Você está na página 1de 25

Revista de Administração FACES Journal

ISSN: 1517-8900
faces@fumec.br
Universidade FUMEC
Brasil

Dias de Faria, Marina; Ferreira da Silva, Jorge


COMPOSTO PARA RESTAURANTES: ATENDENDO CONSUMIDORES COM DEFICIÊNCIA
VISUAL
Revista de Administração FACES Journal, vol. 10, núm. 1, enero-marzo, 2011, pp. 11-32
Universidade FUMEC
Minas Gerais, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=194019752002

Como citar este artigo


Número completo
Sistema de Informação Científica
Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal
Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
INCLUS;\OSOCIAL _

COMPOSTO PARA RESTAURANTES: ATENDENDO


CONSUMIDORES COM DEFICIENCIA VISUAL
COMPOUND TO RESTAURANTS : SERVING CONSUMERS
WITH VISUAL IMPAIRMENT

• Marína Días de Faría

Mestre em Admínístracao
COPPEAD-UFRJ
• Jorge Ferreíra da Silva

Doutor em Engenharia de Prod u~ao


PUC RJ

Data de submissácc 10 dez. 2009 . Data de aprcvacac:


12dez. 20 IO • Sistema de avaliasao: Double blind review.
• Universidade FUMEC/ FACE • Prof. Dr. Cid Goncalves Filho
• Prof. Dr. LuizCláudioVieirade Oliveira . Prof. Dr.José Marcos
Carvalho de Mesquita.

RESUMO
As pessoas com deficiencia (PcD) enfrentam diversas dificuldades para
exercerem quase todos os papéis sociais, especifica mente no que diz respeito
ao papel de consumidores. Raramente, essas pessoas térn suas necessidades
atendidas. No Brasil, tal mercado está representado por 24 rnilhóes de PcD,
das quais 48% térn deficiencia visual. Na presente pesquisa, definiu-se
como objetivo identificar os mais importantes atributos do servico e seus
níveis correspondentes, relativos a experiencia de consumo por pessoas
com deficiencia visual em restaurantes da cidade do Rio de Janeiro, em
ocasióes de lazer. Para atingir esse objetivo, foram realizados tres grupos de
foco com a participacáo de 21 PcD. Os resultados apontaram oito atributos,
cada qual apresentando tres ou dois níveis como mais importantes para a
COM POSTO PARA RESTA URANTES: AT END ENDO CONSUMI DOR ES COM DEFICltNC IA V ISUA L

experiencia de consumo de deficientes visuais em restaurantes: "cardápio":


"atendimento"·" "arnbiéncia": "formato da mesa":, "acesso ao qarcorn":
'::t,
"nível
de ocupacáo": "local"; e "comida". A partir desse resultado, percebe-se que
os restaurantes nao estáo preparados para receber pessoas com deficiencia
visual.

PALAVRAS-CHAVE
Restaurante . Lazer. Pessoas com deficiencia visual. Inclusáo social. Grupo
de foco.

ABSTRACT
People with disebitities face many difficulties to carry out almost all social
roles, specifically with regard to the role of consumers, these people rarely
have their needs meto In Brazil, this market is represented by 24 million
people with dtsebiltties, of which 48% have visual impairments. In the
present study was defined as objeciive to identify the most important service
attributes and their corresponding levels on the consumer experience for
visually impaired people in restaurants in the city of Rio de Janeiro in leisure's
times. To seek to achieve this goal there were three focus groups involving
21 people with disebitities. The results showed eight ettributes, each with
three or two le veis as more important to the consumer experience of visually
impaired people in restaurants, "menu", "treetment", "embience", "teble's
tormet", "access to the weiter"; "occupetion's leve!"; "local "and "tood".
From this result, it is noticed that restaurants are not equipped to receive
people with visual impairments.

KEYWORDS
Restaurant. Leisure. People with visual impairment. Social tnclusion. Focus
group.

INTRODUc;AO a importancia de se empregar pessoas


com deficiencias (PcD) em orqanizacóes
Em raza o de decisóes estratégicas ou (MEIRA; AMARO; ALMEIDA, 2009).
em funcáo de acóes afirmativas tais como Na direcáo oposta dessa tentativa de
as chamada s "Ieis de cotas" (CARNEIRO; inclusáo, parece persistir em grande
RIBEIRO, 2008; TANAKA; MANZINI, parte das empresas certa dsscrenca
2005), cada vez mais se compreende com relacáo ao potencial de tais pessoas

. . R. Ad m. FA CES [our nal Eelo Horizonte v.IO n. 1, p. 11-32 [anvrnar. 2011. ISSN 1984- 6975 (onlin e). ISSN 15 17-8900 (Imp ressa)
MARINA.. OlAS DE FA RIA . JORGE FERREIRA DA SILVA

como clientes aptos a gerar retorno mais importantes atributos do servico e


financeiro (BAKER; HOLLAND; KAUFMAN- seus níveis correspondentes, relativos
SCARBOROUGH, 2007; WOODLIFFE, a experiencia de consumo por pessoas
2004). Esse descaso ocorre por parte de com deficiencia visual em restaurantes
praticantes e académicos (MARTINEZ; da cidade do Rio de Janeiro em ocasióes
FRAN<::A, 2009) a despeito de no Brasil de lazer. A definicáo desse objetivo
haver mais de 24 rnilhóes de indivíduos segue a prop osicáo de Zarb (1997),
com deficiencias físicas, sensoriais, para quem as pesquisas com foco em
mentais ou múltiplas - o que corresponde PcD devem ser norteadas por objetivos
a 14,5% da populacáo (IBGE, 2000). que busquem compreender o que tais
Amaro et al. (2008) argumentam que pessoas valoriza m, e nao somente
as pessoas com deficiencia visual - que apontar barreiras ao consumo por elas
englobam 48% do total de brasileiros com encontradas. Estudos anteriores em
algum tipo de deficiencia - costumam marketing também tiveram como objetivo
ser desprivilegiadas como consumidoras, identificar atributos importante em
mesmo quando comparadas a indivíduos diversos produtos ou servicos para
com outros tipos de deficiencia. Em diferentes públicos-alvo (LIMA; GOSLING;
pesquisas anteriores, com foco nesse MATOS, 2008; FERLA; FONSECA, 2008).
grupo de consumidores, Amaro et al. O foco de estudo em servicos de lazer
(2008), bem como Baker, Stephens apoia-se em estudos que defendem
e Hill (2002) recomendam que sejam a importancia desse tipo de servico
conduzidos estudos focados no consumo na inclusáo social de PcD (DURAO;
de pessoas com deficiencia visual nos MENDON<::A; BARBOSA, 2007; SASSAKI,
setores de varejo e se rvico s. Para 2003). Dentre os servicos de lazer, optou-
McKercher, Packer e Lam (2003), é se pelos restaurantes, por configurarem
necessária a realizacáo de mais pesquisas um espaco onde sao representados
envolvendo o consumo de servicos de os estilos de vida conte mporáne os.
lazer por deficientes visuais, por este acompanhados de inúmeros significados
ser um campo raramente explorado. No sociais (BARBOSA; FARIAS; KOVACS,
Brasil, os poucos estudos que enfocam 2008; SALAZAR; FARIAS, 2006). Os
PcD como consumidores de servicos de restaurantes vérn ganhando relevancia
lazer térn por autores, em sua maioria, académica devido ao crescimento do
académicos das áreas de turismo e setor, as melhorias na qualidade dos
hospitalidade (GOULART, 2007; LAGES; servicos prestados e a associacáo entre
MARTINS 2005), os quais dedicam- tais estabelecimentos e ocasióes de lazer
se mais a pesquisa do turismo que a (PAULA; DENCKER, 2006).
investiqacáo do lazer. Delimitou-se a pesquisa ao Rio de
A presente pesquisa tem sua Janeiro em dscorréncia de sua importancia
inquietacso voltada para o estudo dos turística mundial, que contrasta com
consumidores com deficiencia visual no a falta de estrutura para atender as
que se refere ao consumo de servicos necessidades de PcD (CHEIBUB, 2008;
de lazer em restaurantes. Definiu-se, FARIA; FERREIRA; CARVALHO, 2008).
como objetivo do estudo, identificar os Recorde-se também que a cidade sofrerá

R. A dm. FA CES[ou rnal Belo Horiz onte v.IO n.l p.I I-31 janJmar.l0l L ISSN 1984 -6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) . .
COMPOSTO PARA RESTA URANTES: A T ENDENDO CONSUMI DO RES COM D EFICl tNCIA V ISUAL

rnodificacñe s estruturais em prol da 2006) sejam relacionados a esse tipo de


acessibilidade para sediar os Jogos servico.
Olímpicos e as Paraolimpíadas de 2016, já Dependendo da ocasiáo e da rnotivacáo
que receberá um sem-número de turistas que leva um consumidor a dirigir-se a um
e atletas com deficiencias (DaMATIA, restaurante, os fatores mais importantes
2009). no julgamento desse indivíduo podem
O presente artigo conta com cinco variar (KOO; TAO; YEUNG, 1999). Em
secóes, incluindo a introducáo. A secáo ocasióes de negócios, a qualidade da
subsequente trata do referencial teórico. comida e o tipo de restaurante sao fato res
Na terceira secáo, discorre-se sobre os essenciais; a localizacáo é importante
procedimentos metodológicos. A quarta para a ocasiáo de conveniencia; e o
secáo traz a apresentacáo e a discussáo prestígio do restaurante faz-se notar
dos resultados, para que, na quinta em momentos de lazer e de negócios.
secáo, sejam apresentadas as conclusóes Independentemente da o cas iáo, na
e suqestñe s para novos ssforcos de maioria das vezes, a arnbiéncia é crucial
pesquisa. para a escolha do restaurante e para a
decisáo de retornar (SALAZAR; FARIAS,
REVISAO DA LITERATURA 2006). A despeito do parecer de Kivela
(1997), para quem a qualidade da comida
Restaurantes como locais de lazer é sempre o atributo determinante na
escolha de um restaurante, a importancia
Salazar e Farias (2006) defendem a da arnbiéncia foi apontada, por Paula e
necessidade de estudos em marketing Dencker (2006) e Pohl, Bollini e Fajardo
sobre restaurantes, uma vez que (2009), como maior do que a atribuída
cada vez mais pessoas fazem su as a comida.
refeicóes fora de casa, o que aumenta a
Quando o consumidor busca
importancia económica e social desses
inforrnacóes para escolher um restaurante,
estabelecimentos. Várias podem ser as uma das que mais importa é o preco, que
rnotivacóes que levam os consumidores pode prover uma ideia geral até mesmo
a frequentar restaurantes, desde sobre os servicos que seráo encontrados
celebracóes até reunióes de negócios no restaurante (PEDRAJA; YAGUE, 2001).
(PEDRAJA; YAGUE, 2001), mas o foco Cortimiglia et al. (2003) creem que,
do presente estudo recai nas rnotivacóes em geral, as pessoas estáo dispostas
relacionadas a lazer. Para Hirschman e a pagar mais caro em restaurantes
Holbrook (1982), comer fora envolve que oferecem servicos personalizados.
benefícios objetivos, mas os componentes Os clientes também parecem associar
subjetivos, hsdónicos e simbólicos nao restaurantes cheios a boa qualidade de
sao menos importantes. Salazar e Farias comida, baixos preces e boa reputacáo
(2006) defendem que os consumidores do estabelecimento; por outro lado,
frequentam restaurantes por razóes nao restaurantes vazios dáo a impressáo de
utilitárias, e quase sempre na companhia baixa qualidade de servicos (TSE; SIN;
de amigos, fazendo com que aspectos YIN, 2002). Problemas com o servico em
afetivos e de identidade (CHANG; HSIEH, um restaurante teráo impacto negativo

_ R. Ad m. FA CES [ou rnal Eelo Horiz onte v.IO n. 1, p. 11-31 janJ mar. 10 11. ISSN 1984-69 75 (online). ISSN 151 7-890 0 (Imp ressa)
MA RI NA.. OlAS DE FARIA. JO RG E FERRE IRA DA SILVA

na percepcáo do consumidor, que tenderá necessidades especiais, o que pode


a nao voltar mais áquele restaurante abranger gestantes e idosos (GOULART,
(BABlN et al., 2005). 2007). Outros autores privilegiam o termo
Enfocando a lealdade dos consumidores, "pessoas portadoras de deficiencia", ainda
Cortimiglia et al. (2003) ressaltam que que alguns optem por utilizar "pessoas
a rnanutencáo de relacionamento é com deficiencia". A segunda divergencia
importante para que o cliente continue ocorre quando se pretende definir quem
frequentando um restaurante, e até entra na classiñcacáo de pessoa com
mesmo aceite mais facilmente os possíveis deficiencia. Cada país adota um critério
erros que possam ocorrer na prestacáo do diferente (LOEB; EIDE; MONT, 2008;
servico. Em consonancia com a ideia de SCHNEIDER et al., 2009).
que os restaurantes configuram servicos No Brasil, segundo dados do censo do
de alto con tato (ZEITHAML; BITNER, lBGE (2000), há 24 rnilhóes de PcD, das
2003), Babin et al. (2005) defendem quais 16,5 rnilhóes sao deficientes visuais.
que o ambiente físico e o atendimento A despeito de sua representatividade
sao aspectos fundamentais para a numérica, PcD tem dificuldades até
ñdelizacáo de clientes. Entretanto, muitos para encontrar profissionais de saúde
restaurantes nao parecem preparados especializados (CAVALCANTE; GOLDSON,
para atender consumidores com 2009). Tais problemas impedem que os
necessidades especiais, tais como idosos, deficientes exercarn plenamente seus
que costumam valorizar ambientes papéis sociais, como o de consumidor
confortáveis, descontos, localizacáo (SANSlVlElRO; DlAS, 2005). Baker,
próxima e atencáo especial da equipe de Stephens e Hill (2002) alertam que a
contato (MOSCHlS; CURASl; BELLENGER, inclusáo social de PcD como consumidores
2003). Um documento publicado pela só ocorrerá quando for dada voz a essas
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro pessoas, para que digam que adaptacóes
(CARTILHA, 2005) destaca o imperativo devem ser feitas e de que forma. Prideaux
de os restaurantes serem acessíveis, e Roulstone (2009) acrescentam que
tendo que contar com funcionários as leis precisam ser mudadas para que
treinados e estrutura física adaptada para a acessibilidade ocorra de fato. Para
necessidades de PcD. propiciar o avance da inclusáo de PcD,
foi promulgada nos Estados Unidos a
Pessoas com deficiencias como consumidoras lei denominada The Americans wíth
Em pesquisas acerca de PcD, costumam Disabilities Act, cujos desdobramentos
aparecer duas principais divergencias. visavam garantir a acessibilidade
A prime ira diz respeito ao fato de nao de deficientes a estabelecimentos
haver consenso entre os autores acerca comerciais. Desde entáo, lojas no país
de como devem ser denominadas foram adaptadas, porém tais medidas
essas pessoas. O termo "portadores e stáo distantes do ideal (KAUFMAN-
de necessidades especiais" é utilizado. SCARBOROUGH; BAKER, 2005).
Deve-se notar, contudo, que tal expressáo No Brasil, existem leis que objetiva m a
refere-se a pessoas que, permanente inclusáo de PcD no consumo: o Decreto-
ou temporaria mente, apresentam lei na 5.296, de 2004, regulamenta

R. A dm. FA CES[ou rnal Belo Horiz onte v.IO n.l p.I I-31 janJ mar.l 0 lL ISSN 1984 -6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _
COMPOSTO PARA RESTAURANTES:ATENDENDO CONSUMIDORES COM DEFICl tN CIA VISWl.L

as normas que d o prioridade de á também em razáo de aspectos funcionais:


atendimento a deficientes e estabelece a substituicáo de portas pesadas por
critérios básicos para a prornocáo da automáticas, por exemplo, tende a ser
acessibilidade. Entretanto, muitas sao as valorizada por idosos, enancas e pessoas
dificuldades enfrentadas rotineiramente carregadas de compras. A partir de
por PcD para se engajarem em atividades investimentos em acessibilidade para
de consumo, especialmente no Brasil deficientes em uma de su as unidades, a
(M El RA; AMARO; ALM EIDA, 2009; Rede Pao de Acúcar obteve um acréscimo
5A55AKI, 2003). As empresas parecem no faturamento de 20%, que corresponde
ainda nao ter registrado que, com as a um aumento maior do que se somente
conquistas recentes, acima de tudo as os deficientes tivessem passado a comprar
que dizem respeito ainsercáo no mercado mais (MElRA; AMARO; ALMEIDA, 2009).
de trabalho, tal segmento aumentou seu
poder aquisitivo, mas continua nao tendo Acessibilidade em ambientes de varejo e
servicos
su as demandas atendidas (AMARO et al.,
2008; CARVALHO-FREITA5; 5UZANO; A utilizacáo do termo "acessibilidade",
ALMEIDA,2008). no presente artigo, segue o conceito
Cabe ressaltar que, no Brasil, PcD de Correa (2009, p. 171): "garantir
encontram limit acñe s até para se que todas as pessoas tenham acesso
locomover, o que em alguns casos a todas as áreas de seu convívio [ ... ]
impossibilita que essas pessoas possam relacionadas aos espacos, mobiliários,
sair de suas casas e ir até os locais equipamentos urbanos, sistemas e
nos quais desejam consumir produtos meios de cornunicacáo e inforrnacáo".
ou servicos (BURNETI; BAKER, 2001; Baker, 5tephens e Hill (2002) apontam
KAUFMAN, 1995). A Internet tem sido a acessibilidade no varejo como um
considerada uma ótima forma para que problema global a ser amplamente
PcD possam praticar o consumo, ainda discutido. Alguns estudos apontam que
que muito ainda deva ser feito para que os um dos principais problemas que as PcD
sites sejam acessíveis (BACH; FERRElRA; tem a enfrentar, como consumidores
5ILVElRA, 2009; FERRElRA; CHAUVEL; em ambientes de varejo, é falta de
FERRElRA, 2007). preparo de vendedores e operadores de
Investir em acessibilidade pode ser servicos, que tendem a ver tais indivíduos
vantajoso do ponto de vista de marketing, somente como deficientes e sao incapazes
principalmente porque há indícios de que de percebe-los como consumidores
PcD tendem a ser mais leais a marcas potenciais (HOGG; WIL50N, 2004;
e produtos (ALLEN; MONTGOMERY, KAUFMAN, 1995).
2001). Além disso, investimentos em No que se refere a acessibilidade
acessibilidade tendem a agradar também de ambientes de varejo para pessoas
a clientes sem deficiencias, nao apenas com deficiencias variadas, 5assaki
em funcáo da percepcáo de uma imagem (2003) c1assifica as principais barre iras
corporativa de responsabilidade social em atitudinais, comunicacionais
(JONE5; COMFORT; HILLIER, 2007; e arquitet ónicas. As duas primeiras
KAUFMAN-5CARBOROUGH, 1998), mas advérn das lacunas no treinamento do

_ R. A dm. FA CES [ournal Eelo Horiz onte v.IO n. 1, p. 11-31 janJma r.1011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
MARINA OlAS D E FA RIA . JORG E FERRE IRADA SILVA

pessoal de contato, enquanto as barreiras de roupas adequadas e a estrutura das


ar quit et nicas se fazem presentes
ó lejas, que sequer dispóern de provadores
principalmente no atendimento aos apropriados as necessidades das PcD.
cadeirantes e demais portadores de Em pesquisa sobre ambientes de
deficiencias motoras. Adaptar uma loja varejo e pessoas com deficiencia visual,
para atender pessoas com um único Amaro et al. (2008) alertam para o fato
tipo de deficiencia nao é tornar essa loja de que esses indivíduos preferem lugares
acessível: para que haja acessibilidade, com pouco ruído e sem música ambiente,
é preciso que qualquer pessoa possa de forma a favorecer sua localizacáo e
ter acesso ao estabelecimento e a seus movimentacáo, pois os deficientes visuais
produtos e servicos (BAKER; STEPHENS; sao mais capazes de se guiar pelos sons
HlLL, 2002). Por sua influencia nos do que os videntes (DlAS; PERElRA,
resultados dos pontos de venda, o 2008). Ambientes muito cheios ou com
gerenciamento da arnbiéncia da loja tem mercadorias desarrumadas também sao
importancia estratégica para o varejo inadequados para deficientes visuais,
(GEARGEOURA; PARENTE, 2009; RAMOS; porque a principal diferenca cognitiva
MAZZA; COSTA, 2009). entre cegos e videntes diz respeito ao
Muitos aspectos das ofertas de bens e modo como eles se movimentam e sua
servicos no varejo devem ser modificados percepcáo do espaco (DAVID et al., 2009).
para atender plenamente os consumidores
O momento de pagar pelas compras
deficientes. Woodliffe (2004) chama traz inquietacóas para os consumidores
atencáo para a necessidade de se fornecer
com deficiencia visual, uma vez que essas
várias alternativas para os consumidores,
pessoas nao térn controle visual sobre
nao uma única oferta padronizada,
as cédulas que dáo e recebem de troce,
enquanto Kaufman (1995) defende que
bem como sobre o valor digitado no caso
se deve manter ofertas de bens e servicos
de pagamento com cartees de débito ou
que possam ser flexibilizadas para
crédito (AMARO et al., 2008).
atender a demandas especiais. Goulart
(2007) e Baker (2006) lembram que
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
também os shoppings centers precisam
ser modificados em vários aspectos para Para Turmusani (2004), pesquisas que
que se tornem acessíveis para as pessoas tenham como objetivo entender o que
com deficiencias. realmente é importante em produtos ou
Baker, Holland e Kaufman-Scarborough servicos para PcD devem utilizar métodos
(2007) asseveram que a inclusáo de PcD que pressuponham contato direto entre
em ambientes de varejo depende de o pesquisador e seus sujeitos. White
rnudancas no atendimento, no espaco (2002) acredita que um aspecto que
físico, no sortimento de produtos e mesmo torna importante esse contato pessoal
na postura dos demais consumidores. Em entre pesquisadores e pesquisados é a
estudo sobre a compra de roupas por necessidade de os próprios deficientes
mulheres com deficiencia física, Klerk validarem a relevancia do estudo.
e Ampousah (2002) destaca m que os Na concepcáo da presente pesquisa,
maiores problemas dizem respeito a falta foram ouvidas pessoas com deficiencia

R.Adm. FA CES [ournal Belo Horiz onte v.IO n.l p. II-31 janJmar.l0lL ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _
COMPOSTO PARA RESTA URANTES: A T ENDENDO CONSU MIDOR ES COM D EFICltNCIA VISUAL

visual e funcionários do Centro de Vida Dentre os métodos de coleta de


Independente (CVI-Rio), lnstítulcáo dados, optou-se por utilizar grupos de
que trabalha em prol de pessoas com foco, conforme recomendam Hartley e
diferentes tipos de deficiencia. Esses Muit (2003) para pesquisas com PcD. A
indivíduos validaram a relevancia do utilizacáo de grupos de foco mostrou-
problema e confirmaram o foco em se adequada para atingir os objetivos
da pesquisa, já que os sujeitos sao
restaurantes.
estimulados a refletir acerca de questóes
French e Swain (1997) e Oliver sobre as quais tem algum tipo de
(1997) defendem a chamada pesquisa conhecimento, mas para as quais nao
emancipatória em estudos com deficientes, e stáo totalmente conscientes (BILL;
a qual preconiza a ampla participacáo OLAISON, 2009). Para Stokes e Bergin
de PcD, desde a genese do estudo. (2006), esse método vem se mostrando
Pesquisas em Adrninistracáo parecem ir favorável em pesquisas em marketing.
em diracáo oposta, estudando questóes No que tange a quantidade de grupos
relativas a PcD sem que estas sequer a serem montados para que se possa
sejam tomadas como sujeitos de pesquisa cumprir a coleta de dados, Boody (2005)
(CARNEIRO; RIBEIRO, 2008; PRIDEAUX; propóe entre tres e cinco grupos focais,
ROULSTONE, 2009). O presente trabalho até que o moderador seja capaz de
antecipar o que será dito no grupo
contou com uma pessoa com deficiencia
seguinte, evidenciando a saturacáo
visual acompanhando todo o processo. A
repetitiva dos dados. Neste estudo, a
pesquisa também seguiu recornendacóes
saturacáo foi obtida com tres grupos
de académicos que defendem o uso de foco, que contaram com seis, sete e
de pesquisa qualitativa para estudar oito sujeitos portadores de deficiencia
que stóe s sobre PcD (COCKS, 2008; visual, o que corresponde ao número
HARTLEY; MUHIT, 2003), especifica mente de participantes defendido por Prince
com respeito a estudos sobre deficientes e Davies (2001). A TAB. 1 apresenta a
como consumidores (WOODLIFFE, 2004) . caracterizacáo da amostra da pesquisa.

. . R. Ad m. FA CES [ou rnal Eelo Horiz onte v.IO n. 1, p. 11-31 janJma r.1 011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 151 7-8900 (Imp ressa)
de foco Participante Idade Profissao Deficiencia visual
1 A. G. 45 Professora Conqénlta
1 A. B. 39 Empresário aos 23 anos
1 A. V. 43 Técnico administrativo aos 11 anos
1 D. S. 23 Estudante Conqénlta
1 E. R. 58 Professora aos 13 anos
1 M. R. 62 Professora Conqénlta
1 V. B. 34 Fisioterapeuta aos 28 anos
2 e. e. 65 Advogada aos 58 anos
2 M. H. 32 Conqénlta
2 M. S. 54 aos 3 anos
2 N. A. 31 Empresário aos 8 anos
2 P. e. S. 48 Técnico em Informática aos 40 anos
2 R. P. 41 Professor Conqénlta
2 V. V. 51 Professora e escritora aos 5 anos
2 V. S. 58 Professor aos 13 anos
3 e. M. 28 Estudante aos 11 anos
3 E. S. 31 aos 20 anos
3 F. D. 21 Estudante Conqénlta
3 M. L. 24 Estudante Conqénlta
3 O. G. 31 Professor aos 15 anos
3 P. B. 27 Conqénlta

dos da pesquisa.

thwait e Thompson (2000) alertam c1ássica; e (3) classificacáo de termos e


forma estereotipada com que os ideias (HUNTER, 2002).
licos térn retratado PcD dificulta a
Como principais l im it a có e s da
;ao de novas pesquisas, pois essas
s torna m-se resistentes e tendem pesquisa, registram-se as tradicionais
querer participar. Neste estudo, críticas feitas as técnicas qualitativas.
ou-s e essa resistencia: muitas A interpretacáo dos dados tende a ser
s chamadas para os grupos de foco subjetiva, e os resultados dos estudos
3m e até mesmo nao aceitaram nao pode m ser generalizados (S HAO,
lar da pesquisa. Todos os grupos 2002). No que diz respeito a grupos de
iveram suas interacóas registradas foco, uma das principais lirnitacóes é que
lio e posteriormente transcritas (cf. os participantes podem influenciar de tal
~ 2005). A análise das transcricóes maneira uns aos outros que se pode ter
tres procedimentos principais: (1) uma falsa sensacáo de consenso (BILL;
crítica; (2) análise de conteúdo OLAI50N,2009).

R. A dm. FA CES[ou rnal Belo Horiz onte v.IO n.l p.I I-31 janJmar.l0l L ISSN 1984 -6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _
COMPOSTO PARARESTAURANT ES: AT ENDENDO CONSUMIDORES COM OEFICltN CIA VISLLA..L

-
APRESENTAc;AO E DISCUSSAO DOS
- se os cegos usam. Nao usam, estou te
RESULTADOS DOS GRUPOS DE FOCO afirmando.

Posso "ve r" o cardápio?!?! - É muito incomodo ... inconveniente


De acordo com a leqislacáo vigente, os mesmo abrir um cardápio enorme na
restaurantes, hotéis, lanchonetes, bares mesa. Atrapalha todo mundo. É chato
e motéis do Estado do Rio de Janeiro sao principalmente em momentos de lazer.
obrigados a oferecer cardápios em Braille Os cardápios em Braille sao sempre
para atender a clientes com deficiencia enormes.
visual. Nos grupos de foco, alguns sujeitos
defenderam a adocáo de cardápios em - Além de nao serem práticos,
Braille, principalmente pela autonomia {cardápios} em Braille nao funcionam
por eles proporcionada. porque cada vez mais os cegos estáo
- Eu adoro poder chegar em um destreinados no Braille, entáo demora
restaurante e ver o que vou comer muito.
sozinho. Sem o cardápio em Braille,
Defendida por teóricos e praticantes,
isso seria impossível.
a acessibilidade pressupós autonomia
para as PcD (BAKER, 2006; BAKER,
- Émuito chato ter que pedir explícacóes
STEPHENS; HILL, 2002). Os resultados
pro qarcorn. Ninguém faz isso. Por que
desta pesquisa, porém, mostram que,
eu tenho que fazer?
em certos casos, pessoas com deficiencia
visual estáo dispostas a abrir rnáo da
- Antes de ter cardápio em Braille,
autonomia para ter menos trabalho na
eu pedia sempre as mesmas coisas ...
hora de escolher o que consumir nos
aquelas que eu já sabia que tinha.
restaurantes. Diante disso, fica clara
Agora posso variar.
a importancia dos qarcons receberem
treinamento para saber atender essas
- Cardápios em Braille facilitam
pessoas, como já havia sido apontado
bastante! É autonomia!
em estudos anteriores (HOGG; WILSON,
2004; KAUFMAN, 1995; KAUFMAN-
Observou-se, contudo, que nem todas
as pessoas utilizam cardápios em Braille, SCARBOROUGH, 1998).
geralmente em decorréncia da ausencia
- Se o qarcorn estiver bem treinado
de preces e da falta de praticidade.
nao precisa de cardápio em Braille: o
- Sabe o McDonald's? Já viu o cardápio qarcorn pode explicar os pratos.
em Braille de lá? É na parede. Eu sou
lagartixa? Nao parece, né? - Com o qarcorn falando, ele pode me
falar quais pratos sao mais adequados,
- o cardápio em Braille da maioria dos se algum vai ser muito difícil de comer.
restaurantes nao tem preco. De que O qarcorn tem que ser bem treinado.
vale um cardápio que nao tem preco? Uma vez eu fui a um restaurante que
Mas é lei, aí tem que ter, né? Pergunta o qarcorn me falou que eu nao podia

_ R.Adm. FA CES [ournal Eelo Horizonte v.IO n. 1, p. 11-31 janJmar.1011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
MARINA OlAS DE FA RIA . JORG E FERRE IRADA SILVA

pedir espaguete porque eu nao saberia ajuda dos qarcons, Se eu sei que em
comer. Puxa! Eu sou descendente de determinado restaurante nao vou ser
italianos. Porque nao saberia comer? bem atendido eu nem vou lá.
Porque sou cega?
- Atendimento é fundamental. Pior
Alguns participantes dos grupos de foco é que em alguns lugares os qarcons
sugeriram a alternativa de os cardápios sao treinados para me enganar.
serem registrados em áudio, de modo Por exemplo, eu gosto de cerveja
que as pessoas com deficiencia visual importada [ ... ] Eu vou nos lugares,
pudessem ouvir as opcóes disponíveis e
peco cerveja importada e o qarcorn
os preces de cada item. traz a mais barata que tiver. Tenta me
- Gravando seria ótimo: pode sempre enganar. É o cúmulo.
atualizar facilmente e sem custo
praticamente. E como pode atualizar, - Nao falta só treinamento para os
pode ter praco. q a rco n s nao. Falta humanidade.
Certa vez eu fui a um restaurante
- Aposto que, se tivesse a opcáo de e pedi indicacáo [ ... ] O qarcorn me
cardápio gravado, algumas pessoas sugeriu um filé de peixe [ ... ] Quando
que enxergam iam querer usar veio o peixe era espinha pura, eu nao
também. É bem mais prático. conseguia comer nenhuma garfada
sem engasgar. Primeiro pensei que
- Em uma situacáo de lazer, eu quero tinha sido despreparo dele, que nao
poder ter todas as inforrnacóe s e sabia que para um cego peixe com
espinha é mortal, mas depois o ouvi
decidir com calma. Para isso o cardápio
comentando com o outro qarcorn:
gravado é melhor.
- "Olha lá o ceguinho, vendi pra
Analisando os resultados dos grupos ele aquele peixe com espinha que
de foco foram criados tres níveis para o ninguém quer. Ele nem vai ver!"
atributo "cardápio": (a) em Braille; (b)
As duas últimas falas mostram que
com áudio; e (c) com o qarcorn falando.
parece subsistir em alguns restaurantes a
Será que alguém saberia me atender aqui? prática de tentar enganar PcD. Além dessa
O atendimento foi apontado por BABIN postura deplorável, falta treinamento para
et al. (2005) como uma importante que operadores de servico saibam atender
restricáo ao consumo de servicos de lazer. PcD, corroborando a literatura (HOGG;
Na presente pesquisa, os problemas que WILSON, 2004; KAUFMAN, 1995). O
treinamento foi apontado como solucáo
os deficientes visuais enfrentam com
atendimento em restaurantes mostraram- para problemas que acaba m dificultando
se recorrentes e mesmo capazes de e até impossibilitando que deficientes
visuais frequentem restaurantes.
impedir que essas pessoas frequentem
restaurantes.
- Falta treinamento. É só isso. Nao
- Se eu vou a um restaurante sozinho precisa adaptar nada, só treinar os
ou com outros cegos, eu preciso de qarcons,

R.Adm. FA CES [ournal Belo Horiz onte v.IO n.l p. II-31 janJmar.l0lL ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _
COMPOSTO PARARESTA URANTES: AT ENDENDO CONSU MIDORES COM DEFICltNCIA VISLLA..L

- Nós, deficientes visuais, temos muita se vou a um restaurante, penso se o


dificuldade para encontrar locais que clima de lá é bom.
tenham q arcoris que saibam nos
atender. Quando encontramos um
- Em momentos de lazer com meus
lugar com qarcons treinados, vamos
amigos o melhor é um restaurante
sempre lá.
com um ambiente bom. A comida nao
Observou-se igualmente que, para importa tanto.
os sujeitos da pesquisa, nem sempre
um bom atendimento está relacionado
- Se o ambiente é muito born, nem
a treinamento. Para alguns participantes
quero ir embora do restaurante. Vou
do estudo, o mais importante é que os
ficando... aí é mais um chopinho,
q arcons sejam empáticos e estejam
mais um.
dispostos a ajudar.
A pouca ilurninacéo apareceu nas falas
- O qarcorn nao precisa ser um boneco dos sujeitos como crucial para o ambiente
que decorou falas. Basta que seja do restaurante ser considerado agradável.
simpático e que saiba se virar na Ambientes muito iluminados tendem a ser
situacáo.
incómodos para pessoas com deficiencia
visual que percebem a luz. A importancia
- Boa vontade. A tal da empatia. É isso da iluminacáo em ambientes de varejo
que faz a diferencal também apareceu em pesquisas como a
de Carvalho e Motta (2000).
- Nao quero um robo. Quero alguém
simplesmente disposto a ajudar. - Eu sou deficiente visual, mas eu
percebo quando um ambiente é muito
A partir do exame dos resultados dos
iluminado. E isso me incomoda muito.
grupos de foco, o atributo "atendimento"
foi caracterizado em dois níveis: (a)
- Quando entro em um restaurante
qarcorn treinado; e (b) qarcorn empático.
muito iluminado, me incomoda muito,
Ambiente perfeito para mim: só quero nao consigo ficar. O ideal é que o
sossego! restaurante tenha pouca luz.
A literatura preconiza que os
consumidores privilegiam restaurantes - Meia luz ... é assim que se fala? Sim,
com ambientes agradáveis, que tenham é disso que eu gosto ambientes com
iluminacáo e música adequadas as suas pouca luz. Se possível, nenhuma.
preferencias (BABIN et et., 2005). Os
grupos de foco apontaram que as pessoas A arnbiéncia é fundamental para os
com deficiencia visual tendem a valorizar deficientes visuais, principalmente no
a arnbiéncia, em alguns até mais do que que se refere a intensidade ideal de luz
a comida oferecida. e som em restaurantes. Além da pouca
iluminacáo, os participantes dos grupos
- O lugar tem ser agradável. Boa de foco disseram que preferem um
música, bom astral. Quando eu penso ambiente que nao tenha música alta, poi s

_ R.Adm. FA CES [ournal Eelo Horizonte v.IO n. 1, p. 11-31 janJmar.101 1. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 151 7-8900 (Impressa)
I'v1ARINA.. OlAS DE FARIA. JO RGE FE RRE IRADASI LVA

a sonoridad e excessiva tende a dificultar - Eu tava entrando em um restaurante


as conversas. [ ... ] usando a minha bengala, mas o
pé da mesa era para dentro. Entáo
- Quando vou ao restaurante com os
quando vi já estava espetado no bico
meus amigos e amigas quero poder da mesa. O qarcorn ainda falou: "Puxa
conversar, e com uma música muito
o senhor nao viu a mesa, eu já disse
alta é muito complicado.
que essas mesas nao podiam ser de
vid ro" [ ... ] Me machuco e ainda tenho
- Para a gente, é muito ruim, porque que ouvir essa.
quando um grupo de pessoas com
deficiencia visual está conversando
nao temos o contato visual, só temos - Um problema de a mesa ter o pé
o somo central é que, em geral, esse tipo de
pé é em formato de X. Aí o cáo-quia
nao consegue ficar embaixo da mesa.
- Nao quero ter que gritar para me
comunicar. Quem quer? Acho que A insatisfacáo com os bicos e com
ninguém. o fato dos pés nao serem a parte mais
externa da mesa apareceu em todos os
Em consonancia com a recornendacáo
grupos de foco, e foi compartilhada por
de que os níveis de um mesmo atributo
todos os participantes. O formato ideal
nao devem ser muito extremos (cf. HAIR
da mesa, porém, nao foi unanimidade:
et al., 2006), o atributo "arnbiéncia" -
alguns disseram que a mesa retangular
que diz respeito a intensidade ideal de
com pontas arredondadas é melhor
luz e som em restaurantes - recebeu dois
porque fica mais fácil para saber onde
níveis: (a) com pouca luz e som; e (b)
estáo os pratos, talheres, copos e até
com luz e som normais.
mesmo as outras pessoas sentadas a
Sobre mesas quadradas e redondas ... mesa.

Durante as discussóes nos grupos - Mesas retangulares sao ótimas. Térn


de foco, fez-se presente um atributo que ter ponta arredondada, é claro.
que ainda nao havia sido destacado É mais fácil para localizar onde estáo
pela revisáo de literatura: o formato as coisas.
das mesas. Esse atributo mostrou-se de
extrema importancia para as pessoas com - Na mesa retangular eu sei melhor
deficiencia visual. Mesas com pontas e onde está cada um dos meus amigos.
com pé central foram apontadas como É muito melhor para a localizacáo.
um problema, por causarem acidentes Melhor para conversar.
com frequéncia.
- Várias vezes sentei em mesas
- Quer matar uma pessoa com redondas e ovais e quando fui colocar
deficiencia visual? Coloque mesas o copo na mesa ele caiu. É difícil se
com bicos. Eu mesma já me acidentei nortear em mesas nao retangulares
várias vezes. ou quadradas.

R. A dm. FA CES[ou rnal Belo Horiz onte v.IO n.l p.I I-31 janJ mar.l 0 lL ISSN 1984 -6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _
COMPOSTO PARA RESTAURANTES: ATEND ENDOCONSUMIDORESCOMOEFICltN CIA VISUAL

Mesmo com as vantagens das mesas o qarcorn e depois descubro que ele
retangulares, alguns sujeitos disseram estava na cozinha, ou seja, nunca iria
preferir mesas redondas, pois nelas seria me escutar. E eu ainda passo por mal
mais fácil conversar, principalmente em educado.
grupos grandes.

- Sei que as mesas quadradas térn - Eu berro mesmo. Nao sei onde ele
vantagens, mas quando vou a um está. Tenho que berrar, mas é chato ...
restaurante com amigos o mais sei que fica todo mundo me olhando.
importante é conversar e para isso o
melhor é mesa redonda. Todo mundo Para tentar minimizar esse problema,
fica pertinho. algumas pessoas disseram que poderia
existir um sistema de campainha, cujo
mecanismo seria simples: por meio de
- A gente nao tem o con tato visual.
um botáo na mesa a pessoa acionaria
Para conversar precisamos escutar
o qarcorn. Os participantes da pesquisa
muito bem uns aos outros.
disseram que nunca viram esse sistema
no Brasil, e alguns declaram que, quando
- Com mesas retangulares quem fica váo a restaurantes, levam sua própria
em uma ponta nao ouve quem está campainha.
na outra, por isso prefi ro a redonda.
- Eu penava para chamar o qarcorn,
Os grupos de foco mostraram que Criei o meu próprio sistema. Tenho
o "formato da mesa" é relevante para uma campainha. Quando chego,
pessoas com deficiencia visual, e o coloco no bolso do qarcorn.
atributo correspondente recebeu os
níveis: (a) redonda; (b) retangular. - Muitas vezes as pessoas pensam em
Garcornl Pode vir aqui? Garcorn ...
solucóes sofisticadas, que custam os
olhos da cara. Tudo que precisamos
Uma raclarnacáo recorrente entre é de coisas simples. Um botáo. Um
os participantes dos grupos de foco fez sinal sonoro.
rnencáo a dificuldade de chamar o qarcorn,
o que é muito prejudicial para o consumo A campainha teve grande aceitacso
dessas pessoas nos restaurantes, já que entre os participantes. Alguns sujeitos,
tais clientes ficam impossibilitados de porém, julgam nao ser necessária a
fazer seus pedidos. Muitos deficientes existencia da campainha desde que haja
visuais nao conseguem perceber quando no restaurante algum funcionário que
há um qarcorn por perto, e alguns se fique atento as suas necessidades.
queixaram do constrangimento de ter
que chamar o qarcorn sem saber onde - Gosto da ideia do b o tá o, mas
ele está. acho que ainda estamos longe de os
restaurantes quererem fazer isso.
- É constrangedor. Quando eu quero Basta que alguém no restaurante fique
chamar o qarcorn, eu tenho que ficar atento a mesas que tenham pessoas
em pé. Muitas vezes corneco a chamar com deficiencia visual.

_ R.Adm. FACES [ournal Eelo Horizonte v.IO n. 1, p. 11-31 janJmar.101 1. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 151 7-8900 (Imp ressa)
MA RINA OlAS DE FA RIA. JO RG E FERREIRA DA SILVA

- Boa vontade e um pouco de atencáo, - Vamos combinar que nós, deficientes


Só isso. O qarcorn que atende uma visuais, temos dificuldade na hora de
mesa com pessoas com deficiencia comer. Se o restaurante fica vazio
visual tem que ficar atento. Nao pode quando estou comendo, sei que todo
se afastar por muito tempo. Em geral, mundo está me olhando e [vendo]
o qarcorn some! minha comida cair do prato.

A dificuldade para chamar o qarcorn Por meio das falas apresentadas,


mostrou-se muito relevante e na presente é possível perceber que pessoas com
pesquisa corresponde ao atributo "acesso deficiencia visual em geral preferem
ao qarcorn", que recebeu os níveis: (a) locais cheios simplesmente porque ficam
com botáo para chamar o qarcorn; e camufladas. Essa necessidade de se
(b) presteza de algum funcionário. Vale ocultar talvez advenha da dificuldade
ressaltar que a nomenclatura dada a esse que a populacáo tem em lidar com PcD.
atributo nada tem a ver com o conceito Cabe ressaltar que, para alguns sujeitos,
mais amplo de acessibilidade. os restaurantes mais vazios também
térn suas vantagens, como a facilidade
Tem gente demais aqui! Melhor assim?!?!?
de locornocáo e a possibilidade de se
Diversos estudos a c a d é mi c o s conversar mais confortavelmente, sem a
focados em restaurantes investigam a preocupacáo com o ruído excessivo.
influencia do nível de ocupacáo desses
estabelecimentos na satisf'acáo dos - Quando eu vou a restaurantes
clientes (EROGLU; MACHLEIT, 1990; TSE, cheios sempre topo com umas dez
SIN; YIM, 2002). A avaliacáo feita por pessoas até chegar a mesa. Um saco!
uma pessoa do nível de ocupacáo de um Restaurantes vazios sao em geral mais
restaurante depende de características acessíveis.
sócio-culturais do consumidor (KIM;
WEN; DOH, 2009). Nos grupos de foco, - Quando o restaurante está muito
alguns sujeitos com deficiencia visual cheio, é impossível conversar... nao
disseram que preferem restaurantes fazemos leitura labial [ ... ] obviamente
cheios, tendo por justificativa a ideia de [ ... ] precisamos do somo
que, em locais vazios, os outros clientes
Diante desse cenário de vantagens
tendem a observar mais as pessoas com
e desvantagens, o atributo "nível de
algum tipo de deficiencia.
ocup acáo" recebeu dois níveis: (a)
- Quando o restaurante está cheio restaurantes cheios; e (b) restaurantes
eu passo despercebido. Quando está vazios. É importante frisar que nao
vazio eu entro e logo já escuto alguém existiu neste estudo a definicso sobre
comentando: "Olha lá o ceguinho!". o nível de ocupacáo que caracterizaria
Nao é só em restaurantes. Em qualquer um restaurante como cheio. Esse
lugar vazio, a pessoa com deficiencia critério dependeu da percepcáo de cada
vira um evento. participante da pesquisa.

R. A dm. FA CES[ou rnal Belo Horiz onte v.IO n.l p.I I-31 janJ mar.l 0 lL ISSN 1984 -6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _
COM POST O PARA RESTA URANTES:A T END ENDO CONSUMI DOR ES COM DEFICltNCIA VISUAL

No shopping ou na rua? - Se peco para alguém me levar de


carro em um restaurante tenho que
A importancia atribuída pelos
ter certeza de que a pessoa vai ter
consumidores para a localizacáo dos
onde estacionar.
estabelecimentos comerciais foi destacada
por Solomon (2008), dentre outros
- Ssquranca. Isso é muito importante
académicos, Salazar e Farias (2006), por
para nós, pessoas com deficiencia. Em
exemplo, discorrem sobre a importancia
restaurantes que ficam em shoppings
da localizacáo para restaurantes. Na
a ssquranca é maior.
presente pesquisa, foi possível perceber
que a localízacáo dos restaurantes é A despeito das vantagens dos
importante para PcD, principalmente restaurantes de shoppings para pessoas
porque essas pessoas enfrentam muitas com deficiencia visual, alguns dos
dificuldades de locornocáo. participantes da pesquisa afirmaram
preferir restaurantes fora de shoppings.
- Mesmo para momentos de lazer eu
A justificativa para essa preferencia é
sempre escolho restaurantes perto da
a falta de acessibilidade no interior dos
minha casa, que eu possa ir a pé [ ... ]
shoppings, que já tinha sido apontada
Ir de ónibus para qualquer lugar é um
pela literatura (BAKER, 2006; BAKER;
parto. Entáo, se estou indo em um
STEPHENS; HILL, 2002).
lugar para me divertir, nao quero ter
que passar pelo estresse que é andar - Se eu vou a um restaurante, já tenho
de ónibus, que conviver com os problemas de
acessibilidade do próprio restaurante.
- Melhor restaurante para ir em Imagina se, além disso, eu tiver que
momentos de lazer? O da esquina da me preocupar com acessibilidade do
shopping. Prefiro restaurante de rua.
minha casa. Aí posso ir sozinha sem
depender de ninguém.
- A ideia é: "quanto menos barreiras,
melhor". Prefiro restaurantes na rua.
- Para n ós, pessoas com deficiencia
visual, a dificuldade de locornocáo é O atributo "localizacáo" mostrou-se
um problema muito sério. Por isso, relevante na escolha de um restaurante
quando me pedem para escolher um pelas pessoas com deficiencia visual,
restaurante, escolho um que sei que tendo sido caracterizado por meio dos
é fácil de chegar. níveis: (a) restaurante em shoppings; e
(b) restaurantes na rua.
Para alguns sujeitos, as melhores
opcóes de restaurante estáo localizadas Eu vim aqui só para comer! E a comida?
nos shoppings centers. A facilidade de ir Muitos estudos apontam a importancia
de carro para shoppings por causa dos de diversos outros aspectos em
estacionamentos, bem como a maior restaurantes que nao a comida (PAULA;
sequranca sao as principais vantagens DENCKER; POHL; BOLLINI; FAJARDO,
com relacáo a restaurantes de rua. 2009). Todavia, para um restaurante

l1li R. Ad m. FA CES [ou rnal Eelo Horizonte v.I O n. 1, p. 11-31 janJ mar.10 11. ISSN 1984-69 75 (onli ne). ISSN 1517-890 0 (Imp ressa)
MA.RINA OlAS DE FA RIA. JORGE FERREIRA DA SILVA

atrair consumidores a comida deve ter boa A arrurnacáo seguindo a lógica do relógio
qualidade (K1VELA, 1997). Nos grupos de parece ser a preferida pelas pessoas com
foco, a qualidade da comida apareceu deficiencia visual.
como um atributo muito valorizado.
- Quero saber o que vou comer a cada
Pode-se notar, porém, que para pessoas
garfada. Se a comida nao é arrumada,
com deficiencia visual a padronizacáo
separadinha, eu nao sei o que vou
dos ingredientes que compóern os pratos
comer quando ponho o garfo na boca.
parece ser um item inerente a qualidade
da comida.
- Para nós cegos é comum arrumacáo
- Claro que a comida tem que ser boa, seguindo o relógio. Assim, o qarcorn
de boa qualidade. Na minha opiniáo. pode falar que o arroz está em tres
a comida tem que ser padronizada. horas, a batata em dez horas [ ... ] e
Sempre igual. assim por diante. Isso dá autonomia
para as pessoas com deficiencia visual.
- O lance da comida padronizada [ ... ].
Examinando as falas dos sujeitos,
É o seguinte, se eu como uma coisa
foi possível notar que a experiencia
uma vez no restaurante e, na segunda
com a comida propriamente dita está
vez, o mesmo prato mudou alguma
relacionada a autonomia: é importante
coisa só vou saber quando comer... e
que os pratos dos restaurantes sejam
quem disse que vou gostar?
apresentados de tal maneira que os
deficientes visuais consiga m comer
- Eu odeio salsinha. Entáo vou a um sozinhos. O atributo "comida" recebeu os
restaurante e peco um prato. Adoro! níveis: (a) padronizada; e (b) arrumada
Aí volto no restaurante e... surpresa! como relógio.
Salsinha. Resolveram mudar o prato
e colocar salsinha. E como sou cego, -
CONCLUSOES E SUGESTOES PARAPESQUISAS
-
acabo comendo a droga da salsinha. FUTURAS

Outro aspecto apontado como A presente pesquisa teve por objetivo


importante no que diz respeito ao atributo identificar os atributos e níveis mais
comida é a arrumacáo dos alimentos importantes relativos a experiencia de
dentro dos pratos. Nos depoimentos, foi consumo por pessoas com deficiencia
possível perceber que, para as pessoas visual em restaurantes da cidade do
com deficiencia visual, é fundamental que Rio de Janeiro em ocasióes de lazer. Os
o prato seja arrumado obedecendo a uma resultados dos grupos de foco apontaram
lógica por meio da qual eles saibam de para oito atributos, cada um com dois ou
que estáo se servindo em cada garfada. tres níveis, conforme mostra a TAB. 2.

R. A dm. FA CES[ou rnal Belo Horiz onte v.IO n.l p.I I-31 janJ mar.l 0 lL ISSN 1984 -6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _
COMPOSTO PA RA RESTA URANTES:A T ENDENDO CONSUM ID ORES COM DEFICltNCIA VISUA L

TABELA 2
Atributos e níveis selecionados por meio da análise dos grupos de foco

Atributo Primeiro Nível Segundo Nível Ierceíro Nível


Cardápio Em Braille Com áudio Verbal
Atend imento Gare:;om empático Gare:;om treinado
Arnbíéncía Com pouca luz e som Luz e som normais
Formato da mesa Redonda Retangular
Acesso ao gare:;om Botáo para chamar o gare:;om Presteza de algum funcionário
Nível de ocupacao Restaurante cheio Restaurante vazio
Local Em shoppings Na rua
Comida arrumada como
Comida Pratos padronizados
relógio

Fonte: Dados da pesquisa.

Os atributos "atendimento" e "acesso o alerta de que, para restaurantes, parece


ao garc:;om" reafirmam a importancia dos haver um segmento de consumidores
operadores de servic:;os para PcD (BABIN et que nao está sendo satisfatoriamente
al., 2005; BAKER; HOLLAND; KAUFMAN- atendido. Os resultados indicam que
SCARBOROUGH, 2007). Restaurantes muita coisa precisa ser modificada nesses
que investem em treinamento para seus estabelecimentos para que eles possam
atendentes e em acessibilidade parecem reunir os atributos valorizados por
poder fidelizar os consumidores com pessoas com deficiencia visual. Por outro
deficiencia visual, conforme apareceu nas lado, os investimentos em tais mudanc:;as
discussóes nos grupos de foco: "Quando seriam respaldados pela psrcepcáo de
eu vou a um restaurante e sou bem que as pessoas com deficiencia visual sao
servida, volto sempre." E "Para nós é consumidores potenciais de restaurantes,
difícil encontrar um restaurante que seja os quais muitas vezes sao procurados por
acessível. Quando encontramos vamos falta de outras opcóes de lazer: "Como
sempre nele." Além do fator atendimento, para nós é muito difícil ir a qualquer
as adaptacóes requeridas parecem ser de lugar, acaba que os restaurantes sao
implernentacso simples, como o "Botéo uma boa opcño de tezer". Ademais, certas
para chamar o qercom". mudanc:;as em termos de acessibilidade
A exemplo de Carvalho-Freitas, poderiam mesmo agradar pessoas sem
Suzano e Almeida (2008), que estudaram deficiencias: "Ter a campainha seria bom
a inclusáo de PcD como clientes em até para que quem nao é cego. É chato
servic:;os, apurando graves problemas no para todo mundo ter que ficar catando o
setor hoteleiro, a presente pesquisa traz qercorn"; "Ninguém quer falar berrando

I!EI R. Ad m. FA CES [ou rnal Eelo Horizonte v.IO n. 1, p. 11-31 janJ mar.10 11. ISSN 1984-69 75 (onli ne). ISSN 1517-890 0 (Imp ressa)
MARINA OlAS DE FA RIA. JORGE FERREIRA DA SILVA

porque a mus/ca está alta. 1550 nao é em pesquisas futuras, com o objetivo de
porque sou ceqo". determinar a importancia relativa que as
A pesquisa apontou também que pessoas com deficiencia visual dáo aos
as rnudancas necessárias para que atributos do servico de restaurantes em
ocorra a inclusáo de PcD nao podem se momentos de lazer, e a utilidade associada,
restringir a estabelecimentos comerciais: por tais consumidores, aos níveis desses
atributos. Outra possibilidade de estudo
é necessário que a sociedade mude e
diz respeito a investiqacáo da existencia
esteja preparada para a inclusáo. Essa
de segmentos de pessoas com deficiencia
questáo ficou evidente nos depoimentos
visual de acordo com os fatores que
de sujeitos que confessaram ter vergonha
consideram mais importantes no consumo
de frequentar restaurantes porque outros
em restaurantes em momentos de lazer.
clientes ficam comentando sobre o modo
Adicionalmente, poderáo ser realizadas
como deficientes visuais comem. Essa
pesquisas, com o foco em restaurantes,
discussáo leva naturalmente a proposicáo
envolvendo pessoas com outros tipos
de que a inclusáo de PcD em atividades de
de deficiencia, bem como estudos com
consumo e participacáo social possa ser deficientes visuais em momentos nos
mediada por outros atores organizacionais quais nao seja dada prioridade ao lazer.
e institucionais, como o Estado. Há também a possibilidade de focar em
Os atributos e níveis encontrados na atributos valorizados por deficientes
presente pesquisa poderáo ser utilizados visuais em outros servicos, e
REFERENCIAS _

ALLEN, R.; MONTGOMERY, K. D. Avaliacáo de acessibilidade na study. Journal of Service


Applying an organizational web: estudo comparativo entre Marketing, [S. l.l. v. 21, n. 3, p.
development approach to métodos de avaliacáo com a 160-173,2007.
creating diversity. Organizational participacáo de deficientes visuais. BAKER, S.; STEPH ENS, D.; HILL,
Dynamics, ts. l.l. v. 30, n. 2, p. 149- In: ENCONTRO DA ASSOCIA~AO R. How can retailers enhance
161,2001. NACIONAL DE PÓS-GRADUA~AO accessibility: giving consumers
AMARO, L.; MEIRA, p.; CAMARGO, EPESQUISA EM ADMINISTRA~AO, with visual impairments a voice
S.; SLONGO, L. Em que posso 33., 2009, Rio de Janeiro. Anais... in the marketplace. Journal
ajudar?O varejo e os portadores de Rio de Janeiro: AN PAD, 2009. of Retailing and Consumer
deficiencia visual. In: ENCONTRO BAKER, S. Consumer normalcy:
Services, [S. u
v. 9, p. 227-239,
2002.
DE MARKETING DA ANPAD, 3., Understanding the value of
2008, Curitiba. Anais... Rio de shopping through narratives of BARBOSA, M.; FARIAS, S.; KOVACS,
Janeiro: AN PAD, 2008. consumers with visual impairments. M. Entre a fome e a vontade
de comer: os significados da
BABIN, B.; LEE, Y.; KIM, E.; Journal of Retailing, [S. l.l. v. 82,
experiencia de consumo em
GRIFFIN, M. Modeling consumer n.1, p. 37-S0, 2006.
restaurantes. In: ENCONTRO DE
satisfaction and word-of-mouth: BAKER , S.; HOLLAND, J.; MARKETING DA ANPAD, 3.,2008,
restaurant patronage in Korea. KAUFMAN-SCARBOROUGH, C. Curitiba. Anais... Rio de Janeiro:
Journal of Services Marketing, How consumers with disabilities ANPAD,2008.
[S. l.], v.19, n.3, p.133-139, 200S. perceive "welcome" in retail BILL, F.; OLAISON, L. The indirect
BACH, e, FERREIRA, S.; SILVEIRA, servicescapes: a critical incident approach of semi-focused groups:

R. A dm. FA CESIoumal Belo Horiz onte v.IO n. I p. I I-31 janJ mar. l 0 11. ISSN 1984 -6975 (onli ne). ISSN 1517-8900 (Impressa) _
COMPOSTO PARA RESTAURANTES: ATENDENDO CONSU MIDORES COMDEFICl tNCIA VISLLA..L

expanding focus group research CARVALHO-FREITAS, M.; SUZANO, DIAS, T.; PEREIRA, L. Habilidade
through role-playing. Qualitative J.; ALMEIDA, L. Atitudes dos de localizacáo e lateralizacáo
Research in Organizations and gestores no setor de servicos sonora em deficientes visuais.
Management, [S. l.], v. 4, n. 1, p. frente á insercáo de pessoas Revista da Sociedade Brasileira
7-26,2009. com deficiencia como clientes de Fonoaudiologia, [S. l.], v.B, n.
BODDY, C. A rose by any other potenciais. In: ENCONTRO DA 4, p. 3S2-3S6, 2008.
name may smell as sweet but ASSOCIA~AO NACIONAL DE PÓS- DURAO, A.; MENDON~A, J.;
"group discussion" is not another GRADUA~AO E PESQUISA EM BARBOSA, M. Encontros de
name for a "focus group" nor ADMINISTRA~AO, 32., 2008, Rio servicos de hospitalidade: o
should it be. Qualitative Market de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: gerencia mento de impress6es de
Research, [S. l.l. v. 8, n. 3, 200S. p. AN PAD, 2008. funcionários de linha de frente e
248-2SS. CHANG, J.; HSIEH, A. Leisure a satisfacáo do hóspede em foco.
BRAITHWAIT, D.; THOMPSON, T. motives of eating out in night Turismo - Visao e A~ao, [S. l.], v.
Handbook of communication markets. Journal of Business 9, n. 3, p. 289-304, set./dez. 2007.
and people with disability: Research, [S. u
v. S9, p. 1276- EROGLU, S.; MACHLEIT, K. An
Research and applica tion . 1278, Nov.2006. empirical study of retail crowding:
Lawrence Erlbaum Associates:
CHEIBUB, B. Turismo social, lazer antecedents and consequences.
New Jersey, 2000.
e inclusáo: interfaces e reflex6es Journal of Retailing, [S. l.], v. 66,
BURNETT, J.; BAKER, H. Assessing a partir de um estudo crítico do n. 2, p. 201-221,1990.
the travel-related behaviors of projeto turismo jovem cidadáo FARIA, M.; FERREIRA, D.,
the mobility-disabled consumer. (SESC-RJ). In: SEMINÁRIO LAZER CARVALHO, J. Diretrizes
Journal of Travel Research, [S. EM DEBATE, 9., 2008, Sao Paulo. Es traté qic as para Empresas
l.], v.40, n. 4, p. 4-11, Aug. 2001. Anais... Sao Paulo: USp, 2008. Prestadoras de Servicos de Lazer
CAVALCANTE, F.; GOLDSON, E. COCKS, A. Researching the lives of Extra- Domestico Orientadas
Cidade acessível: igualdade e disabled children: the process of para Consumidores Portadores
singularidade da deficiencia visual. participant observation in seeking de Deficiencias. In: SIMPÓSIO
Revista de Ciencia e Saúde inclusivity. Qualitative Social DE EXCELENCIA EM GESTAO E
Coletiva, [S. uv.14, n.1, p. 4-S, Work, [S. l.], v. 7, p. 163-181,2008. TECNOLOGIA, 6., 2009, Resende.
2009. Anais... Resende: AEDB, 2009.
CORREA, P. Acessibilidade:
CARNEIRO, R; RIBEIRO, M. A conceito e formas de garantia. FERLA, D.; FONSECA, M. Os
inclusáo indesejada: as empresas Revista Brasileira de Educa~ao Benefícios Funcionaise Simbólicos
brasileiras em face da lei de cotas Especial, [S. l.], v. lS, n. 1, p. 171- dos Tenis de Marca Percebidos
para pessoas com deficiencia. In: 172, jan./abr. 2009. Pelos Jovens Consumidores. In:
ENCONTRO DA ASSOCIA~AO ENCONTRO DE MARKETING DA
NACIONAL DE PÓS-GRADUA~AO CORTIMIGLIA, M.; PEREIRA, R.;
MACADAR, B.; DINATO, M. O AN PAD, 3., 2008 Curitiba. Anais...
EPESQUISA EM ADMINISTRA~AO, Rio de Janeiro: AN PAD, 2008.
32., 2008, Rio de Janeiro. Anais... impacto do tipo de relacionamento
Rio de Janeiro: AN PAD, 2008. na lealdade do consumidor em um FERREIRA, S.; CHAUVEL, M.;
contexto de falhas de servíco: um FERREIRA, M. E-acessibilidade:
CARTILHA. ACESSIBILIDADE
estudo experimental no Brasil. tornando visível o invisível.
PARA TODOS: UMA CARTILHA
In: ENCONTRO DA ASSOCIA~AO Revista Eletronica em Ciencias
DE ORIENTA~AO. Rio de Janeiro,
RJ: ALERJ/ Assembleia Legislativa
NACIONAL DE PÓS-GRADUA~AO Humanas, [S. uv. 6, n.10, 2007.
EPESQUISA EM ADMINISTRA~AO, FRENCH, S.; SWAIN, J. Changing
do Estado do Rio de Janeiro.
27., 2003, Atibaia. Anais... Rio de Disability Research: Participating
Cornissáo de Defesa da Pessoa
Janeiro: AN PAD, 2003. and Emancipatory Research with
com Deficiencia, 200S.
DaMATTA, R. A coluna da Disabled People. Physiotherapy,
CARVALHO, J.; MOlTA, P.
Iluminando Cenários de Servicos: Olimpíada. O Globo, Rio de [S. l.], v. 86, n.1, p. 26-36, 1997.
Um Exame das Funcóes da Luz Janeiro, p. 9, 7 out. 2009. GEARGEOURA, L.; PARENTE, J.
nas "Horas da Verdade". In: DAVID, J.; GURGEL, v: ANTUNES, Arnbiéncia de loja e estrategia
ENCONTRO DA ASSOCIA~AO X.; KASTRUp, V. Cidade acessível: mercadológica no varejo: um
NACIONAL DE PÓS-GRADUA~AO igualdade e singularidade da modelo teórico consolidado. In:
EPESQUISA EM ADMINISTRA~AO, deficiencia visual. Fractal:Revista ENCONTRO DA ASSOCIA~AO
24., 2000, Florianópolis. Anais... de Psicologia, [S. l.l. v. 21, p. 197- NACIONAL DE PÓS-GRADUA~AO
Rio de Janeiro: AN PAD, 2000. 198,2009. EPESQUISA EM ADMINISTRA~AO,
MA.RINA OlASDE FARJA . ¡ORGE FERREIPA DA SILVA

33., 2009, Sao PauJo. Anais... Rio Marketing, [S. l.l. V. 12, n. 3, p. ENCONTRO DE MARKETING DA
de Janeiro: AN PAD, 2009. 39-55, 1995. ANPAD, 3., 2008, Curitiba. Anais...
GOU LART, R. As viagens e o KAU FM A N- SCA RBO ROU G H, Rio de Janeiro: ANPAD, 2008.
turismo pelas lentes do deficie nte e. Retailers' perceptions of the LOEB, M .; EIDE, A.; MON T, D.
físico p raticante do esparte Americans w it h Disabilit ies Act: Approaching the measu rement
adaptado: um estudo de caso. sug gestions fo r low -cost, hig h of d isability prevalence: The case
2007.116 f. Dissertacáo (Mestrado impact accomm odations far of Zambia. European Journal of
em Turismo) - Universidade de d isabled shoppe rs. Journal of Disability Research, [S. l.L V. 2, p.
Caxias do Sul 2007. Consumer Marketing, [5. 1.], v. 15, 32-43, 2008.
HAIR, J.; BLACK, B.; BABIM, B.; n. 2, p. 94-110, 1998. MA RTI N EZ, V.; FRA N<;A, A .
A NDERSO N, R.; TATHA M , R. KA U FMA N -SCA RBO ROUG H, d iversidade e soc ializac áo nas
Multivariate Data Analysis, 6. ed. C ; BAKER, S. Do peop le w it h o rqan izac óas: a inc lus áo e a
New Jersey: Prentice-Hall, 2006. disabi lities believe the ADA has per m anenci a de pessoas com
HARTLEV, S.; MUHIT, M. Using served their consumer interests. deficiencia . In: ENCO NTRO DA
qua litative research methods far The Journal of Consumers ASSOCIA<;Ao NACIONAL DE
disa bi lity research in majarity Affairs, [S. tl. V. 39, n. 1, p. 1-26, PÓS-GRADUA<;Ao E PESQUISA
wo rld co unt ries. Asia Pacific 2005. EM ADM INISTRA<;Ao, 33., 2009,
Disability Rehabilitation Joumal, Sao Paulo. Ana is••• Rio de Janeiro:
KIM, D.; WEN, L.; DOH, K. Does ANPAD,2009.
[S. l.], v. 14, n. 2, p. 103-114, Cu ltu ral Diffe rence Affect
Custom er 's Response i n a McKERCH ER, B.; PAC KER, T.; LAM,
2003.
Crowded Restaurant Environment? P Travel agents as facilitato rs or
HIRSCHMAN, E.; HOLBROOK, M. inhibi tors of travel: perceptions of
A Comparison of American Versus
Journal of Marketing, [S. l.l. v.46, peopl e with disabilit ies. Tourism
n. 3, p.92-101, 1982. Chinese Customers. Journal of
Hospitality; Tourism Research, Management, [5.1.], V. 24, p. 465-
HOGG, G.; WILSON, E. Does he take [5.1.], V. 20, n.10, p.l-21, 2009. 474, 2003.
suga r? The d isabled consumer MEIRA, P; AMARO, L.; ALMEIDA,
KN ELA, J. Restaurant marketing :
and ide nt ity. British Academy
selectio n and seg mentatio n in e. Ouvindo a voz do mercado: o
of Management Conference varejo e 05 cli entes po rtado res
Proceedings . St. A nd rews, Hong Kong.l ntern at ional Journal
de defic iencia auditiva. Revista
Scotland: [5. n.], 2004. of Contemporary Hospitality
Gestao Organ izacional, [S. l.l. V.
Management, [S. l.], V. 9, n. 3, p.
HUNTER, G. QuaJitative interview : 2, n. 1, p. 77-86, 2009.
116-123, 1997.
the long interview technique and MOSCHIS, G .; CURASI, C ;
laddering. European Conference KLERK, H.; AMPOUSA H, L. The
BELLENG ER, D. Restaura nt-
on Research Methodology for physically disabled South African
selection Preferences of Mat ure
Bus iness and Management fema le consumer's prob lems in
Consumers. Cornell Hotel and
Stud ies Proceedings. Reading, purchasing c1othing.l nternat io nal Restaurant Administration
United Kingdom: [5. n.], 2002. Journal of Consumer Studies, [S. Quarterly, [S. l.], V. 44, 2003.
IBG E (Instituto Bras i le iro de
u v. 26, n. 2, p. 93-101, 2002.
OUVER, M. Emancipatory Research:
Geog rafia e Estatistica). CENSO KOO, L.; TAO, F.; VEUN G, J. Realistic goal or impossi ble dream?
DEMOGRÁFICO 2000. Disponive l Prefe rent ia l segmentat ion of In: BARNES, e, MERCE R, G. (Ed.).
em : < http :/ / www .ibge.gov.b r/ rest aurant att ributes through Doing Disability Research. Leeds:
home/estatistica /popu lacao / conjoint analysis. International The Disa bility Press, 1997. p.15-31.
cens02000 /popu Jac ao / Journal of Contemporary
cens02000_popu lacao.pdf > . Hospitality Management, [S. u PAULA , N .; DENC KER, A .
Uma re fe i ~ a o inesqueci ve l!:
Acesso em: 11 mar. 2010. V. 11, n. 5, p. 242-250, 1999.
Contribuic áo para a interpretacáo
JONES, P; COMFORT, D.; HILUER, D. LAG ES, S.; MARTINS, R. Turismo sob re o consumo em restaurantes,
What'5 in store? Retail marketing inclusi vo : a im portancia da sob a perspectiva sociológica. In:
and corporate social responsibility. capacitac áo do profissiona l de ENCON TRO DA ASSOCIA<;Ao
Marketing Intelligence and t u ri sm o para o atendimen to NACIONAL DEPÓS-GRADUA<;Ao
Planning, [S. u V. 25, n. 1, p. 17- ao defici ente auditivo. Esta~ao EPESQUISA EM ADMINISTRA<;Ao,
30, 2007. Científica, [S. u
n. 3, 2006. 30., 2006, Salvador. Anais ... Rio de
KAU FMAN, e. Shop 't il yo u dro p: LIMA,!.; GOSLING, M.; MATOS, E. Janeiro: AN PAD, 2006.
tales from a physically challenged Marketing politico: a construcáo PEDRAJA, M.; VAG UE, J. W hat
shopper. Journal of Consumer da imagem do candidato ideal. In: in form ati on do cost um ers use

R. Adm. FACES [ournal Belo Horizonte , v. 10 , n. 1, p. 11-32 janJmar.l011. ISSN 1984-6975 [onlfne]. ISSN 151 7-8900 ümpressa) _
COMPOSTO PARA RESTA URANT ES: AT ENDENDO CONSUMIDORES COM DEFICltNCIA VISUA..L

when choosing a restaurant. ASSOCIA~AO NACIONAL DE deficiéncia? Revista Brasileira de


International Journal PÓS-GRADUA~AO E PESQUISA Educa~ao Especial, [S. l.l. v. 11, n.
Contemporary Hospitality EM ADMINISTRA~AO, 30., 2006, 2, p. 273-294, 200S.
Management, [S. u
v. 13, n. 6, Salvador. Anais... Rio de Janeiro: TSE, A; SIN, L.; VIN, F. How a
2001. ANPAD, 2006. crowded restaurant allects
POHL, E.; BOLLINI, L.; FAJARDO, SANSIVIERO, S.; DIAS, C. Hotelaria consumers' attribution behavior.
J. Color; Restaurant Design. e acessibilidade. Turismo - Visao International Journal of
Barcelona: Reditar Libros, 2009. e A~ao, [S. l.l. v. 7, n. 3, p. 439-4S3, Hospitality Management, [S. u
PRIDEAUX, S.; ROULSTONE, A set.zdez. 200S. v.21, n. 4, p. 449-4S4, 2002.
Good practice lor providing SASSAKI, R. Inclusáo e no lazer e TURMUSANI, M. An eclectic
disabled people with reasonable turismo: em busca da qualidade approach to disability research: a
access to the built environment: de vida. Sao Paulo: Áurea, 2003. majority world perspective. Asia
A comparative study 01 legislative SCHNEIDER, M.; DASAPPA, P.; Pacific Disability Rehabilitation
provision. International Journal KHAN, N.; KHAN, A Measuring Journal, [S. u
v.15, n.1, p . 3-11,
of Law in the Built Environment, disability in censuses: the case 01 2004.
[S. l.], v. 1, n. 1, p. S9-81, 2009. South Alrica. European Journal WHITE, G. Consumer participation
PRINCE, M.; DAVIES, M. Moderator of Disability Research, [S. l.l. in disability research: the golden
teams: an extension to focus v. 3, p. 24S-26S, 2009. SHAO, rule as guide lor ethical price.
group methodology. Qualitative A Marketing Research: an aid Rehabilitation Psychology, [S. u
Market Research, [S. l.], v. 4, n. 4, to decision marketing. 2. ed. v.47, n. 4, p. 438-446, 2002.
p. 207-216, 2001. Cincinnati: Thomson Learning, WOODLIFFE, L. Rethinking
RAMOS, R.; MAllA, l.; COSTA, 2002. consumer disadvantage: the
F. O perlil do ambiente de loja SOLOMON, M.O comporta mento importance 01 qualitative research.
varejista: uma análise a partir da do consumidor: comprando, International Journal of Retail;
perspectiva dos consumidores. possuindo e sendo. 7. ed. Porto Distribution Management, [S. u
In: ENCONTRO DA ASSOCIA~AO Alegre: Bookman, 2008. v. 32, p. 523-531, 2004.
NACIONAL DE PÓS-GRADUA~AO STOKES, D.; BERGIN, R. ZARB, G. Researching Disabling
EPESQUISA EM ADMINISTRA~AO, Methodology or "methodolatry"? Barriers.In: BARN ES, e, MERCER, G.
33., 2009, Sao Paulo. Anais... Rio An evaluation 01 locus groups (Ed.). Doing Disability Research.
de Janeiro: ANPAD, 2009. and depth interviews. Qualitative Leeds: The Disability Press, 1997.
SALAZAR, v: FARIAS, S.Atmoslera Market Research, [S. l.l. v. 9, n. 1, p.49-66.
de servicos em restaurantes p. 26-37, 2006. ZEITHAML, V.; BITNER, M.
gastronómicos: i nfluén cias TANAKA, E.; MANZINI, E. O Marketing de serviros: a empresa
hedónicas na satisfacáo do que os empregadores pensam com loco no cliente. 2. ed. Porto
consumidor. In: ENCONTRO DA sobre o trabalho da pessoa com Alegre: Bookman, 2003.

_ R.Adm. FA CES [ournal Eelo Horiz onte v.IO n.1 p.II-32 janJmar. 2011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Imp ressa)

Você também pode gostar