Quais foram as inovações introduzidas na definição de remuneração pela Lei da
Reforma Trabalhista? Fundamente a resposta.
A Reforma Trabalhista trouxe algumas alterações nos referidos preceitos da
CLT, notadamente na redação dos parágrafos 1º e 2º do artigo 457 da CLT, pois excluiu da remuneração as diárias para viagem, os abonos, a ajuda de custo, o auxílio-alimentação e os prêmios. Na antiga redação do § 2º do artigo 457 da CLT, não eram incluídos na remuneração as ajudas de custo e as diárias para viagem cujo valor não excedesse de metade (50%) do salário percebido pelo empregado. Com a nova redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017, o § 2º do artigo 457 da CLT dispõe de forma intencionalmente redundante que as diárias para viagem e outras parcelas não integram a remuneração A Reforma Trabalhista acabou com a dualidade de naturezas jurídicas das diárias para viagem. Antes ela tinha natureza indenizatória se o seu valor não ultrapassasse a metade do valor do salário; caso contrário a natureza seria salarial. Agora, qualquer que seja o valor das diárias para viagem, a sua natureza jurídica é indenizatória (reembolso de despesas). O auxílio-alimentação também tinha uma dualidade de naturezas jurídicas: era indenizatória se a empresa participasse do PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador ou tivesse negociado a concessão dessa vantagem através de acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho; afora isso a natureza jurídica do auxílio-alimentação era salarial. A Reforma Trabalhista impôs uma natureza jurídica única – indenizatória – apenas vedando o seu pagamento em dinheiro (para não descaracterizar a finalidade alimentar dessa parcela). A Reforma Trabalhista excluiu a natureza salarial dos prêmios, mesmo quando eles forem pagos em dinheiro (o que é uma inovação na legislação trabalhista brasileira) e lhe deu uma definição no § 4º, que foi acrescentado pela Lei nº 13.467, de 2017, no artigo 457 da CLT:
“§ 4º Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo
empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades”.
2a. Questão: TÓPICO 8
Em que consiste a "livre estipulação" introduzida na CLT pela Lei da Reforma
Trabalhista? Fundamente a resposta. A Reforma Trabalhista, portanto, autorizou: ● a substituição da negociação coletiva para a instituição do Banco de Horas pelo acordo individual escrito (a “livre estipulação” de que trata o parágrafo único do artigo 444 da CLT, em substituição ao acordo coletivo e a convenção coletiva de trabalho de que trata o artigo 611-A, inciso II, para a instituição do “banco de horas anual”), se a compensação de jornadas não exceder o período máximo de 6 (seis) meses (artigo 59, § 5º, da CLT);
3a. Questão: tópico 11
Quais são as diferenças existentes entre a interrupção e a suspensão do contrato de
trabalho?
2 Da suspensão e da interrupção do contrato de trabalho.
Existem certos acontecimentos na vida do empregado que o impedem de
trabalhar, por fatores alheios à sua vontade, por isso as obrigações contratuais ficarão momentaneamente suspensas ou interrompidas, sendo, porém, mantida a integridade da vigência do contrato de trabalho entre os contratantes. A doutrina aponta alguns elementos de definição, que distinguem a suspensão da interrupção do contrato de trabalho: a) o tempo de duração do afastamento do trabalho; b) a obrigatoriedade, ou não, de o empregador pagar os salários ao empregado durante o afastamento.
2.1 Interrupção do contrato de trabalho.
Na interrupção do contrato de trabalho o afastamento do empregado do
trabalho é de curta duração, não excedendo 15 (quinze) dias, com única exceção em relação à prestação do serviço militar, que tem uma duração mais longa. Na interrupção do contrato de trabalho o empregador é responsável pelo pagamento dos salários do período do afastamento do trabalho pelo empregado.
2.1.1 Causas de interrupção do contrato de trabalho.
As causas de interrupção do contrato de trabalho decorrem de preceito de
lei, porquanto o legislador é quem define as situações em que “o empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário” (artigo 473, caput, da CLT). O legislador define legalmente as causas da justificativa da ausência do trabalho pelo empregado, mas cabe a este o ônus de apresentar ao empregador os documentos que comprovam a ocorrência dos fatos relativos a tais faltas ao trabalho. As causas de interrupção do contrato de trabalho estão arroladas no artigo 473 da CLT:
“Art. 473. O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem
prejuízo do salário: I – até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, viva sob sua dependência econômica; II – até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; III – por 1 (um) dia, em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana; IV – por 1 (um) dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada; V – até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva; VI – no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra c do art. 65 da Lei n. 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar); VII – nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior; VIII – pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo; IX – pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro”.
2.2.1 As causas suspensivas do contrato de trabalho.
Todas as hipóteses de suspensão da prestação de serviços é de natureza previdenciária: enfermidade ou invalidez. Por isso o empregado é considerado como em licença não remunerada durante o prazo de duração do auxílio-doença (outrora denominado “seguro- doença” ou “auxílio-enfermidade”), conforme dispõe o artigo 476 da CLT. O auxílio-doença só é concedido ao segurado empregado quando o afastamento do trabalho for igual ou superior a 16 (dezesseis) dias, na forma da legislação previdenciária.
4a. Questão: tópico 12
Quais são as causas de resolução do contrato de trabalho? Fundamente a resposta.
3.1 A resolução do contrato de trabalho.
A resolução do contrato de trabalho é inerente aos contratos por prazo determinado, que já contemplam o término do contrato de trabalho, mediante a ocorrência de um prazo (o que é o mais comum) ou a verificação de uma condição (v.g., o contrato de experiência). A resolução do contrato de trabalho é prevista nos artigos 479 a 481 da CLT. Havendo termo estipulado, o empregador que demitir o empregado antes do advento do “termo final” terá que pagar uma indenização, conforme preceitua o artigo 479 da CLT, no entanto, a fórmula de cálculo ali contida está derrogada por não ter sido recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que passou a determinar o regime do FGTS como o único regime de indenização do tempo de serviço prestado (artigo 7º, inciso III, CF/88). Os contratos de trabalho por prazo determinado possuem causas diversas, prazos distintos, e também tinham fórmulas de cálculo do valor da indenização distintas, por isso eles são chamados de “contratos atípicos” pela doutrina trabalhista. Atualmente, ao menos no que diz respeito à fórmula de cálculo da indenização as regras foram unificadas pelo regime do FGTS. O empregado também não pode se desligar dos contratos de trabalho por prazo determinado antes do advento do “termo final”, conforme dispõe o caput do artigo 480 da CLT, sob pena de também ter que indenizar o empregador pelos prejuízos causados, e cujo valor não poderá exceder aquele a que faria jus o empregado em idênticas condições (§ 1º).