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Resumo
1. Introdução
A profissão farmacêutica vem sofrendo grandes mudanças no decorrer dos anos, com a
evolução da indústria de medicamentos e as inovações nas formas farmacêuticas,
remodelando ações terapêuticas dos fármacos. O profissional se tonou responsável não apenas
em distribuir o medicamento, mas também por ações primárias em saúde, tendo o
medicamento como insumo estratégico e o paciente como principal foco (PEREIRA,
FREITAS, 2008).
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 8, Edição nº 14 Vol. 01 dezembro/2017
A importância da atenção farmacêutica na prevenção da automedicação de alopáticos em
mulheres no período gestacional Dezembro/2017
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No Brasil o termo Atenção Farmacêutica foi seguido a partir de discussões lideradas pela
Organização Pan-Amecirana de Saúde (OPAS), Organização Mundial de Saúde (OMS) e o
Ministério da Saúde (MS), definindo-a como um modelo desenvolvido no contexto de
Assistência farmacêutica compreendendo atitudes, valores éticos, corresponsabilidades na
prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada a equipe de
saúde (PEREIRA, FREITAS, 2008).
O uso de fármacos na gestação é frequente, seu consumo é devido a vários fatores, tais como
o surgimento de manifestações clínicas específicas da gravidez, o uso por prescrição
medicamentosa, a prática da automedicação e outros. (RODRIGUES FILHO, 2011).
A automedicação durante a gestação, na maioria das vezes, tem por objetivo a obtenção de
efeitos terapêuticos na mãe, porém atinge dois organismos simultaneamente, onde a resposta
fetal ao medicamento é diferente da observada na gestante, assim podendo resultar em
toxicidade fetal com lesões variadas e algumas até irreversíveis (OLIVEIRA; SILVA, 2010;
SILVA; SANTOS; BRITO 2012).
2. Metodologia
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Dentre as alterações que ocorrem no corpo da gestante, as variações nos níveis hormonais são
as que mais contribuem para caracterizar o período gestacional (BISSON, 2003). A
progesterona durante a gestação é secretada pelo corpo lúteo do ovário e pela placenta,
diminuindo a excitabilidade da fibra muscular uterina, além de aumentar a vascularização do
corpo e colo uterino. Os estrógenos durante a gestação são produzidos pelas células sinciciais
do trofoblasto, agindo sobre o crescimento e a excitabilidade uterina com fundamental
importância no aumento da vascularização, hipertrofia e hiperplasia das fibras musculares
miometriais (SILVA et al.,2012).
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A grande parte das mulheres no período gestacional não possui informação adequada sobre os
possíveis riscos da utilização de medicamentos durante a gestação. A deficiência de
informações e a complexidade dos diversos fatores que decidem a escolha de um
medicamento para uso durante a gestação reforçam a apreensão sobre a automedicação nesse
período (RIBEIRO et al., 2013).
Entrevista realizada em seis cidades brasileiras apontam que 82,9% das gestantes utilizaram
pelo menos um medicamento durante a gestação, sendo 54% de uso orientando por pessoa
leiga e 32% por orientação de profissional habilitado (MENGUE et al., 2001).
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A preocupação com o uso de medicamentos por gestantes passou a ser mais frequente após a
tragédia da talidomida, nas décadas de 50 e 60, período em que nasceram cerca de 10 mil
bebês apresentando focomelia e outras alterações congênitas ambas associadas à utilização do
medicamento pelas mães (ALENCAR et al., 2013). Os cientistas têm focado na questão da
segurança no uso de medicamentos durante a gestação, pois de fato, pouco se sabe sobre o
efeito causado no feto humano. Essa situação decorre da impossibilidade de se realizarem
testes em humanos e da dificuldade de extrapolar os resultados obtidos em ensaios pré-
clínicos in vitro e in vivo (RIBEIRO et al., 2013).
O primeiro trimestre de gestação é o mais delicado e o de maior risco de ação danosa para o
feto, por ser a fase na qual ocorre formação de basicamente todas as estruturas anatômicas e
fisiológicas do feto, sendo, portanto, imprescindível ser redobrado o cuidado na administração
de medicamentos durante o período (MAIA et al., 2014, RIBEIRO et al., 2013).
Durante muito tempo, acreditou-se que o embrião ou feto estava totalmente protegido pela
placenta. Contudo, a identificação da síndrome da rubéola congênita, em 1941, derrubou a
ideia de que a placenta era totalmente impermeável. A partir de então, a gestação começou a
ser observada como uma situação especial que necessita de cuidados especiais. Qualquer
agente permeável à placenta passou a ser considerado perigoso pela possibilidade de
desenvolvimento de alterações fetais e embrionárias de natureza morfológica e ou fisiológica
(RAMOS et al., 2008).
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Quando se utiliza um fármaco durante o período da gestação, deve-se avaliar sempre o fator
risco/benefício para mãe e feto. O medicamento de escolha deve ser aquele que não possui
efeito teratogênico ou qualquer alteração funcional. Com o objetivo de orientar e auxiliar o
prescritor na escolha terapêutica mais adequada para a gestante, desde 1975 a agência
americana FDA (Food and Drug Administration) adota a classificação de medicamentos
conforme o risco associado ao seu uso durante a gravidez, que são classificados em 5
categorias (A, B, C, D e X), crescentemente, de acordo com o grau de riscos à gestação,
tomando por base, predominantemente, o primeiro trimestre de gravidez (RIBEIRO et al.,
2013).
A classificação “A” refere-se aos estudos controlados em mulheres que não apresentaram
risco no 1º trimestre e a possibilidade de dano ao feto é remota. A classe “B” corresponde às
pesquisas em reprodução animal e não demonstram riscos ao feto, porém não há estudos em
gestantes. A categoria “C” está ligada à estudos em animais que revelaram efeitos adversos no
feto e não há pesquisas em mulheres. Na classe “D” há evidencias de risco para o feto
humano, mas os benefícios do uso em gestantes podem justificar seu uso. A classe “X”
corresponde à drogas contraindicadas para mulheres que pretendem engravidar (RAMOS et
al., 2008).
Uma avaliação nos prontuários de pacientes com malformações congênitas atendidas pela
Associação Norte Paranaense de Reabilitação constatou a prevalência de 62,3% de mães que
utilizaram medicamentos durante o período gestacional. Também foi relatado no estudo,
tentativas de aborto consideradas importantes para os autores, pois é comum o uso de
substâncias químicas com o misoprostol para esta finalidade. (RAMOS et al., 2008).
Os medicamentos isentos de prescrição (MIP) são os mais utilizados por gestantes, devido à
sua facilidade de consumo, porém, assim como os que necessitam de prescrição, podem trazer
prejuízo à gestante e por consequência ao feto (SILVA, 2013).
Para o tratamento de alterações fisiológicas causadas pela gestação como náuseas e vômitos a
classe muito utilizada são os anti-histamínicos, porém afetam a gestante com sonolência e
alguns estudos apontam risco considerável de más formações congênitas como seu uso
(SILVA, 2013).
O uso de laxantes deve ser utilizado em curto prazo ou, ocasionalmente, para evitar a
desidratação ou desequilíbrios eletrolíticos. Já, o uso de anti-infamatórios não esteroidais
(AINES) no terceiro trimestre de gestação aumenta o potencial de risco de constrição
prematura do ducto intrauterino arterial, o que resulta na hipertensão pulmonar fetal e na
diminuição do líquido amniótico (KOREN et al., 2006).
Durante o período gestacional, alguns princípios básicos devem ser observados pelos
profissionais de saúde para a correta prescrição de medicamentos, tais como relação dos
riscos e benefícios, experiência prévia com o fármaco e suas propriedades como meia-vida,
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dose recomendada, via e horário de administração, tempo de ação e níveis séricos, entre
outros (RIBEIRO et al., 2013).
A utilização de medicamentos na gravidez deve ser vista com cautela e avaliação criteriosa
em relação ao risco/beneficio, devido às possíveis implicações sobre a saúde do feto
(OSORIO-DE-CASTRO et al. 2004).
Sobre as queixas de dores posicionais, uma das maiores queixas das gestantes, tratamentos
não farmacológico com hidroginástica e fisioterapia apresentam benefícios significativos.
Nesse contexto, a participação integrada dos diferentes profissionais que oferecem assistência
às gestantes, precisa ocorrer quando se discute sobre o uso de medicamentos, tento em vista
as amplas possibilidades de tratamento para algumas queixas. Especialmente o farmacêutico
por ser habilitado e capacitado para todas as questões relacionadas ao uso do medicamento,
contribuindo no desenvolvimento de programas de educação em saúde a fim de informar e
orientar sobre os riscos do uso inadequado de medicamentos no período gestacional
(SANTOS et al., 2013, GALATO et al., 2015).
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A filosofia da atenção farmacêutica prevê uma prática voltada ao paciente, que busca atender
as necessidades sociais de controlar a morbimortalidade relacionada ao uso de medicamento
(PEREIRA, FREITAS, 2008).
Dessa forma o profissional farmacêutico deve estar inserido na equipe multidisciplinar que
presta acompanhamento pré-natal, já que a atenção farmacêutica propõe ações que vão muito
além do que apenas acompanhar a farmacoterapia, mas também buscar a saúde e qualidade de
vida da gestante. (RODRIGUES FILHO, 2011).
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6. Conclusão
A gestação compreende situação única, na qual a exposição à determinada substância envolve
dois organismos. A resposta fetal é diferente da observada na gestante, podendo resultar em
toxicidade fetal com lesões até mesmo irreversíveis.
Referências
BALDON, J P; CORRER, C J; MELCHIORS A C; ROSSIGNOLI, P; FERNÁNDEZ—
LLIMÓS, F; PONTAROLO, R. Conhecimento e atitudes de farmacêuticos comunitários
na dispensação de medicamentos para gestantes. Pharm Practice 2006; 4(1): 38-43.
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GIL, A C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
KOREN, G. et al. Nonsteroidal antiinflammatory drugs during third trimester and the
risk of premature closure of the ductus arteriosus: a meta-analysis. Ann Pharmacother.
2006, v.40 e.5 p.824-9. Disponivel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16638921
Acesso em: 06 fev. 2017.
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MENGUE, S S. et al. Uso de medicamentos por gestantes em seis cidade brasileiras. Rev.
Saúde Pública, Porto Alegre, v. 5, n. 35, p.415-420, 8 ago. 2001. Disponível em:
<https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/71406/000305989.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 12 fev. 2017
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