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Consultoria e auditoria de processos de gestão de pessoas

Aula 3: Tipologia de auditoria de processos

Apresentação
Nesta aula, serão apresentados os principais tipos de auditorias (interna e externa), as fases da auditoria, suas
características, além das vantagens e desvantagens de cada modelo e as ferramentas que podem ser usadas para a
auditoria. Você compreenderá como usar adequadamente cada ferramenta.

Objetivos
De nir os modelos de Auditoria (interna e externa) e as vantagens e desvantagens de cada modelo;

Descrever as fases da auditoria e suas características;

Discutir as ferramentas que podem ser usadas para a auditoria.

Auditoria interna
De acordo com Dias (2005), a auditoria interna consiste em “atividade independente e objetiva de garantia e consultoria,
concebida para adicionar valor e melhorar as operações de uma organização”.

A auditoria interna é desempenhada por um departamento independente da organização, vinculado diretamente à alta direção
da empresa ou instituição. Caberá a este departamento realizar as veri cações necessárias para os processos organizacionais.
Isto inclui avaliar sistemas e procedimentos para mitigar as possibilidades de fraudes, erros ou práticas que provoquem
desperdícios.

De acordo com Dias (2015), a principal função da auditoria interna é a avaliação independente dos processos organizacionais.

Para cumprir estes objetivos, os seguintes aspectos devem ser considerados:


Atingimento de todos os objetivos existentes nesses processos;

Suporte dos riscos inerentes, caso esses riscos não sejam atingidos;

E ciência dos controles adotados que deveria garantir e assegurar a e cácia das operações desenvolvidas;

• Identi cação das ações corretivas necessárias à manutenção ou melhoria da rentabilidade da empresa.

 Fonte: Por Olivier Le Moal / Shutterstock.

O auditor interno, portanto, é um empregado da empresa, incluído no organograma funcional. Faz parte do trabalho do auditor
interno analisar riscos e controles dos processos organizacionais, avaliar se os processos estão em conformidade com
padrões previamente de nidos e apontar ações de melhorias.

 Fonte: Por Mr.Whiskey / Shutterstock.

A grande vantagem da contratação de um auditor externo ou de uma


empresa de auditoria é justamente o aumento da independência atividade
de auditoria.

Também é recomendável a contratação de uma auditoria externa nas seguintes situações:

Quando a empresa não tiver condições de manter em sua estrutura uma área de auditoria interna de forma permanente;

Quando a empresa considerar que não precisa de uma área de auditoria dentro da estrutura, mas necessita avaliar seus
processos organizacionais de forma pontual.
Na hipótese de contratação de um auditor externo ou de empresa de auditoria, será importante estabelecer as seguintes
condições:

De nição dos projetos em que o auditor irá atuar e o total de horas de trabalho, que serão alocadas em cada projeto;

O total de pro ssionais que serão alocados (staff técnico);

O formato da avaliação e do relatório nal da auditoria.

Atenção

A remuneração do auditor externo é calculada em horas de consultoria. Se o auditor for autônomo, isto poderá garantir uma
boa remuneração para o pro ssional.

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Modalidades de auditoria
Os auditores (internos e externos) podem desempenhar diferentes modalidades de auditoria. Naturalmente, estas diferentes
possibilidades exigirão per s pro ssionais e capacitação também distintos.

Conheça algumas das modalidades de auditoria:

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Clique nos botões para ver as informações.

Auditoria contábil 

Modalidade de auditoria que visa aferir os registros contábeis, veri cando sua adequação às normas e regulamentos
governamentais, aos procedimentos contábeis e aos padrões aceitos.

Comitê de Procedimentos contábeis (CPC) 

Trata-se da conformação de uma entidade autônoma, com base na resolução 1.055/05 do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC). Tem como objetivo estudar, preparar e emitir pareceres técnicos sobre os procedimentos de
contabilidade, com a nalidade de adequar a contabilidade brasileira aos padrões internacionais.

Auditoria tributária 

Destina-se a avaliar a e cácia do planejamento tributário através do exame dos procedimentos e controles adotados para
a aferição, pagamento e recuperação de impostos, tributos e taxa. Exige do auditor conhecimento atualizado das regras
tributárias vigentes.

Auditoria operacional 

Tem por objetivo auxiliar a administração da empresa a avaliar se as funções organizacionais estão sendo
desempenhadas de forma e ciente e e caz, bem como se observam as regras legais e os padrões de segurança exigidos.

Auditoria de gestão 

Tem por nalidade avaliar o planejamento da empresa, examinando suas políticas, critérios e procedimentos
considerados na elaboração dos planos. Neste sentido, a auditoria avaliará os resultados alcançados, o grau de e ciência,
e cácia e efetividade, a qualidade e viabilidade dos planos. Pode avaliar os planos e processos de todos os
departamentos, ou de um ou mais departamentos de forma isolada.

Auditoria de Tecnologia da Informação 

Refere-se à avaliação do planejamento, testes e implantação dos sistemas informatizados da empresa, bem como da
infraestrutura física de TI.

Auditoria de balanço 

Veri ca se os números expressos no balanço contábil re etem a realidade dos fatos contábeis e se foram respeitadas as
normas legais e padrões contábeis. Esse tipo de auditoria é fundamental para gerar credibilidade externa aos balanços e é
obrigatória para as empresas que tem capital aberto.

Fases da Auditoria
De acordo com Dias (2015), a auditoria de processos pode ser esquematizada em quatro fases:
1 2

Planejamento; Avaliação dos controles internos;

3 4

Emissão do programa de trabalho e suporte dos testes Emissão de relatório nal e reporte a alta gestão dos
feitos nos papéis de trabalho; resultados.

 Detalhamento das fases da auditoria de processos

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Planejamento da auditoria
Fase em que são de nidos todos os parâmetros e objetivos acordados com a alta administração para o processo de
auditoria. Deve ser fruto da reunião de de nição de objetivos. Todos as informações necessárias para a compreensão
da metodologia de trabalho empregada devem ser dadas nesta reunião, bem como o per l da equipe a ser alocada no
projeto e os prazos envolvidos.

Os acordos estabelecidos nesta reunião inicial devem ser registrados em uma ata ou termo de abertura de projeto.

Aconselha-se também que sejam de nidos na reunião de planejamento os padrões dos seguintes documentos de
auditoria:

• Possíveis geradores de melhorias:


Documentação dos fatos ou aspectos que possam gerar melhoria no processo.
• Aspectos para auditorias futuras:
Documento que visa registrar fatos que possam ser objeto de auditoria futura, uma vez que não façam
parte do escopo da auditoria realizada naquele momento.
• Ata da reunião de de nição dos objetivos de trabalho:
Documento que registra a reunião inicial entre o auditor e a área auditada, com estabelecimento de
objetivos, compromissos das partes e resultados esperados.

O projeto de planejamento da auditoria deve conter os seguintes elementos:

• Objetivo da auditoria:
Acordo entre a auditoria e a alta gestão sobre os motivos da auditoria.
• Objetivos do processo a ser auditado:
Especi cação dos objetivos do processo objeto de auditoria junto à administração e à gerência do
processo. Isto inclui a enunciação dos riscos, declarados pelos donos do processo.
• Escopo do trabalho:
Ações incluídas nas auditorias e relacionadas ao seu objetivo. Inclui a declaração das expectativas quanto
ao trabalho.
• Metodologia de trabalho:
Especi cação, por parte da auditoria, dos testes que serão realizados, do tipo de amostragem que será
feita, das técnicas empregadas e da forma de abordagem para levantamento dos dados e informações.
• Estimativa de término da auditoria:
Declaração do prazo em que será realizada a auditoria, considerando todo o tempo (em horas) necessário
para a realização do trabalho.
• Dimensionamento das principais operações do processo:
Especi cação do volume de documentos que serão analisados e que foram considerados na
especi cação do tempo necessário ao projeto.
• Equipe de Auditoria:
Documentação que enuncia todos os pro ssionais que trabalharão na auditoria e quais são as
responsabilidades de cada membro da equipe.

Avaliação dos controles internos


Segundo Dias (2015), a avaliação dos controles internos é feita em três etapas. Veja cada uma delas:

1) Levantamento dos processos


Nesta etapa, o auditor deve documentar como o processo é executado, identi car os objetivos de cada processo e
registrar quais são os controles utilizados para aferir a e cácia do processo. O auditor deve validar todos o registro do
uxo do processo e os controles utilizados com os usuários do processo e o gestor ou responsável pela área auditada.
É muito importante avaliar quais são os riscos inerentes aos processos.

O risco corresponde à possibilidade de ocorrência de falha no processo decorrente de erro humano, por defeitos de
sistemas e máquinas, ou ainda, por interveniência externa, causando acidentes, atrasos ou paralisações.

2) Análise dos controles internos


Nesta etapa, o auditor avaliará se os controles de processos documentados são congruentes com os riscos
identi cados. O auditor deverá veri car se os controles usados são capazes de prevenir os riscos associados aos
processos, evitando possíveis prejuízos, acidentes ou paralisações.

Também cabe ao auditor inferir se estes controles possibilitam a formação de uma base de dados ou informações que
possibilitem a melhoria do processo.

Caso conclua que existem problemas nos controles do processo ou no uxo do processo, o auditor deve identi car as
causas e apontar possíveis melhorias.

É importante ainda que o auditor inclua nos apontamentos desta análise os fatos que corroboraram para sua análise.

Por m, recomenda-se que a análise aponte os aspectos de melhoria da qualidade e e ciência, que podem ser
agregados ao processo, possibilitando ganhos para a organização.

3) Veri cação das conformidades do processo


Nesta etapa, o auditor irá analisar in loco, ou seja, onde os processos são executados, se esta execução ocorre de
acordo com a documentação do processo. O auditor poderá incluir aspectos adicionais de melhorias. A etapa anterior
avaliou apenas a documentação e controles.

Na etapa seguinte será feita a avaliação da execução, veri cando se a mesma ocorre de acordo com o uxo ou se há
inconformidades em sua operação. Neste momento, o auditor poderá testar se as melhorias sugeridas na análise
anterior são factíveis ou não.

Emissão do programa de trabalho e suporte dos testes feitos nos papéis de


trabalho.
Na de nição do programa de trabalho, são descritos os tipos de testes que foram efetuados pelo auditor informando
objetivos, abrangência e resultados. Esta é uma etapa que inclui também os papéis de trabalho, documentos que
suportam as conclusões do auditor. Eles são a garantia de integridade, exatidão e qualidade dos procedimentos
efetuados na auditoria.

Emissão de relatório nal e reporte a alta gestão dos resultados


A elaboração do relatório nal deve ser realizada em três níveis diferentes, de acordo com Dias (2015).

a) Relatório de término do trabalho de campo.


Este é um relatório que detalha o trabalho de campo. Deve conter a especi cação do processo auditado, o
objetivo, escopo e abrangência da auditoria, a metodologia de trabalho empregada, os pontos de controle
identi cados e as ações corretivas sugeridas. Este é um documento que deve ser emitido ao término do
trabalho de campo para ser discutido com a área auditada.
b) Relatório detalhado
Relatório que deve ser emitido após o trabalho de campo e entregue à alta direção da empresa. Além dos
aspectos incluídos no relatório de término do trabalho, serão incluídos uma conclusão resumida da
situação atual dos controles realizados no processo e os grá cos de causa e efeito, além de outras
ferramentas utilizadas na análise do processo.

c) Sumário executivo
Relatório emitido após a apresentação nal do trabalho, que conterá os eventuais ajustes solicitados pelo
demandante do trabalho (detalhes que eventualmente queiram que faça parte do relatório). Além dos itens
já incluídos no relatório detalhado, será acrescentado um resumo dos riscos e consequências dos pontos
de controle identi cados além das discussões realizadas na apresentação do trabalho. O relatório deverá
ser encaminhado para a alta gestão da empresa e para as diretorias envolvidas.

Ferramentas da auditoria de processos


A m de proceder a análise dos processos, o auditor pode se valer dos seguintes instrumentos:

a) Fluxograma
O uxograma é uma representação visual de processos ou atividades, com símbolos predeterminados para representar ações,
responsáveis, direção das interações etc.

As principais vantagens da utilização de uxogramas são:

Visão de conjunto e integrada do processo.

Visualização de detalhes críticos do processo.

Identi cação do uxo do processo e das interações entre os subprocessos.

Identi cação dos pontos de controle potenciais.

Identi cação das inconsistências e pontos frágeis.

Para que a compreensão dos uxogramas organizacionais seja facilitada, é necessário que os símbolos sejam padronizados e
sua utilização seja prede nida. O livro O processo nosso de cada dia (MARANHÃO & MACIEIRA, 2010) apresenta os seguintes
símbolos para uxogramas:
Início ou m Atividades

Processo De nido

Dados e

ou

Armazenamento online Documento

Decisão

Os uxogramas podem ser verticais ou horizontais.


Fluxograma vertical

Modelo desenvolvido pelo Instituto Nacional Americano de Padronização. Por isto, é também conhecido
como padrão ANSI. Embora seja o mais antigo, continua sendo bastante utilizado.

Fluxograma horizontal

Modelo conhecido como funcional ou modelo Swinlane, uma vez que este modelo é usado para
representar os papéis desempenhados (funções) pelos diferentes atores (clientes internos ou externos e
fornecedores) que interagem com os processos que estão sendo representados.
b) Diagrama de Ishikawa ou Diagrama de Causa e Efeito
Esta ferramenta tem por objetivo organizar o raciocínio e a discussão sobre as causas de um problema.

Originalmente, a ferramenta foi concebida em torno de quatro causas principais: mão de obra, máquinas, métodos e materiais,
também denominado de diagrama 4M.

As pessoas encarregadas de estudar o problema listam, a seguir, cada uma das quatro categorias relacionadas às causas,
perguntando-se porque eles acontecem. Desta forma, desdobram-se os problemas até encontrar as causas originais.
Naturalmente, a esquematização com as quatro categorias serve muito bem para um ambiente fabril.

Para outros casos, o diagrama pode ser adaptado criando outras categorias ou critérios de organização. Vejam os exemplos
dos dois modelos.

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DIAGRAMA DE ISHIKAWA TRADICIONAL

DIAGRAMA DE ISHIKAWA COM CRITÉRIOS ADAPTADOS


Atividade
1- Julgue a a rmativa a seguir indicando se está certa ou errada. Justi que.

A auditoria interna tem como grande vantagem a possibilidade de ampla independência ao analisar riscos e apontar melhorias
organizacionais.

2- Julgue a a rmativa a seguir indicando se está certa ou errada. Justi que.

A auditoria externa tem como característica ser exercida por auditor ou empresa sem vinculo com a organização e é justi cável nas situações
em que a empresa não consiga manter uma área de auditoria interna ou quiser maior independência na avaliação dos processos.
3- Julgue as a rmativas a seguir indicando se está certa ou errada. Justi que.

a) Os objetivos da auditoria devem ser de nidos na reunião de planejamento da auditoria, mas os padrões do documento de melhorias nunca
devem ser predeterminados.

b) (CESPE/BASA/2012/ ADMINISTRAÇÃO) A utilização de uxogramas em mapeamento, análise e melhoria de processos se baseia em um


conjunto simples de simbologias de tarefas e decisões e em outros elementos primários de processos.

c) (CESPE/EBC/2011/ADMINISTRAÇÃO) O diagrama de causa e efeito (diagrama de Ishikawa) é uma ferramenta que visa de nir o conjunto de
causas responsável por um ou mais efeitos.

Referências
Notas
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. São Paulo: Manole,
2014.

DIAS, Sergio Vidal dos Santos. Auditoria de processos organizacionais: teoria, nalidade, metodologia de trabalho e
resultados esperados. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

OLIVEIRA, Saulo Barbará de.; VALLE, R.; MALHER, F. C.; MENDES, O.; XAVIER, H. L.; CARDOSO, R. S.; PEIXOTO, J. A. A.; NETO, M.
A.; SANTOS, V. S. Gestão por Processos – Fundamentos, Técnicas e Modelos de Implementação. 2. ed. Rio de Janeiro,
Qualitymark, 2012.

MARANHÃO, Mauriti; MACIEIRA, Maria Elisa. O processo nosso de cada dia. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010.

Próxima aula

Discutir as fontes de auditoria em gestão de pessoas;

Explicar as variáveis utilizadas na auditoria de gestão de pessoas;

Exempli car a análise de processos de gestão de pessoas.

Explore mais

Assista ao vídeo:

Auditoria interna com abordagem na avaliação dos processos organizacionais.

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