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4 Ações possessórias
- Ação de demarcação é a que cabe ao proprietário, para obrigar o seu vizinho a estremar os respectivos
prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando os apagados.
- Ação de divisão é a que cabe ao condômino de coisa indivisa, para obrigar os demais condôminos a
separar os quinhões.
- Não. Sendo os condôminos e os confinantes todos maiores e capazes, tanto a demarcação quanto a
divisão podem realizar-se por escritura pública.
- O autor da ação de demarcação precisa instruir a petição inicial com o título de domínio ou
condomínio, determinar o imóvel por sua situação e denominação, descrever os seus limites, requerer a
citação de todos os confinantes e a intimação dos condôminos, se houver.
Feitas as citações, segue-se o prazo comum de 15 dias para os réus contestarem a ação, após o que se
observa o procedimento comum.
Salvo em se tratando de prédio com georreferências constantes do registro de imóvel, o juiz nomeia um
ou mais peritos para levantar o traçado da linha demarcanda.
Concluídos os estudos, os peritos apresentam laudo sobre o traçado da linha demarcanda, considerando
os títulos, os marcos, os rumos, a fama da vizinhança, as informações de antigos moradores do lugar e
outros elementos que coligirem.
Realizada a audiência de instrução e julgamento, o juiz profere sentença, em que determina o traçado da
linha demarcanda e a restituição de área invadida, se houver.
Transitada em julgado a sentença, o perito efetua a demarcação, colocando os marcos necessários, com
observância das regras constantes dos artigos 582 a 585 do CPC.
Apresentado o relatório do perito, têm as partes o prazo comum de 15 dias para se manifestarem a
respeito.
A sentença em que o juiz determina o traçado da linha demarcando e a decisão que homologa o auto de
demarcação produzem coisa julgada?
Certamente. Pode ocorrer, porém, que depois de fixados os marcos e de proferida sentença
homologatória da demarcação, no curso da subsequente divisão entre os condôminos, processo em que o
confinante já não é parte, venha ele a sofrer invasão, caso em que pode reivindicar a porção de que foi
despojado ou reclamar indenização pelo equivalente, citando todos os condôminos, se ainda pendente a
ação de divisão ou todos os quinhoeiros, se já finda.
A sentença que julga procedente essa ação do confinante vale como título executivo em favor dos
quinhoeiros prejudicados, para haverem dos outros composição pecuniária do desfalque sofrido, na
proporção que lhes tocar.
O autor da ação de divisão precisa instruir a inicial com o título de domínio e indicar:
I – a origem da comunhão, a denominação, situação, limites e características do imóvel;
II – o nome, o estado civil, a profissão e residência dos condomínios, especificando os estabelecidos no
imóvel com benfeitorias ou culturas;
III – as benfeitorias comuns.
Citam-se os condôminos pelo correio, para contestar, no prazo comum de 15 dias, observando-se, a
seguir, o procedimento comum.
A seguir, o juiz nomeia perito para promover a medição do imóvel e para descrevê-lo, indicando as vias
de comunicação existentes, as construções e as benfeitorias, com indicação dos seus valores, as águas
que banham o imóvel e outras informações relevantes respeitadas as benfeitorias permanentes feitas
pelos confinantes há mais de 1 anos, que não se computarão na área dividenda.
A seguir, os condôminos são intimados a apresentar, no prazo comum de 10 dias, os seus títulos, bem
como a formular os seus pedidos sobre a constituição dos quinhões.
Segue-se nova intimação das partes, agora com prazo de 15 dias, para manifestarem-se sobre os
documentos e pretensões uns dos outros. Não havendo impugnação, o juiz determina a divisão do imóvel.
Havendo impugnação, o juiz profere decisão sobre os pedidos e os títulos que devam ser atendidos.
Na seqüência, cabe ao perito apresentar laudo, propondo a forma da divisão, observando o disposto no
artigo 595 do CPC.
Ouvidas as partes, no prazo comum de 15 dias, o juiz profere decisão sobre a partilha.
Transitando em julgado essa decisão, cada condômino recebe a respectiva folha de pagamento.
Terrenos de Marinha
O Código Civil elenca como direitos reais sobre coisas alheias a enfiteuse, as
servidões, o usufruto, o uso, a habitação, as rendas expressamente constituídas
sobre imóveis, o penhor, a anticrese e a hipoteca.
Alguns são direitos de garantia, outros de gozo e fruição.
Dá-se a enfiteuse"... aforamento, ou emprazamento, quando por ato entre vivos, ou de
última vontade, o proprietário atribui a outrem o domínio útil do imóvel, pagando a
pessoa que o adquire, e assim se constitui enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou
foro anual, certo e invariável."
O enfiteuta tem todos os direitos inerentes ao domínio, menos o domínio.
Exatamente por caberem tantos poderes ao enfiteuta, o seu direito se denomina
"domínio útil", ou seja, ele tem os direitos de: usufruir o bem, aliená-lo e transmiti-lo
por sucessão hereditária. O senhorio tem o domínio direto.
O que se entende por enfiteuse?
A enfiteuse é instituto do Direito Civil e o mais amplo de todos os direitos reais, pois
consiste na permissão dada ao proprietário de entregar a outrem todos os direitos sobre a
coisa de tal forma que o terceiro que recebeu (enfiteuta) passe a ter o domínio útil da
coisa mediante pagamento de uma pensão ou foro ao senhorio. Assim, pela enfiteuse o
foreiro ou enfiteuta tem sobre a coisa alheia o direito de posse, uso, gozo e inclusive
poderá alienar ou transmitir por herança, contudo com a eterna obrigação de pagar a
pensão ao senhorio direto.
A enfiteuse prestou relevantes serviços durante a época do Brasil Império com o
preenchimento de terras inóspitas, incultivas e inexploradas, que eram entregues ao
enfiteuta para dela cuidar e tirar todo o proveito. Ao foreiro são impostas duas
obrigações, uma está no dever de pagar ao senhorio uma prestação anual, certa e
invariável denominada foro, canon ou pensão; e a segunda obrigação está em dar ao
proprietário o direito de preferência, toda vez que for alienar a enfiteuse. Se o senhorio
não exercer a preferência terá direito ao laudêmio, ou seja, uma porcentagem sobre o
negócio realizado, a qual poderá ser no mínimo de 2,5% sobre o valor da transação ou
chegar até 100%. Porém, diante da possibilidade do laudêmio ser o valor integral do
negócio, perde-se o interesse na venda e a enfiteuse acaba se resumindo numa
transferência de geração em geração. Com o intuito de evitar essa cláusula abusiva
o novo Código Civil proibiu não só sua cobrança como força a extinção do instituto nos
termos do dispositivo abaixo:
Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se
as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior , Lei no 3.071 ,
de 1o de janeiro de 1916, e leis posteriores.
§ 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:
I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o
valor das construções ou plantações;
Assim, o CC/2002 não extinguiu as enfiteuses existentes, mas impossibilitou a
instituição de novas.
Nada disso se aplica às enfiteuses de terras públicas e de terrenos de marinha, que nos
termos do parágrafo 2º do artigo 2.038 são regidas por lei especial. Portanto, sob as
regras do Decreto Lei 9.760 /46 o Poder Público continua podendo instituir enfiteuses
de terras públicas e neste caso a prestação anual será de 0,6% sobre o valor atual do
bem.
Terrenos de marinha e terrenos acrescidos de marinha
O Código Civil elenca (art. 674) como direitos reais sobre coisas alheias a enfiteuse, as
servidões, o usufruto, o uso, a habitação, as rendas expressamente constituídas
sobre imóveis, o penhor, a anticrese e a hipoteca.
Alguns são direitos de garantia, outros de gozo e fruição.
Dá-se a enfiteuse"... aforamento, ou emprazamento, quando por ato entre vivos, ou de
última vontade, o proprietário atribui a outrem o domínio útil do imóvel, pagando a
pessoa que o adquire, e assim se constitui enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou
foro anual, certo e invariável."
O enfiteuta tem todos os direitos inerentes ao domínio, menos o domínio.
Exatamente por caberem tantos poderes ao enfiteuta, o seu direito se denomina
"domínio útil", ou seja, ele tem os direitos de: usufruir o bem, aliená-lo e transmiti-lo
por sucessão hereditária. O senhorio tem o domínio direto.
O Código Civil regula a enfiteuse de bens particulares, pertencentes a pessoas naturais
ou jurídicas; a dos terrenos de marinha sempre se regrou por leis especiais.
1. O Direito Urbanístico
O Direito Urbanístico objetivo (conjunto de normas) tem por objeto regular a atividade
urbanística, disciplinar a ordenação do território. Visa “precipuamente a ordenação das
cidades, como nota Hely Lopes Meirelles, mas os seus preceitos incidem também sobre
as áreas rurais, no vasto campo da ecologia e da proteção ambiental, intimamente
relacionadas com as condições da vida humana em todos os núcleos populacionais, da
cidade e do campo. É o ramo do Direito que visa a promover o controle jurídico do
desenvolvimento urbano, isto é, dos vários processos de uso, ocupação, parcelamento e
gestão do solo nas cidades.
O Direito Urbanístico como ciência, é “ramo do direito público que tem por objeto
expor, interpretar e sistematizar as normas e princípios; vale dizer: estabelecer o
conhecimento sistematizado sobre essa realidade jurídica.”
Para Hely Lopes Meirelles, ainda, manifestam-se dois aspectos do Direito Urbanístico:
a) “o Direito Urbanístico objetivo, que consiste no conjunto de normas jurídicas
reguladoras da atividade do poder público destinada a ordenar os espaços habitáveis, o
que vale dizer: conjunto de normas jurídicas reguladoras da atividade urbanística;
b) o Direito Urbanístico como ciência, que busca o conhecimento sistematizado
daquelas normas e princípios regulardores da atividade urbanística.”
5. Conclusões
No que tange à matéria abordada no presente artigo, concluímos que o Direito
Urbanístico ou Direito do Urbanismo é disciplina autônoma do Direito, uma vez que
tem por objeto um conjunto de normas específicas, voltadas para a realização e
aplicação de princípios norteadores próprios e princípios constitucionais, bem como
nomeclatura, objeto e tratamento individualizados.
Não se trata, dessa feita, de nova matéria, mas de matéria amadurecida ao longo do
despertar legislativo e doutrinário, bem como de disciplina necessária para o tratamento
de fatos sociais irredutíveis. O operador do direito está, assim, diante de uma disciplina
que reúne especialistas de diversas áreas da ciência atual, bem como da ciência jurídica.
A disciplina do Direito Urbanístico está, outrossim, diretamente ligada ao Direito de
Propriedade. O Direito de propriedade, como visto, objeto de proteção e de disputa ao
longo da história do mundo ocidental, passa por momento de “coletivização”. Isso
significa que seu conteúdo não mais se justifica pela utilidade que proporciona a um
indivíduo, o proprietário, mas a toda a sociedade.
No sistema jurídico brasileiro isso está expresso através dos princípios da função social,
da dignidade da pessoa humana e da igualdade. Além de constituir objeto da República
Federativa Brasileira a erradicação da pobreza e da marginalização, além de reduzir as
desigualdades sociais e regionais (art. 3º, inciso III).
6. Bibliografia
CARNEIRO, Ruy de Jesuz Marçal. Organização da Cidade: Planejamento Municipal; Plano Diretor; Urbanização. São Paulo:
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CORREIA, Fernando Alves. Manual de Direito do Urbanismo. Vol I. Coimbra: Almedina, 2003. DALLARI, Adilson Abreu.
FERRAZ, Sérgio. (coord.). Estatuto da Cidade: comentários à Lei Federal 10.257/2001. São Paulo: Malheiros, 2002.
FALLA, Fernando Garrido. Tratado de Derecho Administrativo. Volumen II. 10a Ed.
Madri: Tecnos, 1978.
GRAU, Eros Roberto. Direito Urbano, Regiões Metropolitanas, Solo criado, Zoneamento e Controle Ambiental, Projeto de
Lei de Desenvolvimento Urbano.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1983.
GUIMARÃES, Nathália Arruda. Competência Municipal em Matéria de Direito
Urbanístico e o Novo Estatuto da Cidade, 2002. 264p. Dissertação (Mestrado em Direito da Cidade) – Universidade do Estado do
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MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 2 ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1997.
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Introdução ao Direito Ecológico e ao Direito Urbanístico. 3. Ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1977.
MUKAI. Toshio. Direito e Legislação Urbanística no Brasil. São Paulo: Editora Saraiva, 1988.
NOGUEIRA, Antonio de Pádua Ferraz. Desapropriação e Urbanismo. São Paulo: RT, 1981.
RODRIGUES, Ruben Tedeschi. Comentários ao Estatuto da Cidade. São Paulo: Editora Millennium, 2002, pág.124.
ROLNIK, Raquel. O que é Cidade?. 3a ed. São Paulo: Editora brasiliense, 1994.
SAULE JÚNIOR, Nelson. Novas perspectivas do Direito Urbanístico Brasileiro.
Ordenamento Constitucional da Política Urbana. Aplicação e eficácia do Plano Diretor. Editora Fabris: Porto Alegre, 1997.
SILVA, José Afonso. Direito Urbanístico Brasileiro. 2 ed. São Paulo: Malheiros, 1997.