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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS PARA A SUSTENTABILIDADE


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS
CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

JOSIANE BORRASCHI SIQUEIRA

UMA METODOLOGIA DE AUXÍLIO À INTERPRETAÇÃO DA QUALIDADE DO


SOLO POR MEIO DA CROMATOGRAFIA DE PFEIFFER

SOROCABA
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS PARA A SUSTENTABILIDADE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS
CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

JOSIANE BORRASCHI SIQUEIRA

UMA METODOLOGIA DE AUXÍLIO À INTERPRETAÇÃO DA


QUALIDADE DO SOLO POR MEIO DA CROMATOGRAFIA DE PFEIFFER

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso


de Engenharia Florestal, da Universidade Federal de
São Carlos, campus Sorocaba, como requisito parcial
para obtenção do título de Engenheira Florestal.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Silveira Franco

SOROCABA
2018
AGRADECIMENTOS

Ao professor Fernando Silveira Franco pelo apoio e orientação, e principalmente por ter
me instigado a pesquisar sobre a Cromatografia de Pfeiffer.

Ao Carlão, Márcia e Ricardo, que permitiram que eu utilizasse seu sítio como área de
estudo e por todo o apoio com ferramentas e informações.

Ao Daniel Oliver, Adriel Vaz, Lucas Matias e Ana Clara por ter me ajudado no
desenvolvimento deste trabalho, desde o campo e laboratório quanto a parte escrita. Sem vocês
eu não teria conseguido!

Ao Laboratório de Fertilidade dos Solos, Laboratório de Inventário e Ecologia Florestal


e Laboratório de Sementes e Mudas Florestais pelo apoio.

Meus sinceros e eternos agradecimentos à Glaucia Marques, que me ensinou tudo o que
sei sobre Cromatografia de Pfeiffer, e a Leila Pires por compartilhar dos mesmos interesses.

Ao Núcleo de Agroecologia Apêtê Caapuã por ter me acolhido desde 2014 e me


proporcionado experiências que levarei para a vida. Em especial, sou grata a Suzana Alvares,
Jéssica Rosa, Marcia Mendes e Sarah Viana.

À companhia dos meus amigos que a faculdade trouxe, especialmente o Felipe Nogueira
e o Daniel Oliver, que sem saber ajudaram a diminuir minha ansiedade em vários momentos e
me proporcionaram muitas risadas.

Ao Lucas Matias, que tem sido um ótimo companheiro mesmo nas desventuras que a
vida traz.

Agradeço por fim minha família de três pessoas, mãe, pai e Regi, que entendeu que eu
precisava sair de minha cidade e tentar ser engenheira florestal.
RESUMO

A qualidade do solo tem sido abordada com mais intensidade desde a década de 1990, após os
trabalhos sobre degradação do solo apontarem um cenário preocupante para a produção de
alimentos. Foram estabelecidos diversos indicadores da qualidade do solo para medir
características físicas, químicas e biológicas essenciais para a sustentabilidade dos
agroecossistemas, porém a maioria não é acessível aos agricultores. A Cromatografia de
Pfeiffer, no entanto, permite uma visão integrada da qualidade do solo e é uma técnica que pode
ser aplicada de modo simples pelos agricultores. Neste trabalho, propõe-se uma chave de
interpretação da qualidade do solo para auxiliar na detecção dos detalhes encontrados nos
cromatogramas, a fim de padronizar e facilitar a análise. Para isso, foram utilizados os
indicadores Infiltração/Compactação, Matéria Orgânica, Atividade Microbiológica e Estrutura
propostos por Altieri e Nicholls, de fácil medição, para um diagnóstico geral dos sistemas e
para auxiliar na análise pela Cromatografia de Pfeiffer, que foi aplicada para o desenvolvimento
da chave de interpretação, baseada nos cromatogramas obtidos e na literatura. Os sistemas
estudados foram bananal, pasto abandonado, lichia, sistema agroflorestal, milho convencional
transgênico e mata ciliar. A chave de interpretação analisou cada Zona de um cromatograma
separadamente, e lhe atribuiu notas quanto à sua coloração, forma e integração. As notas de
cada sistema pela chave de interpretação foram submetidas ao teste não paramétrico Kruskal
Wallis a 0,05% de significância, e resultou em diferenças significativas para as Zonas Interna
(ou Mineral), entre o sistema agroflorestal e a mata ciliar, e Intermediária (ou Matéria Orgânica)
e Externa (ou Enzimática) entre o milho convencional e a mata ciliar. Somente a Zona Central
não foi considerada estatisticamente significante. As notas atribuídas aos indicadores de Altieri
e Nicholls resultaram na seguinte escala de qualidade do solo, da menor para a melhor
qualidade: milho convencional, lichia, pasto, mata ciliar, bananal e sistema agroflorestal. Por
meio da chave de interpretação, os resultados foram, da menor para a melhor qualidade do solo:
milho convencional, sistema agroflorestal, pasto, lichia, bananal e mata ciliar. As diferenças
encontradas entre as duas metodologias se devem a sensibilidade de cada uma em refletir a
qualidade. Para Altieri e Nicholls, o indicador Estrutura apresentou pouca sensibilidade,
principalmente na mata ciliar, e assim baixou a nota do melhor sistema encontrado. A
recomendação é que se aumente o número de indicadores, para que tenham melhor visão da
qualidade do solo e aderência aos resultados da Cromatografia de Pfeiffer. A utilização da chave
de interpretação foi essencial para detecção de diferenças sutis nos cromatogramas e contribuiu
para o aumento da sensibilidade da Cromatografia de Pfeiffer. Recomenda-se um estudo ao
longo do tempo para detectar as diferenças causadas pelo manejo dos sistemas e assim auxiliar
o planejamento e tomada de decisões.

Palavras-chave: cromatografia de papel circular, chave de interpretação, índice de qualidade


do solo.
ABSTRACT

Soil quality has been addressed more intensively since the 1990s, after the works on soil
degradation pointed out to a worrying scenario for food production. A number of soil quality
indicators have been established for measuring the physical, chemical and biological
characteristics essential to the sustainability of agroecosystems, but most are not accessible to
farmers. Pfeiffer's Chromatography, however, allows an integrated view of soil quality and is a
technique that can be applied simply by farmers. In this work, it is proposed a interpretation
key of the soil quality to aid in the detection of details found in the chromatograms, in order to
standardize and facilitate the analysis. Therefore, the indicators Infiltration, Compaction,
Organic Matter, Microbiological Activity and Structure proposed by Altieri and Nicholls were
used, because of its easy measurement, for a general diagnosis of the systems and to aid in the
analysis of Pfeiffer's Chromatography, which was applied for the development of the
interpretation key, that were based on the chromatograms obtained and in the literature. The
systems studied were banana, abandoned pasture, litchi, agroforestry system, conventional
transgenic maize and riparian forest. The interpretation key analyzed each Zone of a
chromatogram separately, and assigned grades for its color, shape and integration. The grades
of each system were submitted to the non-parametric Kruskal Wallis test at 0.05% significance,
and resulted in significant for Internal (or Mineral) Zone, between the agroforestry system and
riparian forest, and Intermediate (or Matter Organic) and External (or Enzymatic) between
conventional corn and riparian forest. Only the Central Zone was not considered statistically
significant. The grades attributed to the Altieri and Nicholls indicators resulted in the following
soil quality scale, from lowest to better quality: conventional maize, litchi, pasture, riparian
forest, banana and agroforestry system. By means of the interpretation key, the results were
from lowest to better quality: conventional maize, agroforestry system, pasture, litchi, banana
and riparian forest. The differences found between the two methodologies indicates the
sensitivity of each one to reflect the quality. For Altieri and Nicholls, the Structure indicator
showed little sensitivity, mainly in the riparian forest, and thus lowered the score of the best
system found. The recommendation is to increase the number of indicators so that they have a
better view of soil quality and adherence to the results of Pfeiffer's Chromatography. The use
of the key interpretation was essential for the detection of subtleties in the chromatograms and
contributed to increase the sensitivity of Pfeiffer Chromatography. A study over time is
recommended to detect the differences caused by the management of the systems and thus help
with planning and decision making.

Keywords: circular paper chromatography, interpretation key, soil quality index.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ‒ Identificação das Zonas de um cromatograma. ....................................................... 23


Figura 2 ‒ Mapa da área analisada e seu entorno. .................................................................... 26
Figura 3 ‒ Mapa do Sítio São João. .......................................................................................... 27
Figura 4 ‒ Qualidade do solo pelos indicadores de Altieri e Nicholls. .................................... 35
Figura 5 ‒ Cromatograma do bananal. ..................................................................................... 39
Figura 6 ‒ Cromatograma do pasto abandonado. ..................................................................... 40
Figura 7 ‒ Cromatograma da lichia. ......................................................................................... 41
Figura 8 ‒ Cromatograma do sistema agroflorestal.................................................................. 42
Figura 9 ‒ Cromatograma do milho convencional transgênico. ............................................... 43
Figura 10 ‒ Cromatograma da mata ciliar. ............................................................................... 44
Figura 11 ‒ Particularidades encontradas nos cromatogramas.. ............................................... 44
Figura 12 ‒ Boxplot para as quatro Zonas dos cromatogramas, em relação aos sistemas. ...... 49
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 ‒ Indicadores químicos da qualidade do solo. .......................................................... 18


Quadro 2 ‒ Indicadores físicos da qualidade do solo. .............................................................. 19
Quadro 3 ‒ Indicadores biológicos da qualidade do solo. ........................................................ 20
Quadro 4 ‒ Descrição dos usos e cobertura do solo estudados. ............................................... 28
Quadro 5 ‒ Indicadores pela metodologia de Altieri e Nicholls. ............................................. 30
LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1 ‒ Organograma da chave de interpretação. ............................................................ 33


Esquema 2 ‒ Índice de qualidade do solo ordinal. ................................................................... 34
Esquema 3 ‒ Índice de qualidade do solo ordinal para Altieri e Nicholls................................ 50
Esquema 4 ‒ Índice de qualidade do solo ordinal para Cromatografia de Pfeiffer. ................. 50
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ‒ Notas da qualidade do solo. .................................................................................... 33


Tabela 2 ‒ Estatística descritiva para as diferentes Zonas dos cromatogramas. ...................... 48
Tabela 3 ‒ Resultados do teste Kruskal Wallis. ....................................................................... 48
Tabela 4 ‒ Índice de qualidade do solo por Altieri e Nicholls (IQSAN). .................................. 50
Tabela 5 ‒ Índice de qualidade do solo pela Cromatografia de Pfeiffer (IQSCP). .................... 51
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 13

2.1 Geral ................................................................................................................................ 13

2.2 Específicos ...................................................................................................................... 13

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 14

3.1 Degradação dos solos ...................................................................................................... 14

3.2 Qualidade do solo ........................................................................................................... 15

i) 3.2.1 Indicadores da qualidade do solo................................................................... 17

3.3 Cromatografia de Pfeiffer ............................................................................................... 21

4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 26

4.1 Área de estudo................................................................................................................. 26

4.2 Amostragem e avaliação ................................................................................................. 29

4.3 Cromatografia de Pfeiffer ............................................................................................... 31

4.4 Elaboração da chave de interpretação ............................................................................. 32

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 35

5.1 Indicadores pela metodologia de Altieri e Nicholls ........................................................ 35

5.2 Cromatografia de Pfeiffer – análise qualitativa .............................................................. 37

5.3 Cromatografia de Pfeiffer – análise quantitativa ............................................................ 47

6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 53

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 54

APÊNDICE 1 ‒ CHAVE DE INTERPRETAÇÃO DA QUALIDADE DO SOLO POR


MEIO DA CROMATOGRAFIA DE PFEIFFER ............................................................... 60
11

1 INTRODUÇÃO

A degradação dos solos tem impacto negativo em todas as dimensões da sustentabilidade


e, em contradição, as práticas que a causavam eram vistas como necessárias ao sucesso dos
processos produtivos que asseguram a alimentação dos seres vivos. Essa situação tem deixado
a comunidade científica preocupada desde a década de 1990, quando os trabalhos de
quantificação da degradação e da qualidade do solo entraram em evidência, principalmente com
os trabalhos de Oldeman et al. (1991), Oldeman (1992), Doran e Parkin (1994) e Karlen et al.
(1997).

Embora tenham sido perturbados pelas definições de qualidade do solo, os autores


buscaram por metodologias para identificar essa qualidade, de maneira que não só a traduzisse,
mas que fosse aplicável por aqueles que manejam o solo (DORAN, 2002). A definição mais
aceita de qualidade do solo é dada por Doran e Parkin (1994), reforçada por Karlen et. al.
(1997), que dizem que a qualidade do solo refere-se a uma capacidade do solo de suportar e
manter a qualidade ambiental, a saúde das plantas e animais, e a saúde humana e a habitação.
Para medir essa qualidade, foram determinados alguns indicadores, que eram ligados à atributos
físicos, químicos e biológicos do solo, que, intensivamente abordados (SCHOENHOLTZ et al.,
2000; FIALHO et al., 2006; GOMES; FILIZOLA, 2006; ARAÚJO et al., 2007; ALVES et al.,
2011; CARDOSO et al., 2013) não eram praticáveis em ambientes externos a laboratórios de
pesquisa e, portanto, não acessíveis à parcela de agricultores que não dispunha de recursos
laboratoriais para tal.

Numa tentativa de retorno à autonomia dos agricultores quanto à qualidade do solo, a


Cromatografia de Pfeiffer pode ser utilizada com este fim, uma vez que sua instrumentação
oferece alternativas com objetos domésticos (RIVERA; PINHEIRO, 2011), e seu produto é
uma imagem permanente da qualidade do solo, que pode ser comparável ao longo do tempo e
não se desfaz após os diagnósticos, como acontece para os indicadores clássicos.

A Cromatografia de Pfeiffer é uma junção e adaptação das cromatografias de papel e de


partição, cujo princípio básico físico químico é a de separação de substâncias pelas diferentes
solubilidades ao reagirem com o hidróxido de sódio e se comportarem como fase móvel, e
serem reveladas no papel cores, raios e formas diversas pela anterior impregnação do papel
12

circular com nitrato de prata, um agente fotoreativo que representa a fase estacionária
(COLLINS, 2006; BRAGA, 2006; RIVERA; PINHEIRO, 2011; PERUMAL et al., 2016).

Essa técnica, apesar de datar da década de 1920, tem sido restrita à agricultores
biodinâmicos, por estar inserida num contexto social e econômico desfavorável (RIVERA;
PINHEIRO, 2011). Atualmente, porém, tem sido explorada em diversos países, em trabalhos
científicos (KOKORNACZYK et al., 2016; SIQUEIRA et al., 2016; SIQUEIRA, 2016; PILON
et al., 2014; VON WAGNER FAGUNDES, 2013) ou aplicações por instituições, como no caso
do Centro Regional de Innovación Hortofrutícola de Valparaíso (CERES), no Chile (CERES,
2013), The Nature Institute, nos Estados Unidos da América (FOLLADOR, 2015) e no
INTERLAB, na Itália (INTERLAB, 2018), sendo alvo também de tecnologias, a exemplo do
projeto Alternative Analytical Technology (AAT) desenvolvido pelo Shri A. M. M. Murugappa
Chettiar Research Centre e Indian Institute of Technology Madras, na Índia (PERUMAL et al.,
2016).

O projeto AAT, desenvolvido na Índia, criou um software para análise quantitativa das
imagens a partir de um banco de dados que coleta as informações quanto ao padrão, a cor e o
número de pontas (terminações da Zona Intermediária) nas diferentes Zonas do cromatograma
(PERUMAL et al., 2016). Apesar desse esforço ser significante para a análise do cromatograma
e facilitar o trabalho dos pesquisadores nesta área, ainda existe a preocupação da qualidade do
solo ser tratada como uma garantia pelo próprio agricultor, e para isso, é ele quem precisa
entender os processos e analisar com atenção cada detalhe de um cromatograma, a fim de unir
as percepções retiradas do papel com aquelas adquiridas na realidade do campo. O agricultor
ainda ganha no custo dessa análise. Segundo Bezerra (2018), uma análise do solo por meio da
Cromatografia de Pfeiffer é seis vezes mais barata que uma análise química convencional, e
ainda atua como uma análise mais integrada, ao possibilitar, em um só cromatograma, a visão
da biologia, física e química do solo.

É preciso que a Cromatografia de Pfeiffer seja inteligível, para que possa ser utilizada
pelos agricultores de forma simples, e que padronize as interpretações. As cores, formas e
integração das Zonas dos cromatogramas permite a identificação das condições em que o solo
se encontra, possibilitando a comparação de diferentes sistemas de manejo. É nesse ponto que
este trabalho procura atuar. Propõe-se a criação de uma chave de interpretação da qualidade do
solo a partir da Cromatografia de Pfeiffer, considerando que a técnica utilizada é replicável,
comparável e permanece no tempo.
13

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Este estudo tem como objetivo desenvolver uma chave de interpretação da qualidade do
solo a fim de facilitar e padronizar estudos na área da Cromatografia de Pfeiffer.

2.2 Específicos

Para alcançar o objetivo geral, faz-se necessário:

▪ Analisar a qualidade do solo, em diferentes usos deste, com a utilização da


metodologia de Altieri e Nicholls (2002);
▪ Avaliar a qualidade do solo, em diferentes usos deste, com a aplicação da técnica
da Cromatografia de Pfeiffer;
▪ Utilizar os resultados da metodologia de Altieri e Nicholls (2002) para auxiliar
na determinação de padrões nos cromatogramas;
▪ Elaborar uma chave de interpretação da qualidade do solo a partir das referências
bibliográficas e dos resultados obtidos nos cromatogramas, com galeria de imagens auxiliares.
14

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Degradação dos solos

As modificações da cobertura e uso do solo por atividades antrópicas, quando somados,


impactam o funcionamento da Terra (LAMBIN et al., 2001). Em termos locais, essas alterações
podem melhorar, conservar ou diminuir a capacidade produtiva das áreas, porém é a degradação
do meio ambiente que compromete severamente o sistema, o que torna os processos produtivos
antrópicos inviáveis (WADT et al., 2003).

A degradação da qualidade ambiental é definida pela Política Nacional do Meio


Ambiente, Lei nº 6.938/1981, art. 3, inciso II, como “a alteração adversa das características do
meio ambiente” (BRASIL, 1981). É geralmente associada à degradação dos solos (WADT et
al., 2003), que significa a perda das funções e produtividade do ecossistema, de modo que este
não seja capaz de se recuperar sem auxílios, ou seja, perde a resiliência (LAL, 1993; JOHNSON
et al., 1996).

Os estudos sobre a degradação dos solos surgiram após o projeto de denúncia desta,
denominado GLASOD (Global Assessment of Soil Degradation – Avaliação Global da
Degradação dos Solos), coordenado pela Universidade de Wageningen, na Holanda, que
culminou na publicação do Mapa Mundial do Status de Indução Humana da Degradação dos
Solos, em 1990 (OLDEMAN et al., 1991; OLDEMAN, 1992). As principais causas da
degradação foram apontadas como sendo o sobrepastoreio, o desmatamento, práticas agrícolas,
superexploração da cobertura vegetal, atividades bio-industriais e industriais, nesta ordem de
impacto (OLDEMAN, 1992).

Apesar desses estudos serem relevantes, era preciso expandir a questão e discutir meios
de mitigá-la. A degradação dos solos mais frequente é aquela lenta e sutil, que pode não
apresentar seus impactos a curto prazo. Numa tentativa de evitá-la, nasceram as pesquisas sobre
qualidade ou saúde do solo para monitorar e considerar seu manejo (KIBBLEWHITE et al.,
2008). A definição da qualidade do solo era essencial para se ter práticas de manejo que
deixassem os solos em condições adequadas para uso das gerações futuras; deveria ser definida
de maneira geral para que as variadas funções do solo fossem contempladas (DORAN;
15

PARKIN, 1994). Essas preocupações foram intensificadas na comunidade científica no início


da década de 1990, aliando a produtividade dos sistemas a um conceito de sustentabilidade e
qualidade ambiental (VEZZANI; MIELNICZUK, 2009).

3.2 Qualidade do solo

O solo é a base da vida na Terra, afirma Primavesi (2016). É um corpo natural dinâmico
e vivo que possui importante papel para os processos dos ecossistemas terrestres (DORAN;
PARKIN, 1994), tendo sido reconhecido como um próprio ecossistema, e não parte de um
(LAISHRAM et al., 2012). Formado por materiais inorgânicos, orgânicos, água, ar, organismos
vivos, todos integrados por um complexo sistema químico, físico e biológico, é essencial para
os ciclos biogeoquímicos e para a manutenção dos seres vivos (DORAN; PARKIN, 1994;
PRIMAVESI, 2016).

As diversas funções realizadas pelo solo são reconhecidamente atuar como: provedor de
água, nutrientes e oxigênio para a produção primária, suporte físico para vegetais, habitat para
outros organismos, regulador dos ciclos biogeoquímicos, purificador de substâncias orgânicas
e inorgânicas e uma resistência à erosão (DORAN; PARKIN, 1994; LAISHRAM et al., 2012;
PRIMAVESI, 2016).

Para que o solo desempenhe suas funções adequadamente, é necessário que seu manejo
seja realizado com práticas conservacionistas, de maneira a permitir seu uso pelo ser humano,
considerando seu estilo de vida. Medidas mitigadoras da degradação, a fim de não a deixar
atingir seu estado extremo, são importantes, porém, um passo anterior é definir a qualidade do
solo ao qual se pretende manejar. Segundo Carter (2002), esse estudo é válido quando se tem
um solo e uma cultura que não se encaixam perfeitamente, assim tornando necessário criar uma
qualidade a partir de bons manejos, ou seja, sua utilidade se dá quando é direcionada à
manipulação, engenharia ou manejo do recurso.

Que existe a necessidade de identificar a qualidade do solo, a comunidade científica está


em consenso. Porém, há controvérsias quanto ao uso dos termos qualidade e saúde dos solos,
o que pode direcionar as discussões de cada autor, pois se trata de uma visão subjetiva. Embora
alguns autores os considerem sinônimos, como Romig et al. (1995), em estudo com produtores
rurais (apesar destes preferirem o termo saúde do solo), Brevik (2009) e Cardoso et al. (2013),
16

outros o usam como divergentes, tomando como exemplos Karlen et al. (1997), Doran e Zeiss
(2000) e Kinyangi (2007).

Qualidade do solo refere-se à capacidade de funcionamento do solo para manter a


qualidade ambiental e a saúde das plantas e animais, dentro dos limites impostos pelo
ecossistema (DORAN; PARKIN, 1994), naturais ou não, e sustentar a saúde humana e
habitação (KARLEN et al., 1997). Para Johnson et al. (1996), essa qualidade é uma medida da
condição do solo relacionada à sua demanda pelos seres vivos ou por qualquer necessidade ou
propósito humano. O componente humano é também considerado por Lal (1993), no sentido
do solo o sustentar no presente e no futuro. Doran e Zeiss (2000) utilizam o termo qualidade
para designar a aptidão do solo a determinado uso, e saúde como um termo mais amplo,
sinônimo de sustentabilidade.

Para Kibblewhite et al. (2008), existem duas abordagens para a saúde do solo: a
reducionista, que estabelece diversos indicadores e os estima separadamente, e outra integrada,
que considera que existem propriedades emergentes a partir das interações dos processos e
propriedades dos solos, uma vez que este é um sistema vivo, e que para entender a dinâmica do
solo quanto ao manejo e sua capacidade de resposta, é preciso que se aborde o solo como um
subsistema integrado do agroecossistema. Esses autores, no entanto, trazem sua definição de
saúde do solo semelhante à descrita acima por Doran e Parkin (1994).

As definições podem ser diferentes para agricultores e cientistas também. Em seu trabalho
a fim de comparar as duas visões, Baginetas (2008) verificou que os agricultores focam em
aspectos tangíveis do solo, como suas propriedades físicas e a produção que dele se obtém, para
classificá-lo como bom ou ruim, e os cientistas trazem os múltiplos papeis que os solos
representam, o que é um reflexo do conhecimento e práticas de cada grupo. No entanto, ao
tentar categorizá-los, ambos recorrem às listas de propriedades específicas dos solos.

Em meio a tantas definições existentes da literatura e sua preocupação inesgotável de


trazer os diferentes olhares, Carter (2002) traz um importante papel da qualidade do solo, ao
dizer que ela é “uma tecnologia, uma ciência aplicada, direcionada a um melhor manejo do
solo”.

Nesta revisão, será utilizado o termo qualidade quando se almeja quantificar ou qualificar
o solo, ou seja, obter algum tipo de medida deste, parâmetros não subjetivos, e saúde para aliar
à ideia de sustentabilidade e uma visão mais integrada dos processos que podem beirar a
subjetividade.
17

É importante conhecer a qualidade do solo pois ela permite a identificação de problemas,


o monitoramento da qualidade do ar e da água, que se apegam à agricultura e outros sistemas
antrópicos produtivos, além de auxiliar na construção de políticas para o uso do solo (DORAN,
2002).

3.2.1 Indicadores da qualidade do solo

Geralmente, as propriedades do solo são difíceis de mensurar, assim sendo utilizados os


chamados indicadores, que são melhores quando demonstram as alterações no
atributo/propriedade alvo (CARTER, 2002).

Para avaliar a qualidade do solo, pesquisadores têm feito uso destes, estratégias para
identificar a sustentabilidade do manejo dos solos, principalmente nos sistemas agrícolas
(DORAN, 2002). Para Cardoso et al. (2013), estes indicadores devem ser escolhidos conforme
o uso e manejo do solo, suas características e as condições ambientais. É importante que levem
em consideração não só a condição ao qual o solo se encontra, mas a sustentabilidade
econômica e ambiental do manejo (DORAN, 2002).

Romig et al. (1996), Doran (2002) e Baginetas (2008) enfatizam que os indicadores
devem ser desenvolvidos e implementados em parceria com os agricultores, de maneira a ser
compreendida por eles e que possam ter autonomia para validar suas práticas em campo. Para
isso, os indicadores devem aliar, explicitamente, qualidade do solo com funções do ecossistema,
terem custo reduzido, serem de fácil medição e ter o tempo entre medições e resultados
diminuídos (HERRICK, 2000).

Nos Quadros 1, 2 e 3 a seguir são apresentados os indicadores químicos, físicos e


biológicos, respectivamente, mais utilizados para avaliação da qualidade do solo.

Os indicadores químicos referem-se a uma série de parâmetros relacionados com a


ciclagem de nutrientes e disponibilidade destes às plantas, como a quantificação da matéria
orgânica, conteúdo de nitrogênio e fósforo, o pH e a capacidade de troca catiônica. No Quadro
1 são apresentados alguns dos indicadores mais comuns em trabalhos científicos, e uma
descrição de sua importância.
18

Quadro 1 ‒ Indicadores químicos da qualidade do solo.

Parâmetro Descrição Referências


Importante para algumas propriedades físicas do
Matéria solo, como a estrutura e estabilidade, é essencial Schoenholtz et al.
orgânica para a ciclagem de carbono e atua também como (2000).
um repositório de nutrientes.
Devido a sua influência em muitas relações
biológicas e químicas, este parâmetro pouco diz
sobre o processo que está sendo afetado, porém
Cardoso et al.
pH seu papel na capacidade produtiva dos solos é
(2013).
crítico. Uma de suas atuações mais importantes
é o controle que exerce sobre a solubilidade dos
nutrientes e sobre a atividade microbiológica.
O nitrogênio (N), o nutriente mais consumido
pelas plantas, está presente em diversas formas
no solo, como N mineral, nitrato, N orgânico, N
potencialmente mineralizável e na matéria
Conteúdo de N orgânica. Cardoso et al.
eP O fósforo (P) é um nutriente limitante da (2013).
produtividade agrícola. Está disponível como
ortofosfatos, porém o P microbiano e o P
orgânico podem se tornar disponíveis bem
rápidos.
É definida como a quantidade de cátions
Gomes e Filizola
CTC efetiva adsorvidos na superfície das argilas e coloides
(2006).
minerais ou orgânicos.

Os indicadores físicos são aqueles que auxiliam na compreensão do sistema a partir do


arranjo das partículas sólidas e da porosidade, como os parâmetros textura, densidade,
capacidade de água disponível, estrutura, entre outros. Alguns dos principais indicadores são
apresentados no Quadro 2, com uma breve descrição de suas atuações/sensibilidade.
19

Quadro 2 ‒ Indicadores físicos da qualidade do solo.

Parâmetro Descrição Referências


Schoenholtz et al.
Afeta as relações hídricas, os nutrientes e as trocas
(2000). Gomes e
gasosas, mas é bem estável ao longo do tempo (a não
Textura Filizola (2006);
ser que ocorra erosão como principal processo de
Cardoso et al.
degradação, que remove a argila).
(2013).
Está relacionado à quantidade de recursos por
Profundidade unidade/área disponíveis para as plantas. Não é uma Schoenholtz et al.
do solo propriedade tão útil para analisar efeitos do manejo, (2000).
pois não se altera em função deste.
Varia com a textura, estrutura, matéria orgânica. Pode
Densidade ser utilizado para determinar o grau de compactação e Schoenholtz et al.
aparente empoçamento de água, e afeta o suprimento de (2000).
oxigênio e água, dentre outros processos.
Indica o balanço da água e do ar nos solos, importante Schoenholtz et al.
Porosidade
para o crescimento das raízes e retenção de água. (2000).
Capacidade de Importante indicador que mensura a capacidade de um Schoenholtz et al.
água solo de fornecer água, é a diferença entre capacidade (2000); Gomes e
disponível de campo e ponto de murcha permanente. Filizola (2006).
Schoenholtz et al.
Percolação da Usado para conhecer a relação água/ar nos solos, a
(2000); Gomes e
água partir da taxa de infiltração.
Filizola (2006).
Avalia o tamanho e forma dos agregados, que assim
estão por influência da matéria orgânica e substâncias
Schoenholtz et al.
cimentantes, e pode ser determinada também pela
(2000); Gomes e
porosidade total, macroporosidade e distribuição do
Estrutura Filizola (2006).
tamanho dos poros. Influencia diversos processos,
Cardoso et al.
inclusive os que envolvem o sistema radicular, e atua
(2013).
como refúgio para micro-organismos e para a fauna do
solo.
20

A atividade biológica é mais expressiva nos primeiros 30 cm do perfil do solo, ocupa


menos que 0,5% do volume do solo, representa menos que 10% da matéria orgânica. Realiza
simbiose com as plantas, faz controle biológico, afeta a solubilização de minerais, possui papel
importante na estruturação e agregação do solo (ARAÚJO et al., 2007), e é vital para manter a
capacidade do solo em reciclar o carbono que assegura a fotossíntese (CARDOSO et al., 2013).
Diferente dos indicadores químicos e físicos, os bioindicadores respondem rapidamente às
alterações realizadas pelo manejo (ARAÚJO et al., 2007). Seus indicadores são demonstrados
no Quadro 3.

Quadro 3 ‒ Indicadores biológicos da qualidade do solo.

Parâmetro Descrição Referências


Atuam na decomposição e acúmulo da matéria
orgânica, transformações de nutrientes minerais e Araújo et al.,
Biomassa
são reservas nutricionais. É formada por fungos, 2007; Cardoso et
microbiana
bactérias, protozoários e algas, parte da matéria al. (2013).
orgânica.
Oxidação biológica da matéria orgânica a CO2 pelos
micro-organismos aeróbios, esta atividade diminui
Respiração do Araújo et al.,
com a profundidade do solo e correlaciona-se com o
solo 2007.
conteúdo de matéria orgânica e outros
bioindicadores.
É a taxa de respiração por unidade de biomassa
Fialho et al.,
Quociente microbiana. Este indicador prediz a eficiência da
2006; Alves et
metabólico biomassa microbiana pela quantidade de carbono
al., 2011.
perdido na respiração.
A macrofauna é composta por organismos maiores
que 2,0 mm, e a mesofauna por organismos de 0,2 a
Macro e Alves et al.,
2,0 mm. Estão relacionadas a diversidade biológica,
Mesofauna 2014.
revolvimento e incorporação de matéria orgânica nos
solos, ciclagem de nutrientes e controle de pragas.
21

Uma vez definidos os indicadores, estes podem ser monitorados para avaliar o efeito de
diferentes tipos de manejo aplicados às áreas em médio e longo prazo (CHAER; TÓTOLA,
2007), o que auxilia a gestão do uso do solo nas propriedades rurais. A grande preocupação
deste trabalho é encontrar um meio para identificar a qualidade do solo para que aqueles que
manejam o solo tenham maior segurança nas tomadas de decisões.

Os indicadores aqui explicitados estão abundantes na literatura. Há uma técnica, no


entanto, que pode ser utilizada para análise da qualidade do solo, que não tem sido abordada
pelos pesquisadores na mesma intensidade. Trata-se da Cromatografia de Pfeiffer.

3.3 Cromatografia de Pfeiffer

Diversas técnicas são nomeadas cromatografia, pois lidam com o princípio básico físico-
químico de separação de componentes de uma mistura a partir da interação entre a fase móvel
e a fase estacionária. A fase móvel se movimenta através da fase estacionária, e neste momento
os componentes da mistura ficam retidos na fase estacionária de acordo com as características
de cada um (COLLINS, 2006). É um processo de sorção (interação das substâncias no interior
ou superfície de outras substâncias) e dessorção (quebra de adsorções ou absorções), que
permite identificar os componentes de uma amostra (CDER, 1994).

A palavra cromatografia origina do grego, ao qual chroma significa cor, e graphos,


escrever, tendo sido utilizada pela primeira vez pelo botânico russo Mikhail Tswett, em 1906,
após trabalhos com colunas de absorção de líquidos para separar pigmentos vegetais
(COLLINS, 2006; RIVERA; PINHEIRO, 2011). As técnicas foram então desenvolvidas e
melhoradas, a começar pela cromatografia gasosa, líquida e com fluído supercrítico, cada qual
com sua instrumentação própria, que está sofrendo alterações numa tentativa de incluir em um
só equipamento as divergências entre elas (VON MÜHLEN; LANÇAS, 2004).

Quanto à cromatografia em papel, foi Plínio quem primeiro utilizou a técnica, ao


impregnar folha de papiro com extrato de nozes a fim de detectar sulfato ferroso. A partir disso,
foi empregada para o estudo de compostos inorgânicos, análises de capilaridade e para
identificar aminoácidos (WILSON, 2000). Em 1952, Archer Martin e Richard Synge foram
laureados com o Prêmio Nobel de Química pela invenção da cromatografia de partição, em que
22

a fase móvel e a estacionária são líquidas (BRAGA, 2006), evento considerado revolucionário
para a cromatografia em papel (WILSON, 2000).

A cromatografia em papel utiliza-se de um processo físico chamado de sorção, que aqui


somente se inclui a absorção ou partição, relacionada as forças de Van der Waals. Este processo
está baseado na solubilidade dos componentes da amostra na fase estacionária, que ocorre
devido a fase estacionária ser um líquido, impregnada no papel de filtro (cromatografia de
partição) (COLLINS, 2006; BRAGA, 2006). Segundo Braga (2006), os componentes mais
solúveis na fase estacionária ficam retidos, de maneira seletiva, ao se movimentarem mais
lentamente que os menos solúveis pelo papel. A razão disso é a própria estrutura de celulose do
papel, que apresenta em sua constituição unidades de glicose anidra, o que faz com que a água
(líquido polar) tenha grande afinidade com suas hidroxilas, assim formando ligações de
hidrogênio, e, portanto, atua como fase estacionária ao ficar retida, enquanto os líquidos menos
polares como os solventes orgânicos atuam de maneira contrária, se repelindo, ou seja, se
comportam como fase móvel.

Agora, a Cromatografia de Pfeiffer, ou Circular Plana, é uma das técnicas cromatográficas


menos conhecidas. Seu inventor, Ehrenfried Pfeiffer (1899-1961), era um bioquímico alemão
dedicado aos estudos sobre qualidade do solo e vitalidade dos solos desde a década de 1920,
que prestava assistência a apenas agricultores biodinâmicos. Estava inserido, porém, em um
contexto de alta utilização de fertilizantes, ou seja, contrário às suas atividades, não tendo assim
evidenciado seu trabalho além do círculo de biodinâmicos (RIVERA; PINHEIRO, 2011).

Segundo Pfeiffer (1984), ainda que dois solos diferentes contenham a mesma quantidade
de nutrientes, sua eficiência biológica e a qualidade das culturas que ele mantém podem ser
diferentes. Foi para detectar essas diferenças que Pfeiffer criou esta técnica de cromatografia
em papel; a química analítica não é sensibilizada para este tipo de análise.

Sua percepção foi a de que poderia separar e identificar substâncias através das cores que
elas exibiam, por sua cor natural ou por reativos reveladores. Para isso, estudou os trabalhos
desenvolvidos por Theodor Schwenk e Lily Kolisko e conseguiu demonstrar a diferença
qualitativa entre a vitamina C natural e a sintética. A partir disso, determinou as substâncias a
serem utilizadas para os estudos envolvendo a qualidade do solo e a qualidade dos alimentos
(RIVERA; PINHEIRO, 2011).

Para fazer os cromatogramas da qualidade do solo, Pfeiffer descobriu que uma solução
de hidróxido de sódio (NaOH) a 1% solubilizava as substâncias nitrogenadas do metabolismo
23

dos micróbios, que reagiam conforme sua quantidade, em um papel filtro especial impregnado
com nitrato de prata (AgNO3) (RIVERA; PINHEIRO, 2011), que é uma substância foto reativa
(PERUMAL et al., 2016), num processo de capilaridade. Com isso, revelava-se nos
cromatogramas cores, distâncias, círculos e raios diversos, importantes para a interpretação das
substâncias que no solo contém, uma resposta dada pelo tipo de respiração dos micro-
organismos e pela presença de minerais (RIVERA; PINHEIRO, 2011; PERUMAL et al., 2016).

Em seu livro Chromatography applied to quality testing, de 1984, Pfeiffer identifica três
Zonas nos cromatogramas que o auxiliam na interpretação qualitativa. Em 2011, o livro de Jairo
Rivera e Sebastião Pinheiro, intitulado Cromatografía: imágenes de vida y destrucción del
suelo, traz a Cromatografia de Pfeiffer analisada em cinco Zonas, com formas, cores e tamanhos
que dependem da qualidade do solo (Figura 1).

Figura 1 ‒ Identificação das Zonas de um cromatograma.

Fonte: Rivera e Pinheiro, 2011.

Essas Zonas podem ser descritas como a seguir (RIVERA; PINHEIRO, 2011):

▪ Zona Central: da aeração/oxigenação, é aquela por onde todas as substâncias da


amostra passam por capilaridade. Pode estar presente ou ausente, o que depende do manejo
empregado na área onde a amostra foi coletada. Aqueles manejos mais intensivos, que fazem uso
de mecanização pesada, agrotóxicos e que não cobrem o solo, geralmente destroem as
24

propriedades físicas que mantêm a aeração. Uma condição assim é revelada por uma Zona Central
com cores negras e/ou borda pontiaguda, que se integra com a próxima Zona de maneira
homogênea. Ainda, essa Zona pode estar muito branca, e isso se deve ao fato de estar recebendo
doses excessivas de substâncias nitrogenadas, adubos altamente solúveis ou aplicação constante
de herbicida. Uma Zona Central ideal possui uma coloração creme, se integra à próxima Zona com
um desvanecimento suave, indicando um solo com boa estrutura, matéria orgânica ativa e atividade
microbiológica e enzimática benéficas.
▪ Zona Interna: é a dos minerais, pois é onde se concentram a maior parte das
reações com os minerais e onde ficam as substâncias mais pesadas. Um bom solo apresentaria essa
Zona bem integrada com as que a cercam, sem interrupções e de forma harmônica, com atividade
microbiológica diversa.
▪ Zona Intermediária: é a da matéria orgânica ou proteica. A presença dessa Zona
não é capaz de dizer se a matéria orgânica é biologicamente ativa. Sua ausência poderia ser
explicada pela mineralização total, compactação, solo exposto, ou aplicação de agrotóxicos e
fertilizantes altamente solúveis. Para indicar um solo bom, é necessário que se integre às Zonas
adjacentes e não seja tão fina.
▪ Zona Externa: enzimática, identificada pela presença ou ausência de “nuvens” e
bordas com “dentes de cavalo”. Essas “nuvens” ou bolhas indicam abundância e variedade de
nutrientes disponíveis para as plantas.
▪ Zona Periférica: é a Zona de manipulação de um cromatograma.

Apesar de pouco pesquisada, em comparação com outros indicadores de qualidade do solo,


ainda há esforços diversos para melhor compreender a técnica. A Cromatografia de Pfeiffer tem
sido discutida em artigos, preocupados com o estabelecimento de padrões para as condições
edáficas de regiões do Brasil e para análise em sistemas de agricultura orgânica (PILON et al.,
2014), com a construção do conhecimento relacionado à qualidade do solo (VON WAGNER
FAGUNDES, 2013; SIQUEIRA et al., 2016), na criação de metodologias de avaliação dos
cromatogramas e com boa correlação com a análise química do solo (KOKORNACZYK et al.,
2016; BEZERRA, 2018), além de ter sido utilizada em trabalhos de conclusão de curso,
dissertações e livros em países da América Latina, Alemanha e Holanda, respectivamente. A
técnica também recebeu a atenção de alguns institutos ao redor do mundo, além das comunidades
de agricultura biodinâmica. No Chile, em 2013, foi criado um Laboratório de Cromatografia,
como parte de um projeto de implantação de plataformas de inovação pelo Centro Regional de
Innovación Hortofrutícola de Valparaíso (CERES, 2013). Já nos Estados Unidos, tem destaque
25

os estudos realizados pelo The Nature Institute (FOLLADOR, 2015). Na Itália, foi criado em
2009 o grupo Interlab, que trabalha e discute a Cromatografia de Pfeiffer (INTERLAB, 2018).
Na Índia, a Cromatografia de Pfeiffer foi a base para o desenvolvimento de um software de
processamento de imagens de cromatogramas para identificar a composição dos solos e
recomendar fertilizantes e melhores culturas, em um trabalho de parceria da Shri A. M. M.
Murugappa Chettiar Research Centre (MCRC) e do Indian Institute of Technology Madras que
se denominou Alternative Analytical Technology (AAT) (PERUMAL et al., 2016).

Segundo Cardoso et al., 2013, é mais apropriada uma análise integrada dos indicadores,
pois isolados nem sempre auxiliam na compreensão dos processos, principalmente naqueles mais
ligados à sustentabilidade ecológica. A proposta de Pfeiffer atua neste sentido, ao permitir uma
visão holística da qualidade do solo e uma análise da evolução do solo. Riveira e Pinheiro (2011)
consideram que essa técnica pode ser implantada como um selo de garantia da qualidade do solo
de uma propriedade, assegurando ao produtor rural a tomada de decisões acerca do manejo do
solo. Além desse benefício, ao escolher a análise do solo por meio da Cromatografia de Pfeiffer
e não pela análise química convencional, o agricultor estará economizando nos custos, uma vez
que uma análise química custa seis vezes mais que uma análise química, física e biológica
possibilitada pela Cromatografia de Pfeiffer (Bezerra, 2018).

O conhecimento acerca da qualidade do solo deve estar sempre em movimento, pois os


sistemas alimentares dela dependem. É importante também dar um enfoque no organismo
agrícola, ou agroecossistema, que tem como limite a própria propriedade rural, e é onde são
tomadas as decisões de manejo tanto quanto às culturas quanto às questões espaciais. A
Cromatografia de Pfeiffer pode atuar como ferramenta para auxiliar essas decisões, e tem a
vantagem de ser acessível e de baixo custo (os instrumentos são flexíveis, não necessitando ser
laboratoriais), reproduzível e permanente. De fato, a Cromatografia de Pfeiffer é uma fotografia
da qualidade do solo, possibilitando uma análise ao longo do tempo.
26

4 METODOLOGIA

4.1 Área de estudo

A 121 km da capital do Estado de São Paulo está localizado o Sítio São João, no município
de Sorocaba, nas coordenadas 23º35’18,59” S de latitude e 47º31’41,10” O de longitude, com
uma área total de 9,19 ha. Os solos predominantes na região são os Argissolos e Latossolos
(OLIVEIRA et al., 1999), e a vegetação é floresta estacional semidecidual (BRASIL, 2012). O
clima do município, segundo a classificação de Koppën, é uma transição entre o tipo Cfa
(subtropical quente, sempre úmido e com inverno menos seco) e Cwa (subtropical quente, com
invernos mais secos) (MELLO, 2012).

Dos usos e cobertura do solo analisados por este trabalho, aqui também denominados
sistemas, apenas um tipo de uso do solo está localizado na fazenda vizinha, que se trata do
cultivo de milho transgênico Dekalb 360 ® (23º35’8,10” S de latitude e 47º32’1,91” O de
longitude). A Figura 2 apresenta a visão geral do entorno ao qual esses sistemas estão inseridos.

Figura 2 ‒ Mapa da área analisada e seu entorno.


Fonte: Autoria própria.
27

Na Figura 3 é apresentado o mapa do Sítio São João, destacando os sistemas estudados


neste trabalho, como a lichia, o pasto abandonado, o bananal, o sistema agroflorestal e a mata
ciliar. No Sítio São João, o manejo dos sistemas é seguindo as práticas orgânicas e
agroecológicas.

Figura 3 ‒ Mapa do Sítio São João.

Fonte: Autoria própria.

Cada sistema teve seu histórico de uso descrito, com a identificação das principais
espécies vegetais, espaçamento (quando monocultura) e algumas particularidades, a fim de que
essas informações colaborassem com as análises de qualidade do solo. Somente para o milho
convencional transgênico não se tem maiores informações.

No Quadro 4, tem-se a descrição de cada sistema.


28

Quadro 4 ‒ Descrição dos usos e cobertura do solo estudados.

Sistema Sigla Histórico de uso


Área com banana (Musa spp.: variedades prata, nanina,
conquista). Ocorreu um problema com geada no ano de 2016.
A área é importante pela produção de banana passa, que agrega
Bananal BN
valor e aumenta a durabilidade do alimento, porém atualmente
essa atividade não está sendo mais desenvolvida. Espaçamento
de 3,0 m x 2,5 m.
Existe há mais de 50 anos. Foi substituído por lichia há oito
Pasto PA anos, que sofreu com geadas, e também por abóbora, porém
atualmente é um pasto inativo (sem pastejo).
É um pomar orgânico de Litchi chinensis Sonn. (lichia) de
cerca de 20 anos, com espaçamento de 10 m x 8 m. Está sendo
Lichia LC
atacado por um ácaro, mas seu inimigo natural já se
estabeleceu.
De aproximadamente 1 ha o sistema, é composto por madeiras
de lei como mogno (Khaya senegalensis), guanandi
(Calophyllum brasiliense), louro pardo (Cordia trichotoma
(Vell) Arrab.) e jequitibá rosa (Cariniana legalis (Mart.)), por
Sistema 5 espécies do gênero Citrus spp. (laranjas, limãos e pocãs), e
SAF
agroflorestal por bananeiras (Musa spp.). Essas espécies são o objetivo do
SAF, para geração de renda, e há também espécies nativas e
de adubação verde (plantadas as de inverno e de verão). São
diversos espaçamentos utilizados neste sistema. Ocorre
problemas com formigas.
Milho Contém plantio convencional de milho geneticamente
MC
convencional modificado Dekalb 360 ®.
Consiste na área de preservação permanente que está de acordo
com a Lei nº 12.651/2012. A área foi enriquecida em 2011 e
Mata ciliar MT
posteriormente em 2017. Atualmente não há atividades sendo
desenvolvidas na área.
29

Em todos os sistemas tinha sido aplicado Ekosil ®, a lanço, na quantidade de 1,5 ton/ha.
No bananal e demais frutas, tinha sido aplicado Yoorin ®, esterco de curral e Minho Fértil ®.

4.2 Amostragem e avaliação

A amostragem adotada seguiu o disposto em Arruda et al. (2014). As amostras foram


compostas por 10 amostras simples, sendo 3 repetições por sistema. Os sistemas constituem os
diferentes usos e cobertura do solo avaliados, como apresentados no Quadro 4.

As amostras, retiradas com enxadão e representando o perfil do solo de 0 cm a 20 cm,


foram coletadas em pontos de zigue zague. O solo de cada ponto foi colocado em um balde
onde se homogeneizou as amostras compostas, e posteriormente guardados em um saco
plástico, etiquetados de maneira devida.

Essa coleta teve como destino a aplicação da técnica de Cromatografia de Pfeiffer. No


entanto, em campo, foram avaliados alguns indicadores de qualidade do solo propostos por
Altieri e Nicholls (2002), adaptados por Silva (2010) e readaptados neste trabalho (Quadro 5).
Esses indicadores foram escolhidos devido a sua facilidade de medição no campo e pensando
em uma relação com as Zonas dos cromatogramas.

O indicador Infiltração de água/Compactação estava relacionado à Zona Central, o da


Matéria Orgânica se relacionou à Zona Intermediária, a Atividade Microbiológica possuía
relação com a Zona Externa e o indicador Estrutura com a integração das Zonas. Somente não
foi possível coletar informações do conteúdo mineral.

Na metodologia Altieri e Nicholls, cada indicador recebeu uma nota, de acordo com a
amostra observada, que varia de 1 a 10, sendo 1 o valor menos desejado, 5 o valor que indica
uma qualidade média e 10, que representa a melhor qualidade.

Foram atribuídos alguns pesos para os indicadores, dado pela maior importância de cada
um em revelar a qualidade do solo nos sistemas estudados.

No Quadro 5, é apresentado cada indicador, sua metodologia de coleta, os pesos e as notas


que seriam atribuídas dada as características de cada amostra.
30

Quadro 5 ‒ Indicadores pela metodologia de Altieri e Nicholls.

Indicador Metodologia Característica Peso Nota

Penetração de uma lata


Compactado, fácil de alagar. 1
de alumínio para
Infiltração de observar a Possui fina camada de
água/ compactação, e compactação, água infiltra 2 5
Compactação aplicação de água lentamente.
dentro da lata, para Não compactado, água infiltra
10
observar a infiltração. facilmente.

Solo claro, pálido, sem


1
Teste visual presença de húmus.
comparativo da
Matéria Marrom claro, alguma presença
coloração de 10 mL de 1 5
orgânica de húmus.
solo e 100 mL de água
(H2O) (1/10). Solo escuro, presença de
10
húmus.

Aplicação de 25 mL de Muito pouca efervescência. 1


Atividade
água oxigenada (H2O2) Média efervescência. 2 5
microbiológica
a amostra de solo. Abundante efervescência. 10
Solto, poento, sem agregados
1
visíveis.
Pouco agregado, quebra com
Comprimir, fazer 5
Estrutura leve pressão. 1
pressão na mão.
Agregados bem formados,
difíceis de serem quebrados, 10
não desmancham.
Fonte: Adaptado de Altieri e Nicholls (2002) e Silva (2010).

Os indicadores de Altieri e Nicholls foram determinados para ajudar a esclarecer os


padrões observados nos cromatogramas, ou seja, tem sua importância para a criação da chave
de interpretação proposta neste trabalho.
31

Os cromatogramas obtidos com a Cromatografia de Pfeiffer, cuja metodologia é


explicada a seguir, foram analisados seguindo a descrição qualitativa encontrada em Pfeiffer
(1984) e Rivera e Pinheiro (2011).

Ao final da atribuição de notas dos cromatogramas por meio da chave de interpretação,


foi feito o teste estatístico não paramétrico Kruskal Wallis para K amostras independentes, a
um nível de significância de α = 0,05, pelo programa SPSS Statistics ®.

4.3 Cromatografia de Pfeiffer

A Cromatografia de Pfeiffer foi utilizada como uma técnica que integra a análise dos
diferentes componentes do solo que por fim atestam sua qualidade, uma vez que pode ser
aplicada pelos próprios agricultores em suas propriedades. Ela, por si só, atuou como a junção
dos três tipos de indicadores para determinar o estado, conteúdo e/ou atividade:
aeração/compactação, matéria orgânica, micro-organismos, minerais.

Esta prática foi realizada no Laboratório de Inventário Florestal e Ecologia (LAIECO) e


Laboratório de Sementes e Mudas Florestais (LASEM), com o apoio do Laboratório de
Fertilidade dos Solos, ambos na Universidade Federal de São Carlos, campus Sorocaba, São
Paulo.

As instruções para realizar a parte laboratorial da Cromatografia de Pfeiffer foram


seguidas do livro de Rivera e Pinheiro (2011). Duas etapas se distinguem: a de preparação dos
papeis e a de impregnação da solução do solo.

A primeira etapa consistiu na marcação de dois pontos a 4 e a 6 cm do centro do papel


filtro circular Whatman n. 4 de 15 cm de diâmetro, em que o centro recebeu um furo de
aproximadamente 0,16 cm de diâmetro. Neste furo, colocou-se um quadrado de 2 cm enrolado
como um cilindro, feito do mesmo papel, que faria com que as substâncias corressem no papel
circular por capilaridade. O papel é o suporte onde a fase estacionária (solução de nitrato de
prata, que também é o agente revelador/cromogênico) fica retida.

Para que a solução do solo fosse revelada no cromatograma, era necessário impregnar o
papel com uma solução de nitrato de prata (AgNO3) a 0,5 %, ou seja, 5 g da substância com
100 mL de água destilada. Essa solução, sensível à luz solar direta, foi preparada pouco antes
32

de seu uso. Uma porção dessa solução foi colocada em um recipiente, no qual o papel filtro
com o cilindro no centro foi depositado, com o cuidado de permanecer no centro e somente o
cilindro tocar o líquido. Envolto nesse recipiente, outro com maior diâmetro foi utilizado para
fornecer apoio ao papel. Assim que a solução correu pelo papel pela capilaridade, e atingiu o
primeiro ponto de 4 cm, o papel foi retirado e colocado para secar em uma caixa escura, já sem
o cilindro, o que tardou 4 horas.

No entanto, por conta do timing de cada etapa, a solução do solo foi preparada antes da
impregnação do papel filtro com nitrato de prata. Era preciso uma solução com hidróxido de
sódio (NaOH) a 1%, ou seja, 10 g de NaOH adicionada a 1000 mL de água destilada. Desta
solução, retirou-se 50 mL para colocar em erlenmeyers com 5 g de solo. A mistura então foi
agitada três vezes: logo que preparada, após 15 minutos e, por fim, após 1 hora. A fim de
sistematizar a agitação, elas ocorriam em movimentos circulares, em 6 círculos para a direita e
6 para a esquerda, repetidos 6 vezes. Essa solução consiste na fase móvel.

Depois de se esperar por 6 horas, retirou-se com uma seringa o sobrenadante de cada
amostra e o colocou em um recipiente de montagem semelhante ao feito para a solução de
AgNO3, com um novo cilindro no centro. Esperou-se a solução do solo percorrer o papel filtro
até o ponto de 6 cm para retirar o papel e o deixar secar em um local sem poeira e sem luz solar
direta. Após secos, estes foram expostos à luz durante um período de 10 dias, para que as
substâncias se estabilizassem no papel.

Após este período foi possível iniciar as análises da qualidade do solo. Em primeiro
momento, fez-se uma descrição qualitativa seguindo Pfeiffer (1984) e Rivera e Pinheiro (2011)
e, então, os cromatogramas foram submetidos à recém-criada chave de interpretação, a fim de
testá-la e realizar o teste estatístico para detectar as diferenças entre os sistemas.

4.4 Elaboração da chave de interpretação

A partir dos padrões encontrados nos cromatogramas e descritos pela literatura, a chave
de interpretação foi construída. A chave é composta por Categorias, que são as diferentes Zonas
de um cromatograma, os Atributos, que são a forma, a cor e a integração de cada Zona, e os
Cenários, que são as características dentro de cada atributo (Esquema 1).
33

Zona

Cor Forma Integração

Cenário de má qualidade Cenário de má qualidade Cenário de má qualidade


(1) (1) (1)

Cenário regular Cenário regular Cenário regular


(2) (2) (2)

Cenário de boa qualidade Cenário de boa qualidade Cenário de boa qualidade


(3) (3) (3)

1 ‒ Organograma
Organograma
Esquema 1 ‒ Organização
da chave
da chave
de interpretação.
de interpretação.

Fonte: Autoria própria.

A cada Atributo somente um Cenário pode representar o cromatograma, e a ele é atribuída


uma nota (1, 2 ou 3), ou seja, existem 3 notas para cada Categoria, a serem somadas e
computadas ao final em uma Tabela de Qualidade do Solo, como exemplificado na Tabela 1.
O somatório das notas das Categorias forma um valor de Índice de Qualidade do Solo (IQS),
que consiste na nota final do cromatograma.

Tabela 1 ‒ Notas da qualidade do solo.

Sistema Categoria Nota IQS


1 x
4
2 x
Sistema 1 ∑𝑥
3 x 1
4 x
34

Com o IQS calculado, compara-se ao IQS ordinal que é classificado como segue o
esquema (Esquema 2), a partir da média e desvio padrão dos dados, sendo que 𝑥̅ é a média e σ
é o desvio padrão.

𝑥̅ - 2 σ 𝑥̅ - σ 𝑥̅ 𝑥̅ + σ 𝑥̅ + 2 σ
péssimo regular médio bom ótimo

Esquema 2 ‒ Índice de qualidade do solo ordinal.

Fonte: Autoria própria.

Com isso, pode-se ordenar os sistemas por qualidade do solo e fazer comparações.

A chave de interpretação deve ser utilizada com uma galeria de imagens, preparada com
os cromatogramas deste trabalho e dos arquivos da autora.
35

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Indicadores pela metodologia de Altieri e Nicholls

As observações de campo são de extrema importância para a compreensão dos resultados.


Aqui será apresentada algumas que foram mais visíveis. Vale ressaltar, porém, que a análise
pelos indicadores de Altieri e Nicholls (2002) tem o intuito de auxiliar a interpretação dos
cromatogramas e, portanto, não necessita ser tão acurada. A Figura 4 apresenta os resultados.

Estrutura
12,0

9,0

6,0

Atividade
3,0 Infiltração/compactação
microbiológica

Lichia
Pasto
Bananal
SAF
Matéria orgânica
Mata
Milho

Figura 4 ‒ Qualidade do solo pelos indicadores de Altieri e Nicholls.

Fonte: Autoria própria.

Os sistemas em que a coleta foi dificultada pela compactação foram LC e MC. Eram solos
mais argilosos e mais rígidos. Possivelmente essa compactação em LC deve-se à ausência de
cobertura do solo fora da sombra das árvores, em que se observava apenas pouca braquiária,
que tem menor capacidade para diminuir a velocidade da água da chuva
36

devido ao seu porte, e, de acordo com Richart et al. (2005), o impacto com que as gotas caem
ao chão faz com que ocorra compactação e desagregação do solo. Em MC, a compactação pode
ser resultado da ação mecânica dos tratores sobre o solo. Para Richart et al. (2005), a utilização
de máquinas agrícolas é a principal responsável pela compactação do solo, e isso é devido ao
seu peso e intensidade de uso. Aqui se observou pouca braquiária, em lugares onde haviam
pequenas clareiras. Segundo Balbinot et al. (2008), a capacidade de infiltração de água no solo
é influenciada negativamente pela compactação, e uma de suas principais causas é o excesso
de trafegabilidade de máquinas de grande porte e ausência de cobertura vegetal sobre a
superfície do solo.

A análise da Infiltração/Compactação foi pouco eficiente. Esperava-se que a textura do


solo fosse de mesmo tipo, porém foi observado que LC e MC eram solos mais argilosos,
enquanto o restante era mais arenoso. Nos solos mais arenosos, a metodologia não se aplicou
bem, pois era uma análise da compactação superficial e simples, ao observar a resistência à
penetração do solo por meio de uma lata de alumínio, onde também se aplicava água para
observar a infiltração. Somente em uma amostra no BN a água formou uma bola, não infiltrando
de imediato. Em nenhum sistema foi verificado uma camada selada, somente as dificuldades já
descritas para LC e MC. Nos solos mais arenosos a coleta foi facilitada.

Para saber a real compactação e infiltração da água no solo, seria necessário um método
mais sofisticado de análise e ao longo do perfil. O mesmo serve para o indicador Estrutura do
solo, cuja efetividade foi barrada pelo tipo de solo. A MT não apresentou sequer um agregado,
e era difícil fazê-los ao pressionar o solo com as mãos. O solo estava completamente solto, mas
para este caso, parecia ser o ideal, visto que a mata não apresentava dificuldades de crescimento
visualmente. Os sistemas PA, BN e SAF, embora também mais arenosos, conseguiam formar
agregados sobre pressão das mãos e apresentaram alguns agregados.

A Matéria Orgânica, avaliada pela cor do solo, parecia ser mais presente nos sistemas
MT, BN, SAF e PA, nesta ordem, que apresentaram uma coloração marrom mais escura. Nos
três primeiros, não ocorria práticas de remoção dos resíduos vegetais; em PA, houve um
revolvimento em área total do solo, porém ainda havia muita gramínea morta depositada sobre
ele. Nos sistemas LC e MC provavelmente ocorria a presença de óxidos de ferro, devido à sua
cor avermelhada. Em LC não havia tanta expressão de matéria orgânica devido ao espaçamento
largo, que tornava difícil o acúmulo de resíduos vegetais sobre o solo. Em MC, uma expressão
menos acentuada de matéria orgânica deve ter ocorrido, de acordo com trabalho de Niero et al.
(2010), pelo revolvimento constante do solo, seguido de rápida oxigenação dos materiais
37

vegetais. Segundo Nicholls et al. (2004), quando há incremento de matéria orgânica no solo, há
uma consequente melhoria na condutividade hidráulica, atividade biológica e estrutura. Isso
não foi verificado neste trabalho, porém uma análise do comportamento destes outros fatores
frente a aumentos de matéria orgânica e ao longo do tempo e de diversas práticas de manejo
seria interessante.

Segundo Nicholls et al. (2004), o indicador Atividade Microbiológica relaciona a


efervescência que é diretamente proporcional à atividade biológica e à matéria orgânica. Dentre
os sistemas estudados, MT e MC foram os que mais se deslocaram dessa proporcionalidade.
Percebeu-se que a maior expressão da atividade microbiológica se deu nos sistemas PA, BN e
SAF, e então seguido da MT e LC. Provavelmente isso ocorreu pela recente prática de manejo
nos três primeiros sistemas, de revolvimento do solo e consequente ativação da atividade dos
micro-organismos. Por último, o MC recebeu a menor nota neste quesito. De acordo com
relatado por Araújo e Monteiro (2007), alguns trabalhos apontam que o plantio direto e o
orgânico aumentam a atividade biológica do solo, em detrimento dos plantios convencionais,
como foi verificado neste trabalho.

O SAF foi o sistema que apresentou melhores resultados de qualidade do solo pelos
indicadores de Altieri e Nicholls, possivelmente por sua diversidade de espécies e manejo
agroecológico com adubação verde, seguido por BN, PA e MT. Para BN e PA, é possível que
as recentes práticas de manejo na área, como gradagem, tenham ativado a atividade
microbiológica que, junto ao SAF, foram os sistemas que receberam nota maior neste quesito,
e que isso, aliado à presença de resíduos vegetais sobre o solo, tenha contribuído para o aumento
de sua qualidade. O indicador que reduziu a qualidade inferida para MT foi o Estrutura do solo,
porém foi visto que este não é representativo para a situação estudada. Após, seguem os
sistemas LC, que falhou em Infiltração/Compactação e em Matéria Orgânica, e MC, que teve
sua qualidade reduzida pelos indicadores Matéria Orgânica, Atividade Microbiológica e
Infiltração/Compactação.

5.2 Cromatografia de Pfeiffer – análise qualitativa

Para identificar as principais características nos cromatogramas, utilizou-se os livros de


Pfeiffer (1984) e de Rivera e Pinheiro (2011). Pfeiffer (1984) adota três Zonas: a Interna, que é
38

dos Minerais, a Intermediária, da Matéria Orgânica, e a Externa ou a Húmica. Pouco traz sobre
a aeração dos solos que estuda, e foca bastante nas cores e, em menor intensidade, às formas.

Rivera e Pinheiro (2011), no entanto, consideram cinco Zonas, na qual a primeira seria a
Zona da Aeração, onde se observa a compactação, a utilização de substâncias químicas de
toxicidade às plantas e aos insetos e a respiração microbiana; as demais Zonas seguem o mesmo
que Pfeiffer (1984), porém acrescenta na Zona Húmica a presença de manchas marrons ou
“nuvens” como algo desejável que indica pronta disponibilidade de nutrientes às plantas; e a
Zona Periférica, que é somente a Zona de manipulação do cromatograma, sem expressão da
qualidade do solo.

Rivera e Pinheiro (2011) discutem a integração das Zonas, que indicaria um solo também
integrado, na qual todas suas características seriam interdependentes.

Abaixo, é discutido cada uso e cobertura do solo quanto às suas características


qualitativas, seguindo a visão dos autores acima citados a fim de se ter uma análise mais
holística possível, porém com a classificação de Rivera e Pinheiro (2011).

O bananal possui uma aeração boa, não é compactado, apresenta presença de organismos
aeróbicos, sem aplicação de agrotóxicos, sem excesso de nitrogênio, evidenciados pela
coloração creme da Zona Central. Esta Zona se integra à Zona Mineral com a formação de
pequenas e sutis reentrâncias na próxima Zona. A Zona Mineral se apresenta larga e com
coloração marrom pouco mais clara que a Zona da Matéria Orgânica, com boa integração com
esta, o que indica que o solo está em processo de decomposição, ainda não mineralizado. A
Zona da Matéria Orgânica apresenta terminações irregulares e pouco volumosas, desejáveis.
Na borda do cromatograma, tem-se a Zona Enzimática ou Húmica, em que se observam formas
irregulares com coloração marrom clara e presença de bolhas, o que indica que há uma
cobertura morta sobre o solo. Essas características foram observadas para a amostra 1 desse uso
do solo (Figura 5). Para a amostra 2, houve diferença na Zona dos Minerais, que apresentou
coloração marrom acinzentada em sua extremidade (Figura 11a), indicando início da
mineralização, e na Zona Húmica, uma quantidade mais expressiva de bolhas. A amostra 3
mostrou-se semelhante à 1, só diferiu em menor quantidade de bolhas.

De maneira geral, pode-se dizer que a qualidade do solo de BN está adequada e bem
integrada.
39

a) central

b) mineral

c) matéria orgânica

d) húmus

Figura 5 ‒ Cromatograma do bananal.

Fonte: Autoria própria.

O pasto inativo apresentou boa aeração, com atributos iguais ao descrito para BN na Zona
Central. As amostras 2 e 3 mostram uma Zona Mineral marrom acinzentada, que se difere bem
da Zona da Matéria Orgânica, indicando um sistema mais mineralizado (Figura 6). A amostra
1, no entanto, está mais integrada e com coloração marrom. As terminações da Zona da Matéria
Orgânica são pontiagudas, de pouco volume quando não atravessam toda a Zona Húmica e
volumosas quando atingem a Zona Húmica, em todas as amostras, não sendo o ideal. A Zona
Húmica de alguns cromatogramas das amostras 1 e 3 possuem uma coloração acinzentada
(Figura 11b), o que se deve a um erro sistemático, cuja origem não foi detectada, e poucas
bolhas. A amostra 2 também possui poucas bolhas e coloração marrom clara nesta Zona. As
formas da Zona Externa são irregulares.

Pode-se dizer que em PA a qualidade do solo é boa, porém inferior a BN. Era esperado
que sua qualidade fosse boa, pois não tem mais influência de pastagem, possui uma cobertura
morta bem espessa e é pouco manejado.
40

a) central

b) mineral

c) matéria orgânica

d) húmus

Figura 6 ‒ Cromatograma do pasto abandonado.

Fonte: Autoria própria.

A lichia apresentou boa aeração, como já descrito para PA e BN, porém a coloração está
mais escurecida que nos demais sistemas já descritos, o que evidencia que um processo de
compactação está em andamento e, assim, é preciso fazer alguma intervenção.

Segundo Siqueira (2016), a coloração escura da Zona Central é resultada da formação de


hidróxido de prata (AgOH), que ocorre assim que as substâncias minerais e orgânicas
dissolvidas no hidróxido de sódio passam pelos poros do centro do cromatograma; o hidróxido
de prata é instável e logo forma o óxido de prata (Ag2O), que precipita em uma cor escura,
indicando uma condição anaeróbica que não permite a oxidação dos minerais. Conforme a
qualidade desse solo aumenta e há um aumento de substâncias nitrogenadas, o precipitado de
óxido de prata gradualmente se torna solúvel, apresentando cores mais claras.

As amostras 1 e 2 possuem uma Zona Mineral com coloração marrom avermelhada,


possivelmente decorrente da presença de óxidos de ferro, e se integram à próxima Zona com
mudança sutil de coloração, para um marrom mais escuro. As terminações da Zona da Matéria
Orgânica, de maneira geral nos cromatogramas das três amostras, se mostram pontiagudos e
não atingem o final da Zona Húmica, padrão não desejável. A Zona Húmica também não se
mostra como adequada, com raras bolhas, em todas as amostras. Na Figura 7 é apresentado um
cromatograma que representa este sistema.
41

Esse uso do solo precisa receber intervenções para melhoria de sua qualidade que, no
momento, não está adequada. Isso pode ser o resultado da idade do plantio aliado ao
espaçamento pouco denso que não permite acúmulo de material vegetal sobre o solo, que,
acredita-se, desta forma ativaria a atividade microbiológica para melhorar as condições do solo.

A princípio, o sistema LC tem qualidade do solo inferior a BN.

a) central

b) mineral

c) matéria orgânica

d) húmus

Figura 7 ‒ Cromatograma da lichia.

Fonte: Autoria própria.

O sistema agroflorestal possui uma boa Zona Central. Sua Zona Mineral apresenta
coloração avermelhada, em menor intensidade quando comparada à LC, seguida de
acinzentada. Segundo Kokornaczyk et al. (2016), ao estudar a correlação de parâmetros dos
cromatogramas com a análise química dos solos, verificou que formações concêntricas são
indicadores de solos mais pobres, enquanto formações radiais indicam solos com melhores
características. De fato, foi visto que o SAF obtém menor qualidade devido a esse anel
concêntrico, marcado pela coloração acinzentada.

A Zona da Matéria Orgânica está marrom escura e fina, o que significa que o sistema está
mineralizando e pode conter óxidos de ferro, e a matéria orgânica está mais escassa por se ter
uma decomposição mais rápida. Suas terminações são irregulares e de volume variado para
todas as amostras. A Zona Húmica apresenta algumas bolhas (Figura 8).
42

Este solo, em um sistema relativamente novo e com manejo constantes, precisa ser
acompanhado ao longo do tempo para que se verifique as alterações em sua qualidade que, por
se tratar de um manejo agroecológico e com abundância de espécies, espera-se que tenha sua
qualidade melhorada. Sua qualidade do solo é inferior a BN.

a) central

b) mineral

c) matéria orgânica

d) húmus

Figura 8 ‒ Cromatograma do sistema agroflorestal.

Fonte: Autoria própria.

O milho convencional ou transgênico apresenta boa Zona Central. Sua Zona Mineral é
bem mais clara que a Zona da Matéria Orgânica, e existe um anel de cor marrom avermelhada
entre as duas Zonas, o que indica que ambas não estão bem integradas e harmônicas. A Zona
da Matéria Orgânica é bem fina, com terminações variadas, entre cromatogramas que as
mostram pontiagudas sem atravessar até a borda da Zona Húmica (Figura 11c), e em dois
cromatogramas a Zona Húmica não aparece, porém a causa foi identificada como erro
sistemático pelo preenchimento do papel com a coloração acinzentada, não descrito na literatura
(Figura 11d). A Zona Húmica, quando presente, não apresenta bolhas. Na Figura 9 tem-se um
representante deste solo.

Este sistema é de qualidade inferior quando comparado aos demais, por mostrar uma
condição de estagnação, quando na verdade é manejado anualmente para as culturas agrícolas,
ou seja, o manejo ao qual está submetido não melhora sua qualidade.
43

a) central

b) mineral

c) matéria orgânica

d) húmus

Figura 9 ‒ Cromatograma do milho convencional transgênico.

Fonte: Autoria própria.

A mata ciliar apresenta boa Zona Central. É o sistema que melhor integra as Zonas
Mineral e da Matéria Orgânica, com cores que pouco se diferem, o que indica que o processo
de decomposição está acontecendo, com ótimo balanço entre quantidade de matéria orgânica e
de minerais. As terminações da Zona da Matéria Orgânica estão bem formadas, irregulares e
com volume adequado, passando pela Zona Húmica que apresenta coloração marrom clara com
pontos marcantes em um marrom mais escuro e presença de bolhas (Figura 10). A qualidade
do solo de MT segue os padrões identificados para solos ideais dos autores referências.

Ao comparar todos os cromatogramas, verifica-se que a MT tem a melhor qualidade do


solo, seguida por BN. O solo com menor qualidade é o MC, que se mostra mais “travado”,
menos harmônico. Para os demais ainda não é possível dizer sua posição. Por meio da análise
da chave de interpretação, as diferenças sutis entre os demais ficarão mais evidentes e então
será possível elencar o sistema com melhor qualidade do solo para o de menor qualidade com
precisão.
44

a) central

b) mineral

c) matéria orgânica

d) húmus

Figura 10 ‒ Cromatograma da mata ciliar.

Fonte: Autoria própria.

Outra característica importante é a presença e a forma das radiações, que foi encontrada
para todos os cromatogramas de maneira ideal. Essas radiações são desenhos em forma de penas
(Figura 11e), de coloração esbranquiçada, que vão desde o início da Zona Mineral até as pontas
da Zona da Matéria Orgânica. Quando o solo é de má qualidade, não se observa qualquer
radiação ou se tem, ao invés de penas, apenas riscos sem ramificações.

Figura 11 ‒ Particularidades encontradas nos cromatogramas. a) Zona Mineral do bananal com


coloração marrom acinzentada; b) Coloração acinzentada na Zona Externa do pasto (PA); c) Zona da
Matéria Orgânica com terminações pontiagudas do sistema milho (MC); d) Zona Externa inexistente no
sistema milho (MC); e e) Radiações esbranquiçadas em forma de penas, presente em todos os
cromatogramas.

Fonte: Autoria própria.


45

As radiações são resultadas do caminho das partículas pequenas que tem que passar pelas
partículas maiores dos minerais e da matéria orgânica. Isso ocorre devido a pouca solubilidade
do hidróxido de prata, produto da oxidação do nitrato de prata, que fica parcialmente preso nos
poros e dificulta o movimento das partículas maiores, que assim ficam retidas na parte mais
interna do cromatograma. Assim, o conteúdo de matéria orgânica também está relacionado a
presença de radiações. Além disso, essas pequenas partículas, ao sair dos canais criados pelas
radiações, formam pequenas manchas na Zona Externa (KOKORNACZYK et al., 2016). As
manchas foram encontradas por Siqueira (2016), indicando a presença de frações húmicas e
substâncias estáveis. Nos cromatogramas estudados, a matéria orgânica e as radiações estão
presentes, variando a cor e a forma da matéria orgânica dependendo do sistema, assim como as
manchas da Zona Externa.

Apesar das diferenças entre os sistemas analisados, é importante dizer que nenhum se
encontra em estado crítico pelos padrões demonstrados em Rivera e Pinheiro (2011).

Os cromatogramas resultados desta pesquisa não apresentaram cores indesejadas que


indicam excesso de adubação ou excesso de aplicação de agrotóxicos, nem mesmo mecanização
intensa que poderia compactar o solo, que seriam cores muito brancas ou muito negras; em
suma, todas as Zonas Centrais estão ideais (RIVERA; PINHEIRO, 2011).

Os cromatogramas demonstram distintas fases da decomposição da matéria orgânica por


meio das cores das Zonas Mineral e da Matéria Orgânica, apresentam com isso a atividade
microbiológica, cuja função essencial para os cultivos é realizar a mineralização da matéria
orgânica e fazê-la disponível para utilização pelas plantas. Nenhum destes sistemas é
desprovido de atividade microbiológica, uma vez que, com Zonas Centrais ideais, existe
aeração no solo e condições para os micro-organismos aeróbicos realizarem suas funções
(RIVERA; PINHEIRO, 2011). Segundo Pavinato e Rosolem (2008), quando se mantém
resíduos orgânicos sobre o solo, a ação dos micro-organismos é mais lenta, dado o menor
contato da matéria com o solo, porém há um contínuo acréscimo da fertilidade do solo pela
liberação de compostos de baixa massa molecular e pelo constante aporte de material; em
sistemas mais convencionais, ocorre a rápida decomposição após a incorporação da matéria
orgânica no solo e não há continuidade do processo por não se ter mais aporte deste material.

Para Moreira e Siqueira (2006), a comunidade biológica é favorecida no plantio direto


em detrimento do convencional, uma vez que no primeiro há maior acúmulo de matéria
orgânica vegetal, importante por ser fonte de carbono e nutrientes, e ainda pela ausência de
46

mecanização. Por isso, esperava-se essa característica reduzisse a qualidade do solo nos
sistemas LC e MC, que de fato ocorreu ao observar os cromatogramas.

Segundo Siqueira (2016), em estudo sobre o efeito de palhada de feijão e milho como
cobertura morta, observou-se a ocorrência de bolhas na Zona Externa nos solos com cobertura.
Esses resultados corroboram os encontrados para este trabalho que encontrou essas bolhas com
maior expressividade nos sistemas com cobertura morta, como a mata ciliar, indicando um
processo da atividade microbiológica de formar e liberar compostos.

O olhar sobre um cromatograma sem a tecnologia da AAT desenvolvida na Índia torna


difícil a assertividade sobre o conteúdo da Zona Mineral. Este trabalho não tem pretensões de
fornecer uma análise detalhada deste aspecto, e sim uma visão integrada da qualidade do solo.
O solo tem boa qualidade se as diferentes Zonas se relacionam, isto é, se os micro-organismos
aeróbicos têm condições de realizar suas atividades de decomposição da matéria orgânica, as
fases deste processo e se este conteúdo está sendo disponibilizado às culturas. Se alguma Zona
se apresenta crítica, dificilmente as demais Zonas estarão bem formadas.

Pfeiffer (1984) traz a importância de se distinguir a fase da decomposição, que afeta o pH


e, consequentemente, influencia a solubilidade dos nutrientes. Um pH 5 a 6,5 indica que a
primeira fase da decomposição está ocorrendo, que é aquela que libera ácidos. Ocorre uma
diminuição da matéria orgânica, uma vez que os micro-organismos estão a consumindo e
produzindo CO2. Nos cromatogramas, essa fase é marcada por uma coloração marrom escura.
Quando em transição de ácido para neutro (pH 7), a segunda fase se inicia e a atividade aeróbica
que forma o húmus produz uma reação alcalina (pH 7,1 a 8), o que indica o começo da
estabilização do húmus. Nesta fase, ocorre aumento da matéria orgânica, pois há crescimento
da população de micro-organismos. A coloração indicativa nos cromatogramas é marrom claro.
Segundo Moreira e Siqueira (2006), ao final da decomposição, os restos celulares, metabólitos
microbianos e complexos organominerais atuam como moléculas quimicamente estáveis, que
se denomina húmus. Após essa fase, tem-se a mineralização, que é quando as proteínas e
aminoácidos foram quebradas em compostos mais simples (PFEIFFER, 1984). A coloração nos
cromatogramas é violeta ou acinzentada (RIVERA; PINHEIRO, 2011). A identificação da fase
da decomposição a qual o solo se encontra é importante para entender o estado do solo,
principalmente se for estudado ao longo do tempo e para sistemas em transição, além de ser
uma ferramenta útil para o planejamento das intervenções.
47

Os sistemas estudados neste trabalho encontram-se em diferentes fases de decomposição,


ao observar as Zonas Interna e Intermediária em conjunto. Pelos cromatogramas, pode-se inferir
que BN e MC estão em transição entre a primeira e segunda fase, PA e SAF estão em transição
da segunda fase para a terceira, enquanto que LC e MT estão na segunda fase.

É possível que BN esteja em transição para a segunda fase devido a aplicação de EkoSil
® e Yoorin ®, fertilizante potássico com pH alcalino e fertilizante, além de Minho Fértil ®, um
composto orgânico. Ele também tinha boa cobertura sobre o solo, de modo que não há risco de
ficar completamente mineralizado. Já o sistema MC pode estar nessa condição devido ao ciclo
curto e ao manejo convencional, que faz as intervenções no solo com mais frequência, e assim
ativa os micro-organismos.

Nos sistemas PA e SAF foram utilizados Ekosil ®, e no SAF foi adicionado Yoorin ®,
Minho Fértil ® e esterco de curral. A transição em que PA e SAF estão deve-se, provavelmente,
ao recente manejo na área, que fez com que se acelerasse a atividade dos micro-organismos.
Porém, no momento da coleta estavam com uma boa cobertura morta — o pasto tinha sido
roçado e a palhada secava sobre o solo —, o que garante que o solo não fique inteiramente
mineralizado e travado na terceira fase.

O sistema LC também está em transição, mas sua predominância está na segunda fase.
Isso pode ser resultado da aplicação de fertilizantes Ekosil ®, Yoorin ®, Minho Fértil ® e
esterco de curral.

A MT se encontra completamente na segunda fase, indicando que mantem um bom


equilíbrio no conteúdo de minerais e matéria orgânica, devido à falta de intervenção humana,
ao constante aporte de material verde sobre o solo e a atividade microbiológica ativa.

5.3 Cromatografia de Pfeiffer – análise quantitativa

Os cromatogramas passaram por uma análise a partir da Chave de Interpretação criada


(Apêndice 1, que inclui a chave e a galeria de imagens referências). Embora fossem muito
parecidos, o desafio foi encontrar as diferenças, às vezes sutis entre um e outro, para finalmente
atribuir uma nota e analisar, por meio do teste não paramétrico Kruskal Wallis, se existia
diferença estatística entre as quatro Zonas dentro dos sistemas estudados.
48

Em um primeiro momento, obteve-se os dados da estatística descritiva (Tabela 2), que


mostrou que os desvios padrão da Zona Interna e Externa foram maiores em relação aos demais,
indicando que para essas Zonas as amostras foram pouco homogêneas. Ao todo, foram 18
amostras.

Tabela 2 ‒ Estatística descritiva para as diferentes Zonas dos cromatogramas.

Zona Média Desvio Padrão Mínimo Máximo


Central 8,44 0,55 7,00 9,00
Interna 7,00 1,37 5,00 9,00
Intermediária 7,68 0,68 6,33 9,00
Externa 7,24 1,37 3,67 9,00

A mata ciliar recebeu as maiores notas, considerando todas as Zonas. As menores notas,
que marcam os valores indicados em mínimo, referem-se aos sistemas lichia, na Zona Central,
sistema agroflorestal na Zona Interna e milho convencional, nas Zonas Intermediária e Externa.
Os valores da média e desvio padrão, no entanto, indicam que nenhum sistema está com sua
qualidade do solo destruída ou de má qualidade.

Nas estatísticas do teste Kruskal Wallis, obteve-se os seguintes resultados (Tabela 3).

Tabela 3 ‒ Resultados do teste Kruskal Wallis.

Zona Central Zona Interna Zona Intermediária Zona Externa


H de Kruskal Wallis 5,108 12,846 15,115 13,925
Gl 5 5 5 5
Significância 0,403 0,025 0,010 0,016
Nível de significância α = 0,05.

Para entender melhor as variações, o gráfico boxplot foi feito para todas as Zonas
(Figura 12).
49

Figura 12 ‒ Boxplot para as quatro Zonas dos cromatogramas, em relação aos sistemas.

Fonte: Autoria própria.

O teste mostrou que somente na Zona Central não houve diferença significativa. Na
Figura 12, existe maior variação dos dados em cada sistema e medianas não muito distantes
entre si. Para as demais Zonas, foi preciso fazer a comparação par a par para verificar quais
sistemas diferiam entre si, embora pela Figura 12 seja possível inferir, uma vez que agora as
medianas se diferem muito visualmente e as variações por sistema são menores. O resultado foi
que, na Zona Interna, o sistema agroflorestal se difere da mata ciliar, enquanto todos os outros
são iguais estatisticamente. Para a Zona Intermediária e Externa, o sistema que diferiu da mata
ciliar foi o milho convencional.

Com esses resultados, é possível concluir que a mata ciliar foi uma referência de solo de
boa qualidade, ao considerar o conjunto das Zonas, e que o sistema milho convencional foi o
que apresentou qualidade inferior em relação aos demais.

Para comparar os resultados por sistema dos cromatogramas com os obtidos pelos
indicadores de Altieri e Nicholls, é possível colocar ambos frente ao índice de qualidade ordinal,
que cria uma escala do pior para o melhor solo.
50

Para Altieri e Nicholls, foi encontrada uma média de 30,76 e desvio padrão de 3,21. Esses
valores foram considerados para criação do IQS ordinal e estão apresentados no Esquema 3.

24,34 27,55 30,76 33,97 37,18


péssimo regular médio bom ótimo

Esquema 3 ‒ Índice de qualidade do solo ordinal para Altieri e Nicholls.

Com isso, os sistemas foram elencados e demonstrados na Tabela 4.

Tabela 4 ‒ Índice de qualidade do solo por Altieri e Nicholls (IQS AN).

Sistemas IQSAN
Sistema agroflorestal 34,93 Bom
Bananal 32,00 Médio
Pasto 31,80 Médio
Mata ciliar 31,80 Médio
Lichia 28,20 Regular
Milho convencional 25,87 Péssimo

Para os cromatogramas, a média encontrada foi de 30,37 e desvio padrão de 2,65. O


Esquema 4 apresenta a escala.

25,06 27,71 30,37 33,02 35,68


péssimo regular médio bom ótimo

Esquema 4 ‒ Índice de qualidade do solo ordinal para Cromatografia de Pfeiffer.

Com a classificação numérica ordinal do Esquema 3, os sistemas foram elencados e


apresentados na Tabela 5.
51

Tabela 5 ‒ Índice de qualidade do solo pela Cromatografia de Pfeiffer (IQSCP).

Sistemas IQSCP
Mata ciliar 35,00 Bom
Bananal 31,00 Médio
Lichia 30,44 Médio
Pasto 29,89 Médio
Sistema agroflorestal 28,78 Regular
Milho convencional 27,11 Péssimo

O MC havia recebido as menores notas para os indicadores de Altieri e Nicholls, em


Matéria Orgânica, Atividade Microbiológica e Infiltração/Compactação. Os dois primeiros
indicadores corroboram o verificado pela Cromatografia de Pfeiffer pelas Zonas Intermediária
e Externa, e a Infiltração/Compactação, que seria a Zona Central, na realidade não foi dada
como estatisticamente significativa. Pelas Tabelas 4 e 5, verifica-se que esses resultados se
relacionam: ambos indicam que MC é um solo de péssima qualidade.

O indicador Estrutura do solo, que foi visto que não refletiu a qualidade do solo para esse
caso, e que por isso causou um rebaixamento da nota para MT, estava relacionado às
integrações entre as Zonas dos cromatogramas. Somente a Zona Externa recebeu nota mínima
no indicador integração, e manteve-se como bom para as Zonas Interna e Intermediária e como
regular (em poucos casos) ou bom para a Zona Central. Isso indica que ele não variou com
expressividade pelos cromatogramas e, portanto, deve ser considerado que todos os sistemas
foram iguais nesse quesito. O IQSAN se difere do IQSCP para MT por causa desse indicador, que
não foi sensível para a realidade amostrada.

O SAF, por sua vez, gerou IQS distantes entre si pelo fato de apresentar nos
cromatogramas uma Zona Mineral marrom acinzentada, que diminuiu consideravelmente sua
nota. Como o IQSAN não diagnostica os minerais, a nota do SAF por ele foi alta em todos os
indicadores, causando essa divergência entre IQSCP e IQSAN.

O sistema LC subiu um patamar na escala, de regular para médio, em IQS AN e IQSCP,


respectivamente. Isso se deve, principalmente, à compactação, que foi encontrada nas duas
metodologias, porém para Cromatografia de Pfeiffer foi considerada estatisticamente
insignificante, e foi marcada por Altieri e Nicholls.

Os sistemas PA e BN mantiveram suas posições em médio.


52

As variações entre um método e outro se dá pela sensibilidade de cada um de detectar as


diferenças entre os solos. Enquanto que nos indicadores de Altieri e Nicholls as notas foram
influenciadas negativamente pelo indicador Estrutura, que foi verificado que não refletiu a
realidade estudada, nos cromatogramas a análise foi mais completa, verificando-se amiúde as
diferenças entre eles e constatando que, sim, MT é um sistema referência de boa qualidade, por
ter-se mostrado um solo mais integrado, harmônico e com todas as características em pleno
funcionamento, e que MC foi o de menor qualidade pelo comportamento mais “travado”, menos
harmônico.

A intenção de usar os indicadores de Altieri e Nicholls para olhar melhor para os


cromatogramas foi importante para anotar observações de campo e fazer um diagnóstico geral,
mas não para estabelecer um índice de qualidade do solo ordinal, de um sistema de melhor
qualidade para um de menor qualidade. Provavelmente se tivessem sido utilizados mais
indicadores, ao invés de somente quatro, os resultados seriam mais aproximados aos dos
cromatogramas.

Quanto ao uso da Cromatografia de Pfeiffer, observou-se que os sistemas estudados eram


muito sutis em alguns aspectos e precisavam de uma padronização para serem melhor
separados. A chave de interpretação foi essencial para detectar essas diferenças e, com a galeria
de imagens da chave e seu detalhamento, foi possível atribuir notas adequadas e analisar
estatisticamente.

Para uma melhor visão dos agroecossistemas, recomenda-se que seja feito um estudo pela
Cromatografia de Pfeiffer ao longo do tempo, para sensibilizar o leitor da chave de interpretação
e assim melhor detectar as diferenças dos cultivos. A chave proposta pode ser alterada, a fim
de se adequar as realidades de cada propriedade rural ou aos propósitos de outros estudos.
53

6 CONCLUSÃO

Os resultados encontrados por meio da metodologia de Altieri e Nicholls foram


importantes para detectar características gerais, porém o indicador Estrutura foi pouco sensível
às diferentes condições em que os sistemas estavam, principalmente no sistema mata ciliar.
Recomenda-se que se aumente o número de indicadores para obter melhores resultados, e se
escolha aqueles que são mais sensíveis ao manejo. Por Altieri e Nicholls, os sistemas foram
classificados, da menor para a melhor qualidade: milho convencional, lichia, pasto, mata ciliar,
bananal e sistema agroflorestal.

A Cromatografia de Pfeiffer, por sua vez, se mostrou uma técnica eficiente para analisar
a qualidade do solo como um todo, ou seja, considerou as características físicas, químicas e
biológicas do solo. Aliada a chave de interpretação, ela é capaz de se tornar mais sensível às
diferenças encontradas que, em alguns casos, como os que foram estudados neste trabalho,
podem ser sutis.

A chave de interpretação padroniza a identificação das características e facilita a leitura


dos cromatogramas, uma vez que analisa cada Zona por três atributos determinantes da
qualidade do solo e traz uma galeria de imagens para cada cenário dos atributos. Por meio dela
foi possível estabelecer uma escala da qualidade do solo. Somente o milho convencional
transgênico obteve qualidade péssima, e o único sistema com qualidade boa foi a mata ciliar. O
bananal, o pasto e a lichia obtiveram qualidade média, enquanto o SAF foi classificado como
solo de qualidade regular.

A fim de melhorar a chave de interpretação, sugere-se que sejam realizados trabalhos para
analisar sistemas de plantio ao longo do tempo. Esse estudo seria especialmente importante para
o caso de propriedades rurais em transição agroecológica, a fim de mostrar as variações na
qualidade do solo dada pelo manejo e assim auxiliar o planejamento e a tomada de decisões.
54

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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60

APÊNDICE 1 ‒ CHAVE DE INTERPRETAÇÃO DA QUALIDADE DO SOLO POR MEIO DA CROMATOGRAFIA DE PFEIFFER

CT1. ZONA CENTRAL

Zona ausente................................................................................................................................................................................................................0 ∑CT1

Zona presente................................................................................................................................................................................................................
A

Aa. Coloração branca ou negra...................................................................................................................................................................................1

Ab. Coloração marrom clara.......................................................................................................................................................................................2

Ac. Coloração creme...................................................................................................................................................................................................3


B

Ba. Forma circular com borda lisa definida................................................................................................................................................................1

Bb. Forma circular com borda lisa pouco definida.....................................................................................................................................................2

Bc. Forma circular com borda irregular......................................................................................................................................................................3


C

Ca. Transição de Zona marcada por linha....................................................................................................................................................................1

Cb. Desvanecimento suave para a próxima Zona........................................................................................................................................................2


61

Cc. Desvanecimento suave e reentrâncias na próxima Zona.......................................................................................................................................3 ∑CT1

∑CT1 = Nota A + Nota B + Nota C


ou
CT1 = Nota da Zona Ausente
CT2

CT2. ZONA INTERNA

Aa. Coloração acinzentada, violeta ou azulada...........................................................................................................................................................1

Ab. Coloração marrom escura ou pouco acinzentada.................................................................................................................................................2

Ac. Coloração marrom clara ou amarelada.................................................................................................................................................................3


B

Ba. Forma circular com borda lisa definida................................................................................................................................................................1

Bb. Forma circular com borda lisa pouco definida.....................................................................................................................................................2

Bc. Forma circular com borda irregular......................................................................................................................................................................3


C

Ca. Ausência de radiações...........................................................................................................................................................................................1

Cb. Presença de radiações lisas...................................................................................................................................................................................2


62

Cc. Presença de radiações em forma de penas............................................................................................................................................................3 ∑CT2

∑CT2 = Nota A + Nota B + Nota C CT3

CT3. ZONA INTERMEDIÁRIA

Zona ausente................................................................................................................................................................................................................0 ∑CT3

Zona presente................................................................................................................................................................................................................
A

Aa. Coloração acinzentada ou marrom muito escura..................................................................................................................................................1

Ab. Coloração marrom escura.....................................................................................................................................................................................2

Ac. Coloração marrom clara ou amarelada.................................................................................................................................................................3


B

Ba. Forma circular com borda externa pontiaguda ou grossas....................................................................................................................................1

Bb. Forma circular com borda externa pouco pontiagudas ou grossas ou pouco irregulares ou distância de menos 1,5 cm dos vales da borda .....2

Bc. Forma circular com borda externa de pontas irregulares e distância de pelo menos 1,5 cm dos vales da borda.................................................3
C

Ca. Ausência de radiações e transição da Zona com a Zona anterior marcada por linha.............................................................................................1
63

Cb. Presença de radiações lisas..................................................................................................................................................................................2

Cc. Presença de radiações em forma de penas...........................................................................................................................................................3 ∑CT3

∑CT3 = Nota A + Nota B + Nota C


ou
CT3 = Nota da Zona Ausente
CT4

CT4. ZONA EXTERNA


Zona ausente................................................................................................................................................................................................................0 ∑CT4

Zona presente................................................................................................................................................................................................................
A

Aa. Coloração esbranquiçada......................................................................................................................................................................................1

Ab. Coloração marrom clara com manchas marrons não ou pouco definidas............................................................................................................2

Ac. Coloração marrom muito clara ou amarelada com manchas marrons clara bem definidas.................................................................................3
B

Ba. Formas de “dentes” ou “gomos” regulares...........................................................................................................................................................1

Bb. Formas de “dentes” ou “gomos” pouco regulares ou formas irregulares grandes...............................................................................................2


64

Bc. Formas irregulares................................................................................................................................................................................................3


C

Ca. Ausência de bolhas...............................................................................................................................................................................................1

Cb. Presença de poucas bolhas (1 a 3)........................................................................................................................................................................2

Cc. Presença de muitas bolhas (mais que 3)...............................................................................................................................................................3 ∑CT4

∑CT4 = Nota A + Nota B + Nota C


ou
CT4 = Nota da Zona Ausente
TABELA DE NOTAS

Com todas as notas atribuídas, pode-se preencher a Tabela de Notas para encontrar o Índice de Qualidade do Solo (IQS).

Tabela de notas da qualidade do solo.

Sistema Categoria Nota IQS


1 x
4
2 x
Sistema 1 ∑𝑥
3 x 1
4 x
65

CT1. Zona central

Aa Ab Ac

ausente
Cor negra
ou branca

coloração
Ba Bb Bc

forma
Ca Cb Cc

integração
66

CT2. Zona interna

Aa Ab Ac

coloração

Ba Bb Bc

forma

Ca Cb Cc

integração
67

CT3. Zona intermediária

Aa Ab Ac

coloração

Ba Bb Bc

forma

Ca Cb Cc

integração
68

CT4. Zona externa


ausente
Aa Ab Ac
Coloração
coloração esbranquiçada

Ba Bb Bc
Dentes, gomos
forma regulares

Ca Cb Cc

integração
69

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