6 9 60 69 70 36
M 94Jamaica 1,0 0,9 3 3 71 75 33 21
M 95México 1,9 1,4 96 121 67 72 51 30
B 96Nicarágua 2,8 2,2 5 7 59 68 84 36
M 97Panamá 1,9 1,2 3 3 70 74 32 21
M 98Porto Rico 1,0 0,7 4 4 74 76 19 10
M 99República
Dominicana 2,1 1,3 8 10 64 71 76 40
M 100 Trinidad e Tabago 1,0 0,7 1 2 68 73 35 16

Fonte: Banco Mundial.


301

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


302

Pedro Sisnando Leite


Tabela 10 – Características da População por Regiões e Países – 1980-2015

AMÉRICA DO SUL Crescimento da População Total Esperança de Vida ao Taxa de Mortalidade


População Nascer Infantil, 1999

PAÍSES taxa média de milhões Anos por cada mil nascidos


crescimento anual (%) vivos

1980-98 1980-2015 1998 2015 1980 1998 1980 1998


M 101 Argentina 1,4 1,0 36 43 70 73 35 19
M 102 Bolívia 2,2 1,9 8 11 52 62 118 60
M 103 Brasil 1,7 1,1 166 200 63 67 70 33
M 104 Chile 1,6 1,1 15 18 69 75 32 10
M 105 Colômbia 2,0 1,4 41 51 66 70 41 23
M 106 Equador 2,4 1,5 12 16 63 70 74 32
M 107 Paraguai 2,9 1,9 5 7 67 70 50 24
M 108 Peru 2,0 1,5 25 32 60 69 81 40
M 109 Uruguai 0,7 0,5 3 4 70 74 37 16
M 110 Venezuela 2,4 1,5 23 30 68 73 36 21

Fonte: Banco Mundial.


Tabela 10 – Características da População por Regiões e Países – 1980-2015

ÁFRICA Crescimento da População Total Esperança de Vida ao Taxa de Mortalidade


SUBSARIANA População Nascer Infantil, 1999

taxa média de milhões Anos por cada mil nascidos


PAÍSES crescimento anual (%) vivos

1980-98 1980-2015 1998 2015 1980 1998 1980 1998

B 111 Angola 3,0 2,8 12 19 41 47 154 124


B 112 Benin 3,0 2,5 6 9 48 53 116 87
M 113 Botsuana 3,0 0,9 2 2 58 46 71 62
B 114 Burkina Fasso 2,4 2,3 11 16 44 44 121 104
B 115 Burundi 2,6 2,0 7 9 47 42 122 118
B 116 Camarões 2,8 2,1 14 20 50 54 103 77
B 117 Chade 2,7 2,7 7 12 42 48 123 99
B 118 Rep. Dem. do
Congo 3,2 2,9 48 79 49 51 112 90
B 119 Congo 2,8 2,6 3 4 50 48 89 90
B 120 Costa do Marfim 3,2 1,6 14 19 49 46 108 88
B 121 Eritreia 2,7 2,3 4 6 44 51 .. 61
B 122 Etiópia 2,7 2,1 61 88 42 43 155 107
M 123 Gabão 3,0 2,2 1 2 48 53 116 86
B 124 Gâmbia 3,6 2,2 1 2 40 53 159 76
B 125 Gana 3,0 2,2 18 27 53 60 94 65
B 126 Guiné 2,6 2,0 7 10 40 47 185 118
B 127 Guiné-Bissau 2,1 1,8 1 2 39 44 169 128
303

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais


Tabela 10 – Características da População por Regiões e Países – 1980-2015
(Continuação)
ÁFRICA Crescimento da População Total Esperança de Vida ao Taxa de Mortalidade
304

Pedro Sisnando Leite


SUBSARIANA População Nascer Infantil, 1999

taxa média de milhões Anos por cada mil nascidos


PAÍSES crescimento anual (%) vivos

1980-98 1980-2015 1998 2015 1980 1998 1980 1998

B 128 Quênia 3,1 1,7 29 39 55 51 75 76


M 129 Lesoto 2,4 1,6 2 3 53 55 119 93
B 130 Libéria .. .. 3 .. 51 47 153 114
B 131 Madagáscar 2,8 2,7 15 23 51 58 119 92
B 132 Malavi 3,0 2,2 11 15 44 42 169 134
B 133 Mali 2,6 2,7 11 17 42 50 184 117
M 134 Maurício 1,0 0,9 1 1 66 71 120 90
B 135 Mauritânia 2,7 2,3 3 4 47 54 32 19
B 136 Moçambique 1,9 2,0 2 24 53 54 90 67
M 137 Namíbia 2,7 1,7 10 2 42 46 135 118
B 138 Níger 3,3 3,0 121 17 46 53 99 76
B 139 Nigéria 2,9 2,5 8 185 46 41 128 123
B 140 República
Centro-Africana 2,7 2,3 3 5 46 44 117 98
B 141 Ruanda 2,5 2,2 9 12 45 52 117 69
B 142 Senegal 2,7 2,3 2 13 70 75 15 5
B 143 Serra Leoa 2,3 1,9 5 7 35 37 190 169
B 144 Somália .. .. 9 .. 43 48 145 121
Tabela 10 – Características da População por Regiões e Países – 1980-2015
(Continuação)
ÁFRICA Crescimento da População Total Esperança de Vida ao Taxa de Mortalidade
SUBSARIANA População Nascer Infantil, 1999

taxa média de milhões Anos por cada mil nascidos


PAÍSES crescimento anual (%) vivos

1980-98 1980-2015 1998 2015 1980 1998 1980 1998


M 145 África do Sul 2,3 1,0 41 49 57 63 67 51
B 146 Sudão 2,3 2,1 28 41 48 55 94 69
B 147 Tanzânia 3,0 2,0 32 45 50 47 108 85
B 148 Togo 2,7 2,0 4 6 49 49 100 78
B 149 Uganda 2,7 2,3 21 31 48 42 116 101
B 150 Zâmbia 2,9 1,7 10 13 50 43 90 114
B 151 Zimbábue 2,8 1,1 12 14 55 51 80 73

Fonte: Banco Mundial.


Notas: A. País de ingresso alto.
B. País de ingresso baixo.
M. País de ingresso mediano.
305

Novo Enfoque do Desenvolvimento Econômico e as Teorias Convencionais

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