Você está na página 1de 2

1. APLICAÇÕES DO GEOPROCESSAMENTO NOS ESTUDOS AMBIENTAIS.

Resumo: SOUZA, L.H.F.S (2019)

GEOPROCESSAMENTO – Conforme Rosa e Brito (1996), o geoprocessamento pode ser definido como
um conjunto de tecnologias destinadas a coleta e tratamento de informações espaciais, bem como o
desenvolvimento de novos sistemas e aplicações, com diferentes níveis de sofisticação. Essas tecnologias,
denotadas por Geoprocessamento, influenciam de maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de
Recursos Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional.
As ferramentas computacionais para Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica
(SIGs), permitem realizar análises espaciais complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos
de dados georreferenciados (MAGUIRE ET AL., 1991). Tornam ainda possível automatizar a produção de
documentos cartográficos.
Num país de dimensão continental como o Brasil, com uma grande carência de informações adequadas para a
tomada de decisões sobre os problemas urbanos, rurais e ambientais, o Geoprocessamento apresenta um
enorme potencial, principalmente se baseado em tecnologias de custo relativamente baixo, em que o
conhecimento seja adquirido localmente (INPE, 2001).
GEOPROCESSAMENTO NOS ESTUDOS AMBIENTAIS – Na perspectiva moderna de gestão do
território, toda ação de planejamento, ordenação ou monitoramento do espaço deve incluir a análise dos
diferentes componentes de ambiente, incluindo o meio físico-biótico, a ocupação humana, e seu inter-
relacionamento. O conceito de desenvolvimento sustentado, consagrado na Rio-92, estabelece que as ações
de ocupação do território devem ser precedidas de uma análise abrangente de seus impactos no ambiente, a
curto, médio e longo prazo.
Tal postura foi sancionada pelo legislador, ao estabelecer dispositivos de obrigatoriedade de Relatórios de
Impacto Ambiental (RIMA), como condição prévia para novos projetos de ocupação do espaço, como
rodovias, indústrias e hidroelétricas.
Deste modo, pode-se apontar pelo menos quatro grandes dimensões dos problemas ligados aos Estudos
Ambientais, onde é grande o impacto do uso da tecnologia de Sistemas de Informação Geográfica:
Mapeamento Temático, Diagnóstico Ambiental, Avaliação de Impacto Ambiental, e Ordenamento Territorial.
Nesta visão, os estudos de Mapeamento Temático visam a caracterizar e entender a organização do espaco,
como base para o estabelecimento das bases para ações e estudos futuros. Exemplos seriam levantamentos
temáticos (como geologia, geomorfologia, solos, cobertura vegetal), dos quais o Brasil ainda é bastante
deficiente, especialmente em escalas maiores. Tome-se, por exemplo, o caso da Amazônia, onde o mais
abrangente conjunto de dados temáticos existente é o realizado pelo projeto RADAM, no qual os dados foram
levantados na escala 1: 250.000 e compilados na escala 1:1.000.000.
A área de diagnóstico ambiental objetiva estabelecer estudos específicos sobre regiões de interesse, com vistas
a projetos de ocupação ou preservação. Exemplos são os relatórios de impacto ambiental (RIMAs) e os estudos
visando o estabelecimento de áreas de proteção ambiental (APAs).
Os projetos de avaliação de impacto ambiental envolvem o monitoramento dos resultados da intervenção
humana sobre o ambiente, incluindo levantamentos como o feito pelo SOS Mata Atlântica, que realizou um
estudo sobre os remanescentes da Mata Atlântica em toda a costa leste brasileira.
Os trabalhos de ordenamento territorial objetivam normatizar a ocupação do espaço, buscando racionalizar a
gestão do território, com vistas a um processo de desenvolvimento sustentado. Neste cenário, estão em
andamento hoje no Brasil uma grande quantidade de iniciativas de zoneamento, que incluem estudos
abrangentes como o zoneamento ecológico-econômico da Amazônia Legal (BECKER E EGLER, 1997) até
aspectos específicos, como o zoneamento pedoclimático por cultura, coordenado pela EMBRAPA.
Como consequência natural, o uso de Geoprocessamento em projetos ambientais requer o uso intensivo de
técnicas de integração de dados. Diferentemente de aplicações como Cadastro Urbano, que lidam com um
conjunto limitado de dados geográficos (essencialmente mapas no formato vetorial e tabelas de bancos de
dados relacionais), os estudos ambientais - para ser feitos de forma adequada - requerem que o especialista em
Geoprocessamento combine ferramentas de análise espacial, processamento de imagens, geo-estatística e
modelagem numérica de terreno.
****************************************************
BECKER, Bertha K. & EGLER, Claudio. Detalhamento da metodologia para execução do zoneamento
ecológico econômico pelos estados da Amazônia. Rio de Janeiro: SAE-Secretaria de Assuntos
Estratégicos/Ministério do Meio Ambiente. 1997. 43 p.
MAGUIRE, D. J.; GOODCHILD, M.; RHINDS, D. W. Geographic information systems: principles and
aplication. New York: John Willey, 1991.
ROSA, R. e BRITO, J.L.S. Introdução ao Geoprocessamento: Sistema de Informação Geográfica.
Uberlândia, Ed. da Universidade Federal de Uberlândia, 1996.

Você também pode gostar