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Diplomacia 360o – Módulo Atena – Direito Interno – Aula 17

Prof. Ricardo Macau – 26.11.2018

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – continuação

❖ REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS (...)

2) HABEAS DATA: artigo 5o, inciso LXXII, da CF/88

“CF/88. Artigo 5o. (...)

LXXII - conceder-se-á habeas data:

a) para assegurar o conhecimento de informações


relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se


prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo; (...)”

O habeas data é remédio constitucional empregado para 2 (duas) finalidades específicas:

a) Acessar dados pessoais do impetrante que constem em bancos de dados governamentais


ou bancos de dados de interesse público.

→ Observações:

(i) O habeas data é uma ação judicial personalíssima. Logo, o impetrante do habeas data não
conseguirá acessar informações pessoais de terceiros por meio dessa ação judicial.

→ Exceção: a jurisprudência admite que herdeiros impetrem habeas data para acessar
informações do de cujus (defunto).

ii) Exige-se o esgotamento das vias administrativas antes da impetração do habeas data no
Poder Judiciário, uma vez que o pressuposto para impetrar o habeas data é a negativa do acesso
à informação pessoal requerida.

iii) Não é qualquer informação pessoal, quando negada, que pode ser obtida por meio de habeas
data. Exige-se que a informação pessoal negada esteja guardada em um banco de dados do
governo, como a Receita Federal, a Polícia Federal e o INSS, ou em um banco de dados de
interesse público, como o SPC/Serasa.

*PEGADINHA: não cabe habeas data para acessar informações pessoais do impetrante que
estejam em bancos de dados de caráter privado, como os registros de rede de lojas ou de bancos
de investimentos.
(iv) O habeas data não é a ação judicial adequada para obter certidões, nem para obter acesso
a processos judiciais ou a processos administrativos. Para assegurar a obtenção de certidões e o
acesso a processos judiciais e processos administrativos, cabe mandado de segurança. A
informação pessoal é sigilosa, por isso não se confunde com certidão, nem se confunde com
processo judicial ou com processo administrativo.

b) Retificar informações pessoais do impetrante

O conceito de retificação de informações ou dados pessoais do impetrante é amplo e abrange:

(i) Correção de dados;

(ii) Atualização de dados; e

(iii) Complementação de dados.

3) MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO: artigo 5o, inciso LXX, da CF/88.

“CF/88. Artigo 5o. (...)

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser


impetrado por:

a) partido político com representação no


Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou


associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa
dos interesses de seus membros ou associados; (...)

Uma ação judicial coletiva é aquela ajuizada não por vários autores, mas sim por uma entidade
que representa um grupo ou uma coletividade de pessoas.

O artigo 5o, inciso LXX, da CF/88, prevê a legitimidade para as seguintes entidades ajuizarem o
mandado de segurança coletivo:

a) Partido político com representação no Congresso (deputado federal ou senador eleito);

b) Entidade de classe ou organização sindical (o STF entende que a entidade de classe e a


organização sindical não precisam provar nenhum requisito específico para impetrar o mandado
de segurança coletivo);

c) Associação, desde que tenha sido criada e esteja em funcionamento há mais de 1 (um) ano e
defenda os interesses dos associados.
4) MANDADO DE INJUNÇÃO: artigo 5o, inciso LXXI, da CF/88.

“CF/88. Artigo 5o. (...)

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre


que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania; (...)”

É uma ordem judicial para juntar ou jungir o que falta na CF/88. O artigo 5o, inciso LXXI, da CF/88,
prevê que caberá mandado de injunção diante da falta de lei regulamentadora que inviabilize
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, soberania e cidadania.

*ATENÇÃO: o artigo 12 da Lei no 13.300/2016 (Lei do mandado de injunção) prevê o mandado


de injunção coletivo (ação judicial que não consta expressamente no texto da CF/88). Nos
termos do artigo 12 da Lei no 13.300/2016, mandado de injunção coletivo pode ser impetrado
pelos seguintes legitimados:

(i) os mesmos legitimados do mandado de segurança coletivo do artigo 5o, inciso LXX, da CF/88;
(ii) a Defensoria Pública; e
(iii) o Ministério Público.

*PEGADINHA: a Defensoria Pública e o Ministério Público não têm legitimidade para impetrar
mandado de segurança coletivo. Todavia, podem impetrar o mandado de injunção coletivo.

5) HABEAS CORPUS: artigo 5o, inciso LXVIII, da CF/88.

“CF/88. Artigo 5o. (...)

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que


alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder; (...)”

O habeas corpus cabe diante da violação à liberdade de locomoção ou do direito de ir e vir.


Existem 2 (dois) tipos de habeas corpus.

a) Habeas corpus preventivo: cabe diante da iminência de violação da liberdade de locomoção.


A sentença que concede o habeas corpus preventivo atribui ao beneficiário o chamado “salvo
conduto” (direito de andar tranquilamente).

b) Habeas corpus repressivo: cabe para determinar a cessação da violação da liberdade de


locomoção. O beneficiário do habeas corpus repressivo obtém uma ordem de soltura.
A doutrina e a jurisprudência apontam os seguintes aspectos processuais do habeas corpus
relevantes:

(i) o habeas corpus é a única ação judicial prevista no artigo 5o da CF/88 que não exige advogado
para ser ajuizada.

(ii) o habeas corpus pode ser impetrado pelo próprio paciente ou por terceiro.

*PEGADINHA: o STF já decidiu que pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus apenas na
condição de terceiro interessado na liberdade de pessoa física (indivíduo). A pessoa jurídica não
pode ser paciente (beneficiário) do habeas corpus porque não é titular do direito à liberdade de
locomoção.

(iii) o juiz pode conceder o habeas corpus de ofício ou mediante provocação.

6) MANDADO DE SEGURANÇA: artigo 5o, inciso LXIX, da CF/88.

“CF/88. Artigo 5o. (...)

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para


proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público; (...)”

O mandado de segurança é considerado um remédio constitucional subsidiário, ou seja, o


remédio constitucional que deve ser empregado quando não couber os demais remédios
constitucionais. Com efeito, a redação do artigo 5o, inciso LXIX, da CF/88, prevê, em sua
literalidade, que caberá mandado de segurança para proteger direito líquido e certo não
amparado por habeas corpus e habeas data.

O conceito de direito líquido e certo aponta para um direito que é provado exclusivamente por
meio de provas documentais pré-existentes. Por fim, a menção ao fato de que haverá mandado
de segurança apenas quando não couber habeas corpus e habeas data elucida o caráter
subsidiário desse remédio constitucional.

A finalidade do mandado de segurança é controlar ilegalidade ou abuso de poder praticado por


agente público (ex.: delegado de polícia, diplomata, auditor da Receita Federal) ou por
particular investido de função pública (ex.: diretor de empresa concessionária de rodovia, reitor
de universidade privada).

*ATENÇÃO: não cabe impetrar mandado de segurança para questionar atos praticados por
particulares no exercício de atividade privada.
DIREITO ADMINISTRATIVO

O Direito Administrativo é um ramo do Direito Público, que, apesar de ser próximo do Direito
Constitucional, com ele não se confunde. Em linhas gerais, a doutrina apresenta a seguinte
diferença de conteúdo entre Direito Constitucional e Direito Administrativo:

A) DIREITO CONSTITUCIONAL: trata do chamado DIREITO PÚBLICO ESTÁTICO, ou seja, da


organização dos órgãos e dos poderes Estado.

B) DIREITO ADMINISTRATIVO: trata do chamado DIREITO PÚBLICO DINÂMICO, isto é, da


concretização da atividade administrativa. Entende-se por atividade administrativa a prestação
de serviços públicos mediante a existência de um quadro de agentes públicos estatais.

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A Administração Pública Direta e Indireta da União, Estados, DF e Municípios é regida por 2 (dois)
tipos de princípios administrativos:

1) PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS: artigo 37, caput, da CF/88.

“CF/88. Art. 37.

A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência (...).”

2) PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS: podem ser deduzidos a partir da análise sistemática da CF/88 e da


legislação infraconstitucional que rege a atividade administrativa do Estado.

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