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Projeto Construtivo de Poço tubular Profundo

NBR 12.212 / Instrução Técnica DPO n° 10

REQUERENTE: Júlio César de Assis.


LOCAL: Sitio Bom Jesus, Rod. José Vicente Lomônico.
MUNICÍPIO: Socorro- SP.
RELATOR: Alberto Henrique de Azevedo e Souza.
Engenheiro de Minas.
CREA :5070106951 -SP.
1. INTRODUÇÃO

O presente relatório tem por finalidade apresentar técnicas e características geo


estruturais que garantam a viabilidade da perfuração de poço tubular profundo, com
instalação do conjunto de bombeamento e adução.
A implantação do projeto visa atender a demanda de consumo de água da
propriedade, de forma segura e com respeito ao meio ambiente.

2. IDENTIFICAÇÃO DO RESPONSÁVEL

Nome: Alberto Henrique de Azevedo e Souza


Profissão: Engenheiro de Minas
CPF: 403.491.298-78
Registro no conselho de classe: 5070106951 - SP
Endereço: Rua José Maria de Azevedo e Souza,107, centro, Socorro-SP
Contato: (19)99697-9791 / eng.alberto_has@hotmail.com

3. LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A propriedade, Sitio Bom Jesus, está localizada no km 6,4 da Rodovia José


Vicente Lomônico, bairro das Lavras do Meio em Socorro, no estado de São Paulo. O
Acesso a propriedade pode ser feito partindo do portal da cidade de socorro e seguindo a
BR-146 por aproximadamente 5,7 km até o a rotatória de acesso para a rodovia José
vicente Lomônico acessando a segunda saída.
Apos o acesso a Rodovia José Vicente Lomõnico siga nesta direção por
aproximadamente 6,0 km onde poderá ser observado um acesso à esquerda, pegue esse
acesso após percorrer 210 metros vire a esquerda novamente e percorra mais 550 m
chegando a propriedade Sitio Bom Jesus, que se encontra a esquerda da rodovia.
As coordenadas da propriedade são Latitude 22º33’2.58“S, Longitude
46º29’24.76”O .

Figura 1: Imagem do acesso ao local do Poço Figura 2: Detalhamento do acesso a


( FONTE: Google Maps) propriedade(FONTE: Google Maps)

4. GEOLOGIA LOCAL

A geologia regional de acordo com a companhia de pesquisa e Recursos Minerais


(CPRM) faz parte do Complexo Granítico Socorro Suíte Bragança Paulista. O Complexo
Granítico Socorro apresenta natureza plurisserial e compreende as suítes ígneas
Bragança Paulista, Salmão, Piracaia e Nazaré Paulista(Wernick, 1993).

O magmatismo destas suítes apresentam duração de aproximadamente 150Ma e


são o resultado dos processos magnetogênicos que atuaram em um mesmo protólito
mantélico gradualmente desidratado.
A suíte Bragança paulista, abrange um complexo granitóide constituído por
sienogranitos e monzogranitos porfiroides, granodioritos, quartzo monzonito e quartzo
monzodiorito. Essas Rochas pertencem à série cálcio-alcalina com teores de potássio
médio a altos (Wernick, 1993).

Figura 3: Geologia regional com destaque para o local onde será realizado o trabalho
de perfuração do poço tubular.(Fonte: CPRM)

5.HIDROLOGIA

A região em discussão está localizada na Unidade de Gerenciamento de Recursos


Hídrico-Mogi Guaçu (UGRHI-9) situada na região nordeste do Estado de São Paulo e
sudoeste de Minas Gerais. O rio Mogi Guaçu possui em sua bacia hidrográfica possui
área de drenagem em média de 17.450 km2, considerando o Estado de Minas gerais e
São Paulo. (CBH Mogi, 2019)
A URGHI-9 é composta por rochas de diversas idades. A região oeste é composta
por arenitos das Formações Bauru, Serra Geral e Botucatu, contendo relevo ondulado e
forte ondulado. A área central possui rochas areníticas de diversas formações, como
Pirambóia, Botucatu e Passa Dois, e rochas da Formação Serra Geral, todas contendo
relevos ondulado a suave ondulado. A área leste contém rochas cristalinas com relevo
montanhoso, como Formações Aquidauana, Varginha Guaxupé e Itararé. (Secretaria de
Saneamento e Recursos Hídricos, 2015). Em torno da área de estudo, Sub-bacia Peixe, é
predominantes rochas do período Ediacariano e Criogeniano.

Figura 4: Geologia UGRHI-9. (Fonte: Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo –


CPRM)

Segundo CBH Mogi, 2019, a disponibilidade hídrica subterrânea explotável é de


cerca de 24m²/s, e as principais atividades da bacia hidrográfica estão relacionadas ao
setor primário, agricultura e pecuária.

6. INSTRUÇÕES TÉCNICAS

6.1 Normas gerais


A empreiteira contratada deverá executar a obra de acordo com a norma de
construção de poços tubulares para captação de água subterrânea – ABNT – NBR 12244.
Caberá à contratante, a construção e manutenção de todos os caminhos de serviço
que se fizerem necessários para ter acesso aos locais de trabalho dos equipamentos, e
também instalação de rede de energia elétrica, para execução dos serviços, dos
equipamentos de perfuração, acessórios e do canteiro de obras.
A contratada deverá contar com o pessoal e equipamento de construção adequado
aos serviços a serem realizados de acordo com os projetos e especificações, dentro do
prazo indicado.

6.2 Profundidade do Poço


A profundidade do poço tubular está prevista para 60 metros, podendo variar,
dependendo das condições hidrogeológicas do local, a ser verificada durante a
construção do poço pelo geólogo responsável da obra e pelo sondador.

6.3 Método de perfuração


O poço deverá ser perfurado em toda até 30 m ou em solo / sedimento por método
percurssivo e quando em rocha por método rotopercursivo, com circulação direta do fluido
de perfuração, utilizando-se brocas tricones com dentes de aço.
A perfuração poderá ser inicialmente executada através de um furo piloto com
posterior alargamento para o diâmetro do projeto. A limpeza dos tanques e canaletas
deverão ser constantes para evitar, o retorno do material perfurado para dentro do furo,
através da bomba de lama, a fim de não mascarar as amostras de calha.

6.4 Coleta de Amostras


As amostras dos materiais perfurados deverão ser coletadas sempre que ocorrer
qualquer mudança litológica, de coloração dos materiais ou na velocidade de avanço da
perfuração.
As amostras coletadas serão acondicionadas em sacos plásticos, etiquetados com
as seguintes informações: número do poço, local, data, município, localidade e número de
ordem e intervalo amostrado. Deverá ser mantida no canteiro de obra embalado, e
organizado em ordem crescente de profundidade, a disposição do geólogo para
elaboração do perfil.

6.5 Revestimento
O material de revestimento (tubos e filtros) deverá ser em aço galvanizado e
deverão ser cumpridas as recomendações a seguir:
− Tubo com ou sem costura, ponta rosqueável ou biselada, espessura da parede entre 4
e 6 mm: para poço com profundidade até 150 m.
− Filtro standard, galvanizado ou inoxidável: para poço com profundidade até 150 m.
− Tubo com ou sem costura, ponta rosqueável ou biselada, espessura da parede entre 6
e 8 mm: para poço com profundidade acima de 150 m.
− Filtro reforçado, galvanizado ou inoxidável : para poço com profundidade acima de 150
m.
Ao longo do revestimento deverão ser acoplados guias centralizadores espaçados
de 8 em 8 m, com diâmetro externo inferior em 2” do diâmetro de perfuração. A instalação
deverá obedecer a cuidados especiais, de modo a evitar deformações ou rupturas do
revestimento, que possa comprometer ou dificultar a instalação do conjunto motobomba
submersível. Obturar a extremidade inferior do revestimento com peça apropriada.

6.6 Pré Filtro


A colocação do pré-filtro deverá ser feita paulatinamente, de modo a formar um
anel cilíndrico contínuo entre a parede do furo e o revestimento. O pré-filtro será instalado
por gravidade, com o fluído preparado adequadamente e circulando em velocidade baixa,
até que o pré-filtro atinja a rocha sã ou o início do maciço fraturado. O adicionamento de
pré-filtro deverá ser assegurado durante o desenvolvimento do poço.

6.7 Vedação do Aquífero


O processo de cimentação de qualquer espaço anelar deverá ser feito numa única
operação contínua. O material utilizado na cimentação em situações normais deverá ser
constituído de calda de cimento. Nenhum serviço poderá ser efetuado no poço durante as
48 h que se seguirem à cimentação.

6.8 Laje de Proteção e Boca do Poço


Ao redor da boca do poço será cimentada a laje de proteção, com 1 m² (um metro
quadrado) por 0,15 m (quinze centímetros) de espessura, com caimento do centro para as
bordas, visando evitar acumulo de água.
Os tubos de revestimentos deverão estar a 1,0 m acima da laje de proteção
sanitária podendo ser aumentada a critério da fiscalização.
A altura da boca do poço deverá ser descontada da profundidade do poço. Deverá
ser instalada uma tampa de segurança no poço até a instalação.

6.9 Ensaio de Vazão


Na instalação do equipamento de bombeamento no poço, deverá ser colocada uma
tubulação auxiliar destinada a medir os níveis d’água, com sua extremidade inferior acima
1 m do crivo da bomba. Na medição de vazão devem ser empregados dispositivos que
assegurem uma determinação com relativa facilidade e precisão.
A tubulação de descarga da água deverá ser dotada de válvula de regulagem
sensível e de fácil manejo, permitindo controlar e manter constante a vazão em diversos
regimes de bombeamento. Antes de dar início ao bombeamento, o operador deverá
certificar-se da posição do nível da água original, efetuando, pelo menos, três medidas de
nível, a cada meia hora.

As medidas de nível d’água no poço, durante o bombeamento, deverão ser


efetuadas na seguinte frequência de tempo, a partir do início do teste.
INTERVALO DE TEMPO (MIN) FREQUÊNCIA DE MEDIÇÃO(MIN)
0-10 1 min
10-20 2 min
20-60 5 min
60-100 10 min
100-180 20 min
180-300 30 min
300 em diante 100 min

O teste de vazão deverá ser iniciado com bombeamento à vazão máxima definida,
num período mínimo de vinte e quatro horas. Uma vez terminado o teste à vazão máxima,
deve-se proceder ao teste de produção.
O teste de produção deverá ser efetuado em quatro etapas de mesma duração,
com vazões progressivas, em regime contínuo de bombeamento, mantendo-se a vazão
constante em cada etapa. A passagem de uma etapa para outra deverá ser feita de forma
instantânea, sem interrupção do bombeamento.
O plano de teste deverá prever um escalonamento de vazões de aproximadamente
40%, 60%, 80% e 100% da vazão máxima. As medidas de vazão deverão ser efetuadas
em correspondência com as de nível d’água. Não poderá haver variação de vazão
superior a 10% durante o bombeamento.
O ensaio de vazão permite observar o Nível Estático (NE) do poço antes do início
do teste e ao fim se têm o perfil de rebaixamento, sendo possível obter o Nível Dinâmico
(ND) que é a cota máxima de rebaixamento do poço, respeitando-se o nível de
segurança.

7. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS
7.1 Perfil litológico

Figura 5: PERFIL LITOLÓGICO DO POÇO

7.2 Perfil Esquemático


Figura 6: PERFIL ESQUEMÁTICO DO POÇO

7.3 Profundidade e Vazão


O empreendimento busca a construção de um poço de aproximadamente 60 m
onde será explorado uma vazão de 0,65m³/h por 8 horas diarias, totalizando um volume
de 5,20m³/dia.
Podem haver variações geológicas e operacionais que podem acarretar na
alteração destes valores.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As condições esperadas geologicamente descritas acima foram levantadas por
trabalhos já executados na região, porém o projeto deve seguir o relatório elaborado.
As questões técnicas abordadas no relatório compreendem as determinações da
NBR 12.212 e a Instrução Técnica DPO n° 10, além de conceitos já consolidados de
geologia, geofísica e hidrogeologia.

9.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 12212: Projeto de Poço para
Captação de Água Subterrânea.

DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA: INSTRUÇÃO TÉCNICA DPO Nº


10. 2017.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL – DNPM; Sigmine. Disponível


em: sigmine.dnpm.gov.br/webmap.

SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. Sistema de Informações de Águas Subterrânea.

WERNICK, E., ARTUR, A.C., HÔRMANN, P.K., WEBER-DIEFENBACH, K., 1993.


Associações Plutônicas do Complexo Granitóide Socorro (Estado de São Paulo e
Minas Gerais, SE- Brasil. Revista Brasileira de Geociências, 23(3):265-273

CBH Mogi 2019: RELATÓRIO DE SITUAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS. COMITÊ DA


BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MOGI GUAÇU, Agosto, 2019.

Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, 2015: PRODUTO 5 (P5) – PLANO


REGIONAL INTEGRADO DE SANEAMENTO BÁSICO RELATÓRIO SÍNTESE.
SECRETARIA DE SANEAMENTO E RECURSOS HÍDRICO. Março/2015

. .
Requerente: Julio César de Assis Responsável técnico: Alberto Henrique de Azevedo e Souza
CPF: 095.264.898-96 CPF: 403.491.298-78

CREA: 5070106951 -SP

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