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DECISÃO

HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL.


INDEFERIMENTO DA MEDIDA LIMINAR
NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:
SÚMULA N. 691 DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. HABEAS CORPUS
AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.

Relatório

1. Habeas corpus, com requerimento de medida liminar, impetrado


pela DEFENSORIA PÚBLICA DE SÃO PAULO, em benefício de
SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES, contra decisão do Ministro Felix Fischer,
Presidente do Supremo Tribunal Federal, que, em 30.12.2013, indeferiu a
medida liminar no Habeas Corpus n. 286.069, Relatora a Ministra Marilza
Maynard:
“O Pretório Excelso, em recentes decisões proferidas por sua
Primeira Turma, passou a adotar nova orientação, no sentido de
inadmitir o conhecimento de habeas corpus impetrados como
substitutivos de recursos ordinários. Observe-se o seguinte julgado,
que consolidou esse posicionamento:
‘HABEAS CORPUS – JULGAMENTO POR
TRIBUNAL SUPERIOR – IMPUGNAÇÃO. A teor do
disposto no artigo 102, inciso II, alínea ‘a’, da Constituição
Federal, contra decisão, proferida em processo revelador de
habeas corpus, a implicar a não concessão da ordem, cabível é o
recurso ordinário. Evolução quanto à admissibilidade do
substitutivo do habeas corpus. PROCESSO-CRIME –
DILIGÊNCIAS – INADEQUAÇÃO. Uma vez inexistente base
para o implemento de diligências, cumpre ao Juízo, na condução
do processo, indeferi-las’ (HC 109.956⁄PR, Primeira Turma, Rel.
Min. Marco Aurélio, DJe de 11⁄09⁄12).
Houve, ainda, um avanço nessa orientação. A limitação foi
ampliada com o entendimento de não ser mais possível a utilização do
writ como um substitutivo de recursos do processo penal. Nesse
sentido:
‘HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL.
HISTÓRICO. VULGARIZAÇÃO E DESVIRTUAMENTO.
SEQUESTRO. DOSIMETRIA. AUSÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO DE ILEGALIDADE OU
ARBITRARIEDADE.
1. O habeas corpus tem uma rica história, constituindo
garantia fundamental do cidadão. Ação constitucional que é,
não pode ser amesquinhado, mas também não é passível de
vulgarização, sob pena de restar descaracterizado como remédio
heroico. Contra a denegação de habeas corpus por Tribunal
Superior prevê a Constituição Federal remédio jurídico expresso,
o recurso ordinário. Diante da dicção do art. 102, II, a, da
Constituição da República, a impetração de novo habeas
corpus em caráter substitutivo escamoteia o instituto recursal
próprio, em manifesta burla ao preceito constitucional.
Precedente da Primeira Turma desta Suprema Corte.
(...)
6. Habeas corpus rejeitado’ (HC 104.045⁄RJ, Primeira
Turma, Relª. Minª. Rosa Weber, DJe de 06⁄09⁄12).
Essa posição foi, posteriormente, também adotada por esta e.
Corte, conforme se constata em precedentes emanados tanto da
Quinta quanto da Sexta Turma:
‘HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA.
SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO ORDINÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA
RECURSAL PREVISTO NA CARTA MAGNA. NÃO
CONHECIMENTO.
1. De acordo com o disposto no artigo 105, inciso II, alínea
‘a’, da Constituição Federal, o Superior Tribunal de Justiça é
competente para julgar, mediante recurso ordinário, os habeas
corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais
Regionais Federais e pelos Tribunais dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória.
2. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do HC n. 109.956⁄PR, buscando dar efetividade às
normas previstas no artigo 102, inciso II, alínea ‘a’, da
Constituição Federal, e nos artigos 30 a 32 da Lei n. 8.038⁄90,
passou a não mais admitir o manejo do habeas corpus
originário perante aquela Corte em substituição ao recurso
ordinário cabível, entendimento que deve ser adotado por este
Superior Tribunal de Justiça, a fim de que seja restabelecida a
organicidade da prestação jurisdicional que envolve a tutela do
direito de locomoção.
3. Tratando-se de writ impetrado antes da alteração do
entendimento jurisprudencial, o alegado constrangimento ilegal
será enfrentado para que se analise a possibilidade de eventual
concessão de habeas corpus de ofício.
(...)
Habeas corpus não conhecido’ (HC 245731⁄MS, Quinta
Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 24⁄09⁄12).
‘PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS
CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.
ROUBO CIRCUNSTANCIADO (ART. 157, § 2º, II, CP).
UTILIZAÇÃO DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL COMO
SUCEDÂNEO DE RECURSO. NÃO CONHECIMENTO.
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. APELO
DEFENSIVO. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE 2º GRAU,
CONFIRMATÓRIO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA E
DO REGIME INICIAL FECHADO PARA O
CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.
PEDIDO DE CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS, PARA
FIXAR O REGIME INICIAL SEMIABERTO. PENA-BASE
ESTABELECIDA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. FIXAÇÃO
DO REGIME INICIALMENTE FECHADO, COM
FUNDAMENTO NAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
DESFAVORÁVEIS AO RÉU. POSSIBILIDADE. ARTS. 59,
III, E 33, § 3º, DO CÓDIGO PENAL. INOCORRÊNCIA DE
FLAGRANTE ILEGALIDADE, A ENSEJAR A
CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS, DE OFÍCIO.
ORDEM NÃO CONHECIDA.
I. Dispõe o art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal que
será concedido habeas corpus ‘sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade
de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder’; não cabendo a
sua utilização como substituto de recursos ordinários, tampouco
de recursos extraordinário e especial, nem como sucedâneo da
revisão criminal.
II. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, ao
julgar, recentemente, os HCs 109.956⁄PR (DJe de 11⁄09⁄2012) e
104.045⁄RJ (DJe de 06⁄09⁄2012), considerou inadequado o writ, para
substituir recurso ordinário constitucional, em Habeas corpus
julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, reafirmando que o
remédio constitucional não pode ser utilizado, indistintamente,
sob pena de banalizar o seu precípuo objetivo e desordenar a
lógica recursal.
III. O Superior Tribunal de Justiça também tem reforçado
a necessidade de cumprir as regras do sistema recursal vigente,
sob pena de torná-lo inócuo e desnecessário (art. 105, II, a, e III,
da CF⁄88), considerando o âmbito restrito do habeas corpus,
previsto constitucionalmente, no que diz respeito ao STJ, sempre
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder, nas hipóteses do art. 105, I, c, e II, a, da Carta Magna.
IV. Nada impede, contudo, que, na hipótese de habeas
corpus substitutivo de recursos especial e ordinário ou de
revisão criminal – que não merece conhecimento –, seja
concedido habeas corpus, de ofício, em caso de flagrante
ilegalidade, abuso de poder ou decisão teratológica, o que não é o
caso dos autos.
(...)
IX. Ordem não conhecida’.
(HC 248757⁄SP, Sexta Turma, Relª. Minª. Assusete
Magalhães, DJe de 26⁄09⁄12).
Destaco, ainda, os seguintes julgados: HC 218617⁄SP, Quinta
Turma, Relª. Minª. Laurita Vaz, Dje de 09⁄10⁄12; AgRg no HC 215306⁄SP,
Quinta Turma, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Dje de 04⁄12⁄12; HC
149895⁄PE, Quinta Turma, Rel. Min. Campos Marques, Dje de 21⁄11⁄12;
HC 74023⁄MG, Sexta Turma, Rel. Min. Og Fernandes, Dje de 30⁄11⁄12;
Hc 150148⁄PB, Sexta Turma, Relª. Minª. Maria Thereza de Assis
Moura, Dje de 26⁄11⁄12; Hc 253896⁄PE, Sexta Turma, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, Dje de 28⁄11⁄12.
Diante dessa nova orientação, não são mais cabíveis habeas
corpus utilizados como substitutivos de recursos ordinários e de
outros recursos no processo penal. Essa limitação, todavia, não impede
que seja reconhecida, mesmo em sede de apreciação do pedido liminar,
eventual flagrante ilegalidade passível de ser sanada pelo writ (HC
248757⁄SP, Sexta Turma, Relª. Minª. Assusete Magalhães, DJe de
26⁄09⁄12).
Na hipótese, observo a inadequação da via eleita pelo impetrante.
Isso porque não verifico a existência de flagrante ilegalidade que possa
ser identificada neste juízo meramente perfunctório.
A análise dos autos, nos limites da cognição in limine, não
permite a constatação de indícios suficientes para a configuração do
fumus boni iuris, não restando configurado, de plano, a flagrante
ilegalidade a ensejar o deferimento da medida de urgência, devendo a
quaestio, portanto, ser apreciada pelo em. Ministro Relator, após a
verificação dos dados constantes dos autos.
Ante o exposto, indefiro o pedido liminar.
Solicitem-se, com urgência, informações atualizadas e
pormenorizadas à autoridade tida por coatora.
Após, vista dos autos à d. Subprocuradoria-Geral da República.
Com o fim das férias forenses, encaminhem-se os autos ao em.
Min. Relator”.

2. A Impetrante requer a flexibilização da Súmula n. 691 do Supremo


Tribunal Federal e alega que, “[e]mbora cabível recurso ordinário, o habeas
corpus também é meio idôneo para impugnar a decisão proferida pelo
magistrado de primeiro grau, pois ao não declarar o direito do paciente, o
Tribunal de Justiça de São Paulo impôs evidente limitação a sua liberdade de
locomoção, na medida em que preenchidos os requisitos legais o sentenciado faria
jus ao cumprimento de pena no gozo do ‘benefício’, ou seja, com a pena reduzida,
por se tratar de Comutação de Penas”.

Sustenta:
“o writ, no Tribunal de Justiça de São Paulo, DEVERIA TER
SIDO AO MENOS CONHECIDO. Como não foi SEQUER
CONHECIDO PELO TRIBUNAL ESTADUAL, ERA CASO DE O
EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA TER
DETERMINADO LIMINARMENTE QUE O TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO JULGASSE O MÉRITO
DO REMÉDIO HERÓICO. E não renovado o constrangimento
imposto ao paciente, como o fez no momento em que não concedeu a
liminar, ante a patente ilegalidade, inconstitucionalidade e
VIOLAÇÃO DO PRÓPRIO DECRETO N. 7.648/11, que não
admite causas de interrupção do lapso temporal para a concessão da
comutação”.

Afirma:

“Com relação à questão de mérito que embasou a impetração do


primeiro habeas corpus, não há que se cogitar falta de requisito
objetivo, eis que a prática de falta disciplinar não interrompe o lapso
para a Comutação, por total imprevisão legal. O mesmo raciocínio se
aplica no caso de prática de novo crime no curso da execução, uma vez
que a LEP considera tal ato como falta disciplinar (artigo 52).
Conforme boletim informativo em anexo (Fls.08/14), se não se
considerar a interrupção de lapso para deferimento de comutação, o
sentenciado preenche claramente os requisitos supracitados exigidos
para a concessão do benefício.
A r. decisão faz inferir que os requisitos para a concessão da
comutação não estão preenchidos, considerando que o mesmo não
cumpriu 1/4 da pena, a partir da data sentença condenatória do novo
crime.
Data venia, a contagem da fração de 1/4 deve ser feita a partir
do início da execução. Ademais, não há na legislação penal e no
decreto n. 7.648/11 a previsão de causas de interrupção do lapso
temporal para a concessão do ‘benefício’.
Pelo contrário, consoante o parágrafo único, do artigo 3°, do
decreto em comento: ‘A aplicação de sanção por falta disciplinar de
natureza grave, prevista na Lei de Execução Penal, não interrompe a
contagem do lapso temporal para a obtenção dos benefícios previstos
neste Decreto’”.

Ressalta que o “estabelecimento dos requisitos para a concessão de


comutação compete privativamente ao Presidente da República, não estando o
magistrado autorizado a incluir condições para o reconhecimento do direito.
Desse modo, cumpridos os requisitos estabelecidos no Decreto, o apenado passa a
ter direito subjetivo a comutação, sendo a sentença que reconhece o
preenchimento dos requisitos meramente declaratória do direito existente em 25
de dezembro do ano do Decreto”.

Este o teor dos pedidos:

“Ante todo o exposto, sendo evidente o constrangimento ilegal a


que foi submetido o paciente, requer-se o conhecimento dessa ação e a
concessão da ordem a fim de que se casse o acórdão ora combatido do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, determinando-se o
imediato julgamento do mérito do habeas corpus, além de
determinar a imediata comutação da pena do paciente ante o patente
excesso de prazo a que seu benefício está sujeito”.

3. Em 29.7.2014, o Ministro Ricardo Lewandowski, no exercício


interino da Presidência do Supremo Tribunal Federal, afirmou que o
“caso sob exame não se amolda à hipótese prevista no art. 13, VIII, do Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal”.

Examinada a matéria posta à apreciação, DECIDO.

4. A decisão questionada é monocrática, de natureza precária,


desprovida, portanto, de conteúdo definitivo. Nela, o Ministro Felix
Fischer, Presidente do Superior Tribunal de Justiça, indeferiu a medida
liminar requerida, por concluir ausentes as condições para o acolhimento
do pedido, requisitou informações e determinou o encaminhamento do
processo à Subprocuradoria-Geral da República, para que, instruído o
feito, se desse o regular prosseguimento do habeas corpus até o seu
julgamento, na forma pleiteada.

O que se pediu naquele Superior Tribunal ainda não se exauriu em


seu exame e em sua conclusão. A jurisdição ali pedida está pendente e o
órgão está em movimento para prestá-la.

5. Este Supremo Tribunal tem admitido, em casos excepcionais e em


circunstâncias fora do ordinário, o temperamento na aplicação da Súmula
n. 691 do Supremo Tribunal (“Não compete ao Supremo Tribunal Federal
conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas
corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar”). Essa
excepcionalidade fica demonstrada nos casos em que se patenteie
flagrante ilegalidade ou contrariedade a princípios constitucionais ou
legais na decisão questionada, o que não se tem na espécie vertente.

6. Pelo que se tem nos autos, o juízo da execução afirmou:

“Ao compulsar os autos, de logo diviso que sobreveio nova


condenação ao apenado no curso da execução da pena (ref. a 7ª
execução).
Tendo-se em consideração o sistema universal da execução da
pena, em casos tais, sobrevindo nova condenação ao reeducando no
curso da execução seja por fato anterior ou posterior ao início da pena
que vinha cumprindo, a contagem do prazo para a concessão dos
benefícios deve ser interrompida, devendo, conseguintemente, no que
alude à execução provisória, ser estabelecido novo cálculo, o qual
deverá considerar o somatório das penas a serem cumpridas,
estabelecendo-se como novo marco inicial para a obtenção da
progressão e outros benefícios executórios a data da sentença
condenatória” (grifos nossos).

Essa decisão foi mantida nas instâncias antecedentes e, pelo que se


tem nos autos, harmoniza-se com a jurisprudência deste Supremo
Tribunal:
“PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO
ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ACÓRDÃO
DENEGATÓRIO DE HC PROLATADO POR TRIBUNAL
ESTADUAL. IMPETRAÇÃO DE NOVO WRIT NO STJ EM
SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO CABÍVEL. VEDAÇÃO.
SUPERVENIÊNCIA DO TRÂNSITO EM JULGADO DE NOVA
CONDENAÇÃO DURANTE O CUMPRIMENTO DE PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE. ALTERAÇÃO DA DATA-BASE
PARA A CONCESSÃO DE NOVOS BENEFÍCIOS.
POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL. DATA DO TRÂNSITO EM
JULGADO DA ÚLTIMA CONDENAÇÃO. RECURSO
ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. ‘A superveniência de nova condenação definitiva
no curso da execução criminal sempre altera a data-base para
concessão de benefícios, ainda que o crime tenha sido cometido antes
do início de cumprimento da pena. A data do trânsito em julgado da
nova condenação é o termo inicial de contagem para concessão de
benefícios, que passa a ser calculado a partir do somatório das penas
que restam a ser cumpridas’ (HC 101.023, Primeira Turma, Relator o
Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 26.03.10). 2. In casu, o
paciente cumpria pena de 8 (oito) anos, 6 (seis) meses e 20 (vinte) dias
de reclusão, em regime semiaberto, quando foi condenado
definitivamente pela prática de nova infração penal. O juízo da
execução determinou a unificação das penas, sem alterar, contudo, a
data-base para a concessão de novos benefícios. Entretanto, a Corte
Estadual deu provimento ao agravo em execução interposto pelo
Ministério Público para determinar que o termo inicial da data-base
para a concessão de novos benefícios fosse a data do trânsito em
julgado da nova condenação. 3. O recurso cabível contra acórdão
denegatório de habeas corpus prolatado pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos Tribunais de Justiça dos Estados ou do Distrito
Federal e Territórios, é o recurso ordinário, a ser apreciado pelo
Superior Tribunal de Justiça, nos termos do artigo 105, inciso II,
alínea a, da Constituição Federal. 4. ‘A impetração de novo habeas
corpus em caráter substitutivo escamoteia o instituto recursal
próprio, em manifesta burla ao preceito constitucional’ (HC 116.481-
AgR, Primeira Turma, Relatora a Ministra Rosa Weber, DJe de
1º.08.13). 5. Ademais, ‘não há nenhuma ilegalidade no acórdão do
Superior Tribunal de Justiça que, embora assente que não conhece de
habeas corpus porque impetrado em substituição ao recurso
ordinariamente previsto, examina as questões postas com o fito de
verificar a existência de constrangimento ilegal apto a justificar a
concessão da ordem de ofício’ (HC 116.389, Segunda Turma, Relator
o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 14.05.13). 6. O Superior
Tribunal de Justiça, inobstante não ter conhecido do habeas corpus
lá impetrado, sob o fundamento de que o writ é substitutivo de
recurso ordinário, tendo em vista ter sido manejado contra decisão
denegatória de HC na Corte Estadual – analisou a possibilidade da
concessão da ordem de ofício, tendo concluído que, no caso sub
examine, não há flagrante ilegalidade que justifique a adoção desta
medida. 7. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega
provimento” (RHC 116.528, Relator o Ministro Luiz Fux, DJe
26.2.2014, grifos nossos).

“HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO


DE REGIME. CONDENAÇÃO SUPERVENIENTE. ALTERAÇÃO
DA DATA-BASE PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS.
PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. I - A superveniência de
nova condenação definitiva no curso da execução criminal sempre
altera a data-base para concessão de benefícios, ainda que o crime
tenha sido cometido antes do início de cumprimento da pena. II - A
data do trânsito em julgado da nova condenação é o termo inicial de
contagem para concessão de benefícios, que passa a ser calculado a
partir do somatório das penas que restam a ser cumpridas. III -
Habeas corpus denegado” (HC 101.023, Relator o Ministro
Ricardo Lewandowski, DJe 26.3.2010).

7. Na espécie vertente, as circunstâncias expostas na inicial e os


documentos juntados comprovam ser imprescindível prudência na
análise e na conclusão do que se contém no pleito, por não se poder
permitir, sem fundamentação consistente, a supressão da instância a quo.
A decisão liminar e precária proferida pelo Ministro Felix Fischer,
Presidente do Superior Tribunal de Justiça, não exaure o cuidado do que
posto a exame, estando a ação, ali em curso, a aguardar julgamento
definitivo como pedido pela parte.

Nesse sentido:
“AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS.
PROCESSUAL PENAL. IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO
QUE INDEFERIU LIMINAR NO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA: SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA: INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 691 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
EXCEPCIONALIDADE NÃO DEMONSTRADA. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. A decisão questionada nesta ação é monocrática e tem
natureza precária, desprovida, portanto, de conteúdo definitivo. Não
vislumbrando a existência de manifesto constrangimento ilegal,
incide, na espécie, a Súmula 691 deste Supremo Tribunal (‘Não
compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus
impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus
requerido a tribunal superior, indefere a liminar’). Precedentes.
2. Agravo regimental não provido” (HC 90.716-AgR, de
minha relatoria, DJ 1º.6.2007).

“HABEAS CORPUS - OBJETO - INDEFERIMENTO DE


LIMINAR EM IDÊNTICA MEDIDA - VERBETE N. 691 DA
SÚMULA DO SUPREMO.
A Súmula do Supremo revela, como regra, o não-cabimento do
habeas contra ato de relator que, em idêntica medida, haja implicado
o indeferimento de liminar” (HC 90.602, Relator o Ministro Marco
Aurélio, DJ 22.6.2007).

Confiram-se, ainda, entre outros: HC 89.970, de minha relatoria, DJ


22.6.2007; HC 90.232, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ 2.3.2007;
e HC 89.675-AgR, Relator o Ministro Cezar Peluso, DJ 2.2.2007.

8. Pelo exposto, nego seguimento ao presente habeas corpus (art. 21,


§ 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal), prejudicada,
por óbvio, a medida liminar requerida.

Publique-se.

Brasília, 4 de agosto de 2014.

Ministra CÁRMEN LÚCIA


Relatora

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