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Universidade Politécnica

A POLITÉCNICA
Escola Superior de Gestão, Ciência e Tecnologias

EDUCAÇÃO SEXUAL E A CRIANÇA

DISCENTES: DOCENTE:

Maputo, 10 de abril de 2017

1
Índice
2. Justificativa........................................................................................................................................4

3. Concepção do Tema..........................................................................................................................8

4. Analise Textual..................................................................................................................................9

5. Educação sexual e os pais................................................................................................................10

5.1. Vida e Obra do autor.................................................................................................................10

5.2. Factos históricos.......................................................................................................................11

5.3. Esquematização da obra............................................................................................................13

6. Analise Temática.............................................................................................................................16

6.1. Abordagem biológico-higienista...............................................................................................16

7. Objectivo geral............................................................................................................................17

7.2. Objectivos específicos..............................................................................................................17

8. Interpretativa...................................................................................................................................18

9. Problematização..............................................................................................................................22

10. Síntese...........................................................................................................................................23

11. Orientações Didáticas....................................................................................................................24

12. Bibliografia....................................................................................................................................26

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1. Introdução

A temática apresentada pelo presente trabalho envolve a Educação Sexual em salas de aula da
Educação Infantil e a formação continuada dos professores desse segmento sobre o referido
tema e a Educação pelos pais. Constituem objectos de estudo, portanto, o processo de
desenvolvimento e manifestação da sexualidade nos primeiros anos de vida e a capacitação,
ou não, que os professores têm para lidar com isso, bem como a apresentação e estudo de
uma abordagem de Educação Sexual em uma proposta de respeito às diferenças, inspirada em
uma visão pós-crítica.

A Educação Sexual, nos últimos anos, tem vindo a tornar-se insidiosamente num objecto de
discussão e polémica. Um pouco por todo o lado vão-se multiplicando os discursos pró ou
contra a Educação Sexual.
Contudo cada vez mais se reconhece a importância da Educação Sexual na educação integral
dos alunos. Na perspectiva de Cortesão, “aceitar que existe uma sexualidade na criança,
sujeita a uma evolução psicofisiológica que deve ser respeitada e seguida pelos educadores, é
um dado de apreciação relativamente recente. Mais recente ainda foi a constatação da
necessidade de se organizarem programas educativos no domínio da sexualidade humana
dirigidos à criança, aos jovens e também a pais e professores, de modo a que seja facilitado
um desenvolvimento harmónico da personalidade dos educandos em todas as suas vertentes”
(CORTESÃO,1989: 7).
Assim, não se pode descurar o papel da escola e dos professores como agentes educativos
importantes nesta área. Constituem objetos de estudo, portanto, o processo de
desenvolvimento e manifestação da sexualidade nos primeiros anos de vida e a capacitação,
ou não, que os professores têm para lidar com isso, bem como a apresentação e estudo de
uma abordagem de Educação Sexual em uma proposta de respeito às diferenças, inspirada em
uma visão pós-crítica. a criança como todo ser humano é um sujeito biológico, social e
histórico, que se constitui na interação com o outro no espaço social.
Ora, se as crianças se desenvolvem na troca com o coletivo, as salas de aula de Educação
Infantil podem ser consideradas espaços privilegiados no que diz respeito às possibilidades de
construção de uma Educação Sexual baseada, como será proposto nesse trabalho, em uma
abordagem dos Direitos Humanos (Furlani, 2011). Tal abordagem é caracterizada pelo
compromisso com a construção de uma sociedade que respeite às diferenças sexuais, de
gênero, de raça e etnia, de crenças religiosas, de classe social, etc

2. Justificativa

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A discussão sobre a inclusão da temática da sexualidade no currículo das escolas de primeiro
e segundo graus tem-se intensificado, por ser considerada importante na formação global do
indivíduo. Com diferentes enfoques e ênfases há registros de discussões e de trabalhos em
escolas desde os anos passados. A retomada contemporânea dessa questão deu-se juntamente
com os movimentos sociais que se propunham, com a abertura política, a repensar sobre o
papel da escola e dos conteúdos por ela trabalhados. Mesmo assim não foram muitas as
iniciativas tantas na rede pública como na rede privada de ensino.

A partir de meados dos anos 80, a demanda por trabalhos na área da sexualidade nas escolas
aumentou devido à preocupação dos educadores com o grande crescimento da gravidez
indesejada entre as adolescentes e com o risco da contaminação pelo HIV (vírus da AIDS)
entre os jovens. A princípio, acreditava-se que as famílias apresentavam resistência à
abordagem dessas questões no âmbito escolar, mas atualmente sabe-se que os pais
reivindicam a orientação sexual nas escolas, pois reconhecem não só a sua importância para
crianças e jovens, como também a dificuldade de falar abertamente sobre esse assunto em
casa.

As manifestações de sexualidade afloram em todas as faixas etárias. Ignorar, ocultar ou


reprimir são as respostas mais habituais dadas pelos profissionais da escola. Essas práticas se
fundamentam na ideia de que o tema deva ser tratado exclusivamente pela família. De fato,
toda família realiza a educação sexual de suas crianças e jovens, mesmo aquelas que nunca
falam abertamente sobre isso. O comportamento dos pais entre si, na relação com os filhos,
no tipo de “cuidados” recomendados, nas expressões, gestos e proibições que estabelecem
são carregados de determinados valores associados à sexualidade que a criança apreende.

O fato de a família ter valores conservadores, liberais ou progressistas, professar alguma


crença religiosa ou não é a forma como o faz determina em grande parte a educação das
crianças. Pode-se afirmar que é no espaço privado, portanto, que a criança recebe com maior
intensidade as noções a partir das quais construirá sua sexualidade na infância.

A criança também sofre influências de muitas outras fontes: de livros, da escola, de pessoas
que não pertencem à sua família e, principalmente, nos dias de hoje, da Mídias. Essas fontes
atuam de maneira decisiva na formação sexual de crianças, jovens e adultos. A TV veicula
propaganda, filmes e novelas intensamente erotizados. Isso gera excitação e um incremento
na ansiedade relacionada às curiosidades e fantasias sexuais da criança. Há programas

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jornalísticos/científicos e campanhas de prevenção à AIDS que enfocam a sexualidade,
veiculando informações dirigidas a um público adulto. As crianças também os assistem, mas
não podem compreender por completo o significado dessas mensagens e muitas vezes
constroem conceitos e explicações errôneas e fantasiosas sobre a sexualidade.

Todas essas questões são trazidas pelos alunos para dentro da escola. Cabe a ela desenvolver
ação crítica, reflexiva e educativa.

Não é apenas em portas de banheiros, muros e paredes que se inscreve a sexualidade no


espaço escolar; ela “invade” a escola por meio das atitudes dos alunos em sala de aula e da
convivência social entre eles. Por vezes a escola realiza o pedido, impossível de ser atendido,
de que os alunos deixem sua sexualidade fora dela.

Há também a presença clara da sexualidade dos adultos que atuam na escola. Pode-se notar,
por exemplo, a grande inquietação e curiosidade que a gravidez de uma professora desperta
nos alunos.

A escola, querendo ou não, depara com situações nas quais sempre intervém. Seja no
cotidiano da sala de aula, quando proíbe ou permite certas manifestações e não outras, seja
quando opta por informar os pais sobre manifestações de seu filho, a escola está sempre
transmitindo certos valores, mais ou menos rígidos, a depender dos profissionais envolvidos
naquele momento.

Muitas escolas, atentas para a necessidade de trabalhar com essa temática em seus conteúdos
formais, incluem Aparelho Reprodutivo no currículo de Ciências Naturais. Geralmente o
fazem por meio da discussão sobre a reprodução humana, com informações ou noções
relativas à anatomia e fisiologia do corpo humano. Essa abordagem normalmente não abarca
as ansiedades e curiosidades das crianças, pois enfoca apenas o corpo biológico e não inclui
as dimensões culturais, afetivas e sociais contidas nesse mesmo corpo.

Sabe-se que as curiosidades das crianças a respeito da sexualidade são questões muito
significativas para a subjetividade na medida em que se relacionam com o conhecimento das
origens de cada um e com o desejo de saber. A satisfação dessas curiosidades contribui para
que o desejo de saber seja impulsionado ao longo da vida, enquanto a não-satisfação gera
ansiedade e tensão. A oferta, por parte da escola, de um espaço em que as crianças possam

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esclarecer suas dúvidas e continuar formulando novas questões contribui para o alívio das
ansiedades que muitas vezes interferem no aprendizado dos conteúdos escolares.

Se a escola que se deseja deve ter uma visão integrada das experiências vividas pelos alunos,
buscando desenvolver o prazer pelo conhecimento, é necessário que ela reconheça que
desempenha um papel importante na educação para uma sexualidade ligada à vida, à saúde,
ao prazer e ao bem-estar, que integra as diversas dimensões do ser humano envolvidas nesse
aspecto. O trabalho sistemático e sistematizado de Orientação Sexual dentro da escola
articula-se, portanto, com a promoção da saúde das crianças e dos adolescentes. A existência
desse trabalho possibilita também a realização de ações preventivas às doenças sexualmente
transmissíveis/AIDS de forma mais eficaz. Diversos estudos já demonstraram os parcos
resultados obtidos por trabalhos esporádicos sobre a questão. Inúmeras pesquisas apontam
também que apenas a informação não é suficiente para possibilitar a adoção de
comportamentos preventivos.

Reconhece-se, portanto, como intervenções mais eficazes na prevenção da AIDS as ações


educativas continuadas, que oferecem possibilidades de elaboração das informações
recebidas e de discussão dos obstáculos emocionais e culturais que impedem a adoção de
condutas preventivas. Devido ao tempo de permanência dos jovens na escola e às
oportunidades de trocas, convívio social e relacionamentos amorosos, a escola não pode se
omitir diante da relevância dessas questões, constituindo local privilegiado para a abordagem
da prevenção às doenças sexualmente transmissíveis/AIDS.

O trabalho de Orientação Sexual também contribui para a prevenção de problemas graves


como o abuso sexual e a gravidez indesejada. As informações corretas aliadas ao trabalho de
autoconhecimento e de reflexão sobre a própria sexualidade ampliam a consciência sobre os
cuidados necessários para a prevenção desses problemas.

Finalmente pode-se afirmar que a implantação de Orientação Sexual nas escolas contribui
para o bem-estar das crianças e dos jovens na vivência de sua sexualidade atual e futura.

3. Concepção do Tema

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A sexualidade tem grande importância no desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas,
pois independentemente da potencialidade reprodutiva, relaciona-se com a busca do prazer,
necessidade fundamental dos seres humanos. Nesse sentido, a sexualidade é entendida como
algo inerente, que se manifesta desde o momento do nascimento até a morte, de formas
diferentes a cada etapa do desenvolvimento. Além disso, sendo a sexualidade construída ao
longo da vida, encontra-se necessariamente marcada pela história, cultura, ciência, assim
como pelos afetos e sentimentos, expressando-se então com singularidade em cada sujeito.

Indissociavelmente ligado a valores, o estudo da sexualidade reúne contribuições de diversas


áreas, como Antropologia, História, Economia, Sociologia, Biologia, Medicina, Psicologia e
outras mais. Se, por um lado, sexo é expressão biológica que define um conjunto de
características anatômicas e funcionais (genitais e extragenitais), a sexualidade é, de forma
bem mais ampla, expressão cultural. Cada sociedade cria conjuntos de regras que constituem
parâmetros fundamentais para o comportamento sexual de cada indivíduo.

Nesse sentido, a proposta de Orientação Sexual considera a sexualidade nas suas dimensões
biológica, psíquica e sociocultural.

4. Analise Textual

Debora, considera que “O desenvolvimento da sexualidade humana começa com o contato


físico, quando os bebês são seguros e acariciados. Isso é necessário e natural que ocorra. Não
se deve privar o bebê de contatos corporais. É necessário conhecer a criança como um ser
sexuado, em relação consigo mesma e com as outras, para que se construa uma identidade
sexual própria e positiva, sem maldades. A sexualidade infantil é uma das portas pela qual a
criança desenvolve sua personalidade e suas relações com a afetividade.”
Esse assunto é polêmico, mas necessário ser tocado, porque vemos, no mundo de hoje o
aparecimento assustador de pedófilos por toda rede e queremos deixar bem claro que a
sexualidade na primeira infância trata-se de descobertas da criança, um ser puro e inocente.
Não tem nada a ver com sexo erotizado.
A mesma autora (Debora) afirma que a sexualidade é uma coisa natural nos seres humanos,
uma função como tantas outras, como comer, caminhar, ler, estudar, etc. E como tal, deve ser
um tema a ser tratado com naturalidade, carinho, honestidade, e tendo seu próprio espaço
dentro do processo educacional da criança.

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5. Educação sexual e os pais
Debora afirma que “Os caminhos que levam ao conhecimento do próprio corpo, de suas
sensações, etc., nem sempre são os mais adequados para as crianças. Hoje em dia, as
interferências neste processo de aprendizagem, fazem com que a criança esteja, cada vez
mais cedo, exposta a manifestações severas, e em muitos casos incompreensíveis, da
sexualidade. O culto à beleza, ao físico e à sedução, nos meios de comunicação, não
distinguem a idade do seu público.”
Existe um abuso das manifestações sexuais, na qual as crianças estão indiscriminadamente
expostas. Os conteúdos sexuais podem acelerar as manifestações das crianças no tema da
sexualidade, considerando que elas aprendem o que veem fazendo a seus pais, da televisão,
outdoors, de baladas e roupas eróticas que estão na moda, etc. As más influências dão noções
equivocadas e prejudiciais à criança.
De maneira geral, a única que pode evitar essas más influências é a família. São os adultos, os
pais, que devem exercer o papel de filtro das informações. É necessário criar e manter um
canal aberto de comunicação com os filhos, espaços de discussão e de intervenção sobre o
que é correto e o que não é, isso relacionado a todos os assuntos, mas em especial à
sexualidade.
É conveniente vigiar de muito perto o meio e as actividades da criança, para orientá-la
quando for necessário. Na medida do possível, não se deve perder nenhuma oportunidade
para iniciar uma conversa sobre suas dúvidas, interesses, etc. Melhor aprenderem em casa, de
uma maneira natural e segura, do que aprender na rua, através de colegas ou pessoas maiores,
com intenções deturpadas também. A sexualidade deve ser assunto nas escolas, de acordo
com cada idade.

5.1. Vida e Obra do autor

Debra W. Haffner (nascida em 1954) é co-fundadora e presidente emérita do Religious


Institute, Inc, Sexologista e ordenada ministra Unitária Universalista, ela é a ministra
endossada da comunidade com a Igreja Unitária em Westport, Connecticut. Haffner
aposentou-se do instituto religioso sobre Abril 30, 2016.
Debra Haffner nasceu em 1954 em Morristown, Nova Jersey. Ela frequentou as escolas
públicas de Norwalk, Connecticut, e se formou na Universidade Wesleyan em Middletown,
Connecticut em 1975. Haffner recebeu seus Mestres da Divindade do Seminário Teológico
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da União. Ela recebeu um Mestrado em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da
Universidade de Yale. Ela era pesquisadora na Yale Divinity School em 1996-97. Haffner
recebeu um doutor do serviço público, HC, da universidade de Widener em 2011.
Haffner, que ensinou na Yale Divinity School , Meadville Lombard Theological School e
Pacific School of Religion , continua como professor adjunto / professor visitante no Union
Theological Seminary . Obras que ela escreveu incluem vários guias para congregações
sobre sexualidade.
Em 2001, Haffner co-fundou o Instituto Religioso sobre Moralidade Sexual, Justiça e Cura
com Larry Greenfield. O Instituto Religioso, Inc. foi estabelecido como uma organização sem
fins lucrativos independente 501 (c) (3) em 6 de março de 2012. A missão declarada da
organização é defender a saúde sexual, educação e justiça nas comunidades de fé e na
sociedade.
Antes de fundar o Instituto Religioso e entrar no ministério, Haffner foi Presidente e Diretor
Executivo do SIECUS, o Conselho de Informação e Educação em Sexualidade dos Estados
Unidos (1988-2000), Diretor de Informação e Educação do Centro de Opções de População
Diretor de Serviços Comunitários e Relações Públicas, Planned Parenthood of Metropolitan
Washington. Ela também trabalhou no Bureau of Community Health Services no US Public
Health Service, e no The Population Institute.]

5.2. Factos históricos

Haffner tem sido educadora de sexualidade desde meados da década de 1970. Ela é uma
educadora de sexualidade certificada pela AASECT.
Suas contribuições para o campo da educação sexual incluem:
 Criando o primeiro manual de educadores para a Planned Parenthood em 1981
 Dirigir a primeira conferência nacional sobre Aids e Adolescentes em 1986 para o
Centro de Opções de População
 Co-autoria do primeiro estudo nacional sobre os custos da gravidez na adolescência
com Martha Burt do Instituto Urbano. Enquanto no SIECUS, ela criou as Diretrizes
Nacionais para a Educação Sexual Abrangente, que Haffner co-autoria com o Dr.
William Yarber da Universidade de Indiana, a Comissão Nacional de Saúde Sexual
Adolescente e a Coalizão Nacional para Apoio à Educação Sexual.

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O trabalho mais recente de Haffner tem se concentrado em ajudar comunidades de fé a
entenderem a relação entre sexualidade e religião e criar comunidades de fé sexualmente
saudáveis. Em 1999, concebeu o projeto para desenvolver uma declaração multifacetada
sobre a sexualidade e a religião e coordenou o desenvolvimento da Declaração Religiosa
sobre Moralidade Sexual, Justiça e Cura. Escrito com a entrada de vinte principais teólogos, a
Declaração Religiosa apareceu pela primeira vez no New York Times em 25 de janeiro de
2000 aprovado por mais de 800 líderes religiosos. Em janeiro de 2013, mais de 6400 líderes
religiosos de mais de 70 denominações endossaram a Declaração Religiosa.
"A educação sexual é uma questão religiosa", declarou Haffner publicamente. "Temos um
compromisso de ajudar os jovens a desenvolver uma consciência moral, incluindo a
capacidade de tomar decisões saudáveis. Temos um compromisso religioso com a verdade, o
que significa que as pessoas devem ter informações completas e precisas, não tendenciosas e
censuradas".
Em colaboração com o New England Adolescent Research Institute (NEARI), Haffner
desenvolveu um curso intitulado Balanceando Atos que é projetado para treinar ministros e
outros profissionais religiosos sobre como manter crianças e jovens seguros de abuso sexual.
Rev. Haffner trabalha frequentemente com as congregações que estão lutando com incluir
ofensores sexuais em suas congregações, e neste programa, endereça os interesses que estas
comunidades da fé enfrentam ao discernir como discernir o envolvimento apropriado para
estes indivíduos. Sugere a formação de um "acordo de acesso limitado" para determinar em
quais actividades o indivíduo pode participar e sugere regras e diretrizes para prevenir a
ocorrência de abuso futuro. "Todo lugar de culto precisa de uma política de congregação
segura", disse Haffner.
Haffner escreveu dois livros premiados para pais: De fraldas para namoro: Guia de um pai
para levantar crianças sexualmente saudáveis e além da Big Talk: guia de todos os pais para
levantar adolescentes sexualmente saudáveis. Necessária Haffner também é autor de
Bissexualidade: Fazendo o invisível visível em comunidades de fé, com Marie Alford-
Harkey. Este livro foi publicado em 2014.

5.3. Esquematização da obra


Como um projeto pedagógico, o projeto de educação sexual passou a incluir diversas
atividades que podem seguir o seguinte roteiro:
1. Noção de sexo:

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‫۔‬ Desenvolver conversas informais sobre o que é ser menino, o que é ser
menina.
‫۔‬ Realizar atividades de recorte, colagem, pintura de figuras masculinas e
femininas.
‫۔‬ Conhecer pertences masculinos e femininos: fazer cartazes com equipes.
‫۔‬ Discutir sobre o papel do vestuário: proteger ou esconder.
‫۔‬ Discutir diferenças e semelhanças entre roupas femininas e roupas masculinas,
roupas comuns.
‫۔‬ Realizar jogos que envolvem a compra e colagem de peças do vestuário.
‫۔‬ Estudar o vestuário através dos tempos (homens que usavam saias
antigamente).
‫۔‬ Jogo lúdico: uso de fantasias, dramatizações dos diferentes papéis.
‫۔‬ Observar a troca de fraldas em bebês do berçário e repetir a experiência com
bonecos.
‫۔‬ Listar brincadeiras que os meninos gostam mais, que as meninas gostam mais
e brincadeiras comuns.
‫۔‬ Pesquisar nomes de meninos e meninas: diferenças e origem dos nomes.
‫۔‬ Pesquisa junto aos pais sobre a origem do próprio nome.
‫۔‬ Explorar a transformação de nomes masculinos em femininos e vice-versa
(com letras móveis).
2. O Corpo:
‫۔‬ Desenvolver conversas informais sobre partes do corpo.
‫۔‬ Desenhar moldes do contorno do corpo em papel pardo e completá-los com desenho
ou com colagem (usando botões, lã, pedaços de tecido, etc..).
‫۔‬ Nomear as partes do corpo utilizando vocabulário adequado.
‫۔‬ Confecionar com as crianças quebra-cabeças de meninos e meninas, da família,
comparando tamanhos e diferenças.
‫۔‬ Estimular atividades na frente do espelho.
‫۔‬ Modelar bonecos com sexo com massinha ou argila.
3. Higiene:
‫۔‬ Desenvolver conversas informais sobre hábitos de higiene (como a criança toma
banho, como se limpa no banheiro).
‫۔‬ Banhar bonecos (tirar a roupa de bonecos com sexo).

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4. De onde eu vim?
‫۔‬ Realizar uma sondagem com o grupo, registrando as ideias iniciais de cada um.
‫۔‬ Ler para as crianças livros de orientação sexual sugeridos (relacionados no Anexo 1).
‫۔‬ Comparar o homem com outros seres vivos: as plantas nascem de sementes, alguns
animais nascem de ovos e outros nascem da "barriga".
‫۔‬ Entrevistar uma gestante (deve ser preparada de acordo com o objetivo da atividade):
as crianças podem tocar a barriga e fazer perguntas.
‫۔‬ Examinar roupinhas de bebê e fotos da mamãe grávida e do bebê recém-nascido.
‫۔‬ Confecção de painéis com as fotos das crianças quando eram bebês.
‫۔‬ Desenvolver atividades de recorte e colagem: figuras de gestantes, de bebê e mamãe.
‫۔‬ Desenhar-se no útero da mãe.
5. Como eu saí?
‫۔‬ Conversar sobre o parto, a diferença entre parto normal e cesária (nem sempre a
mamãe corta a barriga).
‫۔‬ Realizar dramatizações de parto normal e cesária: pai, mãe, médico e bebê.
‫۔‬ Realizar brincadeiras com a boneca grávida.
‫۔‬ Desenhar o seu nascimento: antes as crianças pesquisam em casa como foi que
nasceu.
6. Como eu entrei?
‫۔‬ Realizar uma sondagem com o grupo: registrar as ideias apresentadas.
‫۔‬ Explicar de forma simples e objectiva como se dá a concepção, utilizando livros e
termos adequados: "as mulheres têm um canalzinho para fazer os bebês. O papai
coloca os espermatozoides neste canalzinho que se chama vagina".
‫۔‬ Possibilitar às crianças o manuseio de livros com gravuras.
‫۔‬ Realizar o jogo de sequência dos nove meses de gestação: um jogo que utiliza uma
trilha com o desenho de uma gestante em que o tamanho do útero vai aumentando. As
crianças precisam completá-la, colocando os fetos em ordem crescente de tamanho e
numerando cada etapa.
‫۔‬ Visita a museu para observar o corpo humano e fetos.
‫۔‬ Observação de fetos em formol.
‫۔‬ Construir um texto coletivo com o grupo sobre o que aprendeu sobre a concepção e
nascimento.
7. A Família:

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‫۔‬ Conversar sobre como se forma a família: o que são tios, avós, primos, etc.., os
diferentes tipos de família.
‫۔‬ Pesquisar como se formou a sua família: como os pais se conheceram.
‫۔‬ Realizar dramatizações sobre os papéis da família.
‫۔‬ Listar direitos e deveres dos membros da família: pais, filhos, avós.
‫۔‬ Discutir sobre as diferenças entre o que os adultos podem fazer e o que as crianças
podem fazer.
‫۔‬ Conversar sobre a diferença do namoro de adultos e de crianças.

6. Analise Temática

Debora (2005) apresenta oito abordagens de Educação Sexual, ponderando que o profissional
docente, em sua prática, não costuma considerar necessária uma definição de um referencial
teórico que o oriente e contra-argumenta:
Debruçar o olhar, teórico e didático, sobre essas abordagens tem uma grande implicação
educativa e política para o trabalho docente. Entendo que cada uma delas pressupõe uma
concepção de educação, um entendimento de sexualidade e de vida sexual humana, um
entendimento de valores morais e éticos de vida em sociedade, um entendimento de direitos e
de sujeitos merecedores desses direitos e, sobretudo, cada uma dessas abordagens define a
prática docente e o perfil do/a professor/a que pensará, planejará e desenvolverá essa
educação sexual. (Debora, 2005)
Sendo assim, fundamentaremos de forma sucinta, duas das oito abordagens de Educação
Sexual apresentadas por Debora (2005), levando em consideração a abordagem mais
disseminada na educação formal brasileira e, por outro lado, a que nos aproxima do intento
de alcançar uma educação sexual voltada para o respeito às diferenças.

6.1. Abordagem biológico-higienista


É a abordagem que prevalece na educação formal brasileira e baseia-se na biologia
essencialista. Possui um enfoque na promoção da saúde e estudo da reprodução humana, e é
fundamentada no determinismo biológico. Segundo Debora (2005), as premissas do
determinismo biológico contribuíram e ainda contribuem para “a naturalização das
desigualdades sexuais e de gênero”.

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A sexualidade humana certamente passa pela esfera biológica, porém, essa abordagem, que
leva em consideração a saúde sexual, não poderia ser a única, “implicando em um currículo
limitado e reducionista” (FURLANI, 2011:16).
Para Guacira Louro (1999:140), a predominância dessa perspectiva pode, inclusive, “rodear o
exercício da sexualidade de uma aura de perigo e de doença”.

Outro aspecto importante para ressaltarmos, é que essa abordagem biológico-higienista


reforça a opinião de que a Educação Sexual teria como público-alvo os adolescentes, não
levando em consideração as inúmeras vantagens em se formar pessoas sexualmente saudáveis
desde a infância. Ademais, segundo Debora (2005), ainda há uma tendência nessa abordagem
que considera, inclusive, perniciosa a educação sexual na infância, pois poderia estimular
precocemente as crianças pequenas, incentivando a prática sexual. Ainda segunda a autora,
esses entendimentos “não são verdadeiros e, na educação sexual e na formação docente,
merecem ser problematizados, questionados, relativizados” (Debora, 2005).
Apoiando os argumentos de Furlani, podemos citar Haffner (2005:20), que elenca alguns
pontos para que crianças sejam consideradas como sexualmente saudáveis: “se sentem bem
com seus corpos”; “entendem o conceito de privacidade”; “tomam decisões adequadas à sua
idade”; “ficam à vontade para fazer perguntas” e “se sentem preparadas para a puberdade”.

7. Objectivo geral
Portanto, objetivo abordar a temática da educação sexual, entendida como forma de favorecer
um desenvolvimento integral da criança considerada como sujeito de direitos, investigando
iniciativas de formação continuada de docentes da Educação Infantil.

7.2. Objectivos específicos


A investigação tem como objectivos específicos:
‫۔‬ Analisar o modo com que educadores e educadoras que atuam na Educação Infantil
compreendem a educação sexual nesse segmento, destacando o que identificam como
temas e aspectos relevantes, problemáticos e desafiantes para atuação na área;
‫۔‬ Identificar o modo com que educadores e educadoras lidam com questões relativas à
sexualidade, em sua prática junto a crianças da Educação Infantil;
‫۔‬ Analisar em que medida e com que abordagem/perspectiva temas relativos à
sexualidade infantil são contemplados em experiências voltadas para a formação
continuada de educadores/as da Educação Infantil;
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‫۔‬ Identificar aspectos relevantes para uma abordagem de Educação Sexual voltada para
a Educação Infantil que favoreça alternativas de desenvolvimento de ações
pedagógicas preventivas de desigualdades sexuais e de gênero, questionando o
determinismo biológico e promovendo o respeito às diferenças.

8. Interpretativa
A educação sexual pode ser definida como: “um processo pelo qual os pais e os educadores
se esforçam para informar e formar os educandos no campo da sexualidade, para que estes
possam aceder ao total desenvolvimento do seu ser, como homens e como mulheres, de modo
a que sejam capazes de viver como seres plenamente humanos na sua vida afectiva, pessoal e
social, e, por sua vez, livres e responsáveis”
Nesta definição salienta-se o carácter deliberado e intencional da acção dos pais e dos
educadores, a qual deve ter como finalidade tanto a aquisição de conhecimentos como o
desenvolvimento de competências imprescindíveis do ponto de vista pessoal e social.
A Educação Sexual encontra lugar no conceito de promoção da saúde, o qual conta já com
duas décadas e emerge da Carta de Otawa como sendo “o processo que visa aumentar a
capacidade dos indivíduos e das comunidades para controlarem a sua saúde, no sentido de a
melhorar” (CARTA DE OTAWA, 1986, p. 1).
Segundo a Direcção Geral da Saúde (Portugal, 2006) a promoção da saúde no contexto
escolar é um processo que capacita para o bem-estar, tendo em conta a saúde individual e
colectiva, a tomada de decisão, o auto-controlo, o empowerment, a prevenção das causas de
morte e de doenças incapacitantes, a criação de condições que conduzam à saúde e a
promoção de comportamentos saudáveis.
São evidentes as alterações na sociedade que levam a uma mudança na forma como se
perspectiva a saúde escolar, alterando o papel da própria escola, que deixou de ser um local
onde apenas ocorre a transmissão dos conteúdos programáticos de cada disciplina, tornando-
se um local onde se deve educar com um sentido mais abrangente, através da promoção da
cidadania e advertência para comportamentos de risco dando resposta a problemas da
sociedade actual. Para tal, é necessária a articulação entre várias disciplinas, entre elas a
educação e a saúde, surgindo assim a promoção e educação para a saúde de forma a
contribuir para a formação de uma geração mais saudável e reflexiva, que intervenha de
forma activa em questões relacionadas com a saúde.
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A aliança entre saúde e educação tem vindo a ser cada vez mais reconhecida:
“um bom nível de educação e de saúde têm valor intrínseco para o bem-estar das pessoas. Os
dois estão estreitamente ligados: a educação ajuda a melhorar a saúde e uma boa saúde
contribui para uma melhor educação” (UNDP, 2003, p. 68 citado por LOUREIRO E
MIRANDA, 2010, p. 13).
A relação entre educação e saúde é demonstrada por diversos estudos, que conseguiram
mostrar uma relação proporcionalmente directa entre um maior nível de escolaridade e um
melhor funcionamento físico e mental. Pelo contrário, menor literacia leva a uma menor
utilização dos cuidados preventivos (SCOTT et al, 2002). Sendo literacia em saúde definida
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o conjunto de “competências cognitivas e
sociais e a capacidade dos indivíduos para acederem à compreensão e ao uso da informação
de forma a promover e manter uma boa saúde” (OMS, 1998, p.10). 12
Melhorar a literacia em saúde significa dar poder aos cidadãos para assumirem
responsabilidades pelos seus comportamentos em prol de uma melhor qualidade de vida.
André Berge (1978) refere que a educação sexual contribui, em primeiro lugar, para a
elaboração da faculdade de amar e, em segundo lugar, para adaptar as pulsões instintivas às
exigências da vida individual e social. Refere-se ainda à influência que a 16 sociedade exerce
sobre a sexualidade da criança e do adolescente, desde o passado pelos valores, costumes e
leis, até à actualidade pelos meios de comunicação social.
Botelho et al (2009, p. 9) defende que “as crianças necessitam de informação sobre sexo
pelas mesmas razões que necessitam de informação sobre outras coisas pois faz parte da
aprendizagem da vida”. Gomes (2009) faz referência a várias investigações que comprovam
que as raízes do nosso comportamento se situam na infância e adolescência, altura em que
ainda não se adquiriram ou consolidaram hábitos insanos. Refere ainda que esta é a fase da
vida em que se está mais receptivo à aprendizagem e assimilação de conhecimentos. Nola
Pender reforça esta ideia ao afirmar que os comportamentos promotores de saúde são
adquiridos mais facilmente na infância quando as rotinas e os hábitos se estão a formar, sendo
que o desenvolvimento de comportamentos saudáveis em crianças muito jovens é
fundamental para aumentar a prevalência de estilos de vida saudáveis na população total
(PENDER, MURDAUGH e PARSONS, 2011, p. 307).
Quando falamos sobre sexualidade raramente pensamos em infantil ou seja, não levamos o
tema à sua origem: a infância. Isto porque a maioria das vezes o conceito de sexualidade está
ainda ligado ao aspecto da reprodução, não tendo em consideração que a sexualidade é um

16
processo em construção, estando presente desde o nascimento até à morte. Félix (1995) diz-
nos que independentemente do ciclo de vida em que estejamos, somos sexuados e temos
manifestações e interesses sexuais. Diz-nos ainda que a sexualidade muda ao longo da vida e
que cada idade tem as suas manifestações próprias, admitindo várias formas de expressão
consoante os indivíduos. A última fase da infância até ao início da puberdade é resumida por
Marques, Vilar e Forreta (2002, p. 47) como sendo um:
“período de transformações corporais lentas; explora o seu corpo e as suas potencialidades;
precisa a imagem corporal; consolida a sua identidade sexual; mantém-se curiosa face às
diferenças anatómicas, à gravidez, ao parto e à sexualidade dos pais ou dos adultos em geral;
constitui grupos do mesmo sexo e vive sentimentos flutuantes face ao sexo oposto; utiliza
palavras relativas à sexualidade, mesmo sem lhes conhecer o sentido (anedotas, piadas,
palavrões…); inicia a selecção de amizades: depende das normas e modelos dos adultos
significativos (pais, professores), mas torna-se afectivamente menos dependente da família e
inicia o processo de interiorização da moral sexual.”
Como referem os autores, é a partir dos 6 anos que as crianças interiorizam a moral sexual
dos adultos, pois até lá mostram o seu corpo e encaram o corpo dos outros de forma natural e
espontânea. Compete então aos adultos que rodeiam estas crianças 17 contribuir para que
estas atitudes de naturalidade prevaleçam. Tendo em conta as características desta faixa
etária, a finalidade básica da educação sexual nesta primeira etapa explicitada no documento
– Educação Sexual em Meio Escolar - Linhas Orientadoras é “contribuir para que as crianças
construam o «eu da relação», através de um melhor conhecimento do seu corpo, da
compreensão da sua origem, da valorização dos afectos e da reflexão crítica acerca dos papéis
sociais de ambos os sexos” (MARQUES E PRAZERES, 2000, p.66).
No mesmo documento estão definidos os principais objectivos da educação sexual para o 1º
CEB, tendo em conta os interesses e necessidades mais comuns identificadas pelas crianças:
“aumentar e consolidar os seus conhecimentos acerca:

1. Das diferentes componentes anatómicas do corpo humano, da sua originalidade em


cada sexo e da sua evolução com a idade;
2. Dos fenómenos de discriminação social baseada nos papéis de género;
3. Dos mecanismos básicos da reprodução humana, compreendendo os elementos
essenciais acerca da concepção, da gravidez e do parto;
4. Dos cuidados necessários ao recém-nascido e à criança;

17
5. Do significado afectivo e social da família, das diferentes relações de parentesco e da
existência de vários modelos familiares;
6. Da adequação dos diferentes contactos físicos nos diferentes contextos de
sociabilidade;
7. Dos abusos sexuais e outros tipos de agressão;
Desenvolver atitudes:
1. De aceitação das diferentes partes do corpo e da imagem corporal;
2. De aceitação positiva da sua identidade sexual e da dos outros;
3. De reflexão face a papéis de género;
4. De reconhecimento da importância das relações afectivas na família;
5. De valorização das relações de cooperação e interajuda;
6. De aceitação do direito de cada pessoa a decidir sobre o seu próprio corpo;
Treinar e adquirir competências para:
1. Expressar opiniões e sentimentos pessoais;
2. Comunicar acerca de temas relacionados com a sexualidade;
3. Cuidar, de modo autónomo, da higiene do seu corpo;
4. Envolver-se nas actividades escolares e para a sua criação e dinamização;
5. Actuar de modo assertivo, nas diversas interacções sociais (com os familiares,
amigos, colegas e desconhecidos);
6. Adequar as várias formas de contacto físico aos diferentes contextos de sociabilidade;
7. Identificar e saber aplicar respostas adequadas em situações de injustiça, abuso e
perigo e saber procurar apoio, quando necessário.”
Os objectivos preconizados devem ser operacionalizados tendo em conta os conteúdos
mínimos no âmbito da educação sexual segundo Debora (2005):
Noção de corpo;
1. O corpo em harmonia com a natureza e o seu ambiente social e cultural;
2. Noção de família;
3. Diferenças entre rapazes e raparigas;
4. Protecção do corpo e noções dos limites, dizendo não às aproximações abusivas.

9. Problematização
O presente projeto intenciona discutir uma abordagem de Educação Sexual na Educação
Infantil em que haja uma promoção do respeito às diferenças, alicerçada nos princípios dos

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Direitos Humanos. Além disso, objetiva analisar as abordagens concernentes à Educação
Sexual vigentes na prática de educadores/as da Educação Infantil.
A multiplicidade de discursos contemporâneos sobre a sexualidade torna necessária uma
definição de um referencial teórico para que entendamos as principais abordagens que
vigoram nos dias atuais.

10. Síntese
Nos dias que correm não é fácil ser-se pai ou mãe. De igual modo, também não é fácil ser-se
criança. É por isso essencial que as bases para um desenvolvimento intelectual, emocional e
moral adequada sejam estabelecidas logo na infância, para que as crianças se tornem, mais
tarde, adultos saudáveis e confiantes. Partindo deste princípio, uma boa educação deve
incluir, naturalmente, o tema da sexualidade.
Ao ler este manual, acabará por chegar à conclusão de que abordar este tema com as crianças
pode ser, afinal, um dos prazeres de se ser pai ou mãe, e até divertido e interessante. Não se
esqueça de que «estabelecer as bases para dialogar acerca de sexualidade ao longo dos
primeiros anos de vida dos seus filhos tornará estas conversas muito mais fáceis durante a
adolescência, quando eles se tornam ainda mais insistentes.
Levando-se em consideração que os processos de descoberta e vivência da sexualidade são
inerentes aos seres humanos desde o nascimento e são, portanto, uma importante esfera do
desenvolvimento saudável do ser, aponta-se para a necessidade de discutir-se o direito à
Educação Sexual desde os primeiros anos de escolaridade e suas abordagens.
Porém, é possível destacar, provisoriamente, a observação de lacunas no que se refere à
inclusão da educação sexual nos currículos desde a educação infantil, a ênfase no senso
comum ou em opiniões individuais nas abordagens práticas sobre a questão e a falta de
continuidade ou investimento em formação continuada de professores.
Sendo assim, percebemos o potencial de se continuar investigando o tema, destacando como
elementos a ser aprofundados: o modo como os profissionais da Educação Infantil refletem e
abordam as questões relativas à Educação Sexual; a formação continuada e suas abordagens;
e aspectos relevantes para uma abordagem de Educação.
Sexual voltada para a Educação Infantil caracterizada pelo compromisso com o respeito às
diferenças sexuais, de gênero, de raça e etnia, de crenças religiosas, de classe social, etc.
É mais difícil criar filhos hoje em dia? Muitos pais diriam que sim. Partindo desse
pressuposto, a autora Debra W. Haffner fez uma profunda pesquisa sobre os principais pontos

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que preocupam os pais: drogas, álcool, violência, sexualidade, internet, consumismo,
colocação profissional, entre outras coisas.
Ter filhos atualmente sem dúvida é um desafio, a autora mostra que sempre foi assim, os
desafios apenas mudam conforme a época. Todas as gerações de pais parecem ter dificuldade
de se adaptar às mudanças sociais que seus filhos adaptam-se tão rapidamente.
Este livro ensinará os pais do novo século a lidar com problemas reais e não com aqueles
alimentados pela mídia sensacionalista. Traz também boas notícias sobre a arte de educar os
filhos nos dias de hoje, esclarecendo se os pais estão agindo corretamente ou se podem
tornar-se ainda melhores. Em outras palavras, o leitor perceberá que a maneira de educar os
filhos pode fazer toda a diferença.

11. Orientações Didáticas


Para o trabalho de Orientação Sexual deve-se levar sempre em conta a faixa etária com a qual
se está trabalhando, pois, em geral, as questões da sexualidade são muito diversas a cada
etapa do desenvolvimento. Na puberdade, por exemplo, um ano pode significar uma imensa
transformação pessoal em todos os sentidos. É importante que o professor aborde as questões
dentro do interesse e das possibilidades de compreensão próprias da idade de seus alunos,
respeitando os medos e as angústias típicos daquele momento.
É bastante comum que o mesmo tema surja como de interesse em diferentes momentos para
cada aluno (ou grupo), o que não significa que já não tenha sido bem trabalhado. Isso se dá
porque, a cada momento, as questões relativas a esse tema se ampliam e se conectam com
outras dúvidas e preocupações, demandando, portanto, a sua retomada.
O professor deve também estar atento às diferentes formas de expressão dos alunos. Muitas
vezes a repetição de brincadeiras, apelidos ou paródias de músicas alusivos à sexualidade
podem significar uma necessidade não verbalizada de discussão e de compreensão de algum
tema. Deve-se então atender a esse pedido.
Outro ponto a ser considerado para as intervenções do professor nas situações de
manifestação de sexualidade de seus alunos em sala de aula é o referente aos valores a ela
associados. O professor não deve emitir juízo de valor sobre essas atitudes, e sim
contextualizá-las. O mesmo vale para as respostas que oferece às perguntas feitas por seus
alunos. Por exemplo, se o professor disser que uma relação sexual é a que acontece entre um
homem e uma mulher após o casamento para se ter filhos, estará transmitindo seus valores
pessoais (sexo somente após o casamento com o objetivo da procriação). É necessário que o
professor possa reconhecer os valores que regem seus próprios comportamentos e orientam
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sua visão de mundo, assim como reconhecer a legitimidade de valores e comportamentos
diversos dos seus. Sua postura deve ser pluralista e democrática, o que cria condições mais
favoráveis para o esclarecimento e a informação sem a imposição de valores particulares.
O trabalho pedagógico é feito principalmente por meio da atitude do professor e de suas
intervenções diante das manifestações de sexualidade dos alunos na sala de aula, visando
auxiliá-los na distinção do lugar público e do privado para as manifestações saudáveis da
sexualidade correspondentes à sua faixa etária. É a partir dessa percepção que a criança
aprenderá a satisfazer sua necessidade de prazer em momentos e locais onde esteja
preservada a sua intimidade.
Os conteúdos trabalhados devem também favorecer a compreensão de que o ato sexual e
intimidades similares são manifestações pertinentes à sexualidade de jovens e de adultos, não
de crianças.
Com relação às brincadeiras a dois ou em grupo que remetam à sexualidade, é importante que
o professor afirme como princípios a necessidade do consentimento e a aprovação sem
constrangimento por parte dos envolvidos. Para a prevenção do abuso sexual é igualmente
importante o esclarecimento de que essas brincadeiras em grupo são prejudiciais quando
envolvem crianças/jovens de idades diferentes ou quando são realizadas entre adultos e
crianças.
Ao mesmo tempo que oferece referências e limites, o professor deve manifestar a
compreensão de que as manifestações da sexualidade infantil são prazerosas e fazem parte do
desenvolvimento saudável de todo ser humano. É necessário cuidado para não humilhar ou
expor os alunos: tais manifestações não devem ser condenadas ou julgadas segundo doutrinas
morais. Dessa forma o professor contribui para que o aluno reconheça como lícitas e
legítimas suas necessidades e desejos de obtenção de prazer, ao mesmo tempo que processa
as normas de comportamento próprias do convívio social.

12. Bibliografia
Debra W. Haffner, A criança e a Educação Sexual, Lisboa , editorial Presença, 2005.
FURLANI, Jimena. Educação Sexual na Sala de Aula: relações de gênero, orientação
sexual, e igualdade étnico-racial numa proposta de respeito às diferenças. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2011.
HAFFNER, Debra W. A criança e a educação sexual. Lisboa, Portugal: Presença, 2005.
LOURO, Guacira. Gênero, sexualidade e educação - Uma perspectiva pós-estruturalista. 3ed.
Petrópolis: Vozes, 1999.
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VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996

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