CAMPUS II - FURB
End: Rua São Paulo, 3250 CEP: 89030-000 Blumenau/SC.
Blumenau, 2013.
SUMÁRIO
1 CONCEITOS BÁSICOS E CICLO HIDROLÓGICO.................................................... 6
1.1 CONCEITO DE HIDROLOGIA ................................................................................... 6
1.2 HIDROLOGIA NAS ENGENHARIAS.......................................................................... 6
1.3 USO DA ÁGUA.......................................................................................................... 7
1.4 VOLUMES DE ÁGUA NO PLANETA TERRA E O CICLO HIDROLÓGICO ................. 9
1.4.1 A água no planeta Terra .............................................................................................. 9
1.5 CICLO HIDROLÓGICO ........................................................................................... 10
1.6 HIDROLOGIA APLICADA ...................................................................................... 12
1.7 QUANTIDADE DE ÁGUA ....................................................................................... 12
1.8 QUALIDADE DA ÁGUA ......................................................................................... 12
2 BACIAS HIDROGRÁFICAS ..................................................................................... 13
2.1 CONCEITO .............................................................................................................. 13
2.2 INDIVIDUALIZAÇÃO .............................................................................................. 13
2.3 ÁREA DA BACIA .................................................................................................... 13
2.4 BACIA COMO SISTEMA ......................................................................................... 14
2.5 RIOS, RIBEIRÕES E CÓRREGOS .............................................................................. 14
2.5.1 Definição ................................................................................................................ 14
2.5.2 Classificação dos rios .............................................................................................. 14
2.5.2.1 Baseada na permanência ou não de água durante o ano .............................................. 14
2.5.2.2 Denominação: Rio, Ribeirão ou Córrego ........................................................... 14
2.5.3 CARACTERÍSTICAS FLUVIOMORFOLÓGICAS ................................................... 14
2.5.3.1 Índice de conformação .......................................................................................... 14
2.5.3.2 Índice de compacidade .......................................................................................... 15
2.5.3.3 Densidade de drenagem e Densidade de confluência ................................................ 15
2.5.3.4 Sinuosidade do curso d’água ................................................................................. 16
2.5.3.5 Sistema de ordenamento dos canais ........................................................................ 16
2.5.3.6 Declividade e perfil longitudinal de um curso d’água .............................................. 17
3 PRECIPITAÇÃO ....................................................................................................... 19
3.1 CONCEITO ............................................................................................................ 19
3.2 FORMAÇÃO DAS CHUVAS ................................................................................... 19
3.3 CLASSIFICAÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES ................................................................. 19
3.3.1 Chuvas Convectivas (“chuvas de verão”) .................................................................. 19
3.3.2 Chuvas Orográficas .................................................................................................. 20
3.3.3 Chuvas Frontais ....................................................................................................... 20
3.4 MEDIDAS DE PRECIPITAÇÃO ................................................................................ 20
3.4.1 Pluviômetros .......................................................................................................... 21
3.4.1.1 Instalação do aparelho............................................................................................ 22
3.4.2 Pluviógrafos ......................................................................................................... 22
3.4.2.1 Variedade de Aparelhos .................................................................................... 22
3.4.2.2 Tipos de Pluviógrafos ........................................................................................... 22
3.4.3 Pluviogramas .......................................................................................................... 23
3.4.4 Ietogramas.............................................................................................................. 23
3.4.5 Manipulação e processamento dos dados pluviométricos ............................................. 24
3.4.6 Variação geográfica e temporal das precipitações ....................................................... 25
3.4.6.1 Variação geográfica .............................................................................................. 25
3.4.6.2 Variação temporal ................................................................................................. 25
3.5 PRECIPITAÇÕES MÉDIAS SOBRE UMA BACIA HIDROGRÁFICA ......................... 26
3.5.1 Método da média aritmética ..................................................................................... 27
3.5.2 Método de Thiessen ................................................................................................ 27
CAPITULO I
A humanidade tem se ocupado com a água por uma questão de necessidade vital e como
uma ameaça potencial pelo menos desde o tempo em que as primeiras civilizações se
desenvolveram às margens dos rios. Foram construídos canais, diques, barragens, condutos
subterrâneos e poços ao longo do rio Indus, no Paquistão, dos rios Tigre e Eufrates, na
Mesopotâmia, do Hwang Ho na China e do Nilo no Egito, há pelo menos 5000 anos.
Enquanto a Hidrologia é a ciência que estuda a água na Terra e procura responder à
pergunta sobre o que ocorre com a água da chuva uma vez que atinge a superfície, a Engenharia
Hidrológica é a aplicação dos conhecimentos da Hidrologia para resolver problemas relacionados
aos usos da água.
Entre os principais usos humanos da água estão: o abastecimento humano; irrigação;
dessedentação animal; geração de energia elétrica; navegação; diluição de efluentes; pesca;
recreação e paisagismo. As preocupações com o uso da água aumentam a cada dia porque a
demanda por água cresce à medida que a população cresce e as aspirações dos indivíduos
aumentam. Enquanto as demandas sobem, o volume de água doce na superfície da terra é
relativamente fixo. Isto faz com que certas regiões do mundo já enfrentem situações de escassez.
O Brasil é um dos países mais ricos em água, embora existam problemas diversos.
A Engenharia Hidrológica também estuda situações em que a água não é exatamente
utilizada pelo homem, mas deve ser manejada adequadamente para minimizar prejuízos,
como no caso das inundações provocadas por chuvas intensas em áreas urbanas ou pelas
cheias dos grandes rios. Relacionados a estes temas estão os estudos de Drenagem Urbana e de
Controle de Cheias e Inundações.
A água também é importante para a manutenção dos ecossistemas existentes em rios, lagos
e ambientes marginais aos corpos d’água, como banhados e planícies sazonalmente
inundáveis. Nos últimos anos a Hidrologia e a Engenharia Hidrológica têm se aproximado de
ciências ambientais como a limnologia e a ecologia, visando responder questões como: Qual
é a quantidade de água que pode ser retirada de um rio sem que haja impactos significativos
sobre os seres vivos que habitam este rio?
Abastecimento humano
O uso da água para abastecimento humano é considerado o mais nobre, uma vez que o
homem depende da água para sua sobrevivência. A água para abastecimento humano é utilizada
diretamente como bebida, para o preparo dos alimentos, para a higiene pessoal e para a
lavagem de roupas e utensílios. No ambiente doméstico a água também é usada para irrigar
jardins, lavar veículos e para recreação.
O consumo de água em ambiente doméstico é estimado em 200 litros por habitante por
dia. Aproximadamente 80% deste consumo retornam das residências na forma de esgoto
doméstico, obviamente com uma qualidade bastante inferior. A tabela 1.1 mostra os percentuais
médios dos diferentes consumos doméstico.
Abastecimento industrial
Irrigação
Navegação
A navegação é um uso não-consuntivo que pode ser bastante atrativo do ponto de vista
econômico, principalmente para cargas com baixo valor por tonelada, como minérios e
grãos. A navegação requer uma profundidade adequada do corpo d’água e não pode ser praticada
em rios com velocidade de água excessiva.
Recreação
Um uso de água não consuntivo realizado no próprio curso d’água é a recreação. Este uso
é bastante freqüente em rios com qualidade de água relativamente boa, e inclui atividades
de contato direto, como natação e esportes aquáticos como a vela e a canoagem. Também
podem existir atividades de recreação de contato indireto, como a pesca esportiva.
Preservação de ecossistemas
Além de todos os usos humanos mais diretos, é do interesse das sociedades que os rios e
lagos mantenham sua flora e fauna relativamente bem preservadas. A manutenção dos
ecossistemas aquáticos implica na necessidade de que uma parcela da água permaneça no
rio, e que a qualidade desta água seja suficiente para a vida aquática.
Geração de energia
Nuvem
Precipitação
Nuvem
Evap. Direta
Transpiração
Interceptação
Escoamento Superficial Evapotranspiração
Armazenamento
Zona Infiltração em depressões
de
Areação Transpiração
Evap. Solo
Evaporação
Percolação
Oceano
Chuva, granizo e neve. Quando as gotículas de água, formadas por condensação, atingem
determinada dimensão, precipitam-se em forma de chuva. Se na sua queda atravessam zonas de
temperaturas abaixo de zero, pode haver formação de partículas de gelo, dando origem ao
granizo. No caso de a condensação ocorrer sob temperaturas abaixo do ponto de congelamento,
haverá a formação de neve.
Orvalho ou geada. Quando a condensação se verifica diretamente sobre uma superfície
sólida, ocorrem os fenômenos de orvalho ou geada, conforme se dê a condensação em
temperaturas superiores ou inferiores a zero grau centígrado.
A hidrologia aplicada está voltada para os diferentes problemas que envolvem a utilização
dos recursos hídricos, preservação do meio ambiente e ocupação da bacia. O Quadro 1.1
apresenta um resumo dos campos onde os conhecimentos da Hidrologia Aplicada são utilizados.
Além de ser suficiente em quantidade, a água deve satisfazer certas condições quanto à
qualidade. Essa é uma preocupação fundamental no aproveitamento dos recursos hídricos. No
entanto os problemas relativos à qualidade da água não serão abordados com profundeza nesta
disciplina. O mesmo é tratado nas disciplinas de Saneamento.
CAPITULO II
2 BACIAS HIDROGRÁFICAS
O ciclo hidrológico é normalmente estudado com maior interesse na fase terrestre, onde o
elemento fundamental de análise é a bacia hidrográfica.
2.1 CONCEITO
A bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água da precipitação que faz
convergir os escoamentos para um único ponto da bacia, seu enxutório ou foz.
A bacia hidrográfica compõe-se basicamente de um conjunto de áreas com declividade no
sentido de determinada seção transversal de um curso d’água, medidas as áreas em projeção
horizontal. São Sinônimos: bacia de captação, bacia coletora, bacia de drenagem superficial,
bacia de contribuição, bacia imbrífera, bacia hidrológica.
2.2 INDIVIDUALIZAÇÃO
Sobre uma planta da região, com altimetria adequada, procura-se traçar a linha de divisores
de água que separa a bacia considerada das contíguas.
A bacia hidrográfica pode ser considerada um sistema físico onde a entrada é o volume de
água precipitado e a saída é o volume de água escoado pelo enxutório, considerando-se como
perdas intermediárias os volumes evaporados e transpirados e também infiltrados
profundamente.
2.5.1 Definição
Em termo hidrológico rio é um sistema aberto com fluxo contínuo da nascente à foz, sendo
que a manutenção do sistema de escoamento depende do balanço hidrológico.
É a relação entre a área de uma bacia hidrográfica e o quadrado de seu comprimento axial,
medido ao longo do curso d’água, da desembocadura ou seção de referência à cabeceira mais
distante, no divisor de águas. Uma bacia com índice de conformação baixo é menos sujeita a
enchentes que outra do mesmo tamanho porém com maior índice de conformação. Isso se deve
ao fato de que em uma bacia estreita e longa, com índice de conformação baixo, há menos
possibilidade de ocorrência de chuvas intensas cobrindo simultaneamente toda a sua extensão; e
também, numa tal bacia, a contribuição dos tributários atinge o curso d´água principal em vários
pontos ao longo do mesmo. Caso não existam outros fatores que interfiram, quanto o valor deste
índice se aproxima a unidade (um), a forma da bacia se aproxima de um quadrado e este tipo de
bacia tem maior potencialidade de ocorrência de picos de enchentes elevados.
A
I c
= 2
(adimensional) A
L (2.1)
L
2
onde: A = área da bacia, km
L = Comprimento do rio, km
Figura 2.2 - Rios da bacia hidrográfica
2.5.3.2 Índice de compacidade
É a relação do perímetro de uma bacia hidrográfica e a circunferência de círculo de área
igual à da bacia.
P C P
Kc =
C A A
L
onde: P= Perímetro, km D
C= Circunferência, km
A= Área da bacia, km2 Figura 2.3 - Perímetro da bacia hidrográfica
P
K c
=0,28 (adimensional) (2.2)
A
a) Densidade de drenagem
A relação entre o comprimento total dos cursos d’água efêmeros, intermitentes e perenes
de uma bacia hidrográfica e a área total da mesma bacia é denominada densidade de drenagem.
Este índice varia de 0,5 km/km2 , para bacias de drenagem pobre, a 3,5 km/km2 ou mais, para
bacias excepcionalmente bem drenadas.
l
D d
=
A
(2.3)
b) Densidade de confluência
Nc
Dc = (2.4)
A
A
Lt L
L
Sin = (2.5)
Lt Figura 2.4 - Rios da bacia hidrográfica
1 1
3 1 1 1
2 1 1 1
3 2 2 1
3 1
1 3 1 1 2 1
2 3
2 3
2
1 3
2 2 3 1
1
1 1 3
3
a) HORTON b) STRAHLER
Declividade média de um curso d’água pode ser calculado por dois métodos:
a) Linha d1 - que representa a declividade média entre dois pontos, obtida dividindo-se a
diferença total de elevação do leito pela extensão horizontal do curso d’água entre os dois
pontos.
∆H
d1 = (m/m) (2.6)
L
b) Linha d2 - que determina uma área entre esta e o eixo das abscissas igual a área
compreendida entre a curva do perfil e o mesmo eixo. É o valor mais representativo e racional da
declividade do curso d’água.
2 ABP ∆h
d2 = 2 (m/m) ou d2 = (2.7)
L L
1200
∆H = 900 m
1000
880 m
d1
800
d2
∆h = 480 m
600 ABP
400
20 40 60 80
Distância a partir da seção de controle (em km)
CAPITULO - III
3 PRECIPITAÇÃO
3.1 CONCEITO
Expansão
Ar Quente
Quando vem vento quente e úmido, soprando geralmente do oceano para o continente, e
encontram uma barreira montanhosa, elevam-se e se resfriam adiabaticamente havendo
condensação do vapor, formação de nuvens e ocorrência de chuvas.
São provocadas por grandes barreiras de montanhas (ex.: Serra do Mar);
As chuvas são localizadas e intermitentes;
Possuem intensidade bastante elevada;
Geralmente são acompanhadas de neblina.
Ar Úmido
Frente Fria Ar
Ar Frio quente Frente Quente
Ar quente
L1 L2 > L1
- Quantifica-se a chuva pela altura de água caída e acumulada sobre uma superfície plana.
- A quantidade da chuva é avaliada por meio de aparelhos chamados de pluviômetros e
pluviógrafos.
3.4.1 Pluviômetros
1,5
D > 2h
Obs. Os pluviômetros são normalmente observados uma ou duas vezes por dia, todos os dias,
nos mesmos horários, eles indicam a altura pluviométrica diária (ou a intensidade média em 12
horas).
A principio o resultado não depende da área; mas é preciso não se enganar no momento de
calcular a lâmina precipitada;
V
P = 10 * (3.1)
A
Existem várias normas de instalação dos pluviômetros e pluviógrafos apesar das tentativas
de homogeneização internacional. Em geral deve ser feita a uma altura média acima da superfície
do solo, entre 1 m a 1,5 m. O aparelho deve ficar longe de qualquer obstáculo que pode
prejudicar a medição (prédios, árvores, relevo, etc.).
3.4.2 Pluviógrafos
Existe uma grande variedade de aparelhos, usando princípios diferentes para medir e
gravar continuamente as precipitações. Pode-se examiná-los segundo as quatro etapas da
aquisição: medição, transmissão do sinal, gravação, transmissão do registro.
Os pluviógrafos possuem normalmente uma superfície receptora padrão de 200 cm2.
Os registros dos pluviógrafos são indispensáveis para o estudo de chuvas de curta duração,
que é necessário para os projetos de galerias pluviais.
Pluviógrafo de peso: Neste instrumento, o receptor repousa sobre uma escala de pesagem
que aciona a pena e esta traça um gráfico de precipitação sob a forma de um diagrama (altura de
precipitação acumulada x tempo) ou pode armazenar em uma memória em suporte eletrônico
(data-logger).
3.4.3 Pluviogramas
3.4.4 Ietogramas
Os ietogramas são gráficos de barras, nos quais a abscissa representa a escala de tempo e a
ordenada a altura de precipitação. A leitura de um ietograma é feita da seguinte forma: a altura de
precipitação corresponde a cada barra é a precipitação total que ocorreu durante aquele intervalo
de tempo.
8
Ietograma
Precipitações
Chuva (mm)
7
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tem po (Horas)
Nivel (m)
Precipitação (mm)
17
10 16
15
14
20
13
12
30 11
10
40 9
8
50 7
6
5
60
4
3
70 2
Precipitações registradas (mm)
Niveis registrados (m) 1
80 0
22/11/2008 23/11/2008 24/11/2008 25/11/2008
Os postos pluviométricos são identificados pelo prefixo e nome e seus dados são
analisados e arquivados individualmente.
Os dados lidos nos pluviômetros são lançados diariamente pelo observador na folhinha
própria, que a remete no fim de cada mês para a entidade encarregada.
Antes do processamento dos dados observados nos postos, são feitas algumas análises de
consistência dos dados:
Como os dados são lidos pelos observadores, podem haver alguns erros grosseiros do tipo:
- observações marcadas em dias que não existem (ex.: 31 de abril);
- quantidades absurdas (ex.: 500 mm em um dia);
- erro de transcrição (ex.: 0,36 mm em vez de 3,6 mm).
No caso de pluviógrafos, para verificar se não houve defeito na sifonagem, acumula-se a
quantidade precipitada em 24 horas e compara-se com a altura lida no pluviômetro que fica ao
lado destes.
b) Preenchimento de falhas
Pode haver dias sem observação ou mesmo intervalo de tempo maior, por impedimento do
observador ou o por estar o aparelho danificado.
Nestes casos, os dados falhos, são preenchidos com os dados de 3 postos vizinhos,
localizados o mais próximo possível, da seguinte forma:
1 Nx N N
Px = PA + x PB + x PC + (3.2)
3 NA NB NC
onde: Px é o valor de chuva que se deseja determinar;
Nx é a precipitação média anual do posto x;
NA, NB e NC são, respectivamente, as precipitações médias anuais do postos vizinhos A, B e
C;
PA, PB e PC são, respectivamente, as precipitações observadas no instante que o posto x
falhou.
Define-se como período úmido os meses de setembro a março e período seco os meses de
abril a agosto.
1000,0
Precipitações Máximas
900,0
Precipitações Médias
800,0 Precipitações Mínimas
700,0
600,0
500,0
400,0
201,7
188,8
300,0
157,3
152,8
150,7
141,4
128,0
106,6
200,0
97,9
96,1
95,3
91,1
100,0
0,0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Mês
Admite-se que todos pluviômetros têm o mesmo peso. A precipitação média é então
calculada como a média aritmética dos valores medidos. Este método ignora as variações
geográficas da precipitação.
P =1 ∗ P (3.4)
m n i =1
i
Este método considera a não-uniformidade da distribuição espacial dos postos, mas não
leva em conta o relevo da bacia. Por isto este método dá bons resultados quando o terreno não é
muito acidentado.
A média será dada por:
n
Pi A
(3.5)
i
i =1
P m
=
A
onde:
Pm = a precipitação média na área, em mm
Ai = a área de influência de cada posto i,
Pi = a precipitação registrada no posto i, mm
A = a área da bacia.
A metodologia consiste no seguinte:
a) ligue os postos por trechos retilíneos;
b) trace linhas perpendiculares aos trechos retilíneos passando pelo meio da linha que liga
os dois postos;
c) prolongue as linhas perpendiculares até encontrar outra.
O polígono é formado pela interseção das linhas, correspondendo à área de influência de
cada posto.
P2
P1 ° A2
°
A1
A3
° P3
A4
° P4
Isoietas são linhas indicativas de mesma altura pluviométrica. Podem ser consideradas
como “curvas de nível de chuva”. O espaçamento entre eles depende do tipo de estudo, podendo
ser de 5 em 5 mm, 10 em 10 mm, 20 em 20 mm, etc.
O traçado das isoietas é feito da mesma maneira que se procede em topografia para
desenhar as curvas de nível, a partir das cotas de alguns pontos levantados.
Descreve-se a seguir o procedimento de traçado das isoietas:
1º. Definir qual o espaçamento desejado entre as isoietas.
2º. Liga-se por uma semi-reta, dois postos adjacentes, colocando suas respectivas alturas
pluviométricas.
3º. Interpola-se linearmente determinando os pontos onde vão passar as curvas de nível,
dentro do intervalo das duas alturas pluviométricas.
1 n
P +P
i i +1
(3.6)
Pm = A
∗
i =1
Ai ,i +1 ∗
2
onde:
Pm = a precipitação média na área, em mm
Ai,i+1 = a área compreendida entre as isoietas i e i+1,
Pi = a precipitação correspondente da isoieta i, mm
Pi+1 = a precipitação correspondente da isoieta i+1, mm
A = a área da bacia,
Ai, i+1
Figura 3.11 - Método das Isoietas
P1 ° P2
°
° P3
° P4 i-1 i i+1
i-2
A quantidade total de precipitação num ano é uma das mais interessantes características de
uma estação pluviométrica, pois fornece de imediato uma idéia sintética do fenômeno no local.
O valor da altura pluviométrica anual varia de região para região, desde próximo a zero, nas
regiões desérticas, até o valor máximo conhecido de 25.000 mm (Charrapunji, Ïndia)
a) Média Aritmética ( X )
n
Xi
X = i =1
X = são os dados (Precipitação, Vazão, Etc.) (3.7)
n
n = número de dados
b) Desvio Padrão (S)
n
( X i − X )2
S=± i =1 X é a média (3.8)
n −1
c) Variância (S2)
n
( Xi − X)2
S2 = i =1
(3.9)
n −1
e)Valores Extremos
Extremo inferior: Mínimo
Extremo superior: Máximo
integral que fornece o valor de F(x) só pode ser avaliada numericamente, e foi tabelada, podendo
ser encontrada em qualquer obra de referência Estatística.
É comum apresentar-se o ajuste da lei de Gauss em forma gráfica, relacionando o total
anual de precipitação pluvial (X) com o seu respectivo tempo de retorno (T). Os períodos de
retornos são estimados por
1
T= para F(x) ≤ 0,5, (3.12)
F ( x)
1
T= para F(x) > 0,5. (3.13)
1 − F ( x)
Assim, para cada valor de x, calcula-se o valor de z correspondente obtém-se F(x) de uma
tabela e calcula-se finalmente T. Por fim plota-se em um gráfico num papel probabilístico
aritmético-normal.
P1 ( X - S; 15,87%)
P2 ( X ; 50%)
P3 ( X + S; 84,13%)
O estudo das alturas pluviométricas mensais pode ser feito nas mesmas bases indicadas
para o estudo das alturas pluviométricas anuais.
Um estudo mais detalhado das precipitações levaria a reduzir o intervalo de análise ao dia
que corresponde a observações dos pluviômetros. Geralmente, esse estudo é feito dentro do
chamado “estudo chuvas intensas”
a) Duração (t): é o período de tempo durante o qual a chuva cai. Expressa normalmente por
minuto, hora, dia, mês ou ano.
b)Intensidade (i): é a precipitação por unidade de tempo, obtida como a relação
(i=Precipitação/tempo). Expressa normalmente em mm/h ou mm/min.
c) Frequência de probabilidade (F=P) e tempo de recorrência ou período de retorno (T)
Na análise de alturas pluviométricas (ou intensidades), o tempo de recorrência (T) é
analisado como sendo o número médio de anos durante a qual espera-se que a precipitação
analisada seja igualada ou superada. O seu inverso é a probabilidade de um fenômeno igual ou
superior ao valor analisado. Por exemplo, uma precipitação com 1% de probabilidade de ser
igualada ou superada num ano tem um tempo de retorno igual a 100 anos. (T=1/F=1/0,01=100
anos).
A probabilidade ou frequência de ocorrência pode ser dada por:
m 1 1 N +1
P=F= T= = = (Fórmula de Kimbal) (3.14)
N +1 P F m
Exemplo:
3
para m = 3 (ordem) → N = 31 (número de dados/anos) F = = 0,09375
31 + 1
1 1 1
T= = = ∴ T ≅ 11 anos
P F 0,09375
a) Sérias anuais. Neste critério as séries são constituídas dos máximos observados em cada
ano, desprezando-se os demais dados mesmo que sejam superiores às dos outros anos.
b) Sérias parciais. Neste caso as séries são constituídas dos “n” maiores valores observados,
sendo “n” o número de anos do período analisado.
c) Séries completas. Neste ultimo critério se adota todos os valores selecionados para a
formação das séries. O primeiro critério é o mais adotado.
−y 1
P( X ≥ x) = 1 − e −e = (3.15)
T
T −1
y = − ln − ln (3.16)
T
onde:
P = probabilidade de um valor extremo X ser maior ou igual a um dado valor x;
T = período de retorno;
y = variável reduzida de Gumbel.
C
i= (3.17)
(t + t 0 ) n
onde: i é a intensidade máxima média (mm/min.) para duração t;
t0, C e n são parâmetros a determinar.
Certos autores procuram relacionar C com o período de retorno T, por meio de uma
equação do tipo:
C = a.T m (3.18)
neste caso a equação empregada fica:
a.T m
i= (3.19)
(t + t 0 ) n
onde:
i = intensidade, geralmente expressa em mm/h
T = o tempo de retorno, em anos
655,3.T 0,1764
i= (Para t ≤120 min) (3.20)
(t + 8,1)0,6647
1246,9.T 0,1764
i= (Para 120min <t<1440 min) (3.21)
(t + 22,3)0, 7909
c) Para Blumenau (Ademar Cordero, 2012):
655.T 0,1765
i= (Para t ≤120 min) (3.22)
(t + 8,1)0,65
1246,9.T 0,1765
i= (Para 120 min <t< 720 min) (3.23)
(t + 22,3)0,78
T= 5 anos (Back)
250 T=10 nos (Cordero)
T= 10 amos (Back)
225
T=20 anos (Cordero)
200 T=20 anos (Back)
100
75
50
25
0
5 min 10 min 15 min 20 min 25 min 30 min 1h 6h 8h 10 h 12 h
Tempo
3.10.5 Exercício
200
150
100
P = 34,033Ln(T) + 54,54
R2 = 0,9235
50
0
1 10 100 1000
Período de retorno, T (anos)
200
150
100
P= 25,602(y) + 74,147
R2 = 0,9074
50
0
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
Variável reduzida (y)
Para locais onde as únicas informações mais detalhadas são as chuvas de 1 dia observadas
em postos pluviométricos, pode-se avaliar a chuva de 24 horas de determinada freqüência.
Valores obtidos do estudo DNOS (Médios) para as relações entre alturas pluviométricas
podem ser utilizados com series anuais para período de retorno de 2 a 100 anos.
Tabela 3.4 - Relações entre chuvas de diferentes durações para Blumenau (1944-2008)
Relação entre alturas Valores obtidos do Altura Pluviométrica (mm)
pluviométricas estudo DNOS
(Médios) T= 5 T= 10 T= 20 T=50 T=100
anos anos anos anos anos
5 min/30 min 0,34 13,6 15,9 18,1 21,0 23,1
10 min/30 min 0,54 21,5 25,2 28,7 33,3 36,7
15 min/30 min 0,7 27,9 32,7 37,2 43,2 47,6
20 min/30 min 0,81 32,3 37,8 43,1 49,9 55,1
25 min/30 min 0,91 36,3 42,5 48,4 56,1 61,9
30 min/1 h 0,74 39,9 46,7 53,2 61,7 68,0
1 h/ 24 h 0,42 53,9 63,1 71,9 83,3 91,9
6 h/ 24 h 0,72 92,4 108,1 123,3 142,9 157,5
8 h/ 24 h 0,78 100,1 117,2 133,5 154,8 170,6
10 h/ 24 h 0,82 105,2 123,2 140,4 162,7 179,4
12 h/ 24 h 0,85 109,1 127,7 145,5 168,6 186,0
24 horas =1,14*P(1 dia) 128,3 150,2 171,2 198,4 218,8
(Precipitação de 24 horas)
P (1 dia) Tirado da Equação 112,6 131,8 150,2 174,0 191,9
Precipitação de um dia (Gumbel)
A tabela 3.5 apresenta o resultado final do exercício a qual é utilizada para projetos de
drenagem em Blumenau.
CAPITULO – IV
4 INTERCEPTAÇÃO E ARMAZENAMENTO
4.1 CONCEITO
Alguns autores sugerem que se a chuva total de um evento for inferior a 1 mm, ela será
interceptada em sua totalidade, e se for superior a 1 mm, a interceptação pode variar entre 10 e
40%
A quantificação de perdas devido à interceptação vegetal em uma floresta pode ser feita
através do monitoramento acima e abaixo da copa das árvores. Neste caso é importante, também,
monitorar o volume de água que escoa pelo tronco das árvores.
A diferença do volume total precipitado e volume de água que atravessa a vegetação
(considerando o volume escoado pelos troncos) fornece uma estimativa da interceptação do
local.
A equação da continuidade do sistema de interceptação pode ser descrita por:
Si = P – T – C (4.1)
onde:
Si: é a precipitação interceptada,
P : é a precipitação observada,
T : é a precipitação que atravessa a vegetação,
C : é a parcela que escoa pelo tronco das árvores.
CAPITULO – V
5.1 INTRODUÇÃO
1. Que a água líquida esteja recebendo energia para prover o calor latente de evaporação – esta
energia (calor) pode ser recebida por radiação ou por convecção (transferência de calor do ar para
a água)
Além disso, quanto maior a energia recebida pela água líquida, tanto maior é a taxa de
evaporação. Da mesma forma, quanto mais baixa a concentração de vapor no ar acima da
superfície, maior a taxa de evaporação.
Radiação solar
A quantidade de energia solar que atinge a Terra no topo da atmosfera está na faixa das
ondas curtas.
O processo de fluxo de calor latente é onde ocorre a evaporação. A intensidade desta
evaporação depende da disponibilidade de energia. Regiões mais próximas ao Equador recebem
maior radiação solar, e apresentam maiores taxas de evapotranspiração. Da mesma forma, em
dias de céu nublado, a radiação solar é refletida pelas nuvens, e nem chega a superfície,
reduzindo a energia disponível para a evapotranspiração.
Temperatura
A quantidade de vapor de água que o ar pode conter varia com a temperatura. Ar mais
quente pode conter mais vapor, portanto o ar mais quente favorece a evaporação.
Umidade do ar
Quanto menor a umidade do ar, mais fácil é o fluxo de vapor da superfície que está
evaporando. O efeito é semelhante ao da temperatura. Se o ar da atmosfera próxima à superfície
estiver com umidade relativa próxima a 100% a evaporação diminui porque o ar já está
praticamente saturado de vapor.
Velocidade do vento
O processo de fluxo de vapor na atmosfera próxima à superfície ocorre por difusão, isto é,
de uma região de alta concentração (umidade relativa) próxima à superfície para uma região de
baixa concentração afastada da superfície. Este processo pode ocorrer pela própria ascensão do ar
quente como pela turbulência causada pelo vento.
5.2 EVAPORAÇÃO
E = 0,32 U2(es-e2)
5.3 TRANSPIRAÇÃO
A transpiração é a retirada da água do solo pelas raízes das plantas, o transporte da água
através das plantas até as folhas e a passagem da água para a atmosfera através dos estômatos da
folha.
A transpiração é influenciada também pela radiação solar, pela temperatura, pela umidade
relativa do ar e pela velocidade do vento. Além disso, intervém outras variáveis, como o tipo de
vegetação e o tipo de solo.
Como o processo de transpiração é a transferência da água do solo, uma das variáveis mais
importantes é a umidade do solo. Quando o solo está úmido as plantas transpiram livremente, e a
taxa de transpiração é controlada pelas variáveis atmosféricas. Porém, quando o solo começa a
secar o fluxo de transpiração começa a diminuir. As próprias plantas têm certo controle ativo
sobre a transpiração ao fechar ou abrir os estômatos, que são as aberturas na superfície das folhas
por onde ocorre a passagem do vapor para a atmosfera.
Para um determinado tipo de cobertura vegetal a taxa de evapotranspiração que ocorre em
condições ideais de umidade do solo é chamada a Evapotranspiração Potencial (ETP),
enquanto a taxa que ocorre para condições reais de umidade do solo é a Evapotranspiração
Real (ETR). A evapotranspiração real é sempre igual ou inferior à evapotranspiração potencial.
A Evapotranspiração Potencial é um valor de referência, pois caracteriza a perda de
água da bacia como se toda a vegetação fosse um ¨gramado¨ de uma espécie vegetal
padronizada. Portanto, é um índice que independe das características particulares de transpiração
da cultura plantada na região estudada, levando em conta apenas o clima, o tipo de solo, e as
superfícies livres de água na bacia.
5.4 EVAPOTRANSPIRAÇÃO
ETR = P - Qs – Qb - DV (5.2)
A evapotranspiração pode ser estimada, também, pela medição das outras variáveis que
intervém no balanço hídrico de uma bacia hidrográfica. De forma semelhante ao apresentado na
equação 5.2, para um lisímetro, pode ser realizado o balanço hídrico de uma bacia para estimar a
evapotranspiração. Neste caso, entretanto, as estimativas não podem ser feitas considerando o
intervalo de tempo diário, mas apenas o anual, ou maior. Isto ocorre porque, dependendo do
tamanho da bacia, a água da chuva pode permanecer vários dias ou meses no interior da bacia
antes de sair escoando pelo exutório.
Para estimar a evapotranspiração por balanço hídrico de uma bacia é necessário considerar
valores médios de escoamento e precipitação de um período relativamente longo, idealmente
superior a um ano. A partir daí é possível considerar que a variação de armazenamento na bacia
pode ser desprezada, e a equação de balanço hídrico se reduz à equação 5.3.
Exercício
1) Uma bacia de 800 km2 recebe anualmente 1600 mm de chuva, e a vazão média corresponde a
700 mm. Qual é a evapotranspiração anual?
A evapotranspiração pode ser calculada por balanço hídrico da bacia desprezando a
variação do armazenamento na bacia ETR = 1600 – 700 = 900 mm.
Equação de Thornthwaite
a
T
ETP = Fc * 16 10 (mm/mês) (5.4)
I
onde:
• ETP: evapotranspiração potencial para meses de 30 dias e comprimento de 12 horas
(mm/mês);
• T: temperatura média do ar (oC);
• I: índice de calor;
12
t
I= ( i )1,514
i =1 5
Exercício
1) Calcule a evapotranspiração potencial mensal para Blumenau, onde as temperaturas médias
mensais são dadas.
Posição de Blumenau: 27°00'S 49°00'W
O método dos coeficientes de cultura é utilizado para estimativa da demanda real de água
de uma cultura em cada fase de crescimento, sendo método base para projetos de irrigação.
Consiste em si, na determinação da evapotranspiração real, através da multiplicação do valor de
evapotranspiração potencial do período pelo valor do coeficiente de cultura (Kc) da fase, ou seja:
ETR = Kc . ETP
onde:
• ETR: evapotranspiração real da fase (mm/período);
• Kc: coeficiente de cultura de fase (adimensional);
• ETP: evapotranspiração potencial do período (mm/período);
vasta superfície líquida que disponibiliza água para evaporação, o que pode ser considerada uma
perda de água e de energia.
A evaporação da água em reservatórios pode ser estimada a partir de medições de Tanques
Classe A, entretanto é necessário aplicar um coeficiente de redução em relação às medições de
tanque. Isto ocorre porque a água do reservatório normalmente está mais fria do que a água do
tanque, que tem um volume pequeno e está completamente exposta à radiação solar.
Assim, para estimar a evaporação em reservatórios e lagos costuma-se considerar que esta
tem um valor de aproximadamente 60 a 80% da evaporação medida em Tanque Classe A na
mesma região, isto é:
Elago = Etanque . Ft
O reservatório de Sobradinho, um dos mais importantes do rio São Francisco, tem uma
área superficial de 4.214 km2, constituindo-se no maior lago artificial do mundo, está numa das
regiões mais secas do Brasil. Em conseqüência disso, a evaporação direta deste reservatório é
estimada em 200 m3/s, o que corresponde a cerca de 10% da vazão regularizada do rio São
Francisco. Esta perda de água por evaporação é superior à vazão prevista para o projeto de
transposição do rio São Francisco, idealizado pelo governo federal.
Exercícios
1) Um rio cuja vazão média é de 34 m3/s, foi represado por uma barragem para geração de
energia elétrica. A área superficial do lago criado é de 5000 hectares. Considerando que a
evaporação direta do lago corresponde a 970mm por ano, qual é a nova vazão média a jusante da
barragem?
2) Uma bacia de 2300 km2 recebe anualmente 1600 mm de chuva, e a vazão média corresponde a
14 m3/s. Calcule a evapotranspiração total desta bacia. Calcule o coeficiente de escoamento anual
desta bacia.
E0.A = I + P.A – Q – D - ∆V
onde:
• E0: evaporação potencial;
• I: entrada de água no sistema;
• P: precipitação pluviométrica;
• Q: saída de água do sistema;
• ∆V: variação de armazenamento de água (podendo ser positivo ou negativo);
• D: drenagem profunda;
• A: área do reservatório.
E0 = (I – Q – ∆V) /A + P
Colocando nas unidades usuais de cada variável a equação para a evaporação mensal
resulta:
E0=2.592 (I – Q)/Am – 1.000*∆V/Am + P
onde:
E0 : evaporação potencial no mês, (mm/mês)
P: é a precipitação do mês (mm/mês) ;
Q e I: são as vazões médias do mês (m3/s) ;
∆V: é a variação do volume mensal, do inicio ao final do mês (∆V=Vfinal-Vinicio), em
hectômetros
Am: é a área média da lâmina d´água na superfície do reservatório (do inicio ao final do
mês), Am = [A(t)+A(t+1)]/2, (em km2)
Exercício
A precipitação total no mês de janeiro foi de 154 mm, a vazão de entrada drenada pelo rio
principal foi de 24 m3/s. Este rio drena 75% da bacia total que escoa para o reservatório. Com
base nas operações do reservatório ocorreu uma vazão média de saída de 49 m3/s. A relação entre
o volume e a área do reservatório encontra-se na tabela abaixo. O volume no inicio do mês era de
288 106 m3 e no final 244 106 m3. Estime a evaporação no reservatório. (Resposta: Eo=153 mm)
CAPITULO – VI
6.1 INFILTRAÇÃO
Uma chuva que atinge um solo inicialmente seco será inicialmente absorvida quase
totalmente pelo solo, enquanto o solo apresenta muitos poros vazios (com ar). À medida que os
poros vão sendo preenchidos, a infiltração tende a diminuir, estando limitada pela capacidade do
solo de transferir a água para as camadas mais profundas (percolação). Esta capacidade é dada
pela condutividade hidráulica. A partir deste limite, quando o solo está próximo da saturação, a
capacidade de infiltração permanece constante e aproximadamente igual à condutividade
hidráulica.
A partir de experimentos de campo Horton (1939) estabeleceu a seguinte equação para o
calculo da infiltração.
I t = I b + ( I i − I b )e − kt
onde:
Infiltrômetro de anéis
∂h ∂h
q=K e Q = K.A (6.1)
∂x ∂x
onde
Q é o fluxo de água (m3/s); A é a área (m2) q é o fluxo de água por unidade de área (m/s);
K é a condutividade hidráulica (m/s); h é a carga hidráulica e x a distância.
CAPITULO VII
7 VAZÕES DE ENCHENTES
7.1.1 Hidrograma
Chuva efetiva
Vazão (m3/s)
Tempo
de retardo
Ramo de elevação
Ramo de recessão
Escoamento
Superficial
Ramo de depleção
C
A
Escoamento de Base
Iniciada a precipitação, parte das águas será interceptada pela vegetação e pelos obstáculos e
retida nas depressões do terreno até preenche-las completamente. Denomina-se precipitação
inicial a ocorrida no intervalo correspondente.
É definido como o tempo entre centro de massa da chuva efetiva até o pico do hidrograma.
A vazão máxima de um rio é entendida como sendo o valor associado a um risco de ser
igualado ou ultrapassado. A vazão máxima é utilizada na previsão de enchentes e em projetos de
obras hidráulicas tais como: canais, bueiros, condutos, diques, extravasores de barragens, entre
outros. A estimativa destes valores tem importância decisiva nos custos e na segurança dos
projetos de engenharia.
A vazão máxima pode ser estimada com base aos seguintes critérios: a) no ajuste de uma
distribuição estatística, b) na regionalização de vazões, e c) na precipitação. Quando existem
dados históricos de vazão no local de interesse e as condições da bacia hidrográfica não se
modificam, pode ser ajustada uma distribuição estatística. Quando não existem dados ou existe,
mas a série é pequena, pode-se utilizar a regionalização de vazões ou as precipitações (Tucci,
1993).
O método racional serve para estimar o pico de uma cheia, resume-se fundamentalmente
no emprego da chamada “formula racional”. A experiência mostra que o emprego deste método
é recomendado para áreas com menos de 5 km2, embora alguns autores citem seu uso para bacias
com área inferior a 15 km2.
. O uso deste método para áreas maiores não é recomendado, não obstante, é satisfatório para
projetos de galerias pelo processo chamado detalhado, no qual se consideram sub-bacias
pequenas de alguns hectares.
O método racional presume como conceito básico que a máxima vazão para uma pequena
bacia contribuinte ocorre quando toda a bacia está contribuindo, e que esta vazão é igual a uma
fração da precipitação média. Em forma analítica, a formula racional é dada pela seguinte
expressão:
Q = C. i m . A (7.1)
onde:
Q : pico da cheia, vazão, em m3/s ou l/s,
A : área drenada em km2, ha,
C : coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de deflúvio (RUNOFF).
im : intensidade média da precipitação sobre toda a bacia, em mm/min ou mm/hora, para uma
duração de chuva igual ao tempo de concentração (tc) da bacia.
Obs. O tempo de duração da chuva média (im) deve ser igual ao tempo de concentração da
bacia, ou seja, o tempo necessário para que toda a área de drenagem passe a contribuir para a
vazão na seção estudada. Além da duração, a chuva vem relacionada também a um certo um
período de retorno fixado, dependendo do tipo de obra a ser executada.
Dependendo dos dados de ingresso que você tem, usa uma das duas seguintes formulas:
Q = m3/s
C.im. A A = hectares, ha
Q= onde: im = mm/hora (7.2)
360
C.i A Q = m3/s
Q = m. onde: A = km2 (7.3)
3,6 im = mm/hora
A área da bacia é relativa a área de drenagem até o ponto de interesse. A mesma pode ser
determinada através do planímetro.
Tabela 7.2 - Valores de “C” adotados pela Prefeitura de São Paulo (Wilken, 1978)
Zonas C
Edificação muito densa:
Partes centrais, densamente construídas, de uma cidade com
ruas e calçadas pavimentadas. 0,70 - 0,95
Edificação não muito densa:
Partes adjacentes ao centro, de menor densidade de habitações,
mas com ruas e calçadas pavimentadas. 0,60 - 0,70
Edificação com poucas superfícies livres:
Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas. 0,50 - 0,60
Edificação com muitas superfícies livres:
Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas. 0,25 - 0,50
Subúrbios com alguma edificação:
Partes arrabaldes e subúrbios com pequena densidade de 0,10 - 0,25
construção.
Matas, parques e campos de esporte:
Partes rurais, áreas verdes, superfícies arborizadas, parques 0,05 - 0,20
ajardinados, campos de esporte sem pavimentação.
Para áreas com características e ocupações diferentes, a estimativa de C é feita pela seguinte
equação:
n
Ci Ai
i =1
C=
AT
onde:
C: é o coeficiente de escoamento superficial ponderado,
Ci : é o coeficiente de escoamento superficial correspondente a área i (Ai),
A: é a área total da bacia.
Obs. Para períodos de retornos iguais a 50 e 100 anos deve ser feita uma correção no
coeficiente de escoamento superficial conforme tabela abaixo.
Obs. Podemos observar que a intensidade da chuva é função de “t” tempo de concentração da
bacia (minutos) e do Período de Retorno “T” (anos).
0 ,385
L3
t c = 57 (7.5)
∆H
0 , 79
L
t c = 7,68 (7.6)
S 0, 5
onde:
tc é o tempo de concentração (em minutos); L é o comprimento do curso d’água principal
(em Km); e S é a declividade do rio curso d’água principal (m/m).
Tipos de séries usadas nas análises estatísticas. Três critérios podem ser adotados
Séries anuais. Neste critério as séries são constituídas dos máximos observados em cada ano,
desprezando-se os demais dados mesmo que sejam superiores às dos outros anos.
Séries parciais. Neste caso as séries são constituídas dos “n” maiores valores observados,
sendo “n” o número de anos do período analisado.
Séries completas. Neste ultimo critério se adota todos os valores selecionados para a
formação das séries. O primeiro critério é o mais adotado.
Com base na teoria dos extremos de amostras ocasionais, Gumbel demonstrou que, se o
número de vazões máximas anuais tende para o infinito, a probabilidade Pi de qualquer uma das
máximas ser maior ou igual do que um certo Xi é dada pela equação:
− yi
Pi =1− e−e (7.7)
onde:
e é a base dos logaritmos neperianos,
yi é a variável reduzida, dada por:
Xf = X - Sx ( y n / Sn) (7.9)
a = Sn/ Sx (7.10)
onde:
Tabela 7.4 -Valores esperados da média ( y n ) e desvio-padrão (Sn) da variável reduzida (y)
em função do número de dados (n).
n yn Sn n yn Sn
20 0,52 1,06 80 0,56 1,19
30 0,54 1,11 90 0,56 1,20
40 0,54 1,14 100 0,56 1,21
50 0,55 1,16 150 0,56 1,23
60 0,55 1,17 200 0,57 1,24
70 0,55 1,19 ∞ 0,57 1,28
Fonte: Villela e Mattos, 1975.
Uma outra facilidade que se pode usar para aplicar esse método é o papel de Gumbel. Nesse
papel, as ordenadas são os valores da variável (X) (aqui as vazões) em escala aritmética; as
abscissas são as variáveis reduzidas (y) em escala aritmética. Paralelamente às abscissas, na parte
superior do papel, e, em correspondência a cada valor da variável reduzida (y), podem ser
plotados os valores dos períodos de retornos (T), de acordo com a seguinte expressão (Villela e
Mattos, 1975):
1 T −1
T = −y y = − ln − ln (7.11)
1 − e−e T
onde:
T = período de retorno;
y = variável reduzida de Gumbel.
que corresponde ao valor X = X quando se tem um número infinito de dados. Isto mostra que
o período de retorno teórico, pela distribuição de Gumbel, da vazão média é 2,33 anos.
Posição de plotagem
N +1
T= (Fórmula de Kimbal) (7.12)
m
N + 0,12
T= Formula de Tucci (1993) (7.13)
m − 0,44
onde:
T: é o período de retorno, em anos;
m: é a “posição” das vazões (ordem decrescente);
N: é o tamanho da amostra.
De forma análoga ao de Gumbel é feito com o papel Log-Normal. Nesse papel, as ordenadas
são os valores da variável (X) (aqui as vazões), em escala aritmética e as abscissas são plotados
os valores dos períodos de retornos (T), em escala logarítmica.
Num posto fluviométrico com uma série continua de n anos podem existir informações
históricas de marcas de água que ocorrem antes da instalação do posto que gerou a série
contínua. Estas marcas devem ser as maiores de um período de H anos, sendo H o número de
anos que englobe a série continua e o período em que as marcas de enchentes foram as de
maiores valores. Essas informações devem ser incorporadas à análise de freqüência, permitindo
melhorar o ajuste da distribuição (Tucci, 1993).
Obras de engenharia hidráulica geralmente são projetadas com parâmetros hidrológicos, que
por sua vez, são gerados sob cálculos estimados, resultando numa incerteza do projetista. Como
os projetos são feitos para o futuro, as suas demandas, seus benefícios e custos são todos
conhecidos até um certo limite, e erros na estimativa de valores hidrológicos podem acarretar
prejuízos econômicos e ambientais (Nerilo et al., 2002).
Desta forma, os projetos são normalmente elaborados mediante a admissão de um certo risco
calculado, derivado de métodos de estimativas de probabilidade relativa aos parâmetros
hidrológicos.
A determinação do período de retorno é uma maneira de estimar, a partir de dados
observados, a previsão de futuras ocorrências de um certo evento. Pode ser definido como o
tempo médio decorrido entre as ocorrências de um evento que exceda ou iguale uma certa
magnitude.
Desta forma, as maiores vazões de ordem m, em uma série de dados que iguale ou supere m
vezes no período de observação de n anos ou número de observação tem uma estimativa do seu
período de retorno (T) de acordo com a seguinte expressão:
T= N+1/m (7.14)
A relação entre a probabilidade de ocorrer o evento X, P(X) e o período de retorno (T) é tal
que:
T= 1/P(X≥x) (7.15)
Com isto a probabilidade de não ocorrer o evento em um dado é de (1-P). De acordo com os
princípios estatísticos, a probabilidade J de que ao menos um evento iguale ou supere o evento
do ano de ordem T venha ocorrer em uma série qualquer de n anos é:
J= 1 – (1 – P) n (7.16)
Isto pode ser facilmente visualizado na Tabela 7.5. Como por exemplo, se um projeto for
dimensionado com um evento, neste caso uma vazão, cujo período de retorno é de 100 anos
(T=100 anos) e se a obra tiver uma vida útil estimada em 100 anos, então a probabilidade deste
evento ocorrer em sua vida útil é de 63%. Portanto, uma alta probabilidade de ocorrência. Já para
uma vazão de T = 50 anos em uma vida útil de 100 anos a probabilidade de este evento ocorrer
passa para 87%. De qualquer forma nunca há certeza absoluta de que um evento, com um certo
período de retorno, possa realmente acontecer no prazo previsto.
Exercício
Com a série histórica da estação fluviométrica Blumenau (Tabela 7.6) e a respectiva curva-
chave (7.15 e 7.16) determinar a vazes máximas e seus respectivos níveis para os períodos de
retornos entre 2 a 1000 (conforme Tabela 7.7).
Obs. A estação fluviométrica de Blumenau foi implantada no ano de 1939, mas existe
informação histórica de níveis de enchentes desde o ano de 1852. Os dados anteriores à
implantação da estação fluviométrica foram resgatados de fotografias de enchentes ou de
documentos descritos pelos primeiros imigrantes que chegaram na região. Portanto o período da
série histórica inicia no ano de 1852 e vai até 2009. Na Tabela 7.6 estão apresentados os níveis
das cheias do rio Itajaí-Açu registradas em Blumenau, com valores superiores a 8,00 m, as quais
foram usadas neste estudo. Os níveis estão referenciados ao zero do IBGE, para isto foi somado
20 cm a cada nível do rio Itajaí-Açu que foi registrado na régua da estação fluviométrica de
Blumenau.
Ano Cota (m) Data Ano Cota (m) Data Ano Cota (m) Data
1852 16,30 29/Out 1940 8,55 26/Ago 1975 12,63 04/Out
1855 13,30 20/Nov 1943 10,50 03/Ago 1976 9,00 06/Jun
1862 9,00 08/Nov 1946 9,45 02/Fev 1977 9,25 18/Ago
1864 10,00 17/Set 1948 11,85 17/Mai 1978 11,50 26/Dez
1868 13,30 27/Nov 1950 9,45 17/Out 1979 10,45 09/Out
1870 10,00 11/Out 1951 9,00 19/Out 1980 13,27 22/Dez
1880 17,10 23/Set 1953 9,65 01/Nov 1982 8,15 16/Nov
1888 12,80 23/Set 1954 9,56 08/Mai 1983 10,60 04/Mar
1891 13,80 18/Jun 1954 12,53 22/Out 1983 12,52 20/Mai
1898 12,80 01/Mai 1955 10,61 20/Mai 1983 15,34 09/Jul
1900 12,80 02/Out 1957 13,07 18/Ago 1983 11,75 24/Set
1911 9,86 29/Out 1958 9,31 16/Mar 1984 15,46 07/Ago
1911 16,90 02/Out 1960 8,29 19/Ago 1990 8,82 21/Jul
1923 9,00 20/Jun 1961 10,35 12/Set 1992 12,80 29/Mai
1925 10,30 14/Mai 1961 9,63 30/Set 1992 10,62 01/Jul
1926 9,50 14/Jan 1961 12,49 01/Nov 1995 8,31 10/Jan
1927 12,30 09/Out 1962 9,29 21/Set 1997 9,44 01/Fev
1928 11,76 18/Jul 1963 9,67 29/Set 2001 11,02 01/Out
1928 10,82 15/Ago 1965 9,22 21/Ago 2008 11,52 24/Nov
1931 11,05 02/Mai 1966 10,07 13/Fev 2009 8,17 06/Out
1931 11,25 14/Set 1969 10,14 06/Abr 2011 12,80 09/Set
1931 11,53 18/Set 1971 10,35 09/Jun
1932 9,75 25/Mai 1972 11,35 29/Ago
1933 11,85 04/Out 1973 11,30 25/Jun
1935 11,65 24/Set 1973 9,35 28/Jun
1936 10,40 06/Ago 1973 12,35 29/Ago
1939 11,45 27/Nov 1974 9,00 24/Jul
Na equação 7.18 foi diminuído 40 cm referente a equação 7.17, passando a constante de 1,2
m para 0,8 metros, pelo fato das réguas ter sido afundadas 40 cm em julho de 2012.
Vazão (m3/s)
7500
Pontos plotados das cheias máximas registradas
7000
Reta ajustada aos pontos plotados
6500
6000
5500
5000
4500
4000
3500
3000
2500
Q = 915,81Ln(x) + 1570,7
2000 R2 = 0,973
1500
1 10 100 1000
Período de retorno, T (anos)
6000
5500
5000
4500
4000
3500
3000
Q = 851,53y + 1801,1
2500
R2 = 0,9798
2000
1500
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
Variável reduzida (y)
Uma bacia pode ser imaginada como um sistema que transforma chuva em vazão. A
transformação envolve modificações no volume total da água, já que parte da chuva infiltra
no solo e pode retornar à atmosfera por evapotranspiração, e modificações no tempo de
ocorrência, já que existe um atraso na ocorrência da vazão em relação ao tempo de ocorrência da
chuva. A chuva efetiva é responsável pelo crescimento rápido da vazão de um rio durante e após
uma chuva. Anteriormente foi apresentado a forma para estimar a chuva efetiva.
Nem toda a chuva efetiva gerada numa bacia chega imediatamente ao curso d’água. A
partir dos locais em que é gerado, o escoamento percorre um caminho, com velocidades
variadas de acordo com características como a declividade e o comprimento dos trechos
percorridos, e a resposta da bacia a uma entrada de chuva depende destas características.
Em particular, se imaginamos um pulso de chuva de curta duração, a bacia hidrográfica é
um sistema que transforma uma entrada quase imediata em uma saída distribuída ao longo do
tempo, como mostrado na figura a seguir. A figura mostra um gráfico de vazão (hidrograma)
resultante de uma chuva efetiva na bacia. Considera-se que o hidrograma corresponda a
medições realizadas na saída (exutório) da bacia.
Imediatamente após, e mesmo durante a ocorrência da chuva a vazão começa a
aumentar, refletindo a chegada da água que começou a escoar na região mais próxima do
exutório, como indicado. Após algum tempo é atingido o valor máximo e, finalmente,
inicia uma recessão, quando a água da chuva efetiva gerada na região mais distante da bacia
atinge o exutório. No final da recessão o escoamento superficial cessa.
A resposta de uma bacia a um evento de chuva depende das características físicas da bacia
e das características do evento, como a duração e a intensidade da chuva. Chuvas de mesma
intensidade e duração tendem a gerar respostas de vazão (hidrogramas) semelhantes.
Chuvas mais intensas tendem a gerar mais escoamento e hidrogramas mais pronunciados,
enquanto chuvas menos intensas tendem a gerar hidrogramas mais atenuados, com menor vazão
de pico.
Para simplificar a análise e para simplificar os cálculos, é comum admitir-se que existe uma
relação linear entre a chuva efetiva e a vazão, lembrando que a chuva efetiva é a parcela da chuva
que gera escoamento superficial.
Uma teoria útil, mas não inteiramente correta, baseada na relação linear entre chuva
efetiva e vazão em uma bacia é a teoria do Hidrograma Unitário.
Conceitualmente o Hidrograma Unitário (HU) é o hidrograma do escoamento direto,
causado por uma chuva efetiva unitária (por exemplo, uma chuva de 1 mm ou 1 cm), por isso o
método é chamado de Hidrograma Unitário. A teoria do hidrograma unitário considera que
a precipitação efetiva é unitária tem intensidade constante ao longo de sua duração e
distribui-se uniformemente sobre toda a área de drenagem.
Adicionalmente, considera-se que a bacia hidrográfica tem um comportamento linear. Isso
significa que podem ser aplicados os princípios da proporcionalidade e superposição,
descritos a seguir. Com a teoria do hidrograma unitário é possível calcular a resposta da
bacia a eventos de chuva diferentes, considerando que a resposta é uma soma das respostas
individuais.
7.3.3.1 Proporcionalidade
Para uma chuva efetiva de uma dada duração, o volume de chuva, que é igual ao
volume escoado superficialmente, é proporcional à intensidade dessa chuva. Como os
hidrogramas de escoamento superficial correspondem a chuvas efetivas de mesma duração,
têm o mesmo tempo de base, considera-se que as ordenadas dos hidrogramas serão
proporcionais à intensidade da chuva efetiva, como mostra a Figura 7. 2.
Na figura observa-se que o hidrograma resultante da precipitação efetiva de 2 mm é
duas vezes maior do que o hidrograma resultante da chuva efetiva de 1 mm, que é o
hidrograma unitário. A vazão do ponto
A é duas vezes menor do que a vazão no ponto B e a vazão no ponto D é duas vezes
maior do que a do ponto C, e assim para todos os valores de vazão dos hidrogramas é
respeitada a mesma proporção.
7.3.3.2 Superposição
7.3.3.3 Convolução
t
Qt = Pef i ht −i +1 Para t<k
i =1
t
Qt = Pef i ht −i +1 Para t≥k
i =t − k +1
onde,
Qt é a vazão do escoamento superficial no intervalo de tempo t; h é a vazão por unidade de chuva
efetiva do HU; Pef é a precipitação efetiva do bloco i; k é o número de ordenadas do hidrograma
unitário, que pode ser obtido por k = n – m +1, onde m é o número de pulsos de precipitação
e n é o número de valores de vazões do hidrograma.
A convolução discreta fica mais clara quando colocada na forma matricial.
Considerando uma chuva efetiva formada por 3 blocos de duração D cada um, ocorrendo
em seqüência, e uma bacia cujo hidrograma unitário para a chuva de duração D é dado por
9 ordenadas de duração D cada uma, a aplicação da convolução para calcular as vazões Qt no
exutório da bacia seria:
Q1 = Pef1.h1
Q2 = Pef2.h1+ Pef1.h2
Q3 = Pef3.h1 +Pef2.h2+ Pef1.h3
Q4 = Pef3.h2+ Pef2.h3+Pef1.h4
Q5 = Pef3.h3+Pef2.h4+Pef1.h5
Q6 = Pef3.h4+Pef2.h5+Pef1.h6
Q7 = Pef3.h5+Pef2.h6+Pef1.h7
Q8 = Pef3.h6+Pef2.h7+Pef1.h8
Q9= Pef3.h7+Pef2.h8+Pef1.h9
Q10= Pef3.h8+Pef2.h9
Q11= Pef3.h9
Neste caso m=3 porque a chuva é definida por três blocos, k=9 porque o hidrograma
unitário tem 9 ordenadas e n=11 porque a duração total do escoamento resultante é de 11
intervalos de duração D cada um.
A convolução para o cálculo das vazões usando o HU é uma tarefa trabalhosa.
Normalmente o HU é utilizado como um módulo dentro de um modelo hidrológico, e sua
aplicação é facilitada.
0, 385
L3
t c = 57
∆H
0 , 79
L
t c = 7,68
S 0, 5
tp = 0,6. tc
O tempo de subida do hidrograma Tp pode ser estimado como o tempo de pico tp mais
a metade da duração da chuva D, assim:
tb= Tp + 1,67. Tp
o que significa que o tempo de recessão do hidrograma triangular, a partir do pico até retornar a
zero, é 67% maior do que o tempo de subida.
0,208. A * Pef
qp =
Tp
Uma vez definida a intensidade e a duração de uma chuva de projeto é necessário definir
sua distribuição temporal. A hipótese mais simples, utilizada no método racional para o cálculo
das vazões máximas, é que a intensidade não varia durante todo o evento. Assim, a chuva tem
uma distribuição temporal uniforme durante toda a sua duração.
Por outro lado, na geração de chuvas de projeto mais longas, tipicamente utilizadas em
cálculos de vazões baseadas no método do hidrograma unitário, normalmente considera-se que
a intensidade da chuva varia ao longo do evento de projeto. Existem vários métodos para criar
uma distribuição temporal para chuvas de projeto. Um método freqüentemente utilizado é
conhecido como método dos blocos alternados (Chow et al., 1988).
Bacias hidrográficas grandes têm menor probabilidade de serem atingidas por chuvas
intensas simultaneamente em toda a sua área do que bacias pequenas. Chuvas de projeto são
definidas a partir de dados coletados em pluviógrafos. Para utilizar as chuvas de projeto em
bacias relativamente grandes é necessário compensar o fato que a intensidade média das chuvas
em grandes áreas é menor. Normalmente é utilizado para isto um fator de redução pela área,
como o desenvolvido em 1958, para algumas regiões dos EUA, ilustrado na Figura 7.6.
Figura 7.6 - Fator de redução da chuva de projeto de acordo com a área da bacia e a duração da chuva –
as linhas pretas foram obtidas em 1958 para algumas regiões dos EUA com base em dados de
pluviógrafos e as linhas cinza foram obtidas a partir de dados de radar.
Admite-se, implicitamente, que uma chuva de T anos de tempo de retorno provoque uma
vazão máxima de T anos de tempo de retorno.
Os passos para obter a vazão máxima com base no hidrograma unitário são detalhados a
seguir:
1. Calcular área da bacia
2. Calcular tempo de concentração da bacia
3. Identificar posto pluviográfico com dados ou curva IDF válida em região próxima.
4. Com base nas características da bacia (área e tempo de concentração) define se hidrograma
unitário sintético.
5. Com base em na curva IDF define-se a chuva de projeto, com duração igual ao tempo de
concentração da bacia, e organizada em blocos alternados, ou metodologia semelhante.
6. A chuva de projeto deve ser multiplicada pelo fator de redução de área, de acordo com a
área da bacia e com a duração total da chuva.
7. Com base na chuva de projeto corrigida do passo anterior e usando uma metodologia de
separação de escoamento como o método do coeficiente CN, calcula-se a chuva efetiva.
8. Com base na chuva efetiva e no hidrograma unitário é feita a convolução para gerar o
hidrograma de projeto.
9. A maior vazão do hidrograma de projeto é a vazão máxima estimada a partir da chuva.
Um dos métodos mais simples e mais utilizados para estimar o volume de escoamento
superficial resultante de um evento de chuva é o método desenvolvido pelo National Resources
Conservatoin Center dos EUA (antigo Soil Conservation Service – SCS).
De acordo com este método, a lâmina escoada durante uma chuva é dada por:
( P − Ia) 2
Pef = → quando → P > Ia
( P − Ia + S )
Pe f = 0.0 → quando → P ≤ Ia
25400
S= − 254
CN
Ia = S
5
onde
Pef é a lâmina escoada ou volume de escoamento dividido pela área da bacia (mm),
também chamada “chuva efetiva”;
P é a precipitação durante o evento (mm);
S é um parâmetro que depende da capacidade de infiltração e armazenamento do solo
(parâmetro adimensional CN – veja tabela);
e Ia é uma estimativa das perdas iniciais de água.
Tabela
Condição A B C D
Floresta 41 63 74 80
Campos 65 75 83 85
Plantações 62 74 82 87
Zonas Comerciais 89 92 94 95
Zonas Industriais 81 88 91 93
Zonas Residenciais 77 85 90 92
Adaptado por Tucci ET al.,1993
E X EMP LO
O método do SCS também pode ser utilizado para calcular o escoamento superficial de
uma bacia durante um evento de chuva complexo, em que existem informações de precipitação
para vários intervalos de tempo. Esta alternativa é interessante quando se deseja saber, além do
valor do escoamento total, como foi sua distribuição temporal.
Para calcular o escoamento em diferentes intervalos de tempo, utilizando o método do
SCS, deve se primeiramente calcular valores acumulados de chuva. A partir dos valores
acumulados de chuva são calculados os valores acumulados de escoamento superficial, usando a
mesma metodologia do exemplo anterior. Finalmente, a partir dos valores acumulados de
escoamento superficial são calculados os valores incrementais de escoamento superficial.
Exercício 1:
1. Determinar a vazão de projeto pelo HUT-SCS e pelo Método Racional, para o período de
retorno de 50 anos, numa bacia de 3,0 Km2 de área de drenagem, comprimento do talvegue de
3,1 km, ao longo do qual existe uma diferença de altitude de 93 m. Bacia ocupada com Zonas
Residenciais - Solo tipo B (CN=85).
a) Tempo de concentração
0, 79
0, 79
L 3,1
t c = 7,68 0 ,5 ou t c = 7,68
S (933100) 0,5
40 0,60 0,5
50 0,75 0,4
60 0,66
0,3
70 0,57
80 0,48 0,2
90 0,39 0,1
100 0,30
0
110 0,21 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
120 0,12 Tempo (minutos)
130 0,03
1.3 – Convolução
C *i * A
Q=
3,6
C = 0,5 (residencial)
A = 3,0 km2
i = 76,9 mm/h
Q = 32,0 m3/s
Exercício 2: Proposto.
Calcule a vazão de projeto para um período de retorno de 10 anos, pelos métodos HUT-SCS e
Racional, de uma bacia próxima a Blumenau, com área de 10 Km2, comprimento do talvegue de
5,0 Km, ao longo do qual existe uma diferença de altitude de 200 m. A bacia tem solos com
baixa capacidade de infiltração, coberta com 60% de campos e florestas e 40 % com residência
com muitas superfícies livres.
CAPITULO VIII
8.1 INTRODUÇÃO
O escoamento superficial das águas normalmente é medido ao longo dos cursos d’água,
criando-se séries históricas que são extremamente úteis para diversos estudos e projetos de
Engenharia, basicamente para responder a perguntas típicas como: onde há água, quanto há de
água ao longo do tempo e quais são os riscos de falhas de abastecimento de uma determinada
vazão em um ponto de um curso d’água. No planejamento e gerenciamento do uso dos recursos
hídricos, o conhecimento das vazões é necessário para se fazer um balanço de disponibilidades e
demandas ao longo do tempo.
Em projetos de obras hidráulicas, as vazões mínimas são importantes para se avaliar, por
exemplo, calado para navegação, capacidade de recebimento de efluentes urbanos e industriais e
estimativas de necessidades de irrigação; as vazões médias são aplicáveis a dimensionamentos de
sistemas de abastecimento de águas e de usinas hidrelétricas; as vazões máximas, como base para
dimensionamento de sistemas de drenagem e órgãos de segurança de barragens, entre outras
tantas aplicações. Em operação de sistemas hidráulicos, onde poderiam se destacar sistemas de
navegação fluvial, operação de reservatórios para abastecimento ou geração de energia e sistemas
de controle ou alerta contra inundações.
As medições de vazão são feitas periodicamente em determinadas seções dos cursos d’água
(as estações ou postos fluviométricos). Diariamente ou de forma contínua medem-se os níveis
d’água nos rios e esses valores são transformados em vazão através de uma equação chamada de
curva–chave.
Curva-chave é uma relação nível-vazão numa determinada seção do rio. Dado o nível do rio
na seção para a qual a expressão foi desenvolvida, obtém-se a vazão. Não é apenas o nível da
água que influencia a vazão: a declividade do rio, a forma da seção (mais estreita ou mais larga)
também altera a vazão, ainda que o nível seja o mesmo.
Entretanto, tais variáveis são razoavelmente constantes ao longo do tempo para uma
determinada seção. A única variável temporal é o nível. Desta forma, uma vez calibrada tal
expressão, a monitoração da vazão do rio no tempo fica muito mais simples e com um custo
muito menor.
As medições de vazão podem ser feitas de diversas formas, que utilizam princípios
distintos: volumétrico, estruturas hidráulicas (calhas e vertedores), velocimétrico, acústico e
eletromagnético. A escolha do método dependerá das condições disponíveis em cada caso.
8.2.1.1 Volumétrico
Este método é baseado no conceito volumétrico de vazão, isto é, vazão é o volume que passa
por uma determinada seção de controle por unidade de tempo. Utiliza-se um dispositivo para
concentrar todo o fluxo em um recipiente de volume conhecido. Mede-se o tempo de
As calhas Parshall são, assim como os vertedores, são estruturas construídas no curso
d’água e possuem sua própria “curva-chave”. Assim, a determinação de vazão a partir do nível é
direta para a seção onde a mesma está instalada. Entretanto, se não há ondas de cheia
propagando pelo canal, a vazão que passa pela calha é a mesma que passa por qualquer outra
seção do rio. Pode-se então determinar a curva-chave para outras seções de interesse medindo o
nível da água em tais seções e relacionando-os com a vazão medida pela calha ou vertedor.
O método (calha ou vertedor) se aplica a escoamentos sob regime fluvial. O princípio
consiste em forçar a mudança deste comportamento para o regime torrencial, medindo-se a
profundidade crítica.
No caso da calha, tal mudança é condicionada por um estreitamento da seção. Portanto,
com o conhecimento do nível da água na região da profundidade crítica determina-se a vazão do
canal, uma vez que a forma da seção da calha e a cota de fundo são conhecidas. Se a saída de
jusante se dá de forma livre (sem afogamento), a vazão pode ser assim determinada:
8.2.1.3 Vertedores
a) Vertedores triangulares
b) Vertedores retangulares
3
Q = 1,84 LH 2
Valida para vertedores sem contração lateral.
3
Q = 1,84( L − 0,2 H ) H 2 Valida para vertedores com duas contrações laterais.
3
Q = 1,84( L − 0,1H ) H 2
Valida para vertedores com uma contração lateral.
onde:
• Q: vazão do rio em m/s;
• L: largura da base do vertedor em m;
• H: carga do vertedor, isto é, o nível d’água que passa sobre o vertedor em m;
A aplicação dos tipos de vertedor depende da vazão que se mede. O vertedor triangular é
mais preciso, com erro relativo à vazão da ordem de 1%, sendo entretanto menos sensível ao
vertedor triangular, que apresenta erros relativos à vazão de 1 a 2%. Para vazões baixas o
acréscimo de precisão atenua-se e o decréscimo de sensibilidade acentua-se, sendo portanto
aconselhável o uso do vertedor triangular para vazões abaixo de 0,030 m3/s.
Um inconveniente dos vetedores é a necessidade de sua construção, com custo apreciável.
Além disso, o assoreamento e o remanso (elevação do nível) provocado a montante constituem
outras desvantagens dos vetedores.
Nos últimos anos as medições de velocidade de água com molinetes tem sido substituídas
por medições de velocidade por efeito Doppler em ondas acústicas. Estes medidores funcionam
emitindo pulsos acústicos (ultrasom) em uma freqüência conhecida, e recebendo de volta o eco
do ultrasom, refletido nas partículas imersas na água A diferença das freqüências dos sons
emitidos e refletidos é proporcional à velocidade relativa entre o barco e as partículas imersas na
água. A suposição básica desse método é que as partículas dissolvidas na água se deslocam com
a mesma velocidade do fluxo. Um sistema como o apresentado na Figura 8.5, com um emissor
de ultrasom e três receptores, dispostos da maneira apresentada na figura, permite estimar a
velocidade da água num volume de controle segundo três eixos, perpendiculares aos sensores. A
partir destas componentes da velocidade no sistema de eixos do instrumento são calculadas as
componentes transversal, longitudinal e vertical de velocidade na seção do rio. O medidor de
velocidade pode ser utilizado com uma haste, como o ilutrado na Figura 8.5, quando se deseja
conhecer a velocidade de um ponto específico, ou quando o curso d’água é pequeno.
Figura 8.6 - Resultado de medição de vazão com perfilador acústico Doppler no rio Solimões em
Manacapuru (AM).
Figura 8.7 – Molinete preso a haste, preso a cabo com lastro (embaixo) e lastro (peixes)
As velocidades limites que podem ser medidas com molinete são de cerca de 2,5 m/s com
haste e de 5 m/s com lastro. Acima destes valores os riscos para o operador e o equipamento
passam a ser altos. Em boas condições, a precisão relativa para uma razão assim medida é de
cerca de 5%.
Este método é aplicado a medições com nível d’água não superior a 1,20 m e velocidade
compatível com a segurança do operador. Consiste em prender o molinete numa haste, sempre
tomando o cuidado de mantê-lo a uma distância mínima do leito (Aproximadamente 20 cm)
Apesar de apresentar certa facilidade para uma medição de vazão com molinete, a seção de
uma ponte pode interferir na velocidade do escoamento. Se a ponte possui pilares apoiados no
leito do rio, o escoamento é alterado e pode provocar erosão no leito.
A determinação da geometria da seção é mais complicada. Uma alternativa seria afastar ao
máximo o molinete da ponte através de suportes, fazendo-se assim as medições numa seção
menos influenciada.
No caso de não se dispor de pontes e o rio ser profundo, mas não muito largo, pode-se utilizar
o recurso do teleférico para levantar o perfil de velocidades. Há casos também em que há
material transportado pelo rio (toras), sendo aplicado este método para a segurança do operador.
Num rio como o do item anterior (desde que não haja material de grande porte
transportado) pode-se também utilizar o recurso do barco fixo. O barco é preso nas margens do
rio através de cabos, sendo este o método mais comum de medição com molinete.
Se o rio for de largura suficiente para inviabilizar o uso de cabos, pode-se ainda fazer a
medição com o barco em movimento. O barco se desloca com uma velocidade constante de uma
margem a outra, com o molinete fixado num leme especial a uma profundidade constante. A
decomposição da velocidade do barco e das velocidades indicadas pelo molinete possibilita
estabelecer a velocidade média da água na profundidade escolhida. A medição se repete a várias
profundidades.
Figura 8.12 – Perfil de velocidades fornecido pelo método ultrassônico ou por molinete
A descarga líquida ou vazão de um rio é definida como sendo o volume de água que
atravessa uma determinada seção num certo intervalo de tempo. Ou ainda, pode ser expressa
como:
Q = V .A
onde:
• Q: vazão em m3/s;
• V: velocidade do escoamento em m/s;
• A: área da seção em m2.
Como a seção do rio é irregular e as medições de velocidades são feitas em alguns pontos
representativos, a vazão total é calculada como sendo a soma de parcelas de vazão de faixas
verticais. Para se calcular a vazão de tais parcelas utiliza-se a velocidade média no perfil e sua
área de influência.
• Dois pontos;
• Um ponto;
• Integração;
c) Quando a profundidade é pequena (h<1,0 m), o método anterior não se aplica, pois a
medição a 0,8 da profundidade fica muito próxima ao leito, havendo contato do contrapeso com
o fundo do rio. Nestes casos utiliza-se o processo do ponto único, onde se aproxima a velocidade
média pela medida a 0,6 da profundidade (contada a partir da superfície).
Nos cursos d’água naturais, além da rugosidade outros fatores podem influir na
distribuição da velocidade, como mostra a figura abaixo.
a b c d e f g
a) grandes velocidades, com escoamento muito turbulento;
b) fracas velocidades, com fundo liso;
c) fundo rugoso (rocha);
Obs. De uma maneira geral, pode-se indicar que as velocidades da água em uma seção
transversal de um canal (escoamento gradualmente variado) decrescem da superfície para o
fundo e do eixo para as margens. A distribuição das velocidades ao longo de uma seção costuma
ser representada pelo traçado das curvas isotáqueas (curvas de igual velocidade).
Tabela 8.1 – Cuidados no espaçamento das medições para uma boa representatividade do perfil.
Largura do rio (m) Espaçamento máximo
entre verticais (m)
3 0,3
3a6 0,5
6 a 15 1,00
15 a 30 2,00
30 a 50 3,00
50 a 80 4,00
80 a 150 6,00
150 a 250 8,00
250 a 400 12,00
+ de 400 até 30
(Fonte: Anuário Fluviométrico n. 2 Ministério da Agricultura - DNPM – 1941)
Como já foi citada, a área de influência multiplicada pela velocidade média do escoamento
na mesma resulta a vazão neste elemento.
Exercício
Com a folha de medição de descargas fornecida, calcular a vazão do rio sabendo-se que
cada contagem de rotações do molinete foi feita em 50 segundos. A curva de calibração do
aparelho segue abaixo:
Uma pequena área (em verde) próxima a cada margem foi desconsiderada, como mostra a
figura 8.15.
O nível d’água deve ser medido concomitantemente com a medição vazão na operação de
determinação da curva-chave, a fim de se obter os pares de pontos cota-descarga a serem
interpolados. Uma vez determinada a curva-chave precisamos monitorar apenas o nível d’água
para obtermos a vazão do rio.
A maneira mais simples para medir o nível de um curso d’água é colocar uma régua vertical
na água e observar sua marcação. As réguas são geralmente constituídas de elementos verticais
de 1 metro graduados em centímetro. São placas de metal inoxidável ou de madeira colocadas de
maneira que o elemento inferior fique na água mesmo em caso de estiagem excepcional.
O observador faz leitura de cotas com uma freqüência definida pelo órgão operador da
estação, pelo menos uma vez por dia. Em geral a precisão destas observações é da ordem de
centímetros.
8.3.2 Linígrafo
Este equipamento grava as variações de nível continuamente no tempo. Isto permite registrar
eventos significativos de curta duração ocorrendo essencialmente em pequenas bacias.
• Em suporte de papel, que podem ser: fita colocada em volta de um tambor com rotação
de uma hora a 1 mês;
Figura 8.19 – Dados armazenados magneticamente sendo transferidos para serem analisados
• O dado pode ser transmitido em tempo real para uma central de operação.
8.4 CURVA-CHAVE
A curva-chave relaciona o nível de um rio com sua vazão. Para obtê-la, fazemos medições de
vazão pelos métodos apresentados anteriormente para diversos níveis e obtemos pares cota-
descarga. A relação é obtida a partir da interpolação destes pontos e, como esta operação não
contempla todos os níveis possíveis, utiliza-se ainda a extrapolação.
A relação biunívoca cota-vazão de um rio se mantém ao longo do tempo desde que as
características geométricas do mesmo sofram variação.
A escolha de uma seção para controle, esta deve seguir alguns princípios:
Figura 8.25 – Curva-chave representada sobre eixo de cotas do perfil geométrico da seção
Q = a ( h ± h0 ) b
onde:
• a, b são parâmetros de ajuste;
• h0 é a cota quando a vazão é zero;
• h é a cota;
• Q é a vazão;
Em geral as medições não contemplam valores extremos de vazões. Assim, para se estimar
vazões mais altas ou mais baixas recorremos à extrapolação. No entanto, deve-se tomar cuidado
com a forma da seção em função da altura, como mostra a figura 8.27. As curvas que relacionam
raio hidráulico e área com o nível d’água podem sofrer variações bruscas no comportamento,
gerando grandes erros na estimativa.
Como exemplo de curva-chave, na figura 8.27, é apresentado a de Blumenau (Cordero,
2012).
CURVA-CHAVE DE BLUMENAU
Nível (m)
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
Valores medidos 1984 - 2002
5 Valores estimados 1975 -1988
4
3 Valores estimados 1989-2002
2
1
Válida até 1988
0 Válida a partir de 1989
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500
Vazão (m3/s)
onde:
Q: é a vazão, em m3/s
H: é o do nível do rio, em m.
Fórmula de Manning
1
Q= . A. RH2 / 3 . I 1/ 2
n
onde:
Q: é a vazão, em m3/s,
n: é a rugosidade de manning,
A: é a área da seção, m2
RH: é o raio hidráulico, m
I: é a declividade do fundo do rio, m/m
Exemplo de cálculo do RH
Am 3* 2
h =2,0 RH = = = 0,857m
m Pm 2 + 2 + 3
B = 3,0 m
CAPITULO IX
9.1 INTRODUÇÃO
A integração dos homens com os rios é tão antiga quanto a existência do próprio homem.
Enchentes e secas tem ocorrido como eventos históricos significativos para a população por
milhares de anos. Quando a precipitação é intensa a quantidade de água que chega
simultaneamente ao rio pode ser superior à sua capacidade de drenagem, ou seja a da sua calha
normal, resultando na inundação das áreas ribeirinhas. Os problemas resultantes da inundação
dependem do grau de ocupação da várzea pela população e da freqüência com a qual ocorrem as
inundações. A ocupação da várzea pode ser para habitação, recreação, uso agrícola, comercial ou
industrial. Os problemas das enchentes e das erosões são de ordem mundial.
Para poder limitar os danos causados pelas enchentes e as erosões é necessário realizar um
plano para o seu controle e após executá-lo. Seria ingenuidade do homem imaginar que poderia
eliminar completamente as mesmas de uma bacia hidrográfica, assim tais medidas sempre visam
minimizar as suas conseqüências. A forma moderna atual de buscar a minimização das cheias e
das erosões é aquela que leva em consideração um conjunto de medidas, tanto para as cheias
como para as erosões, pois as mesmas na maioria das vezes estão interrelacionadas.
Um critério de classificação das medidas de controle das cheias é aquele que se subdivide
em duas categorias: as soluções estruturais e as não-estruturais. As primeiras medidas
influenciam na estrutura da bacia, seja na sua extensão (medidas extensivas), mediante
intervenções diretas na sua sistematização hidráulico-florestal e hidráulico-agrário, seja
localmente (medidas intensivas) mediante obras com objetivo de controlar as águas, como por
exemplo; reservatórios, caixas de expansões, diques, polders, melhoramento do álveo,
retificações, canais de desvio, canais paralelos e canais extravasores. Por outro lado, as medidas
não-estruturais consistem na busca da melhor convivência do homem com o fenômeno das
enchentes.
As medidas estruturais de controle de cheias do tipo intensiva são aquelas que agem no rio
e objetivam diversas formas de controle dependendo do tipo da obra. A seguir descrevemos
diversas medidas deste tipo de intervenção.
Estruturais Não-Estruturais
Diques
Seguros contra
enchentes
Polders
Mapas de inundação
Melhoramentos do
álveo
Retificações
Canais de devios
Canais paralelos
Canais extravasores
b) Caixa de expansão: uma caixa de expansão é corretamente indicada para aquela área
alagável destinada a exercitar um efeito de decapitação da onda de cheia que se propaga ao longo
de um curso d’água. A função de uma caixa de expansão é similar a de um reservatório de
laminação de cheia. As caixas de expansões geralmente são executadas no pé da montanha ou na
zona de planície, em série, em paralelo ou de modo misto a respeito ao curso d’água. Muitas
planícies funcionam como caixas de expansão naturais, pois no momento das enchentes elas são
inundadas, armazenando grande volume d’água, que retorna ao rio principal quando as águas
começam a baixar. Exemplo deste tipo de planície é a que fica localizada no município de
Ilhota.
Figura 9.3 - Efeito da caixa de expansão
Pico do hidrograma natural
Caixa de expansão
Q Hidrograma amortecido ou
(m3/ Redução laminado
do pico
V
Te
c) Diques: são barramentos ou muros laterais de terra ou de concreto, inclinados ou retos,
construídos ao longo das margens do rio, de altura tal que contenham as vazões no canal
principal a um valor limite estabelecido em projeto. Este tipo de obra assegura o controle
completo das cheias que tenham o seu pico inferior ao limite estabelecido, mas nenhuma
proteção para as vazões que ultrapassam tal limite, que passarão sobre tais muros. Este tipo de
obra é uma das mais antigas medidas estruturais de controle de cheias. Como exemplo podemos
citar os diques que foram construídos no rio do Pó, na Itália. Tais obras foram iniciadas pelos
Finícios, continuadas pelos Romanos e finalizadas pelos Italianos. Segundo Tucci (1993),
citando (Hoyt e Langbein, 1955), tais obras era um exemplo de projeto de recursos hídricos bem-
sucedido, mas a enchente de 1951 destruiu parte destes diques causando 100 mortes e perda de
30.000 cabeças de gado, além de perdas agrícolas.
Diques
Áreas protegidas
c) Polders: os polders são utilizados para proteger áreas restritas. A distinção entre diques
e polderes é que estes últimos utilizam uma estação de bombeamento para retirar as águas que
chegam na área protegida durante uma enchente. Neste tipo de obra geralmente há necessidade
de construir uma galeria com comportas reguláveis para evitar a entrada da água do rio principal
na área protegida e propiciar a saída da água do ribeirão quando a situação é normal. Como
exemplo deste tipo de obra podemos citar os 4 polders localizados no município de Blumenau: o
da rua Santa Efigênia, o da rua 25 de Julho, o da rua Antônio Treiss, o do ribeirão Fortaleza e o
do ribeirão do Tigre.
Figura 9.5 - Polder
Ribeirão
Área Bombeamento
protegida
Comportas
Rio
principal Seção AA’
alargado, sendo que o volume do material depositado não é maior porque o mesmo é retirado
para a construção civil.
Figura 9.6 - Melhoramentos do álveo
Cota da margem do rio
Margens ampliadas
Linha d’água de cheia
Margens do rio
Rio
Alteração da linha d’água
com margens ampliadas
Linha d’água
original
Linha d’água alterada
após o
aprofundamento
Fundo do rio
DATU
Aprofundamento
da seção
b – Aprofundamento do canal
Meandro
Retificaç
g) Canais de desvios: um canal de desvio serve para desviar parte da vazão da cheia do
curso d’água principal, diminuindo assim a vazão do rio na zona que se deseja proteger. Neste
tipo particular de obra em geral a água desviada não retorna mais ao canal principal, mas sim
para um lago, um outro curso d’água ou diretamente ao mar. O inconveniente deste tipo de obras
está no fato que, subdividindo a vazão entre mais de um ramo, a velocidade d’água diminui, e
portanto, se reduz também a força de transporte dos materiais. Como conseqüência, haverá uma
elevação do leito do rio, que pode provocar o desaparecimento de todas as vantagens obtidas com
a construção da obra. Por isto, estas obras devem ser projetadas com muita prudência. Como
exemplo de um canal de desvio executado citamos o do rio Arno, na Itália.
Canal de desvio
OCEAN
Rio principal
h) Canais paralelos: um canal paralelo é utilizado quando, por diversas razões, não se
pode incrementar a capacidade do canal principal. Neste tipo de obra a vazão é repartida em dois
ou mais ramos, por um certo trecho, após o desvio a água retorna a escoar por um único canal.
Assim, o nível da cheia do canal principal no trecho interessado diminui. Os inconvenientes
deste tipo de obra são os mesmos descritos para o canal de desvio. Obra deste tipo pode ser
vista no rio Danúbio em Viena.
Figura 9.9 – Canal paralelo
Canal
Rio
As medidas estruturais, geralmente, não são projetadas para fornecer uma proteção
completa. Isto requer uma proteção contra a maior enchente possível. Esta, além da dificuldade
em prevê-la, tem sua proteção física e economicamente muitas vezes inviável. Além disto, as
medidas estruturas podem criar uma falsa sensação de segurança, permitindo o aumento da
ocupação das áreas inundáveis, que no futuro podem gerar danos significativos. As medidas não-
estruturais, juntas com as estruturais ou sozinhas, podem minimizar significativamente os danos
com um menor custo. As medidas não-estruturais consistem basicamente nos sistema de alertas,
nos sistemas resposta, nos mapas de alagamento, nos seguros conta danos produzidos pelas
enchentes e na educação da população. Estas medidas são descritas a seguir.
a) Sistemas de alerta: um sistema de alerta serve para informar e alertar as pessoas que
habitam em zonas sujeitas a inundações sobre os riscos e a eminência de uma enchente. Os
alertas são baseados nas previsões dos eventos de cheia, que são simulados por meio de modelos
matemáticos hidrológicos em tempo real. Tais modelos consistem em prever a evolução do
fenômeno de cheia, nível do rio, com uma certa antecipação. Os alertas, por sua vez, servem para
acionar os dispositivos de controle das cheias pré-dispostos no sistema resposta. Um exemplo de
sistema de alerta podemos citar o da bacia do rio Itajaí, o qual é composto de uma rede de coleta
de dados e uma central. Os dados são coletados e transmitidos em tempo real pelos tele-
observadores e pelas estações telemétricas para a central que fica localizada na Universidade
Regional de Blumenau (CEOPS), onde em épocas de cheias são realizadas as previsões e
repassadas para as Defesas Civil de cada município que tem problemas de enchentes.
inundáveis, elevação de diques com sacos de areia, abertura e fechamento das comportas dos
reservatórios ou polders construídos para o controle de enchente, etc. Um exemplo deste sistema
podemos citar o plano de enchente da cidade de Blumenau, estruturado pela Defesa Civil da
Prefeitura Municipal de Blumenau.
c) Educação: o sucesso de um plano de controle das cheias baseado nas medidas não-
estruturais depende muito do conhecimento do risco das enchentes por parte das pessoas que
habitam as áreas inundáveis. Por isto, um trabalho de conscientização para a população dos
riscos que elas estão sujeitas com as enchentes é fundamental e deve ser incrementado
imediatamente após a ocorrência de cada evento de cheia. Também no município de Blumenau
tem-se realizado várias campanhas educativas sobre a problemática das cheias. Nestas
campanhas tem participado a Universidade Regional de Blumenau, a Prefeitura Municipal,
diversos colégios, a imprensa de modo geral, além de outros segmentos da sociedade.
d) Seguros contra enchentes: os seguros contra enchentes são apólices de seguro, estipuladas
por companhias especializadas, para aquelas habitações, indústrias ou casas comerciais
localizadas nas zonas sujeitas a serem inundadas com as enchentes. Ainda não há no Brasil uma
empresa que realiza seguro contra perdas totais causadas pelas enchentes.
R 3
3 2
2 I
1 1
O
9.3 EROSÕES
Figura 9.11 - Erosão de partículas de solo provocada pelo impacto de gotas de chuva
Trajetória da
Trajetória das gota d’água
partículas de solo
desagregadas
Terreno
As partículas soltas podem ser deslocadas de sua posição, e ser transportada pelas enxurradas
para os cursos d'água. Uma quantidade de partículas minerais transportadas ou depositadas pela
ação do escoamento das águas define o sedimento fluvial. O deslocamento e transporte do
sedimento dependem da forma, tamanho, peso da partícula e das forças exercidas pela ação do
escoamento. Se essas forças se reduzem até a condição de não poderem continuar a deslocar a
partícula, ocorre o processo de deposição. Esses depósitos podem ser de pequeno, médio, ou de
grande volume; transitórios ou permanentes (como o assoreamento). Um depósito sedimentar
permanente sofre o peso da água e do seu próprio peso, compactando-se.
CAPITULO X
A variabilidade temporal das vazões fluviais tem como resultado visível a ocorrência de
excessos hídricos nos períodos úmidos e carência nos períodos secos. Nada mais natural que seja
preconizada a formação de reservas durante o período úmido para serem utilizadas na
complementação das demandas na estação seca.
A dimensão ótima para um reservatório deverá ser considerada em função de um
compromisso entre o custo de investimento na sua implantação e o custo da escassez de água
durante os períodos secos. O primeiro o custo é diretamente proporcional e o segundo é
inversamente proporcional à dimensão do reservatório. Quanto menor for a capacidade útil de
acumulação de água, ou seja, aquela que pode ser efetivamente utilizada, mais provável é a
ocorrência de racionamento. Portanto, apenas na situação extrema aversão ao racionamento seria
ótima a decisão de construir-se um reservatório que sempre pudesse acumular água para atender
a demanda.
Como a ocorrência das vazões é aleatória, ou seja, não há possibilidade de previsão de
ocorrência a longo prazo, não é também possível prever-se com precisão o tamanho da reserva de
água necessária para o suprimento das demandas de períodos de seca no futuro. Isto leva o
planejador de recursos hídricos a duas situações ineficientes: superdimensionar as reservas às
custas de investimento demasiados no reservatório de acumulação, ou subdimensionar as
reservas às custas de racionamento durante o período seco. Entre estas duas situações estaria
aquela ótima.
onde:
S(t): armazenamento no início do intervalo de tempo t;
I(t): deflúvio afluente durante o intervalo t;
D : descarga operada visando ao suprimento da demanda;
E(t): evaporação do reservatório durante o intervalo de tempo t;
P(t): chuva sobre o reservatório durante o intervalo de tempo t.
na qual E’(t) seria a evaporação descontada pela chuva. A divisão por 1.000 serve para
compatibilizar unidades, resultando em valores de E’(t) em Hm3.
I Nível máximo E P
Volume Útil
b) h
Nível mínimo operacional
Q=D
Exercício
Determinar o volume útil do reservatório de modo que ele seja capaz de assegurar uma
retirada mensal de deflúvio (demanda - D) igual a média mensal do período de 60 meses. Fazer a
verificação deste volume assumindo que o reservatório esteja cheio no quinto mês da simulação
(sem considerar falhas no sistema, ou seja, valores de volumes negativos). Desconsiderar a
precipitação e a evaporação. O volume útil vai ser a soma do maior valor positivo com o menor
valor negativo (este em módulo).
30 0
31 0
32 0
33 0
34 0
35 0
36 0,9
37 1,4
38 1,2
39 4,2
40 4,8
41 2,7
42 0,5
43 0
44 0
45 0
46 0
47 0
48 0,6
49 3,9
50 34,1
51 750,6
52 128,4
53 83,1
54 40,2
55 0,2
56 0
57 0
58 0
59 0
60 0,1
BIBLIOGRAFIA
BACK, Álvaro José. Chuvas intensas e chuvas de projeto de drenagem supeficial no
Estado de Santa Catarina. Boletim Técnico nro. 123, EPAGRI, 2002, 65 p.
GARCEZ, Lucas Nogueira; COSTA ALVAREZ, Guillermo. Hidrologia. 2.ed. São Paulo: E.
Blücher, [1988]. 291p.
NERILO, N.; MEDEIROS, P. A.; CORDERO, A. Chuvas intensas no estado de Santa
Catarina. Edifurb/Editora da UFSC, 156 p., 2002.
PFAFSTETTER, O. Chuvas intensas no Brasil. Departamento Nacional de Obras de
Saneamento, Ministério de Viação e Obras Públicas, Rio de Janeiro, 1957.
PINTO, Nelson L. de Sousa. et al.Hidrologia basica. São Paulo: E. Blücher, 1976. 278p.
PINTO, Nelson Luiz de Sousa; HOLTZ, Antonio Carlos Tatit; MARTINS, Jose Augusto, et
al. Hidrologia de superfície. São Paulo : E. Blücher, c1973. 179p.
TUCCI, Carlos E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. Rio de Janeiro: ABRH, 1993. 943p.
VILLELA, Swami Marcondes; MATTOS, Arthur. Hidrologia aplicada. São Paulo:
McGraw-Hill, c1975. 245p.
TRABALHO EM GRUPO
Obs. O trabalho deve ser feito em grupos de no máximo 4 alunos, deve ser apresentado dentro
da metodologia cientifica. Tem que aparecer um item de comentário dos resultados.