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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

Ronilson Otávio Dutra Pereira

RESENHA DO CONTO “O MACHETE” DE MACHADO DE ASSIS

São João del Rei


2020
RESENHA

MACHADO DE ASSIS, vol. II, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Ronilson Otávio Dutra Pereira1

No conto “O Machete”, o personagem Inácio Ramos, um músico que tocava rabeca, se


encanta pelo som do violoncelo após ver uma performance de um alemão no instrumento. Ele
consegue adquirir um e passa a toca-lo, inicialmente em casa para sua mãe e posteriormente,
após o falecimento de sua mãe, para sua esposa, Carlotinha.
Inácio e Carlotinha, aparentemente viviam bem juntos, mas o autor dá leves sinais que
havia algumas diferenças entre os dois. Enquanto Inácio se demonstrava melancólico, se
expressava através da música, principalmente de suas poucas composições, Carlotinha parecia
mais festiva, mais animada e um sapeca, apesar de se contentar com a vida de esposa e dona
de casa.
Inácio sempre falava que o violoncelo era capaz de traduzir os sentimentos mais
profundos de sua alma. Quando ele tocava, era como que se ele estivesse expressando seus
sentimentos e suas performances, quase sempre melancólicas, pareciam que o tocava mais
que os expectadores. Carlotinha adorava vê-lo tocar, sempre o incentivava, mesmo sem
entender inteiramente o que Inácio queria expressar em suas composições.
A casa do casal passa a ser ponto de encontro de dois jovens intelectuais, Amaral e
Barbosa, estudantes de direito e apreciadores de música. Barbosa parece menos intelectual
que Amaral, mas ele também era músico e tocava machete. Carlotinha, sempre animada, após
apreciar sua performance com o Machete, se demonstra de maneira muito sútil atraída pelo
jeito mais descontraído da performance de Barbosa com o Machete.
A partir daí o conflito começa. Inácio, mesmo sem demonstrar, começa a perceber que
o machete era um instrumento muito interessante e, a partir daí vai ficando cada vez mais
cabisbaixo e insatisfeito, demonstrando inclusive interesse em aprender a tocá-lo e, fazer com
que seu filho toque também.
Até que no final do conto, Carlotinha foge com machete e Inácio enlouquece,
cumprindo a profecia de um filósofo que percebeu a relação talvez não muito sadia que Inácio
tinha com o violoncelo.

1
Graduando em Música
A moral da história ou a questão maior que parece estar inserida neste conto é o
conflito entre a arte erudita e popular, representando talvez o gosto popular e a preferência por
músicas menos sofisticadas e mais alegres. No caso da música, enquanto a música erudita,
representada pelo violoncelo (um instrumento alto grau requinte) é mais exigente, não admite
erros, é mais sofisticada; a música popular, representada pelo machete, é menos pretenciosa,
mais leve e descontraída.

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