Você está na página 1de 171

Recursos Naturais e

Fontes de Energia
Profª. Louise Cristine Franzoi
Profª. Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro Rubin
Profª. Renata Joaquim Ferraz Bianco

2017
Copyright © UNIASSELVI 2017

Elaboração:
Profª. Louise Cristine Franzoi
Profª. Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro Rubin
Profª. Renata Joaquim Ferraz Bianco

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

343.81092
F837r Franzoi, Louise Cristine
Recursos naturais e fontes de energia / Louise Cristine
Franzoi; Joseane Gabriele Kryzozun Rubin; Renata Joaquim Ferraz
Bianco: UNIASSELVI, 2017.

161 p. : il.

ISBN 978-85-515-0089-7

1.Recursos Naturais.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

Impresso por:
Apresentação
Bem-vindo(a) aos estudos referentes à disciplina de Recursos
Naturais e Fontes de Energia! Este material conta com um amplo
apanhado de conteúdos referentes a esta temática tão atual no Brasil e no
mundo. A partir da década de 1960, a humanidade passou a repensar sua
relação com o ambiente em que está inserida, especialmente no que tange
à utilização e degradação dos recursos naturais. Conforme as discussões e
os movimentos ambientalistas foram avançando, houve a necessidade de
repensarmos nosso atual modelo de “desenvolvimento”.

Desta forma, este caderno de estudos, em sua primeira unidade,


versa sobre o estudo referente aos conceitos de Ecodesenvolvimento
e de Desenvolvimento Sustentável sob uma perspectiva crítica, a partir
da análise de seu verdadeiro significado. Em seguida, são abordadas as
principais normas do Direito Ambiental (DA) Internacional e Nacional, a
partir do foco nos princípios básicos do DA. Na sequência, são estudados
os principais marcos legais do DA brasileiro, a partir da Política Nacional
do Meio Ambiente, Lei no 6.938, de 1981. Finalmente, ainda na Unidade
1 apresenta-se o estudo dos chamados espaços territoriais especialmente
protegidos (ETEP), seu conceito e suas tipologias. Posteriormente é
abordado o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC),
os tipos de Unidades de Conservação existentes, além dos aspectos
necessários à criação de uma UC.

Na Unidade 2 do caderno de Recursos Naturais e Fontes de


Energia serão apresentados os conceitos dos recursos naturais renováveis
e não renováveis, bem como os problemas ambientais recorrentes no
planeta. Os recursos naturais renováveis são aqueles que apresentam
renovação cíclica. Entretanto, devido ao alto grau de poluição antrópica,
há o impedimento da renovação de muitos destes recursos. Já, os recursos
naturais não renováveis são aqueles que demoram milhões de anos
para serem formados, portanto não têm a renovação a curto prazo. E
para finalizar esta unidade, iremos verificar alguns desastres ambientais
mundiais e os últimos que ocorreram no Brasil, além das consequências
que a poluição humana está acarretando no nosso planeta.

III
Para finalizar o caderno de estudos de Recursos Naturais e Fontes
de Energia, a Unidade 3 irá apresentar uma perspectiva da produção de
energia com ênfase no cenário brasileiro. A abordagem de estudo desta
unidade tem o intuito de concluir os estudos deste caderno fazendo com
que você reconheça a matriz energética presente no cenário brasileiro, saiba
definir e relacionar a energia com o meio ambiente e, finalmente, identifique
e repense os desafios futuros para a geração de energia no Brasil.

Bons estudos!

NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...................... 1

TÓPICO 1 – AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO? ........ 3
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3
2 HISTÓRICO DO AMBIENTALISMO ............................................................................................ 3
2.1 A DÉCADA DE 60 ......................................................................................................................... 3
2.2 A DÉCADA DE 70 ......................................................................................................................... 4
2.3 A DÉCADA DE 80 ......................................................................................................................... 5
2.4 A DÉCADA DE 90 ......................................................................................................................... 5
2.5 O AMBIENTALISMO NO SÉCULO XXI ................................................................................... 6
3 ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................... 8
3.1 AS EMPRESAS E A “SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL” . ................................................ 13
4 AGROECOLOGIA E A SUSTENTABILIDADE RURAL ............................................................ 14
4.1 ASPECTOS GERAIS ...................................................................................................................... 14
4.2 AS DIFERENTES ESTRATÉGIAS DA AGROECOLOGIA ...................................................... 17
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 20
RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................................................................... 25
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 26

TÓPICO 2 – DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL.


QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA
NESTE CONTEXTO? ..................................................................................................... 27
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 27
2 DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL E NACIONAL .................................................... 28
2.1 OS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL ........................................................................... 29
3 DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO: COMPETÊNCIAS E MARCOS LEGAIS ................ 31
3.1 AS COMPETÊNCIAS DA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS ............................................ 31
4 A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ..................................................................... 33
4.1 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE .............................. 34
4.1.1 Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental ..................................................... 35
4.1.2 Zoneamento ambiental (ZA) ............................................................................................... 35
4.1.3 Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) ......................................................................... 36
4.1.4 Licenciamento Ambiental (LA) . ......................................................................................... 39
RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................................................................... 43
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 44

TÓPICO 3 – A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE


PROTEGIDOS ................................................................................................................. 45
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 45
2 O CONCEITO DE ESPAÇO TERRITORIAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO .................. 45
2.1 ÁREA DE PROTEÇÃO ESPECIAL ............................................................................................. 47
2.2 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE . ........................................................................... 47

VII
2.3 RESERVA LEGAL .......................................................................................................................... 47
2.4 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .............................................................................................. 48
3 O SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (SNUC) ............................ 49
4 COMO SÃO CRIADAS AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO? ............................................. 52
RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................................................................... 54
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 55

UNIDADE 2 – RECURSOS NATURAIS ........................................................................................... 57

TÓPICO 1 – RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS .................................................................. 59


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 59
2 RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS ....................................................................................... 59
2.1 AR . ................................................................................................................................................... 59
2.2 ÁGUA .............................................................................................................................................. 61
2.3 SOLO ............................................................................................................................................... 64
2.4 FAUNA . .......................................................................................................................................... 65
2.5 FLORA . ........................................................................................................................................... 66
2.6 BIODIVERSIDADE . ...................................................................................................................... 67
RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 70

TÓPICO 2 – RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS ........................................................ 71


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 71
2 RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS ............................................................................ 71
2.1 PETRÓLEO ..................................................................................................................................... 71
2.1.1 Breve histórico da extração de petróleo no Brasil ............................................................ 72
2.1.2 Extração do petróleo ............................................................................................................ 73
2.1.3 Refino do petróleo ................................................................................................................ 74
2.2 CARVÃO . ....................................................................................................................................... 75
2.3 GÁS NATURAL ............................................................................................................................. 77
2.4 URÂNIO . ........................................................................................................................................ 78
RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................................................................... 80
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 81

TÓPICO 3 – AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE ............................................................ 83


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 83
2 HISTÓRICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ............................................................................ 85
3 MODIFICAÇÕES AMBIENTAIS E SEUS IMPACTOS .............................................................. 88
4 PROBLEMAS AMBIENTAIS GLOBAIS ........................................................................................ 89
4.1 EFEITO ESTUFA E AQUECIMENTO GLOBAL ....................................................................... 90
4.2 DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO ............................................................................ 92
4.3 CHUVA ÁCIDA ............................................................................................................................. 94
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 95
RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................................................................... 103
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 104

UNIDADE 3 – A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA ............................................. 105

TÓPICO 1 – MATRIZ ENERGÉTICA NO CENÁRIO BRASILEIRO ......................................... 107


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 107
2 MATRIZES ENERGÉTICAS RENOVÁVEIS ................................................................................ 108
2.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA BIOMASSA . ............................................................. 112

VIII
2.2 A BIOMASSA NO BRASIL . ......................................................................................................... 113
3 MATRIZES ENERGÉTICAS NÃO RENOVÁVEIS ..................................................................... 118
3.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS ............................................................................................ 118
4 POLÍTICA ENERGÉTICA BRASILEIRA ....................................................................................... 119
RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................................................................... 122
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 123

TÓPICO 2 – ENERGIA E MEIO AMBIENTE .................................................................................. 125


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 125
2 INOVAÇÕES INTELIGENTES ........................................................................................................ 127
3 AULA PRÁTICA ................................................................................................................................. 133
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 138
RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................................................................... 141
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 142

TÓPICO 3 – DESAFIOS FUTUROS PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL .......... 143


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 143
2 BANDEIRAS TARIFÁRIAS ............................................................................................................. 143
3 INCENTIVO FISCAL ......................................................................................................................... 144
4 A CRISE ENERGÉTICA E AS DIFERENTES VISÕES DO PROBLEMA ................................ 147
4.1 UMA VISÃO PARA O FUTURO . ............................................................................................... 149
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 150
RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................................................................... 152
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 153
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 155

IX
X
UNIDADE 1
AMBIENTALISMO E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• identificar os principais acontecimentos do movimento ambientalista ao


final do século XX e início do século XXI;
• refletir sobre as intenções das grandes corporações frente aos pilares da
sustentabilidade;
• conhecer os conceitos de Ecodesenvolvimento e Desenvolvimento Susten-
tável, observando suas principais diferenças;
• compreender o conceito de Agroecologia, algumas de suas técnicas e seu
papel diante de uma perspectiva de desenvolvimento socioambiental e
econômico responsável;
• estabelecer o conceito do termo Direito Ambiental (DA);
• analisar os princípios do DA Internacional e Nacional;
• reconhecer as competências do poder público em matéria de meio am-
biente, além dos principais marcos legais do DA brasileiro;
• caracterizar a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), o SISNAMA (Sis-
tema Nacional do Meio Ambiente), seus objetivos, bem como, alguns dos ins-
trumentos da referida política: padrões de qualidade ambiental, zoneamento
ambiental, a avaliação de impacto ambiental e o licenciamento ambiental;
• conceituar o termo Espaços Territoriais Especialmente Protegidos, além
de conhecer suas categorias principais;
• compreender os principais aspectos relativos ao Sistema Nacional de Uni-
dades de Conservação (SNUC), os tipos de UC estabelecidos por lei, con-
forme suas características;
• entender os procedimentos básicos relativos à criação de uma UC.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles
você encontrará atividades que irão contribuir para sua compreensão dos
conteúdos explorados.

TÓPICO 1 – AMBIENTALISMO,ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOL-


VIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM
A VER COM ISSO?

TÓPICO 2 – DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTER-


NACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL
PÚBLICA NESTE CONTEXTO?

TÓPICO 3 – A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE


PROTEGIDOS

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A
AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO?

1 INTRODUÇÃO
O meio ambiente, essencial à vida das espécies, tornou-se motivo de
preocupação, especialmente entre o equilíbrio da interação e as atividades
humanas e do seu entorno, somente a partir da década de 1950. Durante os anos
subsequentes, até a atualidade, aspectos supostamente desconexos da realidade
global começaram a ser conectados de modo que passamos, enquanto espécie,
a vislumbrar um futuro incerto (UNEP, 2015). Desta forma, os itens iniciais
deste tópico concentram-se em abordar os acontecimentos ligados à história do
movimento ambientalista e suas consequências.

Em seguida, trataremos sobre o conceito de desenvolvimento sustentável e


suas vertentes, além do papel das grandes corporações frente ao novo paradigma
do desenvolvimento humano.

Finalmente, falaremos a respeito da Agroecologia, seu desenvolvimento,


sua contraposição frente ao paradigma da agricultura mecanizada trazida
pela “Revolução Verde” durante a década de 1960, além de algumas técnicas
agroecológicas empregadas na atualidade.

2 HISTÓRICO DO AMBIENTALISMO

2.1 A DÉCADA DE 60
A publicação do livro “Primavera Silenciosa”, da bióloga marinha e
escritora Rachel Carson (1907-1964), alertou o mundo sobre os efeitos nocivos
da utilização de pesticidas e do próprio rumo que a relação espécie humana-
natureza estava tomando (CIÊNCIA HOJE, 2012).

O emprego do DDT (dicloro-difenil-tricloroetano) começou a ser efetuado


posteriormente à Segunda Guerra Mundial, no combate a insetos que atacavam
as plantações agrícolas. Contudo, após uma década, episódios de contaminação
da água e do solo, bem como a morte de animais, começaram a ser noticiados
(CIÊNCIA HOJE, 2012).

3
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A referida publicação resultou em grande comoção na opinião pública dos


Estados Unidos, que culminou com a criação da Agência de Proteção Ambiental
(EPA), além da proibição do uso do DDT.

No ano de 1968 é criado o Clube de Roma, composto por economistas,


pedagogos e membros da comunidade científica de dez nacionalidades,
cujo objetivo foi o de discutir e analisar os limites do crescimento econômico
considerando a crescente utilização dos recursos naturais.

2.2 A DÉCADA DE 70
No ano de 1970 observa-se o agravamento dos problemas ambientais,
pois trata-se de uma época de grandes transformações mundiais.

Em 1972 é realizada a primeira Conferência das Partes (COP-1), em


Estocolmo, na Suécia, com a participação de 113 países. O evento alertou diversas
nações sobre as consequências da degradação ambiental para o planeta (PORTAL
BRASIL, 2012). Neste mesmo ano, o Clube de Roma publica o relatório intitulado
“Os limites do Crescimento”, que apontava para uma sombria realidade. Este
documento analisava cinco variáveis: tecnologia, população, nutrição, recursos
naturais e meio ambiente. O principal resultado do estudo constituiu-se na
conclusão de que, mantidas as taxas de crescimento atuais, o limite da Terra seria
alcançado em 100 anos (FRANCO, 2000; UNEP, 2016).

Possivelmente, um dos princípios mais importantes que resultaram da


Conferência de Estocolmo versou sobre a importância da Educação Ambiental
enquanto campo de atuação da pedagogia, no sentido de considerar a educação
enquanto verdadeira ferramenta de mudanças socioambientais. A seguir é
apresentado este princípio na íntegra:

É indispensável um esforço para a educação em questões ambientais,


dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida
atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar
as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta
dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido
de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio
ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial
que os meios de comunicação de massas evitem contribuir para a
deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam
informação de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e
melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os
aspectos (ESTOCOLMO, 1972, princípio 19).

Um dos marcos importantes desta Conferência foi a instituição do


Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), cuja missão
atual é de “[...] liderar e encorajar parcerias ambientais, inspirando, informando e
preparando povos e nações para melhorar sua qualidade de vida sem prejudicar
a das gerações futuras” (INSTITUTO BRASIL PNUMA, 2016).

4
TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO?

Em relação aos acontecimentos ligados ao meio ambiente ocorridos


durante a década de 70, a COP-1 caracterizou-se por exprimir o “espírito da
época”, ou, ao menos, a visão de muitos ocidentais frente às discussões inerentes
às questões ambientais globais (UNEP, 2016).

2.3 A DÉCADA DE 80
No decorrer da década de 80, mais especificamente em 1983, a Organização
das Nações Unidas (ONU) cria a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMA), presidida pela primeira-ministra da Noruega, Gro
Harlem Brundtland.

Esta mesma comissão, no ano de 1987, publicou um relatório denominado


“Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), que apresenta ao mundo o
conceito de desenvolvimento sustentável. Este conceito e suas nuances serão
melhor discutidos adiante, onde se aborda o tema Ecodesenvolvimento e
Desenvolvimento Sustentável (ONUBR, 2014). O referido Relatório apresenta
como proposta a junção entre os aspectos econômicos, tecnológicos e políticos, além
de atentar para uma nova postura ética, que deve contemplar a responsabilidade
intergeracional e entre os indivíduos da atual civilização (FRANCO, 2000).

Possivelmente, o maior avanço obtido pela Comissão Brundtland seja a


abertura de precedentes para a realização da Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92 ou
Cúpula da Terra (ONUBR, 2014).

2.4 A DÉCADA DE 90
A Rio-92 ou Cúpula da Terra foi realizada em junho do ano de 1992, na
cidade do Rio de Janeiro. Este evento contou com a participação de 179 países
e marcou a maneira como a humanidade vislumbrava sua relação com o meio
ambiente. Tratou-se de um momento histórico inédito, pois a comunidade política
em nível mundial admitiu que era necessário compatibilizar desenvolvimento
socioeconômico à utilização dos recursos naturais.

FIGURA 1 – LOGOTIPO DA CONFERÊNCIA RIO-92

FONTE: Disponível em: <opiniaoenoticia.com.br>. Acesso em: 16


fev. 2016.

5
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Resultou da Cúpula da Terra um documento importante, a Agenda 21.


Nela, os governos estabeleceram um programa destinado a combater o modelo
de desenvolvimento atual, insustentável, direcionando as ações no intuito de
proteger e renovar os recursos naturais, dos quais a sociedade “depende”. Dentre
as áreas de atuação da Agenda 21 pode-se destacar, conforme ONUBR (2014):

• Proteção da atmosfera;
• Combate ao desmatamento;
• Prevenção da perda de solo e da desertificação;
• Extinguir a destruição das populações de peixes;
• Incentivar a gestão segura de resíduos tóxicos.

DICAS

Para que você, acadêmico(a), possa aprofundar seus conhecimentos, sugerimos


que assista ao vídeo do discurso da menina canadense de 12 anos, Severn Susuki, proferido
durante a ECO-92, que literalmente “calou” os governantes mundiais! Este material pode ser
acessado através do link: <https://www.youtube.com/watch?v=u5fyt0rSfdI>.

É importante frisar que a Agenda 21 pretendia realizar 20 ações práticas nos


âmbitos local, regional e internacional, de forma a parar e reverter a degradação
ambiental dos ecossistemas, além de modificar as políticas públicas que implicam
em desigualdades sociais entre as diferentes nações (AGENDA 21, 1995).

2.5 O AMBIENTALISMO NO SÉCULO XXI


Apesar da Agenda 21, o prazo em que foram propostas as principais
medidas para possibilitar uma modificação significativa no modo de vida da
sociedade não foi aplicado com afinco pelas nações e seus governantes. O encontro
que gerou a Agenda 21 também elencou outras temáticas importantes, a exemplo
da pobreza e da dívida externa dos países em desenvolvimento (ONUBR, 2014).

Agora, passemos aos principais fatos ocorridos neste século no que diz
respeito aos movimentos ambientalistas mundiais.

No ano de 2012 aconteceu no Brasil a chamada Rio+20, ou seja, 20 anos


após a realização da ECO-92, entre os dias 13 e 22 de junho. A Conferência teve
como finalidade a renovação do compromisso político com o desenvolvimento
sustentável, através da medida do progresso e dos lapsos deixados na aplicação
prática das decisões pelos principais encontros ambientais ocorridos até o
momento, além do tratamento de temáticas novas e emergentes (RIO 20, 2016).

O que mudou desde a realização da ECO-92 em relação à Rio+20?


6
TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO?

Conforme os dizeres do secretário-geral da ECO-92, o canadense Maurice


Strong, a Rio+20 gerou resultados decepcionantes em relação aos governantes
presentes na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, elogiou a participação da
sociedade civil organizada, que contou com a presença de mais de 50 mil pessoas.
Strong relatou que, além dos dirigentes das nações participantes apresentarem-se
preocupados com suas crises internas, os mesmos retrocederam em questões que
já haviam sido estabelecidas em reuniões de preparação para o evento, uma dessas
questões seria a erradicação da pobreza (ECODESENVOLVIMENTO, 2012).

Quais os temas e soluções efetivas a serem acordados durante a Rio+20?

As nações reconhecem que na esfera internacional é preciso progredir na


transferência efetiva das tecnologias, incentivo de uma política global de propriedade
intelectual, além da implementação de direitos de acesso à informação, participação
e justiça social. Os países enfatizaram a necessidade de prover um subsídio novo
de recursos financeiros destinados à construção de políticas de desenvolvimento
sustentável nas nações em desenvolvimento. A discussão sobre um novo modelo
de produção e consumo foi outro tema colocado em pauta (CUT BRASIL, 2011).

Por meio do exposto, nota-se que não houve avanços significativos


resultantes da Rio+20. Muito pelo contrário, o relatório final carece de medidas
mais efetivas e compromissos com prazos específicos. Tratou-se meramente de
uma carta de intenções.

ATENCAO

O documento final resultante da Rio+20, com o título “O futuro que


queremos”, pode ser acessado através do link: <http://www.mma.gov.br/port/conama/
processos/61AA3835/O-Futuro-que-queremos1.pdf>.

Você recorda, acadêmico(a) do discurso proferido pela menina canadense,


Severn Susuki, proferido durante a ECO-92? Pois é, durante a Rio+20 em 2012,
a mesma retorna, já com 32 anos, e profere um novo discurso sobre a questão
socioambiental mundial. Será que a humanidade efetuou algum progresso?
Confira por meio do link: <https://www.youtube.com/watch?v=k8onZK3U0VM>.

Através do que foi explanado frente ao histórico do ambientalismo


mundial, cabe salientar que diversos aspectos foram discutidos quando da
realização das diferentes conferências ambientais no final do século XX e neste
início do século XXI. Contudo, a tríade ambiente, economia e sociedade ainda
apresenta sérios problemas a serem resolvidos, inclusive sobre o próprio papel
das grandes corporações e do governo enquanto fomentadores de mudanças mais
concretas, dentre elas, a diminuição da desigualdade social (FRANZOI, 2015).
7
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

3 ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
O conceito de Ecodesenvolvimento foi cunhado por Maurice Strong, secretário
da Conferência de Estocolmo no ano de 1973. Esta definição consistia na construção de
um modelo de desenvolvimento que estivesse adaptado às regiões rurais dos países
em desenvolvimento, a partir de um emprego criterioso dos recursos ambientais
existentes, mas sem ocasionar o esgotamento destes, pois nestas regiões ainda existia
a possibilidade destas sociedades não aderirem à ilusão do crescimento mimético,
ou seja, a tentativa de reproduzir a trajetória histórica das nações desenvolvidas que
origina custos sociais e ambientais extremamente elevados (LIMA, 1997).

A partir do ano de 1974, o economista Ignacy Sachs apropria-se do termo


Ecodesenvolvimento e desenvolve um conceito para o mesmo, originando um
panorama de três eixos (pilares) para que o ecodesenvolvimento seja atingido:
eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica (LAYRARGUES,
2015). Desta forma, Sachs (1993) define o ecodesenvolvimento enquanto “o
desenvolvimento endógeno e dependente de suas próprias forças, tendo por
objetivo responder à problemática da harmonização dos objetivos sociais e
econômicos do desenvolvimento com uma gestão ecologicamente prudente dos
recursos e do meio” (apud MONTIBELLER FILHO, 1993, p. 7).

A partir das palavras de Sachs (1993) podemos verificar a evidente preocupação


com as questões econômicas do desenvolvimento, mas não desvinculadas dos aspectos
socioambientais. Existe um posicionamento ético essencial, onde o desenvolvimento
deve se direcionar às necessidades sociais mais abrangentes, relacionadas à melhoria
da qualidade de vida da maioria dos seres humanos, além do cuidado com a
conservação do meio ambiente para as gerações atuais e futuras. Por meio destas
questões foram elaboradas as cinco dimensões da sustentabilidade, que devem ser
consideradas de forma simultânea de modo a se planejar o desenvolvimento de uma
sociedade em direção à sustentabilidade: social, ecológica, espacial, econômica e
cultural. Estas dimensões podem ser observadas na figura 2.
FIGURA 2 – CINCO DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

FONTE: Disponível em: <portalefreitas.wordpress.com>. Acesso em: 9


fev.2015.

8
TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO?

A dimensão social trata-se do estabelecimento de um processo de


desenvolvimento pautado sob a ótica do conceito de uma “boa” sociedade. A
temática social abarca questões ligadas à interação dos indivíduos e à sociedade
nos aspectos de sua condição de vida. Sendo assim, a pobreza torna-se um
tema chave, pois Sachs (1993) propõe que o desenvolvimento resulte em um
crescimento estável, com uma distribuição igualitária de renda, onde se reduzam
as divergências sociais e a melhoria na qualidade de vida.

No caso da sustentabilidade ambiental, esta deve contemplar um


novo capital ao sistema capitalista, o capital natural. A partir daí este tipo de
sustentabilidade deve amplificar a capacidade do meio em prover recursos
naturais, com a mitigação dos impactos originados de sua extração. Neste
quesito, a redução do emprego de combustíveis fósseis e da emissão de
substâncias poluentes, além da substituição do uso de recursos não renováveis
por renováveis, são questões-chave no desenvolvimento de uma sustentabilidade
ambiental (SILVA; MENDES, 2005).

A dimensão espacial da sustentabilidade trata de considerar as variáveis


locais, definindo-se os objetivos e os recursos disponíveis na localidade, além de
se refletir sobre a interação com outros meios. Para tanto, é necessário buscar
uma conformação da divisão dos espaços rural e urbano, mais adequada para a
conservação da biodiversidade, concomitantemente à melhoria na qualidade de
vida dos seres humanos (SILVA; MENDES, 2005).

Na dimensão econômica deve-se atentar ao fluxo permanente de


investimentos públicos e privados (com destaque ao cooperativismo), com a
alocação e a gestão mais eficiente do capital financeiro. Isto inclui também, a
absorção pelas empresas dos custos ambientais ocasionados a partir de suas
atividades (SACHS, 1993; SILVA; MENDES, 2005).

A sustentabilidade em sua dimensão cultural pretende trazer o conceito


geral de ecodesenvolvimento para um conjunto plural de soluções particulares,
respeitando-se as peculiaridades de cada ecossistema, de cada cultura e de cada
local (SACHS, 1993).

ATENCAO

Caro(a) acadêmico(a), para que possamos continuar nossos estudos é importante


atentarmos para a seguinte questão: os conceitos de Ecodesenvolvimento de Sachs e de
Desenvolvimento Sustentável são sinônimos em termos de princípios ideológicos? Discuta
esta temática com seus colegas e tutor externo para que juntos possamos avançar na busca
de novos conhecimentos.

9
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

No decorrer da década de 80, a expressão desenvolvimento sustentável


é disseminada. Este termo apresenta tradução oficial a partir do francês, de
“Développement Durable” (desenvolvimento durável). Entretanto, outras expressões
são utilizadas, correspondendo, na língua portuguesa, a desenvolvimento
sustentável, desenvolvimento viável e desenvolvimento sustentado (RAYNAUT;
ZANONI, 1993 apud MONTIBELLER FILHO, 1993).

Durante a Conferência Mundial sobre a Conservação e o Desenvolvimento,


a IUCN -International Union for Conservation of Nature (União Internacional para
a Conservação da Natureza), ocorrida na cidade de Ottawa/Canadá, em 1986,
o conceito de desenvolvimento sustentável e igualitário foi postulado enquanto
novo paradigma, apresentando como princípios fundamentais (MONTIBELLER
FILHO, 1993):

• Integrar a conservação da natureza e o desenvolvimento;


• Sanar as necessidades humanas fundamentais;
• Buscar igualdade e justiça social;
• Procurar a autodeterminação social e a diversidade cultural;
• Manter a integridade ecológica.

ATENCAO

Prezado(a) acadêmico(a), será que estes objetivos foram atingidos? Além disso,
as nações desenvolvidas e em desenvolvimento estão empregando tempo e recursos para
que estas metas sejam atingidas a médio e longo prazo? Reflita sobre estas questões e vamos
em frente!

No ano de 1987 é publicado o Relatório Brundtland, pela Comissão


Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. A este Relatório foi atribuído
o título de “Nosso Futuro Comum”, que estabelece o conceito de desenvolvimento
sustentável como sendo: “A humanidade tem a capacidade de atingir o
desenvolvimento sustentável, ou seja, de atender às necessidades do presente
sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender às próprias
necessidades” (RELATÓRIO BRUNDTLAND, 1987 apud CAPRA, 2008).

Por meio da constatação de que a Terra é um planeta finito, haveria


preocupações e desafios comuns a todos os integrantes da humanidade. Este viés
é o ponto básico defendido pela Comissão Brundtland. Contudo, omite o conceito
de ser humano sócio-histórico e origina o conceito de “ser humano abstrato”,
cujo resultado implica na retirada do aspecto ideológico das questões ambientais.

10
TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO?

Estas então passam a ser tidas com certa dose de descompromisso, em relação
à carência de visibilidade de todas as modificações históricas que geraram a
crise ambiental. Além disso, o referido relatório aponta a pobreza como um dos
principais motivos para as problemáticas ambientais. A partir desta alegação
ocorre uma acentuada propaganda em torno das causas da pobreza, mas, com a
finalidade de se justificar a necessidade de que o crescimento econômico continue,
com a omissão da responsabilidade socioambiental do consumo demasiado das
nações desenvolvidas, a exemplo dos Estados Unidos (LAYRARGUES, 2015).

A crença é de que o crescimento econômico pode se dar de forma


indefinida, contanto que sejam realizadas mudanças do aparato tecnológico de
modo a tornar os recursos energéticos mais econômicos e eficientes. Entretanto,
esta premissa mostra-se cada vez mais equivocada.

Um exemplo a ser utilizado diz respeito ao consumo de energia ao se


comparar uma economia industrial de mercado e um país com uma realidade
extremamente oposta. Na atualidade, um indivíduo de um país industrializado
consome, em média, 80 vezes mais energia quando comparado a um indivíduo
que habita a África subsaariana. Ou seja, para que toda a população possa
desfrutar da mesma quantidade de energia sem demais ônus à “sustentabilidade
ambiental”, existe a urgente necessidade de ampliação do rendimento energético
em geral, pois, como já mencionado anteriormente, este deve tornar-se mais
eficiente e econômico através de tecnologias inovadoras (LAYRARGUES, 2015).

Contudo, por mais que sejam desenvolvidas novas tecnologias adequadas


a esta realidade, permanece o questionamento a respeito da possibilidade da
ocorrência de modificações socioculturais que acompanhem de forma voluntária
estas transformações, pois um dos caracteres básicos de uma sociedade
industrializada de consumo é o chamado desperdício (LAYRARGUES, 2015).

Esta questão pode ser mais bem compreendida ao se observar a figura a


seguir, trata-se de uma foto de infravermelho de alguns carros, onde se pode observar
o desperdício de energia pelos mesmos sob a forma de calor, que pode chegar a 80%.

FIGURA 3 – DESPERDÍCIO ENERGÉTICO POR CARROS NA FORMA DE CALOR

FONTE: Disponível em: <viverdeperto.blogspot.com>. Acesso em: 9 fev. 2015.

11
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Outra nuance a ser observada diz respeito ao próprio significado do termo


“desenvolvimento sustentável”. De acordo com Franzoi (2015), atualmente, a mídia
nos bombardeia com uma vasta gama de informações sobre sustentabilidade,
mas que não levam a uma reflexão profunda e abrangente sobre esta temática.
Muito pelo contrário, as informações disponibilizadas levam à construção de
um conhecimento “raso”, pouco reflexivo, carente de uma análise crítica acerca
do verdadeiro significado da expressão “desenvolvimento sustentável”. Por
isso, quando compreendemos a verdadeira natureza da sustentabilidade, nos
deparamos com uma realidade drástica, pois notamos que o viés econômico do
tripé da sustentabilidade (figura 4), se sobrepõe de forma predatória sobre os
demais pilares (social e ambiental).

FIGURA 4 – TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE

FONTE: Disponível em: <www.iprconcursos.com.br>. Acesso em:


8 fev. 2016.

No que tange às dimensões relacionadas na figura 4, pode-se visualizar que


as mesmas apresentam definições similares àquelas já estabelecidas por Sachs (1993).
Contudo, para que possamos vislumbrar um panorama mais abrangente frente a
esta discussão, é importante frisar, conforme Lassu (2015) apud Franzoi (2015):

• Dimensão social: está representada pelo capital humano, que pode


pertencer a uma empresa ou comunidade, por exemplo. O respeito aos
direitos humanos e à legislação trabalhista, além do próprio bem-estar dos
indivíduos, são premissas básicas a serem respeitadas. Este eixo também
compreende de que maneira as atividades econômicas interferem nas
comunidades que se localizam no seu entorno.

• Dimensão econômica: este eixo representa questões relacionadas à produção,


distribuição e consumo de bens e serviços. Cabe destacar que esta dimensão
deve respeitar os aspectos sociais e ambientais já relacionados no tripé da
sustentabilidade.

12
TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO?

• Dimensão ambiental: é relativa ao capital natural. Para entendê-la é


fundamental analisar que toda atividade econômica gera impactos ambientais
sobre o meio, sejam eles positivos ou negativos. A partir daí a organização deve
trabalhar a fim de reduzir seus impactos negativos sobre o meio ambiente. Vale
destacar que todo cidadão também é responsável pelas alterações que exerce
sobre o meio em que vive.

A partir do exposto, adentraremos em uma discussão mais específica


relativa ao pilar econômico do tripé da sustentabilidade, que abrange o papel das
empresas/corporações frente à sustentabilidade socioambiental.

3.1 AS EMPRESAS E A “SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL”


Ao se analisar a esfera privada, até meados da década de 80 predominou
no discurso empresarial uma resistência a qualquer iniciativa de minimizar
os impactos ambientais resultantes das atividades produtivas. Até então, os
administradores empresariais alegavam que os custos adicionais para as empresas,
oriundos dos gastos em controle da poluição, comprometeriam a lucratividade,
a competitividade e a oferta de empregos, gerando assim prejuízos às partes
interessadas, ou seja, trabalhadores, acionistas e consumidores (DEMAJOROVIC,
2003 apud FRANZOI, 2015).

ATENCAO

Diante desta temática é importante que façamos os seguintes questionamentos:


será que a real preocupação das organizações era com os seus colaboradores? Repense esta
questão. Você também pode pesquisar a respeito dos acidentes ambientais ocorridos ao
longo da história e as ações das corporações responsáveis frente a estes acontecimentos.
Será que as mesmas assumiram sua responsabilidade diante destes eventos?

A estratégia das corporações era a de exteriorizar os custos ambientais, ou


seja, transferi-los para a sociedade, eximindo a responsabilidade do causador em
arcar com qualquer ônus resultante de suas ações. Entretanto, a partir de meados
da década de 80, o discurso dos empresários, que engrandecia o papel exclusivo
das organizações como provedoras da riqueza, encontrou cada vez menos
notoriedade frente à sociedade (DEMAJOROVIC, 2003 apud FRANZOI, 2015).
Sendo assim, a emergência das questões e dos problemas ambientais do planeta
pareceu, inicialmente, ao empresariado global, como uma ameaça. Os mesmos
temiam que as consequências negativas do crescimento industrial, exemplo:
desertificação, perda da biodiversidade, aquecimento global, pudessem ser
motivo de argumentações para reduzir o crescimento econômico. Mais iminente
era o perigo de que regulamentações “ambientais” correlatas pudessem frear as
atividades do livre mercado (FINGER; KILCOYNE, 1997).

13
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Deste modo, ao analisarmos o “interesse” das empresas (especialmente as


grandes corporações) nos temas envolvendo a área socioambiental, é necessário
que se efetue uma análise crítica dentro de um contexto histórico sobre os reais
motivos que subitamente fomentaram esta “motivação”.

DICAS

Para subsidiar demais reflexões sobre as grandes corporações multinacionais


e sua postura frente às variáveis socioambientais, recomendamos que você assista ao
documentário: “A Corporação”. Este material pode ser acessado por meio do link, <https://
www.youtube.com/watch?v=SV_MoR-o7C4>.

4 AGROECOLOGIA E A SUSTENTABILIDADE RURAL

4.1 ASPECTOS GERAIS


Agora que abordamos o significado da expressão “desenvolvimento
sustentável”, estudaremos uma área do conhecimento cujos princípios procuram
estar em consonância aos estabelecidos pelo tripé da sustentabilidade, a
Agroecologia.

Atualmente, a agricultura tem demonstrado uma alta produtividade.


Contudo, tem gerado os mais variados impactos socioambientais negativos, a
exemplo da erosão dos solos, contaminação das águas superficiais e subterrâneas,
diminuição da biodiversidade, além da perda de conhecimentos tradicionais das
populações (por exemplo: indígenas), dependência econômica, decréscimo das
oportunidades de trabalho e renda, êxodo rural e exclusão social (MEDEIROS, 2011).
Estes malefícios resultantes da agricultura tradicional estão em desacordo com os
preceitos da sustentabilidade, já discutidos anteriormente, no item 3 doTópico 1.

Durante a década de 1960 tem início a conhecida “Revolução Verde”, que


direcionou a pesquisa e a criação de sistemas modernos de produção agrícola,
objetivando a incorporação de ferramentas tecnológicas, aparentemente de
aplicação “universal”, que visavam à maximização da produtividade dos cultivos
em diferentes condições ecológicas. O grande propósito era o de gerar situações
ecológicas ideais, afastando predadores naturais mediante o emprego de
agroquímicos (agrotóxicos e fertilizantes sintéticos). O emprego de agroquímicos
aliado ao desenvolvimento genético de sementes culminou com a denominada
“Revolução Verde”. (BARROS, 2010 apud MATOS, 2010).

14
TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO?

Também surge nos anos 60 um movimento contrário, que gerou diversos


questionamentos sobre o modelo de pesquisa e o desenvolvimento de novas
tecnologias, especialmente em relação aos seus efeitos adversos não previstos
quando estas foram criadas. Para tentar minimizar estes impactos ambientais
indesejáveis surgiram algumas abordagens de trabalho em equipe entre cientistas
de diferentes áreas do conhecimento (FEIDEN, 2005).

ATENCAO

Lembram-se dos aspectos discutidos sobre o histórico do ambientalismo? A


crítica efetuada por Rachel Carson em seu livro trata-se justamente do emprego massivo de
pesticidas, uma das características da “Revolução Verde”.

No quadro a seguir é possível evidenciar inúmeras diferenças entre as


técnicas da “Revolução Verde” e aquelas pertencentes ao campo da Agroecologia.

QUADRO 1 – COMPARAÇÃO ENTRE AS TECNOLOGIAS DA REVOLUÇÃO VERDE E DA


AGROECOLOGIA

Características Revolução Verde Agroecologia


Técnicas:
Cultivos afetados Trigo, milho, arroz etc. Todos os cultivos.
Todas as áreas, especialmente as
Na sua maioria, áreas planas e
Áreas afetadas marginais (dependentes da chuva,
irrigáveis.
encostas declivosas).
Sistema de cultivo Monocultivos geneticamente Policultivos geneticamente
dominante uniformes. heterogêneos.

Fixação de nitrogênio, controle


Insumos Agroquímicos, maquinário;
biológico de pragas, corretivos
alta dependência de insumos
predominantes orgânicos, grande dependência nos
externos e combustível fóssil.
recursos locais renováveis.
Ambientais:
Médios a altos (poluição química,
Impactos e riscos à erosão, salinização, resistência a
agrotóxicos etc.). Riscos à saúde Nenhum.
saúde na aplicação dos agrotóxicos e
nos seus resíduos no alimento.
Econômicas:
Custos das pesquisas Relativamente altos. Relativamente baixos.

15
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Necessidades Altas. Todos os insumos devem Baixas. A maioria dos insumos está
financeiras ser adquiridos no mercado. disponível no local.

Médio. Precisa de um determinado


Alto. Resultados rápidos. Alta período para obter resultados
Retorno financeiro
produtividade da mão de obra. mais significativos. Baixa a média
produtividade da mão de obra.
Institucionais:

Desenvolvimento
Setor semipúblico, empresas Na maioria, públicas; grande
tecnológico
privadas. envolvimento de ONGs.

Socioculturais:
Capacitações
Cultivo convencional e outras Ecologia e especializações
necessárias
disciplinas de ciências agrícolas. multidisciplinares.
à pesquisa
Baixa (na maioria, métodos de
cima para baixo). Utilizados Alta. Socialmente ativadora, induz ao
Participação:
para determinar os obstáculos à envolvimento da comunidade.
adoção das tecnologias.
Alta. Uso extensivo de conhecimento
Integração cultural: Muito baixa. tradicional e formas locais de
organização.

FONTE: Adaptado de Altieri (2004, p. 43-44)

Neste contexto entra em cena a chamada agroecologia. A utilização


mais antiga da palavra agroecologia se trata do zoneamento agroecológico, que
é definido enquanto demarcação do território de uma área a ser explorada por
determinada cultura, em virtude dos aspectos edafoclimáticos necessários ao seu
desenvolvimento (FEIDEN, 2005).

Já na década de 1980, esta definição passou a ter um sentido diferenciado.


O autor Gliessmann (2001) apud Feiden (2005) define a agroecologia enquanto
aplicação dos princípios e conceitos oriundos da ecologia ao desenho e manejo de
agroecossistemas sustentáveis.

16
TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO?

ATENCAO

Prezado(a) acadêmico(a), você sabe o significado da expressão condições


edafoclimáticas? Tratam-se daquelas características relativas ao solo, relevo, a temperatura, a
umidade do solo, o vento, o clima e a disponibilidade de água. Estes aspectos são importantes
quando estudamos o desenvolvimento das plantas e das culturas agrícolas.

Altieri (1989) apud Feiden (2005) define a agroecologia enquanto a ciência


que investiga os agroecossistemas reunindo conhecimentos de agronomia,
ecologia, economia e sociologia. Outros pesquisadores a consideram somente
uma nova disciplina surgida da ciência. Desta forma, para efeitos didáticos,
iremos considerar a agroecologia tal qual uma ciência em estruturação, com
aspectos transdisciplinares integrando conhecimentos. Sendo assim, é importante
salientar que a agroecologia provê um aparato metodológico de trabalho para
que a natureza seja compreendida de uma maneira mais profunda, além, é claro,
dos princípios que regem os agroecossistemas.

O conhecimento tradicional abrangido pela agroecologia é referente


aos saberes, ensinamentos e experiências dos agricultores, dos povos indígenas,
dos povos da floresta, dos pescadores, das comunidades quilombolas, além
dos demais componentes sociais envolvidos em processos de desenvolvimento
das zonas rurais, incorporando e agregando o potencial presente no local. Este
potencial endógeno é um aspecto essencial e o ponto inicial de qualquer projeto
de transição agroecológica, pois contribui para a aprendizagem a respeito das
variáveis socioculturais e agroecossistêmicas que originam as bases estratégicas de
qualquer iniciativa de desenvolvimento rural que objetive atingir níveis crescentes
de desenvolvimento sustentável (CAPORAL; COSTABEBER; PAULUS, 2011).

4.2 AS DIFERENTES ESTRATÉGIAS DA AGROECOLOGIA


São conhecidos diferentes tipos de estratégias alternativas de diversificação
que resultam em benefícios efetivos para a fertilidade do solo, a proteção das
culturas e a produtividade. O emprego de um ou mais desses sistemas alternativos
eleva a possibilidade de interações complementares entre os diversos integrantes
do agroecossistema. Desta forma, resultados positivos podem ser observados,
conforme aponta Altieri (2004, p. 68):

• Fechamento dos ciclos de nutrientes;


• Conservação do solo e da água e uso eficaz dos recursos locais;
• Aumento do controle biológico de pragas através da diversificação;
• Ampliação da capacidade de múltipla utilização da paisagem;
• Produção sustentada do cultivo sem o uso de insumos que degradam o ambiente.

17
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

ATENCAO

Antes de continuarmos com nossos estudos é fundamental diferenciar os


conceitos de Ecossistema e de Agroecossistema, vamos lá?

Conforme Pillar (2002, p. 1), “um ecossistema é um sistema de organismos


vivos e do meio com o qual trocam matéria e energia”. “Um ecossistema contém
componentes bióticos (plantas, animais, micro-organismos) e abióticos (água,
solo, etc.) que interagem para formar uma estrutura com uma função”.

Já um agroecossistema é resultado da modificação de um ecossistema


natural pelo homem visando à produção de elementos necessários à sua
sobrevivência. A partir da interferência humana, os meios e controles naturais
são substituídos por controles artificiais (FEIDEN, 2005).

Agora estudaremos alguns sistemas diversificados de produção


agroecológica, sob o enfoque do autor Altieri (2004):

• Sistemas de cultivo múltiplos: também conhecidos por policultivos, um


dos principais motivos pelos quais os agricultores adotam este tipo de
técnica deve-se ao fato de que uma área semeada com cultivos múltiplos,
com frequência, resulta em uma produção maior quando comparada a uma
área cultivada em parcelas com monoculturas diferentes. A vantagem no
aproveitamento de terra resultante deste cultivo é importante em áreas de
pequenas propriedades rurais em virtude das condições socioeconômicas das
populações residentes. (Figura 5 A).

DICAS

A monocultura refere-se ao plantio extensivo de uma única espécie de vegetal.


Pode-se citar como exemplo a cultura da soja. Já uma policultura ou policultivo trata-se da
plantação de variadas espécies e variedades de plantas.

• Rotação de culturas: refere-se ao sistema de diversos cultivos realizados em


uma mesma área, sucedendo-se uns aos outros, numa sequência definida. Em
muitos sistemas agrícolas, as rotações constituem-se na principal forma de se
manter a fertilidade do solo, além de se obter um controle de ervas, pragas e
doenças. (Figura 5 B).

18
TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO?

• Cultivos de cobertura: são realizados na porção interior das plantações,


podendo ser utilizado o plantio de leguminosas ou cereais, por exemplo. Este
cultivo apresenta a finalidade de proteção do solo contra erosão, melhoria do
microclima, fortalecimento da estrutura e da fertilidade do solo, além de eliminar
pragas (por exemplo: insetos e patógenos). (Figura 5 C).

• Sistemas agroflorestais: trata-se de um termo genérico empregado na descrição


de um sistema de utilização de terras em que árvores são associadas a plantios
agrícolas e/ou animais. Neste método há a combinação de características de
silvicultura e representa uma maneira de uso integrado da terra especialmente
adequada a áreas marginais e metodologias de baixo emprego de insumos
(por exemplo: fertilizantes, agrotóxicos). Com a silvicultura, a utilização dos
recursos naturais torna-se mais eficiente. Além disso, as diversas camadas da
vegetação proporcionam o melhor aproveitamento da luz solar, e diferentes
sistemas de enraizamento, em diversas profundidades, permitem um melhor
aproveitamento do solo. Outro aspecto interessante é o de que a função
protetora do solo, executada pelas árvores, pode contribuir com a redução de
riscos de degradação ambiental. (Figura 5 D).

• Agricultura orgânica: neste sistema é evitado/excluído o emprego de


fertilizantes e agrotóxicos sintéticos. Quando há possibilidade, recursos
externos, a exemplo de substâncias químicas e combustíveis obtidos por via
comercial, são substituídos por recursos encontrados na própria unidade de
produção agrícola ou em áreas próximas. Esses subsídios internos abrangem
energia solar ou eólica, controle biológico de pragas, e outros nutrientes obtidos
a partir da matéria orgânica ou por meio das reservas do solo. Existem opções
específicas, nas quais a agricultura orgânica está baseada, sendo que estas,
quando possível, incluem rotações de cultura, resíduos de lavouras, esterco
animal, utilização de leguminosas, adubos verdes, entre outras. Todas estas
ações culminam com o aumento da matéria orgânica do solo, a eliminação
de resíduos de agrotóxicos, a supressão biológica de pragas, doenças e ervas
indesejáveis, além da estocagem das águas pluviais, evitando-se o escoamento
desnecessário. (Figura 5 E).

ATENCAO

Acadêmico(a), é necessário atentar para a procedência dos alimentos que


consumimos. Um exemplo claro desta questão pode ser observado por meio do vídeo
disponibilizado na internet sobre feirantes que comercializam vegetais com agrotóxicos,
mas os vendem como se fossem orgânicos! Vale a pena conferir! Para tanto, acesse o link:
<https://www.youtube.com/watch?v=vcyMDkE_MFo>.

19
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

FIGURA 5 – DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA

FONTE: Disponível em: <hydroenv.com.mx>. Acesso em: 19 fev. 2016.

A seguir transcrevemos um texto de Herman E. Daly, economista


americano, conhecido por sua opinião crítica por questionar a real sustentabilidade
socioambiental da economia convencional. Boa leitura!

LEITURA COMPLEMENTAR

CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL? NÃO, OBRIGADO

PROPOSIÇÕES IMPOSSÍVEIS são a própria base da ciência. Na ciência,


muitas coisas são impossíveis: viajar mais rápido do que a velocidade da luz; criar
ou destruir matéria-energia; construir uma máquina de movimento perpétuo,
e assim por diante. Respeitando o teorema da impossibilidade, nós evitamos
gastar recursos em projetos que estão sujeitos a falhar. Economistas deveriam,
por conseguinte, estar muito interessados no teorema da impossibilidade,
especialmente aquele que eu demonstro neste capítulo: isto é, que é impossível
sair da pobreza e da degradação ambiental através do crescimento econômico
mundial. Em outras palavras, crescimento sustentável é impossível.

20
TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO?

Em suas dimensões físicas, a economia é um subsistema aberto do


ecossistema terrestre, o qual é finito, não crescente e materialmente fechado. À
medida que o subsistema econômico cresce, ele incorpora uma proporção cada
vez maior do ecossistema total e deve alcançar um limite a 100%, se não antes.
Por isso, seu crescimento não é sustentável. O termo crescimento sustentável
quando aplicado à economia é um mau oximoro – contraditório como prosa e
não evocativo como poesia.

Economistas irão protestar de que o crescimento no PIB (Produto Interno


Bruto) é uma mistura de aumento quantitativo e qualitativo e, portanto, não
estritamente sujeitos às leis físicas. Eles têm razão. Mudanças quantitativas e
qualitativas são muito diferentes e, por isso, é melhor mantê-las separadas e chamá-
las por nomes diferentes já fornecidos no dicionário. Crescer significa “aumentar
naturalmente em tamanho pela adição de material através de assimilação ou
acréscimo”. Desenvolver-se significa “expandir ou realizar os potenciais de
trazer gradualmente a um estado mais completo, maior ou melhor”. Quando algo
cresce, fica maior. Quando algo se desenvolve, torna-se diferente. O ecossistema
terrestre desenvolve-se (evolui), mas não cresce. Seu subsistema, a economia,
deve finalmente parar de crescer, mas pode continuar a se desenvolver.

O termo desenvolvimento sustentável, portanto, faz sentido para a


economia, mas apenas se entendido como desenvolvimento sem crescimento
– a melhoria qualitativa de uma base econômica física que é mantida num
estado estacionário pelo transumo de matéria-energia que está dentro das
capacidades regenerativas e assimilativas do ecossistema. Atualmente, o termo
desenvolvimento sustentável é usado como um sinônimo para o oximoro
crescimento sustentável. Ele precisa ser salvo dessa perdição.

Politicamente, é muito difícil admitir que o crescimento, com


suas conotações quase religiosas de fim último, deva ser limitado. Mas é
exatamente a insustentabilidade do crescimento que dá urgência ao conceito do
desenvolvimento sustentável. A terra não irá tolerar nem mesmo a duplicação
de um grão de trigo 64 vezes, ainda que nos últimos dois séculos nós tenhamos
desenvolvido uma cultura dependente do crescimento exponencial para sua
estabilidade econômica. Desenvolvimento sustentável é uma adaptação cultural
feita pela sociedade quando ela se torna consciente da necessidade emergente
do crescimento nulo. Até mesmo “crescimento verde” não é sustentável. Há
um limite para a população de árvores que a terra pode suportar, assim como
há um limite para as populações humanas e de automóveis. Ao nos iludir na
crença de que o crescimento é ainda possível e desejável se apenas o rotularmos
“sustentável” ou o colorirmos de “verde”, apenas retardaremos a transição
inevitável e a tornaremos mais dolorosa.

21
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Se a economia não pode crescer para sempre, então quanto ela pode
crescer? Ela pode crescer o suficiente para dar a todos um padrão de uso
dos recursos per capita igual ao da média americana? Isso seria um fator
de sete, um número que é caprichosamente colocado entre parênteses pela
Comissão Brundtland (a Comissão das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento [CNUMAD], chefiada pela senhora Gro Brundtland) em seu
apelo para a expansão da economia mundial por um fator de 5 a 10. O problema
é que mesmo uma expansão de um fator de 4 é impossível se Vitousek e outros
(1986) estiverem corretos em seus cálculos de que a economia humana atualmente
obtém ¼ do produto primário líquido global da fotossíntese. Nós não podemos ir
além de 100%, e é improvável que aumentemos o produto primário líquido, uma
vez que a tendência histórica até agora é de o crescimento econômico reduzir a
fotossíntese global. Uma vez que os ecossistemas terrestres são os mais relevantes,
e nós antecipamos 40% do produto primário líquido terrestre, até mesmo um
fator de 4 é uma superestimativa.

Além do mais, atingir 100% é irrealista, já que nós somos incapazes


de trazer sob a administração humana direta todas as espécies que compõem
os ecossistemas sobre o qual dependemos. Além disso, é ridículo encorajar
a preservação da biodiversidade sem estar disposto a deter o crescimento
econômico que exige o controle humano de todos os lugares agora ocupados
por outras espécies.

Se o crescimento até o fator de 5 a 10 recomendado pela Comissão Brundtland


é impossível, então que tal apenas manter a escala atual – isto é, que tal crescimento
líquido zero? Todos os dias lemos a respeito das reações de tensões provocadas aos
ecossistemas pela economia, tais como a intensificação do efeito estufa, a erosão da
camada de ozônio, a chuva ácida, e assim por diante, os quais constituem prova de
que até mesmo a escala atual é insustentável.

Como então as pessoas podem continuar falando a respeito de “crescimento


sustentável” quando (1) a escala atual da economia mostra sinais claros de
insustentabilidade, (2) multiplicando aquela escala por um fator de 5 a 10, como
recomendado pela Comissão Brundtland, passaríamos da insustentabilidade
ao colapso iminente, e (3) o conceito em si mesmo é logicamente contraditório,
num ecossistema finito, não crescente? Ainda assim, crescimento sustentável é o
modismo de nossos tempos. Ocasionalmente torna-se verdadeiramente ridículo,
como quando escritores falam seriamente de “crescimento sustentável na taxa de
aumento da atividade econômica”. Não apenas devemos crescer para sempre,
devemos acelerar para sempre! Isto é verbosidade política vazia, totalmente
desvinculada da realidade.

22
TÓPICO 1 | AMBIENTALISMO, ECODESENVOLVIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: O QUE A AGROECOLOGIA TEM A VER COM ISSO?

A questão importante é aquela que a Comissão Brundtland encabeça


mas não enfrenta: em que medida nós podemos aliviar a pobreza através
do desenvolvimento sem crescimento? Eu suspeito que a resposta será uma
quantidade significativa, mas menos do que a metade recomendada. Se a expansão
de 5 a 10 vezes for realmente em consideração aos pobres, então terá que consistir
de coisas que lhes são necessárias – alimento, vestuário, habitação –, não serviços
de informação. Bens básicos têm uma dimensão física irredutível, e sua expansão
exigiria crescimento ao invés de desenvolvimento, embora desenvolvimento via
aumento da eficiência ajudaria. Em outras palavras, a redução no volume de
recursos por dólar de PIB observada em algumas nações ricas nos últimos anos
não pode ser proclamada como rompendo o vínculo entre expansão econômica
e o meio ambiente, como alguns reivindicaram. Desenvolvimento sustentável
deve ser desenvolvimento sem crescimento, mas com o controle da população e a
redistribuição da riqueza, se é para ser um ataque sério à pobreza.

Na opinião de muitas pessoas, crescimento tornou-se sinônimo de


aumento da riqueza. Dizem que precisamos ter crescimento para sermos ricos
o bastante para arcar com o custo de limpar e aliviar a pobreza. Que todos
os problemas são mais fáceis de ser resolvidos se formos mais ricos não está
em discussão. O que está em questão é se o crescimento da margem atual
realmente nos torna mais ricos. Há evidência de que nos Estados Unidos o
crescimento atualmente nos torna mais pobres, aumentando os custos mais
rapidamente do que aumenta os benefícios. Em outras palavras, parece termos
crescido além da escala ótima.

O conceito de uma escala ótima da economia agregada relativa ao


ecossistema está totalmente ausente da teoria macroeconômica corrente. Assume-
se que a economia agregada crescerá para sempre. A microeconomia, a qual é
quase inteiramente devotada em estabelecer a escala ótima de cada atividade de
nível micro, igualando custos e benefícios pela margem, não tratou de informar-se
se não há também uma escala ótima para o conjunto de todas as microatividades.
Em uma dada escala (o produto da população vezes o uso de recursos per capita)
constitui uma dada carga sobre o meio ambiente e pode consistir de muitas
pessoas, cada uma consumindo pouco, ou poucas pessoas, cada uma consumindo
correspondentemente mais.

Uma economia em desenvolvimento sustentável adapta-se e aperfeiçoa-


se em conhecimento, organização, eficiência técnica, e sabedoria; ela faz isso sem
assimilar ou acrescentar uma percentagem cada vez maior de matéria-energia do
ecossistema para si, mas, antes, para uma escala na qual o ecossistema remanescente
pode continuar a funcionar e renovar-se ano após ano. A economia de crescimento
nulo não é estática, ela está sendo continuamente mantida e renovada como um
subsistema de estado estacionário do meio ambiente.

23
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Quais são as políticas necessárias para alcançar o objetivo do


desenvolvimento sustentável como aqui definido? Tanto otimistas como
pessimistas devem concordar com as seguintes políticas: empenhar-se para deter
o transumo nos níveis atuais (ou reduzi-lo a níveis verdadeiramente sustentáveis)
taxando severamente a extração de recursos, especialmente energia. Buscar
elevar a maior parte do rendimento público de tais taxas de ruptura de recursos
e compensar (atingir a neutralidade de rendimento), isso com a redução do
imposto sobre a renda, especialmente na extremidade mais baixa da distribuição
de renda, talvez até mesmo financiando uma taxa de rendimento negativa em seu
limite mais inferior.

Há algumas diretrizes adicionais de políticas para o desenvolvimento


sustentável: Recursos renováveis devem ser explorados de maneira tal que: (1) as taxas
de colheita não excedam às taxas de regeneração e (2) as emissões de resíduos não
excedam a capacidade assimilativa renovável do meio ambiente local. Os recursos não
renováveis deveriam ser esgotados a uma taxa igual à taxa de criação de substitutos
renováveis. Os projetos baseados na exploração de recursos não renováveis devem
ser casados com projetos que desenvolvam substitutos renováveis. As rendas líquidas
da extração dos recursos não renováveis devem ser separadas num componente de
renda e num componente de liquidação de capital. O componente de capital seria
investido a cada ano no desenvolvimento de um substituto renovável. A separação
é realizada de tal maneira que, quando o recurso não renovável for exaurido, o
recurso renovável substituto terá sido desenvolvido pelo investimento e crescimento
natural ao ponto onde sua produção sustentável é igual ao componente de renda. O
componente de renda terá assim se tornado perpétuo, justificando, portanto, o nome
rendimento, o qual é por definição o máximo disponível para o consumo ao mesmo
tempo que o capital se mantém intacto.

No entanto, antes que estes passos operacionais em direção ao


desenvolvimento sustentável possam ter uma oportunidade justa de serem
ouvidos, nós precisamos primeiramente tomar as medidas conceituais e políticas
no sentido de abandonar o slogan vazio do crescimento sustentável.

FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/asoc/v7n2/24695.pdf>. Acesso em: 20 fev.


2016.

24
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:

• É preciso conhecer os principais acontecimentos históricos acerca do


ambientalismo, para que seja possível compreender a realidade atual e os
desafios a serem superados para que possamos construir uma sociedade em
desenvolvimento sustentável.

• A importância do conhecimento do real significado do conceito de


desenvolvimento sustentável é fundamental, para que seja possível criar meios
e soluções que verdadeiramente contribuam ao bem-estar socioambiental.

• Em muitas ocasiões, o conceito de desenvolvimento sustentável é deturpado, o


que resulta em uma interpretação equivocada sobre a sua verdadeira natureza,
que deve considerar os três eixos da sustentabilidade (ambiental, social e
econômico) de forma igualitária.

• O interesse das grandes corporações nem sempre anda em consonância com


as variáveis socioambientais do seu entorno, apesar de, em muitos casos,
as organizações veicularem uma imagem “ambientalmente correta” das
atividades que executam.

• A agroecologia surge durante a década de 1960 numa perspectiva contrária à


estabelecida pela “Revolução Verde”, onde a primeira busca por uma produção
de alimentos que exerça impactos ambientais mínimos, numa relação mais
harmoniosa com o meio ambiente.

25
AUTOATIVIDADE

1 Com o avanço do movimento ambientalista, especialmente entre as


décadas de 1960 e 1980, houve um questionamento sobre a mudança de
paradigma frente aos adventos tecnológicos oriundos da “Revolução
Verde” (RV), a aplicação massiva de agroquímicos e o desenvolvimento
genético de sementes. Sendo assim, surge a agroecologia, com uma
proposta diferenciada, pautada em uma relação mais harmoniosa com o
meio ambiente, surge como um contraponto à RV. Deste modo, apresente
um quadro comparativo que contenha, no mínimo, três características da
RV e três características referentes à agroecologia.

2 Durante o século XXI observa-se que não houve grandes avanços no que
tange ao estabelecimento de medidas efetivas em prol da solução de
problemas socioambientais (por exemplo: a erradicação da pobreza). Cite e
descreva três razões para tal fato.

3 Uma agricultura pautada nas características da agroecologia apresenta


variados benefícios socioambientais pautados no novo paradigma da
sustentabilidade. Aponte e descreva, ao menos, três destes benefícios.

26
UNIDADE 1
TÓPICO 2

DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E


INTERNACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL
PÚBLICA NESTE CONTEXTO?

1 INTRODUÇÃO
Antes de estudarmos algumas das normas do Direito Ambiental (DA)
Nacional e Internacional, faz-se necessário definir o conceito de Direito Ambiental
para que possamos compreender os desdobramentos de suas normas jurídicas.

Conforme Séguin e Carrera (1999, p. 70), o DA abrange o “conjunto de


leis, princípios e políticas públicas que regem a interação do homem com o meio
ambiente para assegurar, através de processo participativo, a manutenção de um
equilíbrio da natureza, um ambiente ecologicamente equilibrado para a presente
e futuras gerações”.

O DA também pode ser conceituado como “[...] ramo do Direito que


estuda as relações jurídicas ambientais, observando a natureza constitucional,
difusa e transindividual dos direitos e interesses ambientais, buscando a sua
proteção e efetividade” (JURISTAS LEIGOS, 2002, p. 6).

Outra conceituação é apresentada por Milaré (2011, p. 1607), ao mencionar


que o DA é definido enquanto “o complexo de princípios jurídicos e normas
reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar
a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade
para as presentes e futuras gerações”.

Por meio destes conceitos pode-se notar que as normas do meio ambiente
se originaram em virtude da necessidade de se regulamentar a conduta humana
sobre a utilização dos recursos naturais, além de possibilitar que todas as pessoas,
de todas as gerações, possam usufruir dos recursos e benefícios ambientais.

Veremos algumas das principais normas do DA Nacional e Internacional,


além de evidenciarmos a função do poder público (gestão ambiental pública)
frente à temática socioambiental.

27
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2 DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL E NACIONAL


A história do DA Internacional permeia e é permeada pela própria história
dos movimentos ambientalistas e conferências mundiais realizadas a partir da
segunda metade do século XX.

Uma das primeiras questões a ser relacionada trata-se do aparecimento


do DA enquanto 3ª Geração dos Direitos Humanos Fundamentais. Esta questão
pode ser melhor observada a partir do quadro a seguir.

QUADRO 2 – GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Geração de direitos Características Ramos do direito Exemplos

Direito Civil,
Individuais, civis, Habeas corpus, Direito ao
1ª Geração Penal,
políticos e penais nome, Direito ao voto
Constitucional

Direito ao Salário, Férias,


Coletivos, sociais e Direito do Trabalho,
2ª Geração Décimo Terceiro e demais
econômicos Previdenciário
direitos trabalhistas

Direito ao ambiente
Direito Ambiental,
Transindividuais e ecologicamente equilibrado
3ª Geração Direito do
difusos e direito a alimentos de
Consumidor
qualidade

FONTE: Juristas Leigos (2002, p. 4)

Pode-se evidenciar, então, que o DA trata-se de um direito de terceira


geração, que consagra os princípios da solidariedade e da fraternidade,
caracterizado por apresentar uma natureza transindividual e difusa. O que
isso significa?

Os direitos transindividuais recebem esta denominação porque não


pertencem a um indivíduo isoladamente. Ao abordar os direitos difusos, se
entende que estes consideram o indivíduo em sua totalidade, não sendo possível
individualizar a pessoa por um dano gerado, pois a consequência torna-se
comum a toda a comunidade (OLIVEIRA, 2015). Sobre estas duas definições
bastante similares, pode-se citar como exemplo a própria questão do mosquito
da dengue, o Aedes aegypti. Determinado indivíduo pode imaginar que deixar
água acumulada é um problema individual, pois o terreno é propriedade
particular. Contudo, esta atitude possivelmente prejudicará outras pessoas, pois
está se favorecendo a proliferação de larvas do referido mosquito e a consequente
veiculação da doença. Daí a natureza transindividual e difusa do direito, onde
não é possível desligar o indivíduo do meio que o cerca.

28
TÓPICO 2 | DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NESTE CONTEXTO?

2.1 OS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL


Ao se abordar efetivamente o DA internacional, uma das questões a serem
tratadas diz respeito aos seus princípios básicos, também relacionados às normas
do DA Nacional, pois são fundamentais ao entendimento dos instrumentos legais
já existentes e para criação de novas legislações.

Procedemos ao estudo destes princípios:

• Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental


da pessoa humana: o meio ambiente ecologicamente equilibrado como essencial
à sadia qualidade de vida (art. 225, da Constituição Federal de 1988, CF, p. 36)
está diretamente relacionado à dignidade da pessoa humana (art.1 CF) e ao
direito à vida (art. 5 CF). Esse direito pertence a todos, gerações presentes e
futuras, brasileiros e estrangeiros residentes no país. Inclusive, este é o Princípio
1 da Declaração de Estocolmo de 1972.

• Princípio da intervenção estatal obrigatória na proteção do meio ambiente:


O art. 225 da CF impõe ao poder público o dever de atuar na defesa do meio
ambiente. A referência ao “poder público” quer destacar a atuação conjunta
dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além da participação da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios na proteção do meio ambiente.

• Princípio do desenvolvimento sustentável: este princípio, tratado com mais


profundidade no Tópico 1, diz respeito ao processo que conduzirá para a
sociedade sustentável: aquela capaz de produzir sustentabilidade econômica,
cultural, social e ambiental. Seu fundamento constitucional encontra-se no art.
170, inciso IV e art. 225 CF. Inclusive, em matéria exclusiva do meio ambiente,
no art. 170, o inciso IV apresenta os seguintes dizeres: “defesa do meio ambiente,
inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação”.

• Princípio da participação/informação: sem informação o indivíduo não pode


formar opinião e se manifestar. Assim como os órgãos públicos, os agentes
econômicos envolvidos na utilização de “recursos” naturais também deveriam
prestar informações, uma vez que o ambiente se constitui em bem de uso comum
do povo. Empresas que utilizam substâncias perigosas, por exemplo, devem
notificar as comunidades vizinhas de suas operações (aspecto exigido pela
legislação americana). Neste contexto, a Educação Ambiental (EA) é ferramenta-
chave, pois é definida enquanto “os processos por meio dos quais o indivíduo e
a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum
do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (art. 1º da
Lei nº 9.795/99 – Política Nacional de Educação Ambiental).

29
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

• Princípio da precaução: durante a realização da Rio-92 foi adotado o princípio


da precaução (Princípio 15), onde, para proteção do meio ambiente, os
Estados deverão tomar medidas pautadas neste princípio conforme as suas
competências. Para tanto, na permissão ou autorização de uma obra ou de um
novo agrotóxico há incerteza sobre a existência ou probabilidade de danos à
saúde pública ou à natureza, tal atividade, em observância ao princípio da
precaução, não deverá ser autorizada ou, pelo menos, deverão ser tomadas
medidas preventivas que afastem os riscos.

• Princípio da prevenção: aplica-se quando já há a certeza do dano provocado por


certa atividade e que abrange sobretudo o controle da poluição “gradual” (ou
crônica), que por um efeito de acumulação pode se tornar aguda, provocando
um desequilíbrio ecológico. Prevenir é agir antecipadamente, a fim de evitar
danos graves e irreparáveis ao meio ambiente. Sua aplicação se dá nos casos em
que os impactos ambientais já são conhecidos, restando certa obrigatoriedade
do licenciamento ambiental e do estudo de impacto ambiental (EIA). Estes são
alguns dos principais instrumentos de proteção ao meio ambiente.

• Princípio do poluidor-pagador e do usuário-pagador: parte da constatação


de que os recursos ambientais são escassos e que o seu uso na produção e no
consumo acarreta a sua redução e degradação. Assim sendo, se o custo da
degradação dos recursos naturais não for considerado no sistema de preços, o
mercado não será capaz de refletir a escassez. Por isso, são necessárias políticas
públicas capazes de eliminar a falha de mercado, de forma a assegurar que
os preços dos produtos reflitam os custos ambientais. Em relação ao usuário-
pagador, os recursos ambientais existem para o benefício de todos. Sendo
assim, todos os usuários sujeitam-se à aplicação dos instrumentos econômicos
estabelecidos para regular seu uso, tendo em vista o bem comum da população.
Inclusive, este princípio está previsto na Política Nacional de Meio Ambiente (Lei
6.938, de 1981), onde, em seu art. 4º, inciso VII, é estabelecido: “a implantação,
ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados, e ao usuário da contribuição pela utilização de recursos ambientais
com fins econômicos”.

• Princípio da responsabilização ambiental: a CF de 1988, em seu art. 225


(parágrafo 3º), é clara ao postular que “as condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar
os danos causados”. Em matéria de proteção ambiental, a ênfase deve ser na
prevenção dos danos. Porém, na prática atual, as medidas preventivas têm
sido limitadas e incapazes de garantir essa proteção. Daí a necessidade de se
promover a responsabilização dos causadores de danos ambientais da maneira
mais ampla possível. Pode-se citar como exemplo a tragédia ocorrida no
município de Mariana, no Estado de Minas Gerais, onde as medidas preventivas
cabíveis para se evitar o rompimento da barragem não foram tomadas.

30
TÓPICO 2 | DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NESTE CONTEXTO?

• Princípio da cooperação: as agressões ao meio ambiente nem sempre ocorrem


dentro dos limites territoriais de um município, estado ou país. Devido a isso, seu
enfrentamento precisa ocorrer dentro de um espírito mais efetivo de cooperação
ante às exigências urgentes de se combater os efeitos devastadores da degradação
ambiental. A cooperação no âmbito interno em matéria ambiental está prevista no
art. 23 da CF, que dispõe sobre a competência comum da União, Estados, DF e
Municípios, para proteger o meio ambiente e combater a poluição. No âmbito das
relações internacionais, a CF, em seu art. 4º, inciso IX, estabelece como princípio “a
cooperação entre os povos para o progresso da humanidade”. A Lei nº 9.605/98 (Lei
de Crimes Ambientais) também trata da cooperação internacional. Em seu capítulo
VII, a referida Lei atenta para a cooperação internacional em matéria ambiental,
em seu artigo 77: “resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons
costumes, o governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a
necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus [...]”.

Estes princípios constituem as diretrizes básicas do DA, nos âmbitos


nacional e internacional. Note que a legislação ambiental brasileira, em diversos
instrumentos legais, apresenta estes princípios incorporados aos seus textos,
dada a importância que os mesmos exercem na manutenção de um ambiente
ecologicamente equilibrado.

Nos próximos itens são apresentados os marcos legais da legislação ambiental


brasileira, além do papel da gestão ambiental pública frente a estes instrumentos.

3 DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO: COMPETÊNCIAS E


MARCOS LEGAIS

3.1 AS COMPETÊNCIAS DA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS


A CF de 1988 é clara no que tange às competências administrativas das
esferas públicas no que diz respeito à proteção do meio ambiente como todo, ao
postular, em seu art. 23 que:

Art. 23 – É competência comum da União, dos Estados, do DF e dos


Municípios:
[...]
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e
os sítios arqueológicos;
[...]
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de
suas formas;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora.
[...].

31
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Em relação às competências legislativas, o art. 24 da CF delega à União,


aos Estados e ao Distrito Federal competência concorrente para legislar sobre
diferentes matérias:

I – direito (...) urbanístico;


[...]
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
poluição;
VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, turístico e paisagístico;
[...]

No art. 24 da Constituição é postulada claramente a divisão das


competências entre União, Estados e municípios, a saber:

Art. 24 (CF/1988) – [...]


§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União
limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não
exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência plena, para atender suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência sobre normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrário.

É importante que você conceda especial atenção a este parágrafo (§ 4º)


do art. 24. O significado dos dizeres mencionados está no fato de que normas
estaduais ou municipais não podem sobrepor-se às normas federais (MILARÉ,
2011). Ou seja, uma lei municipal, por exemplo, não pode contrariar jamais uma
lei federal, sob pena de ser considerada inconstitucional. Desta forma, a União
legislará e atuará frente às questões de interesse nacional, enquanto os Estados o
farão diante de problemas regionais, e os Municípios apenas diante de tópicos de
interesse estritamente local (MILARÉ, 2011).

Neste caso, aos municípios compete:

Art. 30 (CF/1988):
I – legislar sobre assuntos de interesse local;
II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
[...]

32
TÓPICO 2 | DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NESTE CONTEXTO?

4 A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE


A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), estabelecida pela Lei
no 6.938, de 1981, pode ser considerada o principal dispositivo da legislação
brasileira em matéria ambiental, pois trata-se de uma norma geral de organização
e proteção do meio ambiente, estabelecendo princípios, objetivos e instrumentos
destinados à preservação dos recursos naturais. Outro feito importante da PNMA
é a instituição do Sistema Nacional do Meio Ambiente.

FIGURA 6 – ESTRUTURA E ÓRGÃOS COMPONENTES DO SISNAMA E SUAS FUNÇÕES

FONTE: A autora.

De acordo com Milaré (2011, p. 371), o SISNAMA:

[...] representa a articulação da rede de órgãos ambientais existentes


e atuantes em todas as esferas da administração pública [...]. É uma
ramificação capilar que, partindo do sistema nervoso central da União,
passa pelos feixes nervosos dos Estados e atinge as periferias mais
remotas dos organismos político-administrativos brasileiros, através
dos municípios.

Cabe destacar que o SISNAMA não pode exercer a tutela administrativa


do ambiente, devido à sua própria característica de funcionar enquanto fluxo de
informações. Por meio deste fluxo, em sua esfera, atuarão os órgãos com poder
de polícia administrativa ambiental, notadamente o IBAMA, o Instituto Chico
Mendes e os órgãos seccionais e locais (MILARÉ, 2011).

33
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

4.1 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO


AMBIENTE
Para que a PNMA atinja os objetivos a que se propõe, a mesma conta com
instrumentos, ou seja, ferramentas das quais dispõem a União, os Estados e os
Municípios, para implementar a PNMA e atingir seus objetivos. Quais seriam
eles? Estes objetivos são estabelecidos pelo Art. 4º da Lei 6.938, a saber:

Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:


I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à
qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental
e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais
orientadas para o uso racional de recursos ambientais;
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação
de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência
pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e
do equilíbrio ecológico;
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas
à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo
para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela
utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Conforme o art. 9º da Lei 6.938/1981, são instrumentos da PNMA:

• Padrões de Qualidade;
• Zoneamento Ambiental;
• Avaliação de Impactos Ambientais;
• Licenciamento Ambiental;
• Criação de Espaços Protegidos;
• Cadastro Técnico Federal;
• Penalidades por Crimes Ambientais;
• Relatório de Qualidade Ambiental;
• Sistema Nacional de Informação;
• Cadastro de Atividades Poluidoras.

A partir deste enfoque, estudaremos agora com mais profundidade os


cinco primeiros instrumentos. Vamos lá?

34
TÓPICO 2 | DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NESTE CONTEXTO?

4.1.1 Estabelecimento de padrões de qualidade


ambiental
Os padrões ambientais de qualidade apresentam a função de fixar limites
toleráveis à utilização de recursos naturais. No site do IBAMA é apresentada uma
definição bem clara a respeito do conceito de padrões de qualidade ambiental:

Um padrão de qualidade ambiental é um limite – definido por leis,


normas ou resoluções – para as perturbações ambientais, em particular,
da concentração de poluentes e resíduos, que determina a degradação
máxima admissível do meio ambiente (Glossary of Statistical Terms,
2007). A normativa brasileira, sobretudo as Resoluções do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), fornece marcos legais para
subsidiar o controle e monitoramento desses padrões referentes aos
temas: ar, água, solo, biodiversidade, entre outros (IBAMA, 2015).

NOTA

Perceba que cabe ao CONAMA o estabelecimento destes padrões no Brasil!


Os padrões de qualidade da água estão estabelecidos pela Resolução no 357, de 2005, do
CONAMA. Você pode consultar os mesmos por meio do site: <http://www.mma.gov.br/port/
conama/res/res05/res35705.pdf>.

4.1.2 Zoneamento ambiental (ZA)


É um instrumento que deve incluir a variável ambiental no âmbito do
ordenamento territorial, de forma que as ações antrópicas a serem realizadas em
determinado espaço sejam viáveis sob todos os pontos de vista: social, ambiental
e econômico (SANTOS; RANIERI, 2013).

Já Milaré (2011, p. 452) aponta o zoneamento como “o resultado de estudos


conduzidos para o conhecimento sistematizado de características, fragilidades e
potencialidades do meio, a partir de aspectos ambientais escolhidos em espaço
geográfico delimitado”. O ZA é representado por cartografia que indica áreas
com características homogêneas. Essa representação resulta da interação entre e
interpretação de mapas (por exemplo: do zoneamento ambiental na Amazônia)
construídos a partir de metodologias específicas (MILARÉ, 2011). No caso dos
municípios, o Plano Diretor é a ferramenta básica para o estabelecimento de
critérios gerais de ordenamento dos espaços urbanos, conforme disposto no art.
182, § 1º e 2º, da CF/1988.

35
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

FIGURA 7 – ZONEAMENTO AMBIENTAL

FONTE: Disponível em: <meioambiente.culturamix.com>. Acesso em: 19 fev. 2016.

4.1.3 Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)


Para Sánchez (2013), o objetivo da AIA é considerar os impactos ambientais
anteriormente à tomada de decisão que possam resultar numa significativa
degradação da qualidade ambiental. Para tanto é realizado um conjunto de ações
sequenciais relacionadas de forma lógica. Esta reunião de atividades recebe o
nome de Avaliação de Impacto Ambiental. Geralmente, a AIA é um objeto de
regulamentação, que estabelece minuciosamente os passos a serem adotados
conforme os tipos de atividades ou empreendimentos sujeitos à elaboração prévia
de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o escopo deste estudo e os tipos de
consultas públicas a serem realizados, entre outros. Conforme Milaré (2011),
o poder público, munido de um conjunto de normas legais, conduz uma ação
protetiva e de controle da utilização de recursos naturais, através de um sistema
de gestão ambiental. Este sistema trata-se de uma forma legítima, orgânica e
racional de efetuar a tutela ambiental por meio de instrumentos técnicos e, muitas
vezes, da participação popular.

36
TÓPICO 2 | DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NESTE CONTEXTO?

O autor Fiorillo (2013) menciona que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA)


e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) - o comentado EIA/RIMA - configuram-
se como um dos principais instrumentos de proteção ambiental. Sua existência é
preventiva e pode compreender um dos passos do licenciamento ambiental.

Milaré (2011) reforça esta questão ao comentar que, como modalidade


da AIA, o EIA é hoje considerado como um dos mais notáveis instrumentos de
compatibilização do desenvolvimento socioeconômico com a preservação da
qualidade ambiental.

Deve-se compreender também que o RIMA é destinado especificamente


ao esclarecimento das vantagens e impactos ambientais do empreendimento e
refletirá os aspectos do EIA. Ou seja, o RIMA é o resultado dos procedimentos do
EIA (levantamento da literatura científica e legal pertinente, estudos de campo,
análises de laboratório, entre outros.) (MILARÉ, 2011).

ATENCAO

É importante salientar que no Brasil, atualmente, existem diversos tipos de


estudos ambientais. O EIA é um destes estudos. Há também o plano de controle ambiental
(PCA), o relatório de controle ambiental (RCA), o relatório ambiental preliminar (RAP), etc.
(SÁNCHEZ, 2013).

Será que a realização de um EIA é sempre necessária?

Bem, dependerá da magnitude do impacto ambiental da atividade a ser


realizada. Existem aquelas de baixo impacto, e, em virtude disto, existem normas
ambientais variadas para diversos tipos de atividades. Desta forma, quando
um empreendimento apresenta baixo impacto, o poder público exigirá apenas
uma AIA. Já para uma atividade com significativa degradação, será exigida a
realização de um EIA.

Neste caso, a Resolução do CONAMA no 237, de 1997, é clara, ao postular que:

Art. 3º - A licença ambiental para empreendimentos e atividades


considerados efetiva ou potencialmente causadores de significativa
degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental
e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA),
ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências
públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que
a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador
de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos
ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.

37
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DICAS

É fundamental que conheçamos algumas atividades potencialmente poluidoras.


As mesmas estão relacionadas na Resolução n. 001 de 1986, art. 2º. A referida Resolução pode
ser consultada a partir do link: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>.

Você pode estar se perguntando: Caso seja necessário um EIA, o que este
estudo deve conter? Obviamente, esta questão dependerá do empreendimento
a ser executado. Por exemplo: no caso de uma usina hidrelétrica, dentre outros
aspectos, as variáveis elencadas no quadro a seguir deverão ser levantadas e
pontuadas no posterior RIMA:

QUADRO 3 – EXEMPLO DE CARACTERÍSTICAS DE UM EMPREENDIMENTO HIDRELÉTRICO A


SEREM LEVANTADAS EM UM EIA

FONTE: CETESB (2014)

Obviamente, inúmeros outros aspectos deverão ser considerados, tais


como: o tipo de vegetação, a fauna, o tipo de solo, o relevo, a altitude, a existência
de populações ribeirinhas, entre outros.

38
TÓPICO 2 | DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NESTE CONTEXTO?

DICAS

Na internet existem vários exemplos de RIMA de empreendimentos reais,


que podem ser consultados na íntegra. Alguns deles podem ser encontrados no seguinte
endereço eletrônico: <http://licenciamento.ibama.gov.br/>.

4.1.4 Licenciamento Ambiental (LA)


A partir de 1981, com a promulgação da PNMA, o Licenciamento
Ambiental tornou-se obrigatório em todo o território nacional e as atividades
efetiva ou potencialmente poluidoras não podem ser executadas sem o devido
licenciamento. Por isso, as organizações/atividades que funcionam sem a LA estão
sujeitas às sanções penais estabelecidas por lei, incluindo as punições elencadas
na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605, de fevereiro de 1998) (FIRIAN, 2004).

De acordo com a Resolução do CONAMA no 237, de 1997, art. 1º, o LA se


trata de um:

Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação
de empreendimentos e atividades potencialmente poluidoras ou
daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições e regulamentos e as normas
técnicas aplicáveis ao caso.

Desta forma, o LA configura-se então em uma ferramenta-chave a fim de


que a sociedade possa controlar a manutenção da qualidade do MA. Esta questão
está intimamente relacionada à saúde pública e à qualidade de vida da população.
Não se esquecendo das gerações futuras.

Trata-se também da base fundamental do tratamento dos aspectos ambientais


pela empresa. Por meio da licença é que o empreendedor dá início ao seu contato
com o órgão ambiental e toma ciência de seus deveres em relação ao adequado
controle ambiental de sua atividade. Além disso, a licença apresenta uma listagem
de restrições ambientais que devem ser respeitadas pela organização (FIRIAN, 2004).

Cabe salientar que a LA apresenta um prazo de validade estabelecido em


que o órgão ambiental delimita regras, condições, restrições e medidas mitigadoras
de impacto ambiental, a serem respeitadas pela empresa/atividade. Dentre as
principais características a serem mensuradas no processo de licenciamento,
pode-se destacar: o potencial de geração de líquidos poluentes (despejos e
efluentes), resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de riscos
de explosões e de incêndios. Sendo assim, o empreendedor, ao receber a LA,
assume os compromissos para a manutenção da qualidade ambiental do local em
que se instala (FIRIAN, 2004).
39
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O LA ocorre em três etapas distintas:

• A outorga (concessão) da licença ambiental prévia (LAP).


• A outorga da licença ambiental de instalação (LAI).
• A outorga da licença ambiental de operação (LAO).

A Resolução 237/1997 do CONAMA define estes três tipos de licença, em


seu art. 8º:

Art. 8º - O poder público, no exercício de sua competência de controle,


expedirá as seguintes licenças:
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento
do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e
concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os
requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas
fases de sua implementação.
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento
ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos,
programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes,  da qual constituem motivo
determinante.
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou
empreendimento após a verificação do efetivo cumprimento do que
consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação.

Por meio da tabela a seguir é possível vislumbrar mais claramente os tipos


de licença ambiental e suas particularidades.

QUADRO 4 – FASES DO EMPREENDIMENTO E AS LICENÇAS AMBIENTAIS


CORRESPONDENTES

LP LI LO
Objeto da licença
Autoriza: Autoriza: Autoriza:

o início das obras o funcionamento


de construção para do objeto da obra
Empreendimentos o início do o estabelecimento (prédios, pontes,
diversos planejamento; das instalações e da barragem, portos,
infraestrutura; estradas, etc.);

o início das obras


Atividades ou de construção início da operação
o início do necessárias para o
serviços da atividade ou
planejamento. estabelecimento da serviço.
atividade ou serviço.

FONTE: TCU (2004)

40
TÓPICO 2 | DIREITO AMBIENTAL: LEGISLAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL. QUAL O PAPEL DA GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NESTE CONTEXTO?

ATENCAO

A competência para licenciar é a mesma para todas as esferas brasileiras: União,


DF, Estados e Municípios? A resposta é negativa. Inclusive, os artigos 4º, 5º e 6º da Resolução
237 do CONAMA são bem claros nas atribuições das referidas atribuições.

Além das características já mencionas do licenciamento e dos tipos de


licença ambiental existentes, é importante observar que existe um prazo de
validade para as licenças ambientais, sendo este preconizado pela Resolução
237/1997:

Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de


validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo
documento, levando em consideração os seguintes aspectos:
I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo,
o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas
e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser
superior a 5 (cinco) anos.
II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser,
no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do
empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis)
anos.
III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá
considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4
(quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos.

Depois de concedida a Licença Ambiental, a mesma pode ser suspensa? A


resposta é sim, pode, conforme denota o Art. 19, da Resolução 237:

Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada,


poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e
adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando
ocorrer:
I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas
legais.
II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que
subsidiaram a expedição da licença.
III - Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

41
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Ao estudarmos diferentes características sobre Avaliação de Impacto


Ambiental, Estudo de Impacto Ambiental e Licenciamento Ambiental, podemos
perceber que, embora a conscientização dos interessados e envolvidos com
o assunto sobre a importância da licença tenha crescido de forma significativa
nos últimos anos, verifica-se que muitas irregularidades são cometidas por falta
de informação (TCU, 2004). Daí a necessidade de nos informarmos junto aos
órgãos ambientais, sempre que houver dúvida em questões relativas aos trâmites
que envolvem o Licenciamento. Deste modo, é possível construir uma relação
socioambientalmente positiva, tanto junto aos órgãos de meio ambiente, quanto
junto ao entorno de onde o empreendimento pretende se instalar. Acrescenta-
se a estes dizeres o fato de que o cidadão comum também apresenta o direito
e o dever de zelar pelo ambiente em que reside, podendo consultar a partir da
entidade ambiental, sempre que desejar, informações ligadas a qualquer processo
de licenciamento a ser realizado na localidade em que reside.

ATENCAO

Lembre-se: o direito à informação é um dos princípios do Direito Ambiental!

ATENCAO

O estudo referente ao instrumento da PNMA, a Criação de Espaços Protegidos,


será abordado no último tópico (Tópico 3) desta unidade, que versará também sobre o estudo
do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

42
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:

• O Direito Ambiental (DA) constitui-se numa importante ferramenta para a


manutenção da qualidade ambiental, além de assegurar a todo o indivíduo o
direito a um ambiente ecologicamente equilibrado.

• O DA, enquanto direito difuso e transindividual, considera o ser humano como


parte de um ecossistema.

• As atribuições do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) no


estabelecimento de padrões de qualidade ambiental fixam limites toleráveis
para utilização dos recursos ambientais.

• O papel do zoneamento ambiental que visa o parcelamento dos espaços


urbanos, rurais e florestais, de acordo com as características ambientais, sociais
e econômicas, busca um adequado aproveitamento destas áreas.

• A importância e caracterização da Avaliação de Impacto Ambiental e o


Licenciamento para a Gestão Ambiental Pública na regulamentação e controle
das atividades antrópicas que interferem nas condições socioambientais,
visando à compatibilização entre crescimento econômico e conservação da
qualidade ambiental.

43
AUTOATIVIDADE

1 A partir do quadro sobre as gerações dos direitos humanos fundamentais,


temos o Direito Ambiental (DA) enquanto direito de 3ª geração. O DA
apresenta uma natureza difusa e transindividual. Por quê? Explique esta
questão apresentando um exemplo prático para a mesma (desmatamento,
queimadas, poluição dos rios).

2 Os princípios formadores do DA devem ser compreendidos, pois norteiam


a aplicação prática e a criação de novas legislações em matéria de meio
ambiente. A respeito destes princípios, relacione as colunas que seguem:

(1) Princípio da prevenção.


(2) Princípio da precaução.
(3) Princípio da participação.
(4) Princípio do poluidor-pagador.

( ) Aplicado quando da incerteza sobre impactos ambientais que podem ser


gerados.
( ) Relativo ao dever do poder público e dos agentes econômicos de prestar
informações à comunidade sobre suas atividades.
( ) Aplicado quando há certeza do dano ambiental provocado.
( ) Parte da constatação de que os recursos ambientais são escassos e que sua
utilização resulta na redução de sua disponibilidade.

3 No ano de 1981 foi promulgada a Política Nacional do Meio Ambiente


(PNMA), estabelecida pela Lei no 6.938. Qual a importância desta lei para o
DA brasileiro? Explique.

4 O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) compõe uma das principais


ferramentas de proteção ambiental. A partir deste enfoque, em todas as
atividades econômicas a serem realizadas, o EIA é sempre necessário?
Disserte sobre esta questão.

44
UNIDADE 1
TÓPICO 3

A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS


ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

1 INTRODUÇÃO
Uma das formas de se garantir a preservação e a conservação dos
ecossistemas se dá por meio da criação de Espaços Territoriais Especialmente
Protegidos (ETEP). Com a promulgação da CF de 1988, lança-se o desafio de
uma regulamentação destes espaços, dando o ensejo para a criação da Lei 9.985,
de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
(MILARÉ, 2011).

A partir da explanação do conceito de ETEP, objetiva-se entender


a finalidade dos mesmos e esclarecer que as UC caracterizam uma de suas
tipologias. Com este enfoque, procede-se com o esclarecimento dos tipos de UC
conforme o estabelecido pela lei do SNUC, as unidades de proteção integral e as
unidades de uso sustentável. Finalmente, apresentamos os tipos de UC existentes
para cada uma dessas duas categorias, além dos procedimentos básicos exigidos
para a criação de uma UC.

2 O CONCEITO DE ESPAÇO TERRITORIAL ESPECIALMENTE


PROTEGIDO
O poder público apresenta o dever de criar espaços especialmente
protegidos, de alteração e supressão concedidas unicamente por meio da lei. No
art. 225 da CF/1988, § 1º, inciso III:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder
público:
[...]
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais
e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção; 
[...]

45
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Entretanto, a CF não conceitua exatamente o termo espaços territoriais


especialmente protegidos (ETEP), pois em muitas ocasiões este é confundido com
os conceitos de unidades de conservação ou de áreas protegidas (FERREIRA;
SCARDUA, 2008). Desta forma, definiremos primeiramente o termo espaços
territoriais especialmente protegidos. Vamos lá?

Os ETEP são definidos enquanto áreas geográficas, públicas ou privadas,


que apresentem aspectos ambientais que necessitem de demarcação legal, por
parte do poder público, que resulte em um espaço que praticamente não possa
ser modificado e sua utilização seja sustentada. Estes espaços são criados visando
à proteção da integridade de parcelas da biodiversidade de ecossistemas, a
proteção ao processo de evolução das espécies, a preservação e a proteção dos
recursos naturais (SILVA, 2000).

O autor Leuzinger (2002) define os ETEP como o conjunto total das áreas
públicas ou privadas sujeitas a medidas especiais de proteção, sobre as quais
incidam limitações com o objetivo de proteger, integral ou parcialmente, suas
características naturais.

A partir destas definições, nota-se que as mesmas apresentam atributos em


comum, tal qual a necessidade de proteção especial destas áreas, com imposição
de restrições e a finalidade de proteção ambiental (PEREIRA; SCARDUA, 2008).

Cabe destacar que os ETEP não podem ser confundidos com unidades de
conservação, pois estas são espécies do gênero ETEP, ou seja, conforme Silva (2000,
p. 212), “nem todo espaço terri­torial especialmente protegido se confunde com
unidades de conservação, mas estas são também espaços especialmente protegidos”.

NOTA

Você, acadêmico(a), conhece algum Espaço Territorial Especialmente Protegido na


sua região? No Brasil, podemos citar como exemplo a Mata Atlântica, a Floresta Amazônica, o
Pantanal Mato-Grossense, a Serra do Mar, a zona costeira, os manguezais, as dunas e as restingas,
além das áreas de preservação permanente (APP) e as Unidades de Conservação (UC).

Inclusive, o autor Milaré (2005, p. 359) aponta que a implementação dos


ETEP “materializa-se através de quatro categoriais fundamentais de espaços
protegidos, quais sejam: a Área de Proteção Especial, a Área de Preservação
Permanente, a Reserva Legal e as unidades de conservação”. A seguir,
apresentamos as definições para cada um destes ETEP:

46
TÓPICO 3 | A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

2.1 ÁREA DE PROTEÇÃO ESPECIAL


O estabelecimento destas áreas está previsto na Lei de Parcelamento do
Solo Urbano (art. 13, inciso I e 14 da Lei 6.766/76), que atribuiu aos Estados, através
de decreto, a definição das mesmas com o objetivo de se proteger os mananciais,
o patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico.

2.2 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE


O Código Florestal de 2012 (Lei no 12.651, de 2012) define área de
preservação permanente como sendo:
Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (Art.
30, Inciso II).

As encostas, as restingas, os manguezais, áreas no entorno de nascentes


de água ou aquelas áreas às margens de cursos d’água são exemplos de Áreas
de Preservação Permanente (APPs) (Figura 8A). Lembrando que as faixas de
preservação ao longo das margens dos cursos hídricos são estabelecidas pelo
referido Código Florestal, em seu Art. 4º.

2.3 RESERVA LEGAL


Conforme o Inciso III, do Art. 3º, do Código Florestal, trata-se de uma:

Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,


delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso
econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel
rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos
e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a
proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

Destaca-se que a área de reserva legal (Figura 8B) não pode ser alterada,
podendo ser explorada por meio do manejo sustentável, que apresenta a
peculiaridade de poder se extrair a madeira sem o comprometimento do
ecossistema florestal, por exemplo.

47
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.4 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


É uma terminologia empregada no Brasil para definir as áreas instituídas
pelo poder público destinadas à proteção da flora, fauna, corpos hídricos, solos,
e todos os processos ecológicos inerentes aos ecossistemas naturais. Além disso,
certas categorias de Unidades de Conservação (UC) (Figura 8C) também protegem
o patrimônio histórico-cultural, as práticas e o modo de vida das populações
tradicionais, o que possibilita a utilização sustentável dos bens ambientais
(SIMÕES; OLIVATO; GALLO JÚNIOR, 2008).

FIGURA 8 – TIPOLOGIAS DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

(Parque Nacional da
Serra do Itajaí/SC)

FONTE: Disponível em: <acaprena.org.br>. Acesso em: 25 fev. 2016.

No item a seguir nos aprofundaremos no estudo das Unidades de


Conservação, por meio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC), estabelecido pela Lei no 9.985/2000.

48
TÓPICO 3 | A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

3 O SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


(SNUC)
Conforme mencionado anteriormente, O Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza (SNUC) foi instituído pela Lei Federal 9.985, de
2000, e trouxe diversas diretrizes e normas que versam sobre a modernização da
gestão e do manejo das áreas protegidas no Brasil (SIMÕES; OLIVATO; GALLO
JÚNIOR, 2008).

A Lei do SNUC sugere que estados e municípios criem seus sistemas


de unidades de conservação de modo que as metas relativas à proteção da
biodiversidade em níveis nacional e internacional sejam atingidas (SIMÕES;
OLIVATO; GALLO JÚNIOR, 2008). Dada a grande diversidade presente no
território brasileiro, o SNUC segmenta as UC em dois grandes conjuntos,
conforme Milaré (2011):

• Unidades de Proteção Integral: apresentam por finalidade básica a preservação


da natureza, com pouca ou nenhuma interferência antrópica, onde não seja
permitida a utilização direta dos recursos naturais, sendo possível somente a
utilização indireta, que não inclua consumo, coleta, dano ou destruição dos
recursos naturais, com exceção das situações previstas na lei do SNUC. Sendo
assim, as Unidades de Proteção Integral são divididas em cinco categorias,
conforme o art. 8º da Lei do SNUC: Estação Ecológica; Reserva Biológica;
Parque Nacional; Monumento Natural; e Refúgio da Vida Silvestre. Um breve
resumo destas categorias é apresentado no quadro a seguir.

QUADRO 5 – UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL

Nome Principais características Exemplos


Áreas representativas dos ecossistemas brasileiros
destinadas à realização de pesquisas básicas Serra Geral do
aplicadas de Ecologia, à proteção do ambiente natural Tocantins (TO),
Estação Ecológica e desenvolvimento da educação conservacionista. Estadual Paraíso
A lei determina que, no mínimo, 90% de cada (RJ), Ilha do Mel
estação permanentemente devem ser destinados à (PR) e Carijós (SC).
preservação integral da biodiversidade.
Atol das Rocas (RN),
Objetiva a preservação integral da biota e demais
Orquídeas (RJ),
atributos naturais existentes em seus limites, sem
Fontes do Ipiranga
Reserva Biológica interferência antrópica direta ou modificações
(SP), Lagoa do Peri
ambientais, com exceção de medidas de recuperação
(SC) e Marinha do
de áreas degradadas.
Arvoredo (SC).

49
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Modalidade mais antiga e popular de UC. O Serra do Itajaí


primeiro Parque Nacional do mundo foi o de (SC), Chapada
Yellowstone (criado em 1872, nos Estados Unidos). Diamantina (BA),
Estas unidades visam à preservação de ecossistemas Iguaçu (PR).
Parque Nacional naturais de grande relevância ecológica e beleza
cênica, permitindo a realização de pesquisas Itatiaia (SP) –
científicas e o desenvolvimento de atividades de primeiro PARNA
educação e interpretação ambiental, de recreação criado no Brasil, em
em contato com a natureza e de turismo ecológico.  1937.
Árvores Fossilizadas
do Rio Tocantins
Monumento Criados com a finalidade de preservar sítios naturais (TO), Rio São
Natural raros, singulares ou de grande beleza cênica. Francisco (nascente
em MG), Pontões
Capixabas (ES).
Visa a proteção dos ambientes naturais onde
se asseguram condições para a existência ou Quelônios do
reprodução de espécies ou comunidades da flora Araguaia (MT),
Refúgio da Vida local e da fauna residente ou migratória. Pode ser Campos de Palmas
Silvestre constituído por áreas particulares, desde que seja (PR), Rio dos Frades
possível compatibilizar os objetivos da unidade com (BA), Morro do
a utilização da terra e dos recursos naturais do local Papaquara (SC).
pelos proprietários. 

FONTE: UC Socioambiental (2016)

• Unidades de Uso Sustentável: seu objetivo é o de compatibilizar a conservação


da natureza com a utilização sustentável (controlada) de parte dos seus recursos
naturais. Conforme o art. 14 da referida lei, as Unidades de Uso Sustentável
são divididas em: Área de Proteção Ambiental; Área de Relevante Interesse
Ecológico; Floresta Nacional; Reserva Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva
de Desenvolvimento Sustentável; e Reserva Particular do Patrimônio Natural.

QUADRO 6 – UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL

Nome Principais características Exemplos


Em geral é uma área extensa, com certo grau
Chapada do Araripe
de ocupação humana, dotada de características
(CE, PI e PE), Rota do
abióticas, bióticas, estéticas ou culturais
Sol (RS) e Meandros
Área de Proteção especialmente importantes para a qualidade de vida
do Rio
Ambiental e o bem-estar das populações humanas. Apresenta
Araguaia (GO, TO e
como objetivos proteger a biodiversidade,
MT), APA da Baleia
disciplinar o processo de ocupação e assegurar a
Franca (SC).
sustentabilidade dos recursos naturais.

50
TÓPICO 3 | A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

Geralmente de pequena extensão, com pouca ou Seringal Nova


nenhuma ocupação humana, com características Esperança (AC)
Área de Relevante
naturais extraordinárias ou que abriga exemplares e Serra da Abelha
Interesse
raros da biota regional, tendo como objetivo manter (SC), Ilhas Queimada
Ecológico
os ecossistemas naturais de importância natural ou Pequena e Queimada
local e regular o uso admissível dessas áreas. Grande (SP).
Área com cobertura florestal de espécies
predominantemente nativas e tem como finalidade Amazo nas (AM),
básica a utilização múltipla sustentável dos recursos Chapecó (SC),
Floresta Nacional
florestais e a pesquisa científica, com ênfase em Ibirama (SC) e Tijuca
métodos para exploração sustentável de florestas (RJ).
nativas.
Espaço empregado por populações locais,
cuja subsistência baseia-se no extrativismo e,
Pirajubaé (SC),
complementarmente, na agricultura de subsistência
Reserva Jaci-Paraná (RO),
e na criação de animais de pequeno porte, e tem
Extrativista M a r a c a n ã ( PA) e
como objetivos básicos proteger os meios de vida
Chico Mendes (AC).
e a cultura dessas populações, e assegurar o uso
sustentável dos recursos naturais da unidade.
Trata-se de uma área natural com populações
animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, O ICMBio ainda não
Reserva de Fauna residentes ou migratórias, adequadas para estudos criou nenhuma UC
técnico-científicos sobre o manejo econômico desta categoria.
sustentável de recursos faunísticos.
Área natural que abriga populações tradicionais,
cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis
Reserva de de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos
Rio Madeira (AM) e
desenvolvimento ao longo de gerações e adaptados às condições
Rio Amapá (AM).
sustentável ecológicas locais e que desempenham um papel
fundamental na proteção da natureza e na
manutenção da diversidade biológica.
Reserva Emílio Battistella
particular do Área privada, gravada com perpetuidade, com o (SC) Estação
patrimônio objetivo de conservar a diversidade biológica. Biológica Mata do
natural Sossego (MG).

FONTE: Milaré (2011); UC Socioambiental (2016); ICMBio (2016)

51
UNIDADE 1 | AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DICAS

Caro(a) acadêmico(a), conforme apresentado nos últimos dois quadros, tendo


em vista o vasto território brasileiro, com seus diferentes aspectos ambientais, sociais e
econômicos, houve a necessidade da criação destas diversas tipologias de UC. No site do
ICMBio é possível encontrar um vasto cadastro de UC brasileiras. Confira e conheça por meio
do link: <http://www.icmbio.gov.br/portal/unidades-de-conservacao.html>.

4 COMO SÃO CRIADAS AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO?


De acordo com Milaré (2011), as UCs têm sido criadas ora por lei, ora
por decreto, sendo definidos os seus limites e estabelecida a disciplina de uso,
conservação ou preservação de seu território e dos recursos nele existentes.
Daí o importante dever do poder público em definir espaços territoriais
especialmente protegidos.

Para regulamentar a criação das UCs foi estabelecido o Decreto no 4.340,


de 22 de agosto de 2002. Conforme esta norma, o ato de criação de uma unidade
de conservação deve apresentar os seguintes tópicos:

a) a denominação, a categoria de manejo, os objetivos, os limites, a


área da unidade e o órgão responsável por sua administração;
b) a população tradicional beneficiária, em casos específicos;
c) a população tradicional residente, quando couber; e,
d) as atividades econômicas, de segurança e de defesa nacional
envolvidas.

Cabe destacar que o Plano de Manejo é um documento essencial à


administração de uma área protegida, que deve criar e adotar esta ferramenta como
guia para a sua administração. Devem constar neste plano temas fundamentais
ligados à administração da área, definidas as políticas para atingir os objetivos
da UC, fixadas as prioridades e especificadas as estratégias para implementação
de formas de manejo. Outra finalidade do plano é a de comunicar ao público
em geral as informações acerca da UC, para que aumente a percepção e haja
compreensão e apoio da sociedade a respeito da importância desta unidade.
Desta forma, entende-se que a compreensão do público local e o apoio político
são importantes ferramentas na consolidação dos objetivos da UC. Inclusive, a
elaboração dos Planos de Manejo está prevista na Lei do SNUC em seu art. 27
(SCHENINI; COSTA; CASARIN, 2004).

52
TÓPICO 3 | A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

DICAS

Ficou curioso sobre as características de um Plano de Manejo? Disponibilizamos


o link <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-coservacao/pn_serra_
do_itaja%C3%AD.pdf> para que você possa acessar o Plano de Manejo do Parque Nacional da
Serra do Itajaí, localizado no Estado de Santa Catarina.

É importante salientar o importante papel das consultas públicas no que


tange ao aprimoramento das propostas de criação de UCs. A realização destas
consultas apresenta-se respaldada na própria CF/88, nos princípios de participação
comunitária e da publicidade, além do direito fundamental à informação. Para
tanto, são realizadas reuniões preliminares com as comunidades locais e setores
interessados, de modo que também sejam levantadas e consideradas, ao longo do
processo de criação, as questões de seu interesse (MILARÉ, 2011).

53
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você estudou que:

• Os Espaços Territoriais Especialmente Protegidos caracterizam-se por serem


áreas da esfera pública ou privada que contenham certas variáveis ambientais,
que fomentem a necessidade de demarcação legal, por parte do poder público.

• O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC foi


estabelecido pela Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000, cujo objetivo é harmonizar
as diferentes unidades de conservação existentes no ordenamento jurídico
brasileiro.

• As Unidades de Conservação podem ser classificadas em: unidades de proteção


integral e unidades de uso sustentável.

• Unidades de proteção integral são classificadas em: Estação Ecológica, Reserva


Biológica,Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre.

• Unidades de uso sustentável são divididas em: Área de proteção ambiental


(APA), Área de relevante interesse ecológico (ARIE), Floresta nacional
(FLONA), Reserva extrativista, Reserva de fauna, Reserva de desenvolvimento
sustentável e Reserva particular do patrimônio natural (RPPN).

• Para que seja criada uma UC, os seguintes aspectos devem ser observados: a
denominação, a categoria de manejo, os objetivos, os limites, a área da unidade e o
órgão responsável por sua administração; a população tradicional beneficiária,
em casos específicos; a população tradicional residente, quando couber; e as
atividades econômicas, de segurança e de defesa nacional envolvidas.

54
AUTOATIVIDADE

1 Por meio dos conteúdos estudados neste tópico, um Espaço Territorial


Especialmente Protegido é sempre uma Unidade de Conservação? Por quê?

2 Conforme a lei que estabelece o SNUC, as UCs podem ser classificadas de


duas formas, Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável.
Diferencie o conceito destas duas unidades e cite dois exemplos para cada
uma delas.

3 Sobre as unidades de conservação, preencha o quadro a seguir


completando com as atividades a seguir possíveis de serem efetuadas
em cada tipo de unidade:

A: Objetivo primário
B: Objetivo secundário
C: Não se aplica

Pesquisa Turismo e/ou Educação


Científica recreação Ambiental

Parque Nacional
Reserva Biológica

Área de Proteção
Ambiental

Estação Ecológica

4 Para a criação de uma UC, diversos requisitos devem ser respeitados. A


partir desta questão, explique o papel do Plano de Manejo e da participação
popular neste contexto.

55
56
UNIDADE 2

RECURSOS NATURAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir desta unidade você será capaz de:

• conceituar e identificar os recursos naturais renováveis;

• conceituar e identificar os recursos naturais não renováveis;

• identificar e compreender as ameaças antrópicas ao ambiente;

• compreender as relações que existem entre os seres humanos e a natureza;

• identificar as fontes poluidoras, bem como entender os impactos que cada


uma provoca ao meio ambiente.

PLANO DE ESTUDOS
Esta primeira unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um
deles você encontrará atividades que irão contribuir para sua compreensão
dos conteúdos explorados.

TÓPICO 1 – RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

TÓPICO 2 – RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS

TÓPICO 3 – AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE

57
58
UNIDADE 2
TÓPICO 1

RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

1 INTRODUÇÃO
O ser humano, a cada dia que passa, tem o intuito de expandir suas
riquezas, independentemente das consequências que podem acarretar de suas
atitudes e ações.

Neste tópico iremos estudar os recursos naturais renováveis do planeta,


porém, os mesmos não são infinitos, pois a degradação ambiental e o uso
indiscriminado e inconsequente, interferindo na ciclagem natural do meio
ambiente, afetam de forma drástica os nossos recursos.

2 RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS


Os recursos naturais renováveis apresentados neste tópico serão: o AR, a
ÁGUA, o SOLO, a FAUNA, a FLORA e a nossa BIODIVERSIDADE.

Iremos estudar os conceitos básicos, para um melhor entendimento da


Unidade 3.

2.1 AR
Atmosfera é o nome dado à camada gasosa que envolve os planetas. No
caso do planeta Terra essa atmosfera é composta por inúmeros gases que ficam
retidos, devido à força da gravidade e do campo magnético que envolve o planeta.
A atmosfera terrestre é composta por quatro camadas: troposfera, estratosfera,
mesosfera, termosfera (INFOESCOLA, 2016).

A troposfera é a região que fica em contato com a superfície e tem uma


extensão de cerca de 17 Km. Nessa região ocorrem quase todas as trocas gasosas
e os fenômenos atmosféricos do planeta.

Essa camada é composta por diferentes gases, são eles: nitrogênio


(78%), oxigênio (1%), e os demais gases (1%) (BRAGA, 2005), além de vapor
de água e partículas sólidas, muitas vezes lançadas pela poluição atmosférica,
resultante das atividades antrópicas, tais como as indústrias, os automóveis,
a agricultura, dentre outras.

59
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

A camada que fica acima da troposfera é a estratosfera, nesta zona é


encontrada a camada de ozônio, responsável por proteger o planeta dos raios
ultravioletas do Sol, tão nocivos aos seres humanos.

Acima da estratosfera temos a mesosfera, que se estende por


aproximadamente 50 ou 55 km acima da estratosfera, ou de 80 a 90 km da
superfície terrestre. Essa camada é caracterizada por baixas temperaturas
conforme a altitude aumenta.

A última camada terrestre é a termosfera, é a camada caracterizada pelas


altas temperaturas, devido à atividade solar e pouca presença de oxigênio.

FIGURA 9 - CAMADAS DA ATMOSFERA TERRESTRE

FONTE: Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br/camadas-da-atmosfera/>.Acesso


em: 26 jan. 2016.

A atmosfera é ligada diretamente aos processos biológicos que ocorrem no


planeta Terra, pois nela estão contidos os gases responsáveis pelas transformações
químicas, tais como respiração, fotossíntese, transpiração, além dos fenômenos
climáticos que ocorrem na nossa atmosfera.

A atmosfera também apresenta alguns conceitos e padrões de qualidade


determinados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente segundo a Resolução
003/1990, que são: as concentrações de poluentes atmosféricos que, ultrapassados,
poderão afetar a saúde, segurança e o bem-estar da população, bem como
ocasionar danos à fauna e à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral.

60
TÓPICO 1 | RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

O CONAMA ainda conceitua que os padrões primários de qualidade do ar


são as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da
população. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração
de poluentes atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo.
Padrões secundários de qualidade do ar são as concentrações de poluentes
atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar
da população, assim como o mínimo dano à fauna e à flora, aos materiais e ao meio
ambiente em geral. O quadro a seguir demonstra os níveis entendidos como níveis
toleráveis de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo.

QUADRO 7 - PADRÕES DE QUALIDADE DO AR NACIONAL


PADRÃO
TEMPO DE PADRÃO SECUNDÁRIO
POLUENTE PRIMÁRIO
AMOSTRAGEM µG/M3
µG/M3
Partículas Totais 24 horas (1) 240 150
em Suspensão Anual (2) 80 60
24 Horas 365 100
SO2
Anual (3) 80 40
40.000 40.000
1 Hora (1) 35ppm 35ppm
CO
8 Horas 10.000 10.000
(9ppm) (9ppm)
O3 1 Hora 160 160
24 horas (1) 150 100
Fumaça
Anual (3) 60 40
Partículas 24 horas (1) 150 150
Inaláveis Anual (3) 50 50

(1) Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano; (2) Média geométrica anual; (3) Média
aritmética anual.

FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/conama>. Acesso em: 26 jan. 2016.

Esses padrões visam estabelecer uma melhor qualidade do ar, para que a
poluição não afete tanto a vida dos seres do planeta. Quanto mais poluentes emitidos,
maiores são as consequências, tais como doenças respiratórias, além dos efeitos
climáticos, como efeito estufa, aquecimento global, chuva ácida, dentre outros.

2.2 ÁGUA
A água é a substância mais abundante na superfície terrestre, apresentando-
se nos estados líquido, sólido e gasoso (RUBIN; BIANCO, 2013). Todas as formas
de vida na Terra dependem do ciclo da água, que permite que a água passe por um
processo de purificação. Além de ser um bem indispensável para a manutenção
da vida no planeta Terra, esse também é um bem ameaçado com o crescimento
populacional desenfreado, pois a poluição afeta diretamente a ciclagem da água
que bebemos.
61
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

A ciclagem da água se dá através do ciclo da água, que é um fenômeno


natural de circulação entre a atmosfera e a superfície terrestre, considerado a base
para a renovação da água. Esse processo de renovação começa com a incidência
dos raios solares sobre a água, que, devido ao aquecimento dos rios, lagos, oceanos
e do solo, sofre o processo de evaporação ou, no caso das geleiras, o fenômeno de
sublimação (RUBIN; BIANCO, 2013).

A água que evapora é submetida a baixas temperaturas nas regiões


mais altas da atmosfera, sofrendo o processo chamado de condensação, assim
formando as nuvens e as gotículas de água. E quando essas gotículas estão
maiores e pesadas, ocorre a sua precipitação.

A água precipitada possui diferentes destinos. Uma parte precipita sobre


rios, lagos e oceanos, enquanto o restante cai sobre o solo. Nesse último caso, a
água pode percorrer dois caminhos: escoar sobre a superfície terrestre e desaguar
em rios e lagos, ou ainda, infiltrar no solo abastecendo os lençóis freáticos (RUBIN;
BIANCO, 2013). Este ciclo está exemplificado na figura a seguir.

FIGURA 10 - CICLO DA ÁGUA

FONTE: Disponível em: <http://www.sanasa.com.br/noticias/not_con3.asp?parnrod=544&flag=


TK>. Acesso em: 27 jan. 2016.

62
TÓPICO 1 | RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

Durante o processo de ciclagem da água ocorre a absorção dessa água


pelas plantas, através das raízes que estão no solo. Essa água irá agir como solvente
e reagente nas reações químicas intracelulares e, após participar dos processos,
será eliminada através da evapotranspiração. Já nos animais ocorre a absorção
após a ingestão do líquido. Essa água irá participar dos processos metabólicos
essenciais à vida dos animais e será excretada através da urina e do suor.

Conforme determina a Resolução nº 357/2005 do Conselho Nacional


do Meio Ambiente, as águas são classificadas de acordo com seus usos, sendo
estabelecidos limites e/ou condições para os diferentes usos, atribuindo valores
aos parâmetros para cinco diferentes classes. As águas doces estão definidas em:

I - Classe Especial - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico sem prévia ou com simples desinfecção;


b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas;
c) à preservação dos ambientes aquáticos em Unidades de Conservação (UC) de
proteção integral.

II - Classe 1 - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico após tratamento simplificado;


b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho);
d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rente ao solo e que são ingeridas cruas sem remoção de película;
e) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana.

III - Classe 2 - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional;


b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário (esqui aquático, natação e mergulho);
d) à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas, de parques e jardins e campos de
esporte e lazer;
e) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana.

IV - Classe 3 - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional ou avançado;


b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
c) à dessedentação de animais.

63
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

V - Classe 4 - águas destinadas:

a) à navegação;
b) à harmonia paisagística;
c) aos usos menos exigentes.

DICAS

Acesse o site <www.mma.gov.br/conama> e busque pela Resolução n° 357, de


17/03/2005.

2.3 SOLO
Solo é a porção dos recursos naturais renováveis mais afetado pelas
ações antrópicas do homem, pois o mesmo sustenta toda a vida do planeta, é
nele despejada toda a poluição gerada pelo homem, como os esgotos domésticos.
Todas as interações e trocas ocorrem sob este bem tão precioso.

Os solos apresentam variados perfis que são formados através da ação do


intemperismo, ou seja, ao longo do tempo a ação física, química e biológica sobre
a rocha forma camadas ou horizontes de solo em sentido vertical. Essas camadas
ou horizontes possuem características diferentes que, em conjunto, formam o
chamado perfil do solo (RUBIN, 2015). Para visualizar o perfil completo de um solo
é necessária sua escavação ou quando ocorrem cortes para a abertura de estradas.

FIGURA 11 - PERFIL DO SOLO

FONTE: Disponível em: <http://conectegeo.blogspot.com.br/2010/11


perfil-de-solo.html>. Acesso em: 29 jan. 2016.

64
TÓPICO 1 | RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

Os solos são divididos conforme a composição dos minerais que nele


constam e na espessura de cada um desses minerais.

TIPOS DE SOLOS

Solos Arenosos: São os solos que apresentam muitas partículas


classificadas como areia em sua composição, de tamanho 0,05 mm e 2 mm. Esses
solos apresentam grande aeração, grande infiltração e pouca retenção de água.

Solos Siltosos: São aqueles que apresentam grandes quantidades de silte


na sua composição, de tamanho entre 0,05 e 0,002 mm. São solos muitos erosivos,
pois o silte não se agrega como as argilas, tornando estes solos finos.

Solos Argilosos: São os solos que apresentam muitas partículas de argila


em sua composição, de tamanho menor que 0,002 mm. São solos pouco arejados,
ou seja, solos densos e pouco permeáveis.

Latossolos: São solos bem desenvolvidos, normalmente são solos


profundos, apresentam textura granular e coloração amarela a vermelha escura.
São solos porosos e apresentam alta concentração de óxidos de Fe e Al.

Organossolos: São solos que apresentam grandes quantidades de


matéria orgânica, ou seja, matéria em decomposição. São solos que apresentam
baixa fertilidade.

DICAS

Para maiores informações sobre solos, consulte os livros:


Sistema brasileiro de classificação de solos, da Embrapa, 2006.
Gestão Ambiental em Foco II, disponível em PDF na sua trilha de aprendizagem.

2.4 FAUNA
Fauna é definida como um conjunto de animais que convivem em um
determinado espaço geográfico ou temporal. Segundo Milaré (2007), entende-se
ordinariamente por fauna o conjunto dos animais que vivem numa determinada
região, ambiente ou período geológico. A noção vulgar também se refere ao
conjunto de animais que habitam o planeta na atualidade ou que nele viveram
em épocas anteriores.

65
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

Ainda podemos dizer que a fauna é parte expressiva da biota, pois a fauna
é um dos indicadores mais impressionantes da evolução da vida sobre a Terra e,
paradoxalmente, das ameaças que pesam sobre essa mesma vida. Além de ser
indicador valioso, é também um alerta (MILARÉ, 2007).

A fauna pode nos indicar o grau de degradação que a área de estudo já


sofreu, ou ainda, nos indicar qual o grau de perturbação a área pode suportar.
A fauna de uma área é bastante sensível, por exemplo, o Puma concolor (onça-
parda ou puma) é um animal que necessita de grandes áreas para a caça. Com
o crescimento urbano suas áreas ficaram reduzidas, tornando-o um animal
ameaçado de extinção na Mata Atlântica.

Segundo a zoologia, a quantidade e a variedade das espécies animais


existentes numa região são proporcionais à quantidade e à qualidade da
vegetação. Em vista disso, podemos falar de faunas (no plural), como conjuntos
de animais dependentes de determinadas regiões ou hábitats ou meios ecológicos
particulares; por aí se compreendem as designações correspondentes à adaptação
animal aos fatores de ordem geográfica ou fatores ecológicos. Não se pode
esquecer que a fauna está sempre relacionada a um ecossistema (MILARÉ, 2007).

FIGURA 12 - EXEMPLO DE FAUNA

FONTE: Disponível em: <http://blogdovictor.net/conteudo/vida_corporativa/guia-basico-


desobrevivencia-para-a-fauna-do-mundo-corporativo/attachment/fauna1/l>. Acesso em:
29 jan.2016.

2.5 FLORA
A flora é toda e qualquer vegetação de uma região ou área,
independentemente de sua classificação ou importância no meio ambiente.
Segundo Milaré (2007, p. 162), a flora é entendida como:

66
TÓPICO 1 | RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

A totalidade de espécies que compreende a vegetação de uma


determinada região, sem qualquer expressão de importância
individual dos elementos que a compõem. Eles podem pertencer a
grupos botânicos os mais diversos, desde que estes tenham exigências
semelhantes quanto aos fatores ambientais, entre eles os biológicos, os
do solo e o de clima.

Também devemos observar que a flora compreende bactérias, fungos e


fitoplânctons marinhos. Já a vegetação, podemos entender que compreende a
cobertura vegetal de certa área, região, país. A vegetação constitui objeto de estudo de
várias ciências ou ramos de ciência, da paleobotânica à taxonomia (MILARÉ, 2007).

A vegetação está organizada em estratos diferentes, como o arbóreo, o


arbustivo, o herbáceo e outros, alcançando até mesmo camadas em que não chega
a luz. Formam-se, ainda, conjuntos específicos de vegetação, como florestas,
pradarias, savanas, pântanos e outros. Se pudessem seguir a própria natureza, as
plantas tenderiam a espalhar-se por vastas extensões (MILARÉ, 2007).

FIGURA 13 - EXEMPLO DE FLORA

FONTE: Disponível em: <http://blog.brasilacademico.com/2010/08/lista


da-flora-brasileira-disponivel.html>. Acesso em: 29 jan. 2016.

2.6 BIODIVERSIDADE
Biodiversidade ou diversidade biológica refere-se à riqueza e à variedade do
mundo natural, ou seja, as plantas, os animais e os microrganismos que fornecem
alimentos, remédios e matéria-prima industrial que é utilizada pelo ser humano.

67
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

A diversidade biológica está presente em todos os lugares, nas caatingas,


nos pampas, na savana africana, ou mesmo nas regiões congeladas do planeta. A
evolução e a diversidade genética possibilitaram a adaptação da vida nos mais
diversos pontos do planeta. As plantas são classificadas como produtores nas
cadeias alimentares, portanto são a base de alimentação para todos os animais,
direta ou indiretamente. Porém, elas florescem e se desenvolvem melhor em
regiões úmidas e quentes, e a maior diversidade é detectada nos trópicos, como
é o caso da Amazônia.

Diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de


todas as origens e os complexos ecológicos de que fazem parte: compreendendo
ainda a diversidade dentro das espécies, entre espécies e de ecossistemas. Portanto,
podemos verificar que a diversidade biológica possui cifras incalculáveis e
astronômicas (MILARÉ, 2007).

Partindo de valores, a perda de biodiversidade em regiões onde


encontramos espécies endêmicas e com nicho restrito acarreta à humanidade uma
perda de valores ainda incalculáveis, pois ao se extinguir uma espécie podemos
estar também destruindo o predador natural, por exemplo, do Aedes aegypti, que
tem trazido uma epidemia sem precedentes ao Brasil, com a transmissão das
doenças Dengue, ZIKA Vírus e Chikungunya.

68
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você aprendeu que:

• Atmosfera é o nome dado à camada gasosa que envolve os planetas. No caso do


planeta Terra, essa atmosfera é composta por inúmeros gases que ficam retidos,
devido à força da gravidade e do campo magnético que envolve o planeta. A
atmosfera terrestre é composta por quatro camadas: troposfera, estratosfera,
mesosfera, termosfera.

• A água é a substância mais abundante na superfície terrestre, apresentando-se


nos estados líquido, sólido e gasoso. Todas as formas de vida na Terra dependem
do ciclo da água, que permite que o processo de purificação aconteça. Além de
ser um bem indispensável para a manutenção da vida no planeta Terra, esse
também é um bem ameaçado com o crescimento populacional desenfreado,
pois a poluição afeta diretamente a ciclagem da água que consumimos.

• O solo é a porção dos recursos naturais renováveis mais afetado pelas ações
antrópicas do homem, pois o mesmo sustenta toda a vida do planeta. É nele
despejada toda a poluição gerada pelo homem, como os esgotos domésticos.
Todas as interações e trocas ocorrem sob este bem tão precioso.

• Fauna é definida como um conjunto de animais que convivem em um


determinado espaço geográfico ou temporal.

• A flora é toda e qualquer vegetação de uma região ou área, independentemente


de sua classificação ou importância no meio ambiente.

• Biodiversidade ou diversidade biológica refere-se à riqueza e à variedade


do mundo natural, ou seja, as plantas, os animais e os microrganismos que
fornecem alimentos, remédios e matéria-prima industrial que é utilizada
pelo ser humano.

69
AUTOATIVIDADE

1 Recursos naturais são todas as riquezas da biosfera que podem ser


aproveitadas pelo homem. Alguns desses recursos podem ser renovados,
outros não. Partindo do exposto, disserte sobre a água e seus usos prioritários.

2 A atmosfera terrestre é considerada um recurso natural renovável. Disserte


sobre as atividades que ocorrem na termosfera.

3 O solo é fonte de estudo de muitos pesquisadores por sua capacidade


de suporte das atividades antrópicas, sejam elas edificações, ou ainda, a
agricultura. Portanto, descreva o horizonte do solo que fica em contato com
a atmosfera terrestre.

70
UNIDADE 2 TÓPICO 2

RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS

1 INTRODUÇÃO
Os recursos naturais não renováveis são os que se esgotam com maior
rapidez, portanto, faz-se necessário instituir políticas públicas de conservação
e regulamentação de usos. Os seres humanos não estão preocupados com o
que acontecerá com as gerações futuras ao exaurirem todas as nossas reservas
minerais, pensam unicamente no lucro e na produção desenfreada. Neste tópico
iremos estudar os recursos não renováveis do planeta, tais como: petróleo, carvão,
gás natural, urânio, minerais.

2 RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS


Os recursos naturais não renováveis são matérias-primas que a natureza
não repõe com a mesma rapidez que os renováveis, pois levam milhões de
anos para serem formados. Portanto, esses recursos poderão se exaurir do meio
ambiente afetando as presentes e gerações futuras que irão sofrer, neste caso
precisamos descobrir formas de preservá-los, ou reutilizá-los.

2.1 PETRÓLEO
O petróleo é uma substância oleosa, inflamável, com cheiro característico
e com cor variando entre o negro e o castanho escuro. É um líquido de origem
orgânica, que é uma combinação de moléculas de carbono e hidrogênio.
Sua origem está ligada à decomposição dos seres que compõem o plâncton
(organismos em suspensão nas águas doces ou salgadas, tais como protozoários,
celenterados e outros) causada pela pouca oxigenação e pela ação de bactérias.
Estes seres decompostos foram, ao longo de milhões de anos, se acumulando no
fundo dos mares e dos lagos, sendo pressionados pelos movimentos da crosta
terrestre e transformaram-se na substância oleosa que é o petróleo. O petróleo
fica armazenado em terrenos denominados bacias sedimentares, formadas por
camadas ou lençóis porosos de areia, arenitos ou calcários. O petróleo aloja-
se ali, ocupando os poros rochosos como forma de "lagos". Ele acumula-se,
formando jazidas. As jazidas de petróleo, calcula-se que têm idades fabulosas,
que variam de um a quatrocentos milhões de anos.
FONTE: Disponível em: <http://www.dep.fem.unicamp.br/drupal/?q=node/27>. Acesso em: 1ºfev.
2016.

71
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

2.1.1 Breve histórico da extração de petróleo no Brasil


A história do petróleo no Brasil começou na Bahia, onde, no ano de 1858,
o Decreto 2.266, assinado pelo Marquês de Olinda, concedeu a José Barros
Pimentel o direito de extrair mineral betuminoso para fabricação de querosene
de iluminação, em terrenos situados nas margens do Rio Marau, na Província
da Bahia. No ano seguinte, em 1859, o inglês Samuel Allport, durante a
construção da Estrada de Ferro Leste Brasileiro, observou o gotejamento de
óleo em Lobato, no subúrbio de Salvador.

Em 1930, setenta anos depois e após vários poços perfurados sem


sucesso em alguns estados brasileiros, o engenheiro agrônomo Manoel Inácio
Bastos, realizando uma caçada nos arredores de Lobato, tomou conhecimento
de que os moradores usavam uma lama preta, oleosa, para iluminar suas
residências. A partir de então retornou ao local várias vezes para pesquisas
e coletas de amostras, com as quais procurou interessar pessoas influentes,
porém sem sucesso, sendo considerado como "maníaco". Em 1932 foi até o Rio
de Janeiro, onde foi recebido pelo Presidente Getúlio Vargas, a quem entregou
o relatório sobre a ocorrência de Lobato. Finalmente, em 1933 o engenheiro
Bastos conseguiu empolgar o presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia, sr.
Oscar Cordeiro, o qual passou a empreender campanhas visando a definição
da existência de petróleo em bases comerciais na área. Diante da polêmica
formada, com apaixonantes debates nos meios de comunicação, o diretor-geral
do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM, Avelino Inácio de
Oliveira, resolveu, em 1937, pela perfuração de poços na área de Lobato, sendo
que os dois primeiros não obtiveram êxito.

Em 29 de julho de 1938, já sob a jurisdição do recém-criado Conselho


Nacional de Petróleo - CNP, foi iniciada a perfuração do poço DNPM-163,
em Lobato, que viria a ser o descobridor de petróleo no Brasil, quando,
no dia 21 de janeiro de 1939, o petróleo apresentou-se ocupando parte da
coluna de perfuração.

O poço DNPM-163, apesar de ter sido considerado antieconômico,


foi de importância fundamental para o desenvolvimento da atividade
petrolífera no Estado da Bahia. A partir do resultado desse poço houve
uma grande concentração de esforços na Bacia do Recôncavo, resultando
na descoberta da primeira acumulação comercial de petróleo do país, o
Campo de Candeias, em 1941.

72
TÓPICO 2 | RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS

A constatação de petróleo na Bacia do Recôncavo viabilizou a


exploração de outras bacias sedimentares terrestres, primeiramente pelo CNP
e, posteriormente, pela Petrobrás. Em 2000 o Brasil atinge a autossuficiência
sustentável na produção de petróleo, com a entrada em operação do navio-
plataforma P-50 nas novas descobertas, ocorridas em águas cada vez mais
profundas. Em 2 de setembro de 2008, o navio-plataforma P-34 extraiu o
primeiro óleo da camada pré-sal, no Campo de Jubarte, na Bacia de Campos
(RJ). Em 1° de maio de 2009 deu-se início à produção de petróleo na descoberta
de Tupi, por meio do Teste de Longa Duração (TLD).
FONTE: Disponível em: <http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-no-brasil/>. Acesso em: 1º fev. 2016.

Na figura a seguir podemos visualizar as reservas mundiais de petróleo.


O Oriente Médio detém 63,3% das reservas de petróleo do mundo, o que gera
grandes conflitos territoriais na região.

FIGURA 14 - RESERVAS MUNDIAIS DE PETRÓLEO

FONTE: Disponível em: <http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeriadetalhe.


php?foto=501&evento=5>. Acesso em: 2 fev. 2016.

2.1.2 Extração do petróleo


O petróleo cru não tem aplicação direta, podendo então, passar por
um processo de refino. A partir desse processo se obtém os derivados que são
distribuídos a um mercado consumidor pulverizado e diversificado. Assim, além
da extração, a cadeia produtiva compreende mais três etapas: transporte do óleo cru
(geralmente por oleodutos ou navios), refino e distribuição (entrega dos derivados
ao consumidor final, geralmente por caminhões-tanques) (BRASIL, 2008).

73
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

A extração do petróleo é feita através das torres de extração. Podemos


comparar o processo de extração de petróleo à escavação de poços artesianos,
sendo utilizada uma sonda para escavar as rochas e extrair água. Na figura a
seguir temos um exemplo de torre de extração de petróleo.

FIGURA 15 - TORRE DE EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO

FONTE: Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/quimica


exploracao-extracao-petroleohtm>. Acesso em: 2 fev. 2016.

2.1.3 Refino do petróleo


Nas refinarias, o petróleo é colocado em ebulição para fracionamento
de seus componentes e consequente obtenção de derivados (BRASIL, 2008). Os
derivados mais utilizados são: gás liquefeito (GLP, ou gás de cozinha), gasolina,
nafta, óleo diesel, querosene de aviação e de iluminação, óleo combustível, asfalto,
lubrificante, combustível marítimo, solventes, parafinas e coque de petróleo.

A extração do petróleo é feita através das torres de refino e cada material


é extraído através da destilação fracionada, ou seja, cada produto é extraído em
uma temperatura específica.

74
TÓPICO 2 | RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS

FIGURA 16 - DERIVADOS DO PETRÓLEO

FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfw7cAC/processo-


refinaria-petroleo?part=2>. Acesso em: 2 fev. 2016.

DICAS

Para maiores informações, acesse os sites abaixo:


<http://blog.planalto.gov.br/o-petroleo-no-brasil/>
<http://www.dep.fem.unicamp.br/drupal/?q=node/27>
<http://www.petrobras.com.br/pt/>

2.2 CARVÃO
Uma das primeiras fontes de energia utilizadas pelo homem foi o carvão
mineral, de origem fóssil. Sua aplicação na geração de vapor para movimentar
as máquinas foi um dos pilares da Primeira Revolução Industrial, iniciada na
Inglaterra no século XVIII (BRASIL, 2008).

Existem dois tipos básicos de carvão na natureza: vegetal e mineral.

• O vegetal é adquirido através da carbonização da lenha.

• O mineral é constituído da decomposição da matéria orgânica, como restos


de árvores e plantas que estiveram na natureza durante milhões de anos,
sob determinadas condições de temperatura e pressão. O carvão mineral
é composto por átomos de carbono, oxigênio, nitrogênio, enxofre e está
associado a outros elementos rochosos (como arenito, siltito, folhelhos e
diamictitos) e minerais, como a pirita.
75
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

No Brasil, o carvão vegetal é bastante utilizado (o Brasil é o maior produtor),


porém, este possui poder calorífico baixo e a participação de impurezas é elevada.
No carvão mineral, o poder calorífico e a incidência de impurezas variam, o que
determina a subdivisão do minério nas categorias: baixa qualidade (linhito e
sub-betuminoso) e alta qualidade (ou hulha, subdividida nos tipos betuminoso e
antracito) (BRASIL, 2008).

O carvão é o combustível fóssil com a maior disponibilidade no mundo


(BRASIL, 2008). Na figura a seguir podemos verificar a disponibilidade deste
produto, sendo concentrado em algumas áreas, tais como, Estados Unidos (28,6%),
Rússia (18,5%) e China (13,5%), que concentram mais de 60% do volume total.

FIGURA 17 - RESERVAS MUNDIAS DE CARVÃO MINERAL

FONTE: Brasil (2008)

No Brasil as maiores reservas se encontram nos estados do Rio Grande do


Sul e Santa Catarina. As reservas brasileiras são compostas pelo carvão dos tipos
linhito e sub-betuminoso (BRASIL, 2008).

O carvão é uma das formas de produção de energia mais agressivas ao


meio ambiente (BRASIL, 2008). A energia gerada com este mineral fóssil não
é considerada uma energia limpa, ou seja, que não gera poluição para o meio
ambiente. Além de ser uma fonte de energia poluente, a sua extração acarreta no
empobrecimento do solo, pois sua extração pode ser no subsolo ou com minas a
céu aberto.

76
TÓPICO 2 | RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS

Tanto a extração com subsolo quanto a extração por minas a céu aberto
degradam o solo, sendo necessárias centenas de anos para este recurso se tornar
produtivo novamente. Por este motivo, muitas minas a céu aberto acabam por
ser utilizadas para aterros sanitários, o que não recupera o solo e ainda agrava o
problema ambiental.

2.3 GÁS NATURAL


O gás natural é um hidrocarboneto que resulta da decomposição da
matéria orgânica durante milhões de anos, é encontrado no subsolo, em rochas
porosas isoladas do meio ambiente por uma camada impermeável (BRASIL,
2008). Nas primeiras etapas de decomposição temos o petróleo e o gás natural.
Não devemos confundir o gás natural com o gás liquefeito de petróleo (GLP),
pois este último é extraído através do processo de refino do petróleo.

O gás natural apresenta menos impurezas e por este motivo é excelente


ponto de partida para a indústria petroquímica.

A cadeia produtiva do gás natural envolve seis etapas. A primeira é a


exploração, na qual o foco é a possibilidade de ocorrência ou não do gás natural. A
segunda é a explotação, que consiste na instalação da infraestrutura necessária à
operação do poço e nas atividades de perfuração, completação e recompletação de
poços (colocação das cabeças de vedação, válvulas, comandos remotos e demais
acessórios que permitirão a produção). A terceira é a produção, processamento
em campo (para separação do petróleo em caso de o gás ser associado) e o
transporte até a base de armazenamento. A quarta é o processamento, na qual se
retiram as frações pesadas e se realiza a compressão do gás para a terra ou para
a estação de tratamento. A quinta é o transporte e armazenamento (esta última
não existe no Brasil, mas é comum em países de clima frio, de modo a formar
um estoque regulador para o inverno). E, finalmente, há a distribuição, que é a
entrega do gás natural para o consumidor final.
FONTE: Atlas de Energia Elétrica do Brasil (2008, p. 96)

77
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

FIGURA 18 - RESERVAS DE GÁS NATURAL

FONTE: Brasil (2008)

No Brasil, a única companhia que explora o gás natural é a Petrobras,


sozinha ou em parceria com a iniciativa privada, como no Gasoduto Brasil-
Bolívia. O gás natural tem uma vantagem, pois emite menos gases poluentes em
comparação ao petróleo; em contrapartida, exige uma maior quantidade de água
no momento de uso para a geração de energia elétrica.

2.4 URÂNIO
O urânio é um elemento químico que apresenta 92 prótons, 92 elétrons e
entre 135 e 148 nêutrons, que na temperatura ambiente é encontrado no estado
sólido. É um metal radioativo, maleável, prateado e, se exposto ao ar, reage
rapidamente formando uma camada de óxido. Os primeiros indícios desse
elemento datam de 79 d.C., quando foi encontrado um vidro amarelado com
óxido de urânio, na cidade de Nápoles, na Itália.

O urânio é utilizado como matéria-prima para a produção da energia


nuclear, é um metal pouco menos duro que o aço, encontrado em estado natural
nas rochas da crosta terrestre.

Para a utilização como energia nuclear é preciso que ocorra a fissão deste
átomo, que acontece a partir da separação do núcleo de um átomo, liberando
assim uma grande quantidade de energia, que, caso for descontrolada pode
ser explosiva.

78
TÓPICO 2 | RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS

O urânio é um metal altamente radioativo, sua aplicação mais conhecida


e letal foram as bombas nucleares de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, que levou
à destruição das duas cidades, na Segunda Guerra Mundial.

O urânio pode ser usado para a energia, através da sua fissão nuclear,
uma energia considerada limpa, pois não emite poluentes do efeito estufa na
atmosfera. Porém, como todo o elemento radioativo, esse mineral precisa de
cuidados para a armazenagem após o uso, conforme descrito no Atlas de Energia
Elétrica do Brasil (2008, p. 126):
Segundo o Plano Nacional de Energia 2030, no Brasil os dejetos de
alta atividade ficam, temporariamente, estocados em piscinas de
resfriamento cheias de água. Depois, parte deles é misturada a outros
materiais e solidificada, resultando em barras de vidro, também
classificadas como de alta radioatividade. Outra alternativa é um
projeto inédito de armazenamento desses dejetos em cápsulas de aço.

Apesar de todas as implicações do uso desta energia, muitos países a


utilizam, tais como EUA, Japão, França, Rússia, devido à disponibilidade do
mineral e de possuírem tecnologia avançada para a exploração e utilização do
urânio. A figura a seguir mostra o perfil esquemático de uma usina nuclear.

FIGURA 19 - PERFIL ESQUEMÁTICO DE USINA NUCLEAR

FONTE: Brasil (2008)

79
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você aprendeu que:

• Os recursos naturais não renováveis são matérias-primas que a natureza não


repõe com a mesma rapidez que os renováveis, pois levam milhões de anos
para serem formados. Portanto, esses recursos poderão se exaurir no meio
ambiente podendo afetar as presentes e futuras gerações que irão sofrer, neste
caso precisamos descobrir formas de preservá-los, ou reutilizá-los.

• O petróleo é uma substância oleosa, inflamável, com cheiro característico e


com cor variando entre o negro e o castanho escuro. É um líquido de origem
orgânica, que é uma combinação de moléculas de carbono e hidrogênio.

• O carvão mineral é encontrado em duas formas:

o O vegetal é adquirido através da carbonização da lenha.


o O mineral é constituído da decomposição da matéria orgânica, como restos
de árvores e plantas que estiveram durante milhões de anos na natureza,
sob determinadas condições de temperatura e pressão. O carvão mineral
é composto por átomos de carbono, oxigênio, nitrogênio, enxofre e está
associado a outros elementos rochosos (como arenito, siltito, folhelhos e
diamictitos) e minerais (como a pirita).

• O gás natural é um hidrocarboneto que resulta da decomposição da matéria


orgânica durante milhões de anos, é encontrado no subsolo, em rochas porosas
isoladas do meio ambiente por uma camada impermeável. Nas primeiras
etapas de decomposição temos o petróleo, já em seus estágios encontramos o
gás natural.

• O urânio é um elemento químico que apresenta 92 prótons, 92 elétrons e entre


135 e 148 nêutrons, que na temperatura ambiente é encontrado no estado
sólido. É um metal radioativo, maleável, prateado, e se exposto ao ar reage
rapidamente formando uma camada de óxido. Os primeiros indícios desse
elemento datam de 79 d.C., quando foi encontrado um vidro amarelado com
óxido de urânio, na cidade de Nápoles, na Itália.

80
AUTOATIVIDADE

1 Os recursos naturais não renováveis são aqueles encontrados na natureza,


mas que demoram milhões ou bilhões de anos para serem formados,
portanto são considerados finitos. Partindo do exposto, disserte sobre a
formação do petróleo.

2 Das formas de produção de energia, podemos citar a hidroelétrica como a


mais utilizada no Brasil, porém, em outros países do mundo, outras fontes
de energia são mais usadas. Partindo do exposto, disserte sobre de que forma
o urânio é usado para a produção de energia elétrica e seus riscos.

3 Os combustíveis fósseis utilizados hoje no planeta Terra liberam muitos


gases poluentes e intensificadores do efeito estufa, dentre estes temos uma
alternativa menos poluente, que seria o gás natural. Partindo do exposto,
disserte sobre o processamento do gás natural.

81
82
UNIDADE 2
TÓPICO 3

AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE

1 INTRODUÇÃO
O ser humano vem degradando o meio ambiente de forma acelerada e
desenfreada, chegando a níveis quase irreversíveis de danos ao planeta em que
vivemos e do qual somos dependentes. As ameaças são muitas e estão alterando
o meio ambiente mais rapidamente do que conseguimos perceber e procurar
soluções para elas.

Um dos responsáveis pelo declínio dos recursos naturais é o crescimento


populacional desenfreado da população mundial. Na figura a seguir trazemos dados
sobre crescimento populacional, com uma previsão de 7 bilhões de habitantes. Já
atingimos este saldo e estamos hoje em 7,4 bilhões e aumentando. A previsão é de
que em 2050 chegaremos a 10 bilhões de habitantes no planeta Terra.

FIGURA 20 - EVOLUÇÃO DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL

FONTE: Disponível em: <http://geografalando.blogspot.com.br/2013/02/crescimento-da-


populacao-mundial.html>. Acesso em: 9 fev. 2016.

O crescimento acelerado da população mundial está causando muitos


problemas ambientais, sejam eles locais ou globais. No quadro a seguir
apresentamos os principais problemas ambientais da atualidade.

83
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

QUADRO 8 - PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE

PROBLEMA ABRANGÊNCIA PRINCIPAL AGENTE

1. POLUIÇÃO

Emissão de CO2, N2O, CH4,


1.1 Efeito Estufa Global CFCs, Baixo nível de O2 e
desmatamento.

1.2 Destruição da Camada O3 Global Emissão de CFCs


Emissão de SO2, NOx, NH3,
1.3 Acidificação (Chuva Ácida) Continental
Baixo nível de O3.

Emissão de SO2, NOX,


particulados, metais
1.4 Poluição Tóxica (do ar) Continental pesados, hidrocarbonetos,
CO, agroquímicos, ruído,
organoclorados e radiação.

2. DEGRADAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

Mudança do uso da terra,


pressão populacional,
2.1 Extinção das espécies Global
mudança climática, baixo nível
de O3.
Mudança do uso da terra,
2.2 Desmatamento Global e regional chuva ácida, alta produção de
madeira e baixo nível de O3.
Pressão populacional,
superpastejo, desmatamento,
2.3 Perda de fertilidade do solo Regional e nacional urbanização, uso do solo
insustentável, mudança
climática.
2.4 Degradação da água Uso insustentável, mudança
Regional e nacional
climática e superexploração.
2.5 Degradação dos recursos Nacional e local Superexploração pesqueira,
pesqueiros poluição das águas.

3. ESGOTAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS

3.1 Esgotamento de vários Alto nível de consumo e


Global e nacional
recursos exploração.

FONTE: Souza (2000)

84
TÓPICO 3 | AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE

2 HISTÓRICO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS


A Terra está enfrentando um período de mudanças ambientais, diferente
dos demais períodos de mudanças que ocorrem no planeta, pois neste momento
estas mudanças são ocasionadas pela ação do homem, que interfere na dinâmica
dos ecossistemas.

As atividades humanas interferem nas alterações ambientais globais,


podendo ser direta ou indiretamente, pois todos os rejeitos humanos são lançados
no meio ambiente, sejam eles de origem doméstica, industrial ou rural. Muitas
vezes, esses rejeitos são lançados sem os devidos métodos de controle, como o
tratamento das águas de efluentes, filtro manga para a redução dos efluentes
atmosféricos, resíduos urbanos sólidos dispostos de maneiras incorretas, em
áreas não próprias, dentre tantas outras atividades antrópicas.

Desde a Revolução Industrial a espécie humana vem degradando o


meio ambiente. No início do desenvolvimento industrial, pouco ou nada se
importou com o meio ambiente, só a partir da década de 70 é que começaram
a ocorrer os primeiros movimentos em prol do meio ambiente. Podemos citar
o Clube de Roma em 1972, quando o grupo de pesquisadores liderados por
Dennis L. Meadows encomendou um relatório elaborado por um grupo de
cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) (Instituto de Tecnologia
de Massachusetts), que abordou os temas sobre o meio ambiente e os recursos
naturais, propondo um desenvolvimento sustentável, pois os recursos do planeta
são finitos. Esses movimentos só ficaram mais intensificados com a publicação do
livro A Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, onde ela denuncia os efeitos do
dicloro-difenil-tricloroetano (o inseticida DDT) ao meio ambiente.

No quadro a seguir podemos observar os principais acidentes ambientais


que ocorreram nas décadas de 70 e 80.

QUADRO 9 - PRINCIPAIS ACIDENTES AMBIENTAIS DAS DÉCADAS DE 70 e 80

ACIDENTE LOCAL/ANO IMPACTO


Um reator de uma fábrica de pesticidas superaquece,
liberando uma densa nuvem de produto químico venenoso,
causando a morte de muitos moradores e principalmente
SEVESO Itália/1976
crianças. Todas as 723 famílias da região foram retiradas e
abertas crateras de 200m de diâmetro para enterrar objetos
contaminados.
Um reator de uma usina nuclear superaquece, liberando
THREE MILE Pensilvânia
gás radioativo para o meio ambiente. Os 200 mil habitantes
ISLAND (EUA)/ 1979
abandonaram a região devido à ameaça de contaminação.

85
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

Ocorre um vazamento de gás altamente venenoso numa


fábrica de pesticidas, causando 3.300 mortes nas primeiras
BHOPAL Índia/1984
horas após o acidente. Dos 680 mil habitantes, na ocasião,
525 mil foram afetados.
O superaquecimento de um dos reatores da usina
nuclear de Chernobyl provoca uma explosão, liberando
radioatividade em quantidade superior à contida, por
exemplo, em 10 bombas atômicas do tipo lançado em
Hiroshima, atingindo além das fronteiras da ex-URSS e
ameaçando a produção de alimentos de toda a Europa.
Kiev (Ucrânia)/ Esse acidente, considerado o mais grave acidente nuclear
CHERNOBYL
1986 da história, matou mais de 10 mil pessoas, sendo 600 mil
trabalhadores encarregados da limpeza e 200 mil habitantes
da região foram afetados. Devido à radioatividade, os
habitantes da Ucrânia e Bielorrússia não podem ingerir
água ou alimentos da região e cerca de 20% do solo
agricultável e 15% das florestas não poderão ser habitados
por mais de um século.
Uma cápsula contendo material altamente radioativo
(Césio-137), desaparecida de um hospital, é encontrada
em um ferro-velho e aberta inadvertidamente, causando
a morte de quatro pessoas e a contaminação de 250. Em
Goiânia (Brasil)/
CÉSIO 2001, o Ministério Público de Goiânia afirmou que outras
1987
600 pessoas foram contaminadas. O acidente produziu 13,4
t de lixo contaminado, o qual está armazenado em 1.200
caixas, 2.900 tambores e 14 contêineres em um depósito de
Goiânia e deverá ficar lá por mais 180 anos.
O navio tanque Exxon Valdez bate em um recife e encalha
no estreito de Príncipe, derramando cerca de 44 milhões
E X X O N
Alasca (EUA)/1989 de litros de petróleo. O vazamento poluiu águas, ilhas e
VALDEZ
praias da região, matando milhares de animais e atingindo
uma área de 260 km².

FONTE: A autora

DICA DE LEITURA:

PRIMAVERA SILENCIOSA,
DE RACHEL CARSON

86
TÓPICO 3 | AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE

Mais recentemente no Brasil, ainda podemos citar os seguintes desastres


ambientais:

• Vazamento de óleo em Araucária, em 2000: Vazamento de quatro milhões de


litros de óleo na Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária (PR).

• Vazamento da barragem em Cataguases, em 2003: Em março ocorreu o rompimento


de barragem de celulose na região de Cataguases (MG), com vazamento de
520.000m³ de rejeitos compostos por resíduos orgânicos e soda cáustica.

• Rompimento de barragem em Miraí, em 2007: Houve rompimento de barragem


de mineração na região de Miraí (MG), com vazamento de 2.280.000m³ de água
e argila (lavagem de bauxita).

• Chuvas na região do Vale do Itajaí em 2008 e chuvas na região serrana do


Rio em 2011: Em 2008, a região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, sofreu
uma grande enchente, que resultou em mais de 100 mortes. Em janeiro, em
decorrência de um elevadíssimo nível de chuvas na região serrana do Rio de
Janeiro, uma série de deslizamentos e enxurradas destruiu casas nas regiões de
encosta. Foram totalizadas aproximadamente 800 mortes.

• Vazamento de óleo da Bacia de Campos, em 2011: Em novembro houve o


vazamento de uma grande quantidade de óleo da Chevron na Bacia de Campos,
no Rio de Janeiro (RJ). Estima-se que a mancha provocada pelo vazamento no
mar tenha chegado a 162 km², o equivalente à metade da Baía de Guanabara.

• Incêndio na Ultracargo, em 2015: Em abril, após incêndio no Terminal Alemoa,


em Santos (SP), a empresa Ultracargo foi multada pelo órgão estadual de meio
ambiente em R$ 22,5 milhões por lançar efluentes líquidos no estuário, em
manguezais e na lagoa contígua ao terminal.

• Rompimento da barragem de Mariana, em 2015: O rompimento da barragem


da Samarco em Mariana (MG) provocou a liberação de 62 milhões de metros
cúbicos de rejeitos. Que, além de destruir o distrito de Bento Rodrigues, afetar
o solo de maneira irreparável, ainda “matou” o Rio Doce e contaminou o litoral
de vários estados. Estimativas acreditam que afetaram até o recife de coral
de Abrolhos, ou seja, danos irreparáveis ao meio ambiente e que ainda não
se sabe quais serão as consequências a longo prazo dessas áreas. A empresa
responsável pela barragem, até o presente momento, não tomou nenhuma
atitude para reparar os danos causados.

87
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

FIGURA 21 - RIO DOCE, ANTES E DEPOIS DO ROMPIMENTO

FONTE: Disponível em: <http://br.blastingnews.com/brasil/2015/11/


governo-mineiro-voltara-a-captar-agua-do-rio-doce-em-16-11-00654699.
html>. Acesso em: 12 de fev. 2016.

DICAS

Visite o site com os principais desastres naturais ocorridos no mundo e saiba


mais: <http://veja.abril.com.br/especiais_online/desastres_naturais/index.html>.

3 MODIFICAÇÕES AMBIENTAIS E SEUS IMPACTOS


As atividades antrópicas alteram o meio físico, biológico, social e cultural.
Essas modificações afetam muitos ecossistemas, dos quais somos dependentes.
As principais ações realizadas pelo homem que afetam o meio ambiente são as
seguintes:

• Desmatamentos: Para a execução de qualquer empreendimento, seja ele urbano


ou rural, é preciso realizar a retirada das árvores da área a ser utilizada. Esta
retirada causa danos severos à fauna e à flora nativa da região. Os impactos
são: danos à flora e fauna; aumento do escoamento de água; erosão do solo;
assoreamento de recursos hídricos; empobrecimento do solo e/ou desertificação;
deslizamento de encostas; enchentes; e alterações climáticas.

Consequentemente ao desmatamento, iremos ter as alterações ao relevo


e à topografia (MOTA, 1997), que causam os seguintes impactos: mudanças
no escoamento das águas; problemas de drenagem; proliferação de insetos e
incidência de doenças; erosão do solo; e desfiguração da paisagem.
88
TÓPICO 3 | AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE

• Retirada da cobertura vegetal do solo: Ao retirar a cobertura vegetal do solo


causamos alguns impactos: a impermeabilização do solo com a construção
de edificações, sejam elas edifícios, casas ou a simples pavimentação da via,
que irá trazer as seguintes consequências: maior escoamento das águas;
menor recarga de aquíferos; problemas de drenagem; enchentes; redução
da evapotranspiração e alterações climáticas, além de acelerar o processo de
erosão do solo para áreas rurais.

• Alteração dos cursos de água: A mudança de rios pode trazer os seguintes


impactos: alteração no escoamento das águas; problemas de drenagem;
cheias; inundações de áreas de valor econômico-histórico-cultural-ecológico;
desalojamento e modificações nas atividades das populações locais; impactos
diretos aos meios socioeconômicos e culturais, bem como aos elementos bióticos.

• A modificação e destruição de ecossistemas: A destruição ou modificação


dos ecossistemas pode causar os seguintes impactos: danos à flora e fauna;
desequilíbrios ecológicos; prejuízos às atividades humanas; danos materiais e
sociais; desfiguração da paisagem; e alterações no ciclo hidrológico (MOTA, 1997).

• Poluição ambiental: As atividades humanas resultam em poluição ao meio


ambiente, tais como o lançamento de resíduos de seu próprio processo biológico
(dejetos), ou resultante de suas atividades, na forma líquida (esgotos), sólida
(lixo), gasosa e de energia (calor, radioatividade, som). Ao lançar esses resíduos
no solo, água ou ar, provocamos alterações que podem ser caracterizadas como
poluição (MOTA, 1997). Essas alterações causam os seguintes impactos: prejuízos
à saúde humana; danos à flora e fauna; danos materiais; desvalorização de
áreas; desfiguração da paisagem; e impactos diretos aos meios socioeconômicos
e culturais.

• Impactos globais: Algumas atividades podem resultar em desastres ambientais


que afetam outras áreas do planeta, tais como a emissão de poluentes
atmosféricos, que são carreados pelos ventos e atingem outras regiões e não
necessariamente aquela que lançou o poluente. Essas atividades apresentam
impactos em níveis mundiais e são eles: aquecimento global; destruição da
camada de ozônio; e chuvas ácidas.

4 PROBLEMAS AMBIENTAIS GLOBAIS


As atividades antrópicas causam problemas ambientais que afetam o
planeta e têm consequências globais. Essas atividades resultam em problemas
como efeito estufa, aquecimento global, destruição da camada de ozônio, chuva
ácida, desertificação, entre outros.

89
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

4.1 EFEITO ESTUFA E AQUECIMENTO GLOBAL

A presença do CO2 na atmosfera em concentrações normais é necessária,


pois ele é um dos principais responsáveis por um efeito que mantém a temperatura
média da Terra em 15ºC, que é o efeito estufa. O efeito estufa recebe esse nome
porque seu funcionamento é bastante semelhante ao que ocorre em uma estufa
de plantas. Na estufa, as paredes e o teto de vidro permitem que a radiação solar
entre, mas dificultam sua saída, sendo que pouco calor é liberado para fora dela,
mantendo o ambiente aquecido para as plantas.

Da mesma maneira, quando a Terra recebe a energia do Sol, parte é


absorvida pela superfície terrestre, enquanto outra parte é refletida pela
própria superfície na forma de radiações infravermelhas (não visíveis). Ao
passar pela atmosfera, uma quantidade dessa radiação refletida é absorvida
pelo gás carbônico, formando uma espécie de “cobertor” e evitando que toda
a radiação escape para o espaço.
FONTE: Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/oxidos-efeito-estufa.
htm>. Acesso em: 13 fev. 2016.

Os gases do efeito estufa são os seguintes:

• Vapor d'água (H2O).

• Dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2): Emitido como resultado das


inúmeras atividades antrópicas, tais como o uso de combustíveis fósseis
(petróleo, carvão e gás natural).

• Gás metano (CH4): Produzido pela decomposição da matéria orgânica.

• Óxido nitroso (N2O): Resultante do tratamento de dejetos animais, do uso


de fertilizantes, da queima de combustíveis fósseis e de alguns processos
industriais. Seu poder de aquecimento global é 310 vezes maior que o CO2.

• Gases fluorados:

o Hexafluoreto de enxofre (SF6) é usado como isolante térmico e condutor de


calor.
o Hidrofluorcarbonos (HFCs) são usados como substitutos dos
clorofluorcarbonos (CFCs) em aerossóis e refrigeradores.
o Perfluorcarbonos (PFCs) usados em gases refrigerantes, solventes,
propulsores, espuma e aerossóis.

90
TÓPICO 3 | AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE

FIGURA 22 - ESQUEMA DO EFEITO ESTUFA

FONTE: Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/oxidos-


efeito-estufa.htm>. Acesso em: 13 fev. 2016.

O aquecimento global é uma consequência do efeito estufa, pois este


efeito resulta na elevação da temperatura terrestre, que acarreta em vários
danos, tais como:

• Derretimento das calotas polares, "gelos eternos" e de geleiras, que eleva o


nível das águas, submergindo ilhas e áreas litorâneas densamente povoadas.

• Aquecimento exagerado das regiões tropicais e subtropicais acelera a


desertificação e a proliferação de insetos nocivos à saúde humana e animal.

• Destruição de habitats naturais provoca a extinção de espécies vegetais e


animais.

• Alterações climáticas fazem multiplicar períodos de seca, inundações, furacões,


tornados e tsunamis.

FONTE: Disponível em: <http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/27698-o-que-e-o-efeito-


estufa/>. Acesso em: 23 mar. 2016.

Na figura a seguir podemos visualizar os efeitos do aquecimento global, no


Glaciar Portage. Na figura fica visível a retração do Glaciar e aparecimento do lago.

91
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

FIGURA 23 - VISTA DO GLACIAR PORTAGE NO ALASKA - EUA

FONTE: Disponível em: <http://altamontanha.com/Artigo/1280/como-


as-montanhas-sao-afetadas-pelo-aquecimento-global>. Acesso em: 13
fev. 2016.

4.2 DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO


O ozônio (O3) é um dos gases que compõem a atmosfera e cerca de 90% de
suas moléculas se concentram entre 20 e 35 km de altitude, região denominada
Camada de Ozônio. Sua importância está no fato de ser o único gás que filtra
a radiação ultravioleta do tipo B (UV-B), nociva aos seres vivos. O ozônio é
degradado na estratosfera pela radiação ultravioleta do Sol. A cada molécula
de ozônio destruída, um átomo de oxigênio e uma molécula de oxigênio são
formados, podendo se reagrupar novamente, formando o ozônio.

O ozônio tem funções diferentes na atmosfera, em função da altitude


em que se encontra. Na estratosfera, o ozônio é criado quando a radiação
ultravioleta, de origem solar, interage com a molécula de oxigênio, quebrando-a
em dois átomos de oxigênio (O). O átomo de oxigênio liberado une-se a
uma molécula de oxigênio (O2), formando assim o ozônio (O3). Na região
estratosférica, 90% da radiação ultravioleta do tipo B é absorvida pelo ozônio.

Ao nível do solo, na troposfera, o ozônio perde a sua função de


protetor e se transforma em um gás poluente, responsável pelo aumento da
temperatura da superfície, junto com o monóxido de carbono (CO), o dióxido
de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso.

92
TÓPICO 3 | AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE

Nos seres humanos, a exposição à radiação UV-B está associada aos


riscos de danos à visão, ao envelhecimento precoce, à supressão do sistema
imunológico e ao desenvolvimento do câncer de pele. Os animais também sofrem
as consequências do aumento da radiação. Os raios ultravioleta prejudicam os
estágios iniciais do desenvolvimento de peixes, camarões, caranguejos e outras
formas de vida aquática e reduzem a produtividade do fitoplâncton, base da
cadeia alimentar aquática, provocando desequilíbrios ambientais.
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/clima/protecao-da-camada-de-ozonio>.
Acesso em: 13 fev. 2016.

Em 1928, o pesquisador Thomas Midgley desenvolveu os CFCs, acreditando


que não causariam danos à atmosfera terrestre por serem quimicamente inertes.
Porém, em 1974, Molina e Rowland acreditavam que o ozônio estava sendo
destruído em escala maior do que ocorria naturalmente, e a diminuição da
concentração do ozônio estava ocorrendo devido à presença de substâncias
químicas halogenadas contendo átomos de cloro (Cl), flúor (F) ou bromo (Br),
emitidas pela atividade humana (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015).

Esses gases permanecem na atmosfera por vários anos e sofrem a ação da


radiação ultravioleta, que libera os radicais livres, e estes destroem as moléculas
de ozônio.

A figura a seguir representa um esquema didático de uma molécula de


ozônio sendo destruída.

FIGURA 24 - DESTRUIÇÃO DA MOLÉCULA DE OZÔNIO

FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/clima/protecao-da-camada-de-ozonio>.


Acesso em: 13 fev. 2016.

93
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

4.3 CHUVA ÁCIDA


As chuvas normais são levemente ácidas, apresentam um pH de 5-6,
porém, quando temos muitos poluentes, esta chuva apresenta características
ácidas, com pH em torno de 4-5. O aumento da acidez da chuva é causado pela
solubilização de alguns gases presentes na atmosfera terrestre, cuja hidrólise
seja ácida, entre estes destacam-se os gases contendo enxofre, proveniente das
impurezas da queima dos combustíveis fósseis (MOTA, 1997).

Chuvas ácidas causam muitos danos ao meio ambiente, tais como:

• Extinção de animais e até vegetais.


• Poluem rios, fonte de águas.
• Acarretam doenças no ser humano.
• Tornam o solo improdutivo.
• Destroem florestas e lavouras.
• Corroem prédios, estátuas, monumentos, degraus de escadarias, pisos e até
carros.

Algumas soluções para evitar a chuva ácida seriam a utilização de fontes


de energia limpas, como energia solar, eólica, combustíveis não derivados de
fontes fósseis, como o álcool, o biodiesel, além do incentivo ao transporte público,
dentre outros.

FIGURA 25 - FORMAÇÃO DA CHUVA ÁCIDA

FONTE: Disponível em: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/


estrategias-ensino/demonstracao-dos-efeitos-chuva-acida-aula-quimica.
htm>. Acesso em: 13 fev. 2016.

94
TÓPICO 3 | AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE

LEITURA COMPLEMENTAR

PRODUÇÃO DE BIOETANOL A PARTIR DA FERMENTAÇÃO DE CALDO


DE SORGO SACARINO E CANA-DE-AÇÚCAR

Igor dos Santos Masson*1, Gustavo Henrique Gravatim Costa1, Juliana


Pelegrini Roviero1, Lidyane Aline de Freita1, Miguel Angelo Mutton2, Márcia
Justino Rossini Mutton1

1 Departamento de Tecnologia, Faculdade de Ciências Agrárias e


Veterinárias (FCAV), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
(UNESP), 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil.
2 Departamento de Produção Vegetal - Fitotecnia, FCAV, UNESP,
Jaboticabal, SP, Brasil.

RESUMO: Os biocombustíveis apresentam-se com grande importância


para suprir a demanda global de energia. São produzidos a partir de biomassa
vegetal, emitem menor quantidade de dióxido de carbono e de partículas
poluentes ao ambiente quando utilizados e possuem grande vantagem por serem
combustíveis renováveis. Entre as matérias-primas com potencial para produção
de etanol, cita-se o sorgo sacarino. Objetivou-se comparar o processamento
industrial do genótipo de sorgo sacarino CVSW80007 e do cultivar de cana-
de-açúcar ‘RB966928’ para produção de bioetanol em início de safra. As
análises realizadas foram: brix; pH, ART, AR, acidez total, ARRT, glicerol, teor
alcoólico, viabilidade celular, viabilidade de brotos e brotamentos. Quanto às
características químico-tecnológicas, as matérias-primas apresentaram-se aptas
ao processamento industrial, com índices superiores para a cana-de-açúcar. O
desenvolvimento das fermentações ocorreu de forma adequada para ambas,
sendo que o mosto fermentado (vinho), produzido a partir do mosto de cana-de-
açúcar, apresentou maior teor alcoólico e rendimento fermentativo.

Palavras-chave: Matéria-prima. Sorghum bicolor (L.) Moench. Saccharum


spp. Leveduras. Biomassa vegetal.

INTRODUÇÃO

O sistema energético mundial deve ser sustentável, renovável, rentável


e seguro. O uso de petróleo representa 37% do consumo da energia mundial
(KUNDIYANA, 2006). De sua queima são emitidos gases, como o dióxido de
carbono, que promovem e/ou contribuem de modo significativo para as alterações
climáticas globais (GNANSOUNOU; DAURIAT, 2005).

A utilização de novas formas de energia que atendam às exigências


ambientais e econômicas, assegurando um desenvolvimento energético mundial
sustentável, é imprescindível (KUNDIYANA, 2006).

95
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

Nesse cenário observa-se a importância do uso de biocombustíveis


para suprir a demanda global de energia. Além de serem produzidos a partir
de biomassa vegetal, emitem menores quantidades de dióxido de carbono e de
partículas poluentes ao ambiente quando utilizados e possuem grande vantagem
por serem combustíveis renováveis.

O Brasil destaca-se como maior produtor mundial de bioetanol a partir da


cana-de-açúcar. Entretanto, avaliando-se as perspectivas de expansão do mercado
interno e externo, verifica-se que a produção de 27 bilhões de litros de etanol, na
safra de 2013/2014, deverá ser ampliada para 65,3 bilhões de litros na safra de
2020/2021, representando 15% da matriz energética brasileira (CONAB, 2013).

Sob essa ótica, verifica-se a importância do conhecimento e do domínio


de matrizes (espécies vegetais) energéticas que apresentem elevada eficiência e
rendimento agroindustrial. Assim, faz-se necessário o desenvolvimento de estudos
com culturas alternativas, que possam suprir o setor industrial com matérias-
primas adequadas, inclusive ampliando o período de processamento industrial,
com custos e eficiências compatíveis com o mercado (EMBRAPA, 2012).

O sorgo sacarino é uma cultura que apresenta potencial para utilização


na produção de bioetanol, em complementação com a cana-de-açúcar. Suas
principais características residem na eficiência do uso de água, equivalendo a 1/3
da quantidade utilizada pela cana-de-açúcar e 1/2 do milho (REDDY et al., 2005),
além do bom desenvolvimento em diferentes climas e solos (DUTRA et al., 2011).

O processamento industrial do sorgo sacarino é realizado de forma similar


ao da cana-de-açúcar, sendo necessários pequenos ajustes operacionais, como
no processo de extração, moagem e clarificação de caldo. O etanol é produzido
por fermentação direta do caldo, utilizando a mesma infraestrutura da indústria
canavieira (SRINIVASA RAO et al., 2009).

A presente pesquisa foi desenvolvida objetivando avaliar o comportamento


de duas matérias-primas (sorgo sacarino e cana-de-açúcar), colhidas em final
de verão (abril) e antecipando o início da safra sobre o desenvolvimento da
microbiota fermentativa e o rendimento do processo de produção de etanol.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado na área experimental do departamento de


produção vegetal da FCAV/UNESP, Campus de Jaboticabal, na safra de 2011/2012.
O plantio do genótipo de sorgo sacarino (CVSW80007) foi realizado com
espaçamento combinado de 90 x 70cm entre as linhas, em área total de 1.000m².
Aos 15 dias após a semeadura, realizou-se o desbaste, mantendo-se 10 plantas
metro-1, resultando num estande final de 120.000 plantas ha-1. Na adubação de
plantio empregaram-se 20+100+100kg ha-1 de N+P2O5+K2O.

96
TÓPICO 3 | AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE

Utilizou-se de carpinas manuais para evitar plantas daninhas. Para o controle


das pragas de solos aplicou-se no sulco de plantio Tiametoxan+Lambda-Cialotrina
na dosagem de 142mL ha-1, através de pulverização. Para o controle da lagarta de
cartucho, 30 e 45 dias após o plantio, realizou-se a pulverização da parte área com
Tiametoxam+Lambda-Cialotrina, na dosagem de 150mL ha-1. Foi feita adubação de
cobertura com 40+10+40kg ha-1 de N+P2O5+K2O, aos 30 dias após a semeadura.

O genótipo de sorgo empregado caracteriza-se por adaptar-se a diferentes


períodos de produção, isoladamente ou em conjunto com a cana. Pode ser
utilizado na entressafra da cana, em início tardio da moagem de cana e em
complemento de matéria-prima. Proporciona excelente relação custo-benefício e
melhor adaptabilidade a diversos ambientes. Em ambientes favoráveis, pode ser
colhido a partir dos 100 dias após o plantio (CANAVIALIS, 2013).

A cultivar de cana-de-açúcar empregada foi a ‘RB966928’, multiplicada


no município de Jaboticabal-SP. Nessa área, a colheita mecanizada (1º
corte) foi realizada sem queima prévia, em abril de 2011, sendo cultivada em
espaçamento de 1,5 metro entre linhas, tendo sido adubada com 120-30-120kg
ha-1 de N+P2O5+K2O. Para o controle das plantas daninhas utilizou-se de
hexazinona+diuron (230g+1.800g ha-1), não sendo realizado nenhum outro
controle fitossanitário. Em abril de 2012 (2º corte), procedeu-se à colheita manual
dos colmos para a instalação do ensaio.

Segundo a Ridesa (2010), a RB966928 apresenta produtividade agrícola


elevada, teor médio de sacarose, PUI médio e maturação precoce à média.
Recomenda-se plantio em ambiente de produção de médio a alto potencial, com
colheita no início a meio de safra. A brotação em cana-planta e em soqueiras é
muito boa, com alto perfilhamento e com excelente fechamento de entrelinhas.

Para a amostragem foram coletados, manualmente, 30 colmos de sorgo


seguidos na linha, aos 125 dias após a semeadura, dos quais foram retiradas
folhas e palha. Este material, juntamente com os colmos de cana, foi encaminhado
ao laboratório de açúcar e álcool - FCAV/UNESP, onde se submeteu à extração do
caldo, através de moenda.

Avaliou-se a qualidade dos caldos pela determinação das seguintes


características químico-tecnológicas: brix (teor de sólidos solúveis) (ICUMSA,
2011); pH por leitura direta em medidor digital, com correção de temperatura;
açúcares redutores (AR) (MILLLER, 1959) e acidez total (CTC, 2005).

O caldo extraído foi submetido à clarificação por defecação simples, que


consiste em um processo para remoção de impurezas, sendo este realizado da
seguinte maneira: primeiramente, eleva-se o pH do caldo até 6,0±0,1, através da
adição de hidróxido de cálcio P.A. 0,76mol L-1, pois o cálcio adicionado reage
com o fósforo presente, formando fosfatos de cálcio, que precipitam e adsorvem
outros compostos, como ácidos. Deve-se ressaltar que o aquecimento até o ponto
de ebulição acelera a reação entre os compostos, além de desnaturar proteínas e
remover gases diluídos no caldo.

97
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

A seguir, procedeu-se ao aquecimento desta mistura até 100-105ºC,


dispondo-se em provetas, permanecendo em repouso por 20 minutos. Após
esse período, o caldo foi filtrado em papel de filtro qualitativo de 14µm, para
separação de impurezas sedimentadas do caldo clarificado.

O caldo clarificado foi padronizado para 16 brix, o pH corrigido com ácido


sulfúrico até 4,5 (±0,3) e a temperatura até 30ºC, resultando no mosto. Avaliou-se
nos mostos o teor de açúcares redutores totais (ART) (ICUMSA, 2011).

Alíquotas de 250mL de mosto foram inoculadas com as leveduras


fermentadoras (estirpe FT858), em concentração de 30g L-1, sendo os frascos
mantidos a 30+1ºC em estufa do tipo B.O.D. durante toda a fermentação. A
condução da fermentação foi realizada pelo processo em bateladas, com a
recuperação do fermento por centrifugação.

O processo fermentativo foi monitorado pela redução do brix, com auxílio


de densímetro, a cada quatro horas. As fermentações foram divididas em três
etapas: pé-de-cuba, início e final. O pé-de-cuba consiste nas leveduras empregadas
na fermentação; o início da fermentação foi fixado em uma hora após inoculação,
mosto+leveduras, e o final do processo, estabelecido quando o brix apresentava
valores inferiores a um ou próximos de zero, em intervalos de 30 minutos. Nessas
etapas foram retiradas alíquotas para a realização das análises microbiológicas.

Foram realizadas contagens de viabilidade celular, viabilidade de brotos


e brotamentos através de câmara de neubauer (LEE et al., 1981). O tempo médio
de fermentação neste experimento, em ambas as matérias-primas, cana-de-açúcar
e sorgo sacarino, foi de 10 horas.

No mosto fermentado (vinho) foram determinados: açúcares redutores


residuais totais (LANE & EYNON, 1934); glicerol (COPERSUCAR, 2001); e teor
alcoólico, através de leitura em ebuliômetro. O rendimento fermentativo foi
obtido através do cálculo, seguindo a relação álcool produzido (álcool teórico
x100) -1, sendo o álcool teórico calculado, considerando que 100g de ART produz
64,75mL de etanol, com base em equação estequiométrica.

O delineamento experimental na fase agrícola foi o inteiramente


casualizado, com dois tratamentos (sorgo sacarino e cana-de-açúcar). No processo
fermentativo empregou-se o inteiramente casualizado num esquema de parcelas
subdivididas, com dois tratamentos principais (cana-de-açúcar e sorgo sacarino)
e três tratamentos secundários (tempo de amostragem das fermentações no pé-
de-cuba, início e final do processo), com quatro repetições.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (teste F), teste


de comparação de médias (Tukey a 5%), empregando-se o programa AgroEstat
(BARBOSA; MALDONADO, 2011).

98
TÓPICO 3 | AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises químico-tecnológicas estão apresentados na


Tabela 1. Os parâmetros brix, pH, AR, ART e acidez diferiram entre os tratamentos
cana e sorgo. Ambos apresentavam valores de brix superiores a 15% e pH na faixa
de 4,8 a 5,5, valores recomendados para o processamento. Mesmo com diferença
estatística, os valores de pH estão conforme o processo fermentativo, pois
valores entre 4,5 a 6,5 favorecem o crescimento e desenvolvimento das leveduras
(AMORIM, 2005).

Comparando os resultados de brix e pH do caldo extraído da cana-de-açúcar


e do sorgo sacarino, verificaram-se resultados ligeiramente superiores na cana.

Tabela 1 - Valores médios e resultados da análise de variância para brix,


pH, AR (açúcares redutores), ART (açúcares redutores totais) e acidez do caldo
extraído de cana-de-açúcar e sorgo sacarino

As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de
Tukey. Letras maiúsculas comparam valores na coluna.

O sorgo sacarino apresentou teor de açúcares redutores (AR) que pode


ser considerado elevado, quando comparado ao valor obtido para a cana. Os
resultados obtidos nesta pesquisa são semelhantes aos relatados por Teixeira et
al. (1997), que obtiveram valores entre 4,16 e 8,27% de ar em sorgo.

Os açúcares redutores presentes no sorgo, de acordo com Embrapa (2012),


ocorrem em ampla faixa de variação (1 a 3%), em função do genótipo e da fase de
desenvolvimento da planta. Estes são utilizados em várias reações metabólicas e
também como fonte de energia. Durante os estágios de desenvolvimento de sorgo
há relatos de redução nos teores de açúcares redutores, quando a planta se encontra
na fase da maturação fisiológica das sementes (CHANNAPPAGOUDAR et al., 2007).

A cultivar de cana 'RB966928' apresentou valores de 0,96% de açúcares


redutores, sendo recomendado valor inferior a 0,8% para o processamento
(AMORIM, 2005), indicando que nesta época a cultivar não se encontrava com
elevada maturação.

A cana-de-açúcar apresentou teores de açúcares redutores totais (ART)


significativamente maiores que os do sorgo sacarino (Tabela 1). Resultados
semelhantes aos de sorgo sacarino foram relatados por Almodares e Hadi (2009),
com valores na faixa de 12-17%, sendo que Almodares et al. (2008) obtiveram
resultados de 4,2-15,2% de açúcares redutores totais.

99
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

Considerando-se o processamento industrial, sabe-se que os teores de


açúcares redutores totais (ART) são determinantes para a obtenção de elevado
rendimento e produtividade. Nesse sentido, comparando-se as matérias-primas,
observa-se que ambas apresentaram valores de ART do caldo superiores a 15%,
considerados dentro de padrões aceitáveis e ideais de processamento industrial
da cana-de-açúcar (AMORIM, 2005).

Segundo Schaffert e Parrella (2012), para a produção econômica e


sustentável de etanol a partir do sorgo sacarino é necessário, no mínimo,
12,5% de ART, valor este que é utilizado para se estabelecer o PUI (Período
Útil de Industrialização). Nesse contexto, observa-se que o genótipo de sorgo
(CVSW80007) apresentou-se adequado ao processamento.

Segundo Souza (2011), o período de utilização industrial do sorgo sacarino


pode variar entre os genótipos, em vista da curva de acumulação dos açúcares,
o que pode definir genótipos com maior ou menor potencial de processamento.

Analisando-se os resultados obtidos para a acidez sulfúrica do caldo


(Tabela 1), observa-se que o tratamento da cana apresentou valor maior que o
recomendado. Segundo Ripoli e Ripoli (2009), a acidez sulfúrica do caldo é um
parâmetro de qualidade da matéria-prima, devendo apresentar valores inferiores
a 0,8g L-1H2SO4. Neste caso, valores superiores podem indicar a presença de
fatores prejudiciais à qualidade da cana, como agentes contaminantes e/ou
deterioração. A acidez do mosto de sorgo encontrada corrobora as informações
de Bisio e Bulanti (2012), que indicaram teores de 1,69g L-1 H2SO4 de acidez para
caldo extraído da variedade M81.

O comportamento fisiológico apresentado pelas leveduras submetidas


aos dois substratos indicou maior quantidade de células vivas e brotamentos
para o mosto de cana-de-açúcar, enquanto a viabilidade de brotos não apresentou
diferença significativa (Tabela 2). Segundo Okolo et al. (1987), a porcentagem de
células e brotos viáveis durante a fermentação é importante para a manutenção
da população de leveduras. Assim, seu monitoramento é imprescindível, pois,
além de moléculas indesejadas presentes na matéria-prima, compostos tóxicos
para as leveduras, que são produzidos durante a fermentação, podem acumular-
se no fermento, resultando em redução de viabilidade e eficiência industrial.

Tabela 2 - Valores médios e resultados da análise de variância para


viabilidade celular, viabilidade de brotos e brotamentos da levedura no processo
fermentativo de cana-de-açúcar e sorgo sacarino.

100
TÓPICO 3 | AMEAÇAS ANTRÓPICAS AO AMBIENTE

As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de
Tukey. Letras maiúsculas na coluna comparam médias entre as matérias-primas,
e letras minúsculas comparam médias de tempo de amostragem no processo
fermentativo.

Durante as fases da fermentação, observou-se diferença significativa


apenas para os índices de brotamentos, que apresentaram incrementos do
início para o final do processo, independentemente da matéria-prima utilizada.
Considerando-se que as leveduras são reutilizadas em ciclos fermentativos
posteriores, é de extrema importância a presença de células e brotos viáveis ao
final da fermentação, para que a porcentagem de fermento adequada seja mantida
na dorna (AMORIM et al., 1996).

A fermentação realizada resultou em um vinho com teor alcoólico


significativamente maior e teor de açúcares redutores residuais significativamente
menor no mosto de cana (Tabela 3), evidenciando melhor consumo dos açúcares
pelas leveduras nessa matéria-prima. Ribeiro Filho et al. (2008) observaram
5,9% de etanol a partir do processamento de sorgo, sendo que, para cana-de-
açúcar, Meneguetti et al. (2010) informaram valores na faixa de 7-10%. Assim, os
resultados obtidos são comparáveis aos relatados na literatura.

Tabela 3 - Valores médios e resultados da análise de variância para teor


alcoólico, glicerol, ARRT (açúcares redutores residuais totais) e rendimento
alcoólico do mosto fermentado (vinho) de cana-de-açúcar e sorgo sacarino

O glicerol é um composto secundário, que se forma na mesma via do


etanol, e é inversamente proporcional à sua produção. Portanto, o ideal de uma
fermentação é a menor produção possível de glicerol (AMORIM et al., 1996).

Os valores de glicerol do mosto fermentado (vinho) (Tabela 3) não


apresentaram diferenças significativas para as matérias-primas estudadas, com
valores considerados normais no processo fermentativo. Garcia (2009) relata
médias de 10,98mg 100mL-1 de glicerol em mosto fermentado (vinho), decorrente
de mosto de cana-de-açúcar. Na biossíntese do glicerol, vários fatores influenciam,
como a linhagem da levedura utilizada, a temperatura, a concentração do
substrato, o estresse osmótico e o pH, na produção pela levedura, no processo
fermentativo (AMARAL, 2009; BEROVIC et al., 2006).

101
UNIDADE 2 | RECURSOS NATURAIS

As médias observadas para o rendimento fermentativo foram


significativamente maiores para a cana-de-açúcar (Tabela 3), da ordem de
7,5% superiores aos do sorgo sacarino. No processo industrial, o rendimento
fermentativo adequado atinge de 90 a 92% do rendimento estequiométrico ao
decorrer do ano produtivo, mas, em início de safra, obtêm-se menores valores,
até que ocorra estabilização da produção, atingindo os melhores rendimentos. O
consumo de açúcar destina-se à formação de biomassa celular e de subprodutos
(LIMA et al., 2001).

Davila-Gomez et al. (2011), em estudo de fermentação com caldo de


cinco genótipos de sorgo sacarino, obtiveram eficiência fermentativa variando de
79,99 a 89,75%, enquanto Ratnavathi et al. (2010) obtiveram valores de eficiência
fermentativa na faixa de 86,5 a 94,7% para sorgo sacarino, utilizando leveduras
Saccharomyces cerevisiae CFTR 01. Os resultados obtidos no presente estudo foram
semelhantes aos relatados na literatura. Uma vez que diversos fatores influenciam
na eficiência fermentativa, como qualidade da matéria-prima, temperatura, pH,
estirpes de leveduras, entre outros, busca-se maior eficiência, a fim de obter
melhores resultados industriais.

CONCLUSÃO

O sorgo sacarino (CVSW80007) apresenta teores de brix, pH e ART que,


apesar de adequados para o processamento industrial, foram menores que os
da cana-de-açúcar (RB966928) colhida em abril. As análises da microbiota
fermentativa indicam maiores porcentagens de viabilidade celular e brotamentos
nos substratos oriundos da cana-de-açúcar. A fermentação de mosto de cana-de-
açúcar apresentou maior teor alcoólico e rendimento.

O sorgo sacarino (CVSW80007), de modo geral, apresentou resultados


inferiores aos da cana-de-açúcar (RB966928), porém, pode ser considerado
potencialmente satisfatório para processamento em abril, objetivando a produção
de bioetanol, possibilitando a redução do período de entressafra canavieira.

FONTE: Disponível em: <http://repositorio.unesp.br/handle/11449/99635>. Acesso em: 15 fev.


2016.

102
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você aprendeu que:

• As atividades humanas interferem nas alterações ambientais globais, podendo


ser direta ou indiretamente, pois todos os rejeitos humanos são lançados no
meio ambiente, sejam eles de origem doméstica, industrial ou rural. Muitas
vezes esses rejeitos são lançados sem as suas devidas precauções, como o
tratamento das águas de efluentes, filtro manga para a redução dos efluentes
atmosféricos, resíduos urbanos sólidos dispostos de formas incorretas, em
áreas não próprias, dentre tantas outras atividades antrópicas.

• As atividades antrópicas alteram o meio físico, biológico, social e cultural.


Essas modificações afetam muitos ecossistemas, dos quais somos dependentes.
As principais ações realizadas pelo homem que afetam o meio o ambiente são
as seguintes:

o Desmatamentos
o Retirada da cobertura vegetal do solo
o A modificação e destruição de ecossistemas
o Poluição ambiental
o Impactos globais

• As atividades antrópicas causam problemas ambientais que afetam o planeta e


têm consequências globais. Essas atividades resultam em problemas como:

o Efeito estufa e aquecimento global


o Destruição da camada de ozônio
o Chuva ácida

• Todas as ações humanas trazem consequências ao planeta, e se não cuidarmos


do nosso planeta, iremos tornar a vida nele insustentável.

103
AUTOATIVIDADE

1 As atividades antrópicas resultam em muitos danos ao planeta Terra, tais


como tsunamis, furacões, deslizamentos de terra, dentre outros. Disserte
sobre o ponto de partida para questão ambiental que desencadeou a criação
de leis ambientais.

2 As interações humanas afetam diretamente o meio em que vivemos, pois o


homem não tem nenhum cuidado com o planeta em que vive. Disserte sobre
as principais ações realizadas pelo homem que afetam o meio ambiente:

104
UNIDADE 3

A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE
ENERGIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir desta unidade você será capaz de:

• definir matriz energética;

• conhecer as tipologias de matriz energética no cenário brasileiro;

• diferenciar as fontes de energia renováveis e não renováveis;

• relacionar energia e meio ambiente;

• reconhecer os desafios futuros para a geração de energia no Brasil.

PLANO DE ESTUDOS
A Unidade 3 refere-se à Perspectiva da Produção de Energia com ênfase no
cenário brasileiro. Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que ao
final de cada um deles, você encontrará autoatividades que auxiliarão no seu
aprendizado.

TÓPICO 1 – MATRIZ ENERGÉTICA NO CENÁRIO BRASILEIRO

TÓPICO 2 – ENERGIA E MEIO AMBIENTE

TÓPICO 3 – DESAFIOS FUTUROS PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA


NO BRASIL

105
106
UNIDADE 3
TÓPICO 1

MATRIZ ENERGÉTICA NO CENÁRIO BRASILEIRO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico faremos uma retrospectiva e prospectiva do setor energético
brasileiro.

Estudos revelam que a disponibilidade de energia está diretamente


relacionada ao comportamento das pessoas, bem como ao capitalismo mundial.
Atualmente, com o crescimento global e suas responsabilidades em termos de
competitividade e sustentabilidade, percebemos que a dependência energética
se torna cada vez mais indispensável. Neste sentido terão mais vantagens as
economias que apresentarem recursos energéticos mais baratos e causarem menos
impactos ao meio ambiente. A visibilidade aumenta com a aplicação dos princípios
da sustentabilidade (social, ambiental e econômico) da sustentabilidade.

Nos próximos dez anos teremos no Brasil uma grande oportunidade de


aliar a produção de energia, crescimento econômico e social. Essa meta demanda
segurança e produtividade, visto que o nosso país é rico em recursos energéticos
naturais e renováveis, bem como possui tecnologia para transformar tais recursos
em energia. Chance essa conjuntura configura-se numa oportunidade única
para o Brasil agregar valor à produção de energia a partir de seus bens naturais.
(MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2007).

Interessante, não? Frente a isso, teremos que nos preparar para alcançar
tais metas para fomentar o desenvolvimento energético em nosso país.

É necessário unirmos forças para estimularmos cada vez mais a


participação dos grandes consumidores de energia a encarar a necessidade de
diversificação da matriz energética. Nesta lógica, é indispensável o aporte de
equipes especializadas a fim de se promover a organização energética brasileira,
definindo estratégias e mapeando soluções.

107
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

Para os próximos 25 anos é necessário investirmos em tecnologia,


possibilitar a capacitação de recursos energéticos, priorizar os setores de inovação
tecnológica e de gestão, e demais ações que proporcionem o desenvolvimento no
setor energético brasileiro (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2007).

Façamos agora uma análise sobre o cenário da matriz energética no Brasil,


baseado em informações e estudos divulgados na mídia nos últimos anos no mundo
inteiro. Há cerca de 16 anos a demanda de energia elétrica aumentou quase três
vezes, e a população no Brasil já passava dos 170 milhões de habitantes. Durante
este período o crescimento econômico no país não foi uniforme, e ainda, estudos
atuais indicam que a oferta de energia nacional sofrerá um acréscimo acima dos
3% ao ano entre os anos de 2010 e 2020 e de 2020 e 2030, respectivamente, devido
à melhoria do setor energético tanto em relação à demanda como à oferta. Estima-
se que no ano de 2030, no mínimo quatro fontes de energia serão necessárias
para atender aproximadamente a mais de 70% do consumo brasileiro: além de
petróleo, da energia hidráulica, da cana-de-açúcar e do gás natural (MINISTÉRIO
DE MINAS E ENERGIA, 2007).

2 MATRIZES ENERGÉTICAS RENOVÁVEIS


Neste momento iremos identificar as possíveis causas que dificultam uma
ampla utilização das Energias Renováveis Sustentáveis (ERS) em nosso país.
Sabe-se que com a união de esforços o Brasil conseguiria adequar-se a um modelo
de matriz energética de fontes limpas e renováveis. Contudo, nos deparamos
com inúmeras barreiras, sejam elas políticas, sociais, econômicas e culturais.
Infelizmente, ao contrário do que se espera, há um crescimento exponencial das
fontes de energia contrárias ao movimento sustentável, como o gás natural e o
petróleo, que causam inúmeros prejuízos ao meio ambiente.

Já as fontes de energia renováveis apresentam algumas vantagens e


desvantagens, como podemos verificar no quadro abaixo:

108
TÓPICO 1 | MATRIZ ENERGÉTICA NO CENÁRIO BRASILEIRO

QUADRO 9: VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEIS

FONTE: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/omarfurst92/aula-fontes-de-


energia-52635446>. Acesso em: 13 jun. 2017.

Caro acadêmico, você sabe o que é uma matriz energética?

Pode-se definir como matriz energética toda e qualquer quantidade de


energia disponível para ser consumida em quaisquer processos que necessitem
desse recurso. O estudo da matriz energética torna-se cada vez mais necessário
para sabermos de que forma os recursos naturais estão sendo explorados.

109
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

A matriz energética brasileira é composta por petróleo, carvão mineral,


recursos hídricos, biomassa e etanol, sendo que o Brasil apresenta a matriz
energética mais renovável do mundo. Em comparação às matrizes energéticas
mundiais que são em torno de 80%, de fontes não renováveis. Infelizmente
estudos atuais apontam que o petróleo permanecerá controlando mundialmente
a matriz energética por mais 40 anos.

FIGURA 26 - EXEMPLOS DE MATRIZES ENERGÉTICAS

FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/matriz-


energetica/>. Acesso em: 8 dez. 2015.

A partir da problemática exposta iremos estudar as dificuldades


para a aplicação, real, das ERS na matriz energética, em âmbito global e,
posteriormente, em nosso país. É importante discutirmos o planejamento
energético brasileiro, sua matriz energética, além de algumas modificações
realizadas recentemente. Para finalizar, conheceremos as reais possibilidades
para se implantar uma política energética sustentável, levando em consideração
o pensar socioambiental e a democracia.

Façamos agora uma pequena reflexão a partir de alguns dados


aproximados do uso da matriz energética brasileira.

QUADRO 1 - VALORES APROXIMADOS DA UTILIZAÇÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA NO


BRASIL

37,7% usado em automóveis. Não renovável e


PETRÓLEO
extremamente poluente.
GÁS NATURAL 10,3% usado em automóveis e residências.
CARVÃO MINERAL 5,2% usado em termelétricas.
LENHA 9,5% usada em termelétricas.
BIOMASSA (excluindo a lenha) 21,2% aproveitada na produção energética.

110
TÓPICO 1 | MATRIZ ENERGÉTICA NO CENÁRIO BRASILEIRO

14,1% usada na produção de energia elétrica no


ENERGIA HIDRÁULICA Brasil (maior fonte de energia elétrica brasileira,
aproximadamente 75%).
ENERGIA NUCLEAR 1,4% usada na produção de energia elétrica.
ENERGIA EÓLICA 0,5% transformada em energia elétrica.
OUTRAS FONTES
0,1% energia solar transformada em energia elétrica.
ENERGÉTICAS

FONTE: A autora

Em comparação aos países industrializados que utilizam largamente o


petróleo como fonte de energia, o Brasil possui aproximadamente 36% de sua
energia em fontes renováveis, como a energia eólica, hidráulica, energia solar e
a biomassa, colocando-o assim em um patamar mundial importante em termos
energéticos. Contudo, há ainda grandes obstáculos para reduzir a utilização do
carvão mineral e do petróleo, que causam sérios problemas ambientais.

E
IMPORTANT

• Na década de 1940, cerca de 80% da energia gerada no Brasil era proveniente


da queima de lenha.
• A iluminação elétrica está presente em 99,7% dos domicílios particulares permanentes no
Brasil (PNAD 2014 – IBGE).
FONTE: Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/energia/matriz_energetica_brasil.
htm>. Acesso em: 11 dez. 2015.

O sol, os ventos, as ondas, o álcool, as hidrelétricas e o biocombustível,


são exemplos de alguns dos recursos naturais renováveis que compõem a Matriz
energética no Brasil.

São os recursos hídricos, a biomassa, o etanol, a energia solar e a energia


eólica são os responsáveis por colocar o Brasil no pódio como o país que contempla
matrizes energéticas renováveis em comparação com o resto do mundo em termos
de industrialização.

Atualmente, ouve-se muito o termo biomassa, até na alimentação já há


aplicação de biomassa. Então, vamos aprender mais sobre esta matriz energética?

O volume de matéria biológica utilizada como base para a produção


de energia através da decomposição de materiais orgânicos é denominado de
biomassa. A exemplo disso podemos citar o gás metano que é extraído a partir
da decomposição de resíduos orgânicos em biodigestores e vem sendo utilizado
como combustível devido ao seu alto poder de combustão.
111
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

A biomassa pode ser gerada a partir de resíduos agrícolas, restos de


animais, restos de vegetais, restos de alimentos, madeira, fezes de animais e
demais materiais orgânicos em decomposição.

O homem já utilizava a biomassa desde os primórdios, quando queimava


a lenha para produzir energia na forma de calor (energia térmica).

Vale lembrar que historicamente a concepção de biomassa se tornou


popular no fim do século XX, pois os recursos naturais, como o carvão mineral
e o petróleo, já começavam a se apresentar insuficientes. Com isso foi necessário
começar a se pensar em novos processos de exploração e geração de energia
limpa e renovável. Por ser de rápida renovação, a biomassa recebe a classificação
de fonte de energia renovável.

Em relação aos impactos ambientais causados pela geração de energia a


partir da biomassa, não há grandes preocupações, visto que os gases produzidos
na combustão da biomassa podem ser transformados.

2.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA BIOMASSA


Conforme estudamos anteriormente, o uso da biomassa é uma alternativa
inteligente frente aos problemas energéticos e ambientais que estamos enfrentando
na atualidade. Além disso, podemos destacar algumas vantagens, como:

• Considerada como fonte de energia limpa, pois gera menos poluição.


• É facilmente transportada.
• Pode ser aplicada em várias localidades.
• É uma fonte de matéria-prima interminável.
• O custo de operação é baixo.
• Os resíduos orgânicos jogados no lixo podem ser reaproveitados.
• Apresenta alta eficiência energética.

Contudo, a biomassa apresenta algumas desvantagens, que podem ser


observadas a seguir:

• Durante o processo de produção de biomassa é necessário um controle rígido


quanto ao corte de árvores e a extração dos nutrientes presentes no solo, em
virtude do uso da madeira como lenha.

• A queima da madeira e/ou lenha libera gás carbônico (CO2) na atmosfera,


causando inúmeros prejuízos ambientais.

112
TÓPICO 1 | MATRIZ ENERGÉTICA NO CENÁRIO BRASILEIRO

2.2 A BIOMASSA NO BRASIL


O Brasil é um país extremamente rico em termos de grandeza territorial e
em recursos naturais. Todos esses fatores justificam a intensa produção agrícola e
colocam o nosso país em um patamar elevado na produção mundial de biomassa.

Segundo o Centro Nacional de Referência em Biomassa da Universidade


de São Paulo (USP), em 2014, cerca de 10% de toda a matriz energética brasileira
foi fabricada praticamente com a biomassa. O bagaço da cana-de-açúcar e os
detritos orgânicos florestais são largamente aproveitados na fabricação de
biocombustíveis, como o biogás, biodiesel, bio-óleo em nosso país.

ATENCAO

A biomassa também pode ser utilizada como fonte de alimento. A produção da


biomassa comestível acontece através do processo de cozimento da fruta ou legume, que
depois é transformado em uma massa biológica que pode ser usada em diversas receitas,
como bolos ou brigadeiros de biomassa.
FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/biomassa/>. Acesso em: 11 dez. 2015.

Agora fica mais fácil entendermos a definição das fontes de energias


renováveis, não é mesmo? Mas você sabe explicar o que é energia renovável?

É definida como energia renovável qualquer fonte natural que pode gerar
e/ou ser transformada em energia e é capaz de se regenerar em um pequeno
intervalo de tempo, por inúmeras vezes. Como a cana-de-açúcar e o milho, por
exemplo, que se planta e colhe centenas de vezes.

Além disso, as fontes de energia renováveis são geralmente limpas,


inertes ao meio ambiente, ou seja, não emitem gases tóxicos, não geram resíduos
líquidos ou sólidos nocivos aos homens, animais ou plantas. Essas são algumas
das vantagens que fazem com que cada vez mais tomemos consciência em termos
ambientais e que coloquemos em prática o uso dessas fontes de energia, que,
ainda, vêm substituir as fontes de energia esgotáveis que liberam quantidades
preocupantes de gases causadores do efeito estufa, prejudicando a qualidade de
vida de todos os seres presentes em nosso planeta.

As fontes de energia limpas e renováveis são de acesso a todos e em


qualquer lugar. É uma forma de descentralizar o poder energético, a exemplo
do que ocorre com o petróleo em várias regiões no mundo, e democratizar a
viabilidade energética.

113
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

Esse tipo de energia, também chamada de energia alternativa, garante


independência e autonomia energética, visto que não há limite para a sua
produção.

Definição de sustentabilidade

Atualmente, o termo sustentabilidade tornou-se comum principalmente


nos ambientes corporativos, onde a empresa que trabalha de forma sustentável
está de acordo com as exigências ambientais. Contudo, a sustentabilidade não
é apenas definida pelos pilares ambiental, econômico e social. Para definir e
colocá-la em prática é necessário conhecer a fundo os critérios exigidos, para não
acreditarmos em ações que se apoiam apenas em um “marketing verde”. A seguir
encontra-se a definição de marketing verde, que não pode ser confundido com o
Greenwashing (“maquiagem verde”).

FIGURA 27 - VANTAGENS DO MARKETING AMBIENTAL

FONTE: Disponível em: <http://images.slideplayer.com.br/2/358675/slides/slide_9.


jpg>. Acesso em: 14 abr. 2016.

UNI

Caro acadêmico, você sabe o que é marketing verde? Não? Então aproveite e
aprenda agora!

114
TÓPICO 1 | MATRIZ ENERGÉTICA NO CENÁRIO BRASILEIRO

Marketing verde, também conhecido como marketing ambiental, é uma


estratégia de venda que algumas empresas adotam com foco na preservação
ambiental. É uma forma de firmar a imagem da empresa como ecologicamente
correta e, frente à sociedade, apresentar uma visão consciente em relação ao
futuro do planeta.

Pensar e colocar em prática ações visando ao meio ambiente e a


sociedade, deixando de lado um pensamento a princípio altamente voltado
a questões econômicas e técnicas, exige táticas distintas. Um estudo isolado
destes pilares econômico, social, ambiental e também técnico, seguramente
levantará questionamentos. O fracionamento da sabedoria é essencial para um
entendimento mais profundo de determinado assunto, entretanto, após o seu
aprofundamento deve ser relacionado com outras vertentes do conhecimento
para não perder seu objetivo. Nas práticas multidisciplinares é normal
confundir a relação das vertentes do conhecimento com o ouvir as partes.
Contudo, é primordial absorver o raciocínio de cada ciência e os objetivos
específicos de cada área. Os objetivos específicos de cada área são considerados
os maiores desafios de projetos multidisciplinares. Da mesma forma, pode-se
fazer uma analogia a qualquer estudo do setor de energia. Referimo-nos aqui à
construção do conhecimento – reprovado por Morin (2001, p. 8) – onde ensino
e conhecimento são áreas isoladas.

Os objetos de seu meio, as disciplinas umas das outras e não


reunir aquilo que faz parte de um mesmo tecido. A inteligência
que só sabe separar espedaça complexo do mundo em fragmentos
desconjuntados, fraciona os problemas. Assim, quanto mais os
problemas tornam-se multidimensionais, maior a incapacidade para
pensar sua multidimensionalidade. [...] Incapaz de encarar o contexto
e o complexo planetário, a inteligência torna-se cega e irresponsável.

Da mesma forma, Leis (1999) procura argumentar que esta perniciosa


fragmentação do conhecimento é fruto da visão dualista típica da ciência
moderna. Natureza e sociedade seriam duas instâncias díspares, onde a segunda
domina a primeira. Este dualismo só começou a ser desmantelado a partir do
fortalecimento do pensamento ambientalista, nas quatro últimas décadas do
século XX. A utilização do termo socioambiental é uma tentativa de enfatizar
uma lógica que leva em conta as interações e contradições entre fatores sociais,
técnicos, econômicos e ambientais. Enquadra-se naquilo que Leff (2001, p. 90,
grifos do original) denominou de estratégia ambiental, com a produção de
conceitos que permitam a prática da interdisciplinaridade.

[...] uma estratégia ambiental de desenvolvimento implica a


necessidade de transformar e enriquecer uma série de conceitos
teóricos provenientes de diferentes campos científicos, assim como
produzir os conceitos práticos interdisciplinares e indicadores processuais,
importantes para normatizar, conduzir e avaliar um processo de
planejamento e gestão ambiental [...].

115
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

A maioria dos projetos da área de energia produz impactos em sociedades


humanas e na natureza, de forma que é essencial para uma análise eficaz que se
leve em consideração as interações entre estas duas esferas do conhecimento.

Em geral, as críticas à utilização de combustíveis tradicionais (de origem


fóssil) têm como base valores socioambientais, divergentes da racionalidade
econômica dominante (ainda que não necessariamente), ou seja, de que tal
racionalidade é insustentável no que se refere à disposição de recursos naturais e
à própria sobrevivência do planeta. Para alguns, o crescimento econômico é, em
maior ou menor grau, contrário à lógica de um equilíbrio ambiental, conforme a
entropia de cada situação (ALTVATER, 1995).

Mesmo neste ponto de vista o desenvolvimento sustentável ideal seria


insustentável, pois neste sentido seria necessário que o pensar econômico
juntamente com o desenvolvimento científico e tecnológico o aceitasse em prol
do progresso, significa que a aceitação e a implementação de alguns referenciais
sustentáveis ficariam abaixo do pensar econômico.

Este ponto de vista, no entanto, pode ser exagerado, pois todas as


sociedades são produtivas em certo sentido material (FLORIANI, 2004).

Muitos estudiosos afirmam que é possível aliar a lógica produtiva com


processos de crescimento econômico. Neste cenário, os modelos adéquam-
se desde a manutenção do modelo produtivista atual e ressalvas ambientais,
até a proposta de crescimento zero, que foi defendida na década de 70. Logo,
a definição de sustentabilidade aproxima-se destas duas esferas, “produção e
sociossustentabilidade e sustentabilidade ambiental”. Porém, a produção alia-se
à sustentabilidade socioambiental e não o contrário.

Caro acadêmico, você já sabe definir sustentabilidade?

A princípio, o conceito de sustentabilidade se apoia em três pilares


fundamentais: ECONÔMICO, SOCIAL E ECOLÓGICO. Neste sentido, vale
ressaltar que todo e qualquer empreendimento que deseja atuar considerando
estes pilares de forma igualitária, deve levar em consideração, além do seu lucro,
o bem-estar dos seus funcionários, a saúde, a moradia, a escolaridade, a segurança
dos moradores da localidade, bem como evitar e/ou reparar os danos causados à
localidade para a implementação do empreendimento em questão.

Ainda neste contexto, a sustentabilidade está relacionada à mudança de


hábitos e a novas metas. É o ato de pensar em nossas ações atuais e futuras e
quais impactos que elas causarão a curto e a longo prazo, aos homens, animais e
plantas. O termo sustentabilidade se aproxima muito do termo desenvolvimento
sustentável, contudo, há algumas diferenças.

116
TÓPICO 1 | MATRIZ ENERGÉTICA NO CENÁRIO BRASILEIRO

O desenvolvimento sustentável tem como objetivo garantir a preservação


ambiental com foco nas próximas gerações, descartando qualquer alternativa que
não leve em consideração o processo de capital.

Concluindo, a sustentabilidade está atrelada ao lucro, ao capitalismo em


si, entretanto, há uma consciência em termos ambientais e sociais. Há uma visão
menos capitalista e mais humanística, onde o consumo tem menos importância.
Para finalizar, a sustentabilidade vem apresentar um novo trajeto, onde a
preservação do meio ambiente é primordial e sua exploração deve ser consciente.

Os dizeres de Leff (2001, p.119) corroboram esta questão. Em seu texto,


o autor menciona que a “sustentabilidade acarreta na busca de novos processos
políticos, culturais e ambientais”.

FIGURA 28 - SUSTENTABILIDADE CONTEMPORÂNEA

FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/matriz-


energetica/>. Acesso em: 8 dez. 2015.

Acarretaria, também, na reorganização do pensar científico, direcionando-o


para um saber humanístico e ambiental, tudo isso a longo prazo. Refere-se à
incorporação de vários saberes (além dos científicos) à produção, gerando um
pensar racional inovador, não apenas produtivista, mas produtivo. Ou seja,

O desenvolvimento, para ser sustentável, implica uma mudança de


racionalidade social e produtiva. A alternativa para o neoliberalismo
ambiental baseado no mercado é a construção de sociedades sustentáveis
fundadas em condições de renovabilidade e produtividade dos recursos
naturais, na igualdade social, na diversidade cultural e na democracia
direta, na criatividade dos povos e das pessoas (LEFF, 2002, p. 17).

117
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

DICAS

Para mais informações sobre assuntos relacionados às linhas de pesquisa


Produtivista x Produtiva, acesse o link: <http://www.ceplac.gov.br/radar/Artigos/artigo3.htm>.

3 MATRIZES ENERGÉTICAS NÃO RENOVÁVEIS


Atualmente, o foco das atenções está nas fontes de energia renováveis,
contudo, também há vantagens nas matrizes não renováveis. Vamos conhecê-las?

O recurso energético limitado, esgotável, irreversível ou que leva muito


tempo para ser regenerado – como o gás natural, o petróleo e o carvão – é
denominado de recurso não renovável.

Além das características citadas acima, as energias não renováveis são


extremamente poluentes, visto que a queima de combustíveis fósseis libera
gases de efeito estufa que contaminam o solo, os lençóis freáticos, a chuva, o ar
atmosférico, a fauna, a flora e nós, a espécie humana. Porém, o maior problema
é o contrassenso, visto que mesmo estando cientes de todos os incidentes
causados, este ainda é o tipo de energia mais utilizada mundialmente.

A radioatividade, como, por exemplo, a energia nuclear extraída do


elemento químico radiativo urânio, apesar de ser não renovável, é altamente
energética e de baixo custo em comparação aos combustíveis fósseis,
entretanto, a sua manipulação exige mão de obra qualificada e seus resíduos,
por serem extremamente perigosos, exigem ainda mais conhecimento para o
seu correto destino final.

3.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS


Frente às incessáveis preocupações atuais no que tange à produção de
energia no mundo e principalmente em nosso país, as fontes de energia não
renováveis apresentam-se como vilãs no cenário atual. Entretanto, cabe lembrar
que um dos problemas da crise energética atual está justamente em desenvolver
novas tecnologias capazes de utilizar apenas fontes de energia limpas e renováveis.

As fontes de energia não renováveis ainda são as mais utilizadas em


todo o mundo. Fatores econômicos, políticos, sociais e ambientais são alguns
dos entraves que precisam ser enfrentados para que este tipo de energia seja
definitivamente extinto.

118
TÓPICO 1 | MATRIZ ENERGÉTICA NO CENÁRIO BRASILEIRO

Apesar dos impactos ambientais que as fontes de energia não renováveis


causam á espécie humana e as outras espécies existentes, animais e plantas,
elas também apresentam alguns benefícios ao setor energético. Talvez sejam
estes benefícios a “fortaleza” que justifica o seu uso desenfreado até os dias
“poluídos atuais”.

Vejamos a seguir as desvantagens e as vantagens que compõem as fontes


de energia não renováveis.

Desvantagens:

• São extremante prejudiciais ao meio ambiente devido ao seu potencial poluidor.


• São esgotáveis.
• São encontradas em áreas específicas geograficamente.
• Altos custos na obtenção, no benefício e no transporte.
• Reservas de grande porte são mais rentáveis.
• Responsáveis por inúmeros desastres ambientais.

Vantagens:

• São altamente rentáveis energeticamente.


• Podem ser facilmente transportadas.
• Há várias maneiras de processamento.
• Propiciam a geração de empregos.

4 POLÍTICA ENERGÉTICA BRASILEIRA


A política energética brasileira é composta pelas diretrizes determinadas
pelo Governo Federal com o objetivo de definir as regras de gestão e exploração
dos recursos energéticos brasileiros, a fim de abastecer o setor industrial, comercial
e a população.

Os recursos energéticos devem ser “manuseados” de forma cautelosa


devido a todas as estratégias que estão envolvidas neste setor em todo o mundo;
45% da energia produzida em nosso país origina de fontes renováveis, por isso
o Brasil, em relação a outros lugares no mundo, possui as matrizes energéticas
mais limpas. Entretanto, em relação aos 81% da média mundial, o Brasil ainda
consome 53% de combustíveis fósseis.

Saiba agora quais são as agências governamentais responsáveis pelas


questões energéticas brasileiras:

119
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

1 - Ministério de Minas e Energia: juntamente com o Poder Executivo,


cria normas, acompanha e avalia programas federais, além de implantar
políticas específicas para o setor energético.

2 - Conselho Nacional de Política Energética (CNPE): propõe ao


presidente da República políticas nacionais e medidas para o setor; Secretarias
de planejamento e desenvolvimento energético; de energia elétrica; de petróleo,
gás natural e combustíveis renováveis; a Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), que tem como objetivo a prestação de serviços na área de estudos e
pesquisas que irão subsidiar o planejamento do setor energético.

Observação: O Ministério de Minas e Energia possui as agências nacionais


de Energia Elétrica (Aneel) e do Petróleo (ANP), Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM), como autarquias vinculadas.
FONTE: Disponível em: <http://www.mme.gov.br/web/guest/conselhos-e-comites/cnpe>.
Acesso em: 15 jan. 2015.

Há ainda, demais órgãos governamentais responsáveis pelas questões


ligadas à energia brasileira e de propor melhorias na exploração e uso dos
recursos energéticos, visando o futuro do abastecimento energético do Brasil. A
maior preocupação encontra-se na eficiência e no real objetivo das ações. Nos dias
de hoje, a renovação do setor energético é uma das questões indispensável para
garantir os empenhos no setor de energia, estocando o bastante para satisfazer o
constante crescimento de consumo por combustíveis e eletricidade. Também, é
necessário que essas ações estejam voltadas a um futuro sustentável, pensando
na real disponibilidade de recursos energéticos às próximas gerações.

A carência de uma política energética mais competente compromete todo


o desenvolvimento do país, e ainda, atrasa o crescimento da oferta, "manchando"
a matriz, pois a ausência de planejamento pode gerar brechas para usinas com
altos índices de emissões de gases de efeito estufa.

120
TÓPICO 1 | MATRIZ ENERGÉTICA NO CENÁRIO BRASILEIRO

ATENCAO

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, declarou que os programas de


eficiência energética proporcionaram uma economia de 2,1% de toda a energia consumida
no ano de 2014. Também destacou a atuação do país com fontes de energias limpas e
renováveis e o desenvolvimento das hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio e Teles Pires, que
receberam das Nações Unidas o certificado de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. O
presidente da Eletrobrás, José da Costa Carvalho Neto, destacou que o Programa Nacional de
Conservação de Energia Elétrica (Procel), coordenado pelo MME e executado pela Eletrobrás,
já contribuiu, por meio de suas ações, para a economia de mais de 70 bilhões de kWh
de energia elétrica. Em 2013, o Selo Procel foi concedido a um total de 36 categorias de
equipamentos, distribuídas entre 187 fabricantes e 3.748 modelos. Mais de 62 milhões com
o selo foram vendidos no período. Com isso, o uso de equipamentos com o Selo Procel
contribuiu para que o Brasil economizasse 9,578 bilhões de kWh no ano, representando 3.733
MW de demanda retirada do horário de ponta.
FONTE: Ministério de Minas e Energia. Disponível em: <https://www.ambienteenergia.com.
br/index.php/2014/12/programas-eficiencia-energetica-economizam-21/24979>. Acesso em:
11 dez. 2015.

Caro acadêmico! Você conhece o Sistema de Compensação de Energia


Elétrica? Não? Então leia e conheça.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou o Sistema de


Compensação de Energia Elétrica, autorizando o consumidor a instalar pequenos
geradores (painéis solares fotovoltaicos, microturbinas eólicas etc.) em sua unidade
consumidora, permitindo que troque energia com a distribuidora local a fim de
diminuir o gasto com energia elétrica. Quando a quantidade de energia produzida
em algum mês for maior que a energia consumida naquele período, o consumidor
acumula créditos que poderão ser usados para reduzir próximas faturas.

Outra novidade é a chamada instalação de geração distribuída, que pode


ser aplicada em condomínios. Nesse cenário, a energia produzida pode ser dividida
entre os moradores em porcentagens definidas pelos próprios condôminos. A
Agência estima que até o ano de 2024 aproximadamente 1,2 milhão de unidades
consumidoras irão produzir sua própria energia. Desde a publicação da Resolução
em 2012, 1.285 centrais geradoras já foram montadas, 1.233 (96%) com a fonte solar
fotovoltaica, 31 eólicas, 13 híbridas (solar/eólica), seis movidas a biogás, uma a
biomassa e uma hidráulica (AGÊNCIA BRASIL, 2017).

121
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:

• Matriz energética é toda energia disponibilizada para ser transformada,


distribuída e consumida nos processos produtivos, é uma representação
quantitativa da oferta de energia, ou seja, da quantidade de recursos energéticos
oferecidos por um país ou por uma região.

• No Brasil, as fontes não renováveis representam aproximadamente mais da


metade da matriz energética, já a média mundial é bem mais elevada, com mais
de 80% de participação de fontes não renováveis.

• Especialistas estimam que o petróleo continuará a dominar a matriz energética


mundial até o ano 2060, aproximadamente.

• A matriz energética brasileira é composta por recursos renováveis,


biocombustível, como madeira e álcool, hidrelétricas, carvão mineral, gás
natural, urânio, petróleo e derivados.

• O Brasil possui uma das matrizes energéticas mais renováveis do mundo


industrializado, graças aos seus recursos hídricos, biomassa e etanol, e também
graças à energia eólica e solar.

• Biomassa é o nome dado à massa biológica base da produção de energia a partir


da decomposição de resíduos orgânicos.

• Energia renovável é a designação dada para as fontes naturais de energia que


conseguem se renovar, ou seja, seu ciclo de renovação é sempre continuo, de
curto prazo, em constante renovação

• Sustentabilidade tem a ver com mudança de racionalidade, com mudanças de


perspectiva e de rumo.

• Energia não renovável é a designação dada a um recurso energético que, depois


de utilizado, não pode ser regenerado pelo ser humano ou pela natureza em
um prazo útil.

• Os combustíveis fósseis, como o petróleo, carvão e gás natural, são exemplos de


energia não renovável, porque um dia se esgotarão.

• As diretrizes estabelecidas pelo Governo Federal para administrar e explorar da


melhor forma possível os recursos do território nacional, de modo a alimentar
a indústria, o comércio e a população em geral, recebem o nome de política
energética brasileira.
122
AUTOATIVIDADE

1 Frente aos problemas relacionados com a poluição ambiental, seja do ar, da


água, do solo e, também, a crise energética mundial, o estudo e a aplicação
de matrizes energéticas, atualmente, são uma necessidade. Neste sentido,
explique o termo: matriz energética.

2 No sistema de produção de energia há fontes de energia renováveis que


são objeto de estudo do setor energético atualmente, e as fontes de energia
não renováveis devem ser substituídas e utilizadas em um futuro bem
próximo. Diante deste contexto, assinale a alternativa CORRETA:

( ) Energia não renovável depois de usada não pode ser regenerada em


prazo útil.
( ) Nem toda biomassa pode gerar energia por não consumir energia em
seu plantio.
( ) Energias renováveis não conseguem se renovar e se esgotam devido à
utilização.
( ) O petróleo por se formar em velocidade moderada não é uma fonte de
energia.

123
124
UNIDADE 3 TÓPICO 2

ENERGIA E MEIO AMBIENTE

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! A energia não pode ser definida como matéria, pois
ela não cumpre com os princípios da impenetrabilidade, onde dois corpos não
ocupam ao mesmo tempo o mesmo lugar. Afinal, a luz ultrapassa o vidro. O
vidro é matéria, pois possui massa, volume e ocupa lugar no espaço. Já a luz não.

Outra relação que podemos fazer ao pensarmos em energia é quanto


absorvemos dos alimentos e quanto gastamos realizando as atividades do nosso
dia a dia. Na verdade, se pararmos para pensar, perceberemos que tudo é energia,
tudo demanda de energia e tudo se transforma em energia. Interessante, não?

Então, após pensar sobre os fatos descritos acima, você saberia definir
energia?

Energia é uma quantidade física que pode ser convertida em trabalho.


Existem inúmeras formas de energia que podem ser transferidas de
uma forma para a outra, como, por exemplo, a energia elétrica, que
é convertida em calor no ferro de passar ou no chuveiro, assim como
a energia potencial da água de uma represa é convertida em energia
elétrica. Poderíamos dizer que o aspecto mais importante da energia é
a sua transformação (FROEHLICH, 2011, p. 50).

Os padrões de geração e consumo de energia, nos dias atuais, são baseados


em grande parte nas fontes fósseis, que emitem diversos poluentes, como os gases
de efeito estufa, e colocam em risco as reservas futuras mundiais. É necessário que
se modifique esses padrões fomentando o uso das energias renováveis, e, nesse
sentido, o país possui uma condição bastante favorável em relação ao restante
do mundo. Segundo o Ministério de Minas e Energia, as energias renováveis
englobam 43,8% do consumo total no Brasil, sendo que no mundo eram de
24,1%. A média de consumo não representa verdadeiramente o que acontece no
mundo: em energia e meio ambiente no Brasil ele é 11 vezes menor, e nos Estados
Unidos da América, cinco vezes maior. O consumo total da energia brasileira
no ano de 2004 foi de aproximadamente 216 milhões de tep (Mtep), ou 2% do
consumo mundial, que foi de 11.223 Mtep. Lembrando que tep significa tonelada
equivalente de petróleo. O Brasil contém uma forte base hidráulica em sua matriz
elétrica. Entretanto, o incentivo a outras fontes “contemporâneas” de energias
renováveis é ainda muito exordial em comparação à média mundial, apesar dos
esforços feitos pelo Governo Federal por meio do Programa de Incentivo a Fontes
Alternativas de Eletricidade (Proinfa). Contudo, o Brasil é um paradigma mundial
125
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

pelo seu programa robusto de biomassa moderna no setor de transportes baseado


no etanol (biocombustível). O uso da biomassa tradicional ainda é muito alto. A
colocação tranquila que o Brasil possui em sua matriz energética pode, contudo,
ser ameaçada, visto que há diferentes condutas sobre os trilhos que o Brasil deve
seguir na área energética.

Como estudamos anteriormente, o Brasil, que já foi indicado como maior


mercado mundial de fontes de energias renováveis, tem chamado à atenção de
investidores de fora do país, bem como tem apoio do governo por meio de leilões
onde a energia produzida através de fontes renováveis é vendida, a exemplo
da energia eólica, da biomassa e das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). A
energia eólica ocupa lugar de destaque pois apresenta a vantagem de ser uma
fonte de energia renovável, limpa. Entretanto, há críticas na mídia em torno dos
problemas ambientais provenientes da energia produzida a partir dos ventos.
Com isso nos perguntamos, a energia eólica gera ou não impactos ambientais?

A resposta é sim, gera impacto ambiental. Tudo gera algum tipo de impacto.
A comunidade que reside próxima a parques eólicos reclama do barulho das
turbinas e, infelizmente, algumas aves acabam colidindo junto às hélices e morrem.

É iminente a necessidade de uma padronização para se definir critérios e


minimizar os impactos ambientais nos parques eólicos brasileiros, visto que no
âmbito do direito ambiental, quando comparado com outros países, as normas
ambientais, no Brasil, são as mais numerosas.

Segundo informações divulgadas na mídia, a energia eólica deverá


contribuir com cerca de 12% da demanda elétrica mundial até 2020, chegando
a aproximadamente 22% no ano de 2030. Afirma-se ainda que, daqui a 20 anos,
cerca de três milhões de empregos diretos e indiretos ligados à energia eólica serão
gerados. Estima-se que, em 10 anos, aproximadamente 1,5 bilhão de toneladas
anuais de gás carbônico não serão mais emitidas na atmosfera, o que se traduz
em grande ganho ambiental.

UNI

A tendência de ampliação de aerogeradores espalhados pelo mundo, e em


especial no Brasil, revela-se também pela ampliação da competitividade da “indústria eólica”,
na medida em que essa indústria já vem se desenvolvendo tanto no aspecto tecnológico
quanto no econômico. A energia eólica, que até há poucos anos era proclamada como
proibitivamente cara, no último leilão já alcançou patamares inferiores aos preços das PCHs.
FONTE: Disponível em: <https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2010/11/a-energia-
eolica-e-os-impactos-ambientais/7001>. Acesso em: 14 dez. 2015.

126
TÓPICO 2 | ENERGIA E MEIO AMBIENTE

Felizmente, a humanidade apresenta-se mais atenta quanto às questões


ambientais. E, mesmo a curtos passos, muitos estão dispostos a mudar o panorama
negativo atual, seja pela mudança de hábitos, seja pelas pequenas atitudes, pelas
pequenas manifestações, pelas pesquisas e pelas ações.

Veremos a seguir alguns dos exemplos que nos motivam a acreditar em


um mundo ainda melhor, mais limpo e mais natural.

2 INOVAÇÕES INTELIGENTES
Caro acadêmico, você já ouviu falar em chuveiro híbrido?

Chuveiro híbrido é uma alternativa para quem quer economizar água e


energia elétrica. Este tipo de chuveiro foi desenvolvido em pesquisas recentes e
funciona tanto com energia solar, elétrica e a gás. Por isso, este chuveiro também
recebe a denominação de chuveiro inteligente e é o mais econômico existente na
atualidade. Durante o verão a economia é extremamente alta, visto que o chuveiro
funciona apenas via energia solar. Veja na figura a seguir o funcionamento de um
chuveiro híbrido.

FIGURA 29 - FUNCIONAMENTO DE UM CHUVEIRO HÍBRIDO

FONTE: Disponível em: <https://s3-sa-east-1.amazonaws.com/


leroy-production//uploads/img/products/chuveiro_hibrido_de_
parede_250v__220v__flex_corona_87922464_4447_600x600.jpg>.
Acesso em: 31 mar. 2016.

127
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

Ar-condicionado alimentado a energia solar, você já ouviu falar?

Este tipo de equipamento condicionador de ar foi desenvolvido por


uma empresa chinesa no Brasil, devido ao potencial de energia solar em nosso
território, e é este o tipo de energia limpa e renovável aplicada. O objetivo da
empresa é o consumo zero para grandes empreendimentos onde o consumo de
energia elétrica representa cerca de 30% dos custos brasileiros.

Estes equipamentos podem funcionar a partir de células fotovoltaicas


captando a energia solar e a transformando em energia elétrica.

Veja a seguir a imagem de um aparelho de ar-condicionado que funciona


a partir de energia solar.

FIGURA 30 - IMAGEM DE APARELHO DE AR-CONDICIONADO


ALIMENTADO A ENERGIA SOLAR

FONTE: Disponível em: <https://www.ambienteenergia.com.br/wp-


content/uploads/2015/02/ar-condicionado.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2016.

Caro acadêmico! Você sabia que Pernambuco inaugurou o 1º parque


híbrido?

No Estado do Pernambuco, em setembro de 2015 foi inaugurado o


primeiro parque híbrido do Brasil. O parque contém duas usinas fotovoltaicas
(sendo assim, o maior parque fotovoltaico brasileiro) e uma usina eólica.

A quantidade de energia anual gerada no parque é o suficiente para


guarnecer 250 mil casas. Com isso, o parque elevou em 30% a produção de energia
solar no Brasil.

128
TÓPICO 2 | ENERGIA E MEIO AMBIENTE

FIGURA 31 - PARQUE HÍBRIDO EM TACARATU – PERNAMBUCO

FONTE: Disponível em: <https://www.ambienteenergia.com.br/wp-


content/uploads/2015/10/parque-h%C3%ADbrido.jpeg>. Acesso em: 31
mar. 2016.

Conheça agora as janelas solares:

Este tipo de janela possui vidros que são produzidos com finíssimas
células fotovoltaicas que são acopladas entre duas camadas finas de vidro, para
que as células se tornem imperceptíveis.

Neste sentido, as janelas captam a energia solar e ainda reduzem a


temperatura interna dos cômodos. O custo de uma janela solar é aproximadamente
40% superior ao de uma janela convencional, contudo, a longo prazo o custo de
energia elétrica será bem inferior.

FIGURA 32 - JANELA SOLAR

FONTE: Disponível em: <https://www.ambienteenergia.com.br/index.


php/2015/09/janelas-solares-usam-energia-solar-para-abastecer-
predios/27107>. Acesso em: 15 dez. 2015.

129
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

Veja mais uma invenção inteligente de estudantes brasileiros!

Estudantes do Instituto de Tecnologia da Universidade de São Paulo e


adolescentes da ONG CEFAC desenvolveram um aparelho auditivo que funciona
via energia solar. O aparelho chama-se Solar Ear, não depende de bateria, é
recarregável via energia solar e bem mais barato que os encontrados no mercado.
Mesmo em dias nublados há captação de energia.

FIGURA 32 - SOLAR EAR

FONTE: Disponível em: <https://www.ambienteenergia.com.


br/index.php/2015/10/aparelho-auditivo-usa-energia-solar-para-
recarregar/27183>. Acesso em: 15 dez. 2015.

Caro acadêmico! Você já ouviu falar na geração de energia elétrica a


partir de correntes marinhas?

Este tipo de transformação de energia funciona a partir de um tipo


de tecnologia de ponta capaz de aproveitar a força das correntes marinhas e
transformá-la em energia elétrica. Apesar de desafiador, este tipo de energia é
totalmente limpo e renovável. Há no Brasil interesse neste tipo de energia, porém
os projetos ainda estão em discussão.

FIGURA 33 - GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DE CORRENTES


MARINHAS

FONTE: Disponível em: <https://www.ambienteenergia.com.br/index.


php/2015/09/geracao-de-energia-em-correntes-marinhas-e-nova-
alternativa/27028>. Acesso em: 15 dez. 2015.

130
TÓPICO 2 | ENERGIA E MEIO AMBIENTE

Para fechar o Tópico 2, seguimos com uma inovação tão surpreendente


quanto as inovações apresentadas anteriormente, o ponto de ônibus inteligente.

Um ponto de ônibus inteligente é capaz de produzir energia elétrica


através da energia solar, a partir de células fotovoltaicas, para carregar os celulares
enquanto as pessoas aguardam o seu ônibus chegar. Este tipo de ponto de ônibus
também é capaz de armazenar água da chuva para irrigar seu próprio telhado
verde. O objetivo é gerar mais conforto para os usuários sem perder a autonomia.
O ponto de ônibus inteligente foi planejado pela Associação Comercial e Industrial
de Florianópolis (ACIF), no Estado de Santa Catarina. O ponto possui 9,8 m² e
quatro nichos para carregamento de celulares, há também painel informativo
sobre as linhas de ônibus e um espaço acessível para deficientes físicos.

FIGURA 34 - PONTO DE ÔNIBUS INTELIGENTE COM TETO VERDE

FONTE: Disponível em: <http://aletp.com/wp-content/uploads/2010/11/


absolut-lemon-drop.jpg>. Acesso em: 4 abr. 2016.

Materiais recicláveis foram utilizados para a fabricação do forro da


cobertura e dos bancos. O teto verde é mantido com água da chuva. A energia
gerada também é usada para iluminar o ponto. A autonomia do ponto de ônibus
inteligente é de três dias e pode reservar até 180 litros de água.

131
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

FIGURA 35 - ESQUEMA DO PONTO DE ÔNIBUS INTELIGENTE EM FLORIANÓPOLIS – SC

FONTE: Disponível em: <http://i1.wp.com/outracidade.com.br/wp-content/uploads/2015/12/


florian%C3%B3polis__corpo.jpg>. Acesso em: 15 dez. 2015.

ATENCAO

Patrícia Carmona, uma das arquitetas do núcleo, estava fazendo um projeto


para os canteiros do bairro Lagoa da Conceição que incluía pontos de ônibus com telhados
verdes. Por isso, suas ideias foram usadas como base e somadas às referências trazidas das
viagens. O núcleo conseguiu o apoio de empresas para financiar o projeto, que foi doado sem
envolvimento do poder público, mas preferiu não revelar quanto foi investido na construção
da estrutura. O protótipo do ponto de ônibus ficará em frente ao Palácio da Agronômica,
a residência oficial do governador do Estado de Santa Catarina. Localizado no centro de
Florianópolis, ele atenderá, aproximadamente, dez linhas diferentes. Após a conclusão da
instalação, os apoiadores do projeto farão um modelo de contrato de venda para futuras
paradas do mesmo modelo.
FONTE: Disponível em: <http://meioambienterio.com/2015/12/11796/florianopolis-tera-
ponto-de-onibus-com-teto-verde-e-energia-solar/>. Acesso em: 15 dez. 2015.

Após estudarmos várias inovações inteligentes em termos de questões


energéticas ambientais, que tal colocar nossos aprendizados em prática?

132
TÓPICO 2 | ENERGIA E MEIO AMBIENTE

3 AULA PRÁTICA
Aprenda a montar um aquecedor solar sustentável fabricado a partir de
garrafas PET e embalagens longa vida. Veja a seguir:

FIGURA 35 - IMAGEM DO AQUECEDOR SOLAR RECICLÁVEL

FONTE: Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/globoeducacao/


noticia/2013/07/aprenda-construir-um-aquecedor-solar-com-material-reciclavel.
html>. Acesso em: 15 dez. 2015.

Materiais:

- 240 garrafas PET transparentes de dois litros. Garrafas coloridas não são
recomendadas, pois absorvem calor, o que pode prejudicar a eficiência do
aquecedor.
- 220 embalagens longa vida de 1 litro.
- 54 metros de tubos soldáveis em PVC de 20 mm.
- 80 conexões T em PVC de 20 mm.
- 1 rolo grande de fita de autofusão.
- 2 litros de tinta esmalte sintética na cor preto fosco.
- 1 rolo de 10 cm para pintura.
- 1 par de luvas.
- 1 estilete.
- 1 tubo de PVC de 100 mm com 70 cm.
- 1 martelo de borracha.
- 1 pote com 175 g de cola para PVC com pincel.
- 1 arco de serra.
- 1 tábua de madeira com no mínimo 120 mm de comprimento.
- 9 pregos.
- 1 ripa pequena com cerca de 15 cm de comprimento.
- 1 rolo de fita crepe com largura de 19 mm.

133
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

Método:

1 - Corte o tubo de PVC de 100 mm em duas partes de 31 e 29 cm. Faça uma


abertura longitudinal em cada uma delas. Essas medidas servem para a maioria
das garrafas PET de dois litros. Quando os valores forem diferentes, é preciso
adaptar o tamanho para que o cano deixe somente a parte de baixo para fora
(veja o 2º passo):

2 - Utilize os canos para marcar o local correto onde as garrafas PET devem ser
cortadas.

3 - Descole as orelhas e planifique as embalagens longa vida. Corte a parte já


aberta de modo que as caixas fiquem com 22,5 cm de altura.

4 - Faça um corte de 7 cm nos dois lados da extremidade aberta das caixas.

134
TÓPICO 2 | ENERGIA E MEIO AMBIENTE

5 - Crie um molde em uma placa de PVC ou outro material duro com as


proporções indicadas na figura.

6 - Utilize o molde para fazer as dobras indicadas.

7 - Pinte a face lisa de todas as caixas com a tinta preta fosca. Para aproveitar
melhor a tinta, coloque as caixas lado a lado e pinte todas de uma vez só,
utilizando um rolo.

8 - Fixe os nove pregos na tábua de madeira, de acordo com as medidas


especificadas a seguir. Empilhe as garrafas em grupos de cinco e escolha a
medida de corte dos tubos (105 cm ou 100 cm) de acordo com o tamanho
da maior fileira. As garrafas de cada grupo devem ter o mesmo tamanho.

(Foto: Divulgação/José Alano)

135
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

Isole as extremidades dos canos cortados com a fita crepe de 19 mm.


Pinte os canos com a mesma tinta utilizada nas embalagens longa vida.

10 - Corte cinco tubos de 8 cm. Eles servirão para o distanciamento entre as


colunas e não devem ser pintados.

Confecção:

Para facilitar o transporte e o manejo, cada barramento deve ser composto


por, no máximo, cinco colunas.

1 - Junte, com cola de PVC, as conexões "T" e os distanciadores de 8 cm.

(Foto: Divulgação/José Alano)

2 - Cole as colunas no barramento superior e encaixe as garrafas PET.

136
TÓPICO 2 | ENERGIA E MEIO AMBIENTE

3 - Encaixe as embalagens longa vida dobradas dentro das garrafas PET.

4 - Encaixe o barramento inferior nas colunas utilizando apenas uma ripa


estreita e o martelo de borracha. Essa medida facilita a manutenção, já que,
nestes casos, basta desencaixar os tubos.

5 - Vede a primeira garrafa de cada coluna com a fita de autofusão. Isto impede
a fuga do calor gerado no interior da coluna e a mudança de posição das
garrafas e embalagens longa vida por ação do vento.

Ao fim dos procedimentos acima, você terá construído os módulos


responsáveis pela retenção do calor do Sol. A temperatura máxima a que
a água chega é de 55 ºC, já que o PVC, material escolhido pelo baixo custo,
começaria a amolecer depois disso. A montagem de um aquecedor para quatro
pessoas fica em torno de R$ 350,00. Este valor não inclui o preço das garrafas
PET e embalagens longa vida, pois estas devem ser utilizadas somente pós-
consumo. O tempo de vida útil com funcionamento perfeito do aquecedor é de
cerca de seis anos. Depois de algum tempo, as garrafas começam a ficar opacas.
Quando isso acontecer pela primeira vez, basta girá-las, já que a parte que fica
para baixo não pega sol e, portanto, se mantém translúcida. Já as embalagens
e canos podem apenas ser repintados.
FONTE: Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/globoeducacao/noticia/2013/07/aprenda-
construir-um-aquecedor-solar-com-material-reciclavel.html>. Acesso em: 15 dez. 2015.

137
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

LEITURA COMPLEMENTAR

Conferência do clima termina com 'acordo histórico' contra


aquecimento global

Após duas semanas de intensas negociações, a COP-21 (Conferência do


Clima da ONU) terminou em Paris com um acordo histórico, que pela primeira vez
envolve quase todos os países do mundo em um esforço para reduzir as emissões
de carbono e conter os efeitos do aquecimento global. O ponto central do chamado
Acordo de Paris, que valerá a partir de 2020, é a obrigação de participação de
todas as nações – e não apenas países ricos – no combate às mudanças climáticas.
Ao todo, 195 países membros da Convenção do Clima da ONU e a União
Europeia ratificaram o documento. O objetivo de longo prazo do acordo é manter
o aquecimento global "muito abaixo de 2 ºC". Esse é o ponto a partir do qual
cientistas afirmam que o planeta estaria condenado a um futuro sem volta de
efeitos devastadores, como elevação do nível do mar, eventos climáticos extremos
(como secas, tempestades e enchentes) e falta de água e alimentos. Em referência
ambiciosa, comemorada por ambientalistas e países menos desenvolvidos, o
texto alude a esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 ºC. Também
define que os pontos do acordo serão revisados a cada cinco anos, para direcionar
o cumprimento da meta de temperatura e dar transparência às ações de cada país.
Sobre a questão do financiamento climático, ou seja, quem irá pagar a conta das
ações necessárias para o sucesso do acordo, acertou-se que países desenvolvidos
irão bancar US$ 100 bilhões por ano em medidas de combate à mudança do
clima e adaptação em países em desenvolvimento. Eventuais injeções adicionais
de recursos ficaram para 2025, refletindo a divisão que marcou as discussões
sobre o assunto na COP-21. "Isso representa uma perda para os países em
desenvolvimento, que queriam ver uma indicação do financiamento pós-2020 na
mesa em Paris. Por outro lado, representa uma perda também para a posição
dos desenvolvidos, que ameaçaram na noite de sexta-feira tirar os US$ 100
bilhões da mesa se não conseguissem aumentar a base de doadores para incluir
países emergentes", afirmaram os jornalistas Cláudio Ângelo e Cíntya Feitosa,
que acompanharam a conferência pela rede de ONGs brasileira, Observatório
do Clima. Em estrutura planejada para obter apoio dos EUA ao acordo, apenas
alguns elementos do documento serão "legalmente vinculantes", ou seja, terão
força de lei internacional como regulamentação da Convenção do Clima da ONU,
assinada em 1992 no Rio de Janeiro. Para outros pontos, o cumprimento será
voluntário. Essa foi a saída encontrada diante da constatação de que um acordo
com metas obrigatórias de redução de emissões dificilmente seria aprovado
pelo Senado dos EUA, que tem maioria republicana e fortes opositores à agenda
climática do presidente democrata Barack Obama. Portanto, o documento não
traz menções concretas a metas de redução de emissões por país – praticamente
toda essa parte do acordo será voluntária. Cada nação deverá cumprir suas metas
nacionais, as chamadas INDCs, que seguem o que cada governo considera viável
considerando o cenário social e econômico local.

138
TÓPICO 2 | ENERGIA E MEIO AMBIENTE

Conferência do Clima 2015

Embora tenham considerado o acordo histórico, ambientalistas fizeram


ressalvas em relação a esse ponto. "Os cortes de emissões prometidos pelos países
agora ainda são totalmente insuficientes, mas o acordo como um todo manda uma
forte mensagem a empresários, investidores e cidadãos: a energia agora é limpa e
os combustíveis fósseis pertencem ao passado", disse a cientista Corinne Le Quere,
diretora do Centro Tyndall para Pesquisa do Clima, da Inglaterra. "O texto deixa
essencialmente nas mãos de cada país, de forma voluntária, a decisão sobre ampliar
as ações de corte de emissões e o financiamento aos países menos desenvolvidos.
Isso será viável caso os países mantenham o espírito de engajamento que tornou
Paris possível. Mas, se essa vontade falhar, corremos o risco de chegar a 2030 ainda
numa trajetória de 3 ºC, algo incompatível com a civilização como a conhecemos",
disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. O Brasil teve
protagonismo nas discussões na COP-21, sobretudo como mediador de conversas
com países em desenvolvimento reticentes a certos pontos do acordo, como Índia
e China. Na reta final da conferência, aderiu à chamada "coalizão da ambição",
grupo de países que atuou nos bastidores por acordo mais ambicioso. Integram o
grupo a União Europeia e países como EUA, México e Colômbia, além de países
mais pobres e vulneráveis ao aquecimento global. "É uma iniciativa feita pelas Ilhas
Marshall (país ameaçado pela elevação do nível dos oceanos) que mobilizou vários
países para que pudéssemos fazer progressos (nas negociações) e ficar abaixo (da
elevação da temperatura) de 1,5 ˚C e trabalharmos juntos”, disse a ministra do
Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ao explicar a participação. As últimas horas de
conversas – que incluíram três noites seguidas de negociações – representaram o
cume de um processo de quatro anos para produzir o primeiro pacto internacional
de limitação das emissões de gases estufa. Na plenária da manhã de sábado da
conferência, quando os organizadores apresentaram a proposta final de acordo,
o clima era de festa, embora as autoridades tenham insistido na necessidade de
aprovação pelos delegados. O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent
Fabius, disse que o novo texto representava uma "virada" e apresentava um acordo
"diferenciado, justo, durável e legalmente vinculante".

139
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

O presidente da França, François Hollande, afirmou que "o acordo


definitivo para o planeta" estava "aqui e agora". E o secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, convocou os diplomatas a "encerrar o trabalho" porque "todo o mundo
estava assistindo".
FONTE: Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151212_acordo_
paris_tg_rb>. Acesso em: 14 dez. 15.

140
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:

• Energia é uma quantidade física que pode ser convertida em trabalho.

• As energias renováveis representavam 43,8% do consumo total no Brasil, ao


passo que no mundo eram apenas 24,1%.

• A energia eólica é uma das fontes de energia limpa e renovável mais requisitadas
nos tempos atuais, porém, mesmo apresentando os requisitos necessários para
a manutenção do meio ambiente, a energia eólica também apresenta impactos
ambientais.

• O Brasil, que já foi apontado por um estudo do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente como maior mercado mundial de energia renovável,
apresenta-se como grande expoente no mercado de energias renováveis,
tendo atraído a atenção de investidores estrangeiros e encontrado respaldo
governamental por meio da realização de leilões em que se comercializa energia
oriunda de fontes renováveis, a exemplo das eólicas, da biomassa e das PCHs
(pequenas centrais hidrelétricas).

141
AUTOATIVIDADE

1 O ano de 2015 foi um marco em termos da consciência ambiental, dada a


ocorrência do Acordo de Paris. Neste sentido, descreva o objetivo deste
acordo.

2 Atualmente, as fontes de energia limpas e renováveis são indispensáveis


para produção de energia e para a manutenção do meio ambiente. Neste
sentido, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A energia nuclear libera pouca radioatividade.


b) ( ) A energia térmica é a opção mais limpa atualmente.
c) ( ) A energia eólica é a mais requisitada no momento.
d) ( ) A energia geotérmica é ineficaz e inexistente.

142
UNIDADE 3
TÓPICO 3

DESAFIOS FUTUROS PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA NO


BRASIL

1 INTRODUÇÃO
Além da crise política que vivenciamos nos últimos anos, sofremos com
a crise energética. Para piorar este cenário, estamos pagando parte desta “conta”
pública através das altíssimas tarifas energéticas. Por isso, iniciaremos o Tópico
3 falando sobre as polêmicas bandeiras tarifárias, que, para muitos brasileiros,
ainda é um assunto não muito discutido.

2 BANDEIRAS TARIFÁRIAS
Chama-se Bandeiras Tarifárias o sistema que informa aos consumidores
os reais valores da produção da energia elétrica brasileira. Este sistema entrou em
vigor no dia 1º de julho de 2015.

O funcionamento das bandeiras tarifárias é baseado em cores: verde,


amarela ou vermelha, que informam o quanto custará a energia, em função
das condições da produção de energética. Através das bandeiras tarifárias,
o valor e as informações contidas na conta de luz se tornam mais claros e o
consumidor passa a utilizar a energia elétrica de forma mais racional. O sistema
das bandeiras tarifárias possui as mesmas cores dos semáforos e indicam as
seguintes informações:

Bandeira verde: condições favoráveis para a produção de energia


elétrica. A tarifa não sofre acréscimo.

Bandeira amarela: condições menos favoráveis para a produção de


energia elétrica. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,025 para cada quilowatt-hora
(kWh) consumido.

Bandeira vermelha: péssimas condições para a produção de energia. A


tarifa sofre acréscimo de R$ 0,045 para cada quilowatt-hora kWh consumido.
FONTE: Disponível em: <www2.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=758&idPerfil=2>. Acesso em: 14
dez. 2015.

143
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

FIGURA 36 - LEGENDA DAS BANDEIRAS TARIFÁRIAS

FONTE: Disponível em: <http://revistaimoveis.zap.com.br/imoveis/wp-content/


uploads/2015/01/infografico_tarifas.jpg>. Acesso em: 15 dez. 2015.

Caro acadêmico, você saberia diferenciar as bandeiras tarifárias e as tarifas


propriamente ditas?

As tarifas indicam a maior parte da conta e cobrem os custos comprometidos


na produção, transmissão e distribuição da energia elétrica, bem como os encargos
setoriais. As bandeiras tarifárias informam a variação dos custos da produção de
energia elétrica, ou seja, as bandeiras indicam a variação do custo da produção
de energia, quando ela ocorre. Mensalmente a cor da bandeira é estabelecida e
aplicada aos consumidores, mesmo quando eles tenham reduzido seu consumo.
A diminuição do consumo pode reduzir o custo da conta ou, ao menos, evitar
seu aumento. A conduta racional do consumidor favorece para o melhor uso dos
nossos recursos energéticos.

3 INCENTIVO FISCAL
O incentivo fiscal é uma maneira que o Governo Federal encontrou para
fomentar a geração de energia limpa e renovável nos imóveis. Assim, ficou
decretado que os produtores de energia estão isentos do PIS-COFINS. O PIS-
COFINS é um imposto presente na conta de energia elétrica.

O estímulo para produção de energia autônoma ocorre por meio de


painéis solares onde o consumidor poderá calcular a economia gerada. Além
de tornar os municípios menos dependentes das distribuidoras de energia, e
mais sustentáveis.

A isenção do imposto ao pequeno “produtor energético” diminui a


distância entre o real aproveitamento das energias, o uso das energias limpas e
renováveis e a autonomia energética.

144
TÓPICO 3 | DESAFIOS FUTUROS PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL

E
IMPORTANT

O pagamento dos tributos PIS-COFINS sobre energia elétrica equivalia a ceder


10% da energia produzida em casa para o fisco. Somado ao Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS), a proporção desses impostos sobre a produção autônoma
era de 30%. O Governo Federal aboliu a cobrança do PIS-COFINS, mas cabe aos governos
estaduais determinar que os pequenos geradores também se tornem isentos do ICMS.
Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), se todos os estados optassem
pela desoneração do ICMS sobre a conta de quem produz parte de sua própria energia, o
país teria 55% a mais de sistemas instalados em 2023 em comparação a um cenário no qual
continuasse valendo o convênio anterior. O Solariza mapeia colaborativamente o potencial
de produção de energia solar no país. Solariza calcula o potencial de produção de energia e
a economia resultante da instalação de painéis solares.
Disponível em: <http://outracidade.com.br/veja-quanta-energia-solar-voce-pode-gerar-e-
quanto-ganharia-com-isso/>. Acesso em: 4 abr. 2016

FIGURA 37 - EXEMPLO DE PAINEL SOLAR

FONTE: Disponível em: <http://www.santarita.com.br/wp-content/


uploads/2012/12/PainelSolarFotovotaico-760x508.jpg>. Acesso em: 17 dez. 2015.

Através das imagens disponíveis no Google Maps, o Solariza possibilita


a escolha de um imóvel e calcula a porcentagem útil do telhado, o potencial de
produção de energia, o custo do sistema e quanto se poderia economizar durante
a sua vida útil (aproximadamente 25 anos). O cálculo realizado pelo Solariza
desconsidera fatores externos, tais como árvores e nuvens que podem promover
sombra sobre os painéis fotovoltaicos. Assim, a estimativa gerada pelos cálculos
realizados através da ferramenta pode indicar alterações, maiores ou menores,
em relação à quantidade de energia que seria gerada pelo sistema alojado.

145
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

FIGURA 38 - INSTALAÇÃO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO

FONTE: Disponível em: <http://www.solius.pt/images/fotovoltaico/casa.jpg>. Acesso em:


17 dez. 2015.

E
IMPORTANT

Atualmente, a ferramenta só está disponível para as cidades americanas de


Boston, San Francisco e Fresno. Nesses municípios, a incidência de raios solares não é tão
abundante quanto aqui no Brasil e as chances de as casas não receberem luz suficiente
para compensar a instalação do sistema são maiores. O Google tem planos de expandir o
Sunroof para que esses cálculos possam operar em todo o território dos Estados Unidos.
Linhas especiais de crédito, liberação do uso do fundo de garantia e leis que determinem
a instalação de painéis solares em novas construções são algumas das formas possíveis de
transformar o potencial brasileiro de produção de energia solar em lâmpadas acesas, celulares
carregados e banhos quentes. Ainda assim, a desoneração é um bom começo para incentivar
proprietários de imóveis a se tornarem pequenos geradores, aumentando a autonomia,
diminuindo os custos e reduzindo o impacto ambiental para produção da energia elétrica.
Disponível em: <http://outracidade.com.br/veja-quanta-energia-solar-voce-pode-gerar-e-
quanto-ganharia-com-isso/>. Acesso em: 15 dez. 2015.

Caro acadêmico! Alguns especialistas alertam que o potencial


hidrelétrico do Brasil acabará em dez anos. Para saber mais, acompanhe a
leitura a seguir.

146
TÓPICO 3 | DESAFIOS FUTUROS PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL

Estudos apontam que o término do potencial hidrelétrico do Brasil


ocorrerá entre os anos 2025 e 2030. Para assegurar a energia nos próximos dez
anos e atingir o potencial máximo pronunciado para a produção de fonte hídrica
– que é 260 mil megawatts (MW) – será necessário aproveitar as últimas fronteiras
das grandes usinas no país e modificar as matrizes energéticas existentes. O
estudo foi realizado em 2014 pelos participantes da mesa redonda que discutiu a
energia elétrica no 1º Fórum Nacional de Infraestrutura, promovido pelo Senado.

A produção de energia hidrelétrica continua a ser emergencial, como


previsto para as usinas de Belo Monte e o Complexo de Tapajós. Além dos benefícios
dos inúmeros usos da hidrovia para a navegação, a prevenção de cheias com o
controle da vazão e as vantagens de infraestrutura para as comunidades presentes
na região. Entretanto, os grupos de defesa do meio ambiente têm criado barreiras
para a entrega da licença ambiental e um aumento nas demandas judiciais.

Sabe-se que a cana-de-açúcar e seus derivados, bagaço e álcool etílico, são


a segunda fonte da matriz energética brasileira, mais limpa e econômica. Além
da disponibilidade dos ventos e muito sol entre os meses de janeiro a dezembro.

Vale lembrar que no Brasil, cerca de 70% da energia produzida é


hidrelétrica; 10% provém da biomassa; 3%, da energia eólica; e a energia solar, que
está começando a ser aplicada. Estima-se que no final de 2018 aproximadamente
9% da energia eólica já estará sendo aplicada.

Demais fontes de energia, como a energia nuclear e o lixo também vêm


sendo mencionadas como fontes limpas de energia. Neste cenário, é evidente
a dedicação dos órgãos competentes na elaboração de políticas transparentes e
eficazes para o setor de energia elétrica. A legislação precisa ser atualizada para
liberar a participação da iniciativa privada e assim poder debater com a sociedade
baseado em informações concretas.

4 A CRISE ENERGÉTICA E AS DIFERENTES VISÕES DO


PROBLEMA
Segundo a Agência Ambiente Energia, 2015 iniciou com más notícias
energéticas. E nós, consumidores, estamos certos disso quando nos deparamos
com os altos valores encontrados em nossas contas de energia elétrica.

O plano das bandeiras tarifárias entrou em vigor, transferindo diretamente


os custos da geração térmica para a nossa conta de energia elétrica. Além disso, o
“realismo tarifário” estima que as projeções podem passar dos 60%. Precisaremos
de muita chuva para completar os reservatórios; mudar definitivamente nossos
hábitos; investir em eficiência energética; buscar soluções mais sustentáveis;
consultar a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ou, em última instância,
os órgãos Jurisdicionais.

147
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

Em entrevista ao portal Ambiente e Energia, postada em fevereiro de


2015, Franklin Miguel, professor de MBA do setor elétrico da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), diz que para cada R$ 1 bilhão de aumento de custos, 1% de reajuste
viria na ponta. Em transferências do Tesouro para pagar o orçamento da Conta
de Desenvolvimento Energético (CDE), por exemplo, foram gastos R$ 25 bilhões.
Franklin afirma que as empresas de produção hídrica são obrigadas a comprar
energia mais cara para efetivar seus contratos. A população pode participar das
três audiências públicas promovidas pela Aneel sobre o aumento da bandeira
vermelha de R$ 3,00 a cada 100 kWh para R$ 5,50. É o momento de a comunidade
se unir e reclamar. Os grandes consumidores, como os dos setores industriais,
devem usar neste momento suas forças políticas.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) continua a


acompanhar os elevados aumentos aplicados desde 2015, sobre a energia elétrica.
Estudos afirmam que o Código de Defesa do Consumidor dá espaço a ações
por aumentos abusivos ou indevidos. Por isso, é provável que inúmeras ações
apareçam indagando esses aumentos. Novamente, precisamos lembrar que este é
o momento de exigirmos mais transparência e menos aumentos.

José Wanderley Marangon Lima, pró-reitor de Extensão da Universidade


Federal de Itajubá (Unifei), em entrevista ao portal Ambiente e Energia, diz
que deveríamos ter criado um sistema de “back-up” para cobrir eventuais
deficiências das hidrelétricas, que fornecem 80% da energia, mas falham
quando há falta de chuva. O custo das térmicas poderia ser menor, se eles
tivessem recebido maior investimento para elevar sua produtividade, como,
por exemplo, na logística de fornecimento de combustíveis. Por outro lado,
é cada vez mais evidente, de acordo com ele, a necessidade de se investir
em outras soluções mais ambientalmente corretas, como as usinas eólicas e
solares. Embora no passado elas tenham sido preteridas por causa do seu alto
custo, atualmente vêm se mostrando mais viáveis economicamente. “O evento
do dia 19 de janeiro de 2015, quando as distribuidoras tiveram que reduzir o
fornecimento, poderia ter sido evitado. O horário de pico de consumo ocorre
entre 14h e 16h, justamente quando os painéis fotovoltaicos estão captando
maior intensidade de luz. O potencial dessa fonte é enorme no interior de
Minas e São Paulo, por exemplo”, avalia o professor, referindo-se ao recente
apagão sofrido por 11 estados e pelo Distrito Federal.
FONTE: Disponível em: <https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2015/02/crise-
energetica-e-diferentes-visoes-sobre-o-problema/25550>. Acesso em: 10 abr. 2016.

Atualmente, a informação está disponível a todos em diversos canais


de comunicação, principalmente pela Internet, por isso, além de acessar o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, aproveite para conhecer os sites específicos
citados e aproxime-se do meio virtual. Essa é uma tendência mundial e
ecologicamente correta. Aprenda a transformar informação em conhecimento!

148
TÓPICO 3 | DESAFIOS FUTUROS PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL

4.1 UMA VISÃO PARA O FUTURO


O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024), desenvolvido
pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é um documento que contempla as
projeções para o setor elétrico do Brasil para os próximos dez anos, prevendo uma
expansão de mais de 50% na capacidade instalada de geração de energia no país
até 2024. A quantidade de investimentos previstos para esse crescimento alcança
o valor acima de R$ 1 trilhão nos próximos dez anos. Destes, cerca de 70% virão
do setor de petróleo e gás, cerca de 27% do setor elétrico e aproximadamente 3%
do setor de biocombustíveis. O plano está disponível para consulta pública no site
do Ministério de Minas e Energia.

DICAS

Para saber mais sobre o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024)
consulte o site: <http://www.mme.gov.br>.

Grande parte deste crescimento deverá provir de projetos de energias


renováveis. Dentre os principais empreendimentos que deverão entrar em vigor
nos próximos anos está a Usina Hidrelétrica de Belo Monte. As fontes de energia
não renováveis representarão apenas 11,4 mil MW. Assim, a participação dessas
fontes na matriz energética no Brasil reduzirá de 16,3% para 16%. O plano também
prevê que a produção de petróleo no Brasil duplique dos 2,5 milhões de barris
por dia para cerca de 5 milhões até 2024, devido, principalmente, à camada de
pré-sal. A demanda interna provavelmente chegará a 3 milhões de barris, o que
possibilitará um sobressalente para exportação de 2 milhões de barris ao dia.

FIGURA 39 - FIAÇÃO ELÉTRICA

FONTE: Disponível em: <https://www.ambienteenergia.com.br/wp-


content/uploads/2014/12/torres-de-transmiss%C3%A3o1.jpg>. Acesso
em: 15 dez. 2015.

149
UNIDADE 3 | A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

LEITURA COMPLEMENTAR

Usinas de energia solar queimam pássaros em pleno voo nos EUA

Considerada 'energia limpa', energia solar também pode ter impacto. Aves são
chamuscadas com o calor dos raios solares refletidos por usina.

Foto de outubro de 2013 mostra pássaro chamuscado


encontrado na usina solar no Deserto de Mojave, na
Califórnia (Foto: AP Photo/U.S. Fish and Wildlife Service)

Usinas de energia solar, conhecidas como alternativas energéticas com


menos impacto ambiental, têm queimado pássaros em pleno voo nos Estados
Unidos. Investigadores federais de proteção à vida selvagem que visitaram no
ano passado a usina BrightSource Energy, a maior planta solar do mundo, que fica
no Deserto de Mojave, verificaram que pássaros queimavam e caíam sobre o local,
em média, a cada dois minutos. Agora, esses investigadores pedem que planos de
ampliação da usina sejam paralisados até que se possa verificar a extensão total
das mortes de pássaros. Enquanto a BrightSource estima que ocorram cerca de
mil mortes por ano, um especialista do grupo ambientalista Center for Biological
Diversity calcula que ocorram até 28 mil mortes anualmente. Para Garry George,
diretor de energias renováveis da organização ambiental Audubon Society, focada
na preservação dos pássaros, as mortes são alarmantes. "É difícil dizer se é
a localização ou a tecnologia", diz. "É preciso ter cautela." As mortes das aves
mostram que a busca por uma energia limpa por vezes pode provocar danos
ambientais inadvertidamente. Fazendas solares têm sido criticadas também
por seus impactos sobre as tartarugas do deserto e os parques eólicos já foram
apontados por matar pássaros, inclusive numerosas aves de rapina.

Foto de fevereiro de 2014 mostra alguns dos 300 mil espelhoscontrolados


por computador na usina de energia solar (Foto: AP Photo/Chris Carlson, file)

150
TÓPICO 3 | DESAFIOS FUTUROS PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL

"Levamos esse assunto muito a sério", disse Jeff Holland, porta-voz da


empresa NRG Solar, de Carlsbad, na Califórnia. Trata-se de uma das três empresas
por trás da usina. A outra empresa é o Google. A usina de US$ 2,2 bilhões,
inaugurada em fevereiro, tem mais de 300 mil espelhos, cada um do tamanho de
uma porta. Eles refletem os raios solares em direção a três torres, que se elevam a
uma altura de até 40 andares. A água dentro das torres é aquecida para produzir
vapor, que aciona turbinas que geram energia elétrica suficiente para suprir 140
mil casas. Os raios solares refletidos pelos espelhos são brilhantes o suficiente
para atrapalhar pilotos chegando ou saindo de Las Vegas e de Los Angeles.

Especialistas afirmam que a usina pode ser uma grande armadilha para a
vida selvagem: a luz refletida pelos espelhos atrai insetos que, por sua vez, atraem
pássaros que morrem devido aos intensos raios de luz. Defensores da energia
solar estão lutando para evitar que as mortes dos pássaros forcem uma pausa na
construção de novas usinas, no momento em que eles veem que a tecnologia está
a ponto de tornar-se mais acessível e disponível, de acordo com Thomas Conroy,
especialista em energias renováveis. Para ele, a diversidade de tecnologias e de
fontes energéticas é essencial. "Ninguém deve argumentar que devemos usar
só carvão, só energia solar, só energia eólica ou só energia nuclear. E cada uma
dessas tecnologias tem uma longa lista de prós e contras."

Usina solar tem capacidade de gerar energia que pode abastecer 140 mil moradias
(Foto: Steve Marcus/Reuters)

FONTE: Disponível em: <http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/08/usinas-de-energia-solar-


queimam-passaros-em-pleno-voo-nos-eua.html>. Acesso em: 17 dez. 2015.

151
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:

• Bandeiras tarifárias: é o sistema que sinaliza aos consumidores os custos reais da


geração de energia elétrica. O funcionamento é simples, as cores das bandeiras
(verde, amarela ou vermelha) indicam se a energia custará mais ou menos em
função das condições de geração de eletricidade.

• As tarifas representam a maior parte da conta de energia dos consumidores e


dão cobertura para os custos envolvidos na geração, transmissão e distribuição
da energia elétrica, além dos encargos setoriais.

• As bandeiras tarifárias, por sua vez, refletem os custos variáveis da geração de


energia elétrica.

• O incentivo fiscal é uma das formas de promover a produção de energia limpa


nos imóveis.

• Especialistas preveem o esgotamento do potencial hidrelétrico do Brasil entre


os anos 2025 e 2030.

• Para garantir a energia nos próximos dez anos e alcançar o potencial máximo
previsto para a geração de fonte hídrica, que é de 260 mil megawatts (MW), será
preciso explorar as últimas fronteiras das grandes usinas no país e diversificar
as matrizes energéticas.

• No Brasil, 70% da energia é hidrelétrica; 10% de biomassa; 3% eólica; e mais a


energia solar, que começa a ser implantada.

• O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024), da Empresa de Pesquisa


Energética (EPE), desenvolveu um documento que reúne as projeções para o
setor elétrico do país pelos próximos dez anos, prevendo a expansão de 55% na
capacidade instalada de geração de energia no Brasil até 2024.

• A produção de etanol deverá crescer 52%, passando de 29 bilhões de litros para


44 bilhões de litros por ano. Já a produção de gás natural aumentará de 56
milhões de metros cúbicos por dia para 99 milhões.

152
AUTOATIVIDADE

1 O valor cobrado pela energia elétrica em nosso país é um dos mais altos do
mundo e atualmente entrou em vigor o sistema das bandeiras tarifárias.
Neste sentido, explique o sistema das bandeiras tarifárias.

2 Vários estudos e propostas estão sendo realizados em termos de minimizar


os problemas relacionados à crise energética. O incentivo fiscal é uma
das ações, por exemplo. Sobre o incentivo fiscal, assinale a alternativa
CORRETA:

( ) É uma taxa cobrada através do Imposto de Renda para produzir energia


nas imobiliárias.
( ) O incentivo fiscal é uma maneira de promover a produção de energia
limpa nos imóveis.
( ) Forma fiscal de isentar o consumidor de pagar a energia elétrica de
imóvel alugado.
( ) Restituição de valores pagos em contas de energia elétrica consumida
em casa.

153
154
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA BRASIL. Cooperativas facilitam geração da própria energia
elétrica. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/
noticia/2017-03/cooperativas-facilitam-geracao-da-propria-energia-eletrica>.
Acesso em: 14 jun. 2017.

AGENDA XXI: Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento. Brasília: Câmara dos Deputados, 1995. Disponível em:
<http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/agenda21.pdf>. Acesso em: 16
fev. 2016.

ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 5.


ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004.

ATLAS DE ENERGIA ELÉTRICA DO BRASIL. Agência Nacional de Energia


Elétrica. 3. ed. Brasília: Aneel, 2008.

ALTVATER, E. O preço da riqueza. Pilhagem ambiental e a nova (des)ordem


mundial. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1995.

BRAGA, B. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson


Makron Books, 2005.

BRASIL. CONAMA. Resolução n° 357: Dispõe sobre a classificação dos


corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras
providências. Brasília, 17 de março de 2005.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Lei n. 6.766, 19 dez. 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo


Urbano e dá outras Providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
CCIVIL_03/leis/L6766.htm>. Acesso em: 24 fev. 2016.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe


sobre licenciamento ambiental; competência da União, Estados e Municípios;
listagem de atividades sujeitas ao licenciamento; Estudos Ambientais; Estudos
de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental.

BRASIL. Lei n. 9.605, 12 fev. 1998. Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas da lei de crimes ambientais, condutas e atividades
lesivas ao meio ambiente. Diário Oficial, Brasília, 12 fev. 1998.

155
BRASIL. Lei n. 9.975, 27 abr. 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui
a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário
Oficial, Brasília, 28 abr. 1999.

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º,


incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Disponível
em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sbf_dap_cnuc2/_arquivos/snuc.pdf>.
Acesso em: 23 fev. 2015.

BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da


vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19
de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis n.
4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida
Provisória n. 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/
l12651.htm>. Acesso em: 24 fev. 2016.

CAPORAL; F. R; COSTABEBER; J. A.; PAULUS, G. Agroecologia: matriz


disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento sustentável. In:
CAPORAL, F. R.; AZEVEDO, E. O. (Orgs.). Curitiba: Instituto Federal do
Paraná, 2011.

CAPRA, F. Alfabetização ecológica: o desafio para a educação do século 21. In:


TRIGUEIRO, A. (Org.). Meio Ambiente no século XXI. São Paulo: Armazém do
Ipê, 2008.

CARSON, Rachel. Ciência e coragem. Ciência Hoje. 2012. Disponível em:


<http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2012/296/rachel-carson-ciencia-e-
coragem>. Acesso em: 14 fev. 2016.

CENTRO NACIONAL DE REFERÊNCIA EM BIOMASSA DA UNIVERSIDADE


DE SÃO PAULO (USP). Disponível em: <http://www.significados.com.br/
biomassa/>. Acesso em: 11 dez. 2015.

CETESB. Manual para a elaboração de estudos para o licenciamento com


avaliação de impacto ambiental. 2014. Disponível em: <http://licenciamento.cetesb.
sp.gov.br/cetesb/documentos/Manual-DD-217-14.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2016.

CUT BRASIL. Rio+20: Reunião Preparatória da América Latina e Caribe, 2011.


Disponível em: <http://cut.org.br/noticias/rio-20-reuniao-preparatoria-da-
america-latina-e-caribe-1dc4/>. Acesso em: 17 fev. 2016.

ECODESENVOLVIMENTO. Relatório final da Rio+20 poderia ser impresso em


papel higiênico, dispara chefe da Eco-92, 2012. Disponível em: <http://www.
ecodesenvolvimento.org>. Acesso em: 16 fev. 2016.

156
ESTOCOLMO. Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano, 1972. Disponível em: <http://www.apambiente.pt/_zdata/
Politicas/DesenvolvimentoSustentavel/1972_Declaracao_Estocolmo.pdf>.
Acesso em: 13 fev. 2016.

FEIDEN, A. Agroecologia: introdução e conceitos. In: AQUINO, A. M.; ASSIS,


R. L. (Org.). Brasília/DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2005.

FERREIRA, P. F.; SCARDUA, F. P. Espaços territoriais especialmente


protegidos: conceito e implicações jurídicas. Ambiente e Sociedade, v. XI, n. 1,
p. 81-97, jan./jun., 2008.

FINGER, M.; KILCOYNE, J. Why Transnational Corporations Are Organizing to


“Save the Global Environment”. The Ecologist, v. 27, n. 4, p. 138-142, 1997.

FIORILLO, C. A. P. Curso de direito ambiental brasileiro. 14. ed. São Paulo:


Saraiva, 2013.

FIRIAN – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Manual


de Licenciamento Ambiental: guia de procedimentos passo a passo, 2004.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/cart_
sebrae.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2012.

FLORIANI, Dimas. Conhecimento, meio ambiente e globalização. Curitiba:


Juruá-PNUMA, 2004.

FRANCO, M. A. R. Planejamento ambiental para a cidade sustentável. São


Paulo: Annablume, 2000.

FRANZOI, L. C. Educação socioambiental. In: VIDAL, M. D. (Org.). Gestão


Ambiental em Foco II. Indaial: Uniasselvi, 2015.

FROEHLICH, Margaret Luzia. Física geral. Indaial: Uniasselvi, 2011.

IBAMA. Padrões de qualidade ambiental. Disponível em: <http://www.ibama.


gov.br/rqma/padroes-de-qualidade-ambiental>. Acesso em: 18 fev. 2016.

ICMBio. Unidades de Conservação. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/


portal/unidades-de-conservacao.html?q=Madeira&Search=>. Acesso em: 24 fev.
2016.

INFOESCOLA. Atmosfera. Disponível em: <http://www.infoescola.com/


geografia/atmosfera/>. Acesso em: 23 mar. 2016.

INSTITUTO BRASIL PNUMA. O PNUMA. Disponível em: <http://www.


brasilpnuma.org.br/pnuma/>. Acesso em: 14 fev. 2016.

157
JURISTAS LEIGOS. Direito ambiental. 2002. Disponível em: <http://www.
dhnet.org.br/dados/cursos/aatr/a_pdf/04_aatr_direito_ambiental.pdf>. Acesso
em: 19 fev. 2016.

LAYRARGUES, P. P. Do ecodesenvolvimento ao desenvolvimento sustentável:


evolução de um conceito? Disponível em: <http://www.educacaoambiental.
pro.br/victor/biblioteca/Layrarguesecodesenvolvimento.pdf>. Acesso em: 9 fev.
2015.

LEFF, Enrique. Saber ambiental. Sustentabilidade, racionalidade,


complexidade,
poder. Petrópolis: Vozes, 2001.

LEFF, Enrique. Epistemologia ambiental. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

LEIS, Héctor. A modernidade insustentável: as críticas do ambientalismo à


sociedade
contemporânea. Petrópolis: Vozes, 1999.

LEUZINGER, M. D. Meio ambiente: propriedade e repartição constitucional de


competências. Rio de Janeiro: Esplanada, 2002.

LIMA, G. F. C. O debate da sustentabilidade na sociedade insustentável.


Política e trabalho, n. 13, p. 201-222, set. 1997.

MATOS, A. K. V. Revolução verde, biotecnologia e tecnologias alternativas.


Cadernos da FUCAMP, v. 10, n. 12, p. 1-17, 2010.

MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA. Disponível em: <http://www.scielo.br/


pdf/nec/n79/03.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2015.

MEDEIROS, C. A. B. Transição agroecológica: construção participativa do


conhecimento para a sustentabilidade. In: MEDEIROS, C. A. B.; CARVALHO,
F. L. C.; STRASSBURGER, A. S. (Orgs.). Transição agroecológica: construção
participativa do conhecimento para a sustentabilidade. Brasília/DF:
Embrapa, 2011.

MILARÉ, E. Direito do ambiente: A gestão ambiental em foco: doutrina,


jurisprudência, glossário. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

MILARÉ, E. Direito do ambiente. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

MILARÉ, E. Direito do ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 4. ed. rev.


atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

158
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Matriz energética nacional 2030.
Disponível em: <http://www.mme.gov.br/documents/10584/1432020/Matriz+En
erg%C3%A9tica+Brasileira+2030+-+%28PDF%29/708f3bd7-f3ed-4206-a855-4f6d4
db29f6;jsessionid=999C46411CCDF037FCB032FD05C412C2.srv155>. Acesso em:
14 jun. 2017.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. 2015. Disponível em: <http://www.mma.


gov.br/clima/protecao-da-camada-de-ozonio>. Acesso em: 23 mar. 2016. 

MONTIBELLER FILHO, G. Ecodesenvolvimento e desenvolvimento


sustentável: conceitos e princípios. Textos de economia, v. 4, n. 1, p. 131-142,
1993.

MORIN, Edgard. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de


Janeiro: Bertrand
Brasil, 2001.

MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental. Rio de Janeiro: ABES, 1997.

O USO DE ENERGIA RENOVÁVEL SUSTENTÁVEL NA MATRIZ


ENERGÉTICA BRASILEIRA: obstáculos para o planejamento e ampliação de
políticas sustentáveis. Disponível em: <ttp://dspace.c3sl.ufpr.br:8080/dspace/
bitstream/handle/1884/5080/Carlos%20Aberto%20Simioni.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 1º dez. 2015.

OLIVEIRA, M. H. M. Considerações sobre os direitos transindividuais.


Disponível em: <http://www.oabuberaba.org.br/db/artigos/artigo_
consideracoes_marcelohenriquea.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2016.

ONUBR. A ONU e o Meio Ambiente, 2014. Disponível em: <https://


nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/.> Acesso em: 16 fev. 2016.

PEREIRA, P. F.; SCARDUA, F. P. Espaços Territoriais Especialmente Protegidos.


Ambiente e Sociedade. v. XI, n. 1, p. 81-97, jan./jun., 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/asoc/v11n1/06.pdf.>. Acesso em: 24 fev. 2016.

PILLAR, V. P. Ecossistemas, comunidades e populações: conceitos básicos.


SistemasEcol, 2 jan. 2002. Disponível em: <http://ecoqua.ecologia.ufrgs.br/
arquivos/Reprints&Manuscripts/Manuscripts&Misc/SistemasEcol_02Jan02.
pdf.>. Acesso em: 18 fev. 2016.

PORTAL AMBIENTE E ENERGIA. Disponível em: <https://www.


ambienteenergia.com.br/index.php/2015/02/crise-energetica-e-diferentes-visoes-
sobre-o-problema/25550>. Acesso em: 14 dez. 2015.

159
PORTAL BRASIL. Conferência das Nações Unidas sobre o meio
ambiente humano – 1972. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/meio-
ambiente/2012/01/acordos-globais>. Acesso em: 14 fev. 2016.

RIO 20. Sobre a Rio+20. Disponível em: <http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_


mais_20.html>. Acesso em: 16 fev. 2016.

RUBIN, Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro; BIANCO, Renata Joaquim Ferraz.


A água e os efluentes líquidos. In: Gestão ambiental em foco/Franciele Stano
Torres (Org.). Indaial: Uniasselvi, 2013.

RUBIN, Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro. Recuperação de áreas degradadas.


In: Gestão Ambiental em foco II [livro eletrônico]/Maquiel Duarte Vidal (Org.).
Indaial: Uniasselvi, 2015.

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio


ambiente. São Paulo: Studio Nobel/FUNDAP, 1993.

SANCHÉZ, L. H. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed.


São Paulo: Oficina de Textos, 2013.

SANTOS, M. R. R.; RANIERI, V. E. L. Critérios para análise do zoneamento


ambiental como instrumento de planejamento e ordenamento territorial.
Ambiente & Sociedade, v. XVI, n. 4 p. 43-62, out./dez. 2013.

SCHENINI, P. C.; COSTA, A. M.; CASARIN, V. W. Unidades de conservação:


aspectos históricos e sua evolução. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO, 2004. Florianópolis: Anais.
Universidade Federal de Santa Catarina.

SÉGUIN, E.; CARRERA, F. Lei dos crimes ambientais. Rio de Janeiro:


Esplanada, 1999.

SILVA, J. A. Direito ambiental constitucional. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.

SILVA, C. L.; MENDES, J. T. G. (Orgs.) Reflexões sobre o desenvolvimento


sustentável: agentes e interações sob a ótica multidisciplinar. Petrópolis: Vozes,
2005.

SIMÕES, L. P.; OLIVATO, D.; GALLO JÚNIOR, H. Unidades de conservação:


conservando a vida, os bens e os serviços ambientais. São Paulo, 2008.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/pda/_arquivos/prj_
mc_061_pub_car_001_uc.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2016.

SOUZA, Renato S. de. Entendendo a questão ambiental: temas de economia,


política e gestão do meio ambiente. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000.

160
TCU – Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental.
Brasília: TCU, Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União, 2004.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/cart_
tcu.PDF>. Acesso em: 20 fev. 2016.

UC SOCIOAMBIENTAL. Estação ecológica. Disponível em:


<http://uc.socioambiental.org/prote%C3%A7%C3%A3o-integral/
esta%C3%A7%C3%A3o-ecol%C3%B3gica>. Acesso em: 25 fev. 2016.

UNEP. Integração entre o meio ambiente e desenvolvimento: 1972-2002.


Disponível em: <http://www.wwiuma.org.br/geo_mundial_arquivos/capitulo1.
pdf>. Acesso em: 10 fev. 2016.

161

Você também pode gostar