Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INDICE
Bibliografia Recomendada
Pressão atmosférica
Funil de Suspensão
Büchner Sólidos (torta) Disco de papel
Meio filtrante
Kitassato Bomba
de Vácuo
Líquido
(Filtrado)
O tempo de um ciclo de filtração (θCF) é dado pela soma destes três tempos:
qCF = q F + qW + q D (1)
-1-
Denomina-se torta (cake) as partículas sólidas que se acumulam no meio filtrante
decorrente do escoamento da suspensão. Após a deposição inicial, é essa torta que vai
funcionar como meio filtrante. A resistência ao escoamento do filtrado cresce à medida
que mais partículas sólidas se acumulam na torta.
Para que haja escoamento da suspensão através do meio filtrante é preciso haver
uma diferença de pressão entre a suspensão e o meio filtrante. Esta diferença de pressão
pode ser obtida por:
1. Gravidade;
2. Sobrepressão aplicada à suspensão;
3. Vácuo no reservatório do filtrado; ou
4. Força centrífuga.
2.1. Suspensão
-2-
partículas de menor tamanho da suspensão e na vida útil do meio filtrante nas condições
de filtração. Um meio filtrante que apresente uma malha mais fechada fornece um filtrado
mais clarificado, porém entope com maior facilidade, enquanto que uma malha mais
aberta tem comportamento oposto. A seleção do tipo de meio filtrante é freqüentemente
a decisão mais importante no sucesso da operação de filtração.
Existe uma grande variedade de meios filtrantes utilizados industrialmente: leitos
granulares soltos, leitos rígidos, telas metálicas e tecidos. Os tecidos ainda são os meios
filtrantes mais comuns e a escolha do tipo utilizado depende do pH da suspensão à ser
filtrada. Podem ser classificados como:
• Tecidos Vegetais: algodão, juta, cânhamo, papel;
• Tecidos Animais: lã, crina;
• Tecidos Minerais: amianto, lã de rocha, lã de vidro;
• Tecidos Plásticos: polietileno, polipropileno, PVC, nylon, teflon, orlon, saran,
acrilan, tergal.
Para melhorar a formação de tortas, utiliza-se, quando possíveis agentes
floculantes, que agregam os sólidos em suspensão, ou então, auxiliares de filtração.
Floculação é a formação de agregados de partículas finas em suspensão em um líquido,
chamados flocos ou floculados.
Os auxiliares de filtração em suspensão são passados pelo meio filtrante formando
uma pré-torta (“pre-coating”) antes da suspensão a ser filtrada ou, quando possível são
adicionados à suspensão e passam junto com os sólidos ajudando a formar a torta.
Onde
[massa da suspensão] = ρSP VSP = mS / SSP, pois VSP = mS/CSP e ρSP = CSP/SSP
-3-
[massa de filtrado] = ρL VF
Então:
mS / SSP = rWD mCD + ρL VF
4. €
Escoamento através da torta e do meio filtrante
LC
Ps
suspensão
Torta Filtrado
Pi
Pp
meio
filtrante
-4-
dVF
qF =
dq
O escoamento do filtrado tanto pela torta como pelo meio filtrante é laminar e por
isso a perda de carga nesses dois meios porosos é proporcional a vazão ou, no caso da
filtração, ou ao volume total de filtrado. A perda de carga na torta depende também de
sua espessura que é por sua vez função do volume total de filtrado.
Com estas considerações podemos escrever:
DPC = K CVF q F
DPMF = K MF qF
1
q
qF
Vf V
Figura 3. Cálculo gráfico do tempo de filtração.
K CVF2 K MFVF
qF = + (3)
2DPF DPF
Neste caso a vazão varia com o tempo. Com a equação (3) calcula-se, para um
certo instante θ , VF e com a equação (1) calcula-se qF. Por outro lado se a operação de
filtração for feita a vazão constante, tem-se:
VF
qF = (4)
qF
Neste caso a variação da perda de carga no filtro com o tempo é dada por:
-5-
DPF = (KCVF + K MF )qF (5)
ou
DPF = K C q F2 q F + K MF q F (6)
FILTRO Filtrado
Torta
Figura 4. Filtração a DPF constante – tanque pressurizado.
P
FILTRO Filtrado
Torta
Figura 5. Filtração a DPF constante – válvula redutora de pressão.
M
P
FILTRO Filtrado
Torta
Figura 6. Filtração a DPF constante – bomba de deslocamento positivo operando com
rotação variável.
Nestes casos, a curva de variação da pressão no filtro com a vazão é dada por:
-6-
Pressão
qf qi Vazão, q
Figura 7. Curva de pressão no filtro a DPF constante.
Pmáx
M
P
FILTRO Filtrado
Torta
Figura 8. Filtração a q constante – bomba de deslocamento positivo com chave
interruptora para vazão máxima.
Pmáx
Pressão
Pi
q1 q2 Vazão, q
Figura 9. Curva de pressão no filtro a q constante para duas rotações da bomba de
deslocamento positivo.
-7-
O escoamento laminar através de meios porosos constituídos por partículas rígidas
de formato uniforme pode ser descrito através da equação de Kozeny - Carman:
2
dPF 2 (1 − ε )
= kµL SV q (7)
dLC Aε 3 F
Nesta expressão:
o dPF é a queda de pressão no fluido que atravessa o meio poroso de espessura
dLC
o €k é uma constante empírica do leito poroso
o SV é a razão entre a área superficial e o volume da partícula que compõe o leito
poroso.
o A é a área da seção transversal do leito, perpendicular ao escoamento.
o e é a porosidade do leito
o µL é a viscosidade dinâmica do fluido que escoa através do leito
o qF é a vazão do fluido através do leito
Utilizemos esta equação para a torta. Para isso consideremos as seguintes relações da
massa seca da torta, derivadas do volume e da porosidade da torta (8) e do balanço de
massa da operação de filtração (9), temos:
mCD = ρ S (1− ε ) AC LC (8)
sSP ρ L
mCD = VF (9)
1− rWD sSP
Igualando (8) e (9) e isolando LC resulta em:
1 sSP ρ L
LC = VF (10)
ρ S (1− ε ) A (1− rWD sSP )
que permite relacionar a variação da espessura da torta com o volume de filtrado.
-8-
Utilizando-se a equação Kozeny-Carman para o meio filtrante, podemos
identificar KMF como:
kS 2 (1 - e ) LMF µ L
2
K MF = (13)
e3 AMF
A primeira fração envolve as características de forma (S), porosidade (e) e
espessura (LMF) do material do meio filtrante sendo denominado RMF resistência do meio
filtrante [m-1], assim sendo o parâmetro KMF usado na perda de carga do meio filtrante é
caracterizado por:
R µ
K MF = MF L (14)
AMF
Ou seja, o parâmetro KMF inclui as características do meio filtrante (RMF) do
filtrado (µL) e da geometria do filtro (AMF).
O tanque 1 contém uma suspensão de fração mássica SSP e volume VSP e é agitado
mecanicamente de forma a mantê-la homogênea. A resistência elétrica (R) aquece e
mantém constante a temperatura da suspensão durante o ensaio. Um funil de Büchner é
mantido em posição invertida. Uma altura constante é mantida entre o nível de suspensão
do tanque 1 (na cota a) e a descarga no tanque 2 (na cota b). Uma tela é acoplada ao funil
de maneira a atuar como meio filtrante. Um tanque graduado (tanque 2) recebe o filtrado
proveniente do tanque 1. O tempo de filtração (θF) é medido por um cronômetro para
volumes de filtrado (VF) pré-determinados no tanque 2. Através de um manômetro
(coluna de mercúrio) acoplado ao tanque 2 é medida a perda de carga (ΔPMedido). Uma
bomba de vácuo (A) aplica a força motriz para a realização do ensaio. O vácuo é ajustado
através de uma válvula globo (B).
8. Lavagem da Torta
-9-
básicos. Na Figura 11 essa concentração é reportada como uma função do volume de
líquido empregado. No começo a concentração relativa do líquido na torta é c0 =1. Quatro
curvas características são representadas:
Curva a: representa o escoamento ideal "plug flow". O volume dos poros (Vporo)
é deslocado idealmente e deixa a torta com a concentração c0 =0. No caso ideal de
lavagem seria possível o uso de uma quantidade de líquido de lavagem VW igual ao
volume dos poros (Vporo).
Curva b: leva em conta que até mesmo em uma torta idealizada o líquido de
lavagem escoa por canais com diferentes comprimentos e com diferentes velocidades.
Por causa dessa dispersão axial o volume de lavagem (VW) exigido é superior ao volume
de poro (Vporo).
Curva c: leva em conta que a torta contém zonas estagnadas ou poros sem saídas,
que não são alcançados pelo escoamento do líquido de lavagem. O líquido original é
removido também por difusão. É um processo que depende do tempo e não da quantidade
de líquido de lavagem. Esta curva é típica para a maioria dos processos de lavagem. A
primeira parte da lavagem depende da quantidade de líquido de lavagem aplicado, porém
o final da lavagem depende do tempo de residência desse na torta.
Curva d: finalmente descreve um exemplo onde à lavagem se assemelha a uma
extração porque o líquido original não só está contido nos poros, mas também no sólido
(líquido encapsulado ou matéria sólida solúvel).
9. Tempo de lavagem
- 10 -
ΔPW = ( K CVF + K MF ) qW (15)
Sendo VW o volume a ser utilizado para a lavagem, tem-se para o tempo de
lavagem, que é uma operação a vazão constante:
V V (K V + K MF )
qW = W = W C F (16)
qW DPW
Se durante a operação de lavagem o fluido não percorre o mesmo caminho que o
filtrado, a perda de carga durante a lavagem embora constante, não é igual àquela
observada ao final da filtração.
De maneira geral o líquido residual presente na torta pode ser removido de três
maneiras:
- 11 -
dLC
LC
Figura 12. Perfil de pressão ao longo da torta em um dado instante θF.
Uma vez que cada camada de sólidos, a partir da primeira na face da torta,
transmite sua força de arraste para as demais camadas à sua frente conclui-se que a força
de arraste tem um efeito cumulativo através do leito. Cada camada, portanto é solicitada
por uma força igual à somatória das forças de arraste de todas as camadas entre ela e a
face da torta. Cada camada transmite esta força de arraste acumulada acrescida da força
de arraste sobre ela para a camada seguinte. Estas forças cumulativas podem ser
representadas por uma tensão através de sua divisão pela área da filtração AF. Esta tensão
é denominada pressão sólida, PS, crescente ao longo da torta.
Esta pressão sólida tem o efeito de deformar e rearranjar as partículas dificultando
o escoamento.
A Figura 14, ilustra os principais mecanismos de variação de porosidade.
- 12 -
Figura 14. Mecanismos de compressibilidade.
- 13 -
dada torta compressível são necessários diferentes ensaios de filtração. Para tal, Bennett
e Myers (1978) recomenda o emprego da célula de compressibilidade-permeabilidade,
esquematizado na Figura 15, para a obtenção da relação entre a resistência específica do
meio e pressão sólida, conforme procedimento experimental discutido a seguir.
- 14 -
12. Principais filtros industriais
• FILTRO PRENSA:
Placa Quadro
Saída do
filtrado Dispositivo
clarificado mecânico de
fechamento
Tecido filtrante
- 15 -
• FILTRO DE FOLHAS:
Torta do filtro
Vista do corte
de uma folha Suspensão
de carga
Dispositivo
de desmontagem
Anel de
borracha em O
Filtrado
Distribuidor
de saída
- 16 -
• FILTRO CILINDRICO ROTATIVO A VÁCUO:
Tambor Perfurado
Tubulação Interna
Rolamento
Válvula
Tanque
- 17 -
Figura 22. Diagrama de uma instalação de um filtro cilíndrico rotativo a vácuo.
- 18 -
• FILTRO A VÁCUO ROTATIVO HORIZONTAL:
Parafuso de descarga
Tecido filtrante
Conjunto
Mangueira
de válvula
flexível de
estacionária
borracha
Filtrado
- 19 -
• FILTRO DE DISCO:
Tubo
Setor
Sopro
Alimentação
Transbordo
- 20 -
13. Nomenclatura usada no tópico filtração
SÍMBOLOS GREGOS
- 21 -
14. Lista de Exercícios – Filtração.
Exercício 01. Uma suspensão aquosa de óxido de titânio (rS = 3,84 g.cm-3) com fração
mássica de sSP = 0,05 foi filtrada em um experimento de laboratório denominado “Leaf
Test” com um funil de Büchner de área AF = 0.28 m2. As propriedades do filtrado podem
ser consideradas iguais as da água na temperatura da suspensão TSP = 20 °C, densidade
rL = 1 g.cm-3 e µL = 9 10-4 Pa.s. A torta úmida foi colocada primeiro em uma balança que
forneceu o resultado mcw = 0,833 kg , em seguida foi colocada em uma estufa onde
perdeu água até que sua massa ficasse constante e igual a mCS = 0,724 kg.
A resistência local média específica da torta foi avaliada em αCM = 1,9 1011 m/kg e a do
meio filtrante é muito pequena.
Com os dados fornecidos acima determine:
a) A densidade da suspensão;
b) A concentração da suspensão;
c) A relação de torta úmida e torta seca;
d) A porosidade da torta;
e) A espessura da torta formada no ensaio.
f) O volume de filtrado recolhido.
g) Estime os valores de KC e KMF.
h) Estime o tempo de filtração sabendo que o vacuometro do “leaf test” indica uma
leitura de 400 mmHg e a pressão atmosférica local é de 700 mmHg.
VF (L) 0,498 1,000 1,501 2,000 2,498 3,002 3,506 4,004 4,502 5,009
Θ (s) 4,4 9,5 16,3 24,6 34,7 46,1 59,0 73,6 89,4 107,3
a) Construa o gráfico VF(L) X θ (s).
b) Estime a vazão de filtrado nos instantes θ (s) = 5,0; 25,0; 50,0 e 100,0. O que se pode
concluir.
c) Calcule: ρSP; SSP e mF ao final do processo.
d) Estime mCS, ε, mcw, mCL, mL, a razão mCL / mL ,mS; mSP; VS; VSP. ρC ,VC; VV;.
e) Estime LC (lembre que existe um meio filtrante sobre cada placa);
f) Construa o gráfico (θ/VF) (s/m3) X VF (m3)
g) Estime os valores de KC (N s m-8) e KMF (N s m-5) para este filtro.
h) Estime o valor de αCM (kg m-1) para a torta e RMF (m-1) para o meio filtrante.
Exercício 03. Um precipitado de Fe(OH)3 está sendo filtrado num filtro folhas. Após 6,5
horas de funcionamento a DPF constante, o volume de filtrado recolhido é 1109,7 L.
Deseja-se lavar a torta, empregando para isso 1/3 do volume de filtrado recolhido, com a
mesma pressão da filtração. Calcule o tempo necessário para lavar a torta. Considere RMF
desprezível.
- 22 -
Exercício 04. Uma suspensão está sendo filtrada a DPF = 2 kgf.cm-2 num filtro de folhas.
Os dados colhidos durante operação sugerem a equação do tipo:
VF = k q F
Sendo VF é o volume de filtrado recolhido até o instante θF. Sabe-se que 200 m3 de filtrado
são obtidos em média durante 8 horas de operação.
a) Qual o tempo de lavagem se o volume de lavagem (VW) empregado for igual a 20 m3?
b) Se pela inclusão de novas placas, a área de filtração for duplicada, permanecendo
inalteradas todas as demais condições, quanto tempo levará para produzir 200 m3 de
filtrado sabendo que para abrir o filtro, remover a torta e fechá-lo são necessários 15 min
e o volume de lavagem a ser usado é 20 m3.
c) Compare as capacidades dos dois ciclos de filtração.
- 23 -
DPF (kgf.cm-2) 0,490 0,777 1,050 1,524 3,010 5,7199
2
¥
1 3
Figura: Fluxograma do sistema de filtração. (1) Tanque com suspensão; (2) Tanque com
o filtrado; (3) Tanque com água de lavagem; (4) Tanque com o filtrado da lavagem; (5)
Silo com torta úmida lavada.
- 24 -