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O ERP nas 500 maiores em 2004

No artigo http://www.lbarros.com.br/artigos/1jan2004.pdf, baseado na


relação das 500 maiores empresas brasileiras constantes da edição das
Maiores e Melhores da revista Exame, de 2003, fizemos algumas
constatações interessantes, as quais descrevemos abaixo:

1) que o mercado para ERP, formado por estas empresas, já estava


praticamente consolidado;

2) que a SAP era a líder indiscutível neste mercado, embora com uma
participação inferior a 50 %, em número de empresas;

3) que a segunda posição estava disputada pelas empresas Datasul e


Oracle, praticamente empatadas, e seguidas de muito perto por
JDE/Peoplesoft e por Baan/SSA;

4) que as empresas da relação que ainda não adotaram ERP estavam


concentradas nos segmentos de agro business, comércio e distribuição e
governo.

Para este ano, baseados na relação da edição das Maiores e Melhores de


2004, nosso objetivo foi o de analisar as mudanças neste mercado e tentar
explicar as suas razões.

Antes de analisarmos os números, é importante anteciparmos as possíveis


causas de mudanças no mercado que poderemos identificar.

1) a relação de 2004 apresentou 54 empresas que não constavam na relação


de 2003; evidentemente 54 empresas que estavam em 2003 não constam
na relação de 2004. Quem tinha ERP nas empresas que saíram, perdeu
posições, da mesma forma que quem tem ERP nas empresas que
entraram, ganhou posições;

2) algumas empresas que tinham um ERP instalado em 2003 trocaram de


ERP em 2004, o que representa uma perda do ERP que foi trocado e um
ganho para o ERP em implantação;

3) algumas empresas que não tinham ERP iniciaram, este ano, a


implantação de um ERP;
4) de algumas empresas, sobre as quais não tínhamos informações em
2003, passamos a tê-las em 2004, e isto não só altera posições como
melhora a qualidade de nosso estudo.

A primeira comparação que fizemos entre os dados de 2003 e 2004 é


mostrada na tabela abaixo:

2004 2003
Empresas % Empresas % Variação
ERP 425 85,0% 406 81,2 4,7%
Próprio 35 7,0% 29 5,8 20,7%
Não Identificado 40 8,0% 65 13 -38,5%

Vemos que houve uma diminuição de 25 empresas, sobre as quais não


tínhamos informações na relação de 2003 em comparação com este estudo
de 2004, o que melhora, significativamente, a informação de 2004, uma vez
que as empresas com ERP não identificados constituem, agora, apenas 8 %
das 500 relacionadas, contra 13 % da edição de 2003.

Das empresas que saíram da relação de 2003, 18 estavam classificadas


como ERP não identificado, contra 9 da relação das que entraram. Além
disso, obtivemos informações de mais 7 empresas que no ano passado
foram classificadas como ERP não identificado e este ano têm outra
classificação, agora mais precisa.

As empresas que tinham sistemas próprios ganharam 6 posições na relação


de 2004 em relação a 2003. Apenas 2 empresas que tinham sistemas
próprios e estavam na lista de 2003, saíram da lista de 2004, enquanto
entraram, em 2004, 5 empresas com sistema próprio que não estavam em
2003. Além disso, de 3 empresas classificadas em 2003, como ERP não
identificado, obtivemos a informação que tinham sistemas próprios, que
representa agora 7% da relação das 500 maiores empresas brasileiras,
contra 5,8% da edição de 2003.

Quanto a empresas que têm ERP identificado, houve uma evolução de 19


empresas. Vemos que o processo de consolidação está muito avançado e já
atinge 85 % das maiores empresas com ERP já instalado e identificado.

O crescimento das empresas com ERP identificado na relação de 2004 se


deveu, em parte, porque entraram 39 empresas com ERP identificados e
saíram 30 empresas. Além disso, em 2004 identificamos 3 empresas
iniciando o processo de implantação de ERP e também 7 empresas que
constavam como ERP não identificados, mas que tinham ERP sobre os
quais obtivemos informação. Nestes casos, a grande maioria dos ERPs
encontrados eram de fornecedores menos conhecidos.

Portanto, vemos que a tendência de aumento do número de empresas com


ERP identificado continua. A taxa de crescimento de 4,7 % obtida em 2004
se mostra razoável e deverá continuar positiva em 2005, mas
provavelmente inferior a de 2004.

Quanto a posição dos ERPs junto às empresas dessa relação, podemos vê-la
na tabela abaixo:

2004 2003
Fornecedor Empresas % Empresas % Variação
SAP 208 41,6% 197 39,4% 5,6%
Datasul 43 8,6% 43 8,6% 0,0%
Oracle 43 8,6% 41 8,2% 4,9%
JDE Peoplesoft 41 8,2% 39 7,8% 5,1%
Baan SSA 31 6,2% 38 7,6% -18,4%
Logocenter 11 2,2% 11 2,2% 0,0%
IFS 8 1,6% 5 1,0% 60,0%
Interquadram 7 1,4% 10 2,0% -30,0%
Diversos 33 6,6% 22 4,4% 50,0%
Total ERP 425 85,0% 406 81,2% 4,7%
Própria 35 7,0% 29 5,8% 20,7%
Não Identificado 40 8,0% 65 13,0% -38,5%
Total 500 100,0% 500 100,0% -

A SAP aumentou sua liderança, com um crescimento em 2004, de 5,6 %,


que é uma taxa muito elevada para um mercado supostamente já bastante
consolidado.

Este grande crescimento da SAP deveu-se especialmente a conquista de


um grupo de clientes muito numeroso na relação das 500 maiores, que é o
Grupo Votorantim. O Grupo adotou recentemente o SAP para todas as suas
empresas industriais e com isso a SAP ganhou, só no grupo, 8 novas
empresas que constam na edição de 2004. A Baan e a Interquadram
perderam posições com a decisão do grupo Votorantim.

Excluindo os ganhos com o Grupo Votorantim, o crescimento da SAP seria


de apenas 3 empresas, ou seja, cerca de apenas 1,5 %. Nossa opinião é de
que nos próximos anos, o crescimento será desta ordem, ou seja, menos de
2 % ao ano.
Das três novas empresas com SAP, duas foram de empresas que tinham
sistemas próprios e duas foram migrações de outros fornecedores: Datasul
e Logix. Nas empresas que entraram na relação 11 têm SAP e das que
saíram 12 têm SAP, o que dá uma perda líquida de uma empresa com a
mudança da lista.

A Datasul, que era a 2ª colocada, mantém 43 empresas, mas agora empata


com a Oracle, que ganhou duas empresas e com isso também fica com 43
empresas na relação.

A Datasul perde uma empresa que migra para a SAP e ganha uma, pois das
54 empresas que entraram na relação, 4 têm Datasul, da mesma forma que
4 empresas que saíram na relação. No entanto, uma empresa, classificada
em 2003 como ERP não identificado, e que se mantém na lista de 2004, é
cliente da Datasul.

Já a Oracle não teve migração, mas ganhou duas empresa com a mudança
das 54 empresas da relação de 2004. Das 54 que entraram, 4 têm ERP da
Oracle contra duas das empresas que saíram.

A JDE Peoplesoft, que ganhou 2 empresas nesta relação de 2003 e com


isso chega a 41 empresas, fica muito próxima das duas vice líderes. Na
relação de 2004 entraram mais 2 empresas, uma cliente da JDE e outra da
Peoplesoft, e não houve nenhuma perda, nem por migração para outro ERP
e nem por saída da lista.

A Baan SSA foi quem perdeu o maior número de empresas nesta edição de
2004, e esta perda foi concentrada na Baan, já que a SSA manteve as 12
empresas que tinha na lista do ano anterior.

A Baan SSA tinham 37 empresas na edição de 2003 e agora tem 31,


perdendo, portanto, 6 posições. Destas 6 posições, 4 foram devidas a
migração de empresas, de mineração e metalurgia, do Grupo Votorantim,
para SAP. Além disso, a Baan teve 3 empresas que saíram da lista de 2003
e teve apenas 1 na lista das que entraram.

Já a SSA perdeu 4 empresas da lista de 2003, mas ganhou outras 4 das que
entraram na relação de 2004, mantendo-se com 12 clientes da relação das
maiores.

A Logocenter também manteve o número de empresas na relação,


perdendo uma que migrou para SAP e outra que saiu da relação de 2004.
Em compensação ganhou duas novas empresas que entraram este ano na
relação das 500 maiores. Como na edição passada, todas as onze empresas
da relação da Logocenter são de capital nacional.

Proporcionalmente o maior ganho desta edição foi da IFS que ganhou 3


empresas, chegando a 8, ou seja, um crescimento de 60 %. A IFS perdeu
uma empresa, que saiu da relação das maiores, ganhou uma, que entrou na
relação, e teve quatro empresas, que na edição passada estavam como ERP
não identificados, e que neste ano foram identificados como clientes IFS.
Na verdade, a IFS não apresentou um crescimento tão expressivo assim,
apenas que em 2003 sua posição estava sub estimada.

Da mesma forma que a Baan, a InterQuadram perdeu com a migração do


Grupo Votorantim para a SAP, sendo a perda de 3 empresas de cimento.
Na relação de 2004 ganhou uma empresa, que compensou uma perda de
empresa que constava da lista de 2003, o que a fez ficar com 7 empresas
nesta edição, perdendo posição no ranking para a IFS.

Vários outros fornecedores de ERP, que chamamos de diversos, evoluíram


de 22 empresas da relação de 2003, para 33 de 2004, ou seja, um ganho de
11 empresas.

Os fornecedores de ERPs aqui chamados de diversos possuem 5 ou menos


empresas clientes na relação e são os seguintes: MGF.Pro, Geac, AGL,
Finpac, Gemco, Microsiga, RM, CA Computer Associates, MXM, Mincon,
Systems Union, Star Soft, Symix, Sispro, RMS, MV, MedTrack, WPD,
Solomon, Riosoft e TQI e NewAge.

Das 11 novas empresas 5 entraram na relação de 2004, enquanto uma saiu.


No entanto, 7 empresas que em 2003 foram classificadas como ERP não
identificados, tinham ERPs de alguns destes fornecedores que
classificamos como diversos.

Ao analisar as mudanças que ocorreram no ranking vimos que as migrações


de sistemas, excetuando-se as do Grupo Votorantim, foram apenas 2, que
eram da Datasul e Logocenter e foram para a SAP.

Vimos que a migração de sistemas é um evento raro, uma vez que é esta é
traumática e de custo elevadíssimo. Isto sugere que o mercado mais
propício a adquirir um ERP é o das empresas com sistema próprio ou talvez
uma empresa classificada como ERP não identificado, que provavelmente
não tenha um ERP e sim um sistema próprio.
No quadro abaixo, mostramos a distribuição das empresas que não tem
ERP identificados até o momento da elaboração deste levantamento.

Sistema Não Identificado Total


Próprio
Agro Business 11 11 22
Comércio e Distribuição 8 19 27
Governo 11 4 15
Outros 5 6 11
Total 35 40 75

O setor com maior número de empresas sem ERP identificado é o setor de


comércio e distribuição, onde há vários supermercados, grandes
atacadistas, distribuidores de combustíveis, rede de farmácias e
distribuidores de medicamentos e tradings. Para a maior parte destas
empresas não identificamos ERP.

No setor de agrobusiness ainda encontramos muitas empresas com sistemas


próprios, dentre as quais encontramos usinas de açúcar, cooperativas e agro
indústrias de leite e aves. Já nas com ERP não identificados há várias
cooperativas, frigoríficos e indústrias de alimentos.

E no setor governamental há um grande número de empresas com sistemas


próprios, o que já era esperado, enquanto que ainda há neste setor algumas
empresas com ERP não identificado.

Finalmente em todos os demais setores juntos encontramos apenas 5


empresas com sistemas próprios e 6 empresas em que não identificamos o
ERP.

O quadro apresentado deixa claro então que o foco dos fornecedores de


ERP deveria se concentrar claramente nos segmentos de agrobusiness e de
comércio e distribuição.

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