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contada em livros ilustrados&var2=14/04/2021)
14 de Abril de 2021 - 12h20
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Por: Redação
web@diariopopular.com.br (web@diariopopular.com.br)
Beatriz Loner foi em busca da origem do nome Penny (Foto: Divulgação - DP)
As pesquisas da professora emérita da UFPel, Beatriz Ana Loner, inspiraram a criação de sete livros de ilustração do designer grá co e
ilustrador, Jorge Penny, que atualmente reside na Espanha. Falecida em 2018, Beatriz deixou um grande legado ao estudar a comunidade
negra da região, clubes carnavalescos negros, abolição e pós-abolição, tendo impactado signi cativamente na produção intelectual sobre
essas temáticas na historiogra a gaúcha.
Os livros contam a história da família Penny, cuja matriarca, Clarinda, foi escravizada e conseguiu comprar sua alforria ao ganhar um
prêmio da loteria. Os lhos de Clarinda fundaram o jornal A Alvorada que circulou entre 1907 e 1965 com pequenas interrupções, sendo
provavelmente o mais longevo periódico representante da imprensa negra brasileira. O jornal discutia questões da negritude e formas
para enfrentar as questões sociais, tendo uma grande relevância para a construção de uma identidade negra em Pelotas e região. A família
Penny foi tema de várias pesquisas realizadas na Universidade e o periódico A Alvorada representa uma importante fonte para as
pesquisas desenvolvidas na UFPel.
Jorge Penny conta que sempre teve interesse nas histórias familiares e que, em 2005, tentou fazer uma árvore genealógica a partir das
histórias contadas pela mãe e pela tia. "Deu tudo errado, ninguém conhecia a origem do sobrenome Penny. Eu sabia que o nome do meu
avô era Juvenal Moreno Penny e que teve um jornal chamado A Alvorada. Na época, pesquisei na internet, mas não encontrei nada", disse
Jorge.
Passado algum tempo, em 2008, Jorge voltou a pesquisar sobre a família e foi surpreendido com um grande número de documentos
relacionados à família Penny. "Sem dúvida nenhuma, o trabalho da professora Beatriz foi fundamental para conhecer a verdadeira origem
do sobrenome da nossa família e construir uma árvore genealógica real", a rmou.
Recuperar a memória
Foi assim que Jorge resolveu criar os livros que misturam informações encontradas nas pesquisas da professora Beatriz Loner e de outros
pesquisadores, com lembranças familiares e da infância do autor.
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Entre os artigos que inspiraram a criação dos livros está A Loteria do Ipiranga e os trabalhadores: Um sonho de liberdade no nal do
século 19, de autoria da professora Beatriz Loner e Clubes carnavalescos negros na cidade de Pelotas, de autoria das professoras Beatriz
Para Jorge Penny, a criação dos livros e o conhecimento sobre a história da família Penny não teria sido possível sem o trabalho dos
pesquisadores da UFPel. "Sem dúvida nenhuma esse foi o resultado de um grande trabalho de historiadores e documentalistas e de uma
política real de recuperação da memória do Brasil. O conhecimento liberta e ilumina", naliza o autor.
Mais acessível
Nos livros Jorge faz um agradecimento ao Núcleo de Documentação Histórica da UFPel (NDH), à professora Beatriz Loner e outros
pesquisadores e egressos da UFPel que também contribuíram com suas obras. Para a coordenadora do NDH, professora Lorena Gill,
trabalhos como o feito por Jorge Penny fazem com que a história seja acessível a um público maior, que não apenas aquele circunscrito à
academia. "Os textos e as ilustrações do autor, que tem como base pesquisas históricas relevantes, criam novos diálogos, que permitem
responder às demandas da sociedade", explica.
Conheça a produção:
O primeiro livro conta a história de Clarinda, tataravó do autor. Escravizada, em 1881 Clarinda ganha um prêmio na loteria e compra a sua
alforria. "O livro da Clarinda é um resumo de toda a história compartilhada pela família. Queria que fosse muito simples, sintético", disse
Jorge.
O avô de Jorge foi redator do A Alvorada, importante jornal pelotense. Filho de Juvenal, José era engenheiro agrônomo e professor, foi um
membro ativo da Frente Negra Pelotense e criou a campanha Pró-Educação, defendendo a importância do conhecimento para superar as
barreiras do racismo e dos preconceitos.
Mãe, como era o meu pai? Mãe, como era o meu pai? Algumas lembranças de uma mãe solteira
O livro conta a história da mãe de Jorge, Leda Penny, mostra as di culdades vividas pelas mães solteiras e conta uma pouco sobre os
sentimentos em relação a seu pai inexistente.
No quarto livro, Jorge reúne toda a informação que encontrou com o objetivo de buscar a história e tentar construir uma teoria sobre a
origem do sobrenome Penny.
O periódico A Alvorada foi um jornal criado em 1907 reconhecido como a voz da população negra em Pelotas e fundado por Juvenal e
Durval Penny. De acordo com Jorge, descobrir a origem da família era muito importante, mas a história do jornal A Alvorada era incrível e
durante meses ele dedicou-se a ler os exemplares que estão disponíveis para acesso digital. "Aproveitei a pandemia para tentar contar a
trajetória do jornal e recuperar muitos textos. Fui selecionando textos e assuntos que me interessavam e dividi em três partes: Durval,
Juvenal e José, para fazer um per l de cada um", disse.
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