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Faculdade de Ciências Sociais e

Humanas

Curso de Licenciatura em Direito

TRABALHO DE HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS E JURÍDICAS

IDADE MÉDIA

Nome: Elisa Cleisla Chiliva Miranda

Nº: 20201445

Turma: B

Docente: Dickson João

Luanda, Abril de 2021

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Índice

Introdução.............................................................................................................3
Quando surgiu o termo “Idade Média”?................................................................4
Cristianismo..........................................................................................................5
Trabalho e formas de organização social e cultural...............................................6
Filosofia................................................................................................................7
Arquitectura..........................................................................................................8
Santo Agostinho....................................................................................................9
Duas Cidades......................................................................................................10
Conclusão............................................................................................................ 11
Referências Bibliográficas..................................................................................12

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Introdução

O meu trabalho tem como tema a Idade média, é primordial explicar quando surge, e
quais os acontecimentos marcados na mesma época. Falarei também sobre os
pensadores daquele tempo e por fim, chegarei ao autor que agora por nós será estudado
Santo Agostinho.

A Idade Média é um dos quatro grandes períodos da história segundo a divisão


moderna realizada pelos historiadores. Nela a Idade Média localiza-se entre a Idade
Antiga e a Idade Moderna, estendendo-se de 476 a 1453. Sabe-se atualmente que o
período medievo trata-se de uma divisão eurocêntrica, uma vez que sua consideração
leva em consideração, sobretudo, os acontecimentos relacionados ao continente
europeu.

Os marcos utilizados pelos historiadores para definir-se o início e o fim da Idade Média
são:

1. Desagregação do Império Romano do Ocidente, em 476.


2. Conquista de Constantinopla pelo Império Otomano, em 1453.

3
Quando surgiu o termo “Idade Média”?
O termo “Idade Média” não foi criado pelas pessoas que viveram no medievo, mas sim
por pessoas que viveram após ele. Os responsáveis por essa nomenclatura foram
os renascentistas, e um dos primeiros a valer-se da ideia por trás dela foi um italiano do
século XV chamado Giovanni Andrea1.

Essa nomenclatura possuía uma conotação pejorativa, uma vez que tal “tempo médio”
era considerado um período que separava a Europa da tradição clássica (greco-romana).
Assim, nessa concepção, houve o período clássico (Antiguidade), interrompido pela
Idade Média, entendida negativamente, e, com o fim dela, houve o resgate da tradição
clássica ou um “renascimento”.

A palavra “renascimento” foi utilizada exactamente com o propósito de demonstrar que


a humanidade estava renascendo pelo resgate da cultura clássica, entendida como
superior. Os renascentistas consideravam que seu período era marcado pelo esplendor
artístico e cultural e que a Idade Média era, portanto, uma época de atraso e ruína.

Feudalismo

Tradicionalmente, o feudalismo foi sempre entendido como um modelo exclusivamente


econômico, mas a opinião predominante entre os historiadores é a de que se trata de
um conceito-chave que nos ajuda a entender muita coisa da Idade Média e que não se
aplica exclusivamente ao campo econômico.

Então, o conceito de feudalismo vale para entender, além da questão econômica, toda
a organização social, política, cultural e ideológica da Europa medieval. Seu
período clássico existiu entre os séculos XI e XIII. O período anterior — século V ao X
— é entendido como o momento no qual o feudalismo esteve em formação. A partir do
século XIV, iniciou-se a sua crise.

Os historiadores consideram que o processo de consolidação do feudalismo estabeleceu-


se com a fusão da cultura romana com a germânica. Um dos marcos desse momento
foi o surgimento das relações de vassalagem no Império Carolíngio, durante o século
VIII. Outros processos ainda estavam em curso, como a feudalização e
a ruralização da Europa.

Crise do século XIV

A Europa medieval entrou em crise, a partir do século XIV, por uma série de fatores.
Primeiramente, é importante considerar que, a partir do século XI, embora o feudalismo
estivesse no seu auge, transformações começaram a ocorrer no continente europeu. A
população e a produção agrícola aumentaram, e houve um renascimento do comércio e
das cidades.

Esse renascimento gerou transformações significativas na organização social. A


sucessão de catástrofes que marcaram o século XIV fez com que o medievo entrasse em
1
 JUNIOR, Hilário Franco. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006. p. 11.

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crise. Esse século ficou marcado por guerras, revoltas de camponeses e de trabalhadores
urbanos, fome e peste. Houve também colheitas ruins que levaram a um aumento
significativo do preço do alimento, o que resultou em fome.

O renascimento urbano enfraqueceu o isolamento feudal, e o crescimento das cidades


resultou em uma série de novos ofícios. A falta de empregos nas cidades e as
dificuldades de sobreviver no campo motivaram grandes revoltas em ambos lugares.
Politicamente o mundo reorganizava-se, e os reinos deram lugar para os Estados
Nacionais, estrutura com poder mais centralizado.

O evento mais catastrófico desse século foi a Peste Negra, o surto de peste bubónica que
se espalhou e resultou na morte de 1/3 da população europeia. Em alguns locais, como
na Inglaterra, o impacto dela foi mais severo, uma vez que o historiador Jacques Le
Goff afirma que 70% da população inglesa morreram nesse período2.

O fortalecimento do comércio na Europa levou à formação de novas práticas


económicas. O desenvolvimento do mercantilismo garantiu o fim do feudalismo, e o
fechamento do Oriente com a queda de Constantinopla fez com que os europeus
explorassem o Oceano Atlântico, abrindo novas fronteiras e levando-os à colonização
das Américas.

Cristianismo
O cristianismo estabeleceu-se como instituição nos séculos finais do Império Romano.
Enquanto o Império Romano desmanchava-se em crises internas, a Igreja Católica
fortaleceu-se e firmou suas bases. A perseguição aos cristãos encerrou-se a partir de 313
com o Édito de Milão, assinado pelo imperador Constantino. A partir de 380, com a
assinatura do Édito de Tessalônica pelo imperador Teodósio, o Cristianismo
transformou-se na religião oficial do Império.

O estabelecimento da Igreja e a formação da doutrina eclesiástica ocorreram mediante


os conflitos causados pelas heresias, isto é, todas as doutrinas religiosas que não
estavam de acordo com a ortodoxia vigente. Essas heresias colocavam a existência da
Igreja em risco e foram duramente combatidas. Como exemplos, podemos citar o
gnosticismo, pelagianismo, priscilianismo e o arianismo, uma das heresias que mais
possuiu adeptos. A Igreja Católica firmou-se entre os povos germânicos a partir da
conversão de Clóvis, rei dos francos no século VI.

Esse primeiro momento de estabelecimento da Igreja deveu-se muito a algumas


personalidades, como Santo Agostinho, Santo Atanásio, São Jerônimo, Gregório
Magno etc. Todos contribuíram para a construção da doutrina eclesiástica e o
fortalecimento da Igreja a partir do combate às heresias.

Na questão ideológica, a Igreja Católica cumpria um papel importante naquela


sociedade, uma vez que propagava a ideologia que justificava a organização social. Para

2
|3| LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 228.

5
a Igreja, cada grupo possuía uma função específica a ser realizada, e essas funções
haviam sido estabelecidas por Deus. A Igreja, portanto, definia
aquela sociedade como estamental, e isso resultava em pouca mobilidade social.

Trabalho e formas de organização social e cultural


Com a ascensão do feudalismo, surgiu uma forma de trabalho distinta durante a Idade
Média, que alterou completamente a forma de organização social e cultural: a servidão.
A sociedade feudal foi a resposta à uma necessidade de manter a estabilidade após uma
forte fragmentação de reinos, no qual se concediam benefícios em forma de feudos.

O resultado foram inúmeros reinos, com seus suseranos, como forma de pacto de
fidelidade, para se manter uma força guerreira estável no período. Os vassalos se
apresentavam como camponeses que mantinham uma condição servil, trabalhando nas
terras do feudo. Obviamente, esta não foi a única forma de trabalho da Idade Média,
mas sim a que se distinguia à escravidão antiga.

Cultura Medieval

A Cultura Medieval é caracterizada pela influência da Igreja Católica sobre as culturas


greco-romanas e germânicas durante a Idade Média. Nesse contexto, entende-se como
cultura todas as atividades relacionadas à educação, à ciência, à filosofia, à arquitetura e
à música, entre outros elementos.

A Idade Média (476-1453), também chamada de Idade das Trevas, por muito tempo foi
vista como uma época de atraso cultural devido, principalmente, a interferência da
igreja na produção científica. A visão negativa também advém das várias guerras,
doenças e desigualdades sociais que ocorreram.

Contudo, actualmente essa conotação negativa não é tão utilizada. A ideia de escuridão
tem sido desmistificada aos poucos por alguns historiadores do século XX, que
reconheceram que houve sim produção de conhecimentos que contribuíram para a
Cultura Medieval.

Educação

Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros. Como
era de se esperar, a educação dentro da Cultura Medieval desenvolveu-se com base nos
ensinamentos religiosos. Existiam quatro tipos de escolas:

Escolas paroquiais - voltada para a formação de padres, o ensino das escolas


paroquiais restringia-se aos salmos e às lições das escrituras sagradas.

Escolas monásticas - as escolas monásticas inicialmente formavam apenas monges,


funcionando em regime de internato. Mais tarde foram abertas escolas externas, que

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abrigavam filhos dos reis e dos servidores, que aprendiam sobre latim, gramática,
retórica e dialéctica.

Escola palatina - o ensino dado aos filhos de reis e servidores, nas escolas monásticas,
virou quase uma obrigatoriedade para esse público. Nas escolas palatinas havia uma
espécie de programa de ensino para as sete artes liberais, subdivididas em trivium
(gramática, retórica, dialéctica) e quadrivium (geometria, astronomia, música e
aritmética).

Filosofia
Na universidade surgiu o método filosófico da escolástica – “questiones et
responsiones”, inicialmente utilizado como um método que buscava conciliar o
pensamento eclesiástico e o pensamento filosófico. Thomaz de Aquino foi o principal
propagador dessa filosofia.

Baseada nos ideais dos filósofos gregos Aristóteles e Platão, a Escolástica marcou a
Cultura Medieval, principalmente pelo contacto com novas leituras, em especial as
obras Arquimedes traduzidas do árabe para o latim. O método escolástico consistia na
leitura de textos produzidos por filósofos sobre determinados temas. Com isso, a
proposta era provocar debates sobre os problemas filosóficos: a relação fé x razão e o
problema dos universais.

Ciência

A produção científica da Cultura Medieval pouco se desenvolveu nesse período. Um


dos motivos foi o impedimento da Igreja para realização de experimentos, bem como a
má qualidade das traduções dos tratados científicos gregos.

Além de Bacon e Ockham, outros nomes se destacaram na ciência durante o período da


história medieval como:

• Albertus Magnus
• São Tomás de Aquino
• Robert Grosseteste
• João Duns Scot
• Jean Buridan
• Nicolás d'Oresme
• Jordanus de Nemore
• Theodoric de Freiberg
• Thomas Bradwardine
• Nicolau de Cusa
• Santo Agostinho

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Arquitectura
Outro elemento que marcou a Cultura Medieval foi a arquitectura, cujos patrimónios
ainda permanecem e encantam a muitos. A maioria das construções arquitectónicas da
época se resumiu em igrejas, mosteiros e catedrais.

Dois estilos predominaram as construções: o romântico, que surgiu na França e Itália


entre os séculos XI e XIII, e gótico, datado entre os séculos XII e XV.

Características do estilo romântico:

• Construções feitas de pedra;

• Igrejas em formato de cruz e estilo de defesa;

• Poucas janelas;

• Pouca iluminação;

• Arcos de volta-perfeita;

• Paredes espessas.

Literatura

A maior parte dos textos literários da Cultura Medieval estavam em latim (língua
oficial) e relacionados a temas religiosos. As primeiras literaturas em línguas vernáculas
pertenceram ao Trovadorismo e Humanismo (fase de transição para o Classicismo).

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Santo Agostinho
Aurelius Augustinus (Aurélio Agostinho), mais conhecido como Santo Agostinho
de Hipona, foi o patrono da ordem religiosa agostiniana e um dos responsáveis pela
concepção do pensamento cristão medieval e da filosofia patrística.

A paz para Santo Agostinho

A principal finalidade a prosseguir no uso do poder é, para SANTO Agostinho, a


preservação da paz. E a primeira vez que o tema da paz é assumido como tema de
pregação da igreja Católica e na História das Ideias Políticas e assim perdurara, embora
com excepções e intermitências, até aos nossos dias.
A propósito dos fins últimos das duas cidades, o nosso autor trata do supremo bem e do
supremo mal, sublinhando do lado dos males que afligem o homem o uso destemperado
da força, a insegurança da vida individual, doméstica e social, o abuso da tortura, a
divisão do mundo e a atrocidade das guerras (quantas guerras, quantos massacres,
quanta efusão de sangue") (A Cidade de Deus, liv. XIX, 5-9).

Noção de Estado.

Na concepção agostiniana, a graça de Deus não serve para porquanto só libera uma
pequena minoria da grande massa dos pecadores: por isso, se a graça divina é
inadequada à estruturação da vida social, outros meios têm de ser encontrados. Esses
meios são organizados pelo Estado: a prevenção, a sanção, a repressão.

A paz e a segurança terrena devem ser asseguradas por “mão pesada”- a coacção e a
punição, em ordem evitar que elas sejam destruídas pelas forças poderosas do pecado.
Assim, o principal instrumento do Estado para obter a paz e a segurança é o sistema
jurídico, o Direito.

Igreja e Estado

Para começar, importa ter presente que uma coisa foi o pensamento genuíno de SANTO
AGOSTINHO Correcto, ortodoxo, assente na doutrina da clara diferenciação entre o
espiritual e o temporal- e outra coisa, bem diversa, foi a concepção que nos séculos
seguintes se atribuiu ao bispo de Hipona da supremacia da Igreja sobre o Estado. A
Igreja devia ser, assim, uma verdadeira escola de civismo. Mas houve dois factores de
peso que contribuíram para abrir as portas, nos séculos seguintes, ao que ficou a ser
conhecido como "agostinianismo político", ou a doutrina da supremacia da Igreja sobre
o Estado.

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Duas Cidades
Santo Agostinho, que nos dera a definição preliminar de cidade, nos vai dar uma
segunda, quase idêntica à primeira, mas mais curta. Ele diz: “Civitas, concors hominum
multitudo”. (Epist., Olim LII.). Cidade é a reunião dos homens em comunhão de
coração, ou, em outros termos, cujos corações se possuem do mesmo amor. Os
homens são unidos ou desunidos em função do amor. Dois homens que
compartilhem o mesmo amor estão unidos; dois outros que o não compartilhem, estão
desunidos. 

O teor dessa doutrina encontra-se resumida na famosa máxima de Santo Agostinho:

Se há dois amores, há duas cidades.

“Dois amores fazem duas cidades”, diz Santo Agostinho. O próprio doutor descreve
os dois princípios constitutivos das duas cidades: “São dois os amores, diz ele, em
que um é puro, e o outro impuro; um junta, e o outro espalha; um quer o bem
comum em vistas da sociedade celeste, e o outro se vale do bem comum e submete-o a
seu domínio por orgulho e prevalência; um submete-se a Deus, e o outro Lhe tem
inveja; um é tranqüilo, e o outro turbulento; um é pacífico, e o outro sedicioso; um
prefere a verdade aos louvores dos palradores, e o outro é ávido de louvores,
quaisquer sejam suas fontes; um deseja ao próximo o bem que para si deseja, e o
outro deseja submeter o próximo; um governa os homens para o bem do próximo, e o
outro para seu proveito; esses dois amores, de que já se imbuíam os anjos, um nos
bons, e o outro nos maus, esses dois amores erigiram duas cidades por entre os
homens” (De Genesi ad litt., Lib. XI, c. XV.).

A natureza manchada do pecado na cidade terrestre, os homens só vislumbram a terra e


o amor-próprio; na cidade celeste, a Deus só distinguem, e Nele a eterna felicidade.

Cidade de Deus

A cidade de Deus é obra de Deus, por um ato santíssimo e boníssimo do Criador, o qual
ato, chamando as criaturas racionais à existência, chama-lhes também à graça e,
finalmente, à glória, constituindo deles e neles a cidade obra de Suas mãos. Nessa
cidade, tudo é bem, já que de Deus vem; tudo é bom, já que para Deus vai; tudo é feliz,
já que em Deus permanece para sempre.

Cidade dos homens

A cidade do mundo é obra da criatura que se apartou de Deus por desobediência, que
vive sem Deus sob o pretexto duma falsa liberdade, e que enfim se dirige à uma
infelicidade sem termo no inferno, lá onde os desgraçados terão fome e sede de Deus, e
não as poderão saciar nele. A cidade do mundo, desesperada da eternidade, deseja fixar-
se no tempo, mas o tempo se não fixa nela e lhe rouba a cada dia os objetos de seus
falsos prazeres: eis porque não tem a paz.

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Conclusão

Em suma, como mencionado, o marco utilizado pelos historiadores para determinar o


início da Idade Média foi a desagregação do Império Romano do Ocidente, em 476.
Nessa data, o último imperador de Roma, Rômulo Augusto, foi destituído do trono
pelos hérulos, povo germânico liderado por Odoacro. Não houve um acontecimento
único que causou uma ruptura tão intensa que determinasse o início e o fim da Idade
Média.

O que caracteriza a passagem do mundo antigo para o medieval e do mundo medieval


para o mundo moderno são diversos factores combinados ao longo do tempo, que
modificam a lógica de organização política, o trabalho e as formas de organização social
e cultural.

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Referências Bibliográficas

Livro de História das ideias Politicas e Jurídicas de Diogo Freitas de Amaral

https://www.historiadomundo.com.br/idade-media/a-igreja-medieval.htm

https://www.historiadomundo.com.br/idade-media

Cultura Medieval | Educa Mais Brasil

Idade Média – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3%A9dia

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