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ANEXO F: Conceitos Básicos de Análise Financeira

‰ Juros e Taxas de Juros


‰ Tipos de Empréstimos
‰ Valor Atual Líquido
‰ Taxa Interna de Retorno
‰ Cobertura de Manutenção de Dívidas

Juros e Taxa de Juros

Juro é o custo ou valor do dinheiro. Taxa de juros é a quantia, normalmente


declarada como porcentagem, exigida pelo mutuante ou por um investidor para
disponibilizar uma quantia de dinheiro ao mutuário.

‰ US$1.000,00 emprestados por 1 ano a juros de 12% exigem o pagamento de


US$ 1.120,00, dos quais US$1.000,00 são o principal (‘P’ ou ‘p’) e US$ 120,00
são os juros (‘J’ ou ‘j’). Juntos, eles são chamados de Principal e Juros
(abreviados P&J ou p+j).

‰ US$1.000,00 emprestados por 1 ano a 1% ao mês, compostos, (significando


pagamento de juros sobre juros, bem como sobre o principal) exigem um
pagamento de US$1.127,00 no final do ano. P= US$1.000,00; J = US$127,00.

‰ US$ 1.000,00 emprestados por 2 anos a 12% ao ano, compostos, exigem um


pagamento de US$ 1.254,00 no final de 2 anos.

Os juros são sempre compostos, a menos que claramente especificados como


Juros Simples (que significa juros apenas sobre o principal, sem juros sobre juros).

A seguir, um cálculo de juros com base em um empréstimo de US$ 1.000,00 por 5


anos a 12% de juros ao ano:

Ano 0 1* $1.000,00
Adicione 12% para o ano 1 120,00
Final do Ano 1 $1.120,00
Adicione 12% para o ano 2 134,40
EOY2 2 $1.254,40
Adicione 12% para o ano 3 150,53
EOY 3 $1.404,93
Adicione 12% para o ano 4 168,59
EOY 4 $1.573,52
Adicione 12% para o ano 5 188,82
EOY 5 $1.762,34
P = $1.000,00
J = $ 762,00

1
* Ano 0 é o momento em que o empréstimo foi feito.
2
EOY = fim do ano
Na calculadora:
VP = 1000 (VP: valor presente)
J (j)= 12%
N (n) = 5
Solução para VF (valor futuro)

No Excel ou outra planilha de cálculos:


Abra f* (função)
Escolha função financeira
Escolha VF
Taxa = 12%
Nper = 5 (número de períodos)
Pgto = 0
VP = 1000
“OK”

Três Tipos de Cálculos de Empréstimos (com base em US$1.000,00 a 12% por


5 anos)

‰ Somente Juros
‰ Pagamento equivalente (no Excel, escolha função financeira, Pgto)
‰ Pagamento principal equivalente (os valores principais são os mesmos, a taxa
de juros diminui com o tempo)

AnoÆ 1 2 3 4 5 Total
Somente $ 120,00 $ 120,00 $ 120,00 $ 120,00 $1.120,00 $ 1.600,00
juros
Pagamento $ 277,41 $ 277,41 $ 277,41 $ 277,41 $ 277,41 $ 1.387,00
equivalente
Principal $ 320,00 $ 296,00 $ 272,00 $ 248,00 $ 224,00 $ 1.360,00
equivalente

Valor Presente Líquido

Uma taxa de juros “olha para a frente”. Ela representa o que alguém espera ganhar
no futuro.

A escala de descontos tem a mesma função, porém trabalhando no passado,


tomando como base um fluxo de caixa futuro e atribuindo-lhe um valor hoje.

A seguir, o Valor Presente (denominado VP ou VPL) de três diferentes fluxos de


caixa hoje (ano 0), com desconto de 12%.

0 1 2 3 4 5 Total
$1.000 $ 120,00 $ 120,00 $ 120,00 $ 120,00 $1.120,00 $ 1.600,00

$1.000 $ 277,41 $ 277,41 $ 277,41 $ 277,41 $ 277,41 $ 1.387,00


$1.000 $ 320,00 $ 296,00 $ 272,00 $ 248,00 $ 224,00 $ 1.360,00

2
Na calculadora:
J = 12%, insira os Pgtos em ordem, resultado para o VP

No Excel:
Em cada linha, entre cada valor para os anos 1, 2, 3, 4,
5…f*…financeira…VPL…taxa = 12%…valores conforme solicitados…”OK”

Planilha de Cálculos do Excel:

12% Escala de Desconto


1 2 3 4 5 Total VPL
120,00 120,00 120,00 120,00 1120,00 1600,00 1000,00
277,41 277,41 277,41 277,41 277,41 1387,00 1000,00
320,00 296,00 272,00 248,00 224,00 1360,00 1000,00

Este pequeno exercício demonstra que, de uma perspectiva matemática, os três


planos de pagamento são os mesmos. Entretanto, eles não são os mesmos quando
são levados em conta outros valores além dos matemáticos.

Por exemplo, talvez o mutuante preveja que haverá inflação. O plano do primeiro
pagamento (somente juros) implica uma taxa de resgate no fluxo das receitas.
Durante períodos de inflação, o valor do dinheiro declina; portanto, dinheiro mais
cedo é melhor do que dinheiro mais tarde.

Um outro exemplo pode envolver as necessidades do mutuante de ter dinheiro


disponível em determinados momentos no futuro (digamos no Ano 3) em virtude de
uma outra oportunidade ou de uma obrigação. O Plano de Pagamento nº1 (somente
juros) rende apenas US$360,00 ao mutuante nos três primeiros anos, enquanto os
outros planos rendem US$832,00 e US$888,00. Mesmo que a matemática seja a
mesma de uma perspectiva de VPL, o fluxo de caixa não é, se o mutuante precisa
de US$ 800,00 em 3 anos.

Da perspectiva do mutuário, é importante que o plano de pagamento se iguale à


capacidade de pagamento, por um lado, e a capacidade de emprestar no futuro, por
outro. Por conseguinte, o plano de pagamento da taxa de resgate pode parecer
atraente (por ‘adiar’ obrigações de pagamento de valor elevado); todavia, ele não
inibirá o mutuário de fazer um segundo empréstimo (talvez maior e mais
importante), mais do que aconteceria com os outros planos de pagamento.

Enquanto um cálculo de VPL pode demonstrar que estes três planos de pagamento
são os mesmos do ponto de vista matemático, a realidade, do ponto de vista de um
empreendedor, é que “todos os pagamentos de empréstimos não são iguais”,
mesmo que o VPL seja o mesmo.

O verdadeiro objetivo da análise de VPL é comparar o valor presente de futuras


oportunidades de investimento. Na teoria, o valor presente de um fluxo de receitas
futuro (saída e entrada) deve ser positivo para justificar o investimento. Em outras
palavras, se um negócio valer mais do que seu custo, o VPL será positivo. A seguir,
três exemplos de fluxos de caixa semelhantes, todos adicionados ao mesmo fluxo

3
de caixa durante 5 anos. Uma análise do valor presente líquido, também
denominada análise de fluxo de caixa com desconto, permite que o empreendedor
faça comparações entre essas três escolhas.

Ano 0-5 VPL a


Ano 0 1 2 3 4 5 Total 12%
Caso A $ (1.000) $ 300 $ 240 $ 240 $ 270 $ 350 $ 400 $0,18
Caso B $ (1.000) $ 350 $ 280 $ 350 $ 280 $ 140 $ 400 $37,70
Caso C $ (1.000) $ 350 $ 350 $ 300 $ 200 $ 200 $ 400 $40,75

Observação: o fluxo de caixa que sai (no Ano zero) é sempre apresentado como
negativo, como ocorreria em um talão de cheques.

Observando essas três escolhas, apenas duas têm um VPL positivo em uma escala
de desconto (a terceira é, na verdade, ligeiramente positiva, US$ 0,18). Observe o
que acontece se a escala de desconto muda.

Em primeiro lugar, se diminui de 12% para 8%:

Ano 0-5 VPL a


0 1 2 3 4 5 Total 8%
$(1.000) $ 300 $ 240 $ 240 $ 270 $ 350 $ 400 $102,52
$(1.000) $ 350 $ 280 $ 350 $ 280 $ 140 $ 400 $132,46
$(1.000) $ 350 $ 350 $ 300 $ 200 $ 200 $ 400 $134,64

Todas as escolhas têm valor presente líquido positivo.

Observe o que acontece, entretanto, quando nossa escala de desconto, a taxa de


juros que precisamos recuperar a fim de ter lucro, aumenta para 16%:

Ano 0-5 VPL a


0 1 2 3 4 5 Total 16%
$ (1.000) $ 300 $ 240 $ 240 $ 270 $ 350 $ 400 ($80,61)
$ (1.000) $ 350 $ 280 $ 350 $ 280 $ 140 $ 400 ($38,50)
$ (1.000) $ 350 $ 350 $ 300 $ 200 $ 200 $ 400 ($34,73)

Nesse caso, todas as escolhas fracassam no teste de ter um valor presente líquido
positivo.

O que este pequeno exercício demonstra?

Ele demonstra que, na análise financeira, em geral, e na análise do valor presente


líquido em especial, a escolha da escala de desconto é de suma importância.

Quais fatores devem ser levados em conta ao se escolher uma escala de desconto
para se aplicar em um negócio? Embora demasiadamente simplificadas, as
informações abaixo devem ser estimadas.

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‰ Para o negócio que está sendo avaliado, qual proporção será financiara através
de empréstimos? Mesmo o melhor dos negócios raramente financia mais de
70% do custo com débito. O mais provável é 50-60%.
‰ Qual será a taxa de juros esperada neste empréstimo? Normalmente, pode-se
determinar a mesma tomando-se a taxa atual oferecida a renomadas empresas
de crédito e adicionando-se alguns pontos percentuais (2-6) para o risco
adicional deste negócio. Também pode-se pesquisar negócios semelhantes e
deduzir-se uma taxa de juros. A taxa de juros inclui basicamente os seguintes
componentes:
‰ Custo base do dinheiro
‰ Cota para inflação
‰ Cota para lucro
‰ Cota para custo de administração do empréstimo
‰ Fator para o risco do negócio.
‰ Exigências de retorno esperadas dos investidores fornecendo lucro líquido.

Estes três tópicos de informação podem ajudar a determinar uma escala de


desconto.
‰ Admita que a dívida dos mutuantes será 60% do financiamento.
‰ Em contrapartida, o lucro líquido será 40%.
‰ Se estiverem sendo feitos empréstimos para negócios excelentes a 7% ao ano,
em dólar, e esse negócio seja moderadamente mais arriscado do que outros
negócios (porque esses negócios podem ter mais patrocinadores ou contratos
dignos de crédito), então adicione 3% para risco adicional.
‰ Se os investidores exigirem que 18% forneçam lucro líquido (uma estimativa
razoável em um mercado onde um débito custaria 10-12%), então pode-se
estimar uma escala de desconto:
‰ 60% * 10% = 6,0%
‰ 40% * 18% = 7,2%
‰ Combinado 13,2%
Aplicando-se este resultado às nossas três escolhas anteriores obtemos o seguinte
resultado:

Ano 0-5 VPL a


0 1 2 3 4 5 Total 13%
$ (1.000) $ 300 $ 240 $ 240 $ 270 $ 350 $ 400 ($26,07)
$ (1.000) $ 350 $ 280 $ 350 $ 280 $ 140 $ 400 $13,09
$ (1.000) $ 350 $ 350 $ 300 $ 200 $ 200 $ 400 $16,37

Duas das propostas resultam em um valor presente líquido.

Você precisa calcular uma escala de desconto para analisar um negócio ou um


conjunto de alternativas de negócios? A resposta é não. Uma técnica camarada -
Taxa Interna de Retorno - permite a análise de negócios ou a comparação de
alternativas de negócios sem ter uma escala de desconto específica.

Taxa Interna de Retorno:

O cálculo da taxa interna de retorno permite que você determine a taxa de juros que
um negócio renderá sobre o valor original de capital investido. Em outras palavras,

5
ele fornece a escala de desconto que um negócio produz em vez de aplicar uma
escala de desconto determinada de fora do negócio. Infelizmente, a taxa interna de
retorno - TIR - exige uma calculadora ou um computador, de modo que o VPL possa
ser calculado, se necessário, a lápis, bem como uma fórmula ou uma tabela para a
taxa de juros e a escala de descontos.

Calculadora:
Insira FCo (fluxo de caixa do primeiro ano, que deve ser negativo)
Insira FC1, FC2 etc.
Resultado para TIR

Excel:
Insira o fluxo de caixa nas células
Abra f*
Escolha Financeira
Escolha TIR
“OK”
Realce os valores do Ano 0 ao Ano 5
“OK”

Ano 0-5
Ano 0 1 2 3 4 5 Total
Caso A $ $ 300 $ 240 $ 240 $ 270 $ 350 $ 400
(1.000)
Caso B $ $ 350 $ 280 $ 350 $ 280 $ 140 $ 400
(1.000)
Caso C $ $ 350 $ 350 $ 300 $ 200 $ 200 $ 400
(1.000)

TIR para A 12,0%


TIR para B 13,9%
TIR para C 14,1%

Cobertura de Manutenção de Dívidas

Manutenção de dívida é a quantia que um negócio paga (ou se propõe a pagar) a


cada ano sobre o principal e os juros. Uma medida importante a respeito da
capacidade de pagamento de um negócio é a Cobertura de Manutenção de Dívidas;
isto é, a quantia de manutenção de dívida a ser paga quando comparada ao capital
disponível para pagar essa manutenção de dívida.

Se o lucro de um negócio é US$1.000.000,00 e suas despesas operacionais são


US$475.000,00, há US$525.000,00 disponíveis para pagar o principal e os juros
sobre empréstimos (manutenção de dívida). Se o negócio emprestar
US$2.200.000,00 por 12 anos a juros de 12% com pagamentos iguais todos os
anos, a obrigação do mesmo é de US$355.000,00. Quando comparados aos
US$525.000,00 disponíveis para manutenção de dívidas, o negócio tem o que se
chama de cobertura de manutenção de dívida 1,5 vezes ou coeficiente de cobertura
de manutenção de dívida ou ainda CCMD (obtidos mediante a divisão de
US$525.000,00 por US$355.000,00).

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Raramente os negócios apresentam cálculos de cobertura de manutenção de dívida
tão uniformes. Por esse motivo, os analistas observam o que se chama Cobertura
Média de Manutenção de Dívidas (a somatória de todos os valores disponíveis no
ano dividida pela soma de todos os pagamentos de manutenção de dívida) e
examinam os coeficientes médios de cada ano. Normalmente, os analistas então
enfocam os anos com os menores valores de cobertura de manutenção de dívida,
bem como a média.

Ano 1 2 3 4 5 6
Lucro $1.000 $1.00 $1.000 $1.000 $1.000 $1.100
Operacional 475 475 475 475 575 475
Disponível $525 $525 $525 $525 $425 $625
para CMD
Manutenção $355 $355 $355 $355 $355 $355
de Dívida
CCMD 1,5 1,5 1,5 1,5 1,2 1,8

Ano 7 8 9 10 11 12 Total
Lucro $1.100 $1.100 $1.100 $1.100 $1.100 $1.100 $6.100
Operacional 475 475 475 575 475 475 $2.950
Disponível $625 $625 $625 $525 $625 $625 $3.150
para CMD
Manutenção $355 $355 $355 $355 $355 $355 $2.131
de Dívida
CCMD 1,8 1,8 1,8 1,5 1,8 1,8 1,5

Por que os coeficientes de cobertura de manutenção de dívidas são importantes e


como são utilizados? Os CCMD são importantes pois dizem ao mutuante qual o
excedente existente no caso de as receitas ou despesas serem maiores ou menores
do que o previsto. A maioria dos mutuantes tem um “teste” de manutenção
específico que deve ser atendido tanto para a manutenção de serviço de dívida
médio e do menor ano.

Se um negócio não conseguir atender esses testes, há uma série de opções,


incluindo:
‰ Diminuir a quantia a ser emprestada (aumentando, por conseguinte, o
montante de valor líquido que deve ser colocado em um negócio).
‰ Estabelecer contratos de reserva ou de crédito para pagar a quantia de
queda no ano específico (por exemplo, reservar US$ 100.000,00 para
esta finalidade para cobrir a queda no ano 5 do exemplo acima).

Essencialmente, os cálculos de Cobertura de Manutenção de Dívidas determinam o


valor de dívida permitido em um negócio. Junto com a TIR, essas duas ferramentas
auxiliam o empreendedor a determinar o que é prático para propor a mutuantes e
investidores.

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