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Cordeiro Hidrologia Aplicada pdf

Engenharia Civil (Universidade de Pernambuco)

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Baixado por R Rodrigues (documentostecnicos2020@gmail.com)
lOMoARcPSD|6793359

Universidade Regional de Blumenau - FURB


Centro de Ciências Tecnológicas - CCT
Departamento de Engenharia Civil

Prof°. Ademar Cordero, Dr.


Engenheiro Civil - UCPEL
Mestre em Recursos Hídricos e Saneamento – UFRGS/IPH
Doutor em Engenharia Hidráulica – Politécnico de Milão/Itália

CAMPUS II - FURB
End: Rua São Paulo, 3250 CEP: 89030-000 Blumenau/SC.
Blumenau, 2013.

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Apostila de Hidrologia - Curso de Engenharia Civil – Universidade Regional de Blumenau – SC 2

SUMÁRIO
1 CONCEITOS BÁSICOS E CICLO HIDROLÓGICO.................................................... 6
1.1 CONCEITO DE HIDROLOGIA ................................................................................... 6
1.2 HIDROLOGIA NAS ENGENHARIAS.......................................................................... 6
1.3 USO DA ÁGUA.......................................................................................................... 7
1.4 VOLUMES DE ÁGUA NO PLANETA TERRA E O CICLO HIDROLÓGICO ................. 9
1.4.1 A água no planeta Terra .............................................................................................. 9
1.5 CICLO HIDROLÓGICO ........................................................................................... 10
1.6 HIDROLOGIA APLICADA ...................................................................................... 12
1.7 QUANTIDADE DE ÁGUA ....................................................................................... 12
1.8 QUALIDADE DA ÁGUA ......................................................................................... 12
2 BACIAS HIDROGRÁFICAS ..................................................................................... 13
2.1 CONCEITO .............................................................................................................. 13
2.2 INDIVIDUALIZAÇÃO .............................................................................................. 13
2.3 ÁREA DA BACIA .................................................................................................... 13
2.4 BACIA COMO SISTEMA ......................................................................................... 14
2.5 RIOS, RIBEIRÕES E CÓRREGOS .............................................................................. 14
2.5.1 Definição ................................................................................................................ 14
2.5.2 Classificação dos rios .............................................................................................. 14
2.5.2.1 Baseada na permanência ou não de água durante o ano .............................................. 14
2.5.2.2 Denominação: Rio, Ribeirão ou Córrego ........................................................... 14
2.5.3 CARACTERÍSTICAS FLUVIOMORFOLÓGICAS ................................................... 14
2.5.3.1 Índice de conformação .......................................................................................... 14
2.5.3.2 Índice de compacidade .......................................................................................... 15
2.5.3.3 Densidade de drenagem e Densidade de confluência ................................................ 15
2.5.3.4 Sinuosidade do curso d’água ................................................................................. 16
2.5.3.5 Sistema de ordenamento dos canais ........................................................................ 16
2.5.3.6 Declividade e perfil longitudinal de um curso d’água .............................................. 17
3 PRECIPITAÇÃO ....................................................................................................... 19
3.1 CONCEITO ............................................................................................................ 19
3.2 FORMAÇÃO DAS CHUVAS ................................................................................... 19
3.3 CLASSIFICAÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES ................................................................. 19
3.3.1 Chuvas Convectivas (“chuvas de verão”) .................................................................. 19
3.3.2 Chuvas Orográficas .................................................................................................. 20
3.3.3 Chuvas Frontais ....................................................................................................... 20
3.4 MEDIDAS DE PRECIPITAÇÃO ................................................................................ 20
3.4.1 Pluviômetros .......................................................................................................... 21
3.4.1.1 Instalação do aparelho............................................................................................ 22
3.4.2 Pluviógrafos ......................................................................................................... 22
3.4.2.1 Variedade de Aparelhos .................................................................................... 22
3.4.2.2 Tipos de Pluviógrafos ........................................................................................... 22
3.4.3 Pluviogramas .......................................................................................................... 23
3.4.4 Ietogramas.............................................................................................................. 23
3.4.5 Manipulação e processamento dos dados pluviométricos ............................................. 24
3.4.6 Variação geográfica e temporal das precipitações ....................................................... 25
3.4.6.1 Variação geográfica .............................................................................................. 25
3.4.6.2 Variação temporal ................................................................................................. 25
3.5 PRECIPITAÇÕES MÉDIAS SOBRE UMA BACIA HIDROGRÁFICA ......................... 26
3.5.1 Método da média aritmética ..................................................................................... 27
3.5.2 Método de Thiessen ................................................................................................ 27

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3.5.3 Método das Isoietas ................................................................................................. 28


3.6 ALTURA PLUVIOMÉTRICA ANUAL ...................................................................... 29
3.6.1 Média, Desvio Padrão, Variância, Coeficiente de Variação e Valores Extremos ............. 29
3.6.2 Frequência de totais anuais....................................................................................... 29
3.7 ALTURA PLUVIOMÉTRICA MENSAL ..................................................................... 30
3.8 ALTURA PLUVIOMÉTRICA DIÁRIA ....................................................................... 30
3.9 CHUVAS INTENSAS ............................................................................................... 30
3.10 DURAÇÃO, INTENSIDADE E FREQUÊNCIA DAS PRECIPITAÇÕES ..................... 31
3.10.1 Tipos de séries usadas nas análises estatísticas .......................................................... 31
3.10.2 Variação da intensidade com a freqüência ................................................................ 31
3.10.3 Relação Intensidade – Duração – Frequência (I-D-F) ............................................... 32
3.10.4 Equações e gráficos de chuvas intensas ................................................................... 33
3.10.5 Exercício ............................................................................................................... 34
3.10.5.1 Relação entre chuvas máximas de 1 dia e 24 horas .................................................. 36
3.10.5.2 Relações entre chuvas de diferentes durações ......................................................... 36
4 INTERCEPTAÇÃO E ARMAZENAMENTO ............................................................... 38
4.1 CONCEITO ............................................................................................................. 38
4.2 INTERCEPTAÇÃO VEGETAL ................................................................................ 38
4.2.1 Medições das variáveis ........................................................................................ 38
4.3 ARMAZENAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA ........................................................... 39
5 EVAPOTRANSPIRAÇÃO - EVAPORAÇÃO E TRANSPIRAÇÃO ............................ 40
5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 40
5.2 EVAPORAÇÃO ........................................................................................................ 42
5.2.1 Medição de evaporação ............................................................................................ 42
5.2.2 Determinação da Evaporação .............................................................................. 42
5.3 TRANSPIRAÇÃO...................................................................................................... 43
5.4 EVAPOTRANSPIRAÇÃO.......................................................................................... 43
5.4.1 Medição da evapotranspiração por Lisimetro .............................................................. 43
5.4.2 Estimativa da evapotranspiração por balanço hídrico ................................................... 44
5.4.3 Determinação da Evapotranspiraçao Potencial............................................................. 45
5.4.4 Evapotranspiração da Cultura .................................................................................... 46
5.5 EVAPORAÇÃO EM RESERVATÓRIOS ................................................................... 46
5.5.1 Através do Tanque Classe A ..................................................................................... 46
5.5.2 Através do Balanço Hídrico ..................................................................................... 47
6 INFILTRAÇÃO, ARMAZENAMENTO E ÁGUA SUBTERRÂNEA ......................... 49
6.1 INFILTRAÇÃO......................................................................................................... 49
6.2 EQUAÇÃO DE HORTON ....................................................................................... 49
6.3 MOVIMENTO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA - EQUAÇÃO DE DARCY. .................... 50
6.4 ARMAZENAMENTO DA ÁGUA ............................................................................... 51
7 VAZÕES DE ENCHENTES....................................................................................... 52
7.1 ENTENDIMENTO DE UMA ENCHENTE ................................................................ 52
7.1.1 Hidrograma .......................................................................................................... 52
7.1.1.1 Precipitação inicial............................................................................................ 52
7.1.1.2 Escoamento superficial .................................................................................... 53
7.1.1.3 Tempo de concentração (tc) .............................................................................. 53
7.1.1.4 Tempo de retardamento da bacia ou tempo de retardo .................................... 53
7.2 PERÍODO DE RETORNO ..................................................................................... 53
7.2.1 Escolha do período de retorno ............................................................................ 53
7.3 VAZÃO MÁXIMA .................................................................................................... 53
7.3.1 Método racional ................................................................................................... 54
7.3.1.1 Área da bacia (A) ............................................................................................. 54

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7.3.1.2 Coeficiente de escoamento superficial (C)........................................................ 55


7.3.1.3 Intensidade da precipitação na bacia (i)........................................................... 55
7.3.1.4 Para determinar o tempo de concentração de uma bacia. ............................... 56
7.3.2 Métodos estatísticos............................................................................................ 57
7.3.2.1 Método de Gumbel ............................................................................................ 57
7.3.2.2 Método Log-Normal.......................................................................................... 59
7.3.2.3 Ajuste de distribuição considerando marcas históricas de enchentes .............. 59
7.3.2.4 Período de retorno/risco .................................................................................... 59
7.3.3 Hidrograma Unitário ............................................................................................... 63
7.3.3.1 Proporcionalidade ................................................................................................. 64
7.3.3.2 Superposição ........................................................................................................ 65
7.3.3.3 Convolução .......................................................................................................... 65
7.3.3.4 Hidrograma Unitário Sintético ............................................................................... 66
7.3.3.5 Hidrograma Unitário Triangular do SCS (HUT-SCS) ............................................. 67
7.3.3.6 Distribuição temporal das chuvas de projeto ........................................................... 69
7.3.3.7 Atenuação das chuvas com a área............................................................................ 69
7.3.3.8 Vazões máximas com base em transformação chuva-vazão........................................ 70
7.3.3.9 Vazões máximas usando o hidrograma unitário ........................................................ 70
7.3.3.10 Chuva efetiva ou volume de escoamento: Método SCS ........................................... 70
8 MEDIÇÕES DE VAZÕES E CURVA-CHAVE ............................................................ 76
8.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 76
8.2 MEDIÇÃO DE VAZÃO ........................................................................................... 76
8.2.1 Tipos de medição de vazões ...................................................................................... 76
8.2.1.1 Volumétrico ......................................................................................................... 76
8.2.1.2 Calhas Parshall ..................................................................................................... 77
8.2.1.3 Vertedores ............................................................................................................ 78
8.2.1.5 Medição de vazão com molinete ............................................................................. 81
8.2.1.5.1 Medição a vau ................................................................................................... 82
8.2.1.5.2 Sobre ponte ........................................................................................................ 82
8.2.1.5.3 Com teleférico.................................................................................................... 83
8.2.1.5.4 Com barco fixo .................................................................................................. 83
8.2.1.5.5 Com barco móvel ............................................................................................... 84
8.2.1.5.6 Cálculo de uma vazão ......................................................................................... 84
8.2.1.5.7 Alguns perfis de velocidades................................................................................ 85
8.2.1.5.8 Média da área da seção e determinação da área de influência ................................... 86
8.3 MEDIÇÃO DO NÍVEL D`ÁGUA ............................................................................... 89
8.3.1 Régua limnímetrica .................................................................................................. 89
8.3.2 Linígrafo ................................................................................................................. 90
8.3.3 Quanto à gravação ................................................................................................... 90
8.4 CURVA-CHAVE ..................................................................................................... 91
8.4.1 Validade da curva-chave ........................................................................................... 92
8.4.1.1 Variação da curva-chave com o tempo ..................................................................... 92
8.4.1.2 Extrapolação da curva-chave .................................................................................. 93
8.5 DETERMINAÇÃO DA VAZÃO PELO MÉTODO DE MANNING............................... 94
9 CONTROLE DE CHEIAS E EROSÕES .................................................................. 95
9.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 95
9.2 MEDIDAS PARA CONTROLE DAS CHEIAS .......................................................... 95
9.2.1 Medidas estruturais intensivas .................................................................................. 95
9.2.2 Medidas estruturais extensivas ............................................................................... 101
9.2.3 Medidas não-estruturais ......................................................................................... 101
9.3 EROSÕES .............................................................................................................. 103

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9.3.1 Processos de erosão, transporte e depósito de sedimentos ......................................... 103


9.3.2 Necessidade do controle das erosões ....................................................................... 103
9.3.3 Controle das erosões através da sistematização hidráulico-florestal ............................. 104
10 REGULARIZAÇÃO DE VAZÕES EM RESERVATÓRIOS ............................... 105
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 107

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CAPITULO I

1 CONCEITOS BÁSICOS E CICLO HIDROLÓGICO

1.1 CONCEITO DE HIDROLOGIA

Hidrologia é a ciência que trata da água na Terra, sua ocorrência, circulação,


distribuição espacial, suas propriedades físicas e químicas e sua relação com o ambiente,
inclusive com os seres vivos. A Hidrologia estuda a água na superfície terrestre, no solo e no
sub-solo. De uma forma simplificada pode-se dizer que hidrologia tenta responder à pergunta: O
que acontece com a água da chuva?
A Hidrologia pode ser tanto uma ciência como um ramo da engenharia e tem muitos
aspectos em comum com a meteorologia, geologia, geografia, agronomia, engenharia ambiental
e a ecologia. A Hidrologia utiliza como base os conhecimentos de hidráulica, física e estatística.
Existem outras ciências que também estudam o comportamento da água em diferentes
fases, como a meteorologia, a climatologia, a oceanografia, e a glaciologia. A diferença
fundamental é que a Hidrologia estuda os processos do ciclo da água em contato com os
continentes.

1.2 HIDROLOGIA NAS ENGENHARIAS

A humanidade tem se ocupado com a água por uma questão de necessidade vital e como
uma ameaça potencial pelo menos desde o tempo em que as primeiras civilizações se
desenvolveram às margens dos rios. Foram construídos canais, diques, barragens, condutos
subterrâneos e poços ao longo do rio Indus, no Paquistão, dos rios Tigre e Eufrates, na
Mesopotâmia, do Hwang Ho na China e do Nilo no Egito, há pelo menos 5000 anos.
Enquanto a Hidrologia é a ciência que estuda a água na Terra e procura responder à
pergunta sobre o que ocorre com a água da chuva uma vez que atinge a superfície, a Engenharia
Hidrológica é a aplicação dos conhecimentos da Hidrologia para resolver problemas relacionados
aos usos da água.
Entre os principais usos humanos da água estão: o abastecimento humano; irrigação;
dessedentação animal; geração de energia elétrica; navegação; diluição de efluentes; pesca;
recreação e paisagismo. As preocupações com o uso da água aumentam a cada dia porque a
demanda por água cresce à medida que a população cresce e as aspirações dos indivíduos
aumentam. Enquanto as demandas sobem, o volume de água doce na superfície da terra é
relativamente fixo. Isto faz com que certas regiões do mundo já enfrentem situações de escassez.
O Brasil é um dos países mais ricos em água, embora existam problemas diversos.
A Engenharia Hidrológica também estuda situações em que a água não é exatamente
utilizada pelo homem, mas deve ser manejada adequadamente para minimizar prejuízos,
como no caso das inundações provocadas por chuvas intensas em áreas urbanas ou pelas
cheias dos grandes rios. Relacionados a estes temas estão os estudos de Drenagem Urbana e de
Controle de Cheias e Inundações.
A água também é importante para a manutenção dos ecossistemas existentes em rios, lagos
e ambientes marginais aos corpos d’água, como banhados e planícies sazonalmente
inundáveis. Nos últimos anos a Hidrologia e a Engenharia Hidrológica têm se aproximado de
ciências ambientais como a limnologia e a ecologia, visando responder questões como: Qual
é a quantidade de água que pode ser retirada de um rio sem que haja impactos significativos
sobre os seres vivos que habitam este rio?

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1.3 USO DA ÁGUA

Os usos da água são normalmente classificados em consuntivos e não consuntivos.


Usos consuntivos alteram substancialmente a quantidade de água disponível para outros
usuários. Usos não-consuntivos alteram pouco a quantidade de água, mas podem alterar
sua qualidade. O uso de água para a geração de energia hidrelétrica, por exemplo, é um uso não-
consuntivo, uma vez que a água é utilizada para movimentar as turbinas de uma usina, mas
sua quantidade não é alterada. Da mesma forma a navegação é um uso não-consuntivo,
porque não altera a quantidade de água disponível no rio ou lago. Por outro lado, o uso
da água para irrigação é um uso consuntivo, porque apenas uma pequena parte da água
aplicada na lavoura retorna na forma de escoamento. A maior parte da água utilizada na
irrigação volta para a atmosfera na forma de evapotranspiração. Esta água não está perdida
para o ciclo hidrológico global, podendo retornar na forma de precipitação em outro local
do planeta, no entanto não está mais disponível para outros usuários de água na mesma região em
que estão as lavouras irrigadas.
Os usos de água também podem ser divididos de acordo com a necessidade ou não de
retirar a água do rio ou lago para que possa ser utilizada. Alguns usos da água que podem
ser feitos sem retirar a água de um rio ou lago são a navegação, a geração de energia hidrelétrica,
a recreação e os usos paisagísticos. Alguns usos da água que exigem a retirada de água, ainda
que parte dela retorne, são o abastecimento humano e industrial, a irrigação e a
dessedentação de animais. Os parágrafos que seguem descrevem com um pouco mais de
detalhe alguns dos principais usos de água.

Abastecimento humano

O uso da água para abastecimento humano é considerado o mais nobre, uma vez que o
homem depende da água para sua sobrevivência. A água para abastecimento humano é utilizada
diretamente como bebida, para o preparo dos alimentos, para a higiene pessoal e para a
lavagem de roupas e utensílios. No ambiente doméstico a água também é usada para irrigar
jardins, lavar veículos e para recreação.
O consumo de água em ambiente doméstico é estimado em 200 litros por habitante por
dia. Aproximadamente 80% deste consumo retornam das residências na forma de esgoto
doméstico, obviamente com uma qualidade bastante inferior. A tabela 1.1 mostra os percentuais
médios dos diferentes consumos doméstico.

Tabela 1.1 Abastecimento humano


Descrição Consumo (%)
Higiene pessoal 35
Descarga de vaso sanitário 30
Lavagem de roupas 20
Cozinhar e beber 10
Limpeza 5
Soma 100

Abastecimento industrial

O uso industrial da água está relacionado aos processos de fabricação, ao uso no


produto final, a processos de refrigeração, à produção de vapor e à limpeza. A fabricação
de diferentes produtos tem diferentes consumos de água. Assim, a indústria de produção de
papel, por exemplo, é reconhecidamente uma das que mais consomem água.

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Irrigação

A irrigação é o uso de água mais importante do mundo em termos de quantidade


utilizada. A irrigação é utilizada na agricultura para obter melhor produtividade e para que a
atividade agrícola esteja menos sujeita aos riscos climáticos. Em algumas regiões áridas, semi-
aridas, ou com uma estação seca muito longa, a irrigação é essencial para que possa existir a
agricultura. No Brasil o uso de água para irrigação vem aumentando a cada ano.
A quantidade de água utilizada na irrigação depende das características da cultura, do
clima e dos solos de uma região, bem como das técnicas utilizadas na irrigação.

Navegação

A navegação é um uso não-consuntivo que pode ser bastante atrativo do ponto de vista
econômico, principalmente para cargas com baixo valor por tonelada, como minérios e
grãos. A navegação requer uma profundidade adequada do corpo d’água e não pode ser praticada
em rios com velocidade de água excessiva.

Assimilação e transporte de poluentes

Os corpos de água são utilizados para transportar e assimilar os despejos neles


lançados, como o esgoto doméstico e industrial. Mesmo em regiões em que o esgoto doméstico
e industrial é tratado, as concentrações de alguns poluentes podem ser superiores às
concentrações encontradas nos rios. Assim, utiliza-se a capacidade de diluição dos rios e
lagos para diminuir a concentração dos poluentes. Também utiliza-se os rios para transportar os
poluentes e, assim, afastá-los de onde são gerados.
A capacidade de assimilação de um corpo d’água é limitada, e quando o lançamento de
dejetos é excessivo, a qualidade de água de um rio não é mais suficiente para outros usos, como
a recreação e a preservação dos ecossistemas.

Recreação

Um uso de água não consuntivo realizado no próprio curso d’água é a recreação. Este uso
é bastante freqüente em rios com qualidade de água relativamente boa, e inclui atividades
de contato direto, como natação e esportes aquáticos como a vela e a canoagem. Também
podem existir atividades de recreação de contato indireto, como a pesca esportiva.

Preservação de ecossistemas

Além de todos os usos humanos mais diretos, é do interesse das sociedades que os rios e
lagos mantenham sua flora e fauna relativamente bem preservadas. A manutenção dos
ecossistemas aquáticos implica na necessidade de que uma parcela da água permaneça no
rio, e que a qualidade desta água seja suficiente para a vida aquática.

Geração de energia

A água é utilizada para a geração de energia elétrica em usinas hidrelétricas que


aproveitam a energia potencial existente quando a água passa por um desnível do terreno.
A potência de uma usina hidrelétrica é proporcional ao produto da descarga (ou vazão) pela
queda. A queda é definida pela diferença de altitude do nível da água a montante (acima) e a
jusante (abaixo) da turbina. A descarga em um rio depende das características da bacia
hidrográfica, como o clima, a geologia, os solos, a vegetação.

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No Brasil a geração de energia elétrica está fortemente ligada à hidrologia porque a


quase totalidade da energia gerada e consumida é oriunda de usinas hidrelétricas.
Considerando os dados da década de 1990, o Brasil é o terceiro maior produtor de energia
hidrelétrica do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e do Canadá e a frente da China, da
Rússia e da França. Entretanto, a energia hidrelétrica no Brasil corresponde a mais de 97%
do total da energia elétrica gerada, enquanto que, na maior parte dos outros países, a energia
hidrelétrica corresponde a percentuais muito menores do total. A dependência mundial da
energia hidrelétrica é de apenas 20%.

1.4 VOLUMES DE ÁGUA NO PLANETA TERRA E O CICLO HIDROLÓGICO

1.4.1 A água no planeta Terra

A água pode ser encontrada em estado sólido, líquido ou gasoso; na atmosfera, na


superfície da Terra, no subsolo ou nas grandes massas constituídas pelos oceanos, mares ou
lagos. Na Tabela 1.2 mostra, em termos de volumes e percentuais a água no nosso Planeta.

Tabela 1.2 A água no planeta Terra


Fonte Volume (km3) Porcentagem (%)
Oceanos 1.348.000.000,00 97,390
Gelo polar, geleiras, icebergs 27.800.000,00 2,008
Água subterrânea, umidade do solo 8.030.000,00 0,580
Lagos e rios 277.000,00 0,020
Atmosfera 13.000,00 0,001
Soma 1.384.120.000,00 100,000

A água potável no nosso Planeta corresponde a 2,6 % do total ou um volume de


aproximadamente 36.000.000,00 km3 . A Tabela 1.3 mostra onde podemos encontrá-la.

Tabela 1.3 A água potável na Terra


Fonte Volume (km3) Porcentagem (%)
Capa de gelo polar, geleiras, icebergs 27.802.440,00 77,23
Água subterrânea (até 800 m de profundidade) 3.549.078,00 9,86
Água subterrânea (de 800 a 4.000 m) 4.446.000,00 12,35
Umidade do solo 60.840,00 0,17
Lagos (água potável) 125.280,00 0,35
Rios 1.000,80 0,003
Minerais hidratados 320,40 0,001
Plantas, animais, seres humanos 1.000,80 0,003
Atmosfera 14.040,00 0,04
Soma 36.000.000,00 100,000

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1.5 CICLO HIDROLÓGICO

O ciclo hidrológico é o conceito central da hidrologia. O ciclo hidrológico está


ilustrado na Figura 1.1. A energia do sol resulta no aquecimento do ar, do solo e da água
superficial e resulta na evaporação da água e no movimento das massas de ar. O vapor de ar é
transportado pelo ar e pode condensar no ar formando nuvens. Em circunstâncias
específicas o vapor do ar condensado nas nuvens pode voltar à superfície da Terra na
forma de precipitação. A evaporação dos oceanos é a maior fonte de vapor para a atmosfera e
para a posterior precipitação, mas a evaporação de água dos solos, dos rios e lagos e a
transpiração da vegetação também contribuem. A precipitação que atinge a superfície pode
infiltrar no solo ou escoar por sobre o solo até atingir um curso d’água. A água que infiltra
umedece o solo, alimenta os aqüíferos e cria o fluxo de água subterrânea.
O ciclo hidrológico é fechado se considerado em escala global. Em escala regional podem
existir alguns sub-ciclos. Por exemplo, a água precipitada que está escoando em um rio pode
evaporar, condensar e novamente precipitar antes de retornar ao oceano. A energia que
movimenta o ciclo hidrológico é fornecida pelo sol.
A água também sofre alterações de qualidade ao longo das diferentes fases do ciclo
hidrológico. A água salgada do mar é transformada em água doce pelo processo de
evaporação. A água doce que infiltra no solo dissolve os sais aí encontrados e a água que escoa
pelos rios carrega estes sais para os oceanos, bem como um grande número de outras substâncias
dissolvidas e em suspensão.

Figura 1.1 - Componentes do ciclo hidrológico

Nuvem
Precipitação
Nuvem

Evap. Direta
Transpiração

Interceptação
Escoamento Superficial Evapotranspiração
Armazenamento
Zona Infiltração em depressões
de
Areação Transpiração
Evap. Solo
Evaporação
Percolação

Evaporação superfície liquida


Esc. Subterrâneo
Zona
de
Saturação
Rio, Lago

Oceano

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A umidade atmosférica volta à superfície da Terra na forma de chuva, granizo, neve ou


orvalho. Uma parte dela será retida nas construções, árvores, arbustos e plantas. Essa água nunca
alcança o solo, e a quantidade assim retida é chamada de perda por interceptação.
A água que atinge o solo segue diversos caminhos. Como o solo é um meio poroso, há
infiltração de toda precipitação que chega ao solo, enquanto a superfície do solo não se satura.
A partir do momento da saturação superficial, à medida que o solo vai sendo saturado a
maiores profundidades, a infiltração decresce até uma taxa residual, com o excesso não infiltrado
da precipitação gerando escoamento superficial. A infiltração e a percolação no interior do solo
são comandadas pelas tensões capilares nos poros e pela gravidade. A umidade do solo
realimentada pela infiltração é aproveitada em parte pelos vegetais, que a absorvem pelas raízes e
a devolve, quase toda, à atmosfera por transpiração, na forma de vapor de água. O que os
vegetais não aproveitam, percola para o lençol freático que normalmente contribui para o
escoamento de base dos rios.
O escoamento superficial é impulsionado pela gravidade para as cotas mais baixas,
vencendo principalmente o atrito com a superfície do solo. O escoamento superficial manifesta-
se inicialmente na forma de pequenos filetes de água que se moldam ao micro relevo do solo. A
erosão de partículas de solo pelos filetes em seus trajetos, aliada à topografia preexistente, molda,
por sua vez, uma micro rede de drenagem efêmara que converge para a rede de cursos d’água
mais estável, formada por arroios e rios. A presença de vegetação na superfície do solo contribui
para obstaculizar o escoamento superficial, favorecendo a infiltração em percurso. A vegetação
também reduz a energia de impacto das gotas de chuva no solo, minimizando a erosão.
Com raras exceções, a água escoada pela rede de drenagem mais estável destina-se ao
oceano. Nos oceanos a circulação das águas é regida por uma complexa combinação de
fenômenos físicos e meteorológicos, destacando-se a rotação terrestre, os ventos de superfície,
variação espacial e temporal da energia solar absorvida e as marés.
Em qualquer tempo e local por onde circula a água na superfície terrestre, seja nos
continentes ou nos oceanos, há evaporação para a atmosfera, fenômeno que fecha o ciclo
hidrológico ora descrito. Naturalmente por cobrir a maior parte da superfície terrestre, cerca de
70%, a contribuição maior é dos oceanos. Entretanto o interesse maior, por estar intimamente
ligada a maioria das atividades humanas, reside na água doce dos continentes, onde é importante
o conhecimento de evaporação dos mananciais superficiais líquidos e dos solos, assim como da
transpiração vegetal. A evapotranspiração, que é a soma da evaporação e da transpiração,
depende da radiação solar, das tensões de vapor do ar e dos ventos.

Chuva, Granizo, Neve, Orvalho e Geada

Chuva, granizo e neve. Quando as gotículas de água, formadas por condensação, atingem
determinada dimensão, precipitam-se em forma de chuva. Se na sua queda atravessam zonas de
temperaturas abaixo de zero, pode haver formação de partículas de gelo, dando origem ao
granizo. No caso de a condensação ocorrer sob temperaturas abaixo do ponto de congelamento,
haverá a formação de neve.
Orvalho ou geada. Quando a condensação se verifica diretamente sobre uma superfície
sólida, ocorrem os fenômenos de orvalho ou geada, conforme se dê a condensação em
temperaturas superiores ou inferiores a zero grau centígrado.

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1.6 HIDROLOGIA APLICADA

A hidrologia aplicada está voltada para os diferentes problemas que envolvem a utilização
dos recursos hídricos, preservação do meio ambiente e ocupação da bacia. O Quadro 1.1
apresenta um resumo dos campos onde os conhecimentos da Hidrologia Aplicada são utilizados.

Quadro 1.1 - Campos de atuação da Hidrologia.


Planejamento Projeto Operação
- gerenciamento de bacias - navegação - reservatórios
- inventário energético - irrigação - controle de cheias
- energia - irrigação
- drenagem - abastecimento
- abastecimento - previsão hidrológica
- controle de cheias - geração de energia
- poluição
- erosão
- recreação
- piscicultura

1.7 QUANTIDADE DE ÁGUA

Embora com um risco de excessiva simplificação, o trabalho dos engenheiros com os


recursos hídricos pode ser condensado em certo número de perguntas essenciais. Como as obras
de aproveitamento dos recursos hídricos visam ao controle do uso da água, as primeiras
perguntas referem-se naturalmente às quantidades de água. Quando se pensa na utilização da
água, a primeira pergunta geralmente é: Que quantidade de água será necessária?
Provavelmente é a resposta mais difícil de obter com precisão, dentre as que se pode propor em
um projeto, porque envolve aspectos sociais e econômicos, além dos técnicos. Com base em uma
análise econômica, deve ser também tomada uma decisão a respeito da vida útil das obras a
serem realizadas.
Quase todos os projetos de aproveitamento dependem da resposta à pergunta: Com quanta
água pode-se contar? Os projetos de controle de cheias baseiam-se nos valores de pico do
escoamento, ao passo que planos que visem a utilização da água o que importa é o volume
escoado durante longos períodos de tempo. As respostas a estas perguntas são encontradas pela
aplicação da Hidrologia, ou seja, o estudo da ocorrência e distribuição das águas naturais no
globo Terrestre ou mais especificamente em bacias hidrográficas.

1.8 QUALIDADE DA ÁGUA

Além de ser suficiente em quantidade, a água deve satisfazer certas condições quanto à
qualidade. Essa é uma preocupação fundamental no aproveitamento dos recursos hídricos. No
entanto os problemas relativos à qualidade da água não serão abordados com profundeza nesta
disciplina. O mesmo é tratado nas disciplinas de Saneamento.

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CAPITULO II

2 BACIAS HIDROGRÁFICAS

O ciclo hidrológico é normalmente estudado com maior interesse na fase terrestre, onde o
elemento fundamental de análise é a bacia hidrográfica.

2.1 CONCEITO

A bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água da precipitação que faz
convergir os escoamentos para um único ponto da bacia, seu enxutório ou foz.
A bacia hidrográfica compõe-se basicamente de um conjunto de áreas com declividade no
sentido de determinada seção transversal de um curso d’água, medidas as áreas em projeção
horizontal. São Sinônimos: bacia de captação, bacia coletora, bacia de drenagem superficial,
bacia de contribuição, bacia imbrífera, bacia hidrológica.

2.2 INDIVIDUALIZAÇÃO

Sobre uma planta da região, com altimetria adequada, procura-se traçar a linha de divisores
de água que separa a bacia considerada das contíguas.

Figura 2.1- Divisor d´água de uma bacia hidrográfica

2.3 ÁREA DA BACIA

Delimitadas a bacia e as principais sub-bacias, as áreas são obtidas na planta topográfica


por planímetro ou por qualquer outro método de medição. Ela é representada normalmente por
“A”, e é um dado fundamental para definir a potencialidade hídrica da bacia hidrográfica.,
porque seu valor multiplicado pela lâmina de chuva precipitada define o volume de água
recebido pela bacia. Por isto é considera-se como área da bacia hidrográfica a sua área
projetada verticalmente. Também é possível determinar a área de uma bacia por cálculos
matemáticos de mapas arquivados eletronicamente através de SIG (Sistema de Informações
Geográficas).

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2.4 BACIA COMO SISTEMA

A bacia hidrográfica pode ser considerada um sistema físico onde a entrada é o volume de
água precipitado e a saída é o volume de água escoado pelo enxutório, considerando-se como
perdas intermediárias os volumes evaporados e transpirados e também infiltrados
profundamente.

2.5 RIOS, RIBEIRÕES E CÓRREGOS

2.5.1 Definição

Em termo hidrológico rio é um sistema aberto com fluxo contínuo da nascente à foz, sendo
que a manutenção do sistema de escoamento depende do balanço hidrológico.

2.5.2 Classificação dos rios

2.5.2.1 Baseada na permanência ou não de água durante o ano

a) Efêmeros ou intermitentes: quando destituídos de água numa parte do ano. Nos


efêmeros existe água apenas após períodos de precipitação e só transportam
escoamento superficial. Já os intermitentes escoam durante as estações de chuva e
secam nas de estiagem.
b) Perenes: quando drena água o ano todo.

2.5.2.2 Denominação: Rio, Ribeirão ou Córrego

A denominação de rio, ribeirão ou córrego é em função da descarga, área de drenagem,


largura do canal do rio ou ordem do rio.

Tabela 2.1 – Denominação: Rio, Ribeirão ou Córrego


Descarga Largura Ordem
Tamanho do rio média Área de drenagem do rio do rio*
3 2
(m /s) (km ) (m)
Rios muito grandes > 10.000 > 1.000.000 >1.500 >10
Rios grandes 1.000 a 10.000 100.000 a 1.000.000 800 a 1.500 7 a 11
Rios 100 a 1.000 10.000 a 100.000 200 a 800 6a9
Pequenos rios 10 a 100 1.000 a 10.000 200 a 800 4a7
Ribeirões 1 a 10 100 a 1.000 40 a 200 3a6
Pequenos ribeirões 0,1 a 1 10 a 100 8 a 40 2a5
Córregos < 0,1 < 10 <1 1a3
Fonte: Meybeck et al. 1992

2.5.3 CARACTERÍSTICAS FLUVIOMORFOLÓGICAS


2.5.3.1 Índice de conformação

É a relação entre a área de uma bacia hidrográfica e o quadrado de seu comprimento axial,
medido ao longo do curso d’água, da desembocadura ou seção de referência à cabeceira mais
distante, no divisor de águas. Uma bacia com índice de conformação baixo é menos sujeita a
enchentes que outra do mesmo tamanho porém com maior índice de conformação. Isso se deve

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ao fato de que em uma bacia estreita e longa, com índice de conformação baixo, há menos
possibilidade de ocorrência de chuvas intensas cobrindo simultaneamente toda a sua extensão; e
também, numa tal bacia, a contribuição dos tributários atinge o curso d´água principal em vários
pontos ao longo do mesmo. Caso não existam outros fatores que interfiram, quanto o valor deste
índice se aproxima a unidade (um), a forma da bacia se aproxima de um quadrado e este tipo de
bacia tem maior potencialidade de ocorrência de picos de enchentes elevados.
A
I c
= 2
(adimensional) A
L (2.1)
L
2
onde: A = área da bacia, km
L = Comprimento do rio, km
Figura 2.2 - Rios da bacia hidrográfica
2.5.3.2 Índice de compacidade
É a relação do perímetro de uma bacia hidrográfica e a circunferência de círculo de área
igual à da bacia.

P C P
Kc =
C A A
L
onde: P= Perímetro, km D
C= Circunferência, km
A= Área da bacia, km2 Figura 2.3 - Perímetro da bacia hidrográfica

P
K c
=0,28 (adimensional) (2.2)
A

Este coeficiente é um número adimensional que varia conforme a bacia,


independentemente do seu tamanho, quanto mais irregular for a bacia, tanto maior será o
coeficiente de compacidade. Um coeficiente igual a unidade corresponderia a uma bacia circular.
O valor do índice de compacidade indica maior potencialidade da bacia de produção de picos de
enchentes elevados. Caso não existam outros fatores que interfiram, menor valor do índice de
compacidade (próximo a 1) indica maior potencialidade de ocorrência de picos de enchentes
elevados.
2.5.3.3 Densidade de drenagem e Densidade de confluência

a) Densidade de drenagem
A relação entre o comprimento total dos cursos d’água efêmeros, intermitentes e perenes
de uma bacia hidrográfica e a área total da mesma bacia é denominada densidade de drenagem.
Este índice varia de 0,5 km/km2 , para bacias de drenagem pobre, a 3,5 km/km2 ou mais, para
bacias excepcionalmente bem drenadas.

l
D d
=
A
(2.3)

onde: Dd= Densidade de drenagem, km/ km2


l = soma dos comprimentos dos rios, km
A = Área da bacia, km2

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b) Densidade de confluência

Uma forma mais simples de representar a densidade de drenagem é calcular a densidade de


confluência. A interpretação do resultado é semelhante ao da densidade de drenagem.

Nc
Dc = (2.4)
A

onde: Dc= Densidade de confluência (Nc/ km2 )


Nc= Número de confluência
A = Área da bacia, km2
Se existir um número bastante grande de cursos de água numa bacia (relativa a sua área), o
deflúvio atinge rapidamente os rios e haverá provavelmente picos de enchentes altos e deflúvios
de estiagem baixos.

2.5.3.4 Sinuosidade do curso d’água

A relação entre o comprimento do rio L e o comprimento de um tavegue Lt, é denominada


sinuosidade do curso d’água, que é um fator de controlador da velocidade de escoamento.

A
Lt L

L
Sin = (2.5)
Lt Figura 2.4 - Rios da bacia hidrográfica

onde: L = Comprimento do rio considerando a sinuosidade do mesmo, km


Lt = Comprimento do rio em linha reta, km
Este índice, ou seja, a sinuosidade pode distinguir entre os canais que são
meandros e os que não são, para um valor acima de 1,5 seria considerado canal
com meandros.

2.5.3.5 Sistema de ordenamento dos canais


Como critérios de ordenamento dos canais da rede de drenagem de uma bacia hidrográfica,
destacam-se os de Horton ( 1945) e Strahler (1957).

Figura 2.5 - Sistema de ordenamento de canais

1 1
3 1 1 1
2 1 1 1
3 2 2 1
3 1

1 3 1 1 2 1
2 3
2 3
2
1 3
2 2 3 1
1
1 1 3
3
a) HORTON b) STRAHLER

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2.5.3.6 Declividade e perfil longitudinal de um curso d’água

O perfil de um curso d’água é representado marcando-se os comprimentos desenvolvidos


do leito em abscissas e a altitude do fundo (ou cota de água) em ordenadas.

Declividade média de um curso d’água pode ser calculado por dois métodos:

a) Linha d1 - que representa a declividade média entre dois pontos, obtida dividindo-se a
diferença total de elevação do leito pela extensão horizontal do curso d’água entre os dois
pontos.
∆H
d1 = (m/m) (2.6)
L

onde: L = Comprimento do rio, m


∆H = diferença de nível existente no comprimento L, desnível máximo, m

b) Linha d2 - que determina uma área entre esta e o eixo das abscissas igual a área
compreendida entre a curva do perfil e o mesmo eixo. É o valor mais representativo e racional da
declividade do curso d’água.

2 ABP ∆h
d2 = 2 (m/m) ou d2 = (2.7)
L L

onde: L = Comprimento do rio, m


ABP = área compreendida entre a curva do perfil e o mesmo eixo das abscissas, m.

Figura 2.6 - Perfil longitudinal do rio Cometa


Altitude (m)
1300

1200

∆H = 900 m
1000

880 m
d1
800
d2
∆h = 480 m
600 ABP

400
20 40 60 80
Distância a partir da seção de controle (em km)

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Figura 2.7 - Bacia do rio Itajaí

Figura 2.8 - Principais bacias hidrográficas brasileiras

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CAPITULO - III

3 PRECIPITAÇÃO

3.1 CONCEITO

Precipitação é a água proveniente do vapor d’água da atmosfera, que chega a superfície


terrestre, sob a forma de: chuva, granizo, neve, orvalho, etc.
Para as condições climáticas do Brasil, a chuva é a mais significativa em termos de
volume.

3.2 FORMAÇÃO DAS CHUVAS

A umidade atmosférica é o elemento básico para a formação das precipitações.


A formação da precipitação segue o seguinte processo: o ar úmido das camadas baixas da
atmosfera é aquecido por condução, torna-se mais leve que o ar das vizinhanças e sofre uma
ascensão adiabática. Essa ascensão do ar provoca um resfriamento que pode fazê-lo atingir o seu
ponto de saturação.
A partir desse nível, há condensação do vapor d’água em forma de minúsculas gotas que
são mantidas em suspensão, como nuvens ou nevoeiros. Essas gotas não possuem ainda massa
suficiente para vencer a resistência do ar, sendo, portanto, mantidas em suspensão, até que, por
um processo de crescimento, ela atinja tamanho suficiente para precipitar.

3.3 CLASSIFICAÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES

Conforme o mecanismo fundamental pelo qual se produz a ascensão do ar úmido, as


precipitações podem ser classificadas em: convectivas, orográficas ou frontais.

3.3.1 Chuvas Convectivas (“chuvas de verão”)

Resultantes de convecções térmicas, que é um fenômeno provocado pelo forte


aquecimento de camadas próximas à superfície terrestre, resultando numa rápida subida do ar
aquecido. A brusca ascensão promove um forte resfriamento das massas de ar que se condensam
quase que instantaneamente.
Ocorrem em dias quentes, geralmente no fim da tarde ou começo da noite;
Podem iniciar com granizo;
Podem ser acompanhadas de descargas elétricas e de rajadas de vento;
- Interessam às obras em pequenas bacias, como para cálculo de bueiros, galerias de águas
pluviais, etc.

Figura 3.1 - Chuva Convectiva

Expansão

Ar Quente

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3.3.2 Chuvas Orográficas

Quando vem vento quente e úmido, soprando geralmente do oceano para o continente, e
encontram uma barreira montanhosa, elevam-se e se resfriam adiabaticamente havendo
condensação do vapor, formação de nuvens e ocorrência de chuvas.
São provocadas por grandes barreiras de montanhas (ex.: Serra do Mar);
As chuvas são localizadas e intermitentes;
Possuem intensidade bastante elevada;
Geralmente são acompanhadas de neblina.

Figura 3.2 - Chuva Orográfica

Ar Úmido

3.3.3 Chuvas Frontais

Aquelas que ocorrem ao longo da linha de descontinuidade, separando duas massas de ar


de características diferentes. São chuvas de grande duração, atingindo grandes áreas com
intensidade média. Essas precipitações podem vir acompanhadas por ventos fortes com
circulação ciclônica. Podem produzir cheias em grandes bacias.

Figura 3.3 - Chuva Frontal

Frente Fria Ar
Ar Frio quente Frente Quente
Ar quente

L1 L2 > L1

3.4 MEDIDAS DE PRECIPITAÇÃO

- Quantifica-se a chuva pela altura de água caída e acumulada sobre uma superfície plana.
- A quantidade da chuva é avaliada por meio de aparelhos chamados de pluviômetros e
pluviógrafos.

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Grandezas características das medidas pluviométricas:

• Altura pluviométrica: mediadas realizadas nos pluviômetros e expressas em mm.


Significado: lâmina d’água que se formaria sobre o solo como resultado de certa chuva, caso não
houvesse escoamento, infiltração ou evaporação da água precipitada. A leitura dos pluviômetros
é feita normalmente uma ou duas vez por dia às 7 horas da manhã e as 17 da tarde..
• Duração: período de tempo contado desde o início até o fim da precipitação, expresso
geralmente em horas ou minutos.
• Intensidade da precipitação: é a relação entre a altura pluviométrica e a duração da chuva
expressa em mm/h ou mm/min. Uma chuva de 1mm/min corresponde a uma vazão de 1 litro/min
afluindo a uma área de 1 m2.

3.4.1 Pluviômetros

O pluviômetro consiste em um cilindro receptor de água com medidas padronizadas, com


um receptor adaptado ao topo. A base do receptor é formada por um funil com uma tela
obturando sua abertura menor. No fim do período considerado, a água coletada no corpo do
pluviômetro é despejada, através de uma torneira, para uma proveta graduada, na qual se faz
leitura. Essa leitura representa, em mm, a chuva ocorrida nas últimas 24 horas.

Figura 3.4 - Pluviômetro

1,5

D > 2h

Dimensões de um pluviômetro padrão:


1) um reservatório cilíndrico de 256,5 mm de diâmetro e 40 cm de comprimento, terminando
por parte cônica munida de uma torneira para retirar a água.
2) um receptador cilíndrico cônico, em forma de funil, com bordas perfeitamente circular, em
aresta viva com 252,4 mm de diâmetro, sobrepondo-se ao reservatório e que determina a área
de exposição do aparelho; é a parte mais delicada do aparelho e deve ser construído e
conservado cuidadosamente; ele impede também a evaporação da água acumulada no
reservatório.
3) uma proveta de vidro, devidamente graduada, para medir diretamente a chuva recolhida.

Obs. Os pluviômetros são normalmente observados uma ou duas vezes por dia, todos os dias,
nos mesmos horários, eles indicam a altura pluviométrica diária (ou a intensidade média em 12
horas).

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A principio o resultado não depende da área; mas é preciso não se enganar no momento de
calcular a lâmina precipitada;

V
P = 10 * (3.1)
A

onde: P é a precipitação acumulada, em mm;


V é o volume recolhido, em cm3
A é a área de interceptação do anel, em cm2

3.4.1.1 Instalação do aparelho

Existem várias normas de instalação dos pluviômetros e pluviógrafos apesar das tentativas
de homogeneização internacional. Em geral deve ser feita a uma altura média acima da superfície
do solo, entre 1 m a 1,5 m. O aparelho deve ficar longe de qualquer obstáculo que pode
prejudicar a medição (prédios, árvores, relevo, etc.).

3.4.2 Pluviógrafos

São aparelhos automáticos que registram continuamente a quantidade de chuva que


recolhem. Estes equipamentos permitem medir as intensidades das chuvas durante intervalos de
tempo inferiores àqueles obtidos com as observações manuais feitas nos pluviômetros.

3.4.2.1 Variedade de Aparelhos

Existe uma grande variedade de aparelhos, usando princípios diferentes para medir e
gravar continuamente as precipitações. Pode-se examiná-los segundo as quatro etapas da
aquisição: medição, transmissão do sinal, gravação, transmissão do registro.
Os pluviógrafos possuem normalmente uma superfície receptora padrão de 200 cm2.
Os registros dos pluviógrafos são indispensáveis para o estudo de chuvas de curta duração,
que é necessário para os projetos de galerias pluviais.

3.4.2.2 Tipos de Pluviógrafos

Pluviógrafo de caçambas basculantes: consiste em uma caçamba dividida em dois


compartimentos, arranjados de tal maneira que, quando um deles se enche, a caçamba bascula,
esvaziando-o e deixando outro em posição de enchimento. A caçamba é conectada com um
registrador, que pode armazenar os dados em uma memória em suporte eletrônico (data-logger)
ou em um papel em forma gráfica, sendo que uma basculada normalmente equivale a 0,25 mm
de chuva.
Figura 3.5 - (a) Pluviógrafo de caçamba basculante

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Pluviógrafo de peso: Neste instrumento, o receptor repousa sobre uma escala de pesagem
que aciona a pena e esta traça um gráfico de precipitação sob a forma de um diagrama (altura de
precipitação acumulada x tempo) ou pode armazenar em uma memória em suporte eletrônico
(data-logger).

Figura 3.5 - (b) Pluviógrafo de peso

3.4.3 Pluviogramas

Os gráficos produzidos pelos pluviógrafos são chamados de pluviogramas.


Os pluviogramas são gráficos nos quais a abscissa corresponde às horas do dia e a
ordenada corresponde à altura de precipitação acumulada até aquele instante.

Figura 3.6 - Exemplo de pluviograma

3.4.4 Ietogramas

Os ietogramas são gráficos de barras, nos quais a abscissa representa a escala de tempo e a
ordenada a altura de precipitação. A leitura de um ietograma é feita da seguinte forma: a altura de
precipitação corresponde a cada barra é a precipitação total que ocorreu durante aquele intervalo
de tempo.

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Figura 3.7 - (a) Ietograma

8
Ietograma
Precipitações

Chuva (mm)
7

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tem po (Horas)

3.7-(b)Exemplo de um evento de chuva (ietograma-invertido) com o respectivo evento de cheia


Dados horários do Evento ocorrido em Blumenau em Novembro de 2008
0 18

Nivel (m)
Precipitação (mm)

17

10 16
15
14
20
13
12
30 11
10
40 9
8

50 7
6
5
60
4
3
70 2
Precipitações registradas (mm)
Niveis registrados (m) 1
80 0
22/11/2008 23/11/2008 24/11/2008 25/11/2008

3.4.5 Procedimentos e processamento dos dados pluviométricos

Os postos pluviométricos são identificados pelo prefixo e nome e seus dados são
analisados e arquivados individualmente.
Os dados lidos nos pluviômetros são lançados diariamente pelo observador na folhinha
própria, que a remete no fim de cada mês para a entidade encarregada.
Antes do processamento dos dados observados nos postos, são feitas algumas análises de
consistência dos dados:

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a) Detecção de erros grosseiros

Como os dados são lidos pelos observadores, podem haver alguns erros grosseiros do tipo:
- observações marcadas em dias que não existem (ex.: 31 de abril);
- quantidades absurdas (ex.: 500 mm em um dia);
- erro de transcrição (ex.: 0,36 mm em vez de 3,6 mm).
No caso de pluviógrafos, para verificar se não houve defeito na sifonagem, acumula-se a
quantidade precipitada em 24 horas e compara-se com a altura lida no pluviômetro que fica ao
lado destes.

b) Preenchimento de falhas

Pode haver dias sem observação ou mesmo intervalo de tempo maior, por impedimento do
observador ou o por estar o aparelho danificado.
Nestes casos, os dados falhos, são preenchidos com os dados de 3 postos vizinhos,
localizados o mais próximo possível, da seguinte forma:
1 Nx N N
Px = PA + x PB + x PC + (3.2)
3 NA NB NC
onde: Px é o valor de chuva que se deseja determinar;
Nx é a precipitação média anual do posto x;
NA, NB e NC são, respectivamente, as precipitações médias anuais do postos vizinhos A, B e
C;
PA, PB e PC são, respectivamente, as precipitações observadas no instante que o posto x
falhou.

3.4.6 Variação geográfica e temporal das precipitações

A precipitação varia geográfica, temporal e sazonalmente. O conhecimento da distribuição


e variação da precipitação, tanto no tempo como no espaço, é imprescindível para estudos
hidrológicos.

3.4.6.1 Variação geográfica

Em geral, a precipitação é máxima no Equador e decresce com a latitude. Entretanto,


existem outros fatores que afetam mais efetivamente a distribuição geográfica da precipitação do
que a distância ao Equador.

3.4.6.2 Variação temporal

Embora os registros de precipitações possam sugerir uma tendência de aumentar ou


diminuir, existe na realidade uma tendência de voltar à média. Isso significa que os períodos
úmidos, mesmo que irregularmente, são sempre contrabalançados por períodos secos.
Em virtude das variações estacionais, define-se o ano hidrológico, em dois períodos, o
úmido e o seco. A tabela 3.1 ilustra, com dados do posto de Blumenau, a definição destes dois
períodos.

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Tabela 3.1 – Precipitação média mensal em Blumenau (1945-2009)


Mês P (mm) Período
correspondente
Janeiro 201,7 úmido
Fevereiro 188,8 úmido
Março 157,3 úmido
Abril 97,9 seco
Maio 96,1 seco
Junho 91,1 seco
Julho 106,6 seco
Agosto 95,5 seco
Setembro 141,4 úmido
Outubro 160,7 úmido
Novembro 128,0 úmido
Dezembro 152,8 úmido
Média mensal no ano 134,8 Limite

Define-se como período úmido os meses de setembro a março e período seco os meses de
abril a agosto.

Figura 3.9 - Precipitações mensais em Blumenau


Precipitação Mensal em Blumenau (1945-2009)
Precipitação (mm)

1000,0
Precipitações Máximas
900,0
Precipitações Médias
800,0 Precipitações Mínimas
700,0
600,0
500,0
400,0
201,7

188,8

300,0
157,3

152,8
150,7
141,4

128,0
106,6

200,0
97,9

96,1

95,3
91,1

100,0
0,0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Mês

3.5 PRECIPITAÇÕES MÉDIAS SOBRE UMA BACIA HIDROGRÁFICA

Para calcular a precipitação média de uma superfície qualquer, é necessário utilizar as


observações dos postos dentro dessa superfície e nas suas vizinhanças.
Existem três métodos para o cálculo da chuva média: método da Média Aritmética, método
de Thiessen e método das Isoietas.

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3.5.1 Método da média aritmética

Admite-se que todos pluviômetros têm o mesmo peso. A precipitação média é então
calculada como a média aritmética dos valores medidos. Este método ignora as variações
geográficas da precipitação.

P =1 ∗ P (3.4)
m n i =1
i

onde: Pm = a precipitação média na área, em mm


Pi = a precipitação medida no i-ésimo pluviômetro, em mm
n = o número total de pluviômetro

3.5.2 Método de Thiessen

Este método considera a não-uniformidade da distribuição espacial dos postos, mas não
leva em conta o relevo da bacia. Por isto este método dá bons resultados quando o terreno não é
muito acidentado.
A média será dada por:
n

Pi A
(3.5)
i
i =1
P m
=
A
onde:
Pm = a precipitação média na área, em mm
Ai = a área de influência de cada posto i,
Pi = a precipitação registrada no posto i, mm
A = a área da bacia.
A metodologia consiste no seguinte:
a) ligue os postos por trechos retilíneos;
b) trace linhas perpendiculares aos trechos retilíneos passando pelo meio da linha que liga
os dois postos;
c) prolongue as linhas perpendiculares até encontrar outra.
O polígono é formado pela interseção das linhas, correspondendo à área de influência de
cada posto.

Figura 3.10 - Método de Thiessen

P2
P1 ° A2
°
A1
A3
° P3
A4

° P4

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3.5.3 Método das Isoietas

Isoietas são linhas indicativas de mesma altura pluviométrica. Podem ser consideradas
como “curvas de nível de chuva”. O espaçamento entre eles depende do tipo de estudo, podendo
ser de 5 em 5 mm, 10 em 10 mm, 20 em 20 mm, etc.
O traçado das isoietas é feito da mesma maneira que se procede em topografia para
desenhar as curvas de nível, a partir das cotas de alguns pontos levantados.
Descreve-se a seguir o procedimento de traçado das isoietas:
1º. Definir qual o espaçamento desejado entre as isoietas.
2º. Liga-se por uma semi-reta, dois postos adjacentes, colocando suas respectivas alturas
pluviométricas.
3º. Interpola-se linearmente determinando os pontos onde vão passar as curvas de nível,
dentro do intervalo das duas alturas pluviométricas.

4º. Procede-se dessa forma com todos os postos pluviométricos adjacentes.


5º. Ligam-se os pontos de mesma altura pluviométrica, determinando cada isoieta.
6º. A precipitação média é obtida por:

1 n
P +P
i i +1
(3.6)
Pm = A

i =1
Ai ,i +1 ∗
2
onde:
Pm = a precipitação média na área, em mm
Ai,i+1 = a área compreendida entre as isoietas i e i+1,
Pi = a precipitação correspondente da isoieta i, mm
Pi+1 = a precipitação correspondente da isoieta i+1, mm
A = a área da bacia,
Ai, i+1
Figura 3.11 - Método das Isoietas
P1 ° P2
°

° P3

° P4 i-1 i i+1
i-2

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3.6 ALTURA PLUVIOMÉTRICA ANUAL

A quantidade total de precipitação num ano é uma das mais interessantes características de
uma estação pluviométrica, pois fornece de imediato uma idéia sintética do fenômeno no local.
O valor da altura pluviométrica anual varia de região para região, desde próximo a zero, nas
regiões desérticas, até o valor máximo conhecido de 25.000 mm (Charrapunji, Ïndia)

3.6.1 Média, Desvio Padrão, Variância, Coeficiente de Variação e Valores Extremos

a) Média Aritmética ( X )
n
Xi
X = i =1
X = são os dados (Precipitação, Vazão, Etc.) (3.7)
n
n = número de dados
b) Desvio Padrão (S)
n
( X i − X )2
S=± i =1 X é a média (3.8)
n −1

c) Variância (S2)
n
( Xi − X)2
S2 = i =1
(3.9)
n −1

d) Coeficiente de Variação (CV)


S
CV = *100 (%) (3.10)
X

e)Valores Extremos
Extremo inferior: Mínimo
Extremo superior: Máximo

3.6.2 Frequência de totais anuais

Um dos mais importantes resultados da Teoria das Probabilidades é o chamado teorema do


limite central. Este teorema diz que, satisfeitas certas condições, a soma de variáveis aleatórias é
aproximadamente, normalmente distribuída, isto é, ela tende a seguir a lei de Gauss de
distribuição de probabilidades. Como o total anual de precipitação pluvial é formado pela soma
dos totais diários, é natural que se tente ajustar a lei de Gauss ao conjunto de dados observados.
A lei de Gauss tem a expressão:
1 z 2
F ( x ) = P[ X ≤ x ] = e − u / 2 du , (3.11)
( 2π ) −∞

onde: z é uma função linear de x, denominada variável reduzida:


x−u
x=
σ
Na expressão acima, u é a média (do universo), geralmente estimada pela média amostral
X , e σ é o desvio-padrão (do universo), geralmente estimado pelo desvio-padrão amostral S. A

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integral que fornece o valor de F(x) só pode ser avaliada numericamente, e foi tabelada, podendo
ser encontrada em qualquer obra de referência Estatística.
É comum apresentar-se o ajuste da lei de Gauss em forma gráfica, relacionando o total
anual de precipitação pluvial (X) com o seu respectivo tempo de retorno (T). Os períodos de
retornos são estimados por
1
T= para F(x) ≤ 0,5, (3.12)
F ( x)
1
T= para F(x) > 0,5. (3.13)
1 − F ( x)

Assim, para cada valor de x, calcula-se o valor de z correspondente obtém-se F(x) de uma
tabela e calcula-se finalmente T. Por fim plota-se em um gráfico num papel probabilístico
aritmético-normal.

3.6.3 Papel de Probabilidade - Gauss (Papel probabilístico aritmético-normal)

Determinação das coordenadas para o traçado no papel de probabilidade aritmética da


curva (“reta”) de distribuição de frequências.
a) Na ordenada correspondente à frequência percentual acumulada de 15,87% marca-se a
altura pluviométrica média menos o desvio padrão, X - S.
b) Na ordenada correspondente à frequência percentual acumulada de 50% marca-se a altura
pluviométrica média, X .
c) Na ordenada correspondente à frequência percentual acumulada de 84,13% marca-se a
altura pluviométrica média mais o desvio padrão, X +S.
Portanto, no papel de probabilidade aritmética, a “reta” de distribuição de freqüências
deve passar pelos pontos:

P1 ( X - S; 15,87%)
P2 ( X ; 50%)
P3 ( X + S; 84,13%)

3.7 ALTURA PLUVIOMÉTRICA MENSAL

O estudo das alturas pluviométricas mensais pode ser feito nas mesmas bases indicadas
para o estudo das alturas pluviométricas anuais.

3.8 ALTURA PLUVIOMÉTRICA DIÁRIA

Um estudo mais detalhado das precipitações levaria a reduzir o intervalo de análise ao dia
que corresponde a observações dos pluviômetros. Geralmente, esse estudo é feito dentro do
chamado “estudo chuvas intensas”

3.9 CHUVAS INTENSAS

- Conjunto de chuvas originadas de uma mesma perturbação meteorológica, cuja


intensidade ultrapassa um certo valor (chuva mínima).
- A duração das chuvas varia desde alguns minutos até algumas dezenas de horas.
- A área atingida pode variar desde alguns km2 até milhares de km2.

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- Conhecimento das precipitações intensas de curta duração → é de grande interesse nos


projetos de obras hidráulicas, tais como: dimensionamento de galerias de águas pluviais, de
telhados e calhas, condutos de drenagem, onde o coeficiente de escoamento superficial é bastante
elevado.
O conhecimento da freqüência de ocorrência das chuvas de alta intensidade é também de
importância fundamental para estimativa de vazões extremas para cursos d´água sem medidores
de vazão.

3.10 DURAÇÃO, INTENSIDADE E FREQUÊNCIA DAS PRECIPITAÇÕES

a) Duração (t): é o período de tempo durante o qual a chuva cai. Expressa normalmente por
minuto, hora, dia, mês ou ano.
b)Intensidade (i): é a precipitação por unidade de tempo, obtida como a relação
(i=Precipitação/tempo). Expressa normalmente em mm/h ou mm/min.
c) Frequência de probabilidade (F=P) e tempo de recorrência ou período de retorno (T)
Na análise de alturas pluviométricas (ou intensidades), o tempo de recorrência (T) é
analisado como sendo o número médio de anos durante a qual espera-se que a precipitação
analisada seja igualada ou superada. O seu inverso é a probabilidade de um fenômeno igual ou
superior ao valor analisado. Por exemplo, uma precipitação com 1% de probabilidade de ser
igualada ou superada num ano tem um tempo de retorno igual a 100 anos. (T=1/F=1/0,01=100
anos).
A probabilidade ou frequência de ocorrência pode ser dada por:

m 1 1 N +1
P=F= T= = = (Fórmula de Kimbal) (3.14)
N +1 P F m

Onde: m é a ordem e N é o número de dados

Exemplo:
3
para m = 3 (ordem) → N = 31 (número de dados/anos) F = = 0,09375
31 + 1
1 1 1
T= = = ∴ T ≅ 11 anos
P F 0,09375

3.10.1 Tipos de séries usadas nas análises estatísticas

Três critérios podem ser adotados

a) Sérias anuais. Neste critério as séries são constituídas dos máximos observados em cada
ano, desprezando-se os demais dados mesmo que sejam superiores às dos outros anos.

b) Sérias parciais. Neste caso as séries são constituídas dos “n” maiores valores observados,
sendo “n” o número de anos do período analisado.

c) Séries completas. Neste ultimo critério se adota todos os valores selecionados para a
formação das séries. O primeiro critério é o mais adotado.

3.10.2 Variação da intensidade com a frequência

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Em Hidrologia interessa não só o conhecimento das máximas precipitações observadas nas


séries históricas, mas principalmente, prever com base nos dados observados, quais as máximas
precipitações que possam vir a ocorrer com uma determinada freqüência.
Em geral, as distribuições de valores extremos de grandezas hidrológicas, como a chuva e
vazão, ajustam-se satisfatoriamente à distribuição de Gumbel, dada por:

−y 1
P( X ≥ x) = 1 − e −e = (3.15)
T

T −1
y = − ln − ln (3.16)
T
onde:
P = probabilidade de um valor extremo X ser maior ou igual a um dado valor x;
T = período de retorno;
y = variável reduzida de Gumbel.

3.10.3 Relação Intensidade – Duração – Frequência (I-D-F)

Para projetos de obras hidráulicas, tais como vertedores de barragens, sistemas de


drenagem, galerias pluviais, dimensionamento de bueiros, entre outros, é necessário conhecer as
três grandezas que caracterizam as precipitações máximas: intensidade, duração e freqüência (i-
d-f ou I-D-F). Correlacionando intensidades e durações das chuvas verificam-se que quanto mais
intensa for uma precipitação, menor será sua duração.
Na análise estatística da estrutura hidrológica das séries de chuva podem ser seguidos dois
enfoques alternativos: séries anuais ou séries parciais. A escolha de um ou outro tipo de séries
depende do tamanho das séries disponível e do objetivo do estudo. A metodologia das séries
parciais é utilizada quando o número de anos de dados é pequeno (<12 anos) e os tempos de
retorno que serão utilizados são inferiores a 5 anos.
Procura-se analisar as relações I-D-F das chuvas observadas determinando-se para os
diferentes intervalos de duração de chuva, qual o tipo de equação e qual o número de parâmetros
dessa equação.
É usual empregar-se equações do tipo:

C
i= (3.17)
(t + t 0 ) n
onde: i é a intensidade máxima média (mm/min.) para duração t;
t0, C e n são parâmetros a determinar.

Certos autores procuram relacionar C com o período de retorno T, por meio de uma
equação do tipo:
C = a.T m (3.18)
neste caso a equação empregada fica:
a.T m
i= (3.19)
(t + t 0 ) n
onde:
i = intensidade, geralmente expressa em mm/h
T = o tempo de retorno, em anos

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t = duração da chuva, em minutos


a, m, n e t0 são parâmetros que devem ser determinados para cada local.

3.10.4 Equações e gráficos de chuvas intensas

As equações abaixo, i é a intensidade da chuva em mm/h, T é o período de retorno em anos


e t é a duração da chuva em minutos.

a) Para Blumenau (Álvaro Back, 2002):

655,3.T 0,1764
i= (Para t ≤120 min) (3.20)
(t + 8,1)0,6647

1246,9.T 0,1764
i= (Para 120min <t<1440 min) (3.21)
(t + 22,3)0, 7909
c) Para Blumenau (Ademar Cordero, 2012):

655.T 0,1765
i= (Para t ≤120 min) (3.22)
(t + 8,1)0,65
1246,9.T 0,1765
i= (Para 120 min <t< 720 min) (3.23)
(t + 22,3)0,78

Comparação entre as Equações de Álvaro Back (2002) e Ademar Cordero (2009).

Figura 3.12 - Curvas de intensidade-duração-frequência, para a cidade de Blumenau


Pluiviômetro (Cordero) Pluviógrafo (Back)
300
T= 5 anos (Cordero)
275
Intensidade de chuva (mm/h)

T= 5 anos (Back)
250 T=10 nos (Cordero)
T= 10 amos (Back)
225
T=20 anos (Cordero)
200 T=20 anos (Back)

175 T=50 anos (Cordero)


T=50 anos (Back)
150
T=100 anos (Cordero)
125 T=100 anos (Back)

100

75

50

25

0
5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 1h 6h 8h 10 h 12 h
Tempo

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3.10.5 Exercício

Determinar, em forma de tabela, a intensidade-duração-frequência para o posto


pluviométrico de Blumenau da série histórica de 1944 a 2008, utilizando o método Log-Normal.

Tabela 3.2 Precipitações do posto pluviométrico de Blumenau


PERIODO DE
ANO DO CHUVA MÁXIMA ORDEM DECRESCENTE RETORNO VARIÁVEL
DADO DIÁRIA ANUAL ORDEM DA CHUVA MÁXIMA (ANOS) REDUZIDA

(Ano) P (mm) (m) P (mm) T=(N+1)/m y


1944 64,9 1 250,6 69,0 4,23
1945 70,8 2 159,5 34,5 3,53
1946 81,4 3 144,3 23,0 3,11
1947 53 4 140,8 17,3 2,82
1948 99,2 5 126,4 13,8 2,59
1949 84 6 125,9 11,5 2,40
1950 42,7 7 123,5 9,9 2,24
1951 89,6 8 118,1 8,6 2,09
1952 63,6 9 115,0 7,7 1,97
1953 63,4 10 112,8 6,9 1,85
1954 107 11 110,9 6,3 1,75
1955 81,8 12 107,0 5,8 1,66
1956 46,3 13 105,3 5,3 1,57
1957 65,6 14 105,0 4,9 1,48
1958 82,4 15 101,4 4,6 1,41
1959 89,5 16 101,2 4,3 1,33
1960 123,5 17 100,1 4,1 1,26
1961 110,9 18 99,2 3,8 1,20
1962 126,4 19 98,4 3,6 1,13
1963 63,7 20 97,6 3,5 1,07
1964 50,4 21 97,0 3,3 1,01
1965 97,6 22 94,6 3,1 0,96
1966 90,6 23 90,6 3,0 0,90
1967 70,1 24 90,2 2,9 0,85
1968 45,5 25 89,7 2,8 0,80
1969 64,9 26 89,6 2,7 0,75
1970 140,8 27 89,5 2,6 0,70
1971 65,7 28 88,0 2,5 0,65
1972 105,3 29 88,0 2,4 0,61
1973 88 30 87,0 2,3 0,56
1974 159,5 31 84,9 2,2 0,52
1975 115,0 32 84,0 2,2 0,47
1976 97,0 33 83,9 2,1 0,43
1977 83,0 34 83,0 2,0 0,39
1978 78,0 35 82,4 2,0 0,35
1979 90,2 36 81,8 1,9 0,30
1980 62,8 37 81,4 1,9 0,26
1981 81,4 38 81,4 1,8 0,22
1982 87,0 39 80,0 1,8 0,18
1983 79,6 40 79,6 1,7 0,14
1984 105,0 41 79,0 1,7 0,10
1985 100,1 42 78,0 1,6 0,06

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1986 94,6 43 76,9 1,6 0,02


1987 70,2 44 75,5 1,6 -0,02
1988 55,6 45 74,6 1,5 -0,05
1989 125,9 46 70,8 1,5 -0,09
1990 88,0 47 70,2 1,5 -0,13
1991 112,8 48 70,1 1,4 -0,17
1992 144,3 49 70,0 1,4 -0,21
1993 118,1 50 70,0 1,4 -0,25
1994 101,2 51 65,9 1,4 -0,30
1995 83,9 52 65,7 1,3 -0,34
1996 70,0 53 65,6 1,3 -0,38
1997 79,0 54 64,9 1,3 -0,42
1998 98,4 55 64,9 1,3 -0,47
1999 75,5 56 63,7 1,2 -0,51
2000 61,8 57 63,6 1,2 -0,56
2001 89,7 58 63,4 1,2 -0,61
2002 51,1 59 62,8 1,2 -0,66
2003 74,6 60 61,8 1,2 -0,71
2004 65,9 61 60,0 1,1 -0,77
2005 60,0 62 55,6 1,1 -0,83
2006 70,0 63 53,0 1,1 -0,89
2007 80,0 64 51,1 1,1 -0,96
2008 250,6 65 50,4 1,1 -1,05
2009 76,9 66 46,3 1,0 -1,14
2010 84,9 67 45,5 1,0 -1,26
2011 101,4 68 42,7 1,0 -1,44
2012 70,4 69
2013

Figura 3.13 Precipitações máximas diária do posto pluviométrico de Blumenau (Log-Normal)


300 Método Log-Normal para Blumenau
Precipitação diária (mm)

Precip itação Registrada


250
Reta Ajustada

200

150

100
P = 34,033Ln(T) + 54,54
R2 = 0,9235
50

0
1 10 100 1000
Período de retorno, T (anos)

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Figura 3.14 Precipitações máximas diária do posto pluviométrico de Blumenau (Gumbel)


Método de Gumbel para Blumenau
300
Precipitação Registrada
Precipitação diária (mm)
250 Reta Ajustada

200

150

100
P= 25,602(y) + 74,147
R2 = 0,9074
50

0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
Variável reduzida (y)

Tabela 3.3 – Precipitação de um dia para diversos Períodos de Retornos


Período de
Retorno Log-Normal Gumbel
T (anos) P(mm) P(mm)
5 109,3 112,5
10 132,9 131,8
25 164,1 156,0
50 187,7 174,0
100 211,3 191,9
200 234,9 209,7
320 250,9 221,8
500 266,0 233,2
1000 289,6 251,0
10000 368,0 309,9

3.10.5.1 Relação entre chuvas máximas de 1 dia e 24 horas

Muitas vezes há necessidade de se avaliar a relação intensidade-duração-frequência das


chuvas de curta duração onde tem informação somente de chuvas de 1 dia. A chuva registrada
em um dia é diferente da registrada em 24 horas, devido os horários diferentes, o de um dia
coletado em um pluviômetro é feito geralmente as 7:00 horas da manhã, enquanto a do
pluviógrafo, é das zero hora as 24 horas. A relação adotada para determinar a chuva de 24 horas ,
com dados de pluviômetros é 1,14 definida por diversos pesquisadores (24h/1dia=1,14).

3.10.5.2 Relações entre chuvas de diferentes durações

Para locais onde as únicas informações mais detalhadas são as chuvas de 1 dia observadas
em postos pluviométricos, pode-se avaliar a chuva de 24 horas de determinada freqüência.

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Valores obtidos do estudo DNOS (Médios) para as relações entre alturas pluviométricas
podem ser utilizados com series anuais para período de retorno de 2 a 100 anos.

Tabela 3.4 - Relações entre chuvas de diferentes durações para Blumenau (1944-2008)
Relação entre alturas Valores obtidos do Altura Pluviométrica (mm)
pluviométricas estudo DNOS
(Médios) T= 5 T= 10 T= 20 T=50 T=100
anos anos anos anos anos
5 min/30 min 0,34 13,6 15,9 18,1 21,0 23,1
10 min/30 min 0,54 21,5 25,2 28,7 33,3 36,7
15 min/30 min 0,7 27,9 32,7 37,2 43,2 47,6
20 min/30 min 0,81 32,3 37,8 43,1 49,9 55,1
25 min/30 min 0,91 36,3 42,5 48,4 56,1 61,9
30 min/1 h 0,74 39,9 46,7 53,2 61,7 68,0
1 h/ 24 h 0,42 53,9 63,1 71,9 83,3 91,9
6 h/ 24 h 0,72 92,4 108,1 123,3 142,9 157,5
8 h/ 24 h 0,78 100,1 117,2 133,5 154,8 170,6
10 h/ 24 h 0,82 105,2 123,2 140,4 162,7 179,4
12 h/ 24 h 0,85 109,1 127,7 145,5 168,6 186,0
24 horas =1,14*P(1 dia) 128,3 150,2 171,2 198,4 218,8
(Precipitação de 24 horas)
P (1 dia) Tirado da Equação 112,6 131,8 150,2 174,0 191,9
Precipitação de um dia (Gumbel)

A tabela 3.5 apresenta o resultado final do exercício a qual é utilizada para projetos de
drenagem em Blumenau.

Tabela 3.5 Chuvas intensas para Blumenau - Método de Gumbel


Chuvas intensas (mm/h)
Dados utilizados de Pluviômetro (1944-2011)
Duração T= 5 anos T= 10 anos T= 20 anos T=50 anos T=100 anos

5 min 162,7 190,5 217,1 251,6 277,4


10 min 129,2 151,2 172,4 199,8 220,3
15 min 111,7 130,7 149,0 172,7 190,4
20 min 96,9 113,4 129,3 149,8 165,2
25 min 87,1 102,0 116,2 134,7 148,5
30 min 79,8 93,4 106,4 123,3 136,0
1h 53,9 63,1 71,9 83,3 91,9
6h 15,4 18,0 20,5 23,8 26,3
8h 12,5 14,6 16,7 19,3 21,3
10 h 10,5 12,3 14,0 16,3 17,9
12 h 9,1 10,6 12,1 14,1 15,5

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CAPITULO – IV

4 INTERCEPTAÇÃO E ARMAZENAMENTO

4.1 CONCEITO

Interceptação é a retenção de parte da precipitação acima da superfície do solo. A


interceptação pode ocorrer devido a vegetação ou outra forma de obstrução ao escoamento. O
volume retido é perdido por evaporação, retornando a atmosfera. Este processo interfere no
balanço hídrico da bacia hidrográfica, funcionando como um reservatório que armazena uma
parcela da precipitação para consumo. A tendência é que a inteceptação reduza a variação da
vazão ao longo do ano, retarde e reduza o pico das cheias.
A capacidade de interceptação depende das características da precipitação (intensidade,
duração, volume), das características da própria cobertura vegetal (vegetação de folhas maiores
possuem maior capacidade de interceptação), das condições climáticas (quando há muito vento a
capacidade de interceptação é diminuída), da época do ano (por exemplo, no outono a capacidade
de interceptação é praticamente nula em árvores de folhas caducas), entre outros.
O papel da interceptação no balanço hídrico de uma bacia é mais importante em regiões em
que predominam chuvas de baixa intensidade. Nestes casos, a evaporação da água interceptada
ocorre durante o próprio evento chuvoso. Em regiões com chuvas mais intensas o papel da
interceptação no balanço hídrico é menor.
Alguns valores estimados para perdas por interceptação de acordo com o tipo de vegetação
são:
• prados, de 5 a 10% da precipitação anual;
• bosques espessos, cerca de 25% da precipitação anual.

Alguns autores sugerem que se a chuva total de um evento for inferior a 1 mm, ela será
interceptada em sua totalidade, e se for superior a 1 mm, a interceptação pode variar entre 10 e
40%

4.2 INTERCEPTAÇÃO VEGETAL

A quantificação de perdas devido à interceptação vegetal em uma floresta pode ser feita
através do monitoramento acima e abaixo da copa das árvores. Neste caso é importante, também,
monitorar o volume de água que escoa pelo tronco das árvores.
A diferença do volume total precipitado e volume de água que atravessa a vegetação
(considerando o volume escoado pelos troncos) fornece uma estimativa da interceptação do
local.
A equação da continuidade do sistema de interceptação pode ser descrita por:

Si = P – T – C (4.1)
onde:
Si: é a precipitação interceptada,
P : é a precipitação observada,
T : é a precipitação que atravessa a vegetação,
C : é a parcela que escoa pelo tronco das árvores.

4.2.1 Medições das variáveis

a) Precipitação – A quantificação da precipitação é realizada com postos pluviométricos


localizados em clareiras próximas às áreas de interesse..

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b) Precipitação que atravessa a vegetação – Esta precipitação é medida por drenagem


especial colocada abaixo das árvores e distribuída de tal forma a obter uma representatividade
espacial desta variável. Em florestas altas é possível utilizar pluviômetros que possuem o mesmo
padrão das medições de precipitação. Experiências mostram que é necessário utilizar cerca de
dez vezes mais equipamentos para a medição da precipitação que atravessa a vegetação do que
para a precipitação total. Dependendo do tipo de cobertura a quantificação desta variável é ainda
mais difícil como em gramados e vegetação rasteira.
c) Escoamento pelos troncos – Esta variável apresenta uma parcela pequena do total
precipitado, de 1 a 15 % do total precipitado. A medição desta variável somente é viável para
vegetação com troncos de magnitude razoável.

4.3 ARMAZENAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA

Na bacia hidrográfica existem obstruções naturais e artificiais ao escoamento, acumulando


parte do volume precipitado e muitas vezes formando pequenos lagos. O volume de água retido
nessas áreas somente diminui por evaporação e por infiltração. Como o lençol freático fica alto,
logo após a enchente, a saída de água dá-se principalmente pela evaporação, reduzindo a vazão
média da bacia e o pico das enchentes.
Em áreas urbanas uma parcela grande da chuva é retida em depressões do terreno, e não
produz escoamento. As áreas das depressões normalmente são impermeáveis e, portanto, também
não existe infiltração significativa no solo. A água retida nestas depressões, como poças da água,
fica disponível para evaporar. Com a utilização da água da chuva, tendência atual, parte da água
é armazenada em reservatórios, para após ser utilizada principalmente para fins não potáveis,
esta água contribui para reduzir o picos das enchentes urbanas, no momento em que um numero
grande de edificações fazem este armazenamento.

Figura 4.1 – Representação do ciclo hidrológico

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CAPITULO – V

5 EVAPOTRANSPIRAÇÃO - EVAPORAÇÃO E TRANSPIRAÇÃO

5.1 INTRODUÇÃO

O retorno da água precipitada para a atmosfera, fechando o ciclo hidrológico, ocorre


através do processo da evapotranspiração. A evapotranspiração é o conjunto de dois processos:
evaporação e transpiração. Evaporação é o processo de transferência de água líquida para
vapor do ar diretamente de superfícies líquidas, como lagos, rios, reservatórios, poças, e gotas de
orvalho. A água que umedece o solo, que está em estado líquido, também pode ser transferida
para a atmosfera diretamente por evaporação. Mais comum neste caso, entretanto, é a
transferência de água através do processo de transpiração. A transpiração envolve a retirada da
água do solo pelas raízes das plantas, o transporte da água através da planta até as folhas e a
passagem da água para a atmosfera através dos estômatos da folha.
Do ponto de vista do profissional envolvido com a geração de energia hidrelétrica a
evaporação é importante pelas perdas de água que ocorrem nos reservatórios que regularizam a
vazão para as usinas. Além disso, a evapotranspiração é um processo que influencia fortemente a
quantidade de água precipitada que é transformada em vazão em uma bacia hidrográfica. Do
ponto de vista da geração de energia, portanto, a evapotranspiração pode ser encarada como uma
perda de água.
Evaporação ocorre quando o estado líquido da água é transformado de líquido para gasoso.
As moléculas de água estão em constante movimento, tanto no estado líquido como gasoso.
Algumas moléculas da água líquida têm energia suficiente para romper a barreira da superfície,
entrando na atmosfera, enquanto algumas moléculas de água na forma de vapor do ar retornam
ao líquido, fazendo o caminho inverso. Quando a quantidade de moléculas que deixam a
superfície é maior do que a que retorna está ocorrendo a evaporação.
As moléculas de água no estado líquido estão relativamente unidas por forças de atração
intermolecular. No vapor, as moléculas estão muito mais afastadas do que na água líquida, e a
força intermolecular é muito inferior. Durante o processo de evaporação a separação média entre
as moléculas aumenta muito, o que significa que é realizado trabalho em sentido contrário ao da
força intermolecular, exigindo grande quantidade de energia. A quantidade de energia que uma
molécula de água líquida precisa para romper a superfície e evaporar é chamada calor latente de
evaporação. O calor latente de evaporação pode ser dado por unidade de massa de água, como na
equação 5.1:

λ = 2,501- 0,002361×Ts em MJ.kg-1 (5.1)

Onde: Ts é a temperatura da superfície da água em oC.

Portanto o processo de evaporação exige um fornecimento de energia, que, na natureza, é


provido pela radiação solar.
O ar atmosférico é uma mistura de gases entre os quais está o vapor de água. A quantidade
de vapor de água que o ar pode conter é limitada, e é denominada concentração de saturação (ou
pressão de saturação). A concentração de saturação de vapor de água no ar varia de acordo com a
temperatura do ar. Quando o ar acima de um corpo d’água está saturado de vapor o fluxo de
evaporação se encerra, mesmo que a radiação solar esteja fornecendo a energia do calor latente
de evaporação.

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Assim, para ocorrer a evaporação são necessárias duas condições:

1. Que a água líquida esteja recebendo energia para prover o calor latente de evaporação – esta
energia (calor) pode ser recebida por radiação ou por convecção (transferência de calor do ar para
a água)

2. Que o ar acima da superfície líquida não esteja saturado de vapor de água.

Além disso, quanto maior a energia recebida pela água líquida, tanto maior é a taxa de
evaporação. Da mesma forma, quanto mais baixa a concentração de vapor no ar acima da
superfície, maior a taxa de evaporação.

Fatores atmosféricos que afetam a evaporação

Os principais fatores atmosféricos que afetam a evaporação são a temperatura, a umidade


do ar, a velocidade do vento e a radiação solar.

Radiação solar

A quantidade de energia solar que atinge a Terra no topo da atmosfera está na faixa das
ondas curtas.
O processo de fluxo de calor latente é onde ocorre a evaporação. A intensidade desta
evaporação depende da disponibilidade de energia. Regiões mais próximas ao Equador recebem
maior radiação solar, e apresentam maiores taxas de evapotranspiração. Da mesma forma, em
dias de céu nublado, a radiação solar é refletida pelas nuvens, e nem chega a superfície,
reduzindo a energia disponível para a evapotranspiração.

Temperatura

A quantidade de vapor de água que o ar pode conter varia com a temperatura. Ar mais
quente pode conter mais vapor, portanto o ar mais quente favorece a evaporação.

Umidade do ar

Quanto menor a umidade do ar, mais fácil é o fluxo de vapor da superfície que está
evaporando. O efeito é semelhante ao da temperatura. Se o ar da atmosfera próxima à superfície
estiver com umidade relativa próxima a 100% a evaporação diminui porque o ar já está
praticamente saturado de vapor.

Velocidade do vento

O vento é uma variável importante no processo de evaporação porque remove o ar úmido


diretamente do contato da superfície que está evaporando ou transpirando.

O processo de fluxo de vapor na atmosfera próxima à superfície ocorre por difusão, isto é,
de uma região de alta concentração (umidade relativa) próxima à superfície para uma região de
baixa concentração afastada da superfície. Este processo pode ocorrer pela própria ascensão do ar
quente como pela turbulência causada pelo vento.

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5.2 EVAPORAÇÃO

5.2.1 Medição de evaporação

A evaporação é medida de forma semelhante à precipitação, utilizando unidades de mm


para caracterizar a lâmina evaporada ao longo de um determinado intervalo de tempo. As formas
mais comuns de medir a evaporação são o Tanque Classe A e o Evaporímetro de Piche.
O tanque Classe A é um recipiente metálico que tem forma circular com um diâmetro de
121 cm e profundidade de 25,5 cm. Construído em aço ou ferro galvanizado, deve ser pintado na
cor alumínio e instalado numa plataforma de madeira a 15 cm da superfície do solo. Deve
permanecer com água variando entre 5,0 e 7,5 cm da borda superior.
A medição de evaporação no Tanque Classe A é realizada diariamente diretamente numa
régua, ou ponta linimétrica, instalada dentro do tanque, sendo que são compensados os valores da
precipitação do dia. Por esta razão o Tanque Classe A é instalado em estações meteorológicas em
conjunto com um pluviômetro.

Figura 5.1 - Tanque classe A

O evaporímetro de Piche é constituído por um tubo cilíndrico, de vidro, de


aproximadamente 30 cm de comprimento e um centímetro de diâmetro, fechado na parte superior
e aberto na inferior. A extremidade inferior é tapada, depois do tubo estar cheio com água
destilada, com um disco de papel de feltro, de 3 cm de diâmetro, que deve ser previamente
molhado com água. Este disco é fixo depois com uma mola. A seguir, o tubo é preso por
intermédio de uma argola a um gancho situado no interior de um abrigo meteorológico padrão.
Em geral, as medições de evaporação do Tanque Classe A são considerados mais
confiáveis do que as do evaporímetro de Piche.

5.2.2 Determinação da Evaporação

O processo físico da evaporação é função principalmente da temperatura e umidade sendo


influenciado ainda pela pressão atmosférica, velocidade média do vento na região, sólidos
solúveis, umidade e natureza do solo. Regiões de clima seco e quente favorecem a evaporação
ao passo que em regiões de clima frio e úmido ocorre o contrário.

E = 0,32 U2(es-e2)

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Onde E é a Intensidade da evaporação (mm/mês)


U2 é a velocidade do vento obtida a 2 m acima da superfície evaporante (m/s)
es é a pressão de saturação do vapor a temperatura de superfície (mb.)
e2 é a pressão de vapor do ar a 2 m de altura acima da superficie (mb.)

5.3 TRANSPIRAÇÃO

A transpiração é a retirada da água do solo pelas raízes das plantas, o transporte da água
através das plantas até as folhas e a passagem da água para a atmosfera através dos estômatos da
folha.
A transpiração é influenciada também pela radiação solar, pela temperatura, pela umidade
relativa do ar e pela velocidade do vento. Além disso, intervém outras variáveis, como o tipo de
vegetação e o tipo de solo.
Como o processo de transpiração é a transferência da água do solo, uma das variáveis mais
importantes é a umidade do solo. Quando o solo está úmido as plantas transpiram livremente, e a
taxa de transpiração é controlada pelas variáveis atmosféricas. Porém, quando o solo começa a
secar o fluxo de transpiração começa a diminuir. As próprias plantas têm certo controle ativo
sobre a transpiração ao fechar ou abrir os estômatos, que são as aberturas na superfície das folhas
por onde ocorre a passagem do vapor para a atmosfera.
Para um determinado tipo de cobertura vegetal a taxa de evapotranspiração que ocorre em
condições ideais de umidade do solo é chamada a Evapotranspiração Potencial (ETP),
enquanto a taxa que ocorre para condições reais de umidade do solo é a Evapotranspiração
Real (ETR). A evapotranspiração real é sempre igual ou inferior à evapotranspiração potencial.
A Evapotranspiração Potencial é um valor de referência, pois caracteriza a perda de
água da bacia como se toda a vegetação fosse um ¨gramado¨ de uma espécie vegetal
padronizada. Portanto, é um índice que independe das características particulares de transpiração
da cultura plantada na região estudada, levando em conta apenas o clima, o tipo de solo, e as
superfícies livres de água na bacia.

5.4 EVAPOTRANSPIRAÇÃO

5.4.1 Medição da evapotranspiração por Lisimetro

A medição da evapotranspiração é relativamente mais complicada do que a medição da


evaporação. Existem dois métodos principais de medição de evapotranspiração: os lisímetros e as
medições micrometeorológicas. Os lisímetros são depósitos ou tanques enterrados, abertos na
parte superior, os quais são preenchidos com o solo e a vegetação característicos dos quais se
deseja medir a evapotranspiração. O solo recebe a precipitação, e é drenado para o fundo do
aparelho onde a água é coletada e medida. O depósito é pesado diariamente, assim como a chuva
e os volumes escoados de forma superficial e que saem por orifícios no fundo do lisímetro. A
evapotranspiração é calculada por balanço hídrico entre dois dias subseqüentes de acordo com a
equação 5.2, onde DV é a variação de volume de água (medida pelo peso); P é a chuva (medida
num pluviômetro); ETR é a evapotranspiração; Qs é o escoamento superficial (medido) e Qb é o
escoamento subterrâneo (medido no fundo do tanque).

ETR = P - Qs – Qb - DV (5.2)

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Figura 5.2 - Lisímetros para medição de evapotranspiração

Figura 5.3 – Esquema de um lisimetro

A medição de evapotranspiração por métodos micrometeorológicos envolve a medição das


variáveis velocidade do vento e umidade relativa do ar em alta freqüência. Próximo à superfície a
velocidade do vento é paralela à superfície, o que significa que o movimento médio na vertical é
zero. Entretanto, a turbulência do ar em movimento causa flutuações na velocidade vertical, que
na média permanece zero, mas apresenta momentos de fluxo ascendente e descendente
alternados.

5.4.2 Estimativa da evapotranspiração por balanço hídrico

A evapotranspiração pode ser estimada, também, pela medição das outras variáveis que
intervém no balanço hídrico de uma bacia hidrográfica. De forma semelhante ao apresentado na
equação 5.2, para um lisímetro, pode ser realizado o balanço hídrico de uma bacia para estimar a
evapotranspiração. Neste caso, entretanto, as estimativas não podem ser feitas considerando o
intervalo de tempo diário, mas apenas o anual, ou maior. Isto ocorre porque, dependendo do
tamanho da bacia, a água da chuva pode permanecer vários dias ou meses no interior da bacia
antes de sair escoando pelo exutório.
Para estimar a evapotranspiração por balanço hídrico de uma bacia é necessário considerar
valores médios de escoamento e precipitação de um período relativamente longo, idealmente
superior a um ano. A partir daí é possível considerar que a variação de armazenamento na bacia
pode ser desprezada, e a equação de balanço hídrico se reduz à equação 5.3.

ETR = P – Q +/-∆V = P – Q (5.3)

∆V: variação de armazenamento de água subterrânea (podendo ser positivo ou negativo)


este valor pode ser tomado como zero, pois o volume no inicio pode ser igual ao do fim do
período considerado.

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Exercício
1) Uma bacia de 800 km2 recebe anualmente 1600 mm de chuva, e a vazão média corresponde a
700 mm. Qual é a evapotranspiração anual?
A evapotranspiração pode ser calculada por balanço hídrico da bacia desprezando a
variação do armazenamento na bacia ETR = 1600 – 700 = 900 mm.

5.4.3 Determinação da Evapotranspiraçao Potencial

Equação de Thornthwaite

Uma equação muito utilizada para a estimativa da evapotranspiração potencial quando se


dispõe de poucos dados é a equação de Thornthwaite. Esta equação serve para calcular a
evapotranspiração em intervalo de tempo mensal, a partir de dados de temperatura

a
T
ETP = Fc * 16 10 (mm/mês) (5.4)
I

onde:
• ETP: evapotranspiração potencial para meses de 30 dias e comprimento de 12 horas
(mm/mês);
• T: temperatura média do ar (oC);
• I: índice de calor;

12
t
I= ( i )1,514
i =1 5

a = (6,75.10-7 . I³) – (7,71.10-6 . I²) + (0,01791 . I) + 0,492

• Fc = Fator de correção em função da latitude e mês do ano.

Tabela 5.1– Fator de correção Fc (Fonte Tabela A3-Tucci).


VALORES DE (Fc) MÉTODO DE THORNTHWAITE
Lat.Sul Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
20°E 1,12 1,00 1,05 0,97 0,96 0,91 0,95 0,99 1,00 1,08 1,09 1,15
25°E 1,14 1,00 1,05 0,97 0,96 0,91 0,95 0,99 1,00 1,08 1,09 1,15
30°E 1,17 1,01 1,05 0,96 0,94 0,88 0,93 0,98 1,00 1,10 1,11 1,18

A equação de Thorntwaite foi desenvolvida com dados restritos do hemisfério norte e se


tornou popular mais pela sua simplicidade – usa apenas a temperatura – do que pela sua precisão.
Sua aplicação nas demais regiões do mundo exigiu a adaptação de um fator de correção (Fc) que
depende do mês do ano e da latitude.

Exercício
1) Calcule a evapotranspiração potencial mensal para Blumenau, onde as temperaturas médias
mensais são dadas.
Posição de Blumenau: 27°00'S 49°00'W

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Tabela 5.2 – Temperatura média mensal de Blumenau.


VALORES DE Tm (oC)
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Blumenau 26,8 26,4 25,7 23,4 20,2 17,8 16,9 18,4 19,7 22,0 23,9 25,8

5.4.4 Evapotranspiração da Cultura

O método dos coeficientes de cultura é utilizado para estimativa da demanda real de água
de uma cultura em cada fase de crescimento, sendo método base para projetos de irrigação.
Consiste em si, na determinação da evapotranspiração real, através da multiplicação do valor de
evapotranspiração potencial do período pelo valor do coeficiente de cultura (Kc) da fase, ou seja:

ETR = Kc . ETP
onde:
• ETR: evapotranspiração real da fase (mm/período);
• Kc: coeficiente de cultura de fase (adimensional);
• ETP: evapotranspiração potencial do período (mm/período);

Tabela 5.3 – Coeficiente de cultura Kc


EVAPORAÇÃO (Ciclo) ETP (mm) Kc (%)
Banana 700-1700 0,85 – 0,90
Feijão 250-400 0,85 – 0,90
Algodão 550-950 0,80 – 0,90
Milho 400-700 0,75 – 0,90
Arroz 500-800 1,05-1,20
Sorgo 300-650 0,75 – 0,80
Soja 450-825 0,75 – 0,90
Cana-de-Açúcar 1000-1500 0,85 – 1,05
Fumo 300-500 0,85 – 0,95
Tomates 300-600 0,75 – 0,90

O coeficiente Kc depende do estágio de desenvolvimento e do tipo de cultura, além de ser


específico para cada método utilizado (Iisímetro, Penman, tanques, ...) para determinação da
evapotranspiração potencial.
A avaliação da evapotranspiração real (ETR) a partir da evapotranspiração potencial (ETP)
calculada pelos métodos vistos anteriormente é de grande valia para a irrigação, pois
proporciona meio prático para o controle das aplicações de água, bem como condições para o
planejamento da agricultura irrigada.

5.5 EVAPORAÇÃO EM RESERVATÓRIOS

5.5.1 Através do Tanque Classe A

A evaporação da água de reservatórios é de especial interesse para a engenharia, porque


afeta o rendimento de reservatórios para abastecimento, irrigação e geração de energia.
Reservatórios são criados para regularizar a vazão dos rios, aumentando a disponibilidade de
água e de energia nos períodos de escassez. A criação de um reservatório, entretanto, cria uma

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vasta superfície líquida que disponibiliza água para evaporação, o que pode ser considerada uma
perda de água e de energia.
A evaporação da água em reservatórios pode ser estimada a partir de medições de Tanques
Classe A, entretanto é necessário aplicar um coeficiente de redução em relação às medições de
tanque. Isto ocorre porque a água do reservatório normalmente está mais fria do que a água do
tanque, que tem um volume pequeno e está completamente exposta à radiação solar.
Assim, para estimar a evaporação em reservatórios e lagos costuma-se considerar que esta
tem um valor de aproximadamente 60 a 80% da evaporação medida em Tanque Classe A na
mesma região, isto é:

Elago = Etanque . Ft

Onde Ft tem valores entre 0,6 e 0,8.

O reservatório de Sobradinho, um dos mais importantes do rio São Francisco, tem uma
área superficial de 4.214 km2, constituindo-se no maior lago artificial do mundo, está numa das
regiões mais secas do Brasil. Em conseqüência disso, a evaporação direta deste reservatório é
estimada em 200 m3/s, o que corresponde a cerca de 10% da vazão regularizada do rio São
Francisco. Esta perda de água por evaporação é superior à vazão prevista para o projeto de
transposição do rio São Francisco, idealizado pelo governo federal.

Exercícios

1) Um rio cuja vazão média é de 34 m3/s, foi represado por uma barragem para geração de
energia elétrica. A área superficial do lago criado é de 5000 hectares. Considerando que a
evaporação direta do lago corresponde a 970mm por ano, qual é a nova vazão média a jusante da
barragem?

2) Uma bacia de 2300 km2 recebe anualmente 1600 mm de chuva, e a vazão média corresponde a
14 m3/s. Calcule a evapotranspiração total desta bacia. Calcule o coeficiente de escoamento anual
desta bacia.

5.5.2 Através do Balanço Hídrico

Este método é utilizado no estudo de água perdida por evaporação em reservatórios.


Baseia-se no princípio de conservação de massa do sistema (reservatório).

E0.A = I + P.A – Q – D - ∆V
onde:
• E0: evaporação potencial;
• I: entrada de água no sistema;
• P: precipitação pluviométrica;
• Q: saída de água do sistema;
• ∆V: variação de armazenamento de água (podendo ser positivo ou negativo);
• D: drenagem profunda;
• A: área do reservatório.

Isolando a Evaporação e desprezando a drenagem profunda a equação pode ser escrita


assim:

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E0 = (I – Q – ∆V) /A + P
Colocando nas unidades usuais de cada variável a equação para a evaporação mensal
resulta:
E0=2.592 (I – Q)/Am – 1.000*∆V/Am + P
onde:
E0 : evaporação potencial no mês, (mm/mês)
P: é a precipitação do mês (mm/mês) ;
Q e I: são as vazões médias do mês (m3/s) ;
∆V: é a variação do volume mensal, do inicio ao final do mês (∆V=Vfinal-Vinicio), em
hectômetros
Am: é a área média da lâmina d´água na superfície do reservatório (do inicio ao final do
mês), Am = [A(t)+A(t+1)]/2, (em km2)

Exercício
A precipitação total no mês de janeiro foi de 154 mm, a vazão de entrada drenada pelo rio
principal foi de 24 m3/s. Este rio drena 75% da bacia total que escoa para o reservatório. Com
base nas operações do reservatório ocorreu uma vazão média de saída de 49 m3/s. A relação entre
o volume e a área do reservatório encontra-se na tabela abaixo. O volume no inicio do mês era de
288 106 m3 e no final 244 106 m3. Estime a evaporação no reservatório. (Resposta: Eo=153 mm)

Tabela 5.4 – Relação entre volume e área


Área (km2) Volume (106m3)
10 10
30 60
90 270
110 440

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CAPITULO – VI

6 INFILTRAÇÃO, ARMAZENAMENTO E ÁGUA SUBTERRÂNEA

6.1 INFILTRAÇÃO

Infiltração é a passagem de água da superfície para o interior do solo. Portanto, é um


processo que depende fundamentalmente da água disponível para infiltrar, da natureza do solo,
do estado da sua superfície e da quantidade de água e ar, inicialmente presentes no seu interior.
À medida que a água infiltra pela superfície, as camadas superiores do solo vão-se
umedecendo de cima para baixo, alterando gradativamente o perfil de umidade. Enquanto há
aporte de água, o perfil de umidade tende à saturação em toda a profundidade, sendo a superfície,
naturalmente, o primeiro nível a saturar.
A água infiltrada no solo preenche os poros originalmente ocupados pelo ar. Assim, o solo
é uma mistura de materiais sólidos, líquidos e gasosos.
Na mistura também encontram-se muitos organismos vivos (bactérias, fungos, raízes,
insetos, vermes) e matéria orgânica, especialmente nas camadas superiores, mais próximas da
superfície. A Figura 6. 1 apresenta a proporção das partes mineral, água, ar e matéria orgância
tipicamente encontradas na camada superficial do solo (horizonte A).
Aproximadamente 50% do solo é composto de material sólido, enquanto o restante são
poros que podem ser ocupados por água ou pelo ar. O conteúdo de ar e de água é variável.

Figura 6. 1 - Composição típica do solo Figura 6.2 - Curvas de infiltração - Horton

6.2 EQUAÇÃO DE HORTON

Uma chuva que atinge um solo inicialmente seco será inicialmente absorvida quase
totalmente pelo solo, enquanto o solo apresenta muitos poros vazios (com ar). À medida que os
poros vão sendo preenchidos, a infiltração tende a diminuir, estando limitada pela capacidade do
solo de transferir a água para as camadas mais profundas (percolação). Esta capacidade é dada
pela condutividade hidráulica. A partir deste limite, quando o solo está próximo da saturação, a
capacidade de infiltração permanece constante e aproximadamente igual à condutividade
hidráulica.
A partir de experimentos de campo Horton (1939) estabeleceu a seguinte equação para o
calculo da infiltração.

I t = I b + ( I i − I b )e − kt

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onde:

t : tempo decorrido desde a saturação superficial do solo;


It : taxa de infiltração no tempo;
Ii : taxa de infiltração inicial (t=0);
Ib : taxa mínima de infiltração (assintótica);
K : a condutividade hidráulica.

Infiltrômetro de anéis

O infiltrômetro de anéis concêntricos é constituído de dois anéis concêntricos de chapa


metálica (Figura 6. 3), com diâmetros variando entre 16 e 40 cm, que são cravados verticalmente
no solo de modo a restar uma pequena altura livre sobre este. Aplica-se água em ambos os
cilindros, mantendo uma lâmina líquida de 1 a 5 cm, sendo que no cilindro interno mede-se o
volume aplicado a intervalos fixos de tempo bem como o nível da água ao longo do tempo. A
finalidade do cilindro externo é manter verticalmente o fluxo de água do cilindro interno, onde é
feita a medição da capacidade de campo.

Figura 6.3 - Infiltrômetro de anéis

6.3 MOVIMENTO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA - EQUAÇÃO DE DARCY.

A água subterrânea corresponde a, aproximadamente, 30% das reservas de água doce do


mundo. Desconsiderando a água doce na forma de gelo, a água subterrânea corresponde a 99%
da água doce do mundo. Seu uso é especialmente interessante porque, em geral, exige menos
tratamento antes do consumo do que a água superficial, em função de uma qualidade inicial
melhor. Em regiões áridas e semi-áridas a água subterrânea pode ser o único recurso disponível
para consumo.
A água subterrânea se movimenta através dos espaços vazios interconectados do solo e do
subsolo e ao longo de linhas de fratura das rochas. O fluxo da água em um meio poroso pode ser
descrito pela equação de Darcy. Em 1856, Henry Darcy desenvolveu esta relação básica
realizando experimentos com areia, concluindo que o fluxo de água através de um meio poroso é
proporcional ao gradiente hidráulico, ou às diferenças de pressão.

∂h ∂h
q=K e Q = K.A (6.1)
∂x ∂x
onde
Q é o fluxo de água (m3/s); A é a área (m2) q é o fluxo de água por unidade de área (m/s);
K é a condutividade hidráulica (m/s); h é a carga hidráulica e x a distância.

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A condutividade hidráulica K é fortemente dependente do tipo de material poroso. Assim,


o valor de K para solos arenosos é próximo de 20 cm/hora. Para solos siltosos este valor cai para
1,3 cm/hora e em solos argilosos este valor cai ainda mais para 0,06 cm/hora. Portanto os solos
arenosos conduzem mais facilmente a água do que os solos argilosos, e a infiltração e a
percolação da água no solo são mais intensas e rápidas nos solos arenosos do que nos solos
argilosos.
A condutividade hidráulica das rochas também depende do tipo de rocha, sendo maior em
rochas sedimentares, como o arenito, e menor em rochas ígneas ou metamórficas, exceto quando
estas são muito fraturadas, neste caso sua condutividade pode ser relativamente alta.

6.4 ARMAZENAMENTO DA ÁGUA

A água no subsolo fica contida em formações geológicas consolidadas ou não, em que os


poros estão saturados de água, denominadas aqüíferos. A capacidade de um aqüífero de conter
água é definida pela sua porosidade, definida como a relação entre o volume de vazios e o
volume total.
Uma formação geológica que é pouco porosa, contém pouca água e, principalmente, que
impede a passagem da água, é denominada aqüitardo.
Existem dois tipos de aqüíferos: confinados e não-confinados, ou livres. Um aqüífero
confinado está inserido entre duas camadas impermeáveis (aquitardos). Um aqüífero livre é o
aqüífero que pode ser acessado desde a superfície, sem a necessidade de passar através de uma
camada impermeável.

Figura 6.1 – Aquíferos confinados e livres

Figura 6.2 – Retirada de água de um aquífero livre (poço freático)

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CAPITULO VII

7 VAZÕES DE ENCHENTES

7.1 ENTENDIMENTO DE UMA ENCHENTE

Por enchente de um curso d’água se entende pelo fenômeno de rápida elevação da


superfície livre do rio devido o aumento da vazão que, por sua vez é causado por precipitações
de forte intensidade por uma prolongada duração. A inundação caracteriza-se pelo
extravasamento do canal.

7.1.1 Hidrograma

A figura 7.1 representa uma onda de cheia ou um hidrograma de cheia

Figura 7.1- Hidrograma de cheia


Chuva inicial
Chuva infiltrada

Chuva efetiva
Vazão (m3/s)

Tempo
de retardo

Ramo de elevação
Ramo de recessão

Escoamento
Superficial

Ramo de depleção
C

A
Escoamento de Base

Tempo de Tempo de Tempo (t)


elevação recessão
Tempo de base

7.1.1.1 Precipitação inicial

Iniciada a precipitação, parte das águas será interceptada pela vegetação e pelos obstáculos e
retida nas depressões do terreno até preenche-las completamente. Denomina-se precipitação
inicial a ocorrida no intervalo correspondente.

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7.1.1.2 Escoamento superficial

Preenchida as depressões e ultrapassando a capacidade de infiltração do solo, tem inicio o


intervalo do suprimento liquido, que se caracteriza pelo escoamento superficial propriamente
dito.

7.1.1.3 Tempo de concentração (tc)

Tempo de concentração relativo a uma seção de um curso d’água é o intervalo de tempo


contando a partir do inicio da precipitação para que toda a bacia hidrográfica correspondente
passe a contribuir na seção em estudo. Corresponde à duração da trajetória da partícula de água
que demore mais tempo para atingir a seção.

7.1.1.4 Tempo de retardamento da bacia ou tempo de retardo

É definido como o tempo entre centro de massa da chuva efetiva até o pico do hidrograma.

7.2 PERÍODO DE RETORNO

O período de retorno ou período de recorrência de uma enchente (ou qualquer evento) é o


tempo médio em anos que essa enchente (ou evento) é igualada ou superada pelo menos uma
vez.

7.2.1 Escolha do período de retorno

A escolha e a justificativa de um determinado período de retorno (T), para uma determinada


obra é feita através dos seguintes critérios:
-vida útil da obra,
-tipo de estrutura,
-segurança da obra,
-facilidade de reparação e ampliação.

Tabela 7.1 - Tipos de obras com seus respectivos períodos de retorno


Tipos de obras T (anos)
Extravasores de grandes Barragens (vertedor) 10.000
Extravasores de pequenas Barragens (vertedor) 100 a 500
Diques de proteção de cidades 50 a 200
Obras de Arte (pontes) 50 a 100
Bueiros (estradas pouco e muito movimentadas) 10 a 100
Sistema de macro-drenagem 100
Sistema de micro-drenagem (Drenagem Pluvial) 2 a 10
Obras de canalizações e cursos d’água 10 a 100

7.3 VAZÃO MÁXIMA

A vazão máxima de um rio é entendida como sendo o valor associado a um risco de ser
igualado ou ultrapassado. A vazão máxima é utilizada na previsão de enchentes e em projetos de
obras hidráulicas tais como: canais, bueiros, condutos, diques, extravasores de barragens, entre
outros. A estimativa destes valores tem importância decisiva nos custos e na segurança dos
projetos de engenharia.

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A vazão máxima pode ser estimada com base aos seguintes critérios: a) no ajuste de uma
distribuição estatística, b) na regionalização de vazões, e c) na precipitação. Quando existem
dados históricos de vazão no local de interesse e as condições da bacia hidrográfica não se
modificam, pode ser ajustada uma distribuição estatística. Quando não existem dados ou existe,
mas a série é pequena, pode-se utilizar a regionalização de vazões ou as precipitações (Tucci,
1993).

7.3.1 Método racional

O método racional serve para estimar o pico de uma cheia, resume-se fundamentalmente
no emprego da chamada “formula racional”. A experiência mostra que o emprego deste método
é recomendado para áreas com menos de 5 km2, embora alguns autores citem seu uso para bacias
com área inferior a 15 km2.
. O uso deste método para áreas maiores não é recomendado, não obstante, é satisfatório para
projetos de galerias pelo processo chamado detalhado, no qual se consideram sub-bacias
pequenas de alguns hectares.
O método racional presume como conceito básico que a máxima vazão para uma pequena
bacia contribuinte ocorre quando toda a bacia está contribuindo, e que esta vazão é igual a uma
fração da precipitação média. Em forma analítica, a formula racional é dada pela seguinte
expressão:

Q = C. i m . A (7.1)
onde:
Q : pico da cheia, vazão, em m3/s ou l/s,
A : área drenada em km2, ha,
C : coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de deflúvio (RUNOFF).
im : intensidade média da precipitação sobre toda a bacia, em mm/min ou mm/hora, para uma
duração de chuva igual ao tempo de concentração (tc) da bacia.

Obs. O tempo de duração da chuva média (im) deve ser igual ao tempo de concentração da
bacia, ou seja, o tempo necessário para que toda a área de drenagem passe a contribuir para a
vazão na seção estudada. Além da duração, a chuva vem relacionada também a um certo um
período de retorno fixado, dependendo do tipo de obra a ser executada.

Dependendo dos dados de ingresso que você tem, usa uma das duas seguintes formulas:

Q = m3/s
C.im. A A = hectares, ha
Q= onde: im = mm/hora (7.2)
360

C.i A Q = m3/s
Q = m. onde: A = km2 (7.3)
3,6 im = mm/hora

7.3.1.1 Área da bacia (A)

A área da bacia é relativa a área de drenagem até o ponto de interesse. A mesma pode ser
determinada através do planímetro.

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7.3.1.2 Coeficiente de escoamento superficial (C)

O coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de deflúvio, ou ainda coeficiente de


“run-off” é definido como a razão entre o volume de água escoado superficialmente, que é
registrado em uma certa seção, e o volume de água precipitado na bacia contribuinte.

C: Vol. escoado superficial/ Volume precipitado

Tabela 7.2 - Valores de “C” adotados pela Prefeitura de São Paulo (Wilken, 1978)
Zonas C
Edificação muito densa:
Partes centrais, densamente construídas, de uma cidade com
ruas e calçadas pavimentadas. 0,70 - 0,95
Edificação não muito densa:
Partes adjacentes ao centro, de menor densidade de habitações,
mas com ruas e calçadas pavimentadas. 0,60 - 0,70
Edificação com poucas superfícies livres:
Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas. 0,50 - 0,60
Edificação com muitas superfícies livres:
Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas. 0,25 - 0,50
Subúrbios com alguma edificação:
Partes arrabaldes e subúrbios com pequena densidade de 0,10 - 0,25
construção.
Matas, parques e campos de esporte:
Partes rurais, áreas verdes, superfícies arborizadas, parques 0,05 - 0,20
ajardinados, campos de esporte sem pavimentação.

Para áreas com características e ocupações diferentes, a estimativa de C é feita pela seguinte
equação:

n
Ci Ai
i =1
C=
AT
onde:
C: é o coeficiente de escoamento superficial ponderado,
Ci : é o coeficiente de escoamento superficial correspondente a área i (Ai),
A: é a área total da bacia.

Obs. Para períodos de retornos iguais a 50 e 100 anos deve ser feita uma correção no
coeficiente de escoamento superficial conforme tabela abaixo.

Tabela 7.3 - Correções dos valores de C


T (anos) Cf CCorrigido
50 1,10 Cf *C
100 1,25 Cf *C

7.3.1.3 Intensidade da precipitação na bacia (i)

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A intensidade da precipitação (i) geralmente é encontrada, para vários postos ou cidades no


Brasil, em forma de tabelas, gráficos ou formulas.

a) Exemplo de tabela para a I-D-F

Tabela 7.3 Chuvas intensas para Blumenau - Método de Gumbel


Chuvas intensas (mm/h)
Dados utilizados de Pluviômetro (1944-2008)
Duração
T= 5 anos T= 10 anos T= 20 anos T=50 anos T=100 anos

5 min 162,7 190,5 217,1 251,6 277,4


10 min 129,2 151,2 172,4 199,8 220,3
15 min 111,7 130,7 149,0 172,7 190,4
20 min 96,9 113,4 129,3 149,8 165,2
25 min 87,1 102,0 116,2 134,7 148,5
30 min 79,8 93,4 106,4 123,3 136,0
1h 53,9 63,1 71,9 83,3 91,9
6h 15,4 18,0 20,5 23,8 26,3
8h 12,5 14,6 16,7 19,3 21,3
10 h 10,5 12,3 14,0 16,3 17,9
12 h 9,1 10,6 12,1 14,1 15,5

b) Exemplo do uso de equação para a I-D-F

Para Blumenau (Ademar Cordero, 2012)

655.T 0,1765 1246,9.T 0,1765


i= (Para t ≤120 min) i = (Para 120 min <t< 720 min) (7.4)
(t + 8,1)0,65 (t + 22,3)0,78
onde:
i : é a intensidade de chuva, em mm/hora,
T : é o Período de Retorno (anos),
t : tc: é o tempo de concentração da bacia (minutos).

Obs. Podemos observar que a intensidade da chuva é função de “t” tempo de concentração da
bacia (minutos) e do Período de Retorno “T” (anos).

7.3.1.4 Para determinar o tempo de concentração de uma bacia.

Equação de Kirpich (para bacias menores que 500 km2)

0 ,385
L3
t c = 57 (7.5)
∆H

onde: tc: é o tempo de concentração da bacia, em minutos


L : é a extensão do talvegue, ou rio, em quilômetros,

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∆ H: é a diferença de nível entre o ponto mais afastado da bacia e o ponto considerado, em


metros.

Equação de Watt e Chow (para bacias maiores que 500 km2)

0 , 79
L
t c = 7,68 (7.6)
S 0, 5

onde:
tc é o tempo de concentração (em minutos); L é o comprimento do curso d’água principal
(em Km); e S é a declividade do rio curso d’água principal (m/m).

7.3.2 Métodos estatísticos

Segundo Tucci, 1993 as principais distribuições estatísticas utilizadas em hidrologia para o


ajuste de vazões máximas são: Empírica, Log-Normal, Gumbel e Log-Pearson III.

Tipos de séries usadas nas análises estatísticas. Três critérios podem ser adotados

Séries anuais. Neste critério as séries são constituídas dos máximos observados em cada ano,
desprezando-se os demais dados mesmo que sejam superiores às dos outros anos.
Séries parciais. Neste caso as séries são constituídas dos “n” maiores valores observados,
sendo “n” o número de anos do período analisado.
Séries completas. Neste ultimo critério se adota todos os valores selecionados para a
formação das séries. O primeiro critério é o mais adotado.

7.3.2.1 Método de Gumbel

Com base na teoria dos extremos de amostras ocasionais, Gumbel demonstrou que, se o
número de vazões máximas anuais tende para o infinito, a probabilidade Pi de qualquer uma das
máximas ser maior ou igual do que um certo Xi é dada pela equação:

− yi
Pi =1− e−e (7.7)

onde:
e é a base dos logaritmos neperianos,
yi é a variável reduzida, dada por:

yi = a (Xi – Xf) (7.8)


onde:
a : é um parâmetro,
Xi : é um certo valor da variável aleatória X (vazões máximas anuais),
Xf = μ – 0,450 σ para n → ∞ (μ é a média do universo e σ o desvio padrão do universo).
Na prática, não se tem um número suficiente de dados para se considerar n → ∞. Gumbel
calculou os parâmetros Xf e a pelas seguintes expressões:

Xf = X - Sx ( y n / Sn) (7.9)
a = Sn/ Sx (7.10)
onde:

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X é a média da variável X (vazões máximas),


y n e Sn a média e o desvio padrão da variável reduzida (valores tabelados em função do
número de dados),
Sx é o desvio padrão da variável X.

Tabela 7.4 -Valores esperados da média ( y n ) e desvio-padrão (Sn) da variável reduzida (y)
em função do número de dados (n).
n yn Sn n yn Sn
20 0,52 1,06 80 0,56 1,19
30 0,54 1,11 90 0,56 1,20
40 0,54 1,14 100 0,56 1,21
50 0,55 1,16 150 0,56 1,23
60 0,55 1,17 200 0,57 1,24
70 0,55 1,19 ∞ 0,57 1,28
Fonte: Villela e Mattos, 1975.

Papel de Gumbel (Excel)

Uma outra facilidade que se pode usar para aplicar esse método é o papel de Gumbel. Nesse
papel, as ordenadas são os valores da variável (X) (aqui as vazões) em escala aritmética; as
abscissas são as variáveis reduzidas (y) em escala aritmética. Paralelamente às abscissas, na parte
superior do papel, e, em correspondência a cada valor da variável reduzida (y), podem ser
plotados os valores dos períodos de retornos (T), de acordo com a seguinte expressão (Villela e
Mattos, 1975):

1 T −1
T = −y y = − ln − ln (7.11)
1 − e−e T

onde:
T = período de retorno;
y = variável reduzida de Gumbel.

Com os dados de X(vazões) calculam-se os valores de y e T e plotam-se no papel de


Gumbel.

Os pontos devem ficar alinhados e passar pelo ponto teórico:

y = 0,579 e T= 2,33 anos,

que corresponde ao valor X = X quando se tem um número infinito de dados. Isto mostra que
o período de retorno teórico, pela distribuição de Gumbel, da vazão média é 2,33 anos.

Posição de plotagem

N +1
T= (Fórmula de Kimbal) (7.12)
m

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N + 0,12
T= Formula de Tucci (1993) (7.13)
m − 0,44

onde:
T: é o período de retorno, em anos;
m: é a “posição” das vazões (ordem decrescente);
N: é o tamanho da amostra.

7.3.2.2 Método Log-Normal

De forma análoga ao de Gumbel é feito com o papel Log-Normal. Nesse papel, as ordenadas
são os valores da variável (X) (aqui as vazões), em escala aritmética e as abscissas são plotados
os valores dos períodos de retornos (T), em escala logarítmica.

7.3.2.3 Ajuste de distribuição considerando marcas históricas de enchentes

Num posto fluviométrico com uma série continua de n anos podem existir informações
históricas de marcas de água que ocorrem antes da instalação do posto que gerou a série
contínua. Estas marcas devem ser as maiores de um período de H anos, sendo H o número de
anos que englobe a série continua e o período em que as marcas de enchentes foram as de
maiores valores. Essas informações devem ser incorporadas à análise de freqüência, permitindo
melhorar o ajuste da distribuição (Tucci, 1993).

7.3.2.4 Período de retorno/risco

Obras de engenharia hidráulica geralmente são projetadas com parâmetros hidrológicos, que
por sua vez, são gerados sob cálculos estimados, resultando numa incerteza do projetista. Como
os projetos são feitos para o futuro, as suas demandas, seus benefícios e custos são todos
conhecidos até um certo limite, e erros na estimativa de valores hidrológicos podem acarretar
prejuízos econômicos e ambientais (Nerilo et al., 2002).
Desta forma, os projetos são normalmente elaborados mediante a admissão de um certo risco
calculado, derivado de métodos de estimativas de probabilidade relativa aos parâmetros
hidrológicos.
A determinação do período de retorno é uma maneira de estimar, a partir de dados
observados, a previsão de futuras ocorrências de um certo evento. Pode ser definido como o
tempo médio decorrido entre as ocorrências de um evento que exceda ou iguale uma certa
magnitude.
Desta forma, as maiores vazões de ordem m, em uma série de dados que iguale ou supere m
vezes no período de observação de n anos ou número de observação tem uma estimativa do seu
período de retorno (T) de acordo com a seguinte expressão:

T= N+1/m (7.14)

A relação entre a probabilidade de ocorrer o evento X, P(X) e o período de retorno (T) é tal
que:
T= 1/P(X≥x) (7.15)

ou seja, o período de retorno é o inverso da probabilidade de ocorrer um evento X com a


magnitude igual ou maior que um certo x.

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Com isto a probabilidade de não ocorrer o evento em um dado é de (1-P). De acordo com os
princípios estatísticos, a probabilidade J de que ao menos um evento iguale ou supere o evento
do ano de ordem T venha ocorrer em uma série qualquer de n anos é:

J= 1 – (1 – P) n (7.16)

Isto pode ser facilmente visualizado na Tabela 7.5. Como por exemplo, se um projeto for
dimensionado com um evento, neste caso uma vazão, cujo período de retorno é de 100 anos
(T=100 anos) e se a obra tiver uma vida útil estimada em 100 anos, então a probabilidade deste
evento ocorrer em sua vida útil é de 63%. Portanto, uma alta probabilidade de ocorrência. Já para
uma vazão de T = 50 anos em uma vida útil de 100 anos a probabilidade de este evento ocorrer
passa para 87%. De qualquer forma nunca há certeza absoluta de que um evento, com um certo
período de retorno, possa realmente acontecer no prazo previsto.

Tabela 7.5 - Probabilidade de que um evento de um dado tempo de recorrência


venha a ser igualado ou excedido durante a vida útil da obra.
Vida útil da obra
1 5 10 25 50 100 200 500
T(anos) Probabilidade J
1 1 1 1 1 1 1 1 1
2 0,50 0,77 0,999 * * * * *
5 0,20 0,67 0,89 0,996 * * * *
10 0,10 0,41 0,65 0,93 0,995 * * *
50 0,02 0,10 0,18 0,40 0,64 0,87 0,98 *
100 0,001 0,05 0,10 0,22 0,40 0,63 0,87 0,993
200 0,005 0,02 0,05 0,12 0,22 0,39 0,63 0,92
* Nestes casos J nunca pode ser exatamente igual a 1. Na prática, porém, se toma J=1.

Exercício
Com a série histórica da estação fluviométrica Blumenau (Tabela 7.6) e a respectiva curva-
chave (7.15 e 7.16) determinar a vazes máximas e seus respectivos níveis para os períodos de
retornos entre 2 a 1000 (conforme Tabela 7.7).
Obs. A estação fluviométrica de Blumenau foi implantada no ano de 1939, mas existe
informação histórica de níveis de enchentes desde o ano de 1852. Os dados anteriores à
implantação da estação fluviométrica foram resgatados de fotografias de enchentes ou de
documentos descritos pelos primeiros imigrantes que chegaram na região. Portanto o período da
série histórica inicia no ano de 1852 e vai até 2009. Na Tabela 7.6 estão apresentados os níveis
das cheias do rio Itajaí-Açu registradas em Blumenau, com valores superiores a 8,00 m, as quais
foram usadas neste estudo. Os níveis estão referenciados ao zero do IBGE, para isto foi somado
20 cm a cada nível do rio Itajaí-Açu que foi registrado na régua da estação fluviométrica de
Blumenau.

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Tabela 7.6 - Níveis máximos registrados em Blumenau (Referência IBGE).

Ano Cota (m) Data Ano Cota (m) Data Ano Cota (m) Data
1852 16,30 29/Out 1940 8,55 26/Ago 1975 12,63 04/Out
1855 13,30 20/Nov 1943 10,50 03/Ago 1976 9,00 06/Jun
1862 9,00 08/Nov 1946 9,45 02/Fev 1977 9,25 18/Ago
1864 10,00 17/Set 1948 11,85 17/Mai 1978 11,50 26/Dez
1868 13,30 27/Nov 1950 9,45 17/Out 1979 10,45 09/Out
1870 10,00 11/Out 1951 9,00 19/Out 1980 13,27 22/Dez
1880 17,10 23/Set 1953 9,65 01/Nov 1982 8,15 16/Nov
1888 12,80 23/Set 1954 9,56 08/Mai 1983 10,60 04/Mar
1891 13,80 18/Jun 1954 12,53 22/Out 1983 12,52 20/Mai
1898 12,80 01/Mai 1955 10,61 20/Mai 1983 15,34 09/Jul
1900 12,80 02/Out 1957 13,07 18/Ago 1983 11,75 24/Set
1911 9,86 29/Out 1958 9,31 16/Mar 1984 15,46 07/Ago
1911 16,90 02/Out 1960 8,29 19/Ago 1990 8,82 21/Jul
1923 9,00 20/Jun 1961 10,35 12/Set 1992 12,80 29/Mai
1925 10,30 14/Mai 1961 9,63 30/Set 1992 10,62 01/Jul
1926 9,50 14/Jan 1961 12,49 01/Nov 1995 8,31 10/Jan
1927 12,30 09/Out 1962 9,29 21/Set 1997 9,44 01/Fev
1928 11,76 18/Jul 1963 9,67 29/Set 2001 11,02 01/Out
1928 10,82 15/Ago 1965 9,22 21/Ago 2008 11,52 24/Nov
1931 11,05 02/Mai 1966 10,07 13/Fev 2009 8,17 06/Out
1931 11,25 14/Set 1969 10,14 06/Abr 2011 12,80 09/Set
1931 11,53 18/Set 1971 10,35 09/Jun
1932 9,75 25/Mai 1972 11,35 29/Ago
1933 11,85 04/Out 1973 11,30 25/Jun
1935 11,65 24/Set 1973 9,35 28/Jun
1936 10,40 06/Ago 1973 12,35 29/Ago
1939 11,45 27/Nov 1974 9,00 24/Jul

Aplicação do método Log-Normal

Curva-chave de Blumenau (ajustada por Cordero, 2012).

Q= 50 (H +1,2) 1,73 (Válida ate 06/2012) (7.17)

Q= 50 (H +0,8) 1,73 (Válida a partir de 07/2012) (7.18)

Na equação 7.18 foi diminuído 40 cm referente a equação 7.17, passando a constante de 1,2
m para 0,8 metros, pelo fato das réguas ter sido afundadas 40 cm em julho de 2012.

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Figura 7.2 -Vazões máximas para Blumenau através do método Log-Normal


8000 Método Log-Normal para Blumenau

Vazão (m3/s)
7500
Pontos plotados das cheias máximas registradas
7000
Reta ajustada aos pontos plotados
6500

6000

5500

5000

4500

4000

3500

3000

2500
Q = 915,81Ln(x) + 1570,7
2000 R2 = 0,973

1500
1 10 100 1000
Período de retorno, T (anos)

Figura 7.3 -Vazões máximas para Blumenau através do método de Gumbel


Método de Gumbel para Blumenau
8000
V azão (m 3 /s)

7500 Pontos plotados das cheias máximas registradas


7000 Reta ajustada aos pontos plotados
6500

6000
5500
5000
4500
4000
3500

3000
Q = 851,53y + 1801,1
2500
R2 = 0,9798
2000
1500
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
Variável reduzida (y)

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Tabela 7.7 Vazões e níveis com os períodos de retornos para Blumenau.

Período Método de Gumbel


de Log-Normal
Retorno Vazão Nível Variável Vazão Nível
T(anos) Q (m3/s) H(M) y Q (m3/s) H(M)
2 2205,5 8,7 0,4 2113,2 8,4
5 3044,6 10,7 1,5 3078,3 10,8
10 3679,4 12,1 2,3 3717,4 12,1
25 4518,6 13,7 3,2 4524,7 13,8
50 5153,4 14,9 3,9 5123,7 14,9
100 5788,2 16,0 4,6 5718,3 15,9
200 6423,0 17,1 5,3 6310,6 16,9
300 6794,3 17,7 5,7 6656,6 17,5
500 7262,1 18,5 6,2 7092,2 18,2
1000 7896,9 19,4 6,9 7682,8 19,1

7.3.3 Hidrograma Unitário

Uma bacia pode ser imaginada como um sistema que transforma chuva em vazão. A
transformação envolve modificações no volume total da água, já que parte da chuva infiltra
no solo e pode retornar à atmosfera por evapotranspiração, e modificações no tempo de
ocorrência, já que existe um atraso na ocorrência da vazão em relação ao tempo de ocorrência da
chuva. A chuva efetiva é responsável pelo crescimento rápido da vazão de um rio durante e após
uma chuva. Anteriormente foi apresentado a forma para estimar a chuva efetiva.
Nem toda a chuva efetiva gerada numa bacia chega imediatamente ao curso d’água. A
partir dos locais em que é gerado, o escoamento percorre um caminho, com velocidades
variadas de acordo com características como a declividade e o comprimento dos trechos
percorridos, e a resposta da bacia a uma entrada de chuva depende destas características.
Em particular, se imaginamos um pulso de chuva de curta duração, a bacia hidrográfica é
um sistema que transforma uma entrada quase imediata em uma saída distribuída ao longo do
tempo, como mostrado na figura a seguir. A figura mostra um gráfico de vazão (hidrograma)
resultante de uma chuva efetiva na bacia. Considera-se que o hidrograma corresponda a
medições realizadas na saída (exutório) da bacia.
Imediatamente após, e mesmo durante a ocorrência da chuva a vazão começa a
aumentar, refletindo a chegada da água que começou a escoar na região mais próxima do
exutório, como indicado. Após algum tempo é atingido o valor máximo e, finalmente,
inicia uma recessão, quando a água da chuva efetiva gerada na região mais distante da bacia
atinge o exutório. No final da recessão o escoamento superficial cessa.
A resposta de uma bacia a um evento de chuva depende das características físicas da bacia
e das características do evento, como a duração e a intensidade da chuva. Chuvas de mesma
intensidade e duração tendem a gerar respostas de vazão (hidrogramas) semelhantes.
Chuvas mais intensas tendem a gerar mais escoamento e hidrogramas mais pronunciados,
enquanto chuvas menos intensas tendem a gerar hidrogramas mais atenuados, com menor vazão
de pico.

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Para simplificar a análise e para simplificar os cálculos, é comum admitir-se que existe uma
relação linear entre a chuva efetiva e a vazão, lembrando que a chuva efetiva é a parcela da chuva
que gera escoamento superficial.
Uma teoria útil, mas não inteiramente correta, baseada na relação linear entre chuva
efetiva e vazão em uma bacia é a teoria do Hidrograma Unitário.
Conceitualmente o Hidrograma Unitário (HU) é o hidrograma do escoamento direto,
causado por uma chuva efetiva unitária (por exemplo, uma chuva de 1 mm ou 1 cm), por isso o
método é chamado de Hidrograma Unitário. A teoria do hidrograma unitário considera que
a precipitação efetiva é unitária tem intensidade constante ao longo de sua duração e
distribui-se uniformemente sobre toda a área de drenagem.
Adicionalmente, considera-se que a bacia hidrográfica tem um comportamento linear. Isso
significa que podem ser aplicados os princípios da proporcionalidade e superposição,
descritos a seguir. Com a teoria do hidrograma unitário é possível calcular a resposta da
bacia a eventos de chuva diferentes, considerando que a resposta é uma soma das respostas
individuais.

7.3.3.1 Proporcionalidade

Para uma chuva efetiva de uma dada duração, o volume de chuva, que é igual ao
volume escoado superficialmente, é proporcional à intensidade dessa chuva. Como os
hidrogramas de escoamento superficial correspondem a chuvas efetivas de mesma duração,
têm o mesmo tempo de base, considera-se que as ordenadas dos hidrogramas serão
proporcionais à intensidade da chuva efetiva, como mostra a Figura 7. 2.
Na figura observa-se que o hidrograma resultante da precipitação efetiva de 2 mm é
duas vezes maior do que o hidrograma resultante da chuva efetiva de 1 mm, que é o
hidrograma unitário. A vazão do ponto
A é duas vezes menor do que a vazão no ponto B e a vazão no ponto D é duas vezes
maior do que a do ponto C, e assim para todos os valores de vazão dos hidrogramas é
respeitada a mesma proporção.

Figura 7.2 - Ilustração do princípio da proporcionalidade na teoria do hidrograma unitário

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7.3.3.2 Superposição

As vazões de um hidrograma de escoamento superficial, produzidas por chuvas


efetivas sucessivas, podem ser encontradas somando as vazões dos hidrogramas de
escoamento superficial correspondentes às chuvas efetivas individuais.

Figura 7.3 - Ilustração do princípio da superposição de hidrograma

A Figura 7.3 ilustra o princípio da superposição, mostrando como o hidrograma de


resposta de duas chuvas unitárias sucessivas pode ser obtido somando dois hidrogramas
unitários deslocados no tempo por uma diferença D, que, neste caso, é a duração da chuva.

7.3.3.3 Convolução

Aplicando os princípios da proporcionalidade e da superposição é possível calcular os


hidrogramas resultantes de eventos complexos, a partir do hidrograma unitário. Este cálculo é
feito através da convolução. Em matemática, particularmente na área de análise funcional,
convolução é um operador que, a partir de duas funções, produz uma terceira. O conceito
de convolução é crucial no estudo de sistemas lineares invariantes no tempo, como é o caso
da teoria do hidrograma unitário (veja definição na Wikipedia).
O hidrograma unitário é, normalmente, definido como uma função em intervalos de tempo
discretos. A vazão em um intervalo de tempo t é calculada a partir da convolução entre
as funções Pef (chuva efetiva) e h (ordenadas do hidrograma unitário discreto).

t
Qt = Pef i ht −i +1 Para t<k
i =1
t
Qt = Pef i ht −i +1 Para t≥k
i =t − k +1

onde,
Qt é a vazão do escoamento superficial no intervalo de tempo t; h é a vazão por unidade de chuva
efetiva do HU; Pef é a precipitação efetiva do bloco i; k é o número de ordenadas do hidrograma

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unitário, que pode ser obtido por k = n – m +1, onde m é o número de pulsos de precipitação
e n é o número de valores de vazões do hidrograma.
A convolução discreta fica mais clara quando colocada na forma matricial.
Considerando uma chuva efetiva formada por 3 blocos de duração D cada um, ocorrendo
em seqüência, e uma bacia cujo hidrograma unitário para a chuva de duração D é dado por
9 ordenadas de duração D cada uma, a aplicação da convolução para calcular as vazões Qt no
exutório da bacia seria:

Q1 = Pef1.h1
Q2 = Pef2.h1+ Pef1.h2
Q3 = Pef3.h1 +Pef2.h2+ Pef1.h3
Q4 = Pef3.h2+ Pef2.h3+Pef1.h4
Q5 = Pef3.h3+Pef2.h4+Pef1.h5
Q6 = Pef3.h4+Pef2.h5+Pef1.h6
Q7 = Pef3.h5+Pef2.h6+Pef1.h7
Q8 = Pef3.h6+Pef2.h7+Pef1.h8
Q9= Pef3.h7+Pef2.h8+Pef1.h9
Q10= Pef3.h8+Pef2.h9
Q11= Pef3.h9

Neste caso m=3 porque a chuva é definida por três blocos, k=9 porque o hidrograma
unitário tem 9 ordenadas e n=11 porque a duração total do escoamento resultante é de 11
intervalos de duração D cada um.
A convolução para o cálculo das vazões usando o HU é uma tarefa trabalhosa.
Normalmente o HU é utilizado como um módulo dentro de um modelo hidrológico, e sua
aplicação é facilitada.

7.3.3.4 Hidrograma Unitário Sintético

A situação mais freqüente, na prática, é o da inexistência de dados históricos. Neste caso


é necessário utilizar um hidrograma unitário sintético, ou um hidrograma unitário obtido a partir
da análise do relevo, denominado hidrograma unitário geomorfológico.
Os hidrogramas unitários sintéticos foram estabelecidos com base em dados de
algumas bacias e são utilizados quando não existem dados que permitam estabelecer o HU,
conforme apresentado no item a seguir.
Os métodos de determinação do HU baseiam-se na determinação do valor de algumas
características do hidrograma, como o tempo de concentração, o tempo de pico, o tempo de base
e a vazão de pico.
A Figura 7.4 apresenta um hidrograma resultante da ocorrência de uma chuva, em
que se conhece o valor da chuva efetiva em três intervalos de tempo.

Figura 7.5 - Características importantes do hidrograma para a definição de HU sintético

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O tempo de concentração é definido como o intervalo de tempo entre o final da


ocorrência de chuva efetiva e o final do escoamento superficial, conforme mostrado na figura.
O tempo entre picos é definido como o intervalo entre o pico da chuva efetiva e o pico da vazão
superficial.
O tempo de retardo é definido como o intervalo de tempo entre os centros de gravidade
do hietograma (chuva efetiva) e do hidrograma superficial.
O tempo de pico é definido como o tempo entre o centro de gravidade do hietograma (chuva
efetiva) e o pico do hidrograma.
Com base nestas definições é que pode-se caracterizar o Hidrograma Unitário Sintético
adimensional do SCS.

7.3.3.5 Hidrograma Unitário Triangular do SCS (HUT-SCS)

A partir de um estudo com um grande número de bacias e de hidrogramas unitários nos


EUA, técnicos do Departamento de Conservação de Solo (Soil Conservation Service –
atualmente Natural Resources Conservation Service) verificaram que os hidrogramas
unitários podem ser aproximados por relações de tempo e vazão estimadas com base no tempo
de concentração e na área das bacias.
Para simplificar ainda mais, o hidrograma unitário pode ser aproximado por um
triângulo, definido pela vazão de pico e pelo tempo de pico e pelo tempo de base,
conforme a Figura 7.5.
As relações identificadas, que permitem calcular o hidrograma triangular são descritas
abaixo, de acordo com o texto de Chow et al. (1988).

Figura 7.5 - Forma do hidrograma unitário sintético triangular do SCS

a) Tempo de concentração (tc)

Equação de Kirpich (bacias pequenas)

0, 385
L3
t c = 57
∆H

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onde: tc: é o tempo de concentração da bacia, em minutos


L : é a extensão do talvegue, ou rio, em quilômetros,
∆ H: é a diferença de nível entre o ponto mais afastado da bacia e o ponto considerado, em
metros.

Equação de Watt e Chow (para bacias maiores)

0 , 79
L
t c = 7,68
S 0, 5

onde, tc é o tempo de concentração (em minutos); L é o comprimento do curso d’água principal


(em km); e S=H/L é a declividade média (m/m) ao longo do curso d’água principal.

b) Duração da chuva (D)

É o tempo de duração da chuva

D = 0,133 tc (onde, tc é o tempo de concentração da bacia) (da um valor aproximado)

c) Tempo de pico (tp) ou tempo de retardamento do hidrograma

É o tempo do centro de gravidade da chuva efetiva até o pico do hidrograma

O tp do hidrograma pode ser estimado como 60% do tempo de concentração:

tp = 0,6. tc

d) Tempo de subida do hidrograma (Tp)

O tempo de subida do hidrograma Tp pode ser estimado como o tempo de pico tp mais
a metade da duração da chuva D, assim:

Tp = tp + D/2 = 0,6 tp + D/2

e) Tempo de base (tb)

O tempo de base do hidrograma (tb) é aproximado por:

tb= Tp + 1,67. Tp

o que significa que o tempo de recessão do hidrograma triangular, a partir do pico até retornar a
zero, é 67% maior do que o tempo de subida.

f) Vazão de pico do hidrograma unitário triangular

A vazão de pico do hidrograma unitário triangular correspondente a 1,00 milímetro de


chuva efetiva é estimada por:

0,208. A * Pef
qp =
Tp

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onde, Tp é o tempo de subida do hidrograma, em horas,


A é a área da bacia , em Km2,
Pef. é a chuva unitária efetiva, em 1,0 mm
qp é a vazão de pico m3/s por mm

7.3.3.6 Distribuição temporal das chuvas de projeto

Uma vez definida a intensidade e a duração de uma chuva de projeto é necessário definir
sua distribuição temporal. A hipótese mais simples, utilizada no método racional para o cálculo
das vazões máximas, é que a intensidade não varia durante todo o evento. Assim, a chuva tem
uma distribuição temporal uniforme durante toda a sua duração.
Por outro lado, na geração de chuvas de projeto mais longas, tipicamente utilizadas em
cálculos de vazões baseadas no método do hidrograma unitário, normalmente considera-se que
a intensidade da chuva varia ao longo do evento de projeto. Existem vários métodos para criar
uma distribuição temporal para chuvas de projeto. Um método freqüentemente utilizado é
conhecido como método dos blocos alternados (Chow et al., 1988).

7.3.3.7 Atenuação das chuvas com a área

Bacias hidrográficas grandes têm menor probabilidade de serem atingidas por chuvas
intensas simultaneamente em toda a sua área do que bacias pequenas. Chuvas de projeto são
definidas a partir de dados coletados em pluviógrafos. Para utilizar as chuvas de projeto em
bacias relativamente grandes é necessário compensar o fato que a intensidade média das chuvas
em grandes áreas é menor. Normalmente é utilizado para isto um fator de redução pela área,
como o desenvolvido em 1958, para algumas regiões dos EUA, ilustrado na Figura 7.6.

Figura 7.6 - Fator de redução da chuva de projeto de acordo com a área da bacia e a duração da chuva –
as linhas pretas foram obtidas em 1958 para algumas regiões dos EUA com base em dados de
pluviógrafos e as linhas cinza foram obtidas a partir de dados de radar.

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7.3.3.8 Vazões máximas com base em transformação chuva-vazão

Os métodos mais comuns para calcular as vazões máximas a partir da transformação de


chuva em vazão são o método racional e os modelos baseados no hidrograma unitário.
Em bacias pequenas, com chuvas de curta duração, pode ser adotado o hidrograma
unitário. Já em bacias maiores, com chuvas mais demoradas, ou em casos em que se deseja, além
da vazão máxima, o volume das cheias, é necessário utilizar modelos baseados no hidrograma
unitário.
O Departamento de Esgotos Pluviais (PORTO ALEGRE, 2005) sugere que, de acordo com
a área da bacia usam-se métodos diferentes para cálculo da vazão, como apresenta o Quadro 1.

Quadro 1 – Adotado pelo DEP- Porto Alegre


A (km2) Método
A ≤ 2,0 Racional
A ≥ 2,0 Hidrograma Unitário - SCS

7.3.3.9 Vazões máximas usando o hidrograma unitário

Admite-se, implicitamente, que uma chuva de T anos de tempo de retorno provoque uma
vazão máxima de T anos de tempo de retorno.
Os passos para obter a vazão máxima com base no hidrograma unitário são detalhados a
seguir:
1. Calcular área da bacia
2. Calcular tempo de concentração da bacia
3. Identificar posto pluviográfico com dados ou curva IDF válida em região próxima.
4. Com base nas características da bacia (área e tempo de concentração) define se hidrograma
unitário sintético.
5. Com base em na curva IDF define-se a chuva de projeto, com duração igual ao tempo de
concentração da bacia, e organizada em blocos alternados, ou metodologia semelhante.
6. A chuva de projeto deve ser multiplicada pelo fator de redução de área, de acordo com a
área da bacia e com a duração total da chuva.
7. Com base na chuva de projeto corrigida do passo anterior e usando uma metodologia de
separação de escoamento como o método do coeficiente CN, calcula-se a chuva efetiva.
8. Com base na chuva efetiva e no hidrograma unitário é feita a convolução para gerar o
hidrograma de projeto.
9. A maior vazão do hidrograma de projeto é a vazão máxima estimada a partir da chuva.

7.3.3.10 Chuva efetiva ou volume de escoamento: Método SCS

Um dos métodos mais simples e mais utilizados para estimar o volume de escoamento
superficial resultante de um evento de chuva é o método desenvolvido pelo National Resources
Conservatoin Center dos EUA (antigo Soil Conservation Service – SCS).
De acordo com este método, a lâmina escoada durante uma chuva é dada por:

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( P − Ia) 2
Pef = → quando → P > Ia
( P − Ia + S )
Pe f = 0.0 → quando → P ≤ Ia
25400
S= − 254
CN
Ia = S
5
onde
Pef é a lâmina escoada ou volume de escoamento dividido pela área da bacia (mm),
também chamada “chuva efetiva”;
P é a precipitação durante o evento (mm);
S é um parâmetro que depende da capacidade de infiltração e armazenamento do solo
(parâmetro adimensional CN – veja tabela);
e Ia é uma estimativa das perdas iniciais de água.

Tabela do CN: Valores aproximados do parâmetro CN para diferentes condições de cobertura


vegetal, uso do solo e tipos de solos (A: solos arenosos e de alta capacidade de infiltração; B:
solos de média capacidade de infiltração; C solos com baixa capacidade de infiltração; D solos
com capacidade muito baixa de infiltração).

Tabela
Condição A B C D
Floresta 41 63 74 80
Campos 65 75 83 85
Plantações 62 74 82 87
Zonas Comerciais 89 92 94 95
Zonas Industriais 81 88 91 93
Zonas Residenciais 77 85 90 92
Adaptado por Tucci ET al.,1993

E X EMP LO

1) Qual é a lâmina escoada superficialmente durante um evento de chuva de precipitação total P


= 70 mm numa bacia com solos do tipo B e com cobertura de florestas?
A bacia tem solos do tipo B e está coberta por florestas. Conforme a tabela anterior o valor do
parâmetro CN é 63 para esta combinação. A partir deste valor de CN obtém-se o valor de S:

A partir do valor de S obtém-se o valor de Ia:

Como P > Ia, o escoamento superficial é dado por:

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Portanto, a chuva de 70 mm provoca um escoamento de 8,5 mm.

O método do SCS também pode ser utilizado para calcular o escoamento superficial de
uma bacia durante um evento de chuva complexo, em que existem informações de precipitação
para vários intervalos de tempo. Esta alternativa é interessante quando se deseja saber, além do
valor do escoamento total, como foi sua distribuição temporal.
Para calcular o escoamento em diferentes intervalos de tempo, utilizando o método do
SCS, deve se primeiramente calcular valores acumulados de chuva. A partir dos valores
acumulados de chuva são calculados os valores acumulados de escoamento superficial, usando a
mesma metodologia do exemplo anterior. Finalmente, a partir dos valores acumulados de
escoamento superficial são calculados os valores incrementais de escoamento superficial.

Exercício 1:

1. Determinar a vazão de projeto pelo HUT-SCS e pelo Método Racional, para o período de
retorno de 50 anos, numa bacia de 3,0 Km2 de área de drenagem, comprimento do talvegue de
3,1 km, ao longo do qual existe uma diferença de altitude de 93 m. Bacia ocupada com Zonas
Residenciais - Solo tipo B (CN=85).

I - Pelo método do Hidrograma Unitário Triangular -SCS

1.1 Calculo do HUT-SCS

a) Tempo de concentração

0, 79
0, 79
L 3,1
t c = 7,68 0 ,5 ou t c = 7,68
S (933100) 0,5

tc = 75 min ou 1,25 horas

b) Duração da chuva (D)

D = 0,133tc= 0,133*75= 10 minutos

A duração da chuva D é de 10 minutos.

c) Tempo de pico (tp)

tp = 0,6. tc = 0,6*1,25 = 0,75 horas = 45 min

d) Tempo de subida do hidrograma (Tp)

Tp = tp + D/2 = 0,75horas + 10/(60*2) horas= 0,833 horas = 50 min

e) Tempo de base do hidrograma (tb) é aproximado por:

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tb= Tp + 1,67. Tp = 2,22 horas =133 min ~130 min

g) Vazão de pico do hidrograma unitário triangular

A vazão de pico do hidrograma unitário triangular correspondente a 1,00 milímetro de chuva


efetiva é:

0,208. A.Pef 0,208 * 3,0 *1,0 m3


qp = = = 0,75 / 1,0mm
Tp 0,833 s

A figura e a tabela a seguir mostram o hidrograma unitário triangular resultante.


Tempo Vazão
(minutos) (m3/s por mm) Hidrograma Unitário Triângular
0,8
0 0,00
10 0,15 0,7
Vazões
20 0,30
0,6
30 0,45
Vazão (m3/s por mm)

40 0,60 0,5

50 0,75 0,4
60 0,66
0,3
70 0,57
80 0,48 0,2

90 0,39 0,1
100 0,30
0
110 0,21 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
120 0,12 Tempo (minutos)
130 0,03

1.2 Determinação da chuva efetiva e ordenamento em blocos alternados

Intervalo Chuva Chuva Efetiva Chuva Efetiva


de Tempo Chuva Total (P) Acumulada incremental Pef (mm)
tempo (minutos) (mm/h) (mm) (mm) (Pef em mm) Ordenada
1 10 199 33,1 8,5 8,5 8,5
2 20 149 49,8 19,5 11,0 8,7
3 30 123 61,3 28,2 8,7 11,0
4 40 105 70,2 35,4 7,2 7,2
5 50 93,2 77,7 41,6 6,2 6,2
6 60 84,1 84,1 47,0 5,4 5,4
7 70 76,9 89,7 51,9 4,9 4,9
Soma 51,9 51,9

1.3 – Convolução

Ordenadas do Hidrograma Unitário Vazão


Tempo Chuva 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Intervalo minutos Pefet 0,15 0,30 0,45 0,60 0,75 0,66 0,57 0,48 0,39 0,30 0,21 0,12 0,03 Q(m3/s)
1 10 4,9 0,74 0,74
2 20 7,2 1,08 1,47 2,55
3 30 8,7 1,31 2,16 2,21 5,67
4 40 11,0 1,65 2,61 3,24 2,94 10,44

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5 50 8,5 1,28 3,30 3,92 4,32 3,68 16,49


6 60 6,2 0,93 2,55 4,95 5,22 5,40 3,23 22,28
7 70 4,1 0,62 1,86 3,83 6,60 6,53 4,75 2,79 26,97
8 80 1,23 2,79 5,10 8,25 5,74 4,10 2,35 29,57
9 90 1,85 3,72 6,38 7,26 4,96 3,46 1,91 29,53
10 100 2,46 4,65 5,61 6,27 4,18 2,81 1,47 27,44
11 110 3,08 4,09 4,85 5,28 3,39 2,16 1,03 23,87
12 120 2,71 3,53 4,08 4,29 2,61 1,51 0,59 19,32
13 130 2,34 2,98 3,32 3,30 1,83 0,86 0,15 14,77
14 140 1,97 2,42 2,55 2,31 1,04 0,22 10,51
15 150 1,60 1,86 1,79 1,32 0,26 6,83
16 160 1,23 1,30 1,02 0,33 3,88
17 170 0,86 0,74 0,26 1,86
18 180 0,49 0,19 0,68

1.4 Hidrograma Final - Vazão de projeto

II – Pelo Método Racional

Utilizando o método racional teremos:

C *i * A
Q=
3,6

C = 0,5 (residencial)
A = 3,0 km2
i = 76,9 mm/h

Q = 32,0 m3/s

Exercício 2: Proposto.
Calcule a vazão de projeto para um período de retorno de 10 anos, pelos métodos HUT-SCS e
Racional, de uma bacia próxima a Blumenau, com área de 10 Km2, comprimento do talvegue de

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5,0 Km, ao longo do qual existe uma diferença de altitude de 200 m. A bacia tem solos com
baixa capacidade de infiltração, coberta com 60% de campos e florestas e 40 % com residência
com muitas superfícies livres.

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CAPITULO VIII

8 MEDIÇÕES DE VAZÕES E CURVA-CHAVE

8.1 INTRODUÇÃO

O escoamento superficial das águas normalmente é medido ao longo dos cursos d’água,
criando-se séries históricas que são extremamente úteis para diversos estudos e projetos de
Engenharia, basicamente para responder a perguntas típicas como: onde há água, quanto há de
água ao longo do tempo e quais são os riscos de falhas de abastecimento de uma determinada
vazão em um ponto de um curso d’água. No planejamento e gerenciamento do uso dos recursos
hídricos, o conhecimento das vazões é necessário para se fazer um balanço de disponibilidades e
demandas ao longo do tempo.
Em projetos de obras hidráulicas, as vazões mínimas são importantes para se avaliar, por
exemplo, calado para navegação, capacidade de recebimento de efluentes urbanos e industriais e
estimativas de necessidades de irrigação; as vazões médias são aplicáveis a dimensionamentos de
sistemas de abastecimento de águas e de usinas hidrelétricas; as vazões máximas, como base para
dimensionamento de sistemas de drenagem e órgãos de segurança de barragens, entre outras
tantas aplicações. Em operação de sistemas hidráulicos, onde poderiam se destacar sistemas de
navegação fluvial, operação de reservatórios para abastecimento ou geração de energia e sistemas
de controle ou alerta contra inundações.
As medições de vazão são feitas periodicamente em determinadas seções dos cursos d’água
(as estações ou postos fluviométricos). Diariamente ou de forma contínua medem-se os níveis
d’água nos rios e esses valores são transformados em vazão através de uma equação chamada de
curva–chave.
Curva-chave é uma relação nível-vazão numa determinada seção do rio. Dado o nível do rio
na seção para a qual a expressão foi desenvolvida, obtém-se a vazão. Não é apenas o nível da
água que influencia a vazão: a declividade do rio, a forma da seção (mais estreita ou mais larga)
também altera a vazão, ainda que o nível seja o mesmo.
Entretanto, tais variáveis são razoavelmente constantes ao longo do tempo para uma
determinada seção. A única variável temporal é o nível. Desta forma, uma vez calibrada tal
expressão, a monitoração da vazão do rio no tempo fica muito mais simples e com um custo
muito menor.

8.2 MEDIÇÃO DE VAZÃO

Para se determinar a expressão da curva-chave, precisamos medir a vazão para diversos


níveis. Tais pares de pontos podem ser interpolados, definindo a expressão matemática da curva-
chave.

8.2.1 Tipos de medição de vazões

As medições de vazão podem ser feitas de diversas formas, que utilizam princípios
distintos: volumétrico, estruturas hidráulicas (calhas e vertedores), velocimétrico, acústico e
eletromagnético. A escolha do método dependerá das condições disponíveis em cada caso.

8.2.1.1 Volumétrico

Este método é baseado no conceito volumétrico de vazão, isto é, vazão é o volume que passa
por uma determinada seção de controle por unidade de tempo. Utiliza-se um dispositivo para
concentrar todo o fluxo em um recipiente de volume conhecido. Mede-se o tempo de

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preenchimento total do recipiente. Este processo é limitado a pequenas vazões, em geral


pequenas fontes d’água, minas e canais de irrigação.

8.2.1.2 Calhas Parshall

As calhas Parshall são, assim como os vertedores, são estruturas construídas no curso
d’água e possuem sua própria “curva-chave”. Assim, a determinação de vazão a partir do nível é
direta para a seção onde a mesma está instalada. Entretanto, se não há ondas de cheia
propagando pelo canal, a vazão que passa pela calha é a mesma que passa por qualquer outra
seção do rio. Pode-se então determinar a curva-chave para outras seções de interesse medindo o
nível da água em tais seções e relacionando-os com a vazão medida pela calha ou vertedor.
O método (calha ou vertedor) se aplica a escoamentos sob regime fluvial. O princípio
consiste em forçar a mudança deste comportamento para o regime torrencial, medindo-se a
profundidade crítica.
No caso da calha, tal mudança é condicionada por um estreitamento da seção. Portanto,
com o conhecimento do nível da água na região da profundidade crítica determina-se a vazão do
canal, uma vez que a forma da seção da calha e a cota de fundo são conhecidas. Se a saída de
jusante se dá de forma livre (sem afogamento), a vazão pode ser assim determinada:

• QL: vazão do canal;


• H: profundidade crítica;
• K e n: constantes que dependem das características da calha;

Caso a saída da água do canal se dá sob afogamento, forma-se um ressalto hidráulico e a


vazão calculada pela expressão acima precisa ser corrigida:

• QA: vazão do canal;


• C: coeficiente de redução;

Figura 8.1 – Representação esquemática da calha Parshall ilustrando as condições de


afogamento e saída livre.

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Figura 8.2 – Calha Parshall

As calhas Parshall não interferem no escoamento (como ocorre com os vertedores, ao


provocarem o remanso), mas apresentam um forte limitante: sua viabilidade está restrita a
pequenos canais.

8.2.1.3 Vertedores

Este dispositivo também se baseia na determinação da vazão a partir da medição do nível


d’água. Existem diversos modelos de vertedores, com diferentes curvas que relacionam o nível
d’água com a respectiva vazão, vistos com detalhes em Hidráulica.

Os mais utilizados são:

a) Vertedores triangulares

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A relação e a figura abaixo exemplificam o vertedor tipo Thompson, um vertedor triangular


com ângulo reto.

• Q: vazão do canal em m/s;


• H: nível d’água com relação ao vértice de ângulo reto em m;

Figura 8.3 – Vertedor triangular

b) Vertedores retangulares

Como exemplo, citamos o tipo Francis:

3
Q = 1,84 LH 2
Valida para vertedores sem contração lateral.

3
Q = 1,84( L − 0,2 H ) H 2 Valida para vertedores com duas contrações laterais.

3
Q = 1,84( L − 0,1H ) H 2
Valida para vertedores com uma contração lateral.
onde:
• Q: vazão do rio em m/s;
• L: largura da base do vertedor em m;
• H: carga do vertedor, isto é, o nível d’água que passa sobre o vertedor em m;

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Figura 8.4 – Vertedor retangular com duas contrações laterais

A aplicação dos tipos de vertedor depende da vazão que se mede. O vertedor triangular é
mais preciso, com erro relativo à vazão da ordem de 1%, sendo entretanto menos sensível ao
vertedor triangular, que apresenta erros relativos à vazão de 1 a 2%. Para vazões baixas o
acréscimo de precisão atenua-se e o decréscimo de sensibilidade acentua-se, sendo portanto
aconselhável o uso do vertedor triangular para vazões abaixo de 0,030 m3/s.
Um inconveniente dos vetedores é a necessidade de sua construção, com custo apreciável.
Além disso, o assoreamento e o remanso (elevação do nível) provocado a montante constituem
outras desvantagens dos vetedores.

8.2.1.4 Medição de vazão com equipamento Doppler

Nos últimos anos as medições de velocidade de água com molinetes tem sido substituídas
por medições de velocidade por efeito Doppler em ondas acústicas. Estes medidores funcionam
emitindo pulsos acústicos (ultrasom) em uma freqüência conhecida, e recebendo de volta o eco
do ultrasom, refletido nas partículas imersas na água A diferença das freqüências dos sons
emitidos e refletidos é proporcional à velocidade relativa entre o barco e as partículas imersas na
água. A suposição básica desse método é que as partículas dissolvidas na água se deslocam com
a mesma velocidade do fluxo. Um sistema como o apresentado na Figura 8.5, com um emissor
de ultrasom e três receptores, dispostos da maneira apresentada na figura, permite estimar a
velocidade da água num volume de controle segundo três eixos, perpendiculares aos sensores. A
partir destas componentes da velocidade no sistema de eixos do instrumento são calculadas as
componentes transversal, longitudinal e vertical de velocidade na seção do rio. O medidor de
velocidade pode ser utilizado com uma haste, como o ilutrado na Figura 8.5, quando se deseja
conhecer a velocidade de um ponto específico, ou quando o curso d’água é pequeno.

Figura 8.5 – Medidor de velocidade Doppler

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Figura 8.6 - Resultado de medição de vazão com perfilador acústico Doppler no rio Solimões em
Manacapuru (AM).

8.2.1.5 Medição de vazão com molinete

Molinetes são aparelhos dotados basicamente de uma hélice e um “conta-giros”, medindo a


velocidade do fluxo d’água que passa por ele (figura 8). Assim, quando posicionado emdiversos
pontos da seção do rio determinam o perfil de velocidades desta seção. Com tal perfil e a
geometria da seção, determina-se a vazão como se verá adiante.
O princípio de funcionamento é o seguinte: mede-se o tempo necessário para que a hélice
do aparelho dê um certo número de rotações. O “conta-giros” envia um sinal ao operador a cada
5, 10 ou qualquer outro número de voltas realizadas. Marca-se o tempo entre alguns sinais e
determina-se o número de rotações por segundo (n). O equipamento possui uma curva calibrada

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do tipo V=a . n + b (onde a e b são características do aparelho), que fornece a velocidade V a


partir da freqüência n da hélice.

Figura 8.7 – Molinete preso a haste, preso a cabo com lastro (embaixo) e lastro (peixes)

As velocidades limites que podem ser medidas com molinete são de cerca de 2,5 m/s com
haste e de 5 m/s com lastro. Acima destes valores os riscos para o operador e o equipamento
passam a ser altos. Em boas condições, a precisão relativa para uma razão assim medida é de
cerca de 5%.

8.2.1.5.1 Medição a vau

Este método é aplicado a medições com nível d’água não superior a 1,20 m e velocidade
compatível com a segurança do operador. Consiste em prender o molinete numa haste, sempre
tomando o cuidado de mantê-lo a uma distância mínima do leito (Aproximadamente 20 cm)

Figura 8.8 – Medição a vau

8.2.1.5.2 Sobre ponte

Apesar de apresentar certa facilidade para uma medição de vazão com molinete, a seção de
uma ponte pode interferir na velocidade do escoamento. Se a ponte possui pilares apoiados no
leito do rio, o escoamento é alterado e pode provocar erosão no leito.
A determinação da geometria da seção é mais complicada. Uma alternativa seria afastar ao
máximo o molinete da ponte através de suportes, fazendo-se assim as medições numa seção
menos influenciada.

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Figura 8.9 – Utilização de ponte como suporte

8.2.1.5.3 Com teleférico

No caso de não se dispor de pontes e o rio ser profundo, mas não muito largo, pode-se utilizar
o recurso do teleférico para levantar o perfil de velocidades. Há casos também em que há
material transportado pelo rio (toras), sendo aplicado este método para a segurança do operador.

Figura 8.10 – Medição com teleférico

8.2.1.5.4 Com barco fixo

Num rio como o do item anterior (desde que não haja material de grande porte
transportado) pode-se também utilizar o recurso do barco fixo. O barco é preso nas margens do
rio através de cabos, sendo este o método mais comum de medição com molinete.

Figura 8.11 – Medição com barco fixo

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8.2.1.5.5 Com barco móvel

Se o rio for de largura suficiente para inviabilizar o uso de cabos, pode-se ainda fazer a
medição com o barco em movimento. O barco se desloca com uma velocidade constante de uma
margem a outra, com o molinete fixado num leme especial a uma profundidade constante. A
decomposição da velocidade do barco e das velocidades indicadas pelo molinete possibilita
estabelecer a velocidade média da água na profundidade escolhida. A medição se repete a várias
profundidades.

8.2.1.5.6 Cálculo de uma vazão

Alguns dos métodos descritos anteriormente fornecem diretamente a vazão numa


determinada seção do rio. Outros, como molinete e o ultrassônico, fornecem o perfil de
velocidades da seção. Nestes casos, precisamos ainda da geometria da seção para calcular a
vazão que passa por ela.

Figura 8.12 – Perfil de velocidades fornecido pelo método ultrassônico ou por molinete

A descarga líquida ou vazão de um rio é definida como sendo o volume de água que
atravessa uma determinada seção num certo intervalo de tempo. Ou ainda, pode ser expressa
como:
Q = V .A
onde:
• Q: vazão em m3/s;
• V: velocidade do escoamento em m/s;
• A: área da seção em m2.

Como a seção do rio é irregular e as medições de velocidades são feitas em alguns pontos
representativos, a vazão total é calculada como sendo a soma de parcelas de vazão de faixas
verticais. Para se calcular a vazão de tais parcelas utiliza-se a velocidade média no perfil e sua
área de influência.

Determinação da velocidade média no perfil

Normalmente, utiliza-se quatro processos principais:


• Pontos múltiplos;

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• Dois pontos;
• Um ponto;
• Integração;

a) O primeiro (h>4,0 m) consiste em realizar uma medida no fundo (0,15 m a 0,20 m do


leito), uma na superfície (0,10 m de profundidade) e, entre esses dois extremos, vários pontos
que permitam um bom traçado da curva de velocidades em função da profundidade.
Calculando-se a área desse diagrama e dividindo-a pela profundidade, tem-se a velocidade
média na vertical considerada. Toma-se a velocidade superficial igual àquela medida a 0,10 m e a
de fundo como sendo a metade da mais próxima ao leito.

b) O segundo processo baseia-se na constatação experimental de que a velocidade média


numa vertical aproxima-se com boa precisão da média aritmética entre a velocidade medida a 0,2
e 0,8 da profundidade.
0,2H V0,2
Vm V0 , 2 + V 0 , 8
H Vm =
0,8H V0,8
2

c) Quando a profundidade é pequena (h<1,0 m), o método anterior não se aplica, pois a
medição a 0,8 da profundidade fica muito próxima ao leito, havendo contato do contrapeso com
o fundo do rio. Nestes casos utiliza-se o processo do ponto único, onde se aproxima a velocidade
média pela medida a 0,6 da profundidade (contada a partir da superfície).

d) O processo de integração consiste em deslocar o aparelho na vertical com velocidade


constante e anotarem-se, além da profundidade total, o número de rotações e o tempo para chegar
à superfície. Tem-se assim diretamente a velocidade média.

8.2.1.5.7 Alguns perfis de velocidades

Nos cursos d’água naturais, além da rugosidade outros fatores podem influir na
distribuição da velocidade, como mostra a figura abaixo.

Figura 8.13 – Perfis de velocidades

a b c d e f g
a) grandes velocidades, com escoamento muito turbulento;
b) fracas velocidades, com fundo liso;
c) fundo rugoso (rocha);

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d) fundo muito rugoso, com vegetação aquática muito importante;


e) saliência
f) cavado (poço) - jusante de uma saliência de fundo;
g) diminuição de velocidade em superfície (galhadas, etc.).

Obs. De uma maneira geral, pode-se indicar que as velocidades da água em uma seção
transversal de um canal (escoamento gradualmente variado) decrescem da superfície para o
fundo e do eixo para as margens. A distribuição das velocidades ao longo de uma seção costuma
ser representada pelo traçado das curvas isotáqueas (curvas de igual velocidade).

8.2.1.5.8 Média da área da seção e determinação da área de influência

A profundidade numa vertical é medida através do próprio elemento sustentador do


molinete, seja ele uma haste graduada (a partir do fundo) ou cabo (a partir da superfície da
água). Isto é feito ao se levantar o perfil de velocidades naquela vertical, tocando o leito com o
“peixe” ou com a haste. Em rios muito profundos e/ou com altas velocidades de escoamento
onde a medição com cabos e lastros torna-se inaplicável, pode-se utilizar recursos como a
batimetria e os sonares.
A distância horizontal entre as margens pode ser determinada através de cabo graduado ou
teodolitos.
As verticais onde se levantam os perfis de velocidades não devem ser muito próximas
(custo adicional sem ganho considerável de informações), assim como também não devem ser
muito distantes (perda da representatividade do modelo). A tabela abaixo sugere espaçamentos
entre tais verticais:

Tabela 8.1 – Cuidados no espaçamento das medições para uma boa representatividade do perfil.
Largura do rio (m) Espaçamento máximo
entre verticais (m)
3 0,3
3a6 0,5
6 a 15 1,00
15 a 30 2,00
30 a 50 3,00
50 a 80 4,00
80 a 150 6,00
150 a 250 8,00
250 a 400 12,00
+ de 400 até 30
(Fonte: Anuário Fluviométrico n. 2 Ministério da Agricultura - DNPM – 1941)

Como já foi citada, a área de influência multiplicada pela velocidade média do escoamento
na mesma resulta a vazão neste elemento.

Figura 8.14 – Área de influência de um perfil de velocidades

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A área de influência Ai de um determinado perfil de velocidades Vi é formada pela soma de


duas áreas trapezoidais, como indica a figura acima.

Exercício
Com a folha de medição de descargas fornecida, calcular a vazão do rio sabendo-se que
cada contagem de rotações do molinete foi feita em 50 segundos. A curva de calibração do
aparelho segue abaixo:

onde: n=número de rotações por segundo(r.p.s.)

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Tabela 8.2 – Dados do levantamento de campo

Uma pequena área (em verde) próxima a cada margem foi desconsiderada, como mostra a
figura 8.15.

Figura 8.15 – Áreas próximas às margens não consideradas no cálculo anterior.

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8.3 MEDIÇÃO DO NÍVEL D`ÁGUA

O nível d’água deve ser medido concomitantemente com a medição vazão na operação de
determinação da curva-chave, a fim de se obter os pares de pontos cota-descarga a serem
interpolados. Uma vez determinada a curva-chave precisamos monitorar apenas o nível d’água
para obtermos a vazão do rio.

8.3.1 Régua limnímetrica

A maneira mais simples para medir o nível de um curso d’água é colocar uma régua vertical
na água e observar sua marcação. As réguas são geralmente constituídas de elementos verticais
de 1 metro graduados em centímetro. São placas de metal inoxidável ou de madeira colocadas de
maneira que o elemento inferior fique na água mesmo em caso de estiagem excepcional.

Figura 8.16 – Esquema de instalação e réguas na margem do rio

O observador faz leitura de cotas com uma freqüência definida pelo órgão operador da
estação, pelo menos uma vez por dia. Em geral a precisão destas observações é da ordem de
centímetros.

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8.3.2 Linígrafo

Este equipamento grava as variações de nível continuamente no tempo. Isto permite registrar
eventos significativos de curta duração ocorrendo essencialmente em pequenas bacias.

Figura 8.17 – Sensor de pressão

8.3.3 Quanto à gravação

• Em suporte de papel, que podem ser: fita colocada em volta de um tambor com rotação
de uma hora a 1 mês;

Figura 8.18 – Gravação contínua em papel

• Memorizada em suporte eletrônico (data-logger):

Figura 8.19 – Dados armazenados magneticamente sendo transferidos para serem analisados

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• O dado pode ser transmitido em tempo real para uma central de operação.

8.4 CURVA-CHAVE

A curva-chave relaciona o nível de um rio com sua vazão. Para obtê-la, fazemos medições de
vazão pelos métodos apresentados anteriormente para diversos níveis e obtemos pares cota-
descarga. A relação é obtida a partir da interpolação destes pontos e, como esta operação não
contempla todos os níveis possíveis, utiliza-se ainda a extrapolação.
A relação biunívoca cota-vazão de um rio se mantém ao longo do tempo desde que as
características geométricas do mesmo sofram variação.

A escolha de uma seção para controle, esta deve seguir alguns princípios:

• Lugar de fácil acesso;


• Seção com forma regular;
• Trecho retilíneo e com declividade constante;
• Margem e leito não erodíveis;
• Velocidades entre 0,2 e 2 m/s;
• Controle por regime uniforme;
• Controle por regime crítico ou fluvial;
O regime fluvial classifica o escoamento como lento. O regime crítico abrange a faixa e
velocidades que faz a transição entre o regime fluvial ou lento e o regime torrencial ou rápido. O
escoamento na seção deve ser fluvial ou no máximo crítico. Cada classificação possui uma
expressão que relaciona a vazão com as outras variáveis envolvidas, mostrados adiante.
• Regime permanente;
Todas as medições devem ser feitas na situação de regime permanente (as características
hidráulicas não variam durante a medição).

Figura 8.25 – Curva-chave representada sobre eixo de cotas do perfil geométrico da seção

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Para a curva-chave na hidrologia é utilizada uma expressão exponencial do tipo:

Q = a ( h ± h0 ) b
onde:
• a, b são parâmetros de ajuste;
• h0 é a cota quando a vazão é zero;
• h é a cota;
• Q é a vazão;

8.4.1 Validade da curva-chave

8.4.1.1 Variação da curva-chave com o tempo

O fato de a curva-chave estar intimamente ligada às características hidráulicas da seção de


controle implica variação da expressão matemática quando há uma variação nestas constantes.
Alterações na geometria da seção ou na declividade do rio geradas por erosões ou assoreamento
ao longo do tempo causam mudanças na velocidade do escoamento e nas relações entre área, raio
hidráulico e profundidade, afetando a relação cota-descarga.
Figura 8.26– Alteração da seção ao longo do tempo e conseqüente reflexo na curva cota-descarga

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8.4.1.2 Extrapolação da curva-chave

Em geral as medições não contemplam valores extremos de vazões. Assim, para se estimar
vazões mais altas ou mais baixas recorremos à extrapolação. No entanto, deve-se tomar cuidado
com a forma da seção em função da altura, como mostra a figura 8.27. As curvas que relacionam
raio hidráulico e área com o nível d’água podem sofrer variações bruscas no comportamento,
gerando grandes erros na estimativa.
Como exemplo de curva-chave, na figura 8.27, é apresentado a de Blumenau (Cordero,
2012).

CURVA-CHAVE DE BLUMENAU
Nível (m)

18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
Valores medidos 1984 - 2002
5 Valores estimados 1975 -1988
4
3 Valores estimados 1989-2002
2
1
Válida até 1988
0 Válida a partir de 1989
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500

Vazão (m3/s)

Figura 8.27 – Curva-chave para a estação fluviométrica de Blumenau.

Cujas expressões matemáticas são as seguintes:

Q= 50 (H + 1,2) 1,73 Válida até 06/2012.

Q= 50 (H + 0,8) 1,73 Válida a partir de 07/ 2012.

onde:
Q: é a vazão, em m3/s

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H: é o do nível do rio, em m.

8.5 DETERMINAÇÃO DA VAZÃO PELO MÉTODO DE MANNING

A vazão de um canal ou de um rio pode ser determinada também através da fórmula de


Manning. Esta equação é vista com maior detalhe na cadeira de Hidráulica.

Fórmula de Manning

1
Q= . A. RH2 / 3 . I 1/ 2
n
onde:
Q: é a vazão, em m3/s,
n: é a rugosidade de manning,
A: é a área da seção, m2
RH: é o raio hidráulico, m
I: é a declividade do fundo do rio, m/m

Raio Hidráulico é a razão entre a área molhada e o perímetro molhado (A/P).

Exemplo de cálculo do RH

Am 3* 2
h =2,0 RH = = = 0,857m
m Pm 2 + 2 + 3

B = 3,0 m

Tabela 8.3 - Alguns valores de “n”


Natureza das paredes n
Canais de concreto 0,012
Tubos de concreto (drenagem) 0,013
Alvenaria de pedras retangulares 0,017
Alvenaria de pedras brutas 0,020
Canais de terra em boas condições 0,025
Canais de terra com plantas aquáticas 0,035
Canais irregulares e mal conservados 0,040

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CAPITULO IX

9 CONTROLE DE CHEIAS E EROSÕES

9.1 INTRODUÇÃO

A integração dos homens com os rios é tão antiga quanto a existência do próprio homem.
Enchentes e secas tem ocorrido como eventos históricos significativos para a população por
milhares de anos. Quando a precipitação é intensa a quantidade de água que chega
simultaneamente ao rio pode ser superior à sua capacidade de drenagem, ou seja a da sua calha
normal, resultando na inundação das áreas ribeirinhas. Os problemas resultantes da inundação
dependem do grau de ocupação da várzea pela população e da freqüência com a qual ocorrem as
inundações. A ocupação da várzea pode ser para habitação, recreação, uso agrícola, comercial ou
industrial. Os problemas das enchentes e das erosões são de ordem mundial.
Para poder limitar os danos causados pelas enchentes e as erosões é necessário realizar um
plano para o seu controle e após executá-lo. Seria ingenuidade do homem imaginar que poderia
eliminar completamente as mesmas de uma bacia hidrográfica, assim tais medidas sempre visam
minimizar as suas conseqüências. A forma moderna atual de buscar a minimização das cheias e
das erosões é aquela que leva em consideração um conjunto de medidas, tanto para as cheias
como para as erosões, pois as mesmas na maioria das vezes estão interrelacionadas.
Um critério de classificação das medidas de controle das cheias é aquele que se subdivide
em duas categorias: as soluções estruturais e as não-estruturais. As primeiras medidas
influenciam na estrutura da bacia, seja na sua extensão (medidas extensivas), mediante
intervenções diretas na sua sistematização hidráulico-florestal e hidráulico-agrário, seja
localmente (medidas intensivas) mediante obras com objetivo de controlar as águas, como por
exemplo; reservatórios, caixas de expansões, diques, polders, melhoramento do álveo,
retificações, canais de desvio, canais paralelos e canais extravasores. Por outro lado, as medidas
não-estruturais consistem na busca da melhor convivência do homem com o fenômeno das
enchentes.

9.2 MEDIDAS PARA CONTROLE DAS CHEIAS

As medidas para o controle da inundação podem ser do tipo estrutural e não-estrutural. As


medidas estruturais são aquelas que modificam o sistema fluvial evitando os prejuízos
decorrentes das enchentes, enquanto que as medidas não-estruturais são aquelas em que os
prejuízos são reduzidos pela melhor convivência da população com as enchentes. Na Figura 9.1
são apresentadas diversas medidas para controle das cheias de forma sistemática.

9.2.1 Medidas estruturais intensivas

As medidas estruturais de controle de cheias do tipo intensiva são aquelas que agem no rio
e objetivam diversas formas de controle dependendo do tipo da obra. A seguir descrevemos
diversas medidas deste tipo de intervenção.

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Figura 9.1 - Medidas para controle das cheias

Controle das Cheias

Estruturais Não-Estruturais

Medidas Intensivas Medidas Extensivas Sistemas de alerta

Reservatórios Hidráulico-florestal Sistemas resposta

Caixas de expansão Hidráulico-agrário Educação

Diques
Seguros contra
enchentes
Polders
Mapas de inundação

Melhoramentos do
álveo

Retificações

Canais de devios

Canais paralelos

Canais extravasores

a) Reservatórios: um reservatório construído para laminar cheias, como o próprio nome


diz, lamina a onda de cheia, retendo parte do volume hídrico durante a fase de crescimento da
onda, e restituindo tal volume ao rio durante a fase da recessão da cheia ou logo após a onda da
cheia ter passado. O reservatório deve permanecer sempre vazio esperando a próxima onda de
cheia. Este tipo de obra mostra, em geral, boa laminação nas pequenas e médias cheias, mas nem
sempre nas grandes cheias, principalmente naquelas caracterizadas por vários picos. Como
exemplo deste tipo de obra podemos citar a Barragem Sul (93,5.106m3), a Barragem Oeste
(83,0.106m3) e a Barragem Norte (357,0.106m3), que ficam localizadas na bacia do rio Itajaí.

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Figura 9.2 - Efeito do reservatório


Pico do hidrograma
Q natural
3
(m /s)
Redução
V do pico Hidrograma amortecido ou
laminado

Nível máximo Crista do vertedor

Nível mínimo Volume

Temp Comportas reguláveis


Descarregadores de fundo

b) Caixa de expansão: uma caixa de expansão é corretamente indicada para aquela área
alagável destinada a exercitar um efeito de decapitação da onda de cheia que se propaga ao longo
de um curso d’água. A função de uma caixa de expansão é similar a de um reservatório de
laminação de cheia. As caixas de expansões geralmente são executadas no pé da montanha ou na
zona de planície, em série, em paralelo ou de modo misto a respeito ao curso d’água. Muitas
planícies funcionam como caixas de expansão naturais, pois no momento das enchentes elas são
inundadas, armazenando grande volume d’água, que retorna ao rio principal quando as águas
começam a baixar. Exemplo deste tipo de planície é a que fica localizada no município de
Ilhota.
Figura 9.3 - Efeito da caixa de expansão
Pico do hidrograma natural
Caixa de expansão
Q Hidrograma amortecido ou
(m3/ Redução laminado
do pico
V

Te
c) Diques: são barramentos ou muros laterais de terra ou de concreto, inclinados ou retos,
construídos ao longo das margens do rio, de altura tal que contenham as vazões no canal
principal a um valor limite estabelecido em projeto. Este tipo de obra assegura o controle
completo das cheias que tenham o seu pico inferior ao limite estabelecido, mas nenhuma
proteção para as vazões que ultrapassam tal limite, que passarão sobre tais muros. Este tipo de
obra é uma das mais antigas medidas estruturais de controle de cheias. Como exemplo podemos
citar os diques que foram construídos no rio do Pó, na Itália. Tais obras foram iniciadas pelos
Finícios, continuadas pelos Romanos e finalizadas pelos Italianos. Segundo Tucci (1993),
citando (Hoyt e Langbein, 1955), tais obras era um exemplo de projeto de recursos hídricos bem-
sucedido, mas a enchente de 1951 destruiu parte destes diques causando 100 mortes e perda de
30.000 cabeças de gado, além de perdas agrícolas.

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Figura 9.4 - Diques


Rio principal

Diques

Áreas protegidas

c) Polders: os polders são utilizados para proteger áreas restritas. A distinção entre diques
e polderes é que estes últimos utilizam uma estação de bombeamento para retirar as águas que
chegam na área protegida durante uma enchente. Neste tipo de obra geralmente há necessidade
de construir uma galeria com comportas reguláveis para evitar a entrada da água do rio principal
na área protegida e propiciar a saída da água do ribeirão quando a situação é normal. Como
exemplo deste tipo de obra podemos citar os 4 polders localizados no município de Blumenau: o
da rua Santa Efigênia, o da rua 25 de Julho, o da rua Antônio Treiss, o do ribeirão Fortaleza e o
do ribeirão do Tigre.
Figura 9.5 - Polder

Ribeirão

Área Bombeamento
protegida

Comportas

Rio
principal Seção AA’

e) Melhoramentos do álveo: os melhoramentos do álveo tem o escopo de diminuir o


tirante hídrico do rio para uma mesma vazão. Isto pode ser obtido aumentando a área da seção
transversal do rio através do alargamento da calha (Fig. 9.6.a) ou do aprofundamento do canal
(Fig. 9.6.b) ou ainda através do aumento da velocidade. O aumento da velocidade pode ser
obtido através da diminuição da rugosidade, aumento da declividade do rio, eliminação de
obstruções, etc. Tais medidas devem der adotadas com muita cautela, porque são freqüentes
causas de profundas alterações na dinâmica da modelação do álveo e do equilíbrio das águas
superficiais-subterrâneas. Também podem produzir sérios inconvenientes do ponto de vista
ambiental. Como exemplo deste tipo de obra podemos citar o alargamento do rio Itajaí-Açú, no
trecho entre as cidades de Blumenau e Gaspar. Esta obra tem mostrado, como resultado positivo,
um abaixamento da linha d’água de cheia do rio Itajaí-Açú em Blumenau, em torno de 40 cm,
como resultado negativo verificou-se vários deslizamento nos taludes do rio no trecho alargado e
à montante do mesmo, também foi verificado um aumento do depósito de sedimentos no trecho

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alargado, sendo que o volume do material depositado não é maior porque o mesmo é retirado
para a construção civil.
Figura 9.6 - Melhoramentos do álveo
Cota da margem do rio
Margens ampliadas
Linha d’água de cheia

Margens do rio
Rio
Alteração da linha d’água
com margens ampliadas

a.1) Planta Fundo do rio


a – Ampliação lateral da seção a.2)
Corte
Cota da margem

Linha d’água
original
Linha d’água alterada
após o
aprofundamento

Fundo do rio

DATU
Aprofundamento
da seção

b – Aprofundamento do canal

f) Retificações: uma retificação de um rio consiste na construção de um novo leito para o


rio, retilíneo ou quase, em uma zona no qual em geral o rio percorre numerosos meandros. O
primeiro efeito de uma retificação é a redução do percurso d’água com conseqüente aumento da
declividade. Neste caso haverá uma maior velocidade na corrente, as cheias se propagarão mais
rapidamente para a jusante, seja em conseqüência do menor percurso, seja devido a maior
velocidade. Em função do aumento da velocidade se produzirá uma erosão da seção no trajeto
retificado o qual se estenderá também à montante. Com o tempo o efeito benéfico da retificação
tende a ser reduzido pelas danificações naturais que sofrerão a calha do rio devido as erosões. À
jusante da retificação nas menores velocidades produzirá invés um depósito, e de conseqüência
se reduzirá a declividade do trajeto retilíneo. A diminuição da velocidade se estenderá para a
montante até o momento que não esteja novamente restabelecido o equilíbrio. Como exemplo
deste tipo de obra Butzke (1994), descreve que na bacia do rio Trombudo/SC, diversos órgãos
(Prefeitura Municipal, DNOS, e EPAGRI), realizaram diversas obras, incluindo retificações, com
a finalidade de diminuir o problema das inundações e aumentar a área agrícola. Os objetivos
foram alcançados, mas por outro lado, as obras têm ocasionado novos problemas, como a
inundação de novas áreas e assoreamento do leito do rio.

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Figura 9.7 - Retificação

Meandro

Retificaç

g) Canais de desvios: um canal de desvio serve para desviar parte da vazão da cheia do
curso d’água principal, diminuindo assim a vazão do rio na zona que se deseja proteger. Neste
tipo particular de obra em geral a água desviada não retorna mais ao canal principal, mas sim
para um lago, um outro curso d’água ou diretamente ao mar. O inconveniente deste tipo de obras
está no fato que, subdividindo a vazão entre mais de um ramo, a velocidade d’água diminui, e
portanto, se reduz também a força de transporte dos materiais. Como conseqüência, haverá uma
elevação do leito do rio, que pode provocar o desaparecimento de todas as vantagens obtidas com
a construção da obra. Por isto, estas obras devem ser projetadas com muita prudência. Como
exemplo de um canal de desvio executado citamos o do rio Arno, na Itália.

Figura 9.8 – Canal de desvio

Canal de desvio

OCEAN

Rio principal

h) Canais paralelos: um canal paralelo é utilizado quando, por diversas razões, não se
pode incrementar a capacidade do canal principal. Neste tipo de obra a vazão é repartida em dois
ou mais ramos, por um certo trecho, após o desvio a água retorna a escoar por um único canal.
Assim, o nível da cheia do canal principal no trecho interessado diminui. Os inconvenientes
deste tipo de obra são os mesmos descritos para o canal de desvio. Obra deste tipo pode ser
vista no rio Danúbio em Viena.
Figura 9.9 – Canal paralelo

Canal

Rio

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i) Canais extravasores: um canal extravasor não é outro que um canal de desvio ou


paralelo. A diferença é que o canal extravasor é alimentado pelo rio somente durante as maiores
cheias, quando a vazão na seção do álveo em correspondência com o vertedor supera um valor
pré-fixado e extravasa do canal principal. Um canal extravasor é normalmente privo de água e
permite o crescimento de vegetação, mas está sempre em condições de receber parte da vazão do
rio, quando este supera o valor pré-fixado. Os mesmos inconvenientes dos canais de desvios e
paralelos ocorrem também nos canais extravasores, mas com muito menor grau porque
funcionam de um modo não contínuo. Por permanecer seco durante o período que não há cheias
e permitir o crescimento de vegetações o canal extravasor é chamado também canal verde.

9.2.2 Medidas estruturais extensivas

O controle extensivo das cheias é realizado mediante intervenções de conservação do solo,


com práticas agrícolas corretas e através do reflorestamento da bacia. Este tipo de medida produz
benefícios diversos que influenciam no fenômeno de formação da cheia segundo os seguintes
mecanismos: (a) aumento da capacidade de infiltração do terreno e, consequentemente, redução
dos defluxos superficiais (que constituem a componente mais importante da cheia); (b) redução
da velocidade média de escoamento d’água e incremento dos volumes hídricos contidos
temporariamente no solo, com conseqüente aumento dos tempos de concentração e da
capacidade de laminação da bacia. A onda de cheia resulta, portanto, mais achatada e com a
vazão de pico inferior com respeito ao caso da bacia não sistematizada.

9.2.3 Medidas não-estruturais

As medidas estruturais, geralmente, não são projetadas para fornecer uma proteção
completa. Isto requer uma proteção contra a maior enchente possível. Esta, além da dificuldade
em prevê-la, tem sua proteção física e economicamente muitas vezes inviável. Além disto, as
medidas estruturas podem criar uma falsa sensação de segurança, permitindo o aumento da
ocupação das áreas inundáveis, que no futuro podem gerar danos significativos. As medidas não-
estruturais, juntas com as estruturais ou sozinhas, podem minimizar significativamente os danos
com um menor custo. As medidas não-estruturais consistem basicamente nos sistema de alertas,
nos sistemas resposta, nos mapas de alagamento, nos seguros conta danos produzidos pelas
enchentes e na educação da população. Estas medidas são descritas a seguir.

a) Sistemas de alerta: um sistema de alerta serve para informar e alertar as pessoas que
habitam em zonas sujeitas a inundações sobre os riscos e a eminência de uma enchente. Os
alertas são baseados nas previsões dos eventos de cheia, que são simulados por meio de modelos
matemáticos hidrológicos em tempo real. Tais modelos consistem em prever a evolução do
fenômeno de cheia, nível do rio, com uma certa antecipação. Os alertas, por sua vez, servem para
acionar os dispositivos de controle das cheias pré-dispostos no sistema resposta. Um exemplo de
sistema de alerta podemos citar o da bacia do rio Itajaí, o qual é composto de uma rede de coleta
de dados e uma central. Os dados são coletados e transmitidos em tempo real pelos tele-
observadores e pelas estações telemétricas para a central que fica localizada na Universidade
Regional de Blumenau (CEOPS), onde em épocas de cheias são realizadas as previsões e
repassadas para as Defesas Civil de cada município que tem problemas de enchentes.

b) Sistema resposta: este sistema compreende os procedimentos de decisões e os respectivos


planos de ações de proteção, que possam ser implementados a curto prazo, como por exemplo: a
retirada dos bens materiais móveis, a evacuação da população e dos animais das zonas

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inundáveis, elevação de diques com sacos de areia, abertura e fechamento das comportas dos
reservatórios ou polders construídos para o controle de enchente, etc. Um exemplo deste sistema
podemos citar o plano de enchente da cidade de Blumenau, estruturado pela Defesa Civil da
Prefeitura Municipal de Blumenau.

c) Educação: o sucesso de um plano de controle das cheias baseado nas medidas não-
estruturais depende muito do conhecimento do risco das enchentes por parte das pessoas que
habitam as áreas inundáveis. Por isto, um trabalho de conscientização para a população dos
riscos que elas estão sujeitas com as enchentes é fundamental e deve ser incrementado
imediatamente após a ocorrência de cada evento de cheia. Também no município de Blumenau
tem-se realizado várias campanhas educativas sobre a problemática das cheias. Nestas
campanhas tem participado a Universidade Regional de Blumenau, a Prefeitura Municipal,
diversos colégios, a imprensa de modo geral, além de outros segmentos da sociedade.

d) Seguros contra enchentes: os seguros contra enchentes são apólices de seguro, estipuladas
por companhias especializadas, para aquelas habitações, indústrias ou casas comerciais
localizadas nas zonas sujeitas a serem inundadas com as enchentes. Ainda não há no Brasil uma
empresa que realiza seguro contra perdas totais causadas pelas enchentes.

e) Mapas de inundação: os mapas de inundação podem ser de dois tipos: “mapa de


planejamento ou carta enchente” e “mapa de alerta ou mapa cota enchente”. O mapa de
planejamento define as áreas atingidas por cheias de tempo de retorno escolhidos. O mapa de
alerta informa em cada esquina ou ponto de controle, o nível da régua no qual inicia a inundação.
Este mapa permite o acompanhamento da evolução da enchente, com base nas observações da
régua, pelos moradores nos diferentes locais da cidade.
A seção de escoamento do rio pode ser dividida em três faixas principais conforme mostra
a Figura 9.10.
Figura 9.10 - Regulamentação da zona inundável

R 3
3 2
2 I
1 1
O

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Zona de passagem da enchente (faixa 1) – Esta parte da seção funciona hidraulicamente e


permite o escoamento da enchente. Qualquer construção nessa área reduzirá a área de
escoamento, elevando os níveis à montante desta seção. Portanto em qualquer planjamento
urbano, deve-se procurar manter esta zona desobstruída.
Zona com restrições (faixa 2) – Esta é a área restante da superfície inundável que deve ser
regulamentada. Esta zona fica inundada mas, devido às pequenas profundidades e baixas
velocidades, não contribuem muito para a drenagem da enchente.
Zona de baixo risco (faixa 3) – Esta zona possui pequena probabilidade de ocorrência de
inundações, sendo atingida em anos excepcionais por pequenas lâminas de água e baixas
velocidades. A definição dessa área é útil para informar a população sobre a grandeza do risco a
que esta sujeita. Esta área não necessita regulamentação, quanto às cheias.

9.3 EROSÕES

9.3.1 Processos de erosão, transporte e depósito de sedimentos

Os complexos processos responsáveis pela sedimentação, transporte e depósito de


sedimentos, são responsáveis pela forma atual da superfície da Terra. Os principais agentes
dinâmicos externos do processo de sedimentação são a água, o vento, a gravidade, o gelo e os
agentes biológicos, e ultimamente a ação antrópica que podem atuar combinados ou
isoladamente. A erosão corresponde à separação e remoção da partícula da rocha e do solo pela
ação da água, do vento ou por outro efeito, sendo que diversos fenômenos têm ação
preponderante nesse processo. O destaque da partícula no processo de erosão ocorre através da
energia de impacto da gota de chuva no solo e pelas forças geradas devido à ação do escoamento
das águas. As gotas de chuva, caindo principalmente em terrenos inclinados (Fig. 9.11),
desagregam as partículas, provocam o deslocamento e lavam o solo, removendo a camada
superficial. Quanto menor a proteção do solo tanto maior é a erosão.

Figura 9.11 - Erosão de partículas de solo provocada pelo impacto de gotas de chuva

Trajetória da
Trajetória das gota d’água
partículas de solo
desagregadas

Terreno

As partículas soltas podem ser deslocadas de sua posição, e ser transportada pelas enxurradas
para os cursos d'água. Uma quantidade de partículas minerais transportadas ou depositadas pela
ação do escoamento das águas define o sedimento fluvial. O deslocamento e transporte do
sedimento dependem da forma, tamanho, peso da partícula e das forças exercidas pela ação do
escoamento. Se essas forças se reduzem até a condição de não poderem continuar a deslocar a
partícula, ocorre o processo de deposição. Esses depósitos podem ser de pequeno, médio, ou de
grande volume; transitórios ou permanentes (como o assoreamento). Um depósito sedimentar
permanente sofre o peso da água e do seu próprio peso, compactando-se.

9.3.2 Necessidade do controle das erosões

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A erosão do solo constitui um dos maiores problemas ambientais a ameaçar a viabilidade


da vida na Terra. Além deste fator inestimável em termos de valores financeiros, a erosão causa
perdas acentuadas em cidades, como é o caso da queda de taludes ocorrendo muitas vezes perdas
de vidas humanas. Os sedimentos erodidos são deslocados pelas enxurradas para os cursos
d'água, assoreando as calhas dos rios ou reservatórios, trazendo danos elevadíssimos ou
irrecuperáveis.

9.3.3 Controle das erosões através da sistematização hidráulico-florestal

As obras de sistematização hidráulico-florestal além de laminar o pico das enchentes


ordinárias tem também o escopo de reduzir o fenômeno da degradação do solo, pois após a
retirada da floresta, principalmente naqueles terrenos onde existe uma certa declividade, acaba
ocorrendo o “desequilíbrio hidrogeológico” Nome este usado para indicar a gravidade dos
problemas que são gerados com a retirada da floresta que vão desde os grandes deslizamentos
das montanhas até as pequenas erosões localizadas, incluindo as erosões dos álveos fluviais, a
sobreelevação dos cursos d’água, etc. (Maione, 1984).

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CAPITULO X

10 REGULARIZAÇÃO DE VAZÕES EM RESERVATÓRIOS

A variabilidade temporal das vazões fluviais tem como resultado visível a ocorrência de
excessos hídricos nos períodos úmidos e carência nos períodos secos. Nada mais natural que seja
preconizada a formação de reservas durante o período úmido para serem utilizadas na
complementação das demandas na estação seca.
A dimensão ótima para um reservatório deverá ser considerada em função de um
compromisso entre o custo de investimento na sua implantação e o custo da escassez de água
durante os períodos secos. O primeiro o custo é diretamente proporcional e o segundo é
inversamente proporcional à dimensão do reservatório. Quanto menor for a capacidade útil de
acumulação de água, ou seja, aquela que pode ser efetivamente utilizada, mais provável é a
ocorrência de racionamento. Portanto, apenas na situação extrema aversão ao racionamento seria
ótima a decisão de construir-se um reservatório que sempre pudesse acumular água para atender
a demanda.
Como a ocorrência das vazões é aleatória, ou seja, não há possibilidade de previsão de
ocorrência a longo prazo, não é também possível prever-se com precisão o tamanho da reserva de
água necessária para o suprimento das demandas de períodos de seca no futuro. Isto leva o
planejador de recursos hídricos a duas situações ineficientes: superdimensionar as reservas às
custas de investimento demasiados no reservatório de acumulação, ou subdimensionar as
reservas às custas de racionamento durante o período seco. Entre estas duas situações estaria
aquela ótima.

Na execução é adotada a equação de balanço hídrico do reservatório:

S(t+1) = S(t) + I(t) - D - E(t) + P(t) (10.1)

onde:
S(t): armazenamento no início do intervalo de tempo t;
I(t): deflúvio afluente durante o intervalo t;
D : descarga operada visando ao suprimento da demanda;
E(t): evaporação do reservatório durante o intervalo de tempo t;
P(t): chuva sobre o reservatório durante o intervalo de tempo t.

A evaporação E é computada pelo produto de uma taxa de evaporação e(t), em altura de


lâmina de água evaporada por unidade de tempo, que pode variar com as estações do ano, pela
área do espelho liquido do reservatório, A.
A chuva sobre o reservatório é calculada pelo produto de uma altura de precipitação por
intervalo de tempo p(t), que varia temporalmente, pela mesma área do espelho liquido.
É praxe, diante desta analogia, computar-se o efeito destas duas variáveis de forma
conjunta. Se a área for dada em Km2, e a chuva e taxa de evaporação em mm, aplica-se a
equação:

E’(t) = E(t) -P(t) = [(e(t) - p(t)] . A/1.000 (10.2)

na qual E’(t) seria a evaporação descontada pela chuva. A divisão por 1.000 serve para
compatibilizar unidades, resultando em valores de E’(t) em Hm3.

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Figura 10.1 Esquema de um reservatório

I Nível máximo E P

Volume Útil
b) h
Nível mínimo operacional

Q=D

Exercício

Determinar o volume útil do reservatório de modo que ele seja capaz de assegurar uma
retirada mensal de deflúvio (demanda - D) igual a média mensal do período de 60 meses. Fazer a
verificação deste volume assumindo que o reservatório esteja cheio no quinto mês da simulação
(sem considerar falhas no sistema, ou seja, valores de volumes negativos). Desconsiderar a
precipitação e a evaporação. O volume útil vai ser a soma do maior valor positivo com o menor
valor negativo (este em módulo).

Tempo Deflúvio Deflúvio Calculo do Verificação


Mensal Médio Volume do Volume
3
Mês I (Hm3) Hm Hm3 Hm3
1 0,2 33,36 -33,16 ---
2 5,4 ---
3 416,6 ---
4 326,6 ----
5 164,3 Volume útil
6 13,5
7 0,3
8 0
9 0
10 0
11 0
12 0,6
13 2,3
14 2,2
15 2,3
16 3,6
17 1,7
18 0,9
19 0,1
20 0,2
21 0
22 0
23 0
24 0
25 0,3 33,36
26 0,5
27 0,5
28 2,2
29 0,1

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30 0
31 0
32 0
33 0
34 0
35 0
36 0,9
37 1,4
38 1,2
39 4,2
40 4,8
41 2,7
42 0,5
43 0
44 0
45 0
46 0
47 0
48 0,6
49 3,9
50 34,1
51 750,6
52 128,4
53 83,1
54 40,2
55 0,2
56 0
57 0
58 0
59 0
60 0,1

BIBLIOGRAFIA
BACK, Álvaro José. Chuvas intensas e chuvas de projeto de drenagem supeficial no
Estado de Santa Catarina. Boletim Técnico nro. 123, EPAGRI, 2002, 65 p.
GARCEZ, Lucas Nogueira; COSTA ALVAREZ, Guillermo. Hidrologia. 2.ed. São Paulo: E.
Blücher, [1988]. 291p.
NERILO, N.; MEDEIROS, P. A.; CORDERO, A. Chuvas intensas no estado de Santa
Catarina. Edifurb/Editora da UFSC, 156 p., 2002.
PFAFSTETTER, O. Chuvas intensas no Brasil. Departamento Nacional de Obras de
Saneamento, Ministério de Viação e Obras Públicas, Rio de Janeiro, 1957.
PINTO, Nelson L. de Sousa. et al.Hidrologia basica. São Paulo: E. Blücher, 1976. 278p.
PINTO, Nelson Luiz de Sousa; HOLTZ, Antonio Carlos Tatit; MARTINS, Jose Augusto, et
al. Hidrologia de superfície. São Paulo : E. Blücher, c1973. 179p.
TUCCI, Carlos E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. Rio de Janeiro: ABRH, 1993. 943p.
VILLELA, Swami Marcondes; MATTOS, Arthur. Hidrologia aplicada. São Paulo:
McGraw-Hill, c1975. 245p.

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TRABALHO EM GRUPO

ESTUDO HIDROLÓGICO DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA URBANA

1. CARACTERISTICAS FÍSICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA


1.1 Identificar os rios da bacia destacando o rio principal.
1.2 Delimitar a bacia hidrográfica.
1.3 Classificar a ordem dos cursos d`água segundo Strahler.
1.4 Determinar a área da bacia.
1.5 Determinar o perímetro da bacia, o comprimento do rio principal e de toda rede de
drenagem.
1.6 Determinar o índice de conformação, o índice de compacidade, sinuosidade, densidade de
confluência e a densidade de drenagem. (analisar os valores obtidos)
1.7 Traçar o gráfico do perfil longitudinal do rio principal e determinar a declividade do mesmo
pelos dois métodos.
1.8 Determinar o tempo de concentração da bacia.

2 VAZÃO ANTES E APÓS A SUA OCUPACAO DA BACIA URBANA


2.1 Determinar o “Hidrograma de Projeto” pelo método do Hidrograma Unitário para um
período de retorno de 50 anos, considerando antes e após a bacia ser ocupada pelo homem.
2.2 Determinar a o volume necessário para ser armazenado na bacia, para que ela fique com as
mesmas condições iniciais, antes de ser ocupada pelo homem.

3 PRESERVAÇÃO PERMANENTE EM BACIAS HIDROGRÁFICAS


3.1 Apresentar e comentar a lei federal referente as preservações permanentes da vegetação em
uma bacia hidrográfica (no que diz respeito as preservações nas nascentes, nas margens dos rios,
nas altas declividades e nos lagos naturais e artificiais). www.mma.gov.br/conama/. Apresentar
novas alterações também.
3.2 Apresentar e comentar a lei municipal de Blumenau que trata deste tema, ou seja, das áreas
de preservações que não podem ser ocupadas.
3.3 Confrontar as duas leis.

4 AS ENXURRRADAS EM BACIAS URBANAS


Realizar uma pesquisa bibliográfica sobre as enxurradas (enchentes rápidas) em bacias urbanas.
Itens mínimos: Introdução, conceito, causas, problemática, consequências e possíveis soluções.
(colocar também figuras ilustrativas).

Obs. O trabalho deve ser feito em grupos de no máximo 4 alunos, deve ser apresentado dentro
da metodologia cientifica. Tem que aparecer um item de comentário dos resultados.

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