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Uma escultora de 35 anos de idade com doença mamária metastática era tratada por

médicos competentes que empregavam conhecimentos e tecnologias avançadas e agiam


com bondade e verdadeira preocupação. A cada estágio, o tratamento bem como a doença,
eram fonte de sofrimento para ela. Ela tinha duvidas e medos a respeito do futuro, mas ela
conseguia apenas pouca informação de seus médicos e o que lhe contavam nem sempre
era verdade. Ela não sabia, por exemplo, que a radiação seria tão desfiguradora. Depois de
uma ooforectomia e de um regime de medicações, ela se tornou hirsuta, obesa e sem libido.
Com um tumor na fossa supraclavicular, ela perdeu a força da mão que ela usava para
esculpir e se tornou profundamente deprimida. Ela teve uma fratura patológica do fêmur e o
tratamento foi adiado enquanto seus médicos abertamente discordavam a respeito de
operar seu quadril.

A cada vez que sua doença reagia ao tratamento e sua esperança ressurgia, uma nova
manifestação da doença surgia. Como conseqüência disso, a cada novo curso de
quimioterapia que se iniciava, ela se dividia entre o desejo de viver e o medo de permitir que
a esperança emergisse novamente simplesmente para expô-la ao sofrimento se o
tratamento falhasse. A náusea e os vômitos da quimioterapia eram perturbadoras, mas não
mais do que a perspectiva da queda de cabelo. Ela temia o futuro. Cada amanhã era visto
como um indício de mais doença, dor e disfuncionalidade, nunca como o começo de tempos
melhores. Ela se sentia isolada porque ela não era mais como as outras pessoas e não
podia mais fazer o que as outras pessoas faziam. Ela temia que seus amigos parassem de
visita-la. Ela estava certa de que iria morrer.

Essa jovem mulher tinha dores severas e outros sintomas que lhe causavam sofrimento.
Mas ela também sofria por ameaças que eram sociais e também ameaças que eram
pessoais e privadas. Ela sofria pelos efeitos da doença e dos tratamentos sobre sua
aparência e habilidades. Ela também sofria de forma incessante pela sua percepção de
futuro.

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