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Diante disto, passaremos a observar nos capítulos a seguir algumas das características,
conceituações, aplicações e efeitos ocorrentes em cada uma dessas modalidades especiais de
extinção de obrigações, sendo válido salientar que apesar de todas buscarem o mesmo fim, a
extinção do débito, elas percorrem caminhos diversos entre si.
1- SUB-ROGAÇÃO.
O termo sub-rogação, do latim sub rogare ou sub rogatio, pode ser compreendido como
ato de substituir, alterar, trocar uma coisa por outra, preservando, entretanto, os mesmos ônus e
atributos da coisa trocada, ou ainda de uma pessoa por outra, quando neste caso há a
substituição de indivíduos, assumindo o substituto a mesma posição e situação da pessoa
substituída.
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador
estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os
bens da legítima.
§ 2º Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens
gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos
primeiros. (BRASIL, 2008, p.379)
Sub-rogação pessoal, é aquela que, como sugere o próprio nome, trata de substituição de
pessoas e pode ser compreendido como o cumprimento por um terceiro, de uma dada obrigação
que originariamente foi assumida por uma pessoa, tendo como consequência a substituição de
credores, muito embora se mantenham os direitos e obrigações previstos entre as partes. É sobre
a sub-rogação pessoal que trata os artigos 346 a 351 do Código Civil Brasileiro.
A sub-rogação pessoal, em outras palavras, pode ser observada quando um certo fiador
quita a divida assumida pelo devedor original junto ao credor e passa, a partir de então, a ocupar
a posição de credor, sub-rogando para si os direitos deste último, podendo exigir do devedor tal
pagamento.
Portanto, temos que dívida é quitada por um terceiro, o fiador, que adquire para si o
crédito ao pagar o credor. Verifica-se assim que há uma substituição de pessoas, sem haver, no
entanto, a extinção da dívida e nem liberação do devedor, que passa a ter o dever de pagar o
fiador. É válido ressaltar que sempre deve haver um pagamento antes da substituição.
A professora Maria Helena Diniz, disserta acerca sub-rogação pessoal e nos esclarece o
seguinte:
Efetivado o pagamento por terceiro, o credor ficará satisfeito e não mais terá o poder de
reclamar do devedor o adimplemento da obrigação; porém, como o devedor não solveu o débito,
continuará a ter o dever de prestá-lo ante o terceiro solvente, alheio à relação negocial primitiva,
até que o pagamento de sua parte extinga o liame obrigacional. Fácil é denotar que esse instituto
visa tutelar os direitos do terceiro que efetua o pagamento de dívida de outrem, possibilitando-lhe
tomar o lugar do credor que foi pago, de modo que a relação obrigacional só se extingue no que
concerne ao credor satisfeito. Logo, o devedor não se exonerará do vínculo negocial, visto que ele
sobreviverá relativamente ao terceiro que pagou o débito, a quem passa a titularidade do crédito
com todos os seus acessórios, isto é, garantias reais ou fidejussórias (RT, 188:666). Não se terá,
portanto, extinção da obrigação, mas substituição do sujeito ativo, pois o credor passará a ser o
terceiro (RT, 455:188). (2007, p.261).
Natureza jurídica
Trata-se de um instituto autônomo, mediante o qual o crédito, com o pagamento feito por
terceiro, se extingue ante o credor satisfeito, mas não em relação ao devedor, tendo-se apenas
uma substituição legal ou convencional do sujeito ativo. A sub-rogação é, pois, uma forma de
pagamento que mantém a obrigação, apesar de haver a satisfação do primitivo credor. (2007, p.
270)
No Direito Brasileiro são admitidas duas formas de pagamento por sub-rogação pessoal,
que podem ser aplicadas ou por força da lei ou por convenção entre as partes.
Sub-rogação legal
A substituição por força da lei é chamada de sub-rogação legal e está prevista no artigo
346 do CC/02 e pode ocorrer principalmente em três circunstancias:
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no
todo ou em parte. (BRASIL, 2008, p.148)
Os casos em que se aplicam o Inciso I ocorrem quando, por exemplo, duas ou mais
pessoas são credoras do mesmo devedor, podendo neste caso ser aplicada a sub-rogação legal
se qualquer um dos credores pagar ao credor que possui prioridade no pagamento do crédito, o
valor devido.
Gagliano nos ensina sobre o Inciso II o seguinte:
A hipoteca é um direito real de garantia incidente sobre imóveis. Em geral, quando uma
pessoa pretende obter um empréstimo, o credor, antes de fornecer o numerário, costuma exigir
garantias e, em especial, uma garantia real, a exemplo da hipoteca de um imóvel do devedor
(uma fazenda, por exemplo). Neste caso, o proprietário terá o seu bem gravado (pela hipoteca),
podendo o credor hipotecário reavê-lo em mãos de quem quer que seja, por força do chamado
“direito de sequela”. Nada impede, porém, que o devedor aliene o bem hipotecado a um terceiro,
ciente da hipoteca (aliás, toda hipoteca deve ser registrada no Cartório de Registro Imobiliário).
Este adquirente (o comprador da fazenda), portanto, objetivando liberar o imóvel, poderá pagar a
soma devida ao credor hipotecário, sub-rogando-se em seus direitos. (2011, p.200)
Entende-se que a sub-rogação não pode vir a oferecer-se como uma fonte de lucros ou
de vantagens. O credor sub-rogado não pode obter vantagem na aplicação do instituto, ficando
seu direito limitado ao valor que desembolsou para satisfazer a obrigação, com todos os seus
acessórios.
Sub-rogação convencional
É aquela ocorre quando a substituição é definida por escrito entre as partes nas relações
contratuais, ou seja, é aquela decorrente da manifestação da própria vontade dos interessados e
está prevista em duas hipóteses, como nos artigo 347 do CC/02, que a disciplina nos seguintes
parâmetros:
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida,
sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
(BRASIL, 2008, p.184)
2- IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO.
Marcus Acquaviva conceitua esse instituto do direito civil como sendo uma “forma de
extinção de obrigações mediante a qual, em dívidas da mesma natureza, líquidas e vencidas, com
unicidade de devedor e de credor, se determina qual delas será considerada extinta, em caso de
oferecimento de pagamento.” (2009, p. 454)
O Ordenamento Jurídico Brasileiro pressupõe três espécies de imputação do pagamento,
onde essa determinação pode ser definida, em caso de não discordância do credor em relação ao
recebimento nessas condições a parcialidade do pagamento, primeiramente pelo próprio devedor,
não havendo essa indicação pelo mesmo, o credor passa a ter tal atributo, e em caso de não
manifestação de nenhuma das partes, sucede-se o que é estabelecido pela lei.
O Código Civil Brasileiro de 2002 define, nos artigos 352 a 355, as disposições legais da
imputação do pagamento, e versa da seguinte forma:
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor,
tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer
imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a
imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.
Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos,
e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do
capital.
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à
imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem
todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa. (BRASIL,
2008, p.185)
3- PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO.
O pagamento por consignação consiste, de modo genérico, em um verdadeiro direito que
assiste ao devedor em extinguir sua obrigação. Em outras palavras, compreende o ato em que o
devedor quita sua dívida através de depósito judicial.
O termo consignação é proveniente do latim cum signare, e tem como significado principal
marcar com um sinal, por selo em algo, tornar conhecido. Historicamente, foi instituído na Roma
antiga e era possível quando o credor não demonstrava interesse no recebimento da dívida e, em
face da manutenção da honra do devedor, determinava-se o depósito para que fosse satisfeito o
débito, normalmente feito em algum templo ou santuário e com a indicação de quem era o autor
do depósito.
Acquaviva (2009, p.216) nos ensina que no direito brasileiro, o instituto do pagamento em
consignação consiste, assim chamado em nosso Ordenamento Jurídico, em [...] o depósito feito
judicialmente ou em estabelecimento bancário oficial (CPC: art. 890, § 1º), extinguindo-se a
obrigação.
O pagamento por consignação encontra amparo no direito brasileiro nos artigos 334 a 345
do Código Civil de 2002, os quais dispõem e estabelecem as condições necessárias para que
possa haver tal tipo de extinção por meio indireto da obrigação, e nos diz o seguinte:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir
em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em
relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o
pagamento.
Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue,
para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente.
Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar,
poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a
obrigação para todas as consequências de direito.
Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o
credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.
Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no
levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa
consignada, ficando para logo desobrigados os co-devedores e fiadores que não tenham anuído.
Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo
lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser
depositada.
Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para
esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher;
feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente.
Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do
credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.
Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se
pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do
pagamento.
Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem
mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação. (BRASIL, 2008, p.183 a 184)
A partir da análise do texto legal, é valido ressaltar o caráter taxativo empregado, o qual
desconsidera outras formas de realização de pagamento em consignação fora das determinadas
por lei. Verifica-se ainda que a consignação somente se aplica nas obrigações de dar, por ser
impossível realiza-la quando se refere a um serviço ou em obrigações de não fazer.
Maria Helena Diniz (2007, p. 244), ao versar sobre pagamento em consignação dispõe o
seguinte:
Os principais efeitos da aplicação deste instituto é a liberação do devedor de sua obrigação e a extinção da
obrigação. Também são liberados de suas obrigações os fiadores e impõem ao credor o ressarcimento
das custas causadas por sua recusa em receber a obrigação do devedor.
4- DAÇÃO EM PAGAMENTO.
Os artigos 356 a 359 do CC/02 determinam as bases e condições para aplicação deste
instituto e Diniz entende como um acordo liberatório, feito entre credor e devedor, em que o
credor consente na entrega de uma coisa diversa da avençada. (2007, p.285)
O artigo 359 do CC/02 versa sobre evicção, que ocorre quando o pagamento ao credor é
feito através de objeto do qual o devedor não possuía propriedade, ou seja, sua propriedade
pertencia a um terceiro, e define que neste tipo de ocorrência deve ser restabelecida a obrigação
inicial, tonando nula a quitação da obrigação e resguardados os direitos de terceiros, como bem
nos mostra Diniz:
5- NOVAÇÃO.
O termo novação é proveniente do latim novare, o qual pressupõe, sugere uma inovação
e no âmbito do direito civil ocorre quando, através de um acordo, as partes cessam a obrigação
original, substituindo-a por uma nova. Apresenta-se, portanto, como um meio de extinção de
obrigação, muito embora não satisfaça o débito.
Nos dias atuais, este um instituto do direito civil que tem sido pouco utilizado, fato que
pode ser explicado pela adoção de outros meios de extinção da obrigação e, em decorrência
disso, o Código Civil Brasileiro de 2002 despendeu pouco espaço para versar sobre novação e
que podem ser encontrados nos artigos 360 a 367.
Em todo caso, devemos atentar para algumas características deste pressuposto, como
por exemplo, a indicada por Gagliano e Pamplona Filho:
O que se deve salientar é que toda a novação tem natureza jurídica negocial. Ou seja, por
princípio, nunca poderá ser imposta por lei, dependendo sempre de uma convenção firmada entre
os sujeitos da relação obrigacional. Nesse sentido, pois, podemos afirmar não existir, em regra,
“novação legal” (determinada por imperativo de lei). (2011, p.218)
A novação produz duplo efeito, por se apresentar ora como força extintiva, porque faz
desaparecer a antiga obrigação, ora como energia criadora, por criar uma nova relação
obrigacional [...] A nova obrigação é um débito criado ex novo, sem qualquer vinculação com o
anterior senão a de uma força extintiva, não se operando a transfusio ou a translatio. (2007, p.
306)
6- COMPENSAÇÃO.
Tal instituto tem sua base histórica calcada no direito romano, o qual admitia a
possibilidade de compensação, pressupondo a utilização do princípio da equidade, em casos
onde houvesse reciprocidade de obrigações entre as partes, buscando-se, com isso, a satisfação
do crédito.
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
III – se uma for de coisa não suscetível de penhora. (BRASIL, 2008, p.187)
Verifica-se que neste caso opera-se a reconvenção, que na prática se apresenta como
uma nova ação movida pelo réu em oposição ao pedido do autor da demanda original, devendo a
mesma possuir conexão com a ação inicial e ser postulada dentro do prazo de defesa do
processo em questão.
Para que possa haver aplicação, faz-se oportuno que sejam demandadas algumas
condições e requisitos basilares estabelecidos em lei e que se apresentam essenciais, tais como
nos ensina Maria Helena Diniz. (2007, p. 323-324)
— Reciprocidade de débitos (CC, arts. 368, 376, 371 e 377).
— Liquidez das dívidas (CC, arts. 369,1.533; Rir; 468:224,41£208, 492:140, 487:137).
— Exigibilidade atual das prestações (CC, arts. 369 e 372; RT, 489:157, 724:119; AJ,
709:85, 708:290).
— Identidade de qualidade das dívidas, quando especificadas em contrato (CC, art. 370).
dívidas compensadas não forem pagáveis no mesmo lugar (CC, art. 378).
— Observância das normas sobre imputação do pagamento (CC, arts. 352, 355 e 379), se
houver vários débitos compensáveis.
Existem algumas situações onde há vedação para aplicação da compensação, como por
exemplo, quando expressamente relatada em contrato, protegendo-se neste caso o direito da
vontade das partes e da autonomia, e também em casos onde há vinculações obrigacionais de
caráter alimentar e tributário. Tais situações de vedação são resguardas pelo CC/02 nos artigos
373 e 375.
7- CONFUSÃO.
Entretanto, quando o papel desses dois atores recai sobre a mesma pessoa, tem-se o que
chamamos de confusão, tornando-se extinta a obrigação, pois não é aceitável que em uma
relação jurídica o mesmo sujeito possa ser credor e devedor de si mesmo.
É válido observar ainda, que este termo, além de definir-se como a junção, em uma
relação obrigacional no mesmo ator, das qualidades de credor e devedor, é possuidor de outras
aplicabilidades dentro do direito, como bem exemplifica Diniz:
Indica a reunião, numa mesma pessoa, de diversos direitos sobre bem corpóreo ou
incorpóreo, os quais anteriormente se encontravam separados. Isto é, na confusão ou
consolidação reúnem-se no mesmo titular a propriedade e um direito real sobre coisa alheia [...].
(2007, p.349)
O Código Civil Brasileiro de 2002 prevê o instituto da confusão nos artigos 381 a 384. Sua
finalidade e efeito principal, diferentemente da aplicada na Roma Antiga, é a extinção da
obrigação e de todos os seus acessórios, como por exemplo, a fiança e o penhor. No entanto, se
a confusão ocorrer entre devedor e fiador, não se extingue a obrigação original, apenas declina a
obrigação acessória, pois há o entendimento de que ninguém pode ser fiador de si mesmo.
Identificando-se a ocorrência da confusão, extingue-se o vínculo obrigacional sem a necessidade
de exigência de manifestação das vontades das partes.
O artigo 384 do CC/02 versa sobre a cessação da confusão e nos ensina que tão logo se
encerre, reestabelece-se a obrigação anterior, juntamente com todos os acessórios. Em via de
regra, existem duas causas que podem determinar a cessação da confusão, que pode a gerada
por lide transitória ou por ineficácia da relação jurídica.
8- REMISSÃO.
É um meio indireto de extinguir uma obrigação que se caracteriza pela renúncia, liberação
da dívida, dispensação do crédito, concedida voluntaria e incondicionalmente pelo credor em
benefício ao devedor. É o popularmente conhecido “perdão da dívida”. A origem do termo
remonta ao latim remissio, remittere, que se traduz por perdão.
Importa também diferenciar remissão de remição de dívidas ou bens, sendo este último
um instituto do direito processual, que tem seu significado relacionado a resgate, liberação do
domínio de outrem, que se aplica a bens ou da própria dívida executada e tem previsão no artigo
651 do Código de Processo Civil brasileiro.
O Código Civil Brasileiro de 2002 trata sobre a remissão no capítulo IX, nos artigos 385 a
388, como veremos a seguir:
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem
prejuízo de terceiro.
Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular,
prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor
capaz de adquirir.
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele
correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes
não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida. (BRASIL, 2008, p. 186)
Para que haja a eficácia na aplicação do instituto da remissão, faz-se necessário que o
credor seja inteiramente capaz de dispor desse crédito, não ferindo interesse de terceiros, e o
devedor apresentar-se sem impedimento nenhum em adquiri-lo.
Quando se trata sobre espécies, no que se refere a seu objeto, a remissão de dívidas
pode ser total ou parcial, a qual é resultante de declaração, por parte do credor, da extinção total
da obrigação ou apenas da dedução parte dela, remindo-se apenas a parte deduzida, substituindo
o valor do débito.
A remissão de dívidas ainda pode ser expressa, tácita ou presumida, onde entende-se por
remissão tácita aquela que é decorrente do comportamento do credor, ao se traduzir de modo
inequívoco a intenção da liberação total da dívida, e expressa quando derivar de acordo firmado
em instrumento público ou particular, inter vivos ou causa mortis, proveniente de manifesta
vontade do credor em perdoar a dívida.
— Extinção da obrigação.
— Liberação graciosa do devedor por um dos credores solidários extinguirá a dívida toda
(CC, arts. 269 e 272).
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Diante da necessidade cada vez mais latente de se organizar as relações sociais, o direito
das obrigações assume papel preponderante no que tange a delimitação, orientação e busca da
satisfação nas ações das partes que compõem a relação.
Há de se verificar que o tema requer atenção ainda mais redobrada no que tange a sua
amplitude de formas e diversidade doutrinária de entendimento, devido a seus variados modos de
apresentação e aplicação, demandando do meio jurídico maior cuidado em seu trato.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, 2- volume: teoria geral das
Obrigações. - 22. ed. rev. e atual, de acordo com a Reforma do CPC — São Paulo: Saraiva, 2007.