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INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT

DEPARTAMENTO DE CAPACITAÇÃO E RECURSOS


HUMANOS – DCRH
PROGRAMA DE ATENDIMENTO E APOIO AO
SURDOCEGO - PAAS

ASPECTOS
EDUCACIONAIS NA
SURDOCEGUEIRA

Prof.ª Marcia Mello


2013
ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE NA
SURDOCEGUEIRA

 METAS A SEREM ATINGIDAS


 A IMPORTÂNCIA DA
ESTIMULAÇÃO DOS SENTIDOS
REMANESCENTES
 PRÉ-REQUISITOS PARA A
ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE DA
CRIANÇA COM SURDOCEGUEIRA
CONGÊNITA
O que é? Conceito e Definição
Orientação – é a percepção de onde se está,
para onde se quer ir e como chegar.

Mobilidade – é a ação realizada para


execução do plano traçado para se alcançar
o objetivo desejado.

Técnicas a serem ensinadas:


● proteção pessoal
● orientação e mobilidade com o uso de pistas
táteis ou ou superfícies de referência

● técnicas para o uso de bengala longa

● técnicas de guia-vidente
O que a pessoa surdocega deve saber?

● segurar corretamente o guia

● manter-se numa posição e distância adequadas do guia de


modo que facilite sua locomoção

● interpretar corretamente os movimentos do guia para subir,


descer, retornar, e posição para passagem estreita

● deixar que o guia dirija sua mão para encontrar objetos


como maçanetas na passagem por portas
IMPORTANTE
É responsabilidade do guia conduzir a pessoa surdocega com
segurança.
Normas para o guia-intérprete durante um
deslocamento externo:

● mantersua atenção ao entorno para evitar


obstáculos para a pessoa surdocega

● quando surgirem obstáculos repentinos ou


situações de risco o guia-intérprete deverá
interromper a comunicação

● o guia-intérprete deverá levar em conta as


condições funcionais e os resíduos visuais e
auditivos da pessoa surdocega que ele guia
No caso de pessoa surdocega sem
nenhum resíduo visual ou auditivo
caberá ao guia saber qual é a mão de
preferência da pessoa surdocega para
receber comunicação e informação.
Durante o trabalho de guia-interpretação podem
surgir situações da vida diária quando o surdocego
deverá realizar tarefas independentes como fazer
uma refeição, ir ao banheiro, assinar documentos,
etc.
Vídeo: CDBS Orientation and Mobility
Specialist.

Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=jTVTKU1Df
ag&playnext=1&list=PL10B766BCF84DFCD2&f
eature=results_video
Acesso em: 16 nov. 2012

 Vídeo: O Cão Guia


A IMPORTÂNCIA DA
ESTIMULAÇÃO DOS SENTIDOS
REMANESCENTES
O mundo chega até nós pelos sentidos. É por meio
deles que percebemos aquilo que está à nossa volta.
Sabe-se hoje que a idéia de que dispomos de cinco
sentidos está ultrapassada; na verdade há dezenas ou
até centenas deles. É graças à propriocepção – uma
capacidade bem menos conhecida que a audição, a
visão, o paladar, o tato e o olfato – , por exemplo, que
reconhecemos a localização espacial de nosso corpo, a
força exercida pelos músculos e a posição de cada
parte do corpo em relação às demais. Essa habilidade
permite a manutenção do equilíbrio e a realização de
atividades cotidianas

(Revista Mente e Cérebro, Edição Especial, n.12)


Segundo a tradição temos cinco sentidos:

visão
audição
paladar
olfato
tato
Hoje a neurociência
reconhece a

PROPRIOCEPÇÃO

como sendo o nosso Sexto


Sentido.

A propriocepção é
responsável pela manutenção
de nosso equilíbrio.
Sentidos orgânicos

FOME
SEDE
DOR
Olfato

é também um sentido de distância

 é o primeiro sentido a se manifestar logo após o nascimento


com o reconhecimento do odor da mãe
 estimula a memória
 intimamente ligado à vida afetiva
O que é sensação? O que é
percepção?

O que é cognição?
► É a função cerebral que atribui
significado a estímulos sensoriais a partir
de suas experiências.

► Através da percepção um indivíduo


organiza e interpreta as suas impressões
sensoriais para atribuir significado ao seu
meio. Consiste na aquisição, interpretação,
seleção e organização das informações
obtidas pelos sentidos
O QUE É A ► Os receptores possuem uma
PERCEPÇÃO? especificidade para cada tipo de estímulo e
se classificam de acordo com a
sensação que produzem ( formas,
temperaturas, dor, lesão física ou química,
luz, sensações gustativas e olfativas )
► Diferentemente da visão, que é um sentido global
e simultâneo, a percepção tátil se dá de uma forma
mais lenta e sequencial.

► Exige uma grau de esforço muito maior a seu


usuário e não tem o mesmo nível de eficácia.

► Uma imagem háptica é formada pela percepção


da textura, da variação da altura, da forma, do
tamanho e também da orientação do objeto.
O QUE É A
► O desenvolvimento educacional de indivíduos
PERCEPÇÃO com perdas sensoriais é tarefa difícil,
HÁPTICA? principalmente naqueles que nascem surdocegos.

É a capacidade do indivíduo em transformar


uma informação inicialmente visual em um
representação tátil
Reabilitandos do Programa de Atendimento e Apoio ao Surdocego – PAAS,
do Instituto Benjamin Constant realizando uma exploração tátil num campo
de futebol.
 É o ato ou processo de
conhecer que envolve
atenção, percepção,
memória, raciocínio,
juízo, imaginação,
pensamento e linguagem.

O QUE É
COGNIÇÃO?  A criança percorre etapas diferentes no seu
desenvolvimento cognitivo.

 Segundo Piaget a criança passa por quatro


estágios: sensório-motor, pré-operatório,
operações concretas, operações formais.

 A emoção é parte integrante do processo de


cognição
PRÉ-REQUISITOS PARA A
ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE DA
CRIANÇA COM SURDOCEGUEIRA
CONGÊNITA
Extraído do capítulo do mesmo nome de Silvia Costa Andreossi
no livro EDUCAÇÃO E ALTERIDADE: deficiências sensoriais,
surdocegueira, deficiências múltiplas (p.206-233)
a criança surdocega apresenta falta de curiosidade sobre o
mundo [...] chega a temer o movimento [...] apresentando
falta de motivação para explorar o mundo.
 a orientação para crianças surdocegas é fundamental para
a orientação do movimento e requer, no contexto em que ela
se encontra, pistas e pontos de referência.
 as pistas são a informação sensorial que se recebe do
ambiente e os pontos de referência são objetos permanentes
que se encontram no espaço.
 os sentidos de que a criança surdocega faz uso – os
sentidos de proximidade tato, olfato e paladar – são os que
fornecem a ela informações do ambiente.
o adulto facilitador desse processo deve analisar o ambiente,
identificando as oportunidades de experimentar diferentes
situações e atividades necessárias para que a criança desfrute e
mantenha um controle sobre o seu mundo.
 todo esse processo deve levar em consideração a motivação
que a criança apresenta, respeitando o que ela gosta e o que ela
não gosta, fator esse essencial para a aprendizagem da criança
surdocega.
 atividades organizadas e com rotinas consistentes podem
fornecer a antecipação do que vai acontecer a seguir
A PERCEPÇÃO CORPORAL

é relevante proporcionar à criança


surdocega variedades de atividades lúdicas
que desenvolva consciência corporal para
que ela possa compreender que tem um
corpo; que seu corpo tem tamanho e peso,
cresce e ocupa espaço, que diferentes
partes executa diferentes movimentos.
 Nomeie as partes do corpo com a criança
através de toques e brincadeiras corporais
para que a criança surdocega aos poucos
efetive essa consciência sobre seu corpo
associando ao movimento.
EXPLORANDO O MOVIMENTO E AS PARTES
DO CORPO
 é essencial que a criança surdocega
desenvolva uma imagem corporal e
forme a consciência sobre as partes do
corpo e a consciência do outro e do
meio.
 é pela consciência dos movimentos
que a criança pode começar a explorar
todas as maneiras de mover-se no
espaço e começar a compreender o
mundo com a independência que for
possível para ela.
CONSTRUÇÃO DO MAPA MENTAL

 para realizar essa tarefa a criança


surdocega precisará do auxílio de um
adulto que irá favorecer a exploração do
ambiente, de várias posições e quantas
vezes for necessário para ela.
 para a criança construir conceitos
espaciais será necessário utilizar a forma de
comunicação adequada da criança para
informar nome e posições de objetos.
DESENVOLVIMENTO DE NOÇÕES DE TAMANHO E
FORMA

 ainda que a criança seja pequena para


entender completamente tamanho e
formas, é importante começar a introduzir
dados e situações que ilustrem pequeno,
grande, alto e baixo, como também a
textura do objeto.
DESENVOLVIMENTO DE NOÇÕES DE TEMPO E
DISTÂNCIA
 pode-se associar o conceito de tempo por
meio da rotina da criança, dizendo o que as
pessoas fazem pela manhã, tarde e noite.
 com a estruturação da rotina a criança é capaz
de antecipar a próxima atividade.
 conversar com a criança sobre o que ela está
fazendo e o que fará depois contribui para
desenvolver esse conceito.
Informações sobre distâncias podem ser
oferecidadas por meio da locomoção que se
realiza no ambiente
DESTREZAS MOTORAS GROSSAS

é essencial que a criança desenvolva


consciência de separação de si, de
outros e do meio [...].
 devem-se melhorar as destrezas
motoras grossas e finas da criança,
incluindo controle de cabeça, controle
do tronco, girar, engatinhar, parar e
caminhar formam a base das destrezas
de mobilidade.
HABILIDADES DE ALCANÇAR E AGARRAR
o desenvolvimento das habilidades
motoras de alcançar e agarrar da criança
surdocega deve ser estimulado na
intervenção.
 a criança surdocega pode deixar de
tentar alcançar e agarrar os objetos e
pessoas por não saber de sua existência.
 para favorecer a exploração do
ambiente deve-se intervir dando
oportunidades para a criança desenvolver
habilidades [...] em contextos naturais do
dia a dia de forma lúdica.
LANCHE

VIVÊNCIAS OLFATIVAS, GUSTATIVAS, TÁTEIS

DEBATE

QUAL O PAPEL DOS SENTIDOS PARA A


AQUISIÇÃO DE REFERÊNCIAS PARA A OM?

CONCLUSÕES

ALMOÇO
A MEDIAÇÃO NA SURDOCEGUEIRA

O que é a mediação?
O guia-intérprete e suas
atribuições
 Técnicas de guia-vidente e
orientações básicas para
situações da vida diária na
guia-interpretação
A MEDIAÇÃO NA SURDOCEGUEIRA

A mediação é um processo fundamental


para romper o isolamento ao qual a
pessoa com surdocegueira está
submetida.
QUEM É O MEDIADOR?

Mediador na surdocegueira é o profissional que


maneja com fluidez, em geral, diferentes sistemas
de comunicação alternativos à linguagem oral,
atuando como intermediário entre a pessoa
surdocega e o mundo a seu redor, ajudando-a a
conhecer e saber o que se passa ao seu redor,
motivando, facilitando e dinamizando a relação de
interação e comunicação entre a pessoa surdocega
e o seu entorno, proporcionando assim a aquisição
de aprendizagens.
IMPORTÂNCIA DO MEDIADOR

► O mediador é essencial na surdocegueira congênita para o


desenvolvimento de comunicação e linguagem através de
experiências compartilhadas.

► Para as pessoas surdocegas adquiridas o mediador


representa
o suporte necessário para adaptar-se à nova circunstância e
aprender um novo sistema de comunicação.

► Tanto o grupo das pessoas surdocegas congênitas como as


adquiridas vão precisar de mediadores para que possam
aprender, melhorar suas habilidades sociais , serem no
mercado de trabalho e também desfrutar de momentos de
lazer.
O QUE FAZ O MEDIADOR?

►Interpreta o significado das expressões da pessoa surdocega de tal


forma que permita que ela dê respostas coerentes e que motivem novos
questionamentos. Para isso o mediador tem que levar em conta o
contexto e a capacidade de compreensão da pessoa surdocega.

► Facilita a comunicação entre a pessoa surdocega e o entorno


proporcionando uma informação precisa das ações das pessoas, dos
acontecimentos e reações que surgem, dando oportunidade da pessoa
surdocega tomar suas próprias decisões.

► Apoia a pessoa surdocega dando informação das consequências de


suas escolhas para que ela as possa por em prática e ajustar seu
comportamento de acordo com a cultura social

► Atuar como educador, motivador e condutor de aprendizagens.


GUIA-INTERPRETAÇÃO

MEDIAÇÃO
MEDIADOR GUIA-INTÉRPRETE
Leva a pessoa surdocega a Sua intervenção pressupõe a
fazer escolhas e tomar capacidade da pessoa
decisões surdocega de tomar decisões
Tem a responsabilidade de
tornar a informação Permite à pessoa surdocega
acessível para a pessoa dirigir-se a quem quiser, quando
surdocega quiser

É o companheiro que
educa, interpreta e guia de Exerce o papel de
acordo com as intérprete e guia
necessidades do surdocego
MEDIADOR GUIA-INTÉRPRETE
Domina com fluência diferentes
sistemas de comunicação Domina diferentes sistemas
alternativos de comunicação
Deve conhecer as características da Deve conhecer os aspectos
gerais da surdocegueira, sabendo gerais da surdocegueira e
negociar significados, dominar dominar as técnicas de
comunicação alternativa e técnicas interpretação e guia-vidente
de guia-vidente
Atua na elaboração de um Em geral atua apenas
programa de atendimento de individualmente, de
acordo com as necessidades da acordo com a demanda
pessoa surdocega em da pessoa surdocega
colaboração com outras que atende
pessoas da equipe
multidisciplinar
Na surdocegueira se perde a percepção do ambiente
em que se encontra o que muitas vezes provoca
constrangimentos.

A antecipação dos fatos é um dos aspectos da guia-


interpretação.

Acordos entre o guia-intérprete e o surdocego são


facilitadores da comunicação.

A ética, discrição, pontualidade são aspectos


importantes na guia-interpretação.
“Dominar uma língua, sistemas de comunicação,
técnicas de locomoção não pressupõe que a
pessoa tenha habilidades suficientes para
desempenhar o papel de guia-intérprete.

É necessário que ela tenha habilidades adicionais


que possibilite amalgamar e utilizar seus
conhecimentos simultaneamente, adequando as
variáveis para interpretar, descrever e orientar a
pessoa surdocega”
(CARILLO,2008)
Técnicas de Guia-Vidente e Orientações Básicas
para Situações da Vida Diária na Guia-
Interpretação

( alimentação, uso do banheiro, comunicação )


A pessoa surdocega deve
saber:

 segurar corretamente
o guia

manter-se numa
posição e distância
adequadas do guia de
modo que facilite sua
locomoção
 interpretar
corretamente os
movimentos do guia
para subir, descer,
retornar, e posição
para passagem
estreita

 deixar que o guia


dirija sua mão para
encontrar objetos
como maçanetas na
passagem por portas
É responsabilidade do guia
conduzir a pessoa
surdocega com segurança.
Explorando o ambiente
Normas para o guia-intérprete durante um
deslocamento externo:

 manter sua atenção ao entorno para evitar obstáculos


para a pessoa surdocega.

 quando surgirem obstáculos repentinos ou situações de


risco o guia-intérprete deverá interromper a comunicação.

 o guia-intérprete deverá levar em conta as condições


funcionais e os resíduos visuais e auditivos da pessoa
surdocega que ele guia.
LEGISLAÇÃO E
PROFISSIONALIZAÇÃO DO
GUIA-INTÉRPRETE

Lei 12.319/10
Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da
Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS
LEGISLAÇÃO DIA DO
SURDOCEGO

Lei 12.899 de 08 de abril de 2008

Artigo 1º - Fica instituído o "Dia Estadual do Deficiente


Surdocego", a ser comemorado, anualmente, no último
domingo de novembro.

Artigo 2º - O Dia Estadual do Deficiente Surdocego


passa a integrar o Calendário Oficial de Eventos do
Estado de São Paulo.
Artigo 3º - Os objetivos do Dia Estadual do Deficiente Surdocego
são:

I - estimular ações educativas visando à prevenção da rubéola


durante a gestação;

II - promover debates sobre políticas públicas voltadas à atenção


integral ao portador de surdocegueira;

III - apoiar os portadores de surdocegueira, seus familiares e


educadores;

IV - sensibilizar todos os setores da sociedade para que


compreendam e se solidarizem com os surdocegos, combatendo
qualquer forma de discriminação;

V - informar os avanços técnico-científicos relacionados à


educação e inclusão social do portador de surdocegueira.
DIA INTERNACIONAL
DO SURDOCEGO
27 de junho
Vídeo: A identidade do guia-intérprete

Video:Legislação e Profissionalização do
Interprete de Libras

Video: Formas de comunicação em


Congresso

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